ARTIGO TCC2 Fernando Versão Final
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RESUMO:
Frente a um mercado competitivo, a indústria da construção civil necessita de novas técnicas e
práticas inovadoras para vencer a concorrência e fornecer segurança aos clientes. Desta
forma, está pesquisa teve o objetivo de analisar a eficiência do uso e da aplicação do concreto
leve com adição de Poliestireno expandido – EPS para a redução de custos e aplicar
questionário a profissionais da área quanto ao conhecimento e aceitação do concreto leve
aplicado na cidade de São Luís de Montes Belos-Go. Para alcançar os objetivos foram
utilizados materiais de referencial teórico e NRB 7215 (ABNT, 1996) e execução de um
programa prático experimental, das propriedades físicas e mecânicas obtidas nos ensaios de
corpos-de-prova realizados com amostras de concreto leve, produzidos com a substituição dos
agregados graúdos por pérolas de poliestireno expandido (EPS). O concreto foi rodado no
laboratório de Furnas e os traços produzidos foram concreto referencia 1:0,25:1,75:2,5,
concreto leve 1:4:4 e argamassa 1:4. Os resultados mostraram significativa redução em sua
massa específica, quando comparado aos valores obtidos no concreto referência. Ademais,
apontaram que a utilização de pérolas de EPS, em substituição ao agregado graúdo no
concreto é viável, no entanto reduz significativamente os valores obtidos quanto a resistência
à compressão, pode ser usado nas mais diversas formas em substituição do concreto
convencional, no entanto, fica excluída sua utilização com função estrutural.
Palavras-chave: Poliestileno expandido; Concreto Leve; Massa específica.
1. INTRODUÇÃO
A construção civil tem sua história transformada desde a utilização do gesso calcinado há
aproximadamente cinco mil anos, nas pirâmides do Egito. Fato gerador de buscas posteriores
a fim desenvolver uma mistura que viesse a funcionar como um material adesivo e coesivo,
unindo e moldando fragmentos minerais a medida que a sociedade avançava, com suas
necessidades e confortos, desbravando fronteiras e ampliando horizontes.
Atualmente se busca por formas e inovações tecnológicas a fim de reduzir custos,
aumentando eficiência. O concreto é a mistura principal utilizada na construção civil e o
grande desafio e usar elementos que possam diminuir seu peso próprio, possibilitando um
melhor aproveitamento, tanto em aspectos físicos como econômicos e sustentáveis. Para tanto
a indústria vem desenvolvendo e usando o concreto leve. O concreto comum é formado pela
junção de aglomerante com agregados mais aditivos e água, no concreto leve há a substituição
de partes dos agregados por outros materiais como: Poliestireno Expandido (EPS),
poliuretano (PU), argila expandida, vermiculita e até mesmo com a injeção de ar na mistura
entre outros matérias.
Este trabalho tem como objetivo estudar as aplicação do poliestireno expandido ( EPS) na
construção civil como matéria-prima para fabricação de um concreto leve e seus impactos
ambientais, procurando de maneira específica elencar a origem, propriedades e uso do
poliestireno expandido na construção civil, apontando sobre a sustentabilidade e
reaproveitamento das matérias primas utilizadas na construção civil e analisar seu uso na
cidade de São Luís de Montes Belos e/ou região.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Concreto
Outra questão levantada é o peso próprio das estruturas de concreto convencional que
pela NBR 6118:2014, sua massa especifica seca é maior que 2000 kg/m³, não excedendo 2800
kg/m³. Ficando classificados como concretos leves aqueles com massa específica inferior ou
igual a 2000 kg/m³.
Nesse sentido, o concreto leve possibilita, com sua menor massa especifica a
diminuição da armadura, do volume total de concreto, da energia utilizada no transporte e no
processo construtivo e, ainda, do consumo de energia no condicionamento térmico das
edificações, quando utilizado nas vedações externas (ROSSIGNOLO e AGNESINI, 2005).
O EPS é uma espuma sólida com uma combinação única de características, como a
leveza, propriedades de isolamento, durabilidade e uma excelente processabilidade. É
composto por plástico celular rígido, resultante da polimerização do estireno em água. Como
agente expansor para a transformação do EPS, emprega-se o pentano, um hidrocarbureto que
se deteriora rapidamente pela reação fotoquímica gerada pelos raios solares, sem
comprometer o meio ambiente. Sua matéria-prima é originada principalmente do petróleo e
seu material é extremamente leve, considerando que é composto de 98% de ar. Expandidas, as
pérolas consistem em ate 98% de ar e apenas 2% de poliestireno. (ABRAPEX, apud
MORAES, BRASIL, 2015)
Uma das melhores formas de reaproveitar o EPS na construção civil é a sua introdução
no concreto: Além de ecologicamente correto e economicamente viável, o chamado concreto
celular também pode ser utilizado na própria obra de obtenção de concreto leve. O concreto é
preparado de acordo com sua finalidade, e a principal diferença a ser considerada na
engenharia civil é a sua densidade. O concreto leve de poliestireno expandido é um tipo de
cimento e areia. É usado no lugar de pedra britada junto com EPS na forma de pérolas pré-
expandidas, ou "flocos" de EPS recuperados por trituração de peças residuais. Ambas as
situações descritas são agregados leves usados para preparar concreto leve de EPS. Usando
este agregado leve com cimento, areia, água e um aditivo de massa única na proporção e
sequência de mistura específica, pode-se obter concreto com densidade aparente de 700 a
1600 kg / m³. O concreto leve é economicamente viável e uma das provas é o coeficiente de
expansão, menor que o concreto tradicional. Cidades com programas de coleta seletiva podem
usar EPS terrestre para produzir concreto leve para calçadas, quadras esportivas, bancos de
jardim, vasos, grades e casas pré-fabricadas. Porém, a única exceção é a estrutura que não
utiliza concreto poroso (JUNIOR, DE ARAUJO NETO, 2017).
A mistura destes materiais foi feita com o misturador na velocidade baixa, durante 30
s. Após este tempo, e sem paralisar a operação de mistura, iniciar a colocação da areia (quatro
frações de (468 ± 0,3) g em conformidade com a NRB 7215 (ABNT, 1996) item 3.5.1.2. Na
Figura 2B pode ser observado a consistência da massa por meio de aparelho de mesa
horizontal lisa e plana de metal.
Figura 4- Materiais - Cimento e EPS – Concreto leve. Figura 5- Aspecto do concreto – Concreto leve.
Fonte: Furnas, 2013. Fonte: Furnas, 2013.
Figura 12 pode ser observada o aspecto dos corpos de prova com uso do concreto
convencional. Após 24h os corpos de prova foram desmoldados e encaminhados para a cura
úmida.
Figura 11-Aspecto dos corpos de prova– Concreto convencional
Fonte: Furnas, 2013.
Na Tabela 4 estão apresentados os traços utilizados e nas Tabelas 4.1-2, 4.1-3 e 4.1-4
estão apresentados os traços ajustados e determinados na proporção em massa.
Traços fornecidos pelo cliente
Concreto convencional Concreto Leve Argamassa
Quantidade de Cim:areia média:areia Cim:areia média Cim:areia média
materiais (litros) fina:brita 0 peneirada
Traço em volume
1:0,25:1,75:2,5 1:4:4 1:4
Cimento 40 40 40
Água 20 20 Não fornecida
Areia Natural Média 10 160 -
Areia Natural Fina 70 - -
Brita 9,5 mm (Brita 0) 100 - -
Isopor (EPS) - 160 -
Areia Natural Média - - 160
Peneirada
Aditivo- policarboxilato. 0,24 0,24 -
(Glenium 51)
Relação a/c 0,5 0,5 -
Tabela 4-Traços inicial sem ajuste
Fonte: Furnas, 2013.
A massa unitária do EPS que foi determinada no laboratório de Furnas. Os valores são
apresentados no Anexo 1. O valor das massas unitárias utilizadas para cálculo das proporções
em massa das areias foi de 1,465 kg/dm³, valor médio entre as massas unitárias.
Dosagem E- 16276
Traço - 1:4:4 4,725
Cimento 190
Água 185
Areia Natural Média 894
Isopor (EPS) kg/m³ 6,30
Aditivo - policarboxilato. (Glenium 51) 0,970
Dados de Relação a/c 0,914
Composição % argamassa s/ ar 57,9
% argamassa c/ ar 62,5
Módulo Finura 2,065
% de areia em massa 99,3
% de areia em volume 47,2
Propriedades Abatimento (cm) 10
do Concreto Ar incorporado (%) 4,6(*)
Fresco Massa unitária (kg/m³) 1397
(*) determinado apenas pelo processo gravimétrico
Tabela 6-Dosagem de concreto leve – Traço em massa moldado para os ensaios
Fonte: Furnas, 2013.
Figura 12-Corpos de prova com extensômetro Strain Figura 13-Detalhe do extensômetro Strain Gages
Gages colados.
Fonte: Furnas, 2013.
O Gráfico 5 foi gerado a partir da pergunta: se sua resposta anterior foi positiva, para
qual finalidade você consideraria fazer uso do concreto leve? Desta forma 53,3%
responderam Nivelamento de pisos e lajes; 13,3% Execução de lajes.
Para a pergunta: Para qual melhoria você consideraria usar concreto leve? O Gráfico 6
resume em 86,7% Redução do peso da estrutura da obra.
O Gráfico 7 foi motivado pela pergunta: você consideraria utilizar o concreto leve em uma
construção de São Luís de Montes Belos e/ou cidade da região? Com 78,6% Sim; 14,3% Não,
mas pretende analisar e futuramente utilizar.
4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O objetivo principal deste trabalho foi realizar um estudo sobre o concreto leve com
EPS e suas possíveis aplicações. O ACI 213R-03, Guide for Structural Lightweight Aggregate
Concrete define concretos estruturais de agregados leves como aqueles que têm resistência à
compressão aos 28 dias maior que 17 MPa e massa específica seca ao ar aos 28 dias variando
entre 1120 e 1920 kg / m. Comparando a resistência alcançada para o concreto leve com EPS
eu foi de 2,3 Mpa, fica claro que este não deve ser usado como concreto estrutural.
Negrão et al. (2019) ao analisarem a argamassa com adição de EPS em três traços com
diferentes quantidades de EPS e um traço referência e obteve 1,91; 2,87; 3,64 Mpa e 7,5Mpa
para o traço referência aos 28 dias. Chegaram à conclusão que a resistência da argamassa,
tanto nos ensaios de compressão quanto no de tração na flexão que é inversamente
proporcional a quantidade de poliestireno expandido. É possível observar que, quanto menor a
quantidade de EPS, maior é a resistência do corpo de prova e mais se aproxima dos resultados
de resistência de uma argamassa comum.
Já Amianti, Botaro (2008) verificaram que concreto impregnado com EPS reciclado
apresentou resultados promissores mostrando uma redução significativa da permeabilidade à
água, redução da porosidade e pode acarretar uma diminuição da proliferação de fungos na
superfície do concreto tratado.
Analisando sua trabalhabilidade, o ACI 213R-03 recomenda um máximo de 125 mm
de abatimento para se obter uma boa superfície em pisos feitos com concreto de agregado
leve. Neste caso como o encontrado foi de 100 mm, constatamos que atende os padrões
requeridos nesse quesito.
Leão et al. (2021) utilizaram EPS na mistura de argamassa com o objetivo de verificar
a influência do EPS virgem e reciclado. O EPS foi utilizado substituindo 50% do volume de
areia, o que corresponde a 30% do volume total das argamassas. Foram produzidas cinco
argamassas, sendo o traço de referência igual a 1:0,5:4,5:0,70 (cimento Portland: fíler
calcário: areia: relação água/cimento). O uso de EPS reduziu a massa específica e, de forma
geral, aumentou a trabalhabilidade das argamassas; o tipo de mistura não foi significativo para
as propriedades no estado fresco. No estado endurecido, o EPS reduziu as propriedades
mecânicas e aumentou a absorção de água e a porosidade das argamassas. As propriedades
mecânicas das argamassas com EPS reciclado foram superiores às do virgem; a aderência
argamassa-base foi 41% superior às com EPS virgem, independentemente do tipo de mistura
utilizado. Há um potencial de uso de EPS reciclado, tanto pelo desempenho superior em
relação ao EPS virgem quanto pelo fato de ser um resíduo reutilizado.
Catoia (2012) em sua tese de doutorado ao analisar concreto para laje concluiu que o
concreto leve com EPS no estado fresco apresenta reodinâmico, com fluidez, bom
espalhamento na fôrma sem necessidade de vibração, apresentando potencialidade para
produção de concreto autoadensável, boa coesão, homogeneidade da mistura e sem
segregação.
O mesmo autor ao analisar as tabelas de pré-dimensionamento de lajes e comparando
o concreto leve com o concreto comum, verificou que é possível afirmar que para as lajes com
EPS vencem os mesmos vãos referentes ao concreto comum, bastando aumentar a espessura
para aproximadamente 30% para as unidirecionais e 20% para as bidirecionais. Mesmo com
esses aumentos de espessura, o peso não ultrapassa 70% do relativo às lajes de concreto
comum.
5 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos levam a concluir que o concreto leve com EPS por apresentar
baixa resistência à compressão não deve ser utilizado em peças estruturais, porém se mostrou
ideal em nivelamento de piso e lajes e também preenchimento e vedação de paredes,
apresenta boa trabalhabilidade, durabilidade, bom desempenho térmico e acústico.
Dos entrevistados a grande maioria é de engenheiros civis que priorizam a redução de
desperdícios, trabalham com concreto armado como elemento estrutural e já trabalharam com
concreto leve em especial para redução do peso do peso estrutural da obra e usaram o
concreto leve prioritariamente para nivelamento de pisos e lajes e consideraram viável o uso
desse material na cidade de São Luís de Montes Belos e região.
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (ACI). ACI 211.2-98. Standard practice for selecting
proportions for structural lightweight concrete, 1998.
AKERS, David J. et al. Guide for structural lightweight-aggregate concrete. ACI 213R-03.
American Concrete Institute (ACI), Michigan, 2003.
--- ACI 213R-87. Guide for structural lightweight aggregate concrete. 1995.
AMIANTI, M.; BOTARO, VRii. Concreto impregnado com polímero (CIP): uso e aplicação
do EPS reciclado para redução da permeabilidade de superfícies de concreto. Matéria (Rio
de Janeiro), v. 13, p. 664-673, 2008.
LEÃO, Lais Sousa et al. Influência do tipo de EPS e método de mistura nas propriedades de
argamassas de revestimento. 2021.
NEVILLE, A.M.– Propriedades do Concreto, Editora PINI, 2ª Edição, Cap6: Concretos com
propriedades Especiais. (1997)
Propriedade Agregados
Areia Natural Areia Natural Areia Natural Brita 0 EPS
Média Média Fina (00067.2013) (00065.2013)
(00062.2013) Peneirada (00064.2013)
(00063.2013)
Massa 2,67(*) 2,67(*) 2,63(*) 2,64(*) 0,0168(*)
específica
(kg/dm³)
Massa unitária 1,670 (0% de 1,670 (0% de 1,590 (0% de 1,57(*) 0,0107
(kg/dm³) umidade) 1,260 umidade) 1,260 umidade) 1,340
(4% de (4% de (4% de
umidade) (*) umidade) (*) umidade) (*)
Absorção (%) 0,2 0,2 0,4 0,7 -
Módulo de 2,04(*) - 1,58(*) 5,4(*) 5,6(*)
finura
Cimento (00061.2013)
Massa
específica 3,20(*)
(kg/dm³)
(*) Fornecidos pelo cliente