Dissertacao Patricia Lourdes Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Patrícia Lourdes Silva

O MODELO DE CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE:


o caso de um hospital geral de grande porte de Belo Horizonte/MG

Belo Horizonte
2020
Patrícia Lourdes Silva

O MODELO DE CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE:


o caso de um hospital geral de grande porte de Belo Horizonte/MG

Trabalho de Conclusão apresentado ao curso de


Mestrado Profissional do Programa de Pós-
graduação em Gestão de Serviços, da Escola de
Enfermagem da Universidade Federal de Minas
Gerais, como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Gestão de Serviços de Saúde.

Área de concentração: Gestão de Serviços de Saúde

Linha de pesquisa: Tecnologias Gerenciais em Saúde

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Adriane Vieira

Coorientador: Prof. Dr. José Ricardo de Paula Xavier


Vilela

Belo Horizonte
2020
Silva, Patrícia Lourdes.
S586m O modelo de cuidado centrado no paciente [manuscrito]: o caso de um hospital
geral de grande porte de Belo Horizonte/MG. / Patrícia Lourdes Silva. - - Belo
Horizonte: 2020.
165f.: il.
Orientador (a): Adriane Vieira.
Coorientador (a): José Ricardo de Paula Xavier Vilela.
Área de concentração: Gestão de Serviços de Saúde.
Dissertação (mestrado): Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de
Enfermagem.

1. Assistência Centrada no Paciente. 2. Qualidade da Assistência à Saúde. 3.


Participação do Paciente. 4. Competência Profissional. 5. Autoavaliação. 6. Cultura
Organizacional. 7. Dissertação Acadêmica I. Viera, Adriane. II. Vilela, José Ricardo
de Paula Xavier. III. Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem.
IV. Título.
NLM: W 84.7

Fabiene Letízia Alves Furtado | Bibliotecária CRB-6/2745


AGRADECIMENTOS

À Deus, por ser o dono dos meus pensamentos e o mestre das minhas ações, pela oportunidade
de aprender e pela esperança de que os frutos deste trabalho contribuíram para um cuidado de
qualidade.

À minha querida orientadora e amiga, Adriane, por me mostrar um mundo novo, repleto de
conhecimentos e sabedoria, pela disponibilidade e confiança, por ser responsável pelo meu
crescimento pessoal e profissional e por permitir a visualização de novas oportunidades.

Ao Dr. José Ricardo, pelas contribuições a deste estudo e pela gentileza, receptividade e
orientações.

Aos meus pais, Arlete e José, por me ensinarem, com muito amor, a vencer obstáculos e a
acreditar que a vida é a mais bela oportunidade concedida por Deus. A vocês devo o que sou e
o que sei. Minha eterna gratidão pelo amor que sempre recebi. Amo vocês!

Aos meus familiares e amigos, pela compreensão quanto aos momentos ausentes e,
principalmente, pela força e apoio nos momentos mais importantes da minha vida.

Ao corpo docente da Pós-graduação de Gestão de Serviços de Saúde, pela ajuda em minha


trajetória acadêmica e pela contribuição ao meu crescimento pessoal e profissional.

À equipe multiprofissional e administrativa pelo apoio e ajuda ao longo desta caminhada. À


minha amiga de longa data Maria Clara, pela valiosa contribuição na transcrição das falas e na
consolidação do banco de dados, e às minhas amigas Poliana e Ethiara, pelo incentivo e apoio.

Aos meus colegas de trabalho do Hospital da Unimed, pela compreensão, palavras sábias e
apoio neste momento importante da minha caminhada profissional. A Fernando Brito e Dr.
Fábio Botelho, pela oportunidade de realizar este trabalho na instituição.

“Eu não sou um profeta. O meu trabalho é construir janelas onde antes havia somente paredes.”
Michel Foucault
Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta,
silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que
sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa,
verdadeira, pura enquanto durar.
Feliz aquele que compartilha o que sabe e aprende o que ensina.
(CAROLINA, 1987, p. 150-151).
RESUMO

SILVA, Patrícia Lourdes. O modelo cuidado centrado no paciente: o caso de um hospital


geral de grande porte de Belo Horizonte. 2020. 162 f. Dissertação (Mestrado Profissional em
Gestão de Serviços de Saúde) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2020.

O cuidado centrado no paciente é um dos seis atributos da qualidade em saúde estabelecidos


pelo Institute of Medicine (IOM), dos Estados Unidos, em 2001. Neste novo modelo, o foco do
cuidado passa a ser o paciente, que deve ser ativamente informado, para participar das decisões
sobre seu tratamento. O objetivo geral deste trabalho consiste em analisar as contribuições da
implantação do modelo de cuidado centrado no paciente para a qualidade do serviço prestado
do Hospital Gama. Os objetivos específicos são: descrever o processo de implantação do
modelo cuidado centrado no paciente no hospital; analisar a capacidade da equipe profissional
de prestar o cuidado centrado no paciente, por meio da autoavaliação de suas competências; e
analisar a experiência do cuidado centrado na perspectiva do paciente. O método de
investigação escolhido foi o estudo de caso, com o uso de técnicas quantitativas e qualitativas
para a coleta e a análise dos dados. N parte quantitativa, os dados foram coletados por meio de
dois instrumentos estruturados com escala tipo Likert: o instrumento cuidado no diálogo –
escala de competências, aplicado aos profissionais de saúde (equipe multidisciplinar) com mais
de seis meses de contratação; e o instrumento questionário Cuidado Centrado no Paciente,
aplicado aos pacientes adultos ou acompanhantes. Ambos passaram pelas etapas de tradução,
avaliação por painel de especialista, retrotradução, simplificação e validação. Responderam ao
questionário 143 pacientes/acompanhantes e 148 profissionais de saúde. Foram realizadas
entrevistas semiestruturada com 9 profissionais de saúde do Hospital Gama. Os dados dos
questionários foram submetidos a análise estatística, que incluiu: Average Variance Extracted
(AVE), alfa de Cronbach e confiabilidade composta. Já na parte qualitativa foram realizaram-
se entrevistas semiestruturadas com técnicos de enfermagem, enfermeiros, supervisores de
enfermagem, coordenador médico, coordenador de enfermagem e médico com cinco ou mais
anos de trabalho na instituição. A técnica de seleção foi aleatória e não probabilística, resultante
da disponibilidade de participar do estudo. O critério de encerramento da coleta de dados foi o
de saturação teórica, com término de inclusão de novos sujeitos quando os dados obtidos
passaram a apresentar redundância, na avaliação do pesquisador, permitindo inferir a
necessidade de dados relevantes para prosseguir com a coleta de dados. O roteiro de entrevistas
contemplou perguntas baseadas no modelo cuidado centrado, benefícios, desafios e
dificuldades, sendo direcionado para obter informações que relacionaram algumas questões do
questionário, na percepção dos sujeitos. O estudo mostrou que o paciente percebe este modelo
no atendimento e que se sente fazendo parte do cuidado. Apurou-se que os profissionais de
saúde foram mais críticos em sua autoavaliação, considerando que a implantação do modelo
centrado no paciente ainda está em andamento, que existem algumas dificuldades na transição
de modelo. E também que a comunicação efetiva e a gestão compartilhada para a tomada de
decisões junto com o cliente ainda representam uma dificuldade a ser trabalhada na perspectiva
dos profissionais de saúde. As contribuições da implantação do modelo de cuidado centrado
foram: a organização dos processos: coesão da equipe; melhoria do atendimento assistencial; e
desenvolvimento de uma cultura organizacional mais humanizada. Conclui-se que a transição
para o modelo cuidado centrado no paciente requer transformações da cultura organizacional,
à medida que se trata de um processo longo e gradual, que demanda esforços sistemáticos e
concentrados. Os produtos técnicos gerados por esta pesquisa foram dois questionários
estatisticamente validados, que serão adotados pela organização em estudo, podendo servir
como um benchmarking para outros hospitais da rede, e outro como instrumento de avaliação
periódica da evolução da implantação do modelo cuidado centrado na perspectiva do
paciente/cliente, bem como das competências desenvolvidas pelos profissionais de saúde para
o diálogo no cuidado centrado. Outro produto é um relatório técnico, a ser entregue à Diretoria
contendo as ações empregadas até agora para a implantação do novo modelo, devidamente
avaliadas, e sugestões de aperfeiçoamento.

Palavras-chave: Cuidado centrado no paciente. Qualidade da assistência à saúde. Experiência


do paciente. Competências.
ABSTRACT

SILVA, Patrícia Lourdes. The patient-centered care model: the case of a large general
hospital in Belo Horizonte. 2020. 162 f. Dissertation (Professional Master in Health Services
Management) - School of Nursing, Federal University of Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.

Patient-centered care is one of the six attributes of health quality established by the Institute of
Medicine (IOM), in the United States, in 2001. In this new model, the focus of care becomes
the patient, who must be actively informed, to participate in decisions about your treatment.
The general objective of this work is to analyze the contributions of the implementation of the
patient-centered care model to the quality of the service provided at Hospital Gama. The
specific objectives are: to describe the process of implementing the patient-centered care model
in the hospital; analyze the capacity of the professional team to provide patient-centered care,
through self-assessment of their skills; and to analyze the experience of care centered on the
patient's perspective. The investigation method chosen was the case study, using quantitative
and qualitative techniques for data collection and analysis. In quantitative terms, data were
collected using two structured instruments with a Likert scale: the instrument taken care of in
the dialogue - skills scale, applied to health professionals (multidisciplinary team) with more
than six months of contracting; and the Patient-Centered Care questionnaire instrument, applied
to adult patients or companions. Both went through the stages of translation, evaluation by a
specialist panel, back-translation, simplification and validation. 143 patients / companions and
148 health professionals answered the questionnaire. Semi-structured interviews were
conducted with 9 health professionals at Hospital Gama. The questionnaire data were subjected
to statistical analysis, which included: Average Variance Extracted (AVE), Cronbach's alpha
and composite reliability. In the qualitative part, semi-structured interviews were carried out
with nursing technicians, nurses, nursing supervisors, medical coordinator, nursing coordinator
and physician with five or more years of work at the institution. The selection technique was
random and not probabilistic, resulting from the availability to participate in the study. The
criterion for terminating data collection was theoretical saturation, with the end of inclusion of
new subjects when the data obtained started to show redundancy, in the researcher's assessment,
allowing to infer the need for relevant data to proceed with data collection. The interview script
included questions based on the centered care model, benefits, challenges and difficulties, being
directed to obtain information that related some questions in the questionnaire, in the subjects'
perception. The study showed that the patient perceives this model in care and that he feels he
is part of the care. It was found that health professionals were more critical in their self-
assessment, considering that the implementation of the patient-centered model is still in
progress, that there are some difficulties in the model transition. And also that effective
communication and shared management for making decisions together with the client still
represent a difficulty to be worked on from the perspective of health professionals. The
contributions of the implementation of the centered care model were: the organization of
processes: team cohesion; improvement of assistance assistance; and development of a more
humanized organizational culture. It is concluded that the transition to the patient-centered care
model requires changes in the organizational culture, as it is a long and gradual process, which
requires systematic and concentrated efforts. The technical products generated by this research
were two statistically validated questionnaires, which will be adopted by the organization under
study, which can serve as a benchmarking for other hospitals in the network, and another as an
instrument for periodic assessment of the evolution of the implementation of the care model
centered on the perspective of the patient / client, as well as the skills developed by health
professionals for dialogue in centered care. Another product is a technical report, to be delivered
to the Board containing the actions used so far for the implementation of the new model, duly
evaluated, and suggestions for improvement.

Keywords: Patient-centered care. Quality of health care. Patient experience. Skills.


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Identificação do respondente ................................................................................... 7


Gráfico 2 – Distribuição dos respondentes segundo sexo.....................................................................87
Gráfico 3 – Distribuição dos respondentes pacientes segundo a faixa etária ............................. 8
Gráfico 4 – Distribuição dos respondentes segundo escolaridade............................................88
Gráfico 5 – Distribuição dos profissionais segundo a formação profissional .......................... 11
Gráfico 6 – Distribuição dos profissionais segundo o sexo......................................................91
Gráfico 7 – Distribuição dos profissionais segundo a faixa etária ........................................... 12
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Profissionais entrevistados .................................................................................. 55


Quadro 2 – Etapas do processo de adaptação e tradução cultural das escalas ......................... 0
Quadro 3 – Versão final traduzida, adaptada culturalmente e simplificada do instrumento
questionário cuidado centrado no paciente ................................................................................. 3
Quadro 4 – Versão final traduzida, adaptada culturalmente e simplificada do instrumento
cuidado no diálogo - escala de competências.............................................................................84
Quadro 5 – Itens do instrumento questionário cuidado centrado no paciente .......................... 5
Quadro 6 – Itens do instrumento cuidado no diálogo - escala de competências........................86
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Medidas descritivas (média, desvio padrão e intervalo de confiança para os itens do
instrumento cuidado centrado no paciente) ................................................................................ 9
Tabela 2 – Percepção dos pacientes com relação a frequência das afirmativas relacionadas ao
instrumento cuidado centrado no paciente ............................................................................... 10
Tabela 3 – Medidas descritivas (média, desvio padrão e intervalo de confiança para os itens do
instrumento comunicação e diálogo com o cliente - CDC, gestão compartilhada do cuidado com
o cliente - CGC e comportamento proativo - CPR).................................................................. 13
Tabela 4 – Percepção dos profissionais de saúde com relação à frequência das afirmativas
relacionadas a competências de comunicação e diálogo, gestão compartilhada e
proatividade .............................................................................................................................. 14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

a.C. Antes de Cristo


ACA Affordable Care Act
ACSQHC Australian Commission on Safety and Quality in Health Care
AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality
ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APS Atenção Primária à Saúde
AVE Average Variance Extracted
CAHPS National Quality Strategy
CAHPS Consumer Assessment of Healthcare Providers and Systems
CBA Consórcio Brasileiro de Acreditação
CCCQ Client-Centred Care Questionnaire
CDC Comunicação e Diálogo com o Paciente
CGC Comunicação e Diálogo com o Paciente
CIHI Canadian Institute for Health Information
CNS Conselho Nacional de Saúde
CPR Comportamento Proativo
CQC Care Quality Commission
FFT Family and Friends Test
GAR Gestão da Assistência por Resultados
HCAHPS Hospital Consumer Assessment of Healthcare Providers and Systems
HHS Department of Health and Human Services
IHI Institute for Healthcare Improvement
IOM Institute of Medicine
JCI Joint Commission Internacional
NHS National Health Service
NQS National Quality Strategy
OMS Organização Mundial de Saúde
ONA Organização Nacional de Acreditação
PCMH Patient-centered Medical Home
PMAQ Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica
PNASH Programa Nacional de Avaliação de Serviços Hospitalares
PNASS Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde
PNH Política Nacional de Humanização
PNSP Programa Nacional de Segurança do Paciente
PPACA Patient Protection and Affordable Care Act
QUALISS Programa de Qualificação de Prestadores de Serviços de Saúde
SAC Serviço de Apoio ao Cliente
SPSS Statistical Package for Social Science
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UCO Unidade Coronariana
UK United Kingdom
US United States
UTI Unidade de Terapia Intensiva
WGBO Wet op de Geneeskundige Behandelingsovereenkomst
WMCZ Wet Medezeggenschap Cliënten Zorginstellingen
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 19
1.1 Objetivo geral ................................................................................................................ 21
1.1.1 Objetivos específicos ....................................................................................................... 22
1.2 Justificativa .................................................................................................................... 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 24


2.1 Modelos conceituais de saúde....................................................................................... 24
2.2 Limitações dos modelos conceituais de saúde ............................................................. 29
2.3 Cuidado centrado no paciente ..................................................................................... 31
2.4 Experiências internacionais de implantação do modelo de cuidado centrado no
paciente........................................................................................................................... 37
2.5 Modelo de cuidado centrado no paciente no Brasil ................................................... 44
2.6 Experiência do Paciente e o Cuidado centrado no paciente ...................................... 47
2.7 Desenvolvimento de competências para o cuidado em saúde ................................... 49

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ...................................................................... 54


3.1 Caracterização da pesquisa .......................................................................................... 54
3.2 Coleta de Dados ............................................................................................................. 55
3.3 Análise de dados ............................................................................................................ 60
3.4 Cuidados éticos .............................................................................................................. 61

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA ETAPA QUALITATIVA ......................... 62


4.1 Etapas de implantação do modelo cuidado centrado................................................. 62
4.2 Competências para o cuidado centrado ...................................................................... 64
4.3 Benefícios do modelo cuidado centrado ...................................................................... 71
4.4 Resistências e desafios ................................................................................................... 74

5 RESULTADOS DA ETAPA QUANTITATIVA ................................................. 79


5.1 Tradução e adaptação cultural das escalas ................................................................. 79
5.2 Análise da validade dos instrumentos ........................................................................... 4
5.3 Estatística descritiva da escala cuidado centrado no paciente .................................... 6
5.4 Discussão dos resultados ............................................................................................... 14

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 21

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 23

APÊNDICE A – Produto Técnico - Síntese 7 - Questionário Final Simplificado


do Instrumento Cuidado Centrado no Paciente ................................................. 36
APÊNDICE B – Produto Técnico - Síntese 8 - Questionário Final Simplificado
do Instrumento Cuidados no Diálogo - Escala de Competências ...................... 38
APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para
Participação na Pesquisa- Profissionais de saúde .............................................. 40
APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para
Participação na Pesquisa-Pacientes .................................................................... 42
APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para
Participação na Entrevista da Pesquisa- Profissional de Saúde ........................ 44
APÊNDICE F – Tradução 1 - Questionário Cuidado Centrado no Paciente .... 46
APÊNDICE G – Tradução 2 - Questionário cuidado centrado no paciente ..... 47
APÊNDICE H – Tradução 1 - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de
Competências ....................................................................................................... 48
APÊNDICE I – Tradução 2 - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de
Competências ....................................................................................................... 50
APÊNDICE J – Síntese 1 – Questionário Cuidado centrado no paciente ............... 52
APÊNDICE K – Síntese 2 - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de
Competências ....................................................................................................... 54
APÊNDICE L – Síntese 3- Avaliação dos especialistas - Questionário Cuidado
centrado no paciente ............................................................................................ 57
APÊNDICE M – Síntese 4- Avaliação dos especialistas - Questionário Cuidado
no Diálogo - Escala de Competências .................................................................. 59
APÊNDICE N – Retrotradução 1 - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de
Competências ....................................................................................................... 62
APÊNDICE O – Retrotradução 2 - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de
Competências ................................................................................................................. 64
APÊNDICE P – Retrotradução 1 - Questionário do Cuidado centrado pelo paciente
......................................................................................................................................... 66
APÊNDICE Q – Retrotradução 2 - Questionário do Cuidado centrado pelo
paciente ................................................................................................................. 67
APÊNDICE R – Síntese 5 (Pré Teste) - Questionário Cuidado centrado no
paciente ................................................................................................................. 68
APÊNDICE S – Síntese 6 (Pré Teste) - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala
de Competências................................................................................................... 70
APÊNDICE T – Roteiro de entrevistas com colaboradores ............................... 72

ANEXO A – Questionário Original Cuidado Centrado no Paciente ................. 73


ANEXO B – Questionário Original do Cuidado no Diálogo - Escala de
Competências ....................................................................................................... 74
ANEXO C – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP/UFMG .............. Erro!
Indicador não definido.
ANEXO D – PARECER DO DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
APLICADA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMGErro! Indicador não
definido.
ANEXO E – PARECER UNIMED ............................ Erro! Indicador não definido.
17

APRESENTAÇÃO

A escolha da temática para o desenvolvimento desta dissertação decorreu do fato de a


autora ser analista de atendimento ao cliente em um hospital geral privado de grande porte,
doravante denominado “Hospital Gama”, localizado na região Centro-Sul, Belo Horizonte-
Minas Gerais. A analista é responsável pelo Serviço de Atendimento ao Cliente, e foi desafiada
a colaborar para o desenvolvimento da cultura do cuidado centrado no paciente. Em suas
observações sobre o cotidiano do serviço setorial do hospital, percebeu a necessidade de
incentivar profissionais a se engajarem na mudança da cultura organizacional e no
aprimoramento da estratégia cuidado centrado no paciente. Eram evidentes a importância e a
urgência de entender como ocorre a integração dos pacientes e colaboradores envolvidos no
cuidado centrado, de modo a proporcionar uma atuação conjunta, criar um eficiente mecanismo
de transformação institucional, agregar conhecimento à trilha da experiência do paciente e
promover o desenvolvimento de competências e qualidade assistencial.
No decorrer destes dois anos, a autora aprofundou seus conhecimentos, tendo publicado
três artigos: “Competences of undergraduate students in management in Health Care Services”,
na Revista Médica de Minas Gerais (2018); “Escala de competências gerenciais da área da
saúde”, nos Cadernos EBAPE.BR – Fundação Getúlio Vargas (2019); e “Avaliação do uso de
uma ferramenta eletrônica para o mapeamento e desenvolvimento de competências de gestão”,
na Gestão e Planejamento (2019). Também participou da Comissão Organizadora do
“Congresso Internacional de Gestão de Serviços de Saúde – UFMG” (2018) e do “Seminário
Dimensões Políticas e Educativas da Saúde Coletiva no Brasil, desde sua fundação até a
atualidade: a articulação com a análise institucional” (2018). Realizou o “Workshop
Experiência do Paciente”, pelo Patient Centricity Consulting, no qual teve a oportunidade de
conceituar o que é exatamente experiência de pacientes e conhecer e desenvolver ferramentas
para a implantação da metodologia, contribuindo para a inovação: aprender como o setor de
saúde pode colocar o paciente no centro das atenções, entender a atenção centrada no paciente
e como ela impacta sua experiência, entender o modelo ao redor do mundo e como está sendo
desenvolvido no Brasil e desenvolver formas de elevar o nível de satisfação dos pacientes e
familiares. Conheceu os principais drivers para implementar um projeto de “Experiência de
Pacientes nas Instituições”, tais como: cultura organizacional enquanto fator chave de sucesso,
engajamento dos colaboradores para garantir um programa sustentável, desenvolvimento de
métricas para melhorar a experiência, incorporação do enfoque da experiência do paciente na
organização e conhecimento das principais metodologias e técnicas para desenhar uma boa
18

gestão da experiência, por exemplo, colaboradores, liderança, pacientes e familiares, como,


storytelling, pesquisas, mapeamento da jornada do paciente e personas.
No final de 2019, a coperativa que é organizada para prestação de serviços médicos,
formada por médicos cooperados, responsáveis pelo atendimento aos usuários em consultórios,
hospitais, clínicas ou laboratórios, propôs um procedimento novo de fazer planejamento
estratégico. Lembrando que Cooperativismo é um movimento social e econômico que se baseia
na cooperação de associados em atividades econômicas. Desde então, colaboradores de diversas
áreas e de níveis hierárquicos estão se reunindo para construir o planejamento de seis temas
prioritários para o negócio: “Experiência do colaborador”, “Experiência do cooperado”,
“Experiência do cliente”, “Desburocratização e simplificação”, “Racionalização de custo” e
“Transformação digital”. Cada um destes temas é explorado por um dos seis grupos formados
nos Programas Estratégicos, cada um constituído por 16 integrantes, entre gerentes,
coordenadores, supervisores, especialistas e analistas de todas as áreas. Os participantes foram
indicados pelos superintendentes da Cooperativa, que são os líderes dos grupos e acompanham
o andamento dos trabalhos. Já os diretores da Coperativa Médica são os patrocinadores de cada
uma dessas frentes trabalhadas. A autora integra o grupo Experiência do Cliente, tendo sido
indicada em razão de sua experiência na área e de seu aprofundamento no tema, devido ao
desenvolvimento desta dissertação de mestrado. As iniciativas de cada programa, depois de
aprovadas pela Diretoria e pelo Comitê Executivo, serão direcionadas para as áreas
responsáveis, para detalhamento e execução.
19

1 INTRODUÇÃO

Partindo do senso comum, o cuidado se caracteriza pela atenção, responsabilidade e zelo


dedicados as pessoas e coisas em lugares e tempos distintos. Já o cuidado em saúde introduz a
dimensão da integralidade, que permeia as práticas a ela associados. Não se restringe apenas às
competências e tarefas técnicas, mas agrega a isso o acolhimento, os vínculos de
intersubjetividade e a escuta dos sujeitos como elementos inerentes a sua constituição
(PINHEIRO; MATTOS, 2005).
Em países da Europa, como Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, o
planejamento colaborativo do cuidado é uma forma de oferecer apoio às pessoas portadoras se
doenças e incapacidades em sua atenção com os profissionais de saúde. Esse processo envolve
o exame do que é importante para a pessoa, a identificação o melhor tratamento, o cuidado e o
apoio e ajuda para a definir os objetivos e reconhecer as ações necessárias. A instituição
filantrópica National Voices, da Inglaterra, desenvolveu um guia interativo para os quatro
estágios dessa abordagem: preparar-se para uma discussão; ter a discussão com o parceiro do
cuidado e do apoio; anotar os principais pontos discutidos; e analisar as potencialidades (THE
HEALTH FOUNDATION, 2013).
A Health Foundation, fundação privada sem fins lucrativos, dedicada à melhoria da
saúde e dos cuidados de saúde, elaborou um referencial composto por quatro princípios ligados
ao cuidado centrado: assegurar que as pessoas sejam tratadas com dignidade, compaixão e
respeito; oferecer um cuidado, apoio ou tratamento coordenado; oferecer um cuidado, apoio ou
tratamento personalizado; e apoiar as pessoas para que reconheçam e desenvolvam suas
próprias aptidões e competências, a fim de terem uma vida independente e plena (COLLINS,
2014).
O modelo cuidado centrado orienta os profissionais de saúde a trabalharem
colaborativamente com o paciente, construindo um tratamento que esteja adaptado a suas
necessidades individuais, e não à doença em si. O conceito transforma o paciente em um
participante ativo, empoderando - o sobre seu estado de saúde e permitindo que ele adquira
conhecimento e discernimento em relação aos acontecimentos que envolvem seu organismo
(MOREIRA, 2010).
À medida que os serviços de saúde passaram a adotar estratégias de cuidado centrado,
as partes interessadas se concentraram em melhorar a experiência do paciente, contemplando
elementos sobre qualidade da saúde e satisfação do paciente. Nesse contexto, fatores como
20

segurança e excelência na experiência do paciente se tornaram prioridades alinhadas ao


planejamento estratégico e à gestão do cuidado da organização de saúde (SANTOS et al., 2013).
Nos últimos anos, as práticas educativas orientadas para a prevenção e o controle das
condições de saúde vêm sendo repensadas, de forma a considerar o usuário do serviço de saúde
como o centro da construção de seu cuidado, com vista à contextualização da realidade
vivenciada e à valorização da autonomia (ANDERSON; FUNNEL, 2010). Trata-se de um
processo de corresponsabilização entre o paciente e o profissional da área da saúde, que deve
levar em consideração os aspectos psicossociais, comportamentais e clínicos (ANDERSON et
al., 2000).
O diálogo e o empoderamento compõem uma filosofia eficaz para as intervenções
educativas em condições de saúde, pois também abordam os componentes psicossociais da vida
dos pacientes, considerando-os agentes transformadores de suas realidades e corresponsáveis
pelo seu autocuidado (ANDERSON et al., 2000). Cyrino, Schraiber e Teixeira (2009) afirmam
que, quando se foca na autonomia do usuário, a abordagem do diálogo e o empoderamento
aumentam os comportamentos de autocuidado, melhorando consequentemente, as condições de
saúde.
De modo geral, uma forma de identificar se a organização está inserindo a cultura do
cuidado centrado na vida de seus pacientes e colaboradores consiste em analisar de maneira
sistêmica a relação entre pacientes e profissionais, a fim de esclarecer o real valor atribuído ao
cuidado na jornada de ambos. É importante orientar o modo de trabalho dos profissionais, a
fim de evitar a mecanicidade; ou seja, que a equipe se distancie emocionalmente das
necessidades dos pacientes, tratando-os apenas como “mais um caso” (BEDIN; RIBEIRO;
BARRETO, 2005).
É crescente o interesse em adotar a abordagem do diálogo e empoderamento em
intervenções educativas e desenvolver instrumentos que avaliem estas práticas, possibilitando
a mensuração dos efeitos do processo de ensino e aprendizagem antes e após uma intervenção
(PARK; PARK, 2013; TORRES; REIS; PAGANO, 2015). Porém, estes só são úteis e capazes
de apresentar resultados científicos quando apresentam qualidades psicométricas válidas, para
não comprometer a qualidade dos dados obtidos (ALEXANDRE; COLUCI, 2011; COLUCI;
ALEXANDRE; MILANI, 2015).
Em Belo Horizonte, Minas Gerais, um hospital geral privado de grande porte, doravante
denominado “Hospital Gama”, localizado na região Centro-Sul implantou, em 2016, o
Programa Selo de Excelência de Assistência Hospitalar, cujo objetivo era aprimorar os serviços
prestados a seus clientes, alinhando os preceitos de identidade institucional com as seguintes
21

diretrizes: foco no paciente, segurança e qualidade assistencial, trabalho em equipe e melhoria


na qualidade de sistemas, processos e gestão da informação. Essa avaliação do selo propunha
as seguintes dimensões: segurança oferecida pela instituição aos pacientes atendidos, acesso do
beneficiário ao serviço de forma efetiva, com equidade e em tempo oportuno para obtenção do
melhor resultado possível, experiência do cliente no atendimento e na prestação de cuidados e
certificação internacional atestando o compromisso do prestador com a qualidade de padrões
estabelecidos.
A melhoria da proposta vem acontecendo de forma gradativa e contínua focada na
excelência dos serviços prestados para os clientes. Em 2018, redefiniu-se o mapa estratégico,
colocando o cliente no centro do negócio e investindo em sua experiência, como forma de
impactar o crescimento sustentável. Ações foram desenvolvidas para buscar o aperfeiçoamento
dos processos, com foco na evolução e consolidação de uma cultura de cuidado, integrando as
diversas ações e práticas gerenciais a partir da perspectiva do cliente.
A pergunta que este estudo se propõe a responder é: Como a implantação do modelo
de cuidado centrado pelo Hospital Gama as contribui no atendimento do paciente, na visão das
equipes multiprofissionais e dos pacientes?
Dadas a necessidade de disponibilizar instrumentos orientados para a melhoria do
cuidado centrado no paciente no Brasil e a constatação da inexistência de questionários
validados para a população brasileira, surgiu a proposta de traduzir, adaptar culturalmente e
validar as escala cuidado no diálogo – escala de competência (SCHOOT; PROO; WITTE,
2006) e o questionário cuidado centrado no paciente (WITTE; SCHOOT; PROO, 2006).
Na falta de instrumentos nacionais é possível utilizar questionários elaborados em outras
culturas, desde que sejam validados e adaptados à cultura em que serão utilizados (TORRES;
VIRGINIA; SCHALL, 2005; CRUCIANI et al., 2011). O processo de adaptação apresenta
vantagens consideráveis, pois, na maioria das vezes, os itens do instrumento já foram testados
quanto às qualidades psicométricas, possibilitando a comparação dos dados obtidos em
diferentes amostras, de diferentes contextos, além de economizar tempo e trabalho para o
pesquisador (GUILLEMIN; BOMBARDIER; BEATON, 1993; BEATON et al., 2000;
BORSA; DAMASIO; BANDEIRA, 2012).

1.1 Objetivo geral

Analisar as contribuições da implantação do modelo de cuidado centrado pelo


Hospital Gama, na visão das equipes multiprofissionais e dos pacientes.
22

1.1.1 Objetivos específicos

• Descrever o processo de implantação do modelo cuidado centrado no paciente no


Hospital Gama;
• Validar os questionários para implantação para avaliar a implantação do modelo
cuidado centrado;
• Analisar a capacidade da equipe profissional de prestar o cuidado centrado no paciente,
por meio da autoavaliação de suas competências;
• Analisar a capacidade do hospital de implantar o cuidado centrado, na perspectiva do
paciente.

1.2 Justificativa

Este estudo se justifica pela importância da construção de formas inovadoras e


interativas de gestão do cuidado que busquem atravessar os limites institucionalizados do
cuidado tradicional, com base em ações capazes de contribuir para o estímulo de reflexões
críticas relacionadas ao agir na saúde.
A principal contribuição deste estudo do ponto de vista acadêmico será a de adaptar e
validar dois instrumentos para a avalição do modelo cuidado centrado no paciente, os quais
podem ser utilizados rotineiramente no hospital em estudo e em outros hospitais.
Do ponto de vista organizacional, este estudo se traduz em um projeto piloto de
avaliação de uma experiência de implantação de um novo modelo, que levanta informações
sobre a realidade institucional, permitindo fazer generalizações necessárias para disseminá-lo
em uma realidade mais ampla.
Do ponto de vista da gestão de pessoas e da educação permanente na saúde, este estudo
contempla o aprofundamento das reflexões e análises sobre o desenvolvimento das
competências profissionais voltadas para a cultura do cuidado, promovendo os processos de
desenvolvimento pessoal, com melhorias contínuas da qualidade do serviço, cultura do cuidado
e segurança do paciente.
Os produtos técnicos gerados por esta pesquisa foram os dois questionários
estatisticamente validados, que serão adotados pela organização em estudo, podendo servir
como benchmarking para outros hospitais da rede, e outro como instrumento de avaliação
periódica da evolução da implantação do modelo cuidado centrado na perspectiva do
paciente/cliente, bem como das competências desenvolvidas pelos profissionais de saúde para
23

o diálogo no cuidado centrado. Outro produto é um relatório técnico, a ser entregue a Diretoria
contendo as ações empregadas até agora para a implantação do novo modelo, devidamente,
avaliadas e sugestões de aperfeiçoamento.
24

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo abordam-se os modelos conceituais de saúde e suas limitações, com


destaque para: modelo cuidado centrado no paciente, experiências de implantação do modelo
centrado no paciente no mundo e no Brasil, desenvolvimento de competências necessárias
sucesso da implantação do modelo, procedimentos para tradução, adaptação transcultural e
validação das escalas e descrição das escalas utilizadas neste estudo.

2.1 Modelos conceituais de saúde e suas limitações

No decorrer da história da humanidade tem-se buscado compreender os processos e


fatores determinantes do adoecimento e da morte na tentativa de retardá-los ou evitá-los pelo
maior tempo possível. À medida que o conhecimento científico evoluiu foram criadas formas
de explicar tais fenômenos. Destacam-se oito principais modelos explicativos:

1) O modelo mágico-religioso ou xamanístico;


2) O modelo holístico;
3) O modelo empírico-racional;
4) O modelo sistêmico de saúde e doença;
5) O modelo da história natural das doenças;
6) O modelo de determinação do processo saúde-doença;
7) O modelo biomédico;
8) O modelo biopsicossocial (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 2006).

Cada um agrega em sua concepção saberes científicos distintos em diferentes fases da


história, mas é preciso ressaltar que não existem limites temporais precisos que os caracterizem.
Ao contrário, nota-se uma superposição de ideias.
O modelo mágico-religioso ou xamanístico (1) prevalece a concepção de que cabia aos
deuses definir o estado de adoecimento e cura dos homens. Era assim marcado pelas noções de
pecado-doença e de redenção-cura. Os povos antigos da época concebiam as causas das doenças
como derivadas de elementos tanto naturais como sobrenaturais. O adoecer era entendido como
resultante de transgressões de natureza individual e coletiva, sendo requerido para reatar o
enlace com as divindades, processo liderado por sacerdotes, feiticeiros ou xamãs (HERZLICH,
2004). As relações com o mundo natural se baseavam em uma cosmologia que envolvia deuses
25

e espíritos bons e maus. A religião, nesse caso, era o ponto de partida para a compreensão do
mundo e do modo de organizar o cuidado (CRUZ, 2011). Embora não seja o modelo dominante,
o modelo mágico-religioso permanece presente na ideação de saúde atual. Segmentos religiosos
de diferentes culturas mantêm práticas de proteção ou de cura de doenças. No Brasil, são muito
comuns as benzedeiras, as cerimônias de cura, as cirurgias espirituais, o fluxo de energias, o
uso de patuás ou amuletos, o “pagamento” de promessas e vários outros ritos relacionados à
saúde (CEBALLOS, 2015).
O modelo holístico (2) congrega as medicinas hindu e chinesa, trazendo uma nova forma
de compreensão da doença. A noção de equilíbrio dá origem à medicina holística, associando a
ideia de proporção justa ou adequada com a saúde e a doença. Assim, saúde era entendida como
o equilíbrio entre os elementos e humores que compõem o organismo humano, em que um
desequilíbrio desses elementos permitiria o aparecimento da doença (CRUZ, 2011). A medicina
holística teve grandes contribuições de Alcméon (século V a.C.) trazendo a ideia do equilíbrio,
que implicava duas forças, ou fatores, na etiologia da doença. Esse filósofo partilhava as ideias
de Heráclito de que os opostos podiam existir em equilíbrio dinâmico ou sucedendo-se uns aos
outros (HERZLICH, 2004). A causa do desequilíbrio estava relacionada ao ambiente físico. De
acordo com tal visão, o cuidado deveria compreender o ajuste necessário à obtenção do
equilíbrio do corpo com o ambiente, corpo este tido como uma totalidade. Cuidado, em última
instância, significava a busca pela saúde, que neste caso, estava relacionada à busca do
equilíbrio do corpo com os elementos internos e externos (CRUZ, 2011).
O modelo empírico-racional (3) tem seus primórdios no Egito (3000 a.C.). Os primeiros
filósofos (século VI a.C.) pretendiam encontrar explicações não sobrenaturais para as origens
do universo e da vida, bem como para a saúde e a doença. Hipócrates (século VI a.C.)
estabeleceu a relação homem/meio ao desenvolver sua “Teoria dos Humores”, a qual defendia
que os elementos água, terra, fogo e ar estavam subjacentes à explicação sobre a saúde e a
doença (HERZLICH, 2004). Saúde, na concepção hipocrática, era fruto do equilíbrio dos
humores (sangue, linfa, bile amarela e bile negra) já a doença era resultante do desequilíbrio
deles, o cuidado dependia da compreensão desses desequilíbrios para buscar atingir o equilíbrio.
No modelo sistêmico de saúde e doença (4) reconhece que fatores políticos
socioeconômicos, culturais e ambientais e agentes patogênicos estão relacionados
sinergicamente, de forma que se um deles for modificado os demais também serão afetados
(ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 2006). Segundo tal concepção, a estrutura geral de um
problema de saúde é entendida como uma função sistêmica, na qual um sistema epidemiológico
se constitui em um equilíbrio dinâmico. Ou seja, cada vez que um de seus componentes sofre
26

alguma alteração, esta repercute e atinge as demais partes, em um processo em que o sistema
busca novo equilíbrio (CRUZ, 2011). Por sistema epidemiológico entende-se o conjunto
formado por agente suscetível e pelo ambiente, dotado de uma organização interna que regula
as interações determinantes da produção da doença, juntamente com os fatores vinculados a
cada um dos elementos do sistema (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 2006). Essa
definição de sistema epidemiológico aproxima-se da ideia de necessidade de um sistema de
saúde complexo que contemple um conjunto de ações e serviços de saúde capaz de identificar
as interações dos determinantes da produção e reprodução das doenças e de atuar de forma
efetiva no enfrentamento destes (CRUZ, 2011).
No modelo da história natural das doenças (5), também conhecido como “modelo
processual dos fenômenos patológicos”, propõe-se acompanhar o do processo saúde-doença em
sua regularidade, compreendendo as inter-relações envolvendo o agente causador da doença, o
hospedeiro da doença, o meio ambiente e o processo de desenvolvimento de uma doença
(CRUZ, 2011). Prevê que os estímulos patológicos do meio ambiente desencadeiam uma
resposta do corpo, a qual terá como desfecho a cura ou defeito, invalidez ou morte (ALMEIDA
FILHO; ROUQUAYROL, 2006). Ele se constitui como um avanço quando comparado ao
modelo biomédico, por reconhecer que as características sociais ou relacionais do indivíduo
interferem na chance de adoecer, na forma como ele adoece e na repercussão da doença
(CEBALLOS, 2015). Esta forma de sistematização ajuda a compreender os diferentes métodos
de prevenção e controle das doenças. À medida em que apresenta uma dimensão basicamente
qualitativa de todo o ciclo, dividindo em dois momentos sequenciais o desenvolvimento do
processo saúde-doença: o pré-patogênico e o patogênico. O primeiro, também considerado
período epidemiológico, diz respeito à interação entre os fatores do agente, do hospedeiro e do
meio ambiente. O segundo corresponde ao momento quando o homem interage com um
estímulo externo, apresenta sinais e sintomas e submete-se a um tratamento. O período pré-
patogênico permite ações de promoção da saúde e a proteção específica, enquanto o período
patogênico envolve a prevenção secundária e a prevenção terciária (CRUZ, 2011). A
sistematização sugerida por este modelo orientou a organização do cuidado por diferentes níveis
de complexidade, em termos de recursos e ações. Ao considerar a possibilidade de evitar a
morte, oferece diferentes possibilidades de prevenção e promoção da saúde, como, interromper
a transmissão, evitar o caso e promover vida com qualidade (CRUZ, 2011).
No modelo de determinação do processo saúde-doença (6), o processo saúde-doença se
configura como um processo dinâmico, complexo e multidimensional, por englobar dimensões
biológicas, psicológicas, socioculturais, econômicas, ambientais e políticas. Enfim, pode-se
27

identificar uma complexa interrelação, quando se trata de saúde e doença de uma pessoa, de um
grupo social ou de uma sociedade, como um esforço de operacionalização, do ponto de vista
analítico, do processo saúde-doença, tendo em vista os diferentes níveis de organização da vida
(CASTELLANOS, 1990). Trata-se de um conceito central da proposta de epidemiologia social,
que procura caracterizar a saúde e a doença como componentes integrados de modo dinâmico
nas condições concretas de vida das pessoas e dos diversos grupos sociais. Cada situação de
saúde específica, individual ou coletiva, é o resultado, em dado momento, de um conjunto de
determinantes históricos, sociais, econômicos, culturais e biológicos (CRUZ, 2011). A ênfase,
neste caso, está no estudo da estrutura socioeconômica, a fim de explicar o processo saúde-
doença de maneira histórica, mais abrangente, tornando a epidemiologia um dos instrumentos
de transformação social (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 2006).
Os determinantes sociais se tornaram importantes para esclarecer como a saúde é
sensível ao ambiente social, funcionando como um elemento de justiça social. Com esse
pensamento, Wilkinson e Marmot (2003) dividiram os determinantes sociais em:

• gradiente social: a expectativa de vida é menor e as doenças são mais frequentes


quanto mais baixa for a posição na escala social em cada sociedade;
• estresse: circunstâncias estressantes fazem com que as pessoas sintam-se
preocupadas, ansiosas e inábeis para enfrentar tais problemas. Contínua ansiedade,
insegurança, baixa autoestima, isolamento social e baixo controle sobre a vida têm
poderosos efeitos sobre a saúde e podem levar à morte prematura;
• infância: um bom início de vida é importante para o desenvolvimento nos anos
seguintes da vida. A pobreza durante a gestação pode ter consequências para o
desenvolvimento fetal, devido à carência nutricional, estresse materno e inadequado
cuidado pré-natal;
• rede social e exclusão social: os desempregados, os de grupos étnicos minoritários,
os subempregados, os deficientes físicos, os refugiados e os desabrigados tendem a
viver em estresse constante e têm alto risco de morte prematura;
• trabalho e desemprego: segurança no emprego melhora a saúde, o bem-estar e a
satisfação. Altas taxas de desemprego causam mais doenças e mortes prematuras;
• suporte social: relações de amizade, boas relações sociais e redes fortes de apoio em
casa, no trabalho e na comunidade aumentam a saúde;
28

• comportamentos ou escolhas pessoais: hábitos inadequados de saúde, muitas vezes,


influenciados pelo ambiente social, levam a consequências nocivas para a saúde,
aumentando os fatores de estresse e os acontecimentos de vida adversos, como meio
ambiente sobrepovoado e poluído, elevados níveis de violência e apoio social
reduzido.

No modelo biomédico (7) saber clínico, racionalizado e experimental, trouxe uma nova
forma de compreender a saúde (medicina científica ocidental). No contexto de grandes
descobertas, Descartes propôs que o corpo e a mente deveriam ser estudados de forma separada:
o corpo, pela medicina; e a mente, pela religião e filosofia (CEBALLOS, 2015). Este modo
separatista de pensar o fenômeno do adoecimento foi fortalecido pelas descobertas de Pasteur
e Virchow em seus trabalhos com micro-organismos (BARROS, 2002). Assim, apresentou
como a abordagem a patogenia e o tratamento, classificando as doenças segundo a forma e o
agente patogênico. Assim, pode ser caracterizado como individual, centrado na figura do
médico, especialista, curativo, fragmentado e hospitalocêntrico (ALMEIDA FILHO;
ROUQUAYROL, 2006). Focou, cada vez mais, na explicação da doença e passou a tratar o
corpo em partes cada vez menores, reduzindo a saúde a um funcionamento mecânico
(BARROS, 2002). Numa perspectiva crítica, Capra (1982) destaca a concepção fragmentária
do modelo biomédico ao defender que este consiste em um tipo de modelo da teoria
mecanicista, em que o homem é visto como corpo-máquina; o médico, como mecânico; e a
doença, como o defeito da máquina. A percepção do homem como máquina coincide
historicamente com o advento do capitalismo. Foi no Renascimento que a explicação para as
doenças começou a ser relacionada às situações ambientais, a causa das doenças passou a estar
atrelada a um fator externo ao organismo e o homem era o receptáculo da doença. Em
decorrência destas elaborações teóricas sobre o contágio, firmou-se a teoria dos miasmas, que
foi a primeira proposta de explicação, com base nos parâmetros da ciência, sobre a associação
entre o surgimento de epidemias e as condições do ambiente. Os miasmas seriam gases
decorrentes da putrefação da matéria orgânica, que produziam doenças quando absorvidos pelos
seres vivos. Com a descoberta dos microrganismos (teoria microbiana) como causa das
doenças, a teoria dos miasmas perdeu força explicativa e abriu espaço para a primeira revolução
sanitária, com o início das pesquisas sobre as relações entre organização social, pobreza e
frequência de doenças (CRUZ, 2011). Como se debruça sobre a prevenção da doença e não
aceita práticas não tradicionais de cura, este modelo prioriza o diagnóstico e a cura. A
intervenção de cuidado baseia se em visão reducionista e mecanicista, em que o médico
29

especialista é o mecânico que tratará da parte do corpo-máquina defeituosa ou do ambiente,


para o controle das possíveis causas de epidemias (CRUZ, 2011).
O modelo biopsicossocial (8) apresenta uma perspectiva que dá importância não só aos
aspectos biológicos da saúde humana, como também aos aspectos psicológicos e sociais,
passando a levar em conta o equilíbrio entre os diversos aspectos inerentes ao ser humano para
a sua saúde, fundamentando as tomadas de decisão relativamente ao processo terapêutico. No
entanto, esta perspectiva ainda envolve passividade do sujeito, pois seu papel na sua própria
saúde termina no momento em que fornece ao técnico de saúde informações do foro social,
psicológico e biológico (SEBASTIANI; MAIA, 2005). Abrange o ser de forma holística e o
considera como homem, e não como uma máquina. Enfim um homem que tem uma vida, um
contexto e relações. Apresenta embasamento para que se possa estudar e identificar os fatores
que levam as pessoas a adoecerem, sendo eles de causas sociais e/ou psicológicas. Propõe-se a
identificar essas causas, para possibilitar uma intervenção de prevenção de doença e de
promoção de saúde. Para que isso ocorra, é preciso mudar a cultura e a forma como as pessoas
significam a doença, propondo hábitos saudáveis e a manutenção de um lar agradável e
harmonioso, entre outras medidas capazes de otimizar o processo de saúde (SEBASTIANI;
MAIA, 2005).
Partindo do princípio de que cada modelo agrega em sua concepção saberes científicos
distintos em diferentes fases da história e de que não existem limites temporais precisos, a uma
limitação dos modelos conceituais de saúde (CEBALLOS, 2015).
Com o avanço e a sofisticação da biomedicina, detectou-se a impossibilidade de oferecer
respostas conclusivas ou satisfatórias para muitos problemas, sobretudo para os componentes
psicológicos ou subjetivos que acompanham, em grau maior ou menor, qualquer doença. As
críticas à prática assistencial habitual e o incremento da busca de estratégias terapêuticas,
estimuladas pelos anseios de encontrar outras formas de lidar com a saúde e a doença em seu
conjunto, designadas como “medicinas alternativas ou complementares”, constituem uma
evidência dos reais limites da tecnologia médica e da prática assistencial. Mesmo que muitos
profissionais cheguem a admitir a existência de componentes de ordem subjetiva ou afetiva,
que exercem influência mesmo em casos de doenças em que as evidências orgânicas sejam mais
explícitas, eles não se sentem, com frequência, à vontade para lidar com eles, pois em regra,
não foram preparados para tal (BARROS, 2002).
De fato, o modelo biomédico estimula os profissionais a aderirem a um comportamento
de separação entre o observador e o objeto observado. Por mais que alguns profissionais
queiram visualizar seu paciente como um todo e situá-lo, de alguma maneira, em seu contexto
30

socioeconômico, terminam por regressar ao reducionismo (BARROS, 2002). No entanto, a


compreensão do indivíduo como um todo é necessária para observar como as partes interagem,
visualizando o indivíduo como único, deve-se considerar se determinado tratamento funciona,
pensando neste paciente em particular, com estes problemas pessoais, no tempo de sua vida e
no ambiente em que ele se encontra no momento. O enfoque primordial não deve continuar se
concentrando naquilo que o paciente tem em comum com outros, mas em suas peculiaridades
(BARROS, 2002). O problema central deste modelo é que ele é demasiado restrito em seu poder
explicativo, o que implica barreiras importantes para a prática de profissionais de saúde e
pacientes. Tal como ressalta Bennet (1987), profissionais de saúde sensíveis estão insatisfeitos
com o modelo biomédico não propriamente porque ele não responde a muitos dos problemas
clínicos, e sim desconsiderando as reações psicológicas de seus pacientes e dos problemas
socioeconômicos envolvidos na doença. Todavia não veem como incorporar essas informações
na formulação diagnóstica e no programa terapêutico (BARROS, 2002).
Objetivando refletir sobre as práticas em saúde atuais, faz-se necessário considerar que
o fazer em saúde resulta da apropriação de conceitos, ideias, valores e condutas pelos
profissionais e usuários dos serviços de saúde (BARROS, 2002), remetendo a determinado
momento histórico-social, cultural, político e tecnológico no campo da saúde (SANTOS;
WESTPHAL, 1999).
Na contemporaneidade, as concepções e ações em saúde tendem a buscar superar o
modelo biomédico, mecanicista e centrado na doença, também denominado “paradigma
curativista” ou “paradigma biomédico” (SANTOS; WESTPHAL, 1999). Atualmente, entre os
pré-requisitos básicos para que uma população possa ser considerada saudável cita-se: paz;
habitação adequada em tamanho por habitante, em condições adequadas de conforto térmico;
educação pelo menos fundamental; alimentação imprescindível para o crescimento e
desenvolvimento das crianças e necessária para a reposição da força de trabalho; renda
decorrente da inserção no mercado de trabalho, adequada para cobrir as necessidades básicas
de alimentação, vestuário e lazer; ecossistema saudável preservado e não poluído; e justiça
social e equidade, garantindo os direitos fundamentais dos cidadãos (CARTA DE OTTAWA,
19861 apud SANTOS; WESTPHAL, 1999).
Mendes (1996) destaca que uma sociedade, por meio da produção social, poderá
produzir tanto a saúde como a doença. A compreensão sobre saúde passa de uma condição de
dependência de técnicas, especializações e compreensão mecanicista do corpo humano para um
estado em constante construção, sendo produzida, coletivamente, nas relações sociais e
subjetivas (BARROS, 2002).
31

Gradualmente, emerge outro conceito de saúde, que implica mudanças no entendimento


do processo saúde-doença e das práticas sanitárias. Neste contexto, Mendes (1996, p. 237)
define saúde como “o resultado de um processo de produção social que expressa a qualidade
de vida como uma condição de existência dos homens no seu viver cotidiano, um viver
‘desimpedido’, um modo de ‘andar a vida’ prazeroso, seja individual, seja coletivamente.”
Tal definição traz, essencialmente, as dimensões subjetivas da produção de saúde,
afinando-se com as ideias e concepções atuais que caminham para a interdisciplinaridade, à
medida em que ampliam o olhar sobre os diversos aspectos do processo saúde-doença.
Configura-se, então, um paradigma alternativo ao paradigma curativista (BELLOCH;
OLABARRIA, 1993; SANTOS; WESTPHAL, 1999; MARCO, 2003; SEBASTIANI; MAIA,
2005). No cenário atual, a aplicação destas concepções no cotidiano dos serviços de saúde está
no início de seu processo de efetivação. O novo modelo de cuidado centrado no paciente.
pressupõe ações integradas e interdisciplinares, porém necessita de uma remodelagem, em
função da formação dos profissionais de saúde, dos modelos de gestão em vigor e do
funcionamento do serviço de saúde (SEBASTIANI; MAIA, 2005). Com isso, faz-se necessário
repensar os modelos e práticas atuais, para elaborar propostas capazes de resgatar a participação
ativa dos profissionais e dos sujeitos na produção de saúde, construindo, assim, práticas
cotidianas em relação a uma vida saudável (MOTTA; BUSS; NUNES, 2001).

2.2 Cuidado centrado no paciente

O atendimento centrado no paciente é essencial para a qualidade da assistência à saúde


e a segurança do paciente. Tem sido reconhecido como uma alta prioridade para a prestação de
serviços de saúde em muitas jurisdições (PELZANG, 2010).
Entre a década de 1940 e a 1980, Carl Rogers, Paul Tournier, Michael Balint, George
Engel, dentre outros, estudaram os aspectos da relação médico-paciente (THE HEALTH
FOUNDATION, 2013). O psicoterapeuta norte-americano Carl Rogers usou pela primeira vez
o termo patient centered (centrado no paciente) e nomeou sua proposta teórica primeiramente
como “psicoterapia não diretiva” e, posteriormente, como “terapia centrada no cliente”. Por
meio da empatia, ele buscava perceber e compreender a perspectiva do cliente em relação a o
seu problema (MOREIRA, 2010). Outro autor que contribuiu para os fundamentos da medicina
centrada na pessoa foi Paul Tournier que, em 1940, publicou o livro intitulado Medicina da
Pessoa, em que abordava os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e espirituais no
tratamento das pessoas, considerando sua singularidade, dignidade e sofrimento, com seus
32

recursos, fragilidades e desejos (PFEIFER, 2010). Já o conceito de medicina centrada no


paciente foi inserido na literatura médica em 1955 por Balint, que sugeria aos médicos que
prestassem atenção às necessidades individuais do paciente, em contraste com a medicina
centrada na doença (DWAMENA et al., 2012).
Em 1977, George Engel elaborou o modelo biopsicossocial na saúde, que trazia uma
proposta de integração das variáveis psicológicas e sociais, além das biológicas, nos modelos
de compreensão da doença (LINDAU et al., 2003). Este modelo foi utilizado como base para a
promoção de mudanças nos sistemas de saúde e influenciou a inclusão do atributo cuidado
centrado no paciente nas discussões sobre qualidade em saúde.
Em 1989, criou-se no Reino Unido a Foundation for Informed Medical Decision
(Fundação para Decisão Médica Informada), pioneira na defesa do emprego e no conceito e na
prática da decisão compartilhada entre o médico e o paciente. No decorrer da década de 1990,
as ideias ligadas ao foco no paciente surgiram de forma cada vez mais regular nas políticas de
saúde do Reino Unido (FRAMPTON et al., 2008).
Em 1993, o Picker Institute publicou o guia Through the patient's eyes: understanding
and promoting patient-centered care (Através dos olhos do paciente: entendendo e promovendo
os cuidados centrados no paciente), que definia o cuidado centrado no paciente tendo como
pressupostos: o respeito pelas preferências do paciente, valores e necessidades expressas; a
informação, educação e comunicação; a coordenação e integração de cuidados e serviços; o
apoio emocional; o conforto físico; a participação da família e outras pessoas próximas; a
promoção da continuidade do tratamento em casa após a alta do hospital e o acesso aos cuidados
e serviços (FRAMPTON et al., 2008). Em suas pesquisas sobre os interesses dos pacientes nos
Estados Unidos e na Europa, definiu o cuidado centrado no paciente como uma abordagem na
qual os profissionais desenvolvem parceria com pacientes e familiares para identificar e
satisfazer toda a gama de necessidades e preferências do paciente em relação ao seu tratamento.
O Departamento Nacional de Saúde da Inglaterra, em 2000, publicou um plano para
investimento e reforma, denominado National Health Service Plan (Plano Nacional do Serviço
de Saúde), no qual foi incluída a diretriz cuidado centrado no paciente para o sistema de saúde
(NATIONAL HEALTH SERVICE, 2000). Propunha uma reforma com mudanças em todo o
sistema de saúde da Inglaterra, com o propósito de fornecer à população um serviço adequado
para o século XXI. Suas ações deveriam proporcionar melhorias na área de saúde, porém
ficaram aquém daquilo que os pacientes esperavam e as equipes de profissionais desejavam
oferecer. A reforma incluía como um de seus objetivos projetar os serviços de saúde em torno
do paciente (NATIONAL HEALTH SERVICE, 2000).
33

O termo cuidado centrado no paciente foi utilizado pelo Institute of Medicine (IOM),
dos Estados Unidos, em 2001, reconhecido como um dos atributos da qualidade em saúde. O
IOM definiu o cuidado centrado como: respeitoso e responsivo às preferências, necessidades e
valores individuais dos pacientes e assegurando que os valores do paciente orientem as decisões
clínicas (INSTITUTE OF MEDICINE, 2001).
Como consequência da busca pela excelência, o Institute for Healthcare Improvement
(IHI) lançou em 2007 o Triple Aim (três pilares), abrangendo três dimensões da qualidade:
melhorar a experiência do paciente nas ações de cuidado com qualidade e satisfação; melhorar
a saúde da população; e reduzir o custo per capita dos cuidados em saúde. Esses métodos de
cuidados baseados em valor dependem da eficácia dos serviços, e não dos insumos utilizados,
o cuidado de saúde passa a ser medido pelos resultados alcançados, e não pela quantidade ou
volume serviços prestados (BERWICK et al., 2008). O desenvolvimento simultâneo desses três
pilares (saúde, cuidado e custo per capta) veio com o propósito fundamental de reformular o
sistema de saúde e, consequentemente, de contribuir para a saúde geral da população
(BERWICK et al., 2008; BISOGNANO; KENNEY, 2015).
Donald Berwick, fundador da prestigiosa IHI, publicou um artigo em 2009 no qual
analisou a definição do atributo cuidado centrado no paciente, propondo uma nova definição: a
experiência, à medida em que o paciente deseja, de transparência, individualização,
reconhecimento, respeito, dignidade e escolha em todos os assuntos, sem exceção, relacionados
a uma pessoa, circunstâncias e relações na área da saúde (BERWICK, 2009).
Em 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ampliou o conceito do cuidado
centrado no paciente: cuidado que é organizado em torno das necessidades e expectativas das
pessoas e das comunidades, e não na doença. A OMS fez a recomendação de que esse cuidado
fosse implementado e incrementado também em países de média e baixa renda (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2015). Em 2012, o atributo cuidado centrado no paciente
destacou-se como princípio chave da ampla reforma dos serviços nacionais de saúde do Reino
Unido (SILVA, 2014).
No Brasil, acompanhando os acontecimentos do mundo, o cuidado centrado no paciente
foi introduzido, principalmente, por médicos atuantes em Atenção Primária à Saúde (APS),
com especialidade em medicina de família e comunidade. Na APS, as pessoas, frequentemente,
apresentam-se com problemas físicos, psicológicos e sociais relacionados em uma rede causal
ou circunstância, que acaba por expor a insuficiência da abordagem centrada na doença
(KLINKMAN; WEEL, 2011). Com isso, os médicos de família e comunidade incorporam o
cuidado centrado no paciente em razão das características próprias da abordagem que praticam
34

na APS, não restringindo sua atenção a nenhum grupo populacional nem a nenhum tipo de
problema, doença ou intervenção. Eles acompanham as pessoas ao longo do tempo,
gerenciando uma variedade de problemas de saúde ou doenças e considerando, ainda, o
contexto delas com o problema ou doença (KLINKMAN; WEEL, 2011). O cuidado centrado
no paciente pode ser utilizado em todos os cenários de prática, por médicos de todas as
especialidades, pois a ampliação do foco é sempre possível e pode, como hipótese, qualificar o
cuidado prestado pelos serviços de saúde.
Para Stewart et al. (2010), a aplicação do cuidado centrado no paciente resulta nos
seguintes pontos positivos:

• maior satisfação das pessoas e profissionais de saúde;


• melhora na aderência aos tratamentos;
• redução de sintomas;
• redução de preocupações e ansiedade;
• diminuição na utilização dos serviços de saúde;
• diminuição das queixas por má-prática;
• melhora na saúde mental e
• melhora na situação fisiológica e na recuperação de problemas recorrentes.

No decorrer dos anos, termos semelhantes a cuidado centrado no paciente passaram a


ser empregados na literatura, sempre com ênfase na ideia de parceria e colaboração entre o
paciente e o profissional de saúde. Desde então, tem havido outras conceituações de cuidado
centrado no paciente, descritas por meio de termos alternativos, tais como, cuidado centrado
no relacionamento, atendimento personalizado, e atendimento centrado no
usuário/cliente. Nos Estados Unidos, o conceito, geralmente, está vinculado a um modelo
médico de atendimento centrado no paciente; no Reino Unido, à atenção primária; e na Escócia,
à mutualidade (INSTITUTE FOR FAMILY-CENTERED CARE, 2008).
Dado que o conceito de cuidado centrado no paciente está evoluindo, é importante
entender a percepção dos profissionais de saúde quanto ao cuidado holístico ao paciente e
verificar como ele é empregado em seu cotidiano. Isso porque este cuidado é permeado pela
necessidade de cuidado multiprofissional e de visão global e integral do indivíduo, sendo esta
última essencial para fundamentar o cuidado humanizado, incluindo o contexto e a expressão
individual e as preferências e crenças de uma pessoa (EKMAN, 2003).
35

O cuidado centrado no paciente não se limita apenas ao paciente, mas também inclui as
famílias e os cuidadores envolvidos. A partir da relação paciente e familiares, o termo cuidado
centrado na família passou a ser empregado nas situações em que os familiares são envolvidos
ativamente no planejamento dos cuidados aos pacientes. Pode ser entendido como uma
abordagem que garante que o cuidado seja desenvolvido de forma a incluir questões e
necessidades dos familiares com relação ao tratamento do paciente, sendo pautado nos
princípios de dignidade e respeito (CRUZ; ANGELO, 2011).
O cuidado centrado no paciente envolve: enfoques multiprofissionais; parcerias;
respeito aos desejos do paciente a partir de suas necessidades social, emocional e física; apoio;
informação; comunicação; participação do paciente e de sua família; estímulo; respeito à
dignidade e à privacidade; e busca de conforto físico e emocional. Assim, o paciente deve ser
envolvido, ouvido e informado na terapêutica. Os profissionais da saúde devem levar em conta
suas necessidades físicas e emocionais e estabelecer uma relação de parceria com ele,
diminuindo as assimetrias desta relação e garantindo a participação do doente nas tomadas de
decisão sobre os rumos terapêuticos (ALBUQUERQUE et al., 2017).
O cuidado centrado requer empatia e profissionais de saúde mais atentos e informativos,
capazes de abandonar o status de autoridade para estabelecer uma relação de parceria,
solidariedade e colaboração (EPSTEIN; STREET JUNIOR, 2011). Pondera-se que cuidado
centrado no paciente é uma concepção holística, baseada em relações particularizadas entre o
profissional da saúde e o paciente (STEWART, 2001). Ou seja, cada paciente tem uma
identidade única, relacionada a sua experiência, o meio em que vive e sua condição física e
social.
O paciente é que deve nortear os cuidados a serem a ele oferecidos e por ele recebidos
(ELLS; HUNT; CHAMBERS-EVANS, 2011). Um estudo observacional realizado por Pluut
(2016) constatou que os cuidados centrados no paciente envolvem comunicação, parceria,
aproximação, promoção da saúde e interesse na vida do paciente e que, a partir da aplicação
concreta de tais requisitos, é possível apurar maior satisfação por parte dos pacientes,
diminuição dos sintomas e menores queixas (ELLS; HUNT; CHAMBERS-EVANS, 2011).
Resumindo, os cuidados centrados no paciente envolvem:
36

a) simetria nas relações humanas e parceria entre seus componentes;


b) comunicação entre os integrantes da relação e compartilhamento de informação;
c) participação do paciente e de familiares nas decisões relativas ao cuidado;
d) respeito aos valores e crenças do paciente.

Existem posições diferenciadas sobre como se atingir tais padrões de cuidado, ensejando
posicionamentos que valorizam aspectos diferentes do paciente e da relação em saúde. Assim
o cuidado deve ser centrado no paciente, para aliviar vulnerabilidades, amenizar sofrimentos e
melhorar a qualidade dos diagnósticos e experiência individual. O papel do profissional da
saúde é o de cuidar. Ele é o principal responsável pelas tomadas de decisão. A troca de
informações sobre a saúde do paciente tem a função de melhorar o diagnóstico e permitir que
o paciente entre em conformidade com os conselhos médicos (PLUUT, 2016). O profissional
da saúde deve aconselhar e ajudar o doente a decidir, bem como desenvolver a vontade e o
potencial dele para tomar decisões (PLUUT, 2016).
As informações sobre a saúde do paciente são fundamentais para um bom diagnóstico e
para facilitar suas escolhas. Existem múltiplas identidades e variadas preferências entre os
pacientes. Por isso o papel do profissional da saúde é compreender as necessidades, valores e
desejos de cada paciente no contexto do tratamento, atentando-se para o estilo da comunicação
e o desejo de envolvimento do doente na tomada de decisões (PLUUT, 2016). Tanto o paciente
quanto o profissional da saúde são responsáveis por decidir sobre o curso do tratamento. As
informações, são importantes a cada paciente e situação, podendo servir para obter a
conformidade do paciente com o tratamento ou incentivar outras escolhas (PLUUT, 2016).
A diversidade de discursos é inevitável e valiosa, pois incita ao diálogo e à busca de
melhores padrões de cuidados em uma cultura que deve estar atenta às diferentes expectativas
e necessidades dos pacientes e às intervenções médicas disponíveis (PLUUT, 2016).
É preciso reconhecer o paciente como um ser vulnerável, que precisa ser protegido e
aliviado em seu sofrimento. Por isso o tratamento deve considerá-lo de forma integral. De outro
lado, não se pode crer que as decisões devam ser confiadas apenas aos profissionais da saúde e
que o compartilhamento de informações sirva somente para melhorar o diagnóstico ou como
subsídio para que o profissional convença o paciente a se amoldar as suas convicções sobre o
tratamento (PARANHOS; ALBUQUERQUE, 2018).
Ao invés de ocupar uma posição passiva, o paciente deve ser estimulado a gerir sua vida
e exercer sua autonomia, a partir de um suporte e de um canal de comunicação adequados a
habilitá-lo e a estimulá-lo a se integrar ao processo decisório. Ao mesmo tempo, não se pode
37

pretender que o paciente tome decisões isoladamente, sem o apoio dos profissionais da saúde e
de seus familiares, e que assuma sozinho a responsabilidade de suas escolhas, pois nem sempre
ele sabe o que quer ou o que é melhor para si, justamente por estar vivendo momentos de grande
fragilidade (PARANHOS; ALBUQUERQUE, 2018).
Para que o tratamento seja centrado no paciente de forma eficaz, deve-se ter em vista
que cada ser é único e enfrenta a doença de forma individualizada. Por isso, reconhecendo as
diversidades das pessoas e atentando-se para as variadas situações e preferências, as atitudes
dos profissionais devem ser moldadas considerando as particularidades de cada paciente, de
maneira a responder a seus anseios, necessidades, valores e preferências no contexto de cada
encontro (PARANHOS; ALBUQUERQUE, 2018).
A comunicação deve ser adaptada ao grau de entendimento de cada paciente, a troca de
informação deve servir para possibilitar escolhas e o processo de decisão deve respeitar a
vontade do paciente de se envolver. O compartilhamento e a cumplicidade esperados de um
modelo eficaz de cuidados centrados no paciente não devem ser impostos (PARANHOS;
ALBUQUERQUE, 2018).
O cuidado centrado no paciente tem sido associado à melhoria da qualidade dos
cuidados de saúde. Políticas recentes enfatizam o valor das opiniões dos pacientes, que não
apenas complementam as perspectivas dos profissionais de saúde, como também fornecem
informações exclusivas sobre a eficácia dos cuidados de saúde, incluindo a melhoria das
experiências, a satisfação do prestador de cuidados de saúde e a redução dos custos dos serviços
de saúde (McCORMACK; McCANCE, 2006). Em suma, o cuidado centrado no paciente é um
modelo em que os provedores de saúde são encorajados a formar parcerias com os pacientes,
para projetar e oferecer atendimento personalizado, oferecendo cuidados de alta qualidade e
melhorando a eficiência e eficácia do sistema de saúde (WALTERS; TOOMBS; RABUKA,
1994).

2.3 Experiências internacionais de implantação do modelo de cuidado centrado no


paciente

O modelo de cuidado centrado no paciente é relativamente novo e ainda contempla


dissensos quanto a sua aplicação. Entre as décadas de 1960 e 1970, ocorreram mudanças nas
práticas médicas, dentre elas a forma de relacionamento entre profissionais da saúde e pacientes
(JOTERRAND; AMODIO; ELGER, 2016). Desde então, alguns estudos têm sido conduzidos
no sentido de aprimorar esse novo modelo de cuidado.
38

Primeiramente, é necessário compreender o paciente a partir de sua dupla condição: a


de vulnerável e a de ator central no processo terapêutico (ALBUQUERQUE et al., 2017). É
necessário esclarecer que o cuidado centrado no paciente é um dos princípios que compõem o
arcabouço teórico dos Direitos Humanos dos Pacientes, ao lado da ideia de dignidade humana,
dos princípios da autonomia relacional e da responsabilidade do paciente, sinalizando que ele é
o agente fundamental e o principal beneficiário dos cuidados (ALBUQUERQUE et al., 2017).
Na Austrália, a reforma do sistema de saúde realizada em 2010 considerou a experiência
vivenciada pelos pacientes como um dos itens importantes para avaliar a qualidade dos serviços
de saúde. No ano seguinte, o governo elaborou um plano para redirecionar os serviços de saúde
denominado, National Healthcare Agreement com objetivos de longo prazo para melhorar os
resultados, incluindo entre os indicadores de monitoramento a experiência da população com
os serviços (AUSTRALIAN COMMISSION ON SAFETY AND QUALITY IN HEALTH
CARE, 2011).
Documentos oficiais do governo da Austrália dão conta que a participação e o
envolvimento dos pacientes em seu cuidado foram definidos como um direito dos indivíduos.
O Estatuto dos Direitos dos Pacientes e Consumidores, criado em 2008, estabeleceu como
direitos do paciente ter um papel ativo em seu tratamento e participar tão plenamente quanto
desejar nas decisões sobre seus cuidados (PIPER; DUMBAR, 2008).
Na área da qualidade em saúde, a Australian Commission on Safety and Quality in
Health Care (ACSQHC) publicou dez normas nacionais de segurança e qualidade para os
serviços de saúde para 2011/2012 (AUSTRALIAN COMMISSION ON SAFETY AND
QUALITY IN HEALTH CARE, 2012).
Outra norma estabelecida, denominada “parceria com os consumidores”, estimulou a
participação do paciente no planejamento e avaliação dos serviços de saúde, orientou a
formação de gestores e profissionais de saúde para implementar políticas para o cuidado
centrado no paciente e garantiu informações aos pacientes com objetivo de prepará-los para
saber avaliar a qualidade e segurança dos serviços de saúde (AUSTRALIAN COMMISSION
ON SAFETY AND QUALITY IN HEALTH CARE, 2012). O cuidado centrado no paciente
foi incluído em planos e programas específicos do governo da Austrália para a atenção básica,
saúde mental, doenças crônicas e atenção farmacêutica (AUSTRALIAN COMMISSION ON
SAFETY AND QUALITY IN HEALTH CARE, 2011).
No Canadá, em 2001, foi criada uma comissão denominada The Commission on the
Future of Health Care in Canada, cujo objetivo era engajar os cidadãos canadenses num
diálogo nacional sobre o futuro do sistema de saúde. O relatório final dessa comissão, publicado
39

em 2002, revela que o cuidado centrado no paciente foi incluído como um dos eixos para
reformas. Uma de suas recomendações foi a criar de uma rede para promover o letramento em
saúde da população, com informações confiáveis e suporte para consulta dos pacientes
(ROMANOW, 2002). A intenção era preparar os profissionais para fortalecer o cuidado
centrado no paciente. Em sua prática, o Ministério de Saúde do Canadá, Health Canada, incluiu
a estratégia Interprofissional Education for Collaborative Patient-centred Practice no
programa de educação continuada, o Internationally Educated Health Professionals Initiative
(GILBERT, 2005). A capacitação envolvia profissionais de várias especialidades e promovia e
ciclos de debate, incentivando o compartilhamento de experiências entre os profissionais e
servindo como referência para implantar ações e estratégias para o cuidado centrado no paciente
em nível regional.
A divulgação sobre informações da saúde da população é realizada pela ONG Canadian
Institute for Health Information (CIHI), que desenvolveu um questionário para avaliar a
experiência dos pacientes na área hospitalar. Os aspectos avaliados, no atributo cuidado
centrado no paciente foram: comunicação; tempo de consulta; envolvimento na decisão
compartilhada; e suporte emocional (CANADIAN INSTITUTE FOR HEALTH
INFORMATION, 2001).
Nos EUA, na reforma do sistema de saúde que ocorreu em 2010, o Patient Protection
and Affordable Care Act (PPACA), ou Lei de Assistência Acessível, chamado comumente
como Affordable Care Act (ACA), ou Lei de Assistência Acessível, ou Obamacare, estabeleceu
a National Quality Strategy (NQS), que funciona como um guia orientador para a melhoria da
qualidade do cuidado em saúde e tem por objetivo desenvolver indicadores e mensurar
resultados (PETENATE; LAJOLO, 2013). A NQS apresentou como objetivos principais:

• melhorar a qualidade do cuidado;


• promover pessoas saudáveis/comunidades saudáveis e
• tornar o cuidado acessível.

O objetivo central é descrito como melhorar a qualidade do cuidado, tornando-o mais


confiável, acessível, seguro e centrado no paciente (AGENCY FOR HEALTHCARE
RESEARCH AND QUALITY, 2014).
Foram definidas seis áreas prioritárias, com potencial para melhorar a qualidade do
cuidado (AGENCY FOR HEALTHCARE RESEARCH AND QUALITY, 2014). Uma das
40

áreas é o cuidado centrado no paciente, que tem como prioridade engajar pacientes e familiares
como parceiros no cuidado. Foram estabelecidos como objetivos de longo prazo:

• melhorar a experiência do paciente, familiar e cuidador com o cuidado prestado com


relação à qualidade, segurança e acesso;
• desenvolver planos de cuidado culturalmente sensíveis e compreensíveis, em
parceria com os pacientes, familiares e cuidadores, utilizando um processo de tomada
de decisão compartilhada;
• capacitar pacientes e seus familiares para se informar, coordenar e gerenciar seu
cuidado de forma adequada e eficaz (AGENCY FOR HEALTHCARE RESEARCH
AND QUALITY, 2014).

A NQS destacou-se como importante iniciativa para atingir os objetivos propostos no


programa Consumer Assessment of Healthcare Providers and Systems (CAHPS) ou Avaliação
do Consumidor de Provedores e Sistemas de Assistência Médica, desenvolvido pela Agency for
Healthcare Research and Quality (AHRQ) – Agência de Pesquisa e Qualidade em Saúde. A
AHRQ integra o Department of Health and Human Services (HHS) ou Departamento de Saúde
e Serviços Humanos dos EUA, que tem como missão produzir pesquisas baseadas em
evidências científicas para tornar o cuidado de saúde mais seguro, de maior qualidade e mais
acessível e equitativo. O departamento trabalha em parceria com outras organizações, para se
certificar que as evidências científicas sejam compreendidas e utilizadas (AGENCY FOR
HEALTHCARE RESEARCH AND QUALITY, 2015).
A AHRQ desenvolveu estudos voltados para e promover a utilização de questionários
(surveys) capazes de avaliar a experiência dos consumidores com os serviços de saúde. O
programa CAHPS ou Avaliação do Consumidor de Provedores e Sistemas de Assistência
Médica, criou ferramentas e recursos para de produzir informações comparativas sobre os
serviços e avaliar o atendimento dos ambulatórios, hospitais, lares de idosos, centros de diálise,
tratamento cirúrgico, odontologia, clínicas de planos de saúde e atendimento aos indígenas. No
início dos anos 2000, o Hospital Consumer Assessment of Healthcare Providers and Systems
(HCAHPS), ou Avaliação do Consumidor para Serviços Hospitalares e Sistemas Relacionados,
começou a ser aplicado com o objetivo de medir a qualidade dos serviços prestados e a
satisfação de pacientes dos hospitais do país que atendem aos seguros públicos de saúde, o
Medicare, que é sistema de seguros de saúde gerido pelo governo dos Estados Unidos e
destinado às pessoas de idade igual ou superior a 65 anos ou que verifiquem certos critérios de
41

rendimento, e o Medicaid, programa de saúde social dos Estados Unidos para famílias e
indivíduos de baixa renda e recursos limitados (AGENCY FOR HEALTHCARE RESEARCH
AND QUALITY, 2015).
Em maio de 2005, o Fórum Nacional da Qualidade (NQF), organização criada para
padronizar a medição e os relatórios da qualidade dos serviços de saúde, endossou formalmente
a Pesquisa Hospitalar CAHPS. Tal endosso representou o consenso de muitos profissionais de
saúde, grupos de consumidores, associações profissionais, compradores, agências federais e
organizações de pesquisa e qualidade (AGENCY FOR HEALTHCARE RESEARCH AND
QUALITY, 2015).
Algumas diretrizes e iniciativas do governo deram relevância ao cuidado centrado no
paciente. A organização responsável pela qualidade em saúde, AHRQ, criou o modelo Patient-
centered Medical Home (PCMH), ou Lar Médico Centrado no Paciente que propunha a
melhoria do sistema de saúde mediante a reorganização da atenção primária, tendo como um
de seus cinco pilares o cuidado centrado no paciente (AGENCY FOR HEALTHCARE
RESEARCH AND QUALITY, 2012).
Nos Estados Unidos, muitas instituições utilizaram os questionários CAHPS para
avaliar a experiência dos pacientes com o cuidado. Foram criadas várias versões e incluídos
suplementos, de acordo com o que se pretendia avaliar. Os questionários foram utilizados nas
áreas de consulta ambulatorial, hospitalar, odontologia, atendimento domiciliar e centros de
hemodiálise. Os resultados na área hospitalar foram publicados no portal do Medicare, no qual
é possível comparar os resultados entre os hospitais, por meio de gráficos e tabelas (AGENCY
FOR HEALTHCARE RESEARCH AND QUALITY, 2012). Na área ambulatorial, a AHRQ
disponibilizou em seu portal os resultados de todos os CAHPS aplicados anualmente em
atenção primária em saúde, planos de saúde e clínicas (AGENCY FOR HEALTHCARE
RESEARCH AND QUALITY, 2012).
O governo dos Estados Unidos utilizou os resultados dos questionários CAHPS para
estabelecer metas de longo prazo para o sistema de saúde. Por intermédio do Office Disease
Prevention and Promotion (Escritório de Prevenção de Doenças e Promoção da Saúde), em
parceria com várias instituições, criou um plano para melhorar o sistema de saúde, denominado
Healthy People 2020 (Pessoas Saudáveis 2020), em que se estabeleceram dez objetivos
nacionais, baseados em evidências científicas, e propôs metas de avaliação para monitorar
progressos ao longo de uma década (DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICE,
2010).
42

Entre os objetivos propostos nesse plano, citam-se: melhorar a comunicação entre o


profissional e o paciente e o letramento em saúde da população; aumentar o número de pacientes
que utilizam recursos eletrônicos na saúde para acesso aos prontuários; melhorar a comunicação
com os profissionais, resultados de exames; aumentar o número de pessoas com acesso à
internet; e aumentar a proporção de portais relativos à saúde com informações de qualidade (US
DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICE, 2010).
Nos EUA, alcançaram grande importância as iniciativas de Organizações não
Governamentais (ONG) para promover um cuidado centrado no paciente nos serviços de saúde.
Podem-se citar: IOM, IHI, Planetree e a Joint Commission Internacional (JCI). Estas
organizações desenvolveram pesquisas, publicaram relatórios ou criaram modelos para inclusão
deste atributo na prática.
Na Inglaterra, a reforma do sistema realizada no ano de 2000 estabeleceu como
objetivos: oferecer uma ampla gama de serviços e adaptá-los às necessidades e preferências do
paciente; responder às diferentes necessidades das diferentes populações; melhorar a qualidade
dos serviços; e minimizar os erros (NATIONAL HEALTH SERVICE, 2000).
No plano de reforma National Health Service (NHS), ou Serviço Nacional de Saúde, foi
proposta a modernização dos serviços, o governo reconheceu a falta de uma visão genuinamente
centrada no paciente, na qual os serviços sejam pensados a partir de necessidades, estilo de vida
e aspirações pessoais (NATIONAL HEALTH SERVICE, 2000). Em 2012, o Health and Social
Care Act (Lei de Saúde e Assistência Social) propôs mudanças para reestruturar o sistema de
saúde e considerou o cuidado centrado no paciente como elemento central para mudanças
necessárias (NATIONAL HEALTH SERVICE, 2012).
Especificamente na Inglaterra, o National Commissioning Board (Conselho Nacional
de Comissionamento) elegeu como valores principais para o sistema de saúde: respeito e
dignidade; compromisso com a qualidade do atendimento; compaixão; melhor qualidade de
vida; e trabalho em conjunto pelo bem do paciente. Considerou, também, um direito do paciente
ser ouvido cuidadosamente e ter oportunidade de expor suas ideias (NATIONAL HEALTH
SERVICE, 2014).
Em 2014, o NHS definiu as mudanças necessárias para o sistema de saúde nos próximos
cinco anos, no relatório intitulado Five Year Forward View (Visão de cinco anos para a frente),
com recomendação para criar modelos flexíveis de prestação de serviços individualizados para
as populações e as necessidades locais (NATIONAL HEALTH SERVICE, 2014). Este
documento que alertou para a necessidade de desenvolver um cuidado personalizado para os
pacientes com doenças crônicas, propunha como objetivo que nos próximos cinco anos todos
43

os pacientes do NHS tivessem acesso por internet a seus registros e prescrições. Esta iniciativa
constituiu uma verdadeira revolução da informação (NATIONAL HEALTH SERVICE, 2014).
Seguindo as recomendações propostas pelo NHS, algumas ONGs na Inglaterra fizeram
propostas de estratégias para implantar o cuidado centrado no paciente nos serviços de saúde.
A Health Foundation (Fundação de Saúde), organização independente de grande importância
no Reino Unido, conduz pesquisas e avaliações e prioriza duas áreas: segurança do paciente e
cuidado centrado no paciente. Ela criou uma área específica em seu portal onde disponibiliza
vídeos informativos e instrumentos para facilitar a implantação deste atributo na prática (THE
HEALTH FOUNDATION, 2013).
Outra organização do Reino Unido, a Care Quality Commission (CQC), ou Comissão
de Qualidade de Cuidados, que tem o papel de regular a prestação de cuidados na área de saúde
e social na Inglaterra, utiliza como instrumento para avaliar a experiência dos pacientes o
National Patient Survey Programme (Programa Nacional de Pesquisa de Pacientes) (CARE
QUALITY COMMISSION, 2013).
Outro instrumento utilizado pelo NHS para pesquisa da satisfação dos pacientes é o
Family and Friends Test (FFT), ou Teste de Amigos e Família. Lançado em abril de 2013, é
utilizado em todos os serviços hospitalares e de emergência no país para aferir a experiência
dos pacientes. Respondido de forma contínua e com resultado em tempo real, é constituído de
uma só pergunta: Qual é a probabilidade de você recomendar nossa enfermaria ou emergência,
ou ambulatório, para amigos e familiares se eles precisassem de cuidados ou tratamento similar?
(NATIONAL HEALTH SERVICE, 2014). O FFT é utilizado nacionalmente, ao lado de outros
instrumentos, como os NHS surveys.
Na Holanda, desde a década de 1980, uma mudança generalizada pode ser observada
em perspectivas sobre o cuidado. Isso está parcialmente ligado à individualização na sociedade
e ao aumento da autoafirmação entre os clientes. Isso contribuiu para a introdução de conceitos
de cuidados centrados no cliente. Os clientes tornaram-se mais críticos, solicitando cuidados
que atendam a seus desejos e demandas individuais (WITTE; SCHOOT; PROO, 2006).
O cuidado orientado para a demanda é atualmente um dos princípios predominantes na
política de saúde holandesa. É assim que o cuidado centrado no paciente é nomeado no país
(BOSMAN et al., 2008), o Conselho de Saúde Pública o descreve como um esforço conjunto
do cliente e profissionais de saúde, que resulta no cliente recebendo a ajuda que atende a seus
desejos e expectativas e que também atende aos padrões profissionais (BOSMAN et al., 2008).
Esta definição enfatiza a autonomia do cliente, mas, ao mesmo tempo, valoriza a
perspectiva do profissional. Além disso, destaca a colaboração, ou seja, a responsabilidade
44

compartilhada do cliente e do profissional. As necessidades subjetivas e as demandas expressas


do cliente são centrais, mas é com base no diálogo que se tomam as decisões sobre a demanda
e o cuidado, sendo caracterizado como um processo bilateral (WITTE; SCHOOT; PROO,
2006).
Na Holanda, a introdução de cuidados orientados para a demanda é apoiada por medidas
políticas e econômicas, como, o orçamento pessoal e a introdução de forças de mercado. O
cuidado orientado pela demanda é especialmente importante para clientes em setores nos quais
o cuidado é necessário, como aqueles com doenças crônicas que recebem atendimento
domiciliar. Além disso, os doentes crônicos são um grupo em rápido crescimento, que usará
cada vez mais os cuidados (WITTE; SCHOOT; PROO, 2006). A Lei de Instituições de
Qualidade de Cuidados da Holanda e a Lei de Profissão de Cuidados de Saúde Individuais
estabelecem requisitos gerais para o cuidado adequado. Além do foco no cliente e da atenção à
demanda do paciente, a boa qualidade, o cuidado efetivo e o cuidado eficiente são mencionados.
O governo endossou a posição central do cliente na legislação, como a Lei do Acordo de
Tratamento Médico (WGBO – Wet op de Geneeskundige Behandelingsovereenkomst), a Lei de
Participação de Instituições de Atendimento ao Cliente (WMCZ – Wet Medezeggenschap
Cliënten Zorginstellingen) e o direito de reclamar.
No sistema de saúde holandês, existe uma chamada crescente para avaliar as
organizações assistenciais do ponto de vista do cliente e publicar essas avaliações, para fornecer
aos potenciais clientes informações relevantes que os ajudem a escolher entre diferentes
prestadores de cuidados ou organizações de saúde. O governo nacional iniciou o
desenvolvimento de um portal na Internet para este fim específico. Muitas organizações de
saúde estão trabalhando na implementação de conceitos de cuidado centrados no cliente na
prática diária. Concentrar-se no cliente é um slogan que todas as organizações de cuidados e
seguradoras de saúde que se prezam têm uma alta prioridade. Em síntese, novos conceitos de
cuidado, como o cuidado orientado pela demanda e o cuidado orientado pela demanda, são uma
resposta para esse desenvolvimento (WITTE; SCHOOT; PROO, 2006).

2.4 Modelo de cuidado centrado no paciente no Brasil

A partir processo de democratização vivido no Brasil com a Constituição de 1988,


surgiram diversas leis e normas que estabeleceram os direitos dos pacientes. Em 2006 o
Ministério da Saúde publicou a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, com seis princípios
básicos para os direitos dos usuários (BRASIL, 2007), a qual estabelecia como garantias do
45

paciente em consultas e procedimentos médicos: respeito à integridade física, privacidade e


conforto, individualidade, valores éticos, culturais e religiosos, confidencialidade, segurança do
procedimento e bem-estar psíquico e emocional. Considerava também, como garantia para o
paciente o direito à informação a respeito de diferentes possibilidades terapêuticas (BRASIL,
2007).
No final da década de 1990, o Ministério da Saúde criou o Programa de Humanização
do Pré-natal e Nascimento e Programa de Humanização da Assistência Hospitalar, os quais
deram origem à Política Nacional de Humanização (PNH), em 2003 (BRASIL, 2010).
Muitos princípios nos quais se baseia a PNH estão relacionados com o conceito de
cuidado centrado no paciente, uma vez que enfatizam a participação e o engajamento do
paciente e valorizam a escuta para entender às diferentes necessidades daquele que é assistido
(BRASIL, 2010). As diretrizes da PNH propõem mecanismos para favorecer a participação dos
pacientes no cotidiano dos serviços e ressaltam a importância da criação de espaços saudáveis,
com privacidade, acolhedores e confortáveis (BRASIL, 2004).
Outros programas criados no Brasil deram relevância a pesquisas sobre a experiência
dos pacientes nos serviços. Na área de atendimento hospitalar, o Ministério da Saúde
desenvolveu, em 1988, o Programa Nacional de Avaliação de Serviços Hospitalares (PNASH),
que elaborou uma pesquisa de satisfação dos usuários para ambulatório, internação e
emergências e um roteiro técnico para avaliação, utilizado por gestores estaduais e municipais
em hospitais públicos e privados vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) (AGÊNCIA
NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2004).
O PNASH foi reformulado em 2004 e passou a ser denominado Programa Nacional de
Avaliação de Serviços de Saúde (PNASS). Entre as ferramentas de avaliação, cita-se a pesquisa
de satisfação dos usuários do SUS, que incluiu algumas perguntas sobre as condições do
ambiente e atitudes dos profissionais envolvendo respeito, atenção e escuta. Essas perguntas
são semelhantes aos itens presentes em questionários de avaliação utilizados nos países
estudados para monitorar o cuidado centrado no paciente (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2004).
Para a área de atenção básica, o Ministério da Saúde criou, em 2011, o Programa de
Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ), cujo objetivo era ampliar o
acesso e melhorar a qualidade da atenção básica, mediante a criação de um padrão de qualidade
para comparação entre as diversas regiões do país (BRASIL,2012).
A entrevista com o usuário no PMAQ serviu para avaliar o acesso aos serviços de saúde,
a marcação de consultas, o acolhimento à demanda espontânea e a ação integral à saúde,
46

incluindo perguntas sobre: privacidade do ambiente de consulta; se o paciente recebeu


orientações sobre sua recuperação; se houve respeito aos hábitos culturais, costumes, religião;
e se o paciente se sentiu à vontade para falar de suas preocupações (BRASIL, 2012). Ao final
da entrevista com o usuário, foi feita a seguinte pergunta: o/a senhor(a) recomendaria esta
unidade de saúde para um amigo ou familiar? (BRASIL, 2012).
Para avaliar os serviços na saúde suplementar, a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) desenvolveu, em 2011, o Programa de Qualificação de Prestadores de
Serviços de Saúde (QUALISS) (AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR,
2012). Entre os indicadores essenciais definidos neste programa para monitorar os hospitais
foram incluídos: satisfação do cliente e monitoramento da manifestação do cliente.
A Organização Nacional de Acreditação (ONA) adota como referência as Normas do
Sistema Brasileiro de Acreditação e o Manual Brasileiro de Acreditação, que determinam a
utilização de sistemas de aferição da satisfação do usuário e a existência de um programa
institucional da qualidade e produtividade implantado (BRASIL, 2002a). O Consórcio
Brasileiro de Acreditação (CBA) adota a metodologia da JCI, que inclui em suas metas um
serviço de saúde centrado nas necessidades dos pacientes, visando ao modelo do cuidado
centrado no paciente (PETENATE; LAJOLO, 2013).
Alguns hospitais no País que são acreditados por essas instituições adotaram o cuidado
centrado no paciente como um atributo de relevância na organização de seus serviços. A ONG
Planetree fornece um selo de reconhecimento para instituição reconhecida como serviço
centrado nos pacientes em ambientes saudáveis e propícios de cura. As instituições afiliadas
são avaliadas com base nos componentes do Modelo Planetree, que inclui dez itens voltados
para o cuidado centrado no paciente. No Brasil, o Hospital Israelita Albert Einstein, localizado
na cidade de São Paulo, é a entidade responsável por treinar e certificar as instituições que se
propõem a seguir este modelo (PLANETREE, 2014).
As recomendações da OMS para a Segurança do Paciente é um dos principais eixos
definidos para o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), consistindo no
“Envolvimento do Cidadão na sua Segurança”, considerando os pacientes, familiares e
acompanhantes como parceiros nos esforços para a prevenção de falhas e danos em serviços de
saúde do País. O paciente deve ser o ponto central da preocupação dos profissionais e da alta
direção, com a segurança nos serviços de saúde. Quando é ouvido e convidado a participar
ativamente de seu cuidado e tratamento, deixa de ser um mero recebedor passivo de cuidados e
pode contribuir com um atendimento mais seguro, ciente de sua responsabilidade como cidadão
e consumidor de serviços de saúde. Dessa forma, a parceria entre paciente, familiares e
47

profissionais de saúde pode contribuir para o sucesso do tratamento (AGÊNCIA NACIONAL


DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2004).
Em 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) apresentou a primeira
edição do Guia “Pacientes pela segurança do paciente em serviços de saúde: Como posso
contribuir para aumentar a segurança do paciente? Orientações aos pacientes, familiares e
acompanhantes”, importante instrumento para orientar uma mudança na cultura dos serviços de
saúde no que se refere à participação do cidadão nos processos de segurança assistencial
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2004).
Em síntese, o modelo cuidado centrado no paciente demanda uma mudança de cultura
nos serviços de saúde, para que os profissionais possam estimular e apoiar uma atitude mais
ativa dos clientes destes serviços, considerando os pacientes como parceiros que podem
desempenhar um papel responsável por sua saúde e cuidado. Os familiares, acompanhantes e o
próprio paciente devem participar de sua assistência, estando cientes de seus direitos e deveres
como usuário dos serviços de saúde, compreendendo os riscos associados com a assistência,
escolhendo o profissional de saúde devidamente especializado; prestando informações corretas
sobre sua saúde e, uma vez aceito o tratamento, seguindo as instruções dos profissionais e
participando das decisões de assistência e terapêuticas (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2004).

2.6 Experiência do Paciente e o Cuidado Centrado no Paciente

A experiência do paciente é um tema relativamente recente na área da saúde e está aos


poucos adquirindo maior relevância para as organizações de saúde em todo o mundo. No Brasil
este processo ainda é incipiente, muito embora várias organizações hospitalares privadas
estejam centrando esforços para desenvolvimento da visão e implementação de ações
relacionadas à melhoria da experiência do paciente. No momento atual, há muita confusão ainda
com satisfação do paciente (COSTA, 2017).
Para a AHRQ, por definição:

A experiência do paciente abrange a gama de interações que os pacientes têm com o


sistema de saúde, incluindo planos de saúde, médicos, enfermeiros, demais
profissionais em hospitais, práticas médicas e outros serviços de saúde. Como parte
integrante da qualidade dos cuidados de saúde, a experiência do doente inclui vários
aspectos da prestação de cuidados de saúde que os doentes valorizam muito quando
procuram e recebem cuidados (AGENCY FOR HEALTHCARE RESEARCH AND
QUALITY, 2017).
48

Segundo o Beryl Institute, organização dedicada à melhoria da experiência do paciente


e que atua em mais de 80 países, experiência do paciente é a “soma de todas as interações,
moldadas pela cultura de uma organização, que influenciam as percepções do paciente em todo
o atendimento” (THE BERYL INSTITUTE, 2019).
Entender a experiência do paciente é um ponto fundamental na mudança em direção
ao cuidado centrado no paciente. Analisando vários aspectos da experiência do paciente,
pode-se avaliar até que ponto eles estão recebendo cuidados que são respeitosos e que
respondem às preferências, necessidades e valores individuais. Avaliar a experiência do
paciente, juntamente com outros componentes, como a eficácia e a segurança dos cuidados é
essencial para fornecer uma imagem completa da qualidade dos cuidados de saúde (AHRQ,
2017).
Como parte do amadurecimento cultural das Instituições de Saúde, o conceito abrange
aspectos de Qualidade, Segurança, Eficiência, Desfecho Clínico e Prestação de Serviços,
suportados pela cultura de Cuidado Centrado no Paciente (ou Cuidado Centrado na Pessoa,
termo mais recentemente utilizado). A crescente disponibilidade de informações e a postura
proativa dos pacientes e de seus familiares reforçam o compromisso das Instituições com a
educação e o engajamento dos pacientes, para que estes participem ativamente das decisões do
seu tratamento e façam a gestão do seu próprio cuidado (AHRQ, 2017).
Um estudo publicado pelo National Institute for Health Research (NIHR) testou essa
metodologia centrada no paciente em análises de multimorbilidade e continuidade do cuidado
e notou os seguintes benefícios:

1. Maior valorização do paciente frente ao cuidado;


2. Aumento da satisfação dos pacientes;
3. Aumento da comunicação e melhoria da qualidade da mesma entre pacientes e
colaboradores;
4. Melhoria dos resultados assistenciais;
5. Melhoria da experiência do paciente.

A gestão da qualidade coloca a preocupação com o cliente em sua definição e como


foco de suas ações. Apesar disso, poucos sistemas e organizações de saúde têm sido capazes de
posicionar os usuários no centro de suas atividades, levando em conta sistematicamente suas
expectativas. Para reverter esse panorama, tem sido reforçada ideia da “experiência do
paciente”, inspirada em tendências do marketing (SCHIESARI, 2017).
49

A experiência do paciente permite que pacientes e familiares definam o “valor” do


cuidado prestado, permitindo que as organizações de saúde foquem seus esforços no que
importa para ele. Fortalecer a sua experiência, muitas vezes significa implementar passos
simples que poderiam fazer a diferença para os pacientes (COSTA, 2017). Com alguns
exemplos:

• aumentar o cuidado para que o paciente/familiar seja compreendido e suas dúvidas


sejam formalmente documentadas para que possa ser posteriormente consultado;
• manter uma conversa aberta com o paciente/familiar, fazendo com que ele se sinta
confortável em se abrir com qualquer um dos profissionais de saúde sobre qualquer
assunto;
• interpretar as demandas dos pacientes/familiares de acordo com seus valores pessoais
e culturais, suposições e crenças;
• compreender o cuidador como um “parceiro”, de forma a tornar mais fácil para eles
se envolverem com a assistência.

Conforme Costa (2017), é preciso ir além, de forma que os profissionais implementem


cuidado do paciente de maneira individual, valorizando suas necessidades e vontades, e
adaptando a assistência de acordo com as suas respostas. Ainda segundo o mesmo autor, nesse
cenário, o cuidado centrado no paciente aparece como um modo de encarar a assistência como
uma abordagem maleável por meio da troca de informação técnica do colaborador ao paciente
e uma decisão compartilhada sobre o procedimento a ser adotado (COSTA, 2017).

2.7 Desenvolvimento de competências para o cuidado em saúde

O conceito de competência tem sido amplamente difundido no mundo do trabalho e


aplicado em variadas áreas de conhecimento. Na saúde, o desenvolvimento de competências
apresenta-se como uma nova perspectiva para a formação dos profissionais da área, não só por
incentivar a reflexão crítica, como também por ser capaz de responder às exigências impostas
pelo atual cenário de mudanças sociais e favorecer o desenvolvimento do profissional (VIEIRA
et al., 2015).
Na contemporaneidade, não basta apenas ter profissionais qualificados. O que se espera
é que esses sejam competentes para alcançar as exigências do trabalho. Nessa perspectiva, para
50

que uma força de trabalho seja competente, conhecimentos e habilidades são necessários para
traduzir a teoria política e a pesquisa em ação efetiva, a fim de proporcionar o cuidado adequado
e desenvolvimento da promoção da saúde (HILBERT; DUARTE; MILARÉ, 2011).
A competência do indivíduo não é um estado e não se reduz a um conhecimento
específico, mas, sim, o resultado do cruzamento de três eixos: a formação da pessoa; sua
formação educacional; e sua experiência profissional (LE BOTERF, 2003). O conceito
ampliado passou a focar também realizações e entregas no contexto em que a pessoa está
inserida. Assim, o trabalho não significa mais o conjunto de tarefas associadas descritivamente
a um cargo, passando a abranger o prolongamento direto da competência que o indivíduo
mobiliza em face de uma situação profissional cada vez mais mutável e complexa (VIEIRA et
al., 2015).
De acordo com Vieira et al. (2015), as competências exigidas do indivíduo para a área
da saúde se apresentam como: saber agir, mobilizar, transferir conhecimentos para resolver
situações práticas, aprender constantemente e engajar-se em resposta às exigências e
necessidades de cada área de atuação, visando atender às necessidades de assistência.
Os princípios que orientam a prática do cuidado centrado no paciente são: dignidade,
compaixão e respeito; coordenação e integração do cuidado; cuidado personalizado; apoio ao
autocuidado; informação, comunicação e educação; conforto físico; apoio emocional, alívio do
medo e ansiedade; envolvimento de familiares e amigos; transição e continuidade; e,
incorporado mais recentemente, acesso ao cuidado (PICKER INSTITUTE, 2017).
Para realizar o cuidado centrado, é necessário que o profissional apresente competências
diferenciadas, como: capacidade para gerenciar conflitos; resolutividade; domínio de
argumentação; comunicação assertiva; negociação; tomada de decisão; e educação e
desenvolvimento profissional. Estes requisitos são essenciais para a qualificação na estratégia,
de modo a obter a qualidade do cuidado do paciente, destacando a importância da retomada dos
princípios básicos da relação profissional de saúde-paciente para desenvolver o cuidado
centrado (MANENTTI et al., 2012).
Essas competências são necessárias para que o profissional de saúde mantenha uma
comunicação fluida e escute o paciente, encontrando formas adequadas para lidar com o
tratamento. “Cabe ao profissional de saúde o papel de possibilitar que a relação seja centrada
no paciente e não apenas na doença.” (CAPRARA; RODRIGUES, 2004, p. 145). Os efeitos
positivos de uma boa relação profissional de saúde com o paciente propiciam a melhora da
qualidade do cuidado, com resultados imediatos sobre o estado de saúde dos pacientes
(CAPRARA; RODRIGUES, 2004).
51

Almeida e Ferraz (2008) afirmam que, devido à importância do desenvolvimento de


competências, é necessário investir nos recursos humanos em saúde, envolvendo os seguintes
aspectos: reestruturação curricular nos cursos de formação em saúde, adequando os currículos
às demandas dos serviços de saúde; adoção de metodologias de ensino-aprendizagem que
promovam uma formação crítica e reflexiva e uma integração efetiva entre as instituições de
ensino superior e os serviços de saúde; e capacitação dos recursos humanos da saúde por meio
de uma educação permanente em saúde
O eixo norteador para tais transformações concebe o papel do profissional de saúde
como o de cuidador, preconizando a transformação das práticas em saúde e da tutela para o
acolhimento e o cuidado (BREDA et al., 2005). Nessa perspectiva, em termos de políticas
públicas, tem-se a PNH, também denominada Humaniza SUS (BRASIL, 2004). A PNH se
apresenta como uma estratégia para alcançar maior qualificação da atenção e da gestão dos
processos de trabalho em saúde, por meio de um projeto de corresponsabilidade e da
qualificação dos vínculos profissionais, e destes com os usuários na produção de saúde
(BRASIL, 2004).
A proposta de humanização pode ser entendida como um resgate das dimensões
humanas, em que a subjetividade e o cuidado se tornem elementos essenciais. Fica difícil falar
em humanizar sem falar de emoções e afetos e das produções simbólico-emocionais que
integram nossas experiências de vida e se produzem nas relações (BREDA et al., 2005).
Com base nesta visão, diversos autores, estudiosos do fazer em saúde, definem o papel
do profissional de saúde no cenário atual como cuidador, que implica a substituição do termo
tratar pelo cuidar, tratar pressupõe um diagnóstico e cuidar tornaria possível uma visão
ampliada do sujeito alvo dos cuidados (AYRES, 2001; MANDÚ, 2004; ZOBOLI, 2004;
PEGORARO; CALDANA, 2007). É importante enfatizar o caráter essencialmente relacional
deste cuidado, privilegiando-se a produção de sentidos resultante do encontro de subjetividades
e considerando quem se apresenta para ser cuidado como um ser único, que tem uma história,
uma visão de mundo, uma maneira de entender, sentir, se relacionar e se expressar, inclusive
suas dores (AYRES, 2001; MANDÚ, 2004). Nessa concepção, a rede de interações e
significados a ela atribuídos é constituinte de identidades e construtora de saberes, sentidos e
olhares sobre a saúde e o adoecer. Também nesta concepção, a subjetividade torna-se alvo de
investimento e de transformação do cuidado (ZOBOLI, 2004).
O cuidado em saúde preconizado envolve a contínua reconstrução de significados a
respeito de si, do outro e do mundo, incluindo também significados sobre saúde, doença,
qualidade de vida e autonomia, o que torna necessária a criação de um espaço relacional que vá
52

além do saber-fazer científico/tecnológico. Isso permite o olhar para a pessoa além da doença
que apresenta, considerando-se o conhecimento que ela possui sobre si mesma, sobre o adoecer
e sobre a saúde, como focos essenciais na reconstrução conjunta de sentidos em direção a uma
vida saudável em seus diversos aspectos (MANDÚ, 2004).
O encontro de subjetividades na relação entre o profissional de saúde e o paciente
constitui um poderoso instrumento, capaz de contribuir para a emancipação dos envolvidos e
de possibilitar uma participação mais ativa destes na produção da saúde (BARROS, 2002).
Com relação à formação e ao desenvolvimento profissional, entende-se que se faz
imprescindível adotar de metodologias de ensino-aprendizagem que ultrapassem o saber
técnico-científico oferecido pelas instituições formadoras, incluindo o desenvolvimento de
habilidades para lidar com a dimensão subjetiva do ser humano: a do paciente, das
comunidades, dos colegas de trabalho e a sua própria (BARROS, 2002).
No cuidado centrado, o assunto “segurança assistencial” é de suma relevância. As
competências centrais que se destacam são: comunicação, ética, tomada de decisão, educação
e desenvolvimento profissional. Destacando-se a importância de retomar os princípios básicos
da relação profissional de saúde-paciente, para desenvolver o cuidado centrado no paciente.
Apesar de muitos estudos apontarem as vantagens de incluir o cuidado centrado no paciente na
prática clínica e, mesmo, reconhecendo-se sua importância, a adoção plena deste atributo ainda
está longe de ocorrer (SANTOS et al., 2010).
Estudo realizado em 2012 realizado pela European Commission destacou como os
principais desafios para obter o envolvimento do paciente com o seu cuidado: demanda de mais
tempo e atenção dos profissionais; e possibilidade de o paciente discordar abertamente do
profissional ou tentar diagnosticar-se e tratar de si mesmo, fazendo escolhas inadequadas. Este
estudo ressaltou que alguns pacientes, principalmente aqueles com doenças crônicas, precisam
receber informações mais detalhadas sobre sua doença e tratamento, para se envolverem na
tomada de decisão (EUROPEAN COMMISSION, 2012).
Berwick (2009) citou possíveis objeções dos profissionais com formação clássica, isto
é, uma formação que não incluiu a abordagem do cuidado centrado no paciente, para implantar
este tipo de abordagem nos serviços de saúde. Considerou a hipótese de o paciente escolher
opções de tratamento incorretas, contrariando as recomendações e diretrizes da medicina
baseada em evidências. Todavia, alertou que estes seriam casos de exceção. Portanto, não seria
uma objeção justificável.
Habilidades, atitudes e conhecimentos são essenciais e estruturantes no processo de
produção do cuidado em saúde, auxiliando no desafio constante de comunicar-se melhor e de
53

proporcionar um cuidado de qualidade, favorecendo a segurança do paciente e dos profissionais


nos serviços de saúde, bem como a eficiência da assistência (MASSAROLI et al., 2019). Assim,
desenvolver competências é fornecer aos indivíduos a perspectiva, a autoridade e as habilidades
necessárias para sustentar as diversas mudanças que enfrentarão. Em instituições em todo o
mundo, existe a necessidade crescente de realmente desenvolver a competência para gerenciar
mudanças e mudar a cultura organizacional.
54

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 Caracterização da pesquisa

O método de pesquisa adotado neste trabalho foi o estudo de caso, pelo fato de se
examinar um acontecimento contemporâneo, sobre o qual não se pode manipular
comportamentos (YIN, 2001). Para Yin (2001, p. 35), “o estudo de caso, como outras
estratégias de pesquisa, representa uma maneira de se investigar um tópico empírico seguindo-
se um conjunto de procedimentos” quando o objetivo é reunir informações detalhadas e
sistemáticas sobre um fenômeno, enfatizando entendimentos contextuais.
A unidade de análise foram os pacientes e as equipes multidisciplinares do Hospital
Gama, trata-se de um hospital de grande porte, sem fins lucrativos, que presta assistência
médica ambulatorial e hospitalar a usuários credenciados por planos de saúde região
metropolitana de Belo Horizonte.
O Hospital Gama, fundado em 2010, foi estruturado para atender a casos de média e alta
complexidade, com a missão consolidar-se como referência em atendimento de urgência e
emergência com eficiência, praticando assistência humanizada e resolutiva, com foco na
segurança do cliente. Possui mais de 244 leitos de internação adulto, 40 leitos no centro de
terapia intensiva adulto (30 de UTI – Unidade de Terapia Intensiva – e 10 de UCO – Unidade
Coronariana), centro cirúrgico com 10 salas, pronto-socorro com 21 consultórios para casos
clínicos e cirúrgicos e 34 leitos de observação, sendo 24 adultos e 4 de emergência, completo
centro de radiologia e exames e um heliponto para a remoção de pacientes, quando necessário.
A equipe é composta por cerca de 250 médicos atuantes e 1266 colaboradores (662
assistenciais, 226 administrativos, 137 laboratório e imagem, 256 terceiros).
Desde o início da operação de suas atividades o hospital Gama tem buscado melhor
assistir seus pacientes, por meio de melhorias em sua estrutura e serviços. Em 2014, obteve a
certificação ISO 9001:2008, cujo foco é a eficácia da qualidade para atender aos requisitos dos
clientes. Em 2015, obteve a certificação ONA – Nível Pleno. O Serviço de Apoio ao Cliente
(SAC) é um importante canal de comunicação com usuários e colaboradores, responsável por
registrar reclamações, solicitações, elogios, esclarecimentos de dúvidas e outras demandas
relativas aos serviços do Hospital, via atendimento telefônico, através de número interno, ou
intranet.
A principal finalidade do estudo foi descrever as características do fenômeno estudado,
que compreende a implantação do cuidado centrado no paciente no Hospital Gama e a
55

percepção dos profissionais de saúde e dos usuários sobre a prestação desse serviço, respeitando
as características do modelo de atendimento.

3.2 Coleta de Dados

Para a coleta de dados, foram utilizadas técnicas qualitativas e quantitativas. Com


abordagem interpretativa, uma vez o investigador vai procurar entender e compreender os
significados que os indivíduos atribuem a suas ações e às dos outros.
Para alcançar o primeiro objetivo específico e, assim, descrever o processo de
implantação do modelo cuidado centrado no paciente no Hospital Gama, realizaram-se
entrevistas semiestruturadas com técnicos de enfermagem, enfermeiros, supervisores de
enfermagem, coordenador médico, coordenador de enfermagem e médico com cinco ou mais
anos de trabalho na instituição. A técnica de seleção foi aleatória e não probabilística, resultante
da disponibilidade de participar do estudo. O critério de encerramento da coleta de dados foi o
de saturação teórica, com término de inclusão de novos sujeitos quando os dados obtidos
passaram a apresentar redundância, na avaliação do pesquisador, permitindo inferir a
necessidade de dados relevantes para prosseguir com a coleta de dados (FONTANELLA;
RICAS; TURATO, 2008).
Foram entrevistados 9 profissionais de saúde, no período de 1 de novembro a 27
dezembro. O Quadro 1 codifica os profissionais de saúde entervistados.

Quadro 1 – Profissionais entrevistados


Codificação Nível Hierárquico Quantidade
TEC. 1
Técnica de enfermagem 2
TEC. 2
SUPERV. ENF. 3
SUPERV. ENF. 4 Supervisora de enfermagem 3
SUPERV. ENF. 5
ENF. 6 Enfermeira 1
COORD. MED. 7 Coordenador Médico 1
COORD. ENF. 8 Coordenador Enfermagem 1
MED. 9 Médico 1
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
56

O roteiro de entrevistas (Apêndice T) contemplou perguntas baseadas no modelo


cuidado centrado, benefícios, desafios e dificuldades, sendo direcionado para obter informações
que relacionaram algumas questões do questionário, na percepção dos sujeitos.
Para atender aos dois últimos objetivos da pesquisa, que são de analisar a capacidade da equipe
profissional de prestar o cuidado centrado no paciente por meio da autoavaliação de suas
competências e analisar o cuidado centrado na perspectiva do paciente, foram utilizados dois
questionários estruturados com escala tipo Likert; um destinado aos pacientes (Apêndice A) e
o outro aos profissionais de saúde (Apêndice B), os quais passaram pelo processo de tradução
holandês-português, adaptação cultural, validação interna com o pré-teste, simplificação e
validação final.
Os dois instrumentos derivaram de um estudo qualitativo (SCHOOT et al., 2005a),
realizado entre 2003 e 2005 e financiado pela Universidade Zuyd de Ciências Aplicadas da
Holanda.
Os dois instrumentos derivaram de um estudo qualitativo (SCHOOT et al., 2005a), na
perspectiva dos pacientes e enfermeiros em relação ao cuidado centrado no paciente, realizado
pelos pesquisadores Tineke Schoot, da Zuyd University of Applied Sciences, Luc De Witte, da
University of Sheffield, Ruud Ter Meulen, da University of Bristol/United Kingdom, e Ireen M.
Proot, da Maastricht University. O estudo foi realizado entre 2003 e 2005 e financiado pela
Zuyd University of Applied Sciences.
O desenvolvimento do instrumento de medição Client-Centred Care Questionnaire
(CCCQ), ou Questionário do Cuidado Centro no Cliente, foi desenvolvido pelos pesquisadores
Luc De Witte, Tineke Schoot e Ireen M. Proot, com base em um estudo qualitativo, na
perspectiva do cliente em atendimento domiciliar, cujo título é Recognition of client values as
a basis for tailored care: the view of Dutch expert patients and family caregivers
(Reconhecimento dos valores do cliente como base para um atendimento personalizado: a visão
de pacientes holandeses especializados e cuidadores familiares) (SCHOOT et al., 2005a). Os
itens foram gerados a partir de citações de entrevistas de clientes do estudo, abrangendo seus
principais valores em relação aos cuidados centrados no cliente. O instrumento visou medir o
cuidado centrado no paciente em diferentes organizações, avaliando os efeitos de intervenções
destinadas a melhorar a centralidade no cliente dos serviços de saúde (SCHOOT et al., 2005a).
O instrumento Questionário Cuidado Centrado no Paciente tem uma versão em holandês
(Anexo A) (WITTE; SCHOOT; PROO, 2006), baseado em estudo de Schoot et al. (2005a),
traduzido para o inglês no estudo de Bosman et al. (2008). O instrumento tem por objetivo
avaliar o cuidado centrado no paciente a partir de sua perspectiva. O questionário é curto e de
57

fácil compreensão, mesmo para pessoas de baixo nível educacional. Ele contém 15 itens
direcionados ao paciente, envolvendo suas expectativas e valores. A maioria dos itens
representativos apresenta um aspecto da demanda de cuidado, bem como um aspecto da relação
de cuidado. Cada item é pontuado em uma escala Likert de 5 pontos, variando de 1 para
“Discordo totalmente” e 5 para “Concordo totalmente”. O instrumento foi testado entre clientes
de três agências de assistência de saúde no sul da Holanda, alcançando um total de 107
respondentes.
O desenvolvimento do instrumento de medição Care in Dialogue Competence Scale ou
Cuidado no Diálogo – Escala de Competência (SCHOOT; PROOT; WITTE, 2006) foi baseado
em uma pesquisa qualitativa (SCHOOT et al., 2005a, 2005b,) na perspectiva das partes
interessadas no atendimento orientado à demanda. Foram realizadas entrevistas abertas com
cliente, gerentes de organizações de assistência médica, seguradoras e prestadores de
assistência médica. O objetivo geral do instrumento era ter a perspectiva dos profissionais de
saúde e pacientes sobre cuidados centrados no paciente e perspectiva sobre as competências
desejadas de cuidados de saúde. O resultado da pesquisa qualitativa foi submetido a um comitê
gestor e a um grupo de composto por representantes de várias instituições vinculadas à área de
saúde. Com base nos resultados, foi construída a trajetória de aprendizado do cuidado,
operacionalizada por competências em uma escala. A escala consiste em três conjuntos:

• a competência comunicação diz respeito ao processo de cuidado no diálogo,


consistindo em 18 itens comportamentais;
• a competência gestão compartilhada q diz respeito ao apoio à participação do cliente,
com 10 itens comportamentais;
• a competência proatividade envolve 8 itens comportamentais.

Cada item foi pontuado em uma escala Likert de 4 pontos, variando de 1 “Discordo
totalmente” a 4 “Concordo totalmente”. O instrumento oferece oportunidades para reflexão e
avaliação de competências sobre o cuidado centrado. O pré-teste foi realizado em 74 diferentes
enfermeiros e cuidadores de quatro organizações de atendimento domiciliar do sul de Holanda.
A seleção baseou-se na participação em reuniões de treinamento adicionais planejados
(amostragem de conveniência) (SCHOOT et al., 2005a, 2005b).
Na fase quantitativa desta pesquisa, a população-alvo constituiu-se de profissionais da
saúde (equipe multidisciplinar) e clientes do hospital. O cálculo da amostra foi realizado de
58

acordo com as recomendações de Hair Junior (2009), indicando um tamanho mínimo da


amostra cinco vezes maior que o número de itens a serem avaliados nos instrumentos.
Neste estudo, os critérios de inclusão abrangeram: pacientes adultos no dia da alta (ainda
no hospital) e profissionais de saúde (equipe multidisciplinar) com mais de seis meses de
contratação. Foram excluídos os profissionais que se recusaram a participar da pesquisa ou não
estiveram presentes nos dias da aplicação e os pacientes em precaução de contato ou isolamento,
assim como os pacientes readmitidos. A técnica de seleção foi aleatória e não probabilística,
resultante da disponibilidade de participar do estudo. Foram entrevistados 143 pacientes no
período de 1 de novembro a 27 dezembro. A amostra de profissionais foi composta de 148
profissionais de saúde, entrevistados no período de 1 de novembro a 27 dezembro.

3.3 Tradução e adaptação cultural das escalas

Neste item descrevem-se o processo de preparação das escalas cuidado centrado no


paciente e cuidado no diálogo - escala de competências diálogo, que envolveu a tradução e a
adaptação cultural.
A tradução e adaptação de instrumentos de pesquisa e/ou escalas de medida requer rigor
metodológico, de forma que os valores refletidos por um instrumento e os significados de seus
componentes se mantenham equivalentes entre uma cultura e outra (COMREY; LEE, 1992).
O pesquisador deve ficar atento às diferenças culturais das definições de palavras,
crenças e comportamentos relacionados ao construto estudado. Guillemin, Bombardier e
Beaton (1993) propuseram uma orientação clara e de fácil utilização para a tradução, adaptação
transcultural e validação de instrumentos ou escalas para a pesquisa em cuidados de saúde. A
proposta incluiu os seguintes passos:

1) Tradução inicial por pelo menos dois tradutores bilíngues e biculturais (com
experiência na cultura dos dois países);
2) Síntese I: comparação entre as duas traduções e a versão original por um terceiro
tradutor bilíngue;
3) Painel de especialistas, em que as discrepâncias devem ser discutidas, para a
obtenção de uma versão traduzida preliminar;
4) Retrotradução cega da versão preliminar por pelo menos dois tradutores cuja língua-
mãe seja a mesma da versão original da escala ou tradução para a volta ao idioma
original (back-translation);
59

5) Síntese II: compreende a comparação das duas versões retrotraduzidas com a original
e a obtenção de uma versão pré - final da escala;
6) Aplicação do Teste piloto da versão pré-final, com uma amostra que pode variar de
10 a 40 sujeitos.

O termo adaptação cultural pressupõe a combinação de duas etapas interligadas:


tradução do instrumento e a sua adaptação cultural; e verificação das propriedades
psicométricas do novo instrumento e do estabelecimento de valores normativos para a nova
versão em populações relevantes. O objetivo desse processo é assegurar a consistência entre a
versão original e a versão traduzida do instrumento (BEATON et al., 2000).
A importância da adaptação de instrumentos não se restringe apenas às situações que
envolvem países e/ou idiomas distintos. Ajustes locais e regionais também requerem atenção.
Destaca-se, também, que as adaptações culturais não se restringem ao espaço, uma vez que
mudanças linguísticas acontecem em uma mesma população ao longo de anos. Logo,
adaptações temporais são possíveis e, geralmente, necessárias (REICHENHEIM; MORAES,
2007).
Guillemin, Bombardier e Beaton (1993) afirmam que em regiões com diferentes idiomas
e culturas é preciso ir além da simples tradução, tornam-se necessário ajustar as versões ao
contexto cultural, por vezes, modificando ou até excluindo algum item para manter um mesmo
conceito.
O processo de validação do instrumento ocorre somente após o processo de adaptação
cultural. Beaton et al. (2000) apontam a necessidade de avaliar sua confiabilidade e sua
validade, para verificar se ele retém as características do instrumento original.
Para Polit, Beck e Hungler (2004), a validade de um instrumento é a demonstração de
que a medição reflete, verdadeiramente, o conceito/construto que deve ser medido e a
confiabilidade é a verificação se a medida produzida pelo instrumento produz os mesmos
resultados quando submetido às medidas repetidas. De outro lado, para o caso de serem
identificados instrumentos já desenvolvidos e consolidados fora da cultura em questão, é
importante investigar se já passaram por um processo formal de adaptação cultural, para não
incorrer no erro de utilizar instrumentos que não são válidos e confiáveis no cenário da saúde
(REICHENHEIM; MORAES, 2007).
É necessário usar instrumentos de aferição robustos e instrumentos universais que
permitam sintonias transculturais, além de partir para a adaptação em contraposição ao
desenvolvimento de um instrumento novo. Isso significa realizar a comparação de casuísticas
60

e estudos sobre o mesmo tema (EREMENCO; CELL; ARNOLD, 2005). Escalas, questionários,
diretrizes e protocolos são utilizados em países diferentes daqueles de seu desenvolvimento,
tornando-se necessário adotar mais do que uma simples tradução literal. Neste caso, além da
tradução, devem-se realizar adaptações que envolvam a transformação linguística e cultural do
instrumento original a ser empregado em outros países ou regiões de culturas e línguas
diferentes, sem perder suas propriedades originais, mas adaptando a realidade no país ou região
em questão (GUILLEMIN; BOMBARDIER; BEATON, 1993; BEATON et al., 2000).

3.4 Análise de dados

Os dados quantitativos provenientes dos questionários foram organizados e analisados


pelo programa Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 20.0 e submetidos às
análises estatísticas descritivas e inferenciais. Os dados quantitativos foram submetidos à
análise estatística AVE (Average Variance Extracted).
Na sequência, avaliaram-se a qualidade global da mensuração, por meio da medida
alpha de Cronbach, e a confiabilidade composta (medidas de confiabilidade), ambas obtidas
por meio da análise fatorial confirmatória, tal como sugerem (FORNELL; LARCKER, 1981).
Para a análise qualitativa dos dados obtidos nas entrevistas semiestruturadas, foi
empregada a análise de conteúdo, do tipo categorial temática, é considerada uma técnica para
o tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema
(FRANCO, 2005). Foram ser consideradas, a semântica da língua e também a interpretação do
sentido que um indivíduo atribui às mensagens. A análise do conteúdo, em suas primeiras
utilizações, assemelha-se muito ao processo de categorização e tabulação de respostas a
questões abertas.
A análise e a interpretação dos conteúdos obtidos enquadram-se na condição dos passos
(ou processos) a serem seguidos, considerando como os principais requisitos o contexto e o
pano de fundo, no sentido de garantir a relevância dos resultados a serem divulgados, de
preferência, socializados (FRANCO, 2005).
A criação de categorias é o ponto crucial da análise de conteúdo. Franco (2005, p. 57)
define a categorização como “uma operação de classificação de elementos constitutivos de um
conjunto, por diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de
critérios definidos.”
61

As entrevistas produzidas por diferentes emissores (profissionais de saúde) foram


gravadas e transcritas na íntegra, para proporcionar maior esclarecimento do conteúdo das
mensagens. O tratamento dos dados passou por três estágios, resumidos, a seguir:

• Estágio 1: Pré-análise com realização de uma leitura flutuante das entrevistas


transcritas. Esse contato com as falas dos participantes proporcionou uma imersão
nas mensagens emitidas. Foram criados grupos definidos por cores, para otimizar os
procedimentos de pré-análise, agrupamento e classificação das mensagens;
• Estágio 2: Definição das categorias e das subcategorias, ponto principal da análise
de conteúdo. Para tanto, a pesquisadora foi guiada por seus conhecimentos, intuição
e sensibilidade e vivência no ambiente hospitalar;
• Estágio 3: Discussão e interpretação dos resultados.

3.5 Aspectos éticos

A participação dos entrevistados no estudo foi voluntária e condicionada à assinatura do


Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), após receberem esclarecimentos quanto
aos objetivos da pesquisa (Apêndice C, D, E), de acordo com as recomendações do Conselho
Nacional de Saúde (CNS) para a realização de pesquisas que envolvem seres humanos,
vinculadas a Resolução 466/2012 (BRASIL, 2013). O projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, sob número CAAE:
15739119.0.0000.5149 e número do Parecer 3.444.608.
62

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA ETAPA QUALITATIVA

Neste capítulo, procede-se à apresentação dos resultados e à discussão dos dados


qualitativos coletados nas entrevistas com os profissionais de saúdes. O objetivo foi descrever
o processo de implantação do modelo cuidado centrado no paciente no Hospital Gama.
Foram convidados 15 profissionais, porém somente 9 profissionais foram entrevistados
devido disponibilidade e interesse. Lembrando que os profissionais de saúde convidados tinham
que ter cinco anos ou mais de trabalho na instituição. Todos receberam uma codificação, a fim
de manter o anonimato: 2 técnicas de enfermagem (TEC. 1 e 2), 3 supervisoras de enfermagem
(SUPERV. ENF. 3, 4 e 5), 1 enfermeira assistencial (ENF. 6), 1 coordenador médico (COORD.
MED. 7), 1 coordenador geral de enfermagem (COORD. ENF. 8) e 1 médico (MED. 9).
Após a coleta, todas as entrevistas foram transcritas na íntegra e, depois de seguidas
leituras, foram construídas as seguintes categorias temáticas: Etapas de implantação do modelo
cuidado centrado; Competências para o cuidado centrado; Benefícios do modelo cuidado
centrado; e Resistências e desafios

4.1 Etapas de implantação do modelo cuidado centrado

Em 2015, o Hospital Gama implantou a Gestão da Assistência por Resultados (GAR) e


o Primary Nursing (Enfermeiro de Referência), que é um modelo que visa a realização de
cuidados de enfermagem contínuos e individualizados, realizados por uma equipe fixa
composta pelo enfermeiro de referência, enfermeiro associado e extensor (MARX, 2011).
Em 2016, foi implanto do o Programa Selo de Excelência de Assistência Hospitalar,
com objetivo de aprimorar os serviços prestados a seus clientes, alinhando os preceitos de
identidade institucional com as seguintes diretrizes: foco no paciente; segurança e qualidade
assistencial; trabalho em equipe; e melhoria na qualidade de sistemas, processos e gestão da
informação. Essa avaliação do selo propunha as seguintes dimensões: segurança oferecida pela
instituição aos pacientes atendidos; acesso do beneficiário ao serviço de forma efetiva, com
equidade e em tempo oportuno para a obtenção do melhor resultado possível; experiência do
cliente no atendimento e na prestação de cuidados; e certificação internacional avaliando o
compromisso do prestador com a qualidade de padrões estabelecidos. Ainda no mesmo ano, foi
implantado o Diagnosis Related Groups (DRG), em português, Grupos de Diagnósticos
Relacionados. O DRG é uma plataforma de governança clínica capaz de transformar dados
63

assistenciais e econômicos em informações para aumentar a entrega de valor pelo sistema de


saúde.

Quando cheguei, em 2015, não era muito claro para esse hospital o desenho da equipe
multiprofissional, em especial da equipe de enfermagem. Tínhamos quatro
coordenações, cada uma com a responsabilidade técnica fragmentada. Então, a gente
tinha um modelo extremamente fragmentado dentro do hospital. Eu comecei a
estruturar e fazer um desenho que a gente tem hoje, que é separar os pacientes por
grau de complexidade. Apresentei para a diretoria um modelo que chamei de GAR,
Gestão da Assistência por Resultados, levantando todos os problemas de
potencialidades que o hospital tinha e como que a gente deveria reorganizar o
organograma da assistência (COORD. ENF. 8).

A gente redefiniu o modelo assistencial. A gente trouxe um conceito de Primary


Nursing, que é o de enfermeiro de referência do paciente, assim como ele tem médico
de referência, já que o modelo que a gente tinha institucionalizado era um muito
ultrapassado. O nosso modelo hoje tem toda uma base conceitual. Ele tem referenciais
de Primary Nursing, gerenciamento de casos e prática compartilhada (COORD. ENF.
8).

Desde 2016, a gente começou com indicadores relacionados ao DRG, ou Grupos de


Diagnósticos Relacionados, e a utilização desta ferramenta de medida de resultado
assistencial. Em 2018, o pilar foi a introdução no nosso dia a dia do DRG. Eu vim
conhecer essa metodologia aqui dentro. A gente estudou muito. A metodologia DRG
é de cunho econômico e financeiro, mas que foi adaptada no Brasil através do IAG
(Instituto de Acreditação e Gestão em Saúde). A plataforma DRG Brasil foi adaptada
para medidas de resultados assistenciais (COORD. ENF. 8).

Em 2018, redefiniu-se o mapa estratégico, colocando o cliente no centro do negócio e


investindo em sua experiência, como forma de impactar o crescimento sustentável. Ações foram
desenvolvidas buscando o aperfeiçoamento dos processos, com foco na evolução e
consolidação de uma cultura de cuidado, integrando as diversas ações e práticas gerenciais a
partir da perspectiva do cliente. E em outubro de 2019, a Medicina interna, deu início ao
Planejamento Estratégico do Corpo Clínico, visando garantir uma melhor medicina, com
eficiência no atendimento de acordo com os objetivos estratégicos. Os objetivos principais
destas ferramentas de gestão foram: melhorar a experiência do cliente; diminuir a permanência
além do necessário; prevenir eventos adversos; diminuir internações e reinternações
potencialmente evitáveis; e garantir o uso de protocolos estabelecidos. Gradualmente, as
ferramentas de gestão foram implantadas dando sustentação ao modelo de cuidado centrado no
paciente.

O modelo hoje praticado no hospital é um modelo centrado no paciente que ainda está
caminhando, ainda está no início. É lógico que várias mudanças estão ocorrendo:
mudanças no modelo médico, mudanças no modelo de enfermagem... Estão iniciando
uma trilha. Isso promove melhorias de processos para a equipe multi e o paciente
(ENF. 6).
64

Quando eu entrei, ainda não existia esse movimento de cuidado centrado no paciente.
Esse movimento, ele tem começado no último ano. Um ano e meio para cá, a gente
fazia o cuidado centralizado na doença, e não no paciente. Esse movimento do cuidado
centrado no paciente chegou de forma mais tímida, ganhando espaço pela equipe
multiprofissional, pela equipe de enfermagem, incutido e trazido muito pelas nossas
lideranças. Nós fomos envolvidas mesmo pelo nosso gestor e isso foi desdobrado na
ponta, na área da enfermagem (SUPERV. ENF. 4).

Conforme Malta e Merhy (2003), a reorganização do processo de trabalho passa pela


qualificação da força trabalho dos profissionais e pela integração da assistência, resgatando o
sentido do trabalho multiprofissional e qualificando o produto final. Outro passo fundamental
consiste na ampliação de espaços democráticos de discussão e de decisão, visando ampliar os
a escuta, as trocas e as decisões coletivas. Ainda segundo os autores, esse movimento visa criar
formatos do trabalho em saúde e nova cultura organizacional, que devem se pautar pela
necessidade de responder ao sofrimento dos clientes, buscando articular novas forma de
prestação de assistência que possa lhes dar proteção ou a resolução de seus problemas. Isso
implica implantar serviços acolhedores e que respondam os problemas dos clientes. Para que
um modelo de assistência possa romper essa situação, deve se referenciar nos pressupostos de
garantia do acesso e do acolhimento aos clientes, responsabilização, vínculo e integralidade na
assistência (MALTA; MERHY, 2003).

Hoje a gente não olha o indivíduo e trata a doença. A gente cuida do indivíduo na sua
totalidade, na sua integralidade, pensando ao máximo no que a gente pode acrescentar
e agregar ao tratamento dele. E com isso a gente consegue contribuir para uma alta
mais segura, para uma desospitalização mais eficiente (SUPERV. ENF. 4).

Eu passei por uma evolução gigante em relação ao foco, que agora está no paciente.
Existe um médico à disposição do paciente durante as 12 horas de plantão. A equipe
toda está inteirada sobre o que está acontecendo com aquele paciente, com o que é
importante para ele. Não somente na enfermagem, na equipe administrativa também,
e a equipe médica agora está engajada para fazer isso acontecer (SUPERV. ENF. 5).

A estratégia da produção do cuidado traz o paciente ao centro. Ou seja, passa-se a


considerar que as pessoas são muito mais do que doenças e que elas têm o direito de participar
do processo do seu cuidado.

4.2 Competências para o cuidado centrado

A implantação do modelo cuidado centrado ainda enfrenta grandes desafios. Um deles


refere-se ao desenvolvimento de competências para a prática de um cuidado mais humano e
holístico.
65

A gente tinha uma prática não tão organizada, que não fazia tanto vínculo com o
paciente e com a família. Com essas mudanças gerenciais, mudanças no modelo de
enfermagem, mudança na escala, mudança no modelo de trabalho, a gente percebe
que esse cuidado dele, mais voltado para paciente e familiares, foi um longo período
aí de mudanças recorrentes (ENF. 6).

Antigamente visava-se muito mais à redução dos custos do que ter mesmo a
preocupação da satisfação do cliente, de encantar o cliente. Hoje se busca isso, além
de um cuidado humanizado, com o foco na segurança, com transparência e respeito.
Os eventos adversos, hoje a gente compartilha com a família o que que aconteceu, o
que vai ser feito daqui para frente, para que isso não aconteça novamente. Isso é
mostrar para o cliente que a gente o respeita (SUPERV. ENF. 3).

O coordenador de enfermagem apresentou para gente esse modelo, fez treinamentos.


Uma vez, eu fiz uma reunião com as minhas enfermeiras e propus isso para elas
também, delas buscarem e trazerem um artigo sobre cuidado centrado no paciente.
Porque até então ninguém ouvia falar do cuidado centrado no paciente. Mas o que que
é isso? Então, a gente já consegue fazer essas discussões duas vezes por semana lá no
setor (SUPERV. ENF. 4).

Tenho conhecimento das mudanças com relação ao cuidado e acho importante a


evolução. Apesar de ter me formado com a visão do modelo biomédico, não fui
treinado ou orientado para este modelo voltado para o cuidado centrado. Pelo
contrário, fui cobrado, mas não foi treinado (MED. 9).

São necessárias ações educativas em nível hospitalar que tenham como base as
experiências de ensino-aprendizagem e ações de saúde para a produção do cuidado. O
profissional de saúde precisa desenvolver iniciativa e apresentar disponibilidade para
desenvolver competências que propiciem uma assistência mais humanizada (FERREIRA;
KURCGANT, 2009). A necessidade de qualificação e desenvolvimento de competências dos
profissionais aparece na fala do coordenador de enfermagem e a técnica de enfermagem
apontou algumas ações que são realizadas voltadas para o desenvolvimento do profissional.

A gente ainda tem um caminho longo pela frente, o que eu acho que a gente tem hoje,
que a gente tem conseguido são pessoas com a disposição necessária, mas ainda
carentes de desenvolvimento e capacitação neste tipo de modelagem, nessa forma de
se trabalhar com o cuidado centrado no paciente (COORD. ENF. 8).

A gente é treinado a todo momento aqui, além de ser treinado online pelos cursos
EAD , a gente também é treinado pela nossa liderança, a gente é comunicado,
tudo material novo que entra, então assim a liderança sempre dá esses cursos ,
dá esse feedback para a gente e visando a melhoria da assistência ao paciente
(TEC. 1).

Em geral, os cursos de capacitação são mais focados nas equipes de enfermagem, mas
o que preconiza o modelo centrado no paciente é que todos os funcionários sejam treinados,
desde a equipe de saúde até os serviços administrativos (COSCRATO; BUENO, 2010). Assim,
a humanização estaria associada de modo íntimo à qualidade da comunicação e das relações
estabelecidas entre os profissionais. Essas relações poderiam ser aprimoradas ao se criarem
66

espaços coletivos nas instituições que proporcionem o encontro e a reflexão, incorporando a


comunicação às práticas clínicas, para que o fazer em ato e para que as práticas da humanização
não sejam banalizadas (COSCRATO; BUENO, 2010).

Nós precisando ter mecanismos de sentar na frente do paciente dividir com o paciente
as possibilidades terapêuticas que nós temos, dividir com ele e com a família as
limitações terapêuticas que a gente tem, para que a gente possa construir sempre em
conjunto, eu acho que a grande virada que a gente precisa ter é exatamente reconhecer
que o cuidado centrado se faz junto, não mais com um grupo de profissionais que
detém o saber e uma população que é submissa (COORD. ENF. 8).

De acordo com Vieira et al. (2015), as competências exigidas do indivíduo para a área
da saúde se apresentam como: saber agir, mobilizar, transferir conhecimentos para resolver
situações práticas, aprender constantemente e engajar-se em resposta às exigências e
necessidades de cada área de atuação, visando atender às necessidades de assistência.
Dentre as competências mais importantes para o sucesso do modelo centrado está a
comunicação, destacando-se sua complexidade e caráter dinâmico. Parte dos objetivos que
norteiam as instituições hospitalares é alcançada por intermédio da equipe multiprofissional
(COSTA, 1978). Estudos apontam que falhas no trabalho em equipe e na comunicação entre os
profissionais de saúde têm sido um dos principais fatores que contribuem para os erros, eventos
adversos e, consequentemente, diminuição da qualidade dos cuidados (NOGUEIRA;
RODRIGUES, 2015). Por conseguinte, a maneira como ocorre a comunicação entre os
profissionais tem sido apontada por pesquisadores como fundamental para um cuidado de saúde
seguro (NOGUEIRA; RODRIGUES, 2015).
Ao se comunicar, o ser humano tem uma expectativa em relação a esse processo. Essa
expectativa é sobre como será dada a resposta pelo receptor. Isso em relação à fonte. Mas o
receptor também tem sua expectativa em relação à fonte sobre o tipo de mensagem que essa
fonte irá produzir e se ele poderá tirar algum proveito dessa relação (mensagem). Essa relação
existe porque se criam expectativas que influenciam as ações antes mesmo de executá-las. Ou
seja, espera que o receptor tenha a capacidade, ou pelo menos tente assimilar corretamente a
mensagem transmitida (BROCA; FERREIRA, 2012).
A duas técnicas de enfermagem apontaram a comunicação assertiva como fator
importante no cuidado centrado, sendo necessário repetir determinada informação até que o
paciente compreenda tudo, mesmo que às vezes ele apresente certa intolerância e desconfiança.
Para se aproximar do paciente, é preciso deixar exercitar a escuta ativa e, assim, estabelecer
uma relação de confiança.
67

[…] a gente dá bom dia, deixa o paciente falar, e escuta atentamente para atender as
necessidades e para dar uma assistência qualificada (TEC. 1).

Então a gente escuta com atenção e procura se comunicar claramente, prestando


atenção não só na doença, mas principalmente na pessoa que está na nossa frente.
Tem paciente que conta sua história, que mora longe, fala sobre suas condições sociais
de manter o cuidado com a saúde em casa e conta até coisas de infância que aprendeu
(TEC. 1).

De acordo com Gabbay, Faleck e Tartuce (2014), a escuta ativa é uma das técnicas mais
utilizadas durante a medição e uma das ferramentas mais importantes na comunicação. Consiste
em escutar atentamente o interlocutor, não só com os ouvidos, mas com todos os sentidos em
alerta. Ao ouvir um discurso sobre um problema, é preciso focar atentamente no interlocutor e
buscar compreender realmente o que está sendo dito, quais são suas intenções e as preocupações
e os anseios contidos no discurso que se ouve. Durante a fala, atentar para todas as expressões
corporais e reações que a linguagem corporal pode trazer (GABBAY; FALECK; TARTUCE,
2014).
A escuta ativa é uma das habilidades mais importantes da inteligência emocional e se
conecta de forma direta com a empatia de poder olhar nos olhos do outro, e não deixar que suas
experiências e histórias de vida promovam julgamentos de seu interlocutor durante o discurso.
Escutar de forma ativa, em síntese, significa atender com respeito à outra pessoa, escutando-a
com todos os sentidos focados no discurso (GABBAY; FALECK; TARTUCE, 2014).
É importante ressaltar que o técnico de enfermagem é o professional que tem mais
contato com o paciente durante o período da internação, devido à rotina de trabalho assistencial,
necessitando emitir a mensagem e se fazer entender. A comunicação, portanto, é uma via de
mão dupla. Ou seja, é necessário que haja resposta e validação da troca de mensagens ocorrida
(BROCA; FERREIRA, 2012).

Porque a gente conversa com paciente e explica para ele o que você está fazendo,
o que você já fez, e ele não entende. Às vezes, alguns brigam, acham que você
está fazendo alguma coisa que está errada (TEC. 1).

[...] a gente melhora a cortesia, deixa o paciente falar, tenta melhorar a comunicação.
A gente pergunta o que ele quer. A gente dá essa liberdade ao paciente e foi treinada
e qualificada para esse tipo de assistência (TEC. 2).

Ser comprendido ou comprender o outro, isso significa apreender o significado de um


símbolo, a força de um argumento, o valor de uma ação (BROCA; FERREIRA, 2012). E essa
ação pode ser compreendida como comunicação; ou seja, entender corretamente o que está
sendo posto pela fonte e pelo receptor e ter a capacidade de tornar as mensagens mais claras e
68

explícitas, diminuindo a possibilidade de realizar uma tradução e interpretação sobre o juízo da


pessoa atribuído a esse processo (BARLEM et al., 2008).
Alguns fatores têm sido considerados cruciais para o desenvolvimento da comunicação
efetiva entre os membros da equipe de assistência à saúde, tais como: contato dos olhos, escuta
ativa, confirmação da compreensão da mensagem, liderança clara, envolvimento de todos os
membros da equipe e discussões saudáveis de informações pertinentes (NOGUEIRA;
RODRIGUES, 2015).
É preciso, ainda, haver uma entrega de si quando se participa de um processo
comunicativo, para que se tenha a possibilidade de entender os motivos, os sentimentos, as
angústias, os significados e as particularidades de cada indivíduo envolvido. Quando alguém
vivencia a mesma situação que o outro, colocando-se no lugar dele, a compreensão se torna
mais fácil. A partir daí, é possível construir trocas solidárias, com o objetivo de produzir saúde
e sujeitos (BARLEM et al., 2008).
Outro elemento importante na comunicação interpessoal é a empatia, que possibilita um
contato mais próximo entre os interlocutores, transformando a maneira de se relacionar, porque
ela cria uma conexão verdadeira entre as pessoas e gera confiança no relacionamento, o que
possibilita ganhos para as organizações (RODRIGUES; PORTELA; MALIK, 2019). Mesmo
tendo grande importância, a empatia na comunicação do cuidado centrado do paciente foi
mencionada apenas por uma supervisora de enfermagem:

E hoje a gente trabalha com o foco do cliente, não mais o foco no cliente, se colocar
no lugar do cliente, né. O cliente tem sempre razão, mesmo que não esteja certo, mas
a equipe multidisciplinar toda se coloca no lugar dele e planeja as coisas como se fosse
mesmo paciente, como eu gostaria de ser tratado nesse momento, como que aquele
paciente gostaria de ser tratado. Então, a gente planeja o cuidado todo voltado mesmo
na visão do paciente (SUPERV. ENF. 5).

Os elementos centrais da comunicação centrada no paciente, portanto, incluem:


reconhecer e compreender as perspectivas do paciente em suas preocupações, ideias,
expectativas, necessidades, sentimentos e funcionamento; entender o paciente em seus
contextos psicossocial e cultural únicos; e alcançar um entendimento compartilhado dos
problemas do paciente e dos tratamentos que estão de acordo com os valores do paciente
(EPSTEIN; STREET JUNIOR, 2007; LEITE; CAPRARA; COELHO FILHO, 2007).
Esse desafio de desenvolver habilidades de comunicação se traduz na capacidade do
profissional de ser mais assertivo em suas intenções terapêuticas. O primeiro passo é substituir
a tradicional relação distanciada, aparentemente neutra e livre de afetos com o paciente, por
69

níveis mais profundos de acolhimento e vínculo com as famílias. A relação se torna mais
humanizada e horizontal por meio de falas, perguntas, posturas e gestos capazes de gerar
empatia e acolhimento, minimizando os lugares de poder historicamente instituídos no
relacionamento entre profissionais de saúde e pacientes (THE HEALTH FOUNDATION,
2013).
De maneira geral, os entrevistados afirmam que a boa relação com a família, os
pacientes e os profissionais de saúde permite que a equipe tenha uma comunicação efetiva,
tomadas de decisões mais assertivas e um convívio mais harmonioso.

É priomordial inserir a família nesse contexto do cuidado com o paciente, na


proximidade com esse paciente, para que essa família também seja capacitada
nesse cuidado e que todos estejam mais por dentro da história daquele paciente,
por dentro do tratamento, por dentro das condutas, tanto a família quanto o
paciente (ENF. 6).

Este processo, em que o conhecimento técnico e o atendimento são direcionado juntos,


é melhor para paciente. Eu acho que assim ele só pode ser positive. A gente vê o foco
do paciente, dos familiars, das pessoas que estão do lado e e de nós também, equipe
multiprofissional (COORD. MED. 8).

A importância do diálogo com a família se destaca nas falas, pois é por meio dele que
se cria uma aproximação entre as pessoas e se inicia um contato mais próximo, uma relação de
integração de culturas (PINHEIRO; MATTOS, 2005). Uma relação de comunicação assertiva
e eficiente entre todos os membros da equipe multidisciplinar e o engajamento contribui para
que as inter-relações profissionais estabelecidas no trabalho favoreçam uma assistência
humanizada. Para que o processo de humanização seja efetivo e transformador, é
imprescindível estreitar os laços de comunicação, de forma a desvendar e respeitar o ser
profissional, favorecendo, assim, a compreensão contínua da realidade do paciente e do
trabalhador (CECÍLIO, 2001).
Outra competência destacada é a relevância do trabalho em equipe, ressaltando na noção
de que o trabalho em equipe favorece uma atenção integral ao paciente e seus familiars.

A gente não consegue andar sozinho. Às vezes, um paciente acamado precisa da área
da fisioterapia. Então, a gente tá trabalhando sempre em conjunto para a melhora do
cliente (TEC. 1).

Cuidado centrado é toda equipe multidisciplinar com foco nas necessidades do


paciente, toda equipe em prol do que aquele paciente vai necessitar, desde a entrada
dele, não só até a saída, mas a continuidade da vida desse paciente fora daqui
(SUPERV. ENF. 3).
70

Porque não adianta só a enfermagem estar envolvida. É importante que a equipe como
um tudo esteja olhando o paciente de forma multidisciplinar e acrescentando ao
tratamento dele. A gente aumentou a interação entre os membros da equipe
multiprofissional, e isso reflete diretamente no paciente, porque nas discussões que a
gente faz a gente consegue implementar medidas mais eficientes. As pessoas
conseguem ter resultados melhores porque a orientação que a gente consegue
construir em conjunto é um plano de cuidados mais robusto. Então, a gente não tem
esse olhar fragmentado (SUPERV. ENF. 4).

A relação com os membros da equipe multi é uma relação muito boa. Me reúno para
discutir casos... (MED. 9).

A forma da gente chegar ao cuidado centrado no paciente é um trabalho em equipe. É


todo mundo focado realmente no que a gente tem que fazer da melhor forma. O foco
realmente, é o paciente, é trazer o melhor possível para ele em todos os sentidos, não
é só o melhor remédio, pelo tempo adequado, com cuidado integral e atenção, com
olhar, e não é só médico. O médico, ele é parte do processo (COOR. MED. 7).

Para Pinheiro e Mattos (2001), a prestação de atenção integral dos serviços oferecidos
aos pacientes é fundamental para prevenir problemas, possibilitando encontrar melhores
soluções para as enfermidades já observadas. Ainda segundo os autores, na coordenação da
transferência do cuidado também é necessário o envolvimento da equipe de profissionais, dos
pacientes e de seus familiares ou responsáveis, é fundamental o adequado entendimento entre
as partes no processo terapêutico, monitorando constantemente sua efetividade e incentivando
a promoção da saúde e o acompanhamento da transição do cuidado realizado.
O paciente, os familiares ou responsáveis e os profissionais envolvidos na transição do
cuidado devem interagir de maneira que a comunicação e a informação sejam seguras para
todos. O implemento efetivo do processo de transição do cuidado de forma sistematizada
contribui para sua continuidade, evitando omissão, erros ou duplicidade nas informações das
recomendações do tratamento (SAYD, 2002).
Em síntese, para o desenvolvimento do cuidado centrado no paciente, é necessário
contar com profissionais preparados e engajados. Conforme Gabrielli (2004), na
contemporaneidade, as competências mais almejadas são aquelas que abordam a necessidade
de atentar para o paciente em sua integralidade possibilitando sua participação no próprio
cuidado. Essas competências tratam da incorporação no plano de cuidados do paciente, de seus
desejos, crenças e história e da avaliação da adesão ao tratamento recomendado. Estes são os
requisitos básicos para uma boa produção do cuidado e do desempenho nos processos, uma vez
que se vive a era da informação, do conhecimento e da experiência do cliente, em que a busca
de padrões de excelência é constante. Esta noção de competência possibilita o desenvolvimento
de profissionais de saúde pensantes, capazes de reflexão/ação crítica, de opção pela postura de
71

sujeitos construtores do conhecimento e sensibilidade na prática profissional, relacionamentos


interpessoais nos diversos âmbitos e serviços de saúde (GABRIELLI, 2004).

4.3 Benefícios do modelo cuidado centrado

Dentre os benefícios trazidos pelas mudanças na organização do trabalho com a


implantação do modelo de cuidado centrado, cita-se a melhoria dos relacionamentos. A maioria
dos respondentes afirmou que a aproximação entre os membros da equipe favoreceu o processo
de trabalho, facilitando a elaboração dos planos de cuidados e, consequentemente, o tratamento
do paciente e o relacionamento com os familiares.

Com essas mudanças, também a gente ficou muito mais próximo da equipe
multiprofissional, tanto dos nutrólogos, das nutricionistas e da fisioterapia. Então, é
um trabalho mesmo em equipe (ENF. 6).

A relação do profissional mudou na comunicação, compartilhamento de


conhecimento, de tentar entender o lado do paciente, o desejo (SUPERV. ENF. 4).

Tem alguns médicos que participam do plano de cuidado. Em conjunto, explicam e


discutem também, mas ainda não são todos. Esse movimento médico, ele ainda é um
pouco tímido, mas esse movimento ele está acontecendo no corpo clínico, mas de uma
forma um pouco mais tímida quando comparado com outros profissionais da equipe
multiprofissional (SUPERV. ENF. 4).

Considerando que os profissionais de saúde são pessoas e que as organizações de saúde


e os sistemas são feitos de pessoas, suas necessidades também devem ser consideradas. Eles
devem ter poderes para mudar o sistema para melhor. Isto é, uma abordagem centrada nas
pessoas envolve uma análise equilibrada dos direitos e necessidades, bem como as
responsabilidades e capacidades de todos os integrantes e das partes interessadas do sistema de
cuidados de saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007).
De acordo com Fox (1997), o modelo biomédico é dominante e tem como referencial a
doença. Os médicos apresentam dificuldades em lidar com pessoas que não têm doenças
orgânicas. Embora a cura seja um objeto apropriado para a medicina, ele é incompleto, pois não
considera a promoção da saúde, a prevenção de enfermidades e lesões, a restauração de
capacidade funcional, a prevenção de morte prematura, o alívio de sofrimento e o cuidado com
aqueles que não podem ser curados (FOX, 1997).
Porém, com a chegada do modelo do cuidado centrado, a valorização da relação
profissional-paciente passou a ter especial importância no processo de adesão ao tratamento,
pois a falta de acolhimento e a desvalorização de aspectos emocionais podem conduzir o
72

paciente ao abandono ou à rejeição ao tratamento e favorecer a busca de caminhos alternativos


que ofereçam maior receptividade e compreensão (MARTINS, 2003). A evolução do cuidado
e as vantagens que o modelo traz, são perceptíveis.

Eu só vejo vantagens no cuidado centrado, porque a gente não tem que fazer um
número de procedimentos, ou atendimentos que a gente faz no modelo tradicional,
mas a gente trabalha mais com qualidade e isso diminui o nosso estresse, diminui o
estresse médico e família (COOR. MED. 7).

Tenho conhecimento das mudanças com relação ao cuidado e acho importante a


evolução, apesar de ter me formado com a visão do modelo biomédico (MED. 9).

O fortalecimento da relação de profissional paciente é motivador de mudanças no


comportamento, atitude e autoestima de uma técnica de enfermagem, o que pode acontecer não
só com alguns profissionais, mas também com toda a equipe multiprofissional no decorrer da
implantação do novo modelo e mudança de cultural.

Eu não tinha muitos elogios, mas agora que você conversa e aproxima mais e conhece
o paciente, dá mais atenção para o acompanhante. Eles te elogiam, e eu não estava
acostumada com isso. Minha autoestima aumentou. Percebi que faço a diferença para
alguém, que sou importante na vida de alguém. Ser reconhecida pelo meu trabalho
saber é revigorante (TEC. 2).

Trabalhar é uma atividade que exige diariamente boa saúde emocional. Para garantir
bons resultados, é fundamental manter o equilíbrio das emoções. Quem possui autoestima
elevada acredita em sua capacidade e, assim, produz mais resultados tanto na vida pessoal
quanto na profissional. A autoestima elevada faz com que a pessoa reconheça suas qualificações
e se sinta apta para trabalhar em qualquer lugar. Para o profissional de saúde, é essencial manter
a autoestima alta e ter motivação. A recuperação de pacientes internados pode refletir no estado
de espírito de quem cuida deles (SANTOS et al., 2017).
Os melhores desfechos são identificados quando há aumento do engajamento e parceria
do paciente e da família em suas experiências de cuidados em saúde. Explicações
fisiopatológicas e prescrição médica, por si sós, não garantem o seguimento da orientação
terapêutica. Porém, a exploração das ideias e expectativas do paciente aumentam a adesão ao
tratamento e a relação com a equipe multiprofissional (STEWART et al., 2010).
De acordo com Stewart et al. (2010), o cuidado centrado na paciente/pessoa resulta nos
seguintes benefícios:
73

• maior satisfação das pessoas e médicos;


• melhora na aderência aos tratamentos;
• redução de sintomas;
• redução de preocupações e ansiedade;
• diminuição na utilização dos serviços de saúde;
• diminuição das queixas por má-prática;
• melhora na saúde mental;
• melhora na situação fisiológica e na recuperação de problemas recorrentes.

Todos os entrevistados relataram que observaram melhorias tanto para o paciente quanto
para a equipe multiprofissional, pois a participação ativa dos pacientes os torna mais aderentes
ao tratamento e mais satisfeitos com os cuidados. Os profissionais de saúde, por sua vez,
sentem-se gratificados com o aumento do senso de integração e de melhoria no relacionamento
com os pacientes.

A relação do profissional com o paciente melhorou muito. Ajudou muito essa maior
proximidade, esse melhor entendimento, para tentar oferecer não aquilo que a gente
acha que ele precisa, mas sim o que ele realmente precisa, aquilo que família traz para
a gente. Aquilo que não foi dito, mas que a gente consegue identificar, possibilita
proximidade e melhor vínculo entre profissional e paciente. Além disso, essa mudança
também é na relação entre os membros das equipes, uma vez que eles passam a
conversar mais, a discutir os casos e mostrar o que aquele profissional pode oferecer,
o que aquele profissional pode acrescentar naquele caso do paciente, no
tratamento do paciente (ENF. 6).

O cuidado centrado mostra para equipe que ele tem que atender aquele paciente,
aquele cliente, como se fosse um parente, como se fosse ele mesmo, como eu gostaria
de ser tratado, e dar um retorno para o cliente, atender o cliente com sorriso no rosto,
fazer com que ele sinta o sentimento de ter sido cuidado naquele hospital (SUPERV.
ENF. 5).

Todas as mudanças nesse nosso modelo de trabalho, nas discussões multidisciplinares


são feitas com base nas individualidades dos pacientes, para que a gente possa dar o
melhor cuidado, oferecer o cuidado que aquele paciente precisa, para não ser um
cuidado igual para todo mundo, porque a gente faz um cuidado individualizado
(MED. 9).

O benefício do cuidado centrado no paciente é justamente essa possibilidade de


oferecer o melhor tratamento baseado na necessidade daquele paciente, daquela
família. O cuidado centrado possibilita que a gente possa oferecer realmente o que
aquele paciente precisa, o que aquela família tá precisando (ENF. 6).

Eu só vejo vantagens no cuidado centrado, porque a gente não tem que fazer um
número de procedimentos ou atendimentos que a gente faz no modelo tradicional, mas
a gente trabalha mais com qualidade, e isso diminui o nosso estresse, diminui o
estresse médico e família (COORD. MED. 7).
74

Segundo Malta e Merhy (2003), se o trabalhador não se sente sujeito ativo no processo
de reabilitação, ele perderá contato com elementos que potencialmente estimulam sua
criatividade, não se responsabilizando pelo objetivo final de sua intervenção. Para reverter este
quadro, deve-se aproximar o trabalhador do resultado do seu trabalho, valorizar o seu orgulho
profissional pelo esforço singular de cada caso. É fundamental abrir espaço para a liberdade
criadora, para a autonomia profissional, bem como para a reinvenção de novas maneiras
cotidianas de operar a instituição ou seu local de trabalho. Para assegurar a qualidade em saúde,
faz-se necessário combinar a autonomia profissional com certo grau de definição de
responsabilidade dos trabalhadores com os pacientes, assim como estabelecer de um pacto em
torno de um projeto coletivo. A recuperação da prática clínica assentada no vínculo ou na
responsabilização com o paciente é a forma de combinar autonomia e responsabilidade
profissional.

4.4 Resistências e desafios

De modo geral, os entrevistados ressaltaram a presença de resistência entre os


profissionais da área em adotar novas práticas assistenciais e incorporar novas
tecnologias, porque não acreditam que as mudanças irão resultar em melhorias e têm a
percepção de que sua autonomia está em risco.

Então, não é fácil. Eu acho que lidar com a resistência profissional, nesse sentido de
fazer uma assistência mais centrada nas necessidades do paciente, dividindo as
informações, dialogando mais, nas individualidades do paciente, vai ser mais difícil
(ENF. 6).

A gente sempre quer mais. Estamos em um momento de transição. E para ampliar


para todo hospital, é desbravador, pois temos que sair da mentalidade do modelo
tradicional. E a gente está tendo muita resistência. Eu acho que é porque é uma quebra
da tradição, uma coisa nova e que as pessoas têm medo. A gente tem uma evolução
do ser humano mesmo. As coisas vão mudar. Querendo ou não, elas estão mudando.
A tecnologia está mudando. O jeito que a gente trabalha não é mais o mesmo. Se a
gente usava muito estetoscópio, a gente agora usa ultrassom. Os processos são
mutáveis. Assim, eu acho que tem que desapegar. Tivemos momentos de muito
confronto, inclusive com a exclusão de membros do corpo clínico, criando inimizade
(COORD. MED. 7).

O cuidado centrado, realmente, vem acontecendo, sim, em constante evolução, porque


não tem como mudar uma coisa que era rotina de muitos anos de uma hora para outra.
Tem muita pessoa antiga que tem dificuldade de adaptação. Eu mesmo sou mais velha
e tenho um pouco de dificuldade, mas eu sei que essas mudanças são para melhorar,
né, tanto para nós, quanto para os clientes, que o nosso foco é o paciente (TEC. 1).

E eu acho que a maior resistência que a gente tem é lidar com o médico cooperado,
por ele não estar no centro do planejamento estratégico, porque ele compartilha esse
espaço com os clientes e colabodores (SUPERV. ENF. 3).
75

Aqueles colaboradores mas com mais tempo de experiência é difícil a gente


desconstruir um modelo que era praticado, o que foi praticado a vida toda, o modelo
biomédico. Então, é difícil a gente desconstruir toda uma crença de valores, toda uma
prática que, infelizmente, alguns profissionais acreditam fielmente que dá certo
(SUPERV. ENF. 4).

Uma mudança dentro de uma empresa nasce para suprir uma necessidade, seja ela de
uma nova tecnologia, de um novo tipo de comportamento, de uma nova metodologia de
trabalho. Na maioria das vezes essa mudança, de modo geral, não agrada muito os funcionários
por ela envolvidos. Há sempre aquela percepção de que o seu espaço na organização está
ameaçado, gerando uma resistência à mudança (TEBOUL, 1991). Enfermeiros, técnicos e
médicos ressaltaram que, existe resistência de profissionais da área em adotar práticas de
cuidado diferentes das tradicionais e de incorporação a novas tecnologias. Eles demonstram
dificuldade de adaptação as mudanças, devido aos anos de experiência, apego ao modelo
biomédico ou dificuldade na comunicação.

Quando ocorreu a implantação de novos sistemas houve uma resistência dos técnicos
por não conseguirem mexer no computador, mas agora eu percebo que eles estão se
adaptando e achando muito melhor (TEC. 1).

Então não é fácil, eu acho que lidar com a resistência profissional, nesse sentido de
fazer uma assistência mais centrada nas necessidades do paciente, dividindo as
informações, dialogando mais as individualidades do paciente, vai ser mais difícil de
incorporar no dia a dia (ENF. 6).

A gente sempre quer mais, estamos em um momento de transição e para ampliar para
todo hospital é desbravador pois, temos que sair da mentalidade do modelo
tradicional. E a gente está tendo muita resistência, eu acho, porque é uma quebra da
tradição uma coisa nova e que as pessoas tem medo, e é engraçado porque a pessoa
tem tanto apego com o que ela tem aqui, e ir para o novo e não tem jeito (COORD.
MED. 7).

O cuidado centrado realmente, vem acontecendo sim, em constante evolução, porque


não tem como mudar uma coisa, que era rotina de muitos anos, de uma hora para
outra. Tem muita pessoa antiga não que tem dificuldade de adaptação a nova
mudanças, isso às vezes demora. Eu mesmo sou mais velha e tenho um pouco de
dificuldade e resistente, mas eu sei que essas mudanças são para melhorar, tanto para
nós, quanto clientes (TEC. 1).

O que foi praticado a vida toda foi o modelo biomédico, então desconstruir toda uma
crença de valores, toda uma prática que para alguns profissionais, acreditam fielmente
que dá certo, o trabalho será maior, devido esta resistência (SUPERV. ENF. 4).

Para minimizar os efeitos da resistência à mudança, é necessário iniciar o processo com


uma direção segura, participante, convencida de que aquilo é melhor para a empresa, um clima
de confiança e de abertura. É preciso ser transparente, expor com honestidade os aspectos que
76

a mudança irá abranger e iniciar o processo com uma campanha de sensibilização, para que as
pessoas compreendam e, até, simpatizem com as mudanças que irão ocorrer (TEBOUL, 1991).
A maioria dos entrevistados destacou a relevância da mudança cultural e
comportamental e apontou a importância do engajamento de todos os níveis hierárquicos, tendo
as lideranças de média e alta gestão como disseminadoras e incentivadoras da nova cultura.

O principal desafio é a mudança de comportamento, porque tem pessoas que estão


formando agora e é fácil da gente embutir nessas pessoas esse comportamento de um
olhar mais integral (SUPERV. ENF. 4).

Eu acho que o modelo de cuidado centrado está em construção ainda, até porque essa
mudança requer também uma mudança cultural. O modelo médico nosso ainda é um
modelo muito centrado na doença. Então isso requer tempo (ENF. 6).

Tem que convencer esse profissional de que o modelo está mudando, a prática está
mudando e que modelo agora é centrado no paciente e nas suas necessidades
emocionais, necessidades sociais, e isso não é fácil mudar. A cultura não é fácil
(SUPERV. ENF. 3).

Porque mudar uma mentalidade, o mapa metal não é fácil. É lógico que conforme o
tempo vai passando e as práticas vão acontecendo e as discussões vão sendo feitas, a
tendência que se alcance um modelo mais próximo aí do ideal, melhorando a
comunicação, que ainda é fragil, porém a mudança de mentalidade é lenta (MED. 9).

Quando se fala em cultura, se fala em premissas, em crenças existentes nos níveis


consciente e inconsciente, que direcionam a atitude das pessoas, pois, como a organização é um
sistema de atividades ou forças em coordenação consciente de duas ou mais pessoas, a cultura
em uma organização é o conjunto de valores e premissas segundo as quais seus membros
tendem a pensar, agir e se relacionar (SENHORAS, 2007).
Se as decisões organizacionais práticas e sensatas forem provenientes de um conjunto
de ideais coerentes e integrados às culturas hospitalares, elas terão maior probabilidade de obter
êxito no longo prazo, pois há consistência no compartilhamento de comunicação e de valores
(SCHEIN, 2009).
Schein (2009) esclarece, ainda, que os padrões culturais são criados e comunicados
pelos líderes, cujo principal desempenho é criar, gerir e, até, eliminar uma cultura, se necessário.
Ressalta-se que a cultura e a liderança estão profundamente ligadas e não podem ser
compreendidas separadamente, pois representam exatamente o talento único de um líder e sua
habilidade de trabalhar com a cultura. Um ponto forte observado nas falas das duas
coordenações entrevistadas de enfermagem e a médica foi o entendimento das lideranças de
que a cultura parte deles e que eles são responsáveis por disseminar a cultura do cuidado.
77

Eu tenho tentado ensinar as pessoas aqui todo dia: antes de qualquer coisa, a gente
tem que acreditar naquilo que a gente faz. a crença é algo às vezes subjetivo, mas a
gente que tem posição de liderança se não acreditar, não transforma a realidade
(COORD. ENF. 8).

A gente tem reuniões semanais com representante. Somos acessíveis. A gente escuta.
Podemos ser questionados. Damos liberdade para as pessoas sugerirem, porque esta
escuta, ela é muito boa para o paciente e a equipe (COORD. MED. 7).

Segundo Senhoras (2007), a cultura bem construída e instituída dá mais liberdade ao


indivíduo, uma vez que não é preciso dizer a ele o que é ou não importante. Conforme o mesmo
autor, a comunicação é uma pilastra de aprendizagem para a coordenação cultural, de onde
decorre a funcionalidade maior ou menor para a diminuição de custos de transação dentro da
organização hospitalar. Quanto mais eficientes os canais de comunicação em um hospital, maior
a capacidade de aprendizagem internas e, portanto, maior o potencial de amplitude de controle
e coordenação sobre a organização (SCHEIN, 2009).
Na perspectiva dos profissionais de saúde, é preciso maior preparo para a
implementação desse modelo de cuidado na prática, por meio de educação permanente, com
orientações e apoio contínuos da instituição. No entanto, pode-se ponderar que as intervenções
já realizadas contribuíram para desencadear o processo de mudança na cultura organizacional,
refletidas em maior sensibilização da equipe multiprofissional quanto ao acolhimento dos
pacientes e familiares na unidade e quanto à compreensão de suas nas entrevistas. A mudança
vem sendo paulatinamente introduzida, apesar de não se identificarem indícios de um
planejamento formal da mudança cultural. Verifica-se que as intervenções são pontuais, mas,
mesmo assim, vêm apresentando bons resultados. Essa linha de conduta reforça uma tendência
da mudança em evolução, por meio da transformação permanente em busca do novo equilíbrio.
Mostra-se oportuno que as instituições de ensino implementem modificações
curriculares em seus cursos de formação sintonizadas com os novos modelos de cuidado,
incorporando disciplinas que oportunizem reflexões sobre as práticas de saúde, como, excessiva
fragmentação do conhecimento, crescente valorização de novas tecnológias e predomínio da
visão biológica em detrimento da social (COOPER et al., 2015).
78

O que existe é o enrigecimento do método clínico convencional, que hoje,


sabidamente, não atende mais às expectativas do cliente. Então, a gente está mudando
por uma pressão e por uma conjuntura de mercado, da concorrência que está rodeando
o nosso estado, a nossa cidade, com modelos que sejam mais apropriados à realidade
atual. Não adianta mais a gente impor às pessoas aquilo que a gente imagina. A
sociedade exige que nós façamos coisas diferentes que já são feitas no mundo inteiro.
Existem evidências. Esse modelo que eu estou falando, de enfermeiro de referência,
é do final da década de 1980. Então, não existe nada de novidade, não existe nada de
futurista. Existe uma população formada, mal formada de profissionais de saúde, de
uma forma que de fato a sociedade não admite mais (COORD. ENF. 8).

É socialmente importante repensar a formação do profissional de saúde, de modo a


torná-la facilitadora da inserção do profissional nos sistemas de saúde, de forma mais interativa
e menos fragmentada. É latente a necessidade de incluir disciplinas e abordagens pedagógicas
que discutam, orientem e reflitam sobre condutas e comportamentos entre os sujeitos,
apresentando estratégias capazes de aprimorar relações interpessoais e de transformar práticas
de cuidado. A educação é a ferramenta mais valiosa de uma instituição nos processos de
mudança cultural e o cuidado centrado no paciente é a chave para o cuidado em saúde de alta
qualidade e uma base necessária para uma assistência segura, efetiva, eficiente, conveniente e
equilibrada (COOPER et al., 2015). Para que estes valores sejam cada vez mais sólidos na
organização, é preciso que haja um planejamento estratégico para a educação (BEHR, 2013).
Os profissionais da área da saúde deverão adaptar suas formas de assistência de acordo
com as características de cada pessoa, desenvolvendo a sensibilidade de perceber cada
indivíduo como único. O foco de sua atenção deverá ser a pessoa, e não mais a doença,
transformando a relação de cuidado à medida que o indivíduo se torna sujeito ativo de seu
tratamento (TADDEO et al., 2012).
79

5 RESULTADOS DA ETAPA QUANTITATIVA

Neste capítulo apresentam-se a o resultado do processo de tradução e adaptação cultural


dos instrumentos questionário cuidado centrado no paciente e cuidado no diálogo - escala de
competências diálogo, a validação dos construtos e a análise descritiva das respostas dos
profissionais saúde e pacientes.

5.1 Etapas da tradução e adaptação cultural das escalas

Neste item descrevem-se o processo de preparação das escalas cuidado centrado no


paciente e cuidado no diálogo - escala de competências diálogo, que envolveu a tradução e a
adaptação cultural.
O Quadro 2 apresenta a síntese das etapas seguidas nesta pesquisa para a tradução e
adaptação cultural dos instrumentos.
0

Quadro 2 – Etapas do processo de adaptação e tradução cultural das escalas


DATA ETAPA

25/06/2019 Solicitação de autorização aos autores para tradução e aplicação dos instrumentos.
26/06/2019 Resposta dos autores autorizando a tradução e aplicação dos instrumentos.

18/07/2019 Solicitação de orçamento a duas empresas de Consultoria Linguística.


19/07/2019 Envio dos instrumentos ‘Cuidado no Diálogo – Escala de Competência’ (Anexo A) e Questionário ‘Cuidado Centrado no Paciente’ (Anexo B) para tradução
Recebimento das traduções iniciais dos instrumentos Questionário Cuidado Centrado no Paciente (Apêndice F e G) e Cuidado no Diálogo – Escala de
25/07/2019 Competência (Apêndice H e I). As traduções foram realizadas por dois tradutores bilíngues e biculturais (com experiência na cultura dos dois países) não
cientes dos objetivos da pesquisa.
Comparação entre as duas traduções a versão original por um terceiro tradutor bilíngue. A síntese da tradução teve como objetivo encontrar um consenso
quanto à tradução dos trechos em que houve divergência nas escolhas. Escala ‘Cuidado Centrado no Paciente’ (Apêndice J) e escala ‘Cuidado no Diálogo
09/08/2019 – Escala de Competência’ (Apêndice K).
O principal foco foi o refinamento linguístico da síntese das traduções, tendo sido sugeridas alterações na formulação de algumas perguntas e trocas de
alguns termos, com exceção da terminologia técnica.
Painel de especialistas do instrumento Questionário ‘Cuidado Centrado no Paciente’ (Anexo J), onde as discrepâncias foram discutidas para obtenção de
uma versão traduzida preliminar; (2 clientes com nível de escolaridade fundamental, 2 com nível médio e 2 com nível superior). Os participantes trabalham
no hospital, sendo que os de nível médio e superior também são profissionais de saúde e foram pacientes em mais de uma internação no hospital,
permanecendo mais de oito dias.
No momento em que houve discordância da tradução de alguma palavra, termo, ou pergunta que não se enquadrava na realidade cultural do país e também
03/09/2019 não fazia referência aos Serviços de Saúde (hospitais, clínicas) onde se pretende aplicar os questionários a palavra, termo ou questão foram modificados ou
retidados. Foram realizadas discussões até a obtenção de um consenso sobre a tradução, elegendo a opção mais apropriada e a que conservava o significado
expresso no instrumento original, ou a exclusão do item sem comprometer a compreensão pela população ao qual se destinava. Cabe ressaltar que foi
discutido também a quantidade de perguntas a serem mantidas para evitar a desmotivação do respondente, bem respostas aleatórias e descompromissadas.
Foi gerada a síntese 3 (Apêndice L)
Painel de especialistas do Instrumento ‘Cuidado no Diálogo – Escala de Competência’ (Apêndice K), onde as discrepâncias foram discutidas para obtenção
de uma versão traduzida preliminar; com profissionais de saúde (2 médicos, 2 enfermeiros, 2 técnicos, 1 psicólogo).
No momento em que houve discordância da tradução de alguma palavra, termo ou perguntas que não se enquadravam na realidade cultural do país e que
04/09/2019 também não faziam referência aos Serviços de Saúde (hospitais, clínicas) onde se pretende aplicar os questionários elas foram retiradas.
Foram realizadas discussões até a obtenção de um consenso sobre a tradução, elegendo a opção mais apropriada e a que conservava o significado expresso
no instrumento original. Cabe ressaltar que foi também discutida a quantidade de perguntas para não entediar o respondente, a fim de evitar respostas
aleatórias e descompromissadas. Foi gerada a síntese 4 (Apêndice M)
Retrotradução cega das versões preliminares dos Instrumentos escala ‘Cuidado no Diálogo – Escala de Competência’ (Anexo N e O) e Instrumento
Questionário Cuidado Centrado no Paciente (Anexo P e Q) por dois tradutores cuja língua-mãe seja a mesma da versão original (Holandês) da escala ou
05/09/2019 tradução para a volta ao idioma original (back-translation). Os profissionais estavam cientes do objetivo da pesquisa.
As duas versões retrotraduzidas foram comparadas para verificar a existência de alguma disparidade semântica entre ambas, o que revelou a necessidade
de reformular a tradução de alguns trechos, gerando novas versões (sínteses 5 e 6) (Apêndice R e S).
(Continua)
1

(Conclusão)
Compreendeu a revisão das 2 versões de cada questionários e a obtenção de uma versão simplificada pré-final de cada escalas a síntese 5 (Apêndice R) e a
09/09/2019 síntese 6 (Apêndice S), que foram discutidas com a orientadora, refinadas e enviadas para a mesma avaliar novamente. Nesta parte foi discutida a exclusão
das perguntas sugeridas pelos especialistas.
10/09/2019 Retorno da orientadora com correção e liberado para pré-teste.
Pré-teste da versão final com uma amostra de 20 pacientes e 20 profissionais de saúde para os respectivos questionários. Teste realizado em um Hospital
15/09/2019
de Betim com o perfil similar ao hospital Gama.
30/09/2019 Término do pré-teste.
Realizada validação interna dos instrumentos do pré teste.
No instrumento ‘Cuidado Centrado no Paciente’, o primeiro item a ser medido foi o AVE. Ao realizar a análise obteve-se um AVE = 0,44 que é menor que
0,50. Nessas situações, deve-se eliminar variáveis que possuem cargas fatoriais menores. Dessa forma, foram eliminados os itens “Eu acho que os
profissionais de saúde às vezes dizem muito rápido algo que não é possível” e “Eu tive oportunidade de falar dos meus medos e inseguranças com os
profissionais de saúde no decorrer dos atendimentos”.
No instrumento ‘Cuidado no Diálogo – Escala de Competência’ Comunicação e Diálogo com o cliente o primeiro item a ser medido será o AVE. Ao realizar
a análise obteve-se um AVE = 0,322 que é menor que 0,50. Nessas situações, deve-se eliminar variáveis que possuem cargas fatoriais menores. Dessa
forma, foram eliminados os itens “Estou ciente da minha maneira de me comunicar no relacionamento com o cliente”, “Dou ao cliente a oportunidade de
abordar questões de interesse, desde que não entrem em conflito com as orientações de risco assistencial e normas hospitalares”, “Apoio o cliente quanto
04/10/2019 aos questionamentos sobre o atendimento e cuidado para verificar se nos entendemos”, “Eu oriento o cliente sobre as questões relativas ao seu atendimento
e cuidado” e “A partir do meu conhecimento profissional, eu posso expressar minhas dúvidas sobre desejos e preferências do cliente”.
Na competência Gestão compartilhada do cuidado com o cliente o primeiro item a ser medido será o AVE. Ao realizar a análise obteve-se um AVE = 0,474
que é menor que 0,50. Nessas situações, deve-se eliminar variáveis que possuem cargas fatoriais menores. Dessa forma, foi eliminado o item “Estou ciente
de que a questão do cliente é o ponto de partida para o atendimento a ser prestado”.
Na competência Comportamento proativo, o primeiro item a ser medido foi o AVE. Ao realizar a análise obteve-se um AVE = 0,408 que é menor que 0,50.
Nessas situações, deve-se eliminar variáveis que possuem cargas fatoriais menores. Dessa forma, foram eliminados os itens: “Dou clareza ao cliente sobre
as minhas possibilidades e limitações institucionais e pessoais” e “Eu procuro opções alternativas para atender à demanda do cliente diante de limitações
pessoais ou institucionais”.
Novas sínteses foram realizadas e deu-se início à aplicação dos questionários.
08/10/2019 (Apêndice A) Produto - Síntese 7 - Questionário Final Simplificado do Cuidado Centrado no Paciente
(Apêndice B) Produto - Síntese 8 - Questionário Final Simplificado do Cuidado no Diálogo - Escala de Competências
Início da aplicação dos questionários.
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
2

A partir dos valores obtidos na validação interna do pré-teste, foram excluídos itens dos
dois instrumentos utilizados, devido a sua carga baixa fatorial, que é a porcentagem não
satisfatória, quanto a covariância existente entre o fator e o item.
No instrumento cuidado centrado no paciente, foram eliminados os itens “Eu acho que
os profissionais de saúde às vezes dizem muito rápido algo que não é possível” e “Eu tive
oportunidade de falar dos meus medos e inseguranças com os profissionais de saúde no
decorrer dos atendimentos”.
No instrumento cuidado no diálogo – escala de competência, na competência
comunicação e diálogo com o cliente, foram eliminados os itens “Estou ciente da minha
maneira de me comunicar no relacionamento com o cliente”, “Dou ao cliente a oportunidade
de abordar questões de interesse, desde que não entrem em conflito com as orientações de risco
assistencial e normas hospitalares”, “Apoio o cliente quanto aos questionamentos sobre o
atendimento e cuidado para verificar se nos entendemos”, “Eu oriento o cliente sobre as
questões relativas ao seu atendimento e cuidado” e “A partir do meu conhecimento
profissional, eu posso expressar minhas dúvidas sobre desejos e preferências do cliente”.
Seguindo a competência “gestão compartilhada do cuidado com o cliente”, foi
eliminado o item “Estou ciente de que a questão do cliente é o ponto de partida para o
atendimento a ser prestado”.
Por fim, na competência “comportamento proativo”, foram eliminados os itens: “Dou
clareza ao cliente sobre as minhas possibilidades e limitações institucionais e pessoais” e “Eu
procuro opções alternativas para atender à demanda do cliente diante de limitações pessoais
ou institucionais”.
Na sequência, apresenta-se a versão final traduzida, adaptada culturalmente e
simplificada dos instrumentos.
O Quadro 3 apresenta o instrumento questionário cuidado centrado no paciente e o
Quadro 4 o instrumento cuidado no diálogo - escala de competências.
3

Quadro 3 – Versão final traduzida, adaptada culturalmente e simplificada do


instrumento questionário cuidado centrado no paciente
Os cuidados que recebeu dos profissionais de saúde 1 2 3 4 5

1) Eu noto que os profissionais de saúde levam em conta


meus desejos pessoais.
2) Eu percebo que os profissionais de saúde deram atenção e
atenderam as chamadas ao leito.
3) Eu percebo que os profissionais de saúde levaram em
conta o que eu digo.
4) Eu e meus familiares tivemos oportunidade de sermos
escutados nos atendimento e cuidado recebidos e
obtivemos esclarecimentos quando solicitado.
5) Percebo que os profissionais de saúde me respeitaram e
me trataram com cortesia.
6) Os profissionais de saúde foram claros sobre qual
atendimento e cuidados eles são autorizados a fornecer ou
não.
7) Eu tive oportunidade de contribuir com meu próprio
conhecimento e experiência em relação aos atendimentos e
cuidados que precisei.
8) Eu tive oportunidade de fazer aquilo que eu era capaz de
fazer.
9) Eu sempre fui informado/esclarecido sobre o tipo de
atendimento e cuidado fornecido.
10) Toda a informação passada pelos profissionais de saúde,
foi fácil de entender.
Fonte: Elaborado pela autora (2020).
4

Quadro 4 – Versão final traduzida, adaptada culturalmente e simplificada do


instrumento cuidado no diálogo - escala de competências
Competência 1: Comunicação e diálogo com o cliente 1 2 3 4 5
1) Eu levo a sério as necessidades e preferências pessoais do
cliente.
2) O plano de cuidados mostra que as necessidades e desejos
do cliente são centrais.
3) Ao implementar o cuidado, adapto-me aos desejos e
possibilidades do cliente.
4) Eu avalio regularmente o plano terapêutico juntamente
com o cliente e familiares.
Competência 2: Gestão compartilhada do cuidado
com o cliente 1 2 3 4 5
1) Incentivo o cliente e familiares a trazerem seus próprios
conhecimentos e experiências durante o processo de
cuidado.
2) Eu incentivo o cliente a assumir a responsabilidade
e organizar seu processo de autocuidado.
3) Apoio e incentivo o cliente em suas iniciativas.
4) Adapto o plano de cuidados aos desejos de mudança
e demandas do cliente.

Competência 3: Comportamento Proativo 1 2 3 4 5


1) Auxílio os colegas na busca de formas alternativas para
atender a demanda do cliente diante de limitações
pessoais ou institucionais.
2) Estou aberto às críticas dos clientes.
3) Estou aberto às críticas dos colegas.
Fonte: Elaborada pela autora (2020).

5.2 Análise da validade dos instrumentos

Para validar os instrumentos, primeiramente analisou-se a qualidade de mensuração dos


construtos, ou seja, se os itens de cada construto medem com precisão seu respectivo conceito.
Para tal, foram verificadas a validação convergente, que avalia o grau em que duas medidas do
mesmo conceito estão correlacionadas, e a confiabilidade, que avalia aspectos sobre coerência,
precisão, estabilidade, equivalência e homogeneidade.
Para verificar a validade convergente utilizou-se a AVE (Average variance extracted),
ou Variância Média Extraída, que indica o quanto, em média, as variáveis se correlacionam
5

positivamente com seu respectivo construto. Fornell e Larcker (1981) afirmam que valores de
AVE acima de 0,50 indicam validade convergente adequada.
Para avaliar a confiabilidade foram utilizados o alfa de Cronbach e a confiabilidade
composta, ambos usados para avaliar se a amostra está livre de viéses ou, ainda, se as respostas
– em seu conjunto – são confiáveis. De acordo com Fornell e Larcker (1981) e Hair Junior
(2009), valores do alfa de Cronbach e confiabilidade composta superiores a 0,8 são
considerados bons, enquanto coeficientes entre 0,7 e 0,8 são considerados aceitáveis.
Na escala cuidado centrado no paciente, a AVE obteve resultado igual a 0,580 e o ao
alfa de Cronbach, 0,900. Quanto à confiabilidade composta, o valor foi de 0,911. Em ambos
os casos os valores adequados se revelaram favoráveis para a validação do instrumento.
O Quadro 5 apresenta os dez itens da versão final do instrumento:

Quadro 5 – Itens do instrumento questionário cuidado centrado no paciente


Itens do instrumento Cuidado Centrado no Paciente
CCP01- Eu noto que os profissionais de saúde levam em conta meus desejos pessoais.
CCP02- Eu percebo que os profissionais de saúde deram atenção as minhas necessidades e
atenderam as chamadas ao leito.
CCP03- Eu percebo que os profissionais de saúde levaram em conta o que eu digo.
CCP04- Eu e meus familiares tivemos oportunidade de sermos escutados nos atendimento
e cuidado recebidos e obtiveramos esclarecimentos quando solicitado.
CCP05- Percebo que os profissionais de saúde me respeitaram e me trataram com cortesia.
CCP06- Os profissionais de saúde foram claros sobre qual atendimento e cuidados eles são
autorizados a fornecer ou não.
CCP07- Eu tive oportunidade de contribuir com meu próprio conhecimento e experiência
em relação aos atendimentos e cuidados que precisei.
CCP08- Eu tive oportunidade de fazer aquilo que eu era capaz de fazer.
CCP09- Eu sempre fui informado/esclarecido sobre o tipo de atendimento e cuidado
fornecido.
CCP010- Toda a informação passada pelos profissionais de saúde, foi fácil de entender.
Fonte: Elaborada pela autora (2020).

No instrumento cuidado no diálogo – escala de competências, a competência


Comunicação e Diálogo com o Paciente (CDC), obteve um AVE igual a 0,549, alfa de
Cronbach igual a 0,829 e confiabilidade composta igual a 0,830, valores considerados
adequados.
6

Na competência Gestão Compartilhada do Cuidado com o Cliente (CGC), encontram-


se AVE igual a 0,562, alfa de Cronbach igual a 0,814 e uma Confiabilidade Composta igual a
0,835, valores considerados adequados.
Na competência Comportamento Proativo (CPR), a AVE obteve resultado 0,651, alfa
de Cronbach 0,802 e confiabilidade composta, 0,839.
Nas competências analisadas, os valores do AVE e alfa de Cronbach foram adequados
e se revelaram favoráveis para a validação do instrumento.
A Figura 6 apresenta a versão final do instrumento com 11 itens separado em três
competências. Os itens das competências estão codificados por: CDC – Comunicação e diálogo
com o cliente; CGC – Gestão compartilhada do cuidado com o cliente e CPR – Comportamento
proativo.

Quadro 6 – Itens do instrumento cuidado no diálogo - escala de competências

Itens e descrições do do Instrumento Cuidado no diálogo - Escala de Competências


CDC01. Eu levo a sério as necessidades e preferências pessoais do cliente.
CDC02. O plano de cuidados mostra que as necessidades e desejos do cliente são centrais.
CDC03. Ao implementar o cuidado, avalio e discuto os desejos e possibilidades do cliente.
CDC04. Eu avalio regularmente o plano terapêutico juntamente com o cliente e familiares.
CGC05. Incentivo o cliente e familiares a trazerem seus próprios conhecimentos e
experiências durante o processo de cuidado.
CGC07. Apoio e incentivo o cliente em suas iniciativas.
CGC06. Eu incentivo o cliente a assumir a responsabilidade e organizar seu processo
de autocuidado
CGC08. Adapto o plano de cuidados aos desejos de mudança e demandas do cliente.
CPR09. Auxílio os colegas na busca de formas alternativas para atender a demanda do
cliente diante de limitações pessoais ou institucionais.
CPR10. Estou aberto às críticas dos clientes.
CPR 11. Estou aberto às críticas dos colegas.
Fonte: Elaborada peloa autora (2020).

5.3 Estatística descritiva da escala cuidado centrado no paciente

O cálculo da amostra foi realizado de acordo com as recomendações de Hair Junior


(2009), indicando um tamanho mínimo da amostra cinco vezes maior que o número de itens a
serem avaliados nos instrumentos.
7

O perfil da amostra compreendeu 143 respondentes. Em 59,1% foi respondida pelo


próprio paciente; em 27,3%, por familiar; 8,2% pelo o cuidador; e em 5,5% por outros
(Gráfico 1).

Gráfico 1 – Identificação do respondente

Fonte: Elaborada pela autora (2020)

Dentre os entrevistados 64,8% são do sexo feminino e 35,2% do sexo masculino.


Conforme o controle de acesso do Hospital Gama cerca de 75,6% são mulheres e 25,4%
homens, ressalto que foi levado em consideração o sexo dos pacientes internados e
acompanhantes (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Distribuição dos respondentes segundo sexo

Fonte: Elaborada pela autora (2020)


8

A idade dos respondentes situou-se entre as faixas etárias de 18 e 24 anos (5,1%), de 25


a 34 anos (13,3%), de 35 a 44 anos (15,3%), de 45 a 54 anos (20,4%), de 55 a 64anos (18,4%)
e 65 anos ou mais (27,6%) (Gráfico 3).

Gráficoss 3 – Distribuição dos respondentes pacientes segundo a faixa etária

Fonte: Elaborada pela autora (2020).

O Gráfico 4 apresenta distribuição dos pacientes quanto à escolaridade, comtemplando


143 pacientes. Encontrou-se que 44,2% têm o ensino médio completo, apenas 1,1% é não
alfabetizado e 33,7%, estão cursando ou tem curso superior.

Gráfico 4 – Distribuição dos respondentes segundo escolaridade

Fonte: Elaborada pela autora (2020).


9

Dos itens que compõem o instrumento cuidado centrado do paciente, tem-se a maior
média observada para o item CCP05, apresentar a descrição (4,90), seguindo-se os itens CCP04,
CCP06, CCP09, entre 4,85 e 4,87 de média; CCP02 e CCP03 tem 4,81 e 4,78 de média,
respectivamente. O item CCP08 apresenta média de 4,73 e por fim, com tendência positiva e a
média mais baixa são CCP01 com 4,67 (Tabela 1).

Tabela 1 – Medidas descritivas (média, desvio padrão e intervalo de confiança para os


itens do instrumento cuidado centrado no paciente)
Item N Média DP IC(95%)
CCP01 141 4,67 0,75 [4,54 : 4,79]
CCP02 143 4,81 0,49 [4,73 : 4,89]
CCP03 142 4,78 0,58 [4,69 : 4,88]
CCP04 142 4,87 0,40 [4,80 : 4,93]
CCP05 143 4,90 0,34 [4,85 : 4,96]
CCP06 143 4,86 0,51 [4,78 : 4,94]
CCP07 143 4,73 0,73 [4,61 : 4,85]
CCP08 143 4,86 0,48 [4,78 : 4,94]
CCP09 143 4,86 0,48 [4,78 : 4,94]
CCP10 143 4,85 0,47 [4,78 : 4,93]
Fonte: Elaborada pela autora (2020).

O item CCP01 obteve a menor média (4,67) e o maior desvio padrão (0,75) indicado
uma maior a dispersão dos dados em torno da média. Sendo assim a afirmativa “Eu noto que
os profissionais de saúde levam em conta meus desejos pessoais” foi a que obteve mais
variabilidade de respostas.
O item CCP05 obteve a maior média (4,90) e o menor desvio padrão (0,34) indicando
o quão “confiável” é esse valor. Sendo assim a afirmativa “Incentivo o cliente e familiares a
trazerem seus próprios conhecimentos e experiências durante o processo de cuidado” foi a que
obteve menor variabilidade de respostas.
10

Tabela 2 – Percepção dos pacientes com relação a frequência das afirmativas


relacionadas ao instrumento cuidado centrado no paciente
Declarações afirmativas sobre o
cuidado 1 2 3 4 5
Nunca Quase Frequente Quase Sempre
nunca sempre
1- Eu noto que os profissionais de saúde 0,7% 2,1% 6,4% 11,3% 79,5%
levam em conta meus desejos pessoais.
2- Eu percebo que os profissionais de 0,0% 0,0% 4,2% 10,5% 85,3%
saúde deram atenção as minhas
necessidades e atenderam as chamadas
ao leito.
3- Eu percebo que os profissionais de 0,0% 2,1% 2,1% 11,3% 84,5%
saúde levaram em conta o que eu digo.

4- Eu e meus familiares tivemos 0,0% 0,0% 2,1% 9,2% 88,7%


oportunidade de sermos escutado nos
atendimento e cuidado recebidos e
obtivevemos esclarecimentos quando
solicitado.
5- Percebo que os profissionais de saúde 0,0% 0,0% 1,4% 7,0% 91,6%
me respeitaram e me trataram com
cortesia.
6- Os profissionais de saúde foram claros 0,0% 2,1% 0,7% 6,3% 90,9%
sobre qual atendimento e cuidados eles
são autorizados a fornecer ou não.
7- Eu tive oportunidade de contribuir 2,1% 0,7% 2,1% 11,9% 83,2%
com meu próprio conhecimento e
experiência em relação aos
atendimentos e cuidados que precisei.
8- Eu tive oportunidade de fazer aquilo 0,0% 1,4% 1,4% 7,0% 90,2%
que eu era capaz de fazer.
9- Eu sempre fui informado/esclarecido 0,0% 1,4% 1,4% 7,0% 90,2%
sobre o tipo de atendimento e cuidado
fornecido.
10- Toda a informação passada pelos 0,0% 1,4% 1,4% 9,1,% 88,8%
profissionais de saúde, foi fácil de
entender.
Fonte: Elaborada pela autora (2020).

5.4 Estatística descritiva do instrumento cuidado no diálogo: escala de competências

O cálculo da amostra foi realizado de acordo com as recomendações de Hair Junior


(2009), indicando um tamanho mínimo da amostra cinco vezes maior que o número de itens a
serem avaliados nos instrumentos.
11

O perfil da amostra que compreendeu 148 respondentes, revela que 31,1% foi são
técnicos de enfermagem; 22,3% médicos; 18,2% enfermeiros; 16,2% fisioterapeutas e os 12,2%
demais profissionais. Foi considerado o universo de cada categoria profissional para que todas
tivessem representatividade (Gráfico 5).

Gráfico 5 – Distribuição dos profissionais segundo a formação profissional

Fonte: Elaborada pela autora (2020).

Quanto a qualificação dos correspondentes apurou-se que 27,0% têm nível técnico;
35% nível superior; 37,0% pós - graduação ou MBA; 0,5% mestrado e 0,5% doutorado. O
Gráfico 6 apresenta a distribuição dos profissionais segundo o sexo declarado. Lembrando que
no universo dos profissionais de saúde do hospital Gama 85,0% são mulheres e 15,0% homens.

Gráfico 6 – Distribuição dos profissionais segundo o sexo

Fonte: Elaborada pela autora (2020).


12

Quanto à faixa etária, dos correspondentes (55,1%) situam-se na faixa de 25 e 34 anos;


(0,7%) é acima de 65 anos; (20,4%) entre 35 e 44 anos; de 18 a 24 anos (11,5%); de 45 a 54
anos com (11,6%) e de 55 a 64 (1,4%) (Gráfico 7).

Gráfico 7 – Distribuição dos profissionais segundo a faixa etária

Fonte: Elaborada pela autora (2020).

A Tabela 3 apresenta os itens que compõem a competência comunicação e diálogo com


o cliente, apurou-se que a maior média observada foi do item CDC01 com 4,60 de média. Com
valores pouco abaixo, mas ainda tendência positiva, têm-se CDC02com (4,28) e CDC03 com
(4,17). Apenas o item CDC04, com média de 3,84, apresentou média inferior a 4, mas ainda
assim com tendência positiva.
A maior média para os itens que compõem a competência gestão compartilhada do
cuidado com o cliente foi apresentada pelos itens GCC07 e GCC08, apresentando as médias,
4,16 e 4,14, respectivamente. Ainda com clara tendência positiva, têm-se os itens GCC06, com
média 4,04. Por fim, o item GCC05 com a média 3,96.
As estatísticas descritivas dos itens que compõem a competência comportamento
proativo revelou que os itens CPR10 e CPR11 apresentaram as maiores médias, ambos com
4,70, seguindo CPR 09 apresentam média 4,47.
13

Tabela 3 – Medidas descritivas (média, desvio padrão e intervalo de confiança para os


itens do instrumento comunicação e diálogo com o cliente - CDC, gestão compartilhada
do cuidado com o cliente - CGC e comportamento proativo - CPR)
Item N Média DP IC(95%)
CDC01 148 4,60 0,63 [4,50 : 4,70]
CDC02 147 4,28 0,83 [4,15 : 4,41]
CDC03 148 4,17 0,79 [4,04 : 4,30]
CDC04 147 3,84 1,06 [3,67 : 4,02]
GCC05 148 3,96 1,07 [3,79 : 4,13]
GCC06 148 4,04 1,16 [3,85 : 4,23]
GCC07 148 4,16 0,97 [4,01 : 4,32]
GCC08 148 4,14 0,90 [4,00 : 4,29]
CPR09 148 4,47 0,71 [4,36 : 4,59]
CPR10 148 4,70 0,57 [4,60 : 4,79]
CPR11 148 4,70 0,56 [4,61 : 4,79]
Fonte: Elaborada pela autora (2020).

O item CDC01 obteve a maior média (4,60) e o menor desvio padrão (0,63) indicando
o quão “confiável” é esse valor. Sendo assim a afirmativa “Eu levo a sério as necessidades e
preferências pessoais do cliente” obtendo menor variabilidade de respostas.
O item CDC04 obteve a menor média (3,84) e o maior desvio padrão (1,06) indicado
uma maior a dispersão dos dados em torno da média. Sendo assim a afirmativa “Eu avalio
regularmente o plano de cuidados juntamente com o cliente e familiares” foi a que obteve alta
variabilidade de respostas.
O item GCC05 também apresentou a mesma característica com uma menor média (3,96)
e o maior desvio padrão (1,07). A afirmativa “Incentivo o cliente e familiares a trazerem seus
próprios conhecimentos e experiências durante o processo de cuidado” obteve alta variabilidade
de respostas.
A Tabela 4 apresenta a percepção dos profissionais de saúde com relação à frequência
pela escala de Likert destas afirmativas relacionadas a competências comunicação e diálogo,
gestão compartilhada e proatividade.
14

Tabela 4 – Percepção dos profissionais de saúde com relação à frequência das


afirmativas relacionadas a competências de comunicação e diálogo, gestão
compartilhada e proatividade
Competência 1: 1 2 3 4 5
Comunicação e diálogo com o cliente Nunca Quase Frequente Quase Sempre
nunca sempre
1. Eu levo a sério as necessidades e 0,0% 0,7% 5,4% 27,0% 66,9%
preferências pessoais do cliente.
2. O plano de cuidados mostra que as 0,0% 4,1% 11,6% 36,7% 47,6%
necessidades e desejos do cliente são centrais.
3. Ao implementar o cuidado, avalio e 1,4% 0,0% 16,2% 45,3% 37,2%
discuto os desejos e possibilidades do cliente.
4. Eu avalio regularmente o plano 3,4% 8,8% 18,4% 38,8% 30,6%
terapêutico juntamente com o cliente e
familiares.
Competência 2: 1 2 3 4 5
Gestão Compartilha do Nunca Quase Frequente Quase Sempre
Cuidado com o cliente nunca sempre
1. Incentivo o cliente e familiares a trazerem 3,4% 8,1% 14,2% 37,8% 36,5%
seus próprios conhecimentos e experiências
durante o processo de cuidado.
2. Eu incentivo o cliente a assumir a 6,1% 5,4% 12,2% 31,1% 45,3%
responsabilidade e organizar seu processo
de autocuidado.
3. Apoio e incentivo o cliente em suas 2,0% 6,1% 9,5% 38,5% 43,9%
iniciativas.
4. Adapto o plano de cuidados aos 1,4% 4,1% 14,2% 39,9% 40,4%
desejos de mudança e demandas do
cliente.
Competência 3: 1 2 3 4 5
Comportamento Proativo Nunca Quase Frequente Quase Sempre
nunca sempre
1. Auxílio os colegas na busca de formas 0,0% 1,4% 8,8% 31,1% 58,8%
alternativas para atender a demanda do
cliente diante de limitações pessoais ou
institucionais.
2. Estou aberto às críticas dos clientes. 0,0% 0,0% 5,4% 19,6% 75,0%

3. Estou aberto às críticas dos colegas. 0,0% 0,0% 5,4% 18,9% 75,7%

Fonte: Elaborada pela autora (2020).

5.4 Discussão dos resultados

O instrumento questionário “cuidado centrado no paciente” (WITTE et al., 2006)


avaliou os principais valores do cliente em relação ao atendimento centrado no cliente, com
base em um estudo qualitativo da perspectiva do cliente sobre o atendimento domiciliar de
15

enfermagem (SCHOOT et al., 2005a). Foram testados entre clientes de três agências de
homecare no sul dos Países Baixos. Após um tempo, o instrumento foi traduzido para o inglês
(BOSMAN et al., 2008) e adaptado para clientes que recebiam cuidados assistenciais no lar. A
confiabilidade do questionário mostrou a consistência interna com um alfa de Cronbach de
0,912, o item 7 também foi removido do questionário, devido à formulação invertida. A média
de pontuação por item foi de 3,9, com um mínimo de 3,5 e um máximo de 4,5. Os pacientes
revelaram que percebem que estão sendo ouvidos pelos profissionais de saúde e que apreciam
isso.
Neste estudo, o alfa de Cronbach, 0,90, ficou próximo dos resultados das validações
anteriores de Witte et al. (2006) e de Bosman et al. (2008). Com base na alta pontuação dos
escores médios na versão brasileira adaptada e simplificada do instrumento, pode-se dizer que
a percepção dos clientes foi positiva no que se refere ao cuidado centrado no paciente. De
acordo com os escores, constatou-se que houve atenção às necessidades e aos desejos do
paciente e a identificação de objetivos comuns entre médicos e pacientes sobre a doença e sua
abordagem, com o compartilhamento de decisões e responsabilidades. Isso reforça que o
trabalho que vem sendo desenvolvido no Hospital Gama com relação à mudança de cultura
voltada para o cuidado centrado do paciente, beneficiando a assistência e a experiência do
paciente/ cliente.
Os pacientes que avaliaram o cuidado centrado, se mostraram satisfeitos com o serviço
prestado pelo Hospital Gama em todos os parâmetros abordados na avaliação. o instrumento
questionário “cuidado centrado no paciente”, contribuiu para a avaliação da qualidade do
cuidado, independentemente do fato do paciente, precisar utilizar o serviço novamente. Essa
voz dada ao sujeito que utiliza o serviço vem ao encontro da PNH, que procura tornar os
serviços resolutivos e de qualidade, tornando as necessidades de saúde dos clientes
responsabilidade de todos os atores envolvidos no processo de trabalho (FERREIRA et al.,
2016).
Na percepção do paciente, com base na análise dos dados coletados pelo instrumento
“Cuidado centrado no paciente”, algumas práticas foram identificadas: o envolvimento do
paciente e família no cuidado, atenção aos desejos do paciente; incentivo do autocuidado e
a sensibilização sobre as decisões compartilhadas. Tais práticas resumem relação
de cuidado, empatia e afeto assumida entre a equipe multiprofissional, o paciente e sua família
(TADDEO et al., 2012).
Um ponto que destacou foi a afirmativa mais bem avaliada “Incentivo o cliente e
familiares a trazerem seus próprios conhecimentos e experiências durante o processo de
16

cuidado”. Evidenciando que, na percepção do paciente a comunicação está sendo satisfatória,


que eles têm a oportunidade de juntamente com seus familiares trazerem experiências e
informações que podem agregar valor ao tratamento, que até então não são do conhecimento
da equipe multiprofissional.
Chibante (2018) afirma que, para o paciente estar de fato no centro e para que ele possa
participar ativamente do seu próprio cuidado, é essencial que tenha acesso às informações
necessárias para seu tratamento para aderir a hábitos saudáveis. Neste cenário, a comunicação
e a educação em saúde do paciente, assume papel fundamental, reforçando o engajamento e a
parceria com pacientes e familiares. Ainda segundo o autor, o cuidado centrado torna o paciente
mais participativo em seu cuidado, durante muito tempo a maioria dos pacientes assumiu uma
postura passiva em relação ao tratamento, o que ocorria tanto pelo acesso limitado às
informações que tinham, quanto pela atitude paternalista dos profissionais de saúde, que
controlavam tudo o que deveria ser feito, muitas vezes, sem o envolvimento do paciente nas
decisões do cuidado.
O compartilhamento de decisões entre profissionais de saúde, pacientes e
acompanhantes foi declarado pelos participantes no questionário como uma habilidade já
praticada na implementação da prática do cuidado centrado no paciente. Estudos mostram que
quando o paciente é envolvido nas decisões referentes ao seu tratamento os desfechos clínicos
são mais efetivos (BROCA; FERREIRA, 2012).
A afirmativa “Eu noto que os profissionais de saúde levam em conta meus desejos
pessoais” obteve o escore mais baixo, demostrando que os pacientes percebem que nem sempre
os profissionais de saúde levam em conta os desejos dos pacientes. É oportuno ressaltar que o
desejo do paciente de obter informações e de compartilhar responsabilidades se mostra presente
no cuidado, reforçando a ideia de que aqueles pacientes engajados e questionadores assumem
progressivamente o protagonismo de seu cuidado. Cabe aos profissionais da área da saúde
oferecer ao máximo mecanismos que lhes propiciem esse papel (CHIBANTE, 2018).
O instrumento cuidado no diálogo – escala de competências (SCHOOT et al., 2006)
autoavaliou as competências para o diálogo no cuidado centrado do paciente, baseado no estudo
qualitativo (SCHOOT et al., 2005a). O instrumento foi testado em 74 enfermeiros e prestadores
de cuidados de quatro organizações de atendimento domiciliar no sul da Holanda. A
confiabilidade do questionário mostrou a consistência interna com um alfa de Cronbach para
competência 1 = 0,81, competência 2 = 0,78, competência 3 = 0,74), sendo que os itens 1, 2, 3,
4, 5, 6, 7, 8, 9, 17, 18 da competência (1) foram removidos, os itens 7, 9 e 10 da competência
(2) e os itens 2 e 3 da competência (3) também foi removido do questionário, devido à baixa
17

carga fatorial. As exclusões de itens devido a baixa carga fatorial foi similar a versão atual
adaptada, conforme descrito na metodologia, que ainda considerou a cultura do país e dos
profissionais. O instrumento ofereceu possibilidades de avaliação e auto-reflexão dos
profissionais de saúde no que diz respeito às competências para o cuidado centrado no paciente.
Podendo auxiliar na determinação das necessidades de treinamento e trajetórias de
desenvolvimento pessoal.
A avaliação pode parecer muito ameaçadora para certas pessoas e, portanto, pode
provocar resistência. Os resultados das médias da autoavaliação do estudo de Schoot et al.
(2006b) foram maiores aos deste estudo, apontantando que as pessoas tentam proteger-se
das críticas negativas, mesmo todos os respondendetes tendo conhecimento do anomimato.
No caso do Hospital Gama profissionais de saúde, se mostraram receptivos com a pesquisa,
porém foi tomado o cuidado de explicar cuidadosamente sobre o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido e a garantia do anonimato do questionário. Estas considerações assumiram
um papel importante na avaliação da validade do instrumento.
Neste estudo, o alfa de Cronbach, para competência 1 = 0,82, competência 2 = 0,81,
competência 3 = 0,80), ficou próximo dos resultados das validações anteriores de (SCHOOT et
al., 2006). Com base na pontuação dos escores médios na versão brasileira adaptada e
simplificada do instrumento, pode-se dizer que a percepção dos profissionais de saúde de que
as competências são desempenhadas no cuidado centrado, porém não na proporção que deveria.
No instrumento cuidado no diálogo – escala de competências, o profissional realizou
uma autoavaliação quanto ao seu próprio desempenho sobre suas habilidades. A autoavaliação
é o ponto de partida nesse processo, sendo entendida como dispositivo de reorganização da
gestão. É nesse momento que os sujeitos implicados avançam na autoanálise e na identificação
dos problemas, bem como na formulação das estratégias de intervenção para a melhoria dos
serviços, das relações e do processo de trabalho. Os escores evidenciaram que a autoavaliação
do profissional de saúde do Hospital Gama foi inferior ao do paciente. Este olhar crítico revela
a necessidade de encontrar e reconhecer as falhas, para entender como se pode melhorar.
De modo geral os resultados demonstram que os profissionais de saúde revelam
conhecimento sobre os pressupostos que sustentam o modelo de cuidado, mas apresentam tanto
no a autoavaliação das competências, que esse conhecimento ainda não está totalmente
incorporado em sua prática, que ainda persistem dificuldades para sua implementação,
apresentado dificuldade de exercer a comunicação e diálogo, a gestão compartilhada do cuidado
na tomada de decisão e o comportamento proativo da equipe, conforme preconizado pelo
cuidado centrado no paciente (TRAJKOVSKI et al., 2012).
18

As afirmativas “Eu avalio regularmente o plano de cuidados juntamente com o cliente


e familiares” e “Incentivo o cliente e familiares a trazerem seus próprios conhecimentos e
experiências durante o processo de cuidado” apresentaram os escores mais baixos, demostrando
que os profissionais não exercem estas ações sempre. É vital criar condições favoráveis que
possam potencializar a comunicação eficaz e decisão compartilhada entre pacientes e
familiares, para assim, promover o cuidado centrado no paciente mais presente no atendimento,
pois, mesmo tendo sido muito bem avaliada anteriormente pelos pacientes, a comunicação
precisa ser mais trabalhada e alinhada, segundo autoavaliação a profissionais de saúde. Os
resultados mostraram que os profissionais de saúde precisam dialogar mais com o paciente e
familiar e compartilhar informações para a tomada de decisões. Segundo Batalden (2016),
quando o paciente é envolvido nas decisões referentes a seu tratamento, os desfechos clínicos
são mais efetivos. No entanto, compartilhar decisões na prática de saúde exige dos profissionais
envolvidos responsabilidades éticas, dada a assimetria do conhecimento técnico existente na
relação com o paciente. Assim torn-se imprescindível que os profissionais de saúde apresentem
claramente as evidências e incertezas científicas existentes acerca de alternativas de tratamento
(BATALDEN et al., 2016).
Embora seja reconhecida como uma ferramenta essencial, a comunicação é um desafio
na esfera relacional dos hospitais (RODRIGUES; PORTELA; MALIK, 2019). Realizada de
forma efetiva entre profissionais, pacientes e familiares, é um elemento estratégico para o
cuidado de saúde de qualidade e favorece o compartilhamento de decisões e a coprodução dos
serviços de saúde, fortalece os vínculos e a confiança e aumenta a segurança do paciente,
influenciando positivamente os resultados clínicos (BATALDEN et al., 2016).
Para Planetree (2014), uma abordagem centrada na saúde do paciente pode promover
parcerias com os clientes de serviços de saúde e seus familiares, a fim de identificar e satisfazer
de modo completo as necessidades e preferências dos pacientes/familiares. O
compartilhamento de decisões e a comunicação são indissociáveis para a prática do cuidado
centrado no paciente, pois fortalecem o incentivam a participação dos pacientes e familiares
nas ações de cuidado e cooperam para a corresponsabilização em relação ao próprio cuidado e
à segurança do paciente, dependendo do grau de assimetria de conhecimento entre o
profissional de saúde e o paciente (RODRIGUES; PORTELA; MALIK, 2019).
A afirmativa “Eu levo a sério as necessidades e preferências pessoais do cliente” na
percepção do profissional de saúde, foi a mais bem avaliada, demostrando que os profissionais
levam em conta as preferências dos pacientes. Correlacionando os resultados de ambos
instrumentos aqui apresentados, notou-se, que a visão dos pacientes foi mais negativa, que seus
19

desejos e preferências pessoais do paciente nem sempre são avaliados e levados a sério. Dessa
forma, o baixo grau de concordância em relação a estas ações, sugere a carência de empatia do
profissional de saúde com seu paciente, que o profissional deixe passar algum detalhe, devido
a falha na comunicação e falta de escuta ativa. A empatia habilidade essencial do cuidar,
constitui-se um componente fundamental do tratamento dispensado ao cliente. O conhecimento
científico e a habilidade técnica do profissional enfermeiro são importantes, mas de pouco
adiantará se este mesmo profissional não apresentar um bom relacionamento interpessoal, ser
empático e assertivo. É necessário que os profissionais da saúde encontrem o equilíbrio entre o
conhecimento científico e a prática de comportamento humanístico.
E correlacionando as avaliações sobre o incentivo ao cliente e familiares a trazerem seus
próprios conhecimentos e experiências durante o processo de cuidado na percepção do cliente
a comunicação está acontecendo, porém na autoavaliação de que articula esta comunicação esta
ação não está sendo desempenhada na intensidade desejada do cuidado centrado. Conforme
estudo realizado Simpson et al. (1991) apontou que 54% das queixas dos pacientes e 45% de
suas preocupações passam despercebidas pelos profissionais de saúde ao longo dos
atendimentos por falta de comunicação efetiva.
Outro dado importante é que em pelo menos metade dos atendimentos profissionais de
saúde e pacientes não estão de comum acordo quanto ao motivo principal dos sintomas
apresentados. Por vezes, o paciente está incerto sobre o tratamento ou não se sente à vontade
para fazer perguntas. Outras vezes, o próprio profissional de saúde acaba não dando ao paciente
a oportunidade de falar. Nesse sentido, vale citar o estudo realizado por Boltanski (1979) sobre
consultas de pediatria na periferia de Paris, no qual constatou que de todas as palavras
pronunciadas durante as consultas, cerca de 83% eram ditas pelo médico. Esses dados sugerem
uma relação médico-paciente excessivamente hierarquizada e pouco propiciadora do diálogo.
Outro estudo publicado originalmente no The Journal of the American Medical
Association, realizado por Marvel et al. (1999), apurou que os médicos não demoram mais do
que 23 segundos até realizar a primeira interrupção na fala do paciente. Tudo isso demonstra
que o principal desafio para uma comunicação efetiva entre os profissionais de saúde e paciente
está em humanizar a relação. Pode ser quanto à maior abertura para que o paciente participe de
forma ativa da consulta ou ouvindo mais e compreendendo melhor suas preocupações.
Essa autoavaliação permitiu identificar possíveis discrepâncias no desempenho do
profissional no trabalho e na avaliação da capacidade da equipe multiprofissional de prestar o
cuidado centrado no paciente. Pode-se afirmar que o instrumento de autoavaliação contribuiu
significativamente para a interação dos profissionais de saúde e o cuidado prestado, em um
20

processo verdadeiramente reforçador das aprendizagens e das experiências vivenciadas. Nesse


sentido, a principal contribuição da autoavaliação é “confirmar a validade de um
empreendimento. É constatar se a estratégia escolhida, na busca de algo, está funcionando, é a
mais adequada à situação e está compensando, isto é, satisfaz nossas expectativas.”
(SANT´ANNA, 1995, p. 17).
Com bases nesses exemplos, afirma-se que a prática do cuidado centrado no paciente
consiste em comunicar-se melhor e escutar ativamente o paciente e familiar. Cabe à instituição
de saúde investir no conhecimento, desenvolvimento e treinamento de seus profissionais, para
que eles possam fornecer esse cuidado integral ao paciente. Os resultados refletem uma
avaliação inicial, a curto prazo, que a filosofia de cuidado está sendo incorporada aos poucos,
sugerindo um processo de educação permanente, para que ocorra uma mudança sólida na
cultura dos profissionais.
A consciência da necessidade de mudança é um pré-requisito para a mudança de
comportamento e o desenvolvimento de competências. Neste sentido, o instrumento
adaptado e validado pode ser um elemento essencial do processo de mudança do Hospital
Gama, podendo ser aplicado após a realização de ações educativas e concretas de mudança
de cultura.
21

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cuidado centrado no paciente reconhece e valoriza os diferentes sujeitos, oferecendo


uma assistência individualizada, integral e humanizada que envolve pacientes, familiares e
equipe multiprofissional. Os procedimentos de avaliação da confiabilidade e da validade interna
dos questionários mostraram elevada consistência e adequação das medições realizadas.
Os objetivos iniciais propostos neste estudo foram atingidos. O instrumento
questionário cuidado centrado no paciente mostrou que os pacientes se sentem fazendo parte
do cuidado e com um atendimento centrado. O questionário adaptado resultou em um
instrumento de avaliação curto e relativamente simples de ser respondindo, podendo ser
utilizado para avaliar diretamente o cuidado centrado e, indiretamente, identificar pontos
capazes de melhorar atenção e cuidado centrado no paciente.
O instrumento cuidado em diálogo - escala de competência analisou a capacidade da
equipe profissional de prestar o cuidado centrado no paciente, por meio da autoavaliação de
suas competências. Esta ferramenta pode auxiliar na identificação do nível de desempenho da
competência do profissional, das necessidades de treinamento e dos caminhos de
desenvolvimento cultural do cuidado centrado. Constatou-se que os profissionais de saúde têm
interesse em conhecer suas competências e se sentiram confortáveis em se autoavaliarem. O
estudo mostrou que eles foram mais críticos na autoavaliação e consideraram que a implantação
do modelo centrado no paciente está em andamento, dadas algumas dificuldades na transição
de modelo.
Verificou-se que a comunicação efetiva e a gestão compartilhada para a tomada de
decisões junto com o cliente é ainda uma dificuldade a ser trabalhada na perspectiva dos
profissionais de saúde e do paciente/ cliente. Pode-se afirmar que as competências devem ser
potencializadas no processo de mudança cultural da organização e que a mudança cultural do
cuidado centrado no paciente está sendo gradativa. Por isso, deve ser reforçada
permanentemente, com o propósito de articular os novos comportamentos e o sucesso
organizacional.
É importante que os instrumentos sejam reaplicados periodicamente, a fim de verificar
o fortalecimento da cultura do cuidado centrado, evidenciando o desdobramento do processo
de mudança cultural. Os demais achados desta pesquisa ensejam uma reflexão sobre a criação
de estratégias orientadas para o alinhamento das percepções em torno de uma mudança
organizacional que busque o cuidado centrado no paciente. Desse modo, as contribuições desta
pesquisa apontam que o processo de comunicação entre os membros da equipe
22

multiprofissional é otimizado em função do cuidado ao cliente, por meio das interações


humanas, do estímulo à relação de confiança, do reconhecimento profissional, da melhora do
entendimento do outro e do compartilhamento de informações entre os membros da equipe e
os pacientes e seus familiares
Entende-se que os instrumentos não devem ser aplicados separadamente, pois as
experiências do cliente por si só não são suficientes para dar uma visão sobre como os
profissionais de saúde atenderam o cliente. Igualmente importante é a autoavaliação do
desempenho real dos profissionais de saúde. Pos isso é necessário aplicar ambos os
instrumentos, para medir o desempenho das competências do profissional.
A dificuldade que o cuidado centrado representa para as organizações de saúde, muitas
vezes, diz respeito ao próprio paciente, que não assume seu papel de protagonista nos cuidados,
por diversos motivos, como a baixa escolaridade e a dificuldade de acesso às informações.
Portanto, a mudança cultural envolve não só a equipe de saúde e o hospital, incluindo também
a educação e a conscientização do próprio paciente sobre seu importante papel.
Conclui-se que as contribuições da implantação do modelo de cuidado centrado foram:
mais coesão da equipe; melhoria da comunição no atendimento assistencial; e construção de
uma cultura organizacional mais humanizada. Em suma, a experiência de realizar este estudo
possibilitou a agregação de diversos olhares e perspectivas sobre o cuidado centrado no
paciente.
Este estudo contribuiu também para a proposição de bases investigativas que permitirão
maior aprofundamento sobre o tema cuidado centrado, bem como sobre caminhos para a
implementação e avaliação da sua efetividade no contexto de saúde brasileiro. Fica o propósito
de fomentar novos estudos sobre a mudança de cultura organizacional com relação ao cuidado
centrado no paciente e acompanhamento e avaliação deste desenvolvimento ao longo do tempo
no hospital investigado e em outros.
A limitação do estudo é a tendência em relação a interpretações e conclusões, por ser
somente uma pesquisadora, que tem origem em um determinado contexto, com seu próprio
conhecimento e seus próprios pré-conceitos.
Espera-se que este estudo incentive a realização de novas investigações, utilizando
métodos diversos de coleta de dados, contribuindo, assim, para ampliar o que se sabe a respeito
do assunto, de interesse não apenas de gestores de serviços de saúde, como também de
pesquisadores em geral.
23

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36

APÊNDICE A – Produto Técnico - Síntese 7 - Questionário Final Simplificado do


Instrumento Cuidado Centrado no Paciente

INSTRUMENTO QUESTIONÁRIO DE CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE

Instruções de preenchimento

• Preencha o questionário com caneta preta ou azul.


• Coloque um X na caixa de sua escolha.
• Marque somente uma resposta para cada pergunta.
• Em caso de dúvida, escolha a opção que melhor corresponda à sua opinião.

Declarações

Indique até que ponto você concorda com as seguintes declarações, marcando a resposta
correta. Classifique o quanto cada item é verdadeiro para você atribuindo-lhe um número de 1
a 5. Quanto maior o número, mais este item é frequente para você.

1 2 3 4 5

Nunca Quase nunca Frequentemente Quase sempre Sempre

Os cuidados que recebeu dos profissionais de saúde 1 2 3 4 5

1- Eu noto que os profissionais de saúde levam em conta meus


desejos pessoais.
2- Eu percebo que os profissionais de saúde deram atenção e
atenderam as chamadas ao leito.
3- Eu percebo que os profissionais de saúde levaram em conta
o que eu digo.
4- Eu e meus familiares tivemos oportunidade de sermos
escutados nos atendimento e cuidado recebidos e obtivevemos
esclarecimentos quando solicitado
5- Percebo que os profissionais de saúde me respeitaram e me
trataram com cortesia.
6- Os profissionais de saúde foram claros sobre qual
atendimento e cuidados eles são autorizados a fornecer ou não.
7- Eu tive oportunidade de contribuir com meu próprio
conhecimento e experiência em relação aos atendimentos e
cuidados que precisei.
8- Eu tive oportunidade de fazer aquilo que eu era capaz de
fazer.
9- Eu sempre fui informado/esclarecido sobre o tipo de
atendimento e cuidado fornecido.
10- Toda a informação passada pelos profissionais de saúde,
foi fácil de entender.
37

Se você quiser comentar um ou mais itens do questionário, poderá utilizar este espaço.

Dados demográficos e
socioeconômicos
Identificação ( ) 1.Paciente ( ) 2.Cuidador ( ) 3.Familiar ( ) 4.Outros
Sexo ( ) 1. Feminino ( ) 2. Masculino
Idade ( )1. De 12 a 18 anos
( )2. De 18 a 24 anos
( )3. De 25 a 34 anos
( )4. De 35 a 44 anos
( )5. De 45 a 54 anos
( )6. De 55 a 64 anos
( )7. De 65 ou mais.
Qual seu ( )1. Solteiro(a)
estado civil? ( )2. União estável
( )3. Casado(a)
( )4. Separado(a)
( ) 5. Viúvo(a)
( ) 6. Divorciado(a)
( ) 7. Outro
( ) 11. Não deseja informar
Você tem filhos? ( )1. Sim Quantos?
( )2. Não
Qual a sua ( ) 1. Menos de 1 salário mínimo (R$998,00)
( ) 2. De um a menos de dois salários mínimos (entre R$998 e R$1996)
renda individual
( ) 3. De dois a menos de três salários mínimos (entre R$1996 e R$2994)
mensal? ( ) 4. De três a menos de quatro salários mínimos (entre R$2994 e R$3992)
( ) 5. De quatro a menos de cinco salários mínimos (entre R$3992 e R$4990)
( ) 6. De cinco a menos de seis salários mínimos (entre R$4990 e R$5988)
( )7. De seis a menos de sete salários mínimos (entre R$5988 e R$6986)
( )8. De sete a menos de oito salários mínimos (entre R$6986 e R$7984)
( ) 9. De oito a menos de nove mínimos (entre R$7984 e R$8982)
( )10.Acima de dez salários mínimos (R$9980)
( ) 11. Não deseja informar
38

APÊNDICE B – Produto Técnico - Síntese 8 - Questionário Final Simplificado do


Instrumento Cuidados no Diálogo - Escala de Competências

INSTRUMENTO CUIDADO NO DIÁLOGO - ESCALA DE COMPETÊNCIAS

A finalidade deste questionário é estimular sua reflexão sobre os comportamentos que você
coloca em prática durante o atendimento. Cada uma das declarações abaixo indica até que ponto
o comportamento descrito se aplica a você mesmo na situação de trabalho com os clientes.
Classifique a frequência e cada item para você atribuindo-lhe um número de 1 a 5. Quanto
maior o número, mais este item é verdadeiro para você. Coloque um X na caixa de sua escolha.

1 2 3 4 5

Nunca Quase Frequentemente Quase Sempre


nunca sempre

Competência 1: Comunicação e diálogo com o cliente.


1 2 3 4 5
01. Eu levo a sério as necessidades e preferências pessoais do
cliente.
02. O plano de cuidados mostra que as necessidades e desejos
do cliente são centrais.
03. Ao implementar o cuidado, avalio e discuto os desejos e
possibilidades do cliente.
04. Eu avalio regularmente o plano terapêutico juntamente
com o cliente e familiares.
Competência 2: Gestão compartilhada do cuidado
com o cliente. 1 2 3 4 5
01. Incentivo o cliente e familiares a trazerem seus próprios
conhecimentos e experiências durante o processo de cuidado.
02. Eu incentivo o cliente a assumir a responsabilidade
e organizar seu processo de autocuidado.
03. Apoio e incentivo o cliente em suas iniciativas.
04. Adapto o plano de cuidados aos desejos de mudança e
demandas do cliente.
Competência 3: Comportamento Proativo.
1 2 3 4 5
01. Auxílio os colegas na busca de formas alternativas para
atender a demanda do cliente diante de limitações pessoais
ou institucionais.
02. Estou aberto às críticas dos clientes.
03. Estou aberto às críticas dos colegas.
39

Se você quiser comentar um ou mais itens do questionário poderá utilizar este espaço.

Dados demográficos e
socioeconômicos do profissional
Qualificação ( )1. Nível técnico incompleto
( )2. Nível técnico completo
( )3. Ensino médio incompleto
( )4. Ensino médio completo
( )5. Ensino superior incompleto
( )6. Ensino superior completo
( )7. Pós-graduação stricto sensu Mestrado
( )8. Pós-graduação stricto sensu Doutorado
( )9. Pós-graduação lato sensu (especialização, MBA)
Formação ( )1.Médico
Profissional ( )2.Enfermeiro
( )3.Nutricionista
( )4.Fonoaudiólogo
( )5.Psicólogo
( )6.Técnico de enfermagem
( )7.Fisioterapeuta
( )8.Outro
Setor

Sexo ( ) 1. Feminino ( ) 2. Masculino

Idade ( )1. De 12 a 18 anos


( )2. De 18 a 24 anos
( )3. De 25 a 34 anos
( )4. De 35 a 44 anos
( )5. De 45 a 54 anos
( )6. De 55 a 64 anos
( )7. De 65 ou mais.
Qual a sua ( ) 1. Menos de 1 salário mínimo (R$998,00)
( ) 2. De um a menos de dois salários mínimos (entre R$998 e R$1996)
renda
( ) 3. De dois a menos de três salários mínimos (entre R$1996 e R$2994)
individual ( ) 4. De três a menos de quatro salários mínimos (entre R$2994 e R$3992)
( ) 5. De quatro a menos de cinco salários mínimos (entre R$3992
mensal? R$4990)
( ) 6. De cinco a menos de seis salários mínimos (entre R$4990 e R$5988)
( ) 7. De seis a menos de sete salários mínimos (entre R$5988 e R$6986)
( ) 8. De sete a menos de oito salários mínimos (entre R$6986 e R$7984)
( ) 9. De oito a menos de nove mínimos (entre R$7984 e R$8982)
( )10. Acima de dez salários mínimos (R$9980)
( )11. Não deseja informar
40

APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para


Participação na Pesquisa- Profissionais de saúde

O Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar como voluntário (a) da pesquisa intitulada
“O MODELO CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: O CASO HOSPITAL GAMA”, da
Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O objetivo geral desta
pesquisa é analisar o processo de construção das identidades profissionais, levando em consideração
os elementos do contexto de formação profissional e das práticas cotidianas dos profissionais de
saúde.
Se concordar em participar deste estudo, será aplicado um questionário (Questionário de
autoavaliação do profissional de saúde ‘Cuidado no Diálogo – Escala de Competência’) que
contempla 11 questões de múltipla, subdivididas em 3 blocos (Processo de cuidado no diálogo,
Suporte para cliente-participação e Lidando com as tensões) escolha acompanhado de uma seção
para registro de dados, que serão realizada em seu local de trabalho ou em outro local previamente
agendado. O Sr.(a) gastará em média 20 minutos para responder às perguntas. O conteúdo do
questionário ficará em segredo e seu nome não será divulgado. Assim, os dados coletados na
pesquisa são confidenciais e não serão utilizados para outros fins. Os dados, materiais e
instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um
período de 5 (cinco) anos, na sala 510 da Escola de Enfermagem da UFMG e após esse tempo serão
destruídos. Os pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões profissionais de sigilo,
atendendo a legislação brasileira (Resoluções Nº 466/12; 441/11 e a Portaria 2.201 do Conselho
Nacional de Saúde e suas complementares), utilizando as informações somente para fins
acadêmicos e científicos. Para participar desta pesquisa o Sr. (a) não terá nenhum custo, nem
receberá qualquer vantagem financeira. O Sr. (a) terá o esclarecimento sobre o estudo em qualquer
aspecto que desejar e estará livre para participar ou se recusar a participar a qualquer tempo e sem
quaisquer prejuízos, valendo a desistência a partir da data de formalização desta. A sua participação
é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer prejuízo ou penalização ao Sr. (a) ou
à instituição.
O benefício direto desta pesquisa é para a sociedade será prover os gestores de saúde de
informações que permitam estabelecer e acompanhar indicadores de desempenho que, associados
ao planejamento estratégico, propiciam a melhorias das ações de educação e o atendimento da
população. Os riscos em relação à sua participação nesta pesquisa são mínimos. Pode haver
desconforto pelo tempo dispensado, receio e constrangimento de se expor ou de ser avaliado. Mas,
informo que diante dos objetivos desta pesquisa e a garantia de confidencialidade e anonimato das
informações coletadas, estes riscos serão minimizados neste estudo. Se concordar em participar,
peço que assine este documento em duas vias sendo que uma ficará com o Sr. (a) e a outra será
arquivada juntamente com os demais dados da pesquisa.

Rubrica do (a) participante:


Rubrica da pesquisadora Rubrica da pesquisadora
responsável: mestranda:
________________________ ______________________ _________________________
41

Eu, _____________________________________________, portador do documento de


Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos, métodos, riscos e benefícios
da pesquisa “O MODELO CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: O CASO HOSPITAL
GAMA” será aplicado um questionário, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas.
Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de
participar se assim o desejar. Assim, declaro que concordo em participar como voluntário (a) desta
pesquisa.

Local:__________________________________________ Data: ____/____/______

_____________________________________________________________________
Nome completo do participante

______________________________________________________________________
Assinatura do participante

Pesquisadora responsável: Profa. Dra. Adriane Vieira


Endereço de contato: Av. Alfredo Balena, 190, Departamento de Enfermagem Aplicada, Escola de
Enfermagem/UFMG, Santa Efigênia, CEP: 30130-100, Belo Horizonte, MG. Telefone: (31) 3409
9878. E-mail: [email protected]

______________________________________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável

Dados do proponente e equipe:

Pesquisadora: Patrícia Lourdes Silva


Endereço para contato: Av. do Contorno, 3097 - Santa Efigênia, Belo Horizonte - MG, 30110-017
Telefone: (31) 32148332.

Pesquisador: José Ricardo de Paula Xavier Vilela


Endereço para contato: Av. do Contorno, 3097 - Santa Efigênia, Belo Horizonte - MG, 30110-017
Telefone: (31) 32148000.

Em caso de dúvidas, com respeito aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá consultar:
COEP-UFMG - Comissão de Ética em Pesquisa da UFMG
Av. Antônio Carlos, 6627, Unidade Administrativa II, 2º andar, sala 2005, Campus Pampulha, CEP:
31.270-901, Belo Horizonte, MG. E-mail: [email protected] Telefone: 31 3409-4592
42

APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para


Participação na Pesquisa-Pacientes

O Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar como voluntário (a) da pesquisa intitulada
“O MODELO CUIDADO CENTRADONO PACIENTE: O CASO HOSPITAL GAMA”, da
Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O objetivo geral desta
pesquisa é analisar a implantação o cuidado centrado no paciente a partir da perspectiva do paciente.
Se concordar em participar deste estudo, será aplicado dois questionários, o primeiro
(Questionário de avaliação do Cuidado centrado no paciente) que contempla 10 questões de
múltipla escolha acompanhado de uma seção para registro de dados, que serão realizada em local
de atendimento ou previaente agendado.
O Sr. (a) gastará em média 20 minutos para responder às perguntas. O conteúdo dos
questionários ficarão em segredo e seu nome não será divulgado. Assim, os dados coletados na
pesquisa são confidenciais e não serão utilizados para outros fins. Os dados, materiais e
instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um
período de 5 (cinco) anos, na sala 510 da Escola de Enfermagem da UFMG e após esse tempo serão
destruídos. Os pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões profissionais de sigilo,
atendendo a legislação brasileira (Resoluções Nº 466/12; 441/11 e a Portaria 2.201 do Conselho
Nacional de Saúde e suas complementares), utilizando as informações somente para fins
acadêmicos e científicos.
Para participar desta pesquisa o Sr. (a) não terá nenhum custo, nem receberá qualquer
vantagem financeira. O Sr. (a) terá o esclarecimento sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar
e estará livre para participar ou se recusar a participar a qualquer tempo e sem quaisquer prejuízos,
valendo a desistência a partir da data de formalização desta. A sua participação é voluntária e a
recusa em participar não acarretará qualquer prejuízo ou penalização ao Sr. (a) ou à instituição. O
benefício direto desta pesquisa é para a sociedade será prover os gestores de saúde de informações
que permitam estabelecer e acompanhar indicadores de desempenho que, associados ao
planejamento estratégico, propiciam a melhorias das ações de educação e o atendimento da
população. Os riscos em relação à sua participação nesta pesquisa são mínimos. Pode haver
desconforto pelo tempo dispensado, receio e constrangimento de se expor ou de ser avaliado. Mas,
informo que diante dos objetivos desta pesquisa e a garantia de confidencialidade e anonimato das
informações coletadas, estes riscos serão minimizados neste estudo. Se concordar em participar,
peço que assine este documento em duas vias sendo que uma ficará com o Sr. (a) e a outra será
arquivada juntamente com os demais dados da pesquisa.

Rubrica do (a) participante: Rubrica da pesquisadora Rubrica da pesquisadora


responsável: mestranda:

________________________ _____________________ _________________________


43

Eu, _____________________________________________, portador do documento de


Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos, métodos, riscos e benefícios
da pesquisa “O MODELO CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: O CASO HOSPITAL GAMA”,
de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei
solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar. Assim,
declaro que concordo em participar como voluntário (a) desta pesquisa.

Local:_________________________________________ Data: ____/____/______

_____________________________________________________________________
Nome completo do participante

______________________________________________________________________
Assinatura do participante

Pesquisadora responsável: Profa. Dra. Adriane Vieira


Endereço de contato: Av. Alfredo Balena, 190, Departamento de Enfermagem Aplicada, Escola de
Enfermagem/UFMG, Santa Efigênia, CEP: 30130-100, Belo Horizonte, MG. Telefone: (31) 3409
9878. E-mail: [email protected]

______________________________________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável

Dados do proponente e equipe:

Pesquisadora: Patrícia Lourdes Silva


Endereço para contato: Av. do Contorno, 3097 - Santa Efigênia, Belo Horizonte - MG, 30110-017
Telefone: (31) 32148000.

Pesquisador: José Ricardo de Paula Xavier Vilela


Endereço para contato: Av. do Contorno, 3097 - Santa Efigênia, Belo Horizonte - MG, 30110-017
Telefone: (31) 32148000.

Em caso de dúvidas, com respeito aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá consultar:

COEP-UFMG - Comissão de Ética em Pesquisa da UFMG


Av. Antônio Carlos, 6627, Unidade Administrativa II, 2º andar, sala 2005, Campus Pampulha, CEP:
31.270-901, Belo Horizonte, MG.
E-mail: [email protected] Telefone: 31 3409-4592
44

APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para


Participação na Entrevista da Pesquisa- Profissional de Saúde

O Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar como voluntário (a) da pesquisa intitulada
“O MODELO CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: O CASO DE UM HOSPITAL GERAL DE
GRANDE PORTE DE BELO HORIZONTE”, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). O objetivo geral desta pesquisa é analisar o processo de construção das
identidades profissionais, levando em consideração os elementos do contexto de formação
profissional e das práticas cotidianas e seus efeitos sobre a saúde dos estudantes de graduação e dos
médicos-residentes.
Se concordar em participar deste estudo, será realizada uma entrevista, em seu local de
trabalho ou em outro local previamente agendado, em que o pesquisador fará algumas perguntas
que serão gravadas por meio de um gravador digital. O Sr. (a) gastará em média de 30 minutos
para responder as perguntas. A gravação da entrevista ficará em segredo e seu nome não será
divulgado. Assim, os dados coletados na pesquisa são confidenciais e não serão utilizados para
outros fins. Os dados, materiais e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com
o pesquisador responsável por um período de 5 (cinco) anos (ou até 10 (dez) anos) na sala 510
da Escola de Enfermagem da UFMG e após esse tempo serão destruídos. Os pesquisadores
tratarão a sua identidade com padrões profissionais de sigilo, atendendo a legislação brasileira
(Resoluções Nº 466/12; 441/11 e a Portaria 2.201 do Conselho Nacional de Saúde e suas
complementares), utilizando as informações somente para fins acadêmicos e científicos.
O benefício direto desta pesquisa é para a sociedade será prover os gestores de saúde de
informações que permitam estabelecer e acompanhar indicadores de desempenho que, associados
ao planejamento estratégico, propiciam a melhorias das ações de educação e o atendimento da
população. Os riscos em relação à sua participação nesta pesquisa são mínimos. Pode haver
desconforto pelo tempo dispensado, receio e constrangimento de se expor ou de ser avaliado. Mas,
informo que diante dos objetivos desta pesquisa e a garantia de confidencialidade e anonimato das
informações coletadas, estes riscos serão minimizados neste estudo. Se concordar em participar,
peço que assine este documento em duas vias sendo que uma ficará com o Sr. (a) e a outra será
arquivada juntamente com os demais dados da pesquisa.

Rubrica do (a) participante: Rubrica da pesquisadora Rubrica da pesquisadora


responsável: mestranda:
______________________ ___________________ ________________________
______________________ __________

Eu, _____________________________________________, portador do documento de


Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos, métodos, riscos e benefícios
da pesquisa “O MODELO CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: O CASO DE UM HOSPITAL
GERAL DE GRANDE PORTE DE BELO HORIZONTE ” será aplicado um questionário, de
maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar
novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar. Assim, declaro que
concordo em participar como voluntário (a) desta pesquisa.
45

Local:__________________________________________ Data: ____/____/______

_____________________________________________________________________
Nome completo do participante

______________________________________________________________________
Assinatura do participante

Pesquisadora responsável: Profa. Dra. Adriane Vieira


Endereço de contato: Av. Alfredo Balena, 190, Departamento de Enfermagem Aplicada, Escola de
Enfermagem/UFMG, Santa Efigênia, CEP: 30130-100, Belo Horizonte, MG. Telefone: (31) 3409
9878. E-mail: [email protected]

______________________________________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável

Dados do proponente e equipe:

Pesquisadora: Patrícia Lourdes Silva


Endereço para contato: Av. do Contorno, 3097 - Santa Efigênia, Belo Horizonte - MG, 30110-017
Telefone: (31) 32148332.

Pesquisador: José Ricardo de Paula Xavier Vilela


Endereço para contato: Av. do Contorno, 3097 - Santa Efigênia, Belo Horizonte - MG, 30110-017
Telefone: (31) 32148000.

Em caso de dúvidas, com respeito aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá consultar:
COEP-UFMG - Comissão de Ética em Pesquisa da UFMG
Av. Antônio Carlos, 6627, Unidade Administrativa II, 2º andar, sala 2005, Campus Pampulha, CEP:
31.270-901, Belo Horizonte, MG. E-mail: [email protected] Telefone: 31 3409-4592
46

APÊNDICE F – Tradução 1 - Questionário Cuidado Centrado no Paciente

Questionário de cuidados centrado no cliente (CCCQ)

Questionário perspectiva do
cliente sobre cuidados

Indique em que medida concorda com as seguintes afirmações, assinalando a resposta adequada
para si.

Discordo Discordo não tenho Concordo Concordo


totalmente opinião plenamente

01. Reparei que os prestadores de cuidados de saúde têm em conta os meus desejos pessoais
02. Reparei que os prestadores de cuidados estão mesmo a ouvir-me.
03. Reparei que os prestadores de cuidados de saúde têm em conta o que lhes disse.
04. Tenho muitas oportunidades para dizer que tipo de cuidados preciso...
05. Reparei que os prestadores de cuidados de saúde respeitam a minha decisão se eu discordar
deles.
06. Penso que os prestadores de cuidados de saúde são claros sobre o que podem e podem
fazer.
07. Acho que os prestadores de cuidados de saúde por vezes dizem demasiado depressa que
algo não é possível
08. Tenho muitas oportunidades de contribuir com o meu próprio conhecimento e experiência
sobre os cuidados de que preciso.
09. Eu tenho muitas oportunidades para fazer o que eu mesmo posso
10. Terei muitas oportunidades de co-decidir sobre os cuidados que estou a ter.
11. Eu tenho muitas oportunidades de co-decidir sobre a frequência com que recebo cuidados.
12. Terei ampla oportunidade de co-decidir sobre a forma como os cuidados serão prestados.
13. Posso ajudar a determinar quando é que os prestadores de cuidados irão ajudar-me.
14. Acho que há consulta suficiente comigo sobre quem presta os cuidados
15. Tenho muitas oportunidades para organizar e organizar os cuidados pessoalmente.

Espaço aberto:

Se você quiser responder a um ou mais itens do questionário, você pode indicar sua reação neste
espaço.
47

APÊNDICE G – Tradução 2 - Questionário cuidado centrado no paciente

QUESTIONÁRIO DE ATENDIMENTO CENTRADO NO CLIENTE (CCCQ)

Perspectiva do cliente do questionário cuidados orientados para a demanda

• Instrução de preenchimento

Preencha o questionário com uma caneta preta ou azul. Coloque um X na caixa de sua escolha.
No máximo uma resposta é possível para cada pergunta. Em caso da dúvida, escolha a caixa
que melhor corresponde á sua opinião.

• Declaração

Indique em que medida você concorda com as seguintes declarações marcando a responda
correta para você.
Discordo totalmente -1 Discordo -2 Não sei/ sem opinião -3 Concordo - 4 Concordo totalmente - 5

1. Eu noto que os cuidadores levam em conta meus desejos pessoais


2. Eu percebo que os cuidadores realmente me ouvem
3. Eu percebo que os cuidadores levam em conta o que eu disse a eles
4. Tenho ampla oportunidade de dizer que cuidado preciso
5. Percebo que os profissionais de saúde respeitam minha decisão se eu discordar deles
6. Eu acho que os profissionais de saúde são claros sobre o que podem e podem fazer
7. Eu acho que os cuidadores às vezes dizem muito rápido que algo não é possível
8. Tenho ampla oportunidade de contribuir com meu próprio conhecimento e experiência
sobra os cuidados que preciso
9. Tenho ampla oportunidade de fazer o que posso fazer
10. Tenho ampla oportunidade de ajudar a decidir que cuidados receberei
11. Tenho ampla oportunidade de ajudar a decidir com que frequência recebo cuidados
12. Tenho ampla oportunidade de ajudar a decidir como os cuidados são prestado
13. Eu posso ajudar a determinar quando os prestadores de cuidados virão me ajudar
14. Eu acho que há bastante consulta comigo sobre quem fornece os cuidados
15. Tenho ampla oportunidade de organizar e organizar os cuidados

Espaço Aberto:

Se você quiser responder mais a um ou mais itens do questionário, você pode inserir sua
resposta neste espaço.
48

APÊNDICE H – Tradução 1 - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de


Competências

Escala de Competências
do Care in dialogue

INSTRUÇÃO

Para cada uma das afirmações abaixo, indique até que ponto o comportamento descrito se
aplica a si próprio na situação de trabalho com os clientes.Há quatro opções:
1 = Nem por isso 2 = de forma limitada 3 = regular 4 = muito frequente

N.B. Se, por qualquer razão, o cliente não for capaz de formular questões de cuidados de forma
independente e tomar decisões sobre os cuidados a serem prestados, o enfermeiro/cuidador irá
envolver os familiares do cliente neste processo. Neste caso, as perguntas podem ser
respondidas a partir dessa perspectiva.

COMPETÊNCIA 1:

Em diálogo com o cuidador, o enfermeiro/cuidador passa pelo processo de cuidar na perspetiva


do cliente, com base na sua experiência profissional. O enfermeiro/cuidador é capaz de lidar
com gargalos e áreas de tensão esperados.

01. Estou ciente do efeito da minha forma de fazer contato na relação com o cliente;
02. Dou ao cliente a oportunidade de pedir cuidados, desde que estes não estejam em conflito
com as normas aplicáveis;
03. Eu apoio o cliente em fazer perguntas de cuidados e verificar se nos entendemos;
04. Eu dou conselhos ao cliente sobre as questões de cuidados;
05. Eu dou ao cliente a oportunidade de procurar aconselhamento sobre questões de cuidados
de saúde em outros lugares também;
06. Encorajo o cliente a tomar decisões independentes sobre o plano de cuidados;
07. Tomarei decisões com o cliente sobre quando os cuidados serão prestados;
08. Eu tomo decisões com o cliente sobre quem irá fornecer os cuidados;
09. Levo a sério os desejos e preferências pessoais do cliente;
10. Eu respeito as escolhas/decisões do cliente (mesmo que eu discorde delas);
11. A partir do meu conhecimento profissional posso expressar minhas dúvidas sobre
escolhas/decisões com respeito ao cliente.
12. O plano de cuidados mostra que as necessidades/desejos e objetivos do cliente são centrais;
13. Na execução do atendimento adapto-me aos desejos e possibilidades do cliente;
14. Eu avalio regularmente o plano de cuidados e a execução dos cuidados com o cliente;
49

COMPETÊNCIA 2:

O enfermeiro apoia o cuidador na formulação das suas questões e desejos em relação a todo o
processo de cuidados e estimula a gestão pelo cliente. O enfermeiro/cuidador é capaz de lidar
com gargalos e áreas de tensão esperados.

01. Estou ciente de que o pedido do cliente é o ponto de partida para o atendimento a ser
prestado;
02. Encorajo o cliente a contribuir com o seu próprio conhecimento e experiência durante o
processo de cuidados;
03. Encorajo o cliente a assumir a responsabilidade pelo processo de cuidado;
04. Eu estimulo o cliente a orientar ativamente o processo de cuidados e a tomar decisões sobre
as atividades (diárias) de cuidados;
05. Encorajo o cliente a organizar e organizar o atendimento por si próprio;
06. Apoio e incentivo o cliente nas suas iniciativas;
07. Eu adapto o plano de cuidados aos desejos e demandas de cuidados do cliente.

COMPETÊNCIA 3:

A enfermeira procura activamente opções alternativas logo que surjam fronteiras pessoais,
profissionais e organizacionais.

01. Estou ciente das possibilidades e limitações organizacionais e posso formular ações de
melhoria nesta base;
02. Estou ciente das minhas possibilidades e limitações pessoais e profissionais e posso
formular ações de melhoria com base nisso;
03. Eu dou clareza ao cliente sobre as minhas possibilidades e limitações organizacionais e
pessoais;
04. Estou procurando ativamente maneiras alternativas de atender às necessidades de cuidados
do cliente dentro dos limites pessoais, profissionais ou organizacionais;
05. k ajudar os colegas a encontrar formas alternativas de satisfazer as necessidades do cliente
face a constrangimentos pessoais, profissionais ou organizacionais
06. Eu cuido das pré-condições na organização que apoiam a própria direção do cliente;
07. Estou aberto a críticas do cliente;
08. Estou aberto a críticas de colegas.

Espaço aberto:

Se você quiser responder a um ou mais itens do questionário, você pode indicar sua reação neste
espaço.
50

APÊNDICE I – Tradução 2 - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de


Competências

CUIDADO NO DIÁLOGO - ESCALA DE COMPETÊNCIAS

Instruções de preenchimento. Preencha o questionário com uma caneta preta ou azul.


Não use lápis ou caneta de cor diferente.
Coloque um X na caixa de sua escolha. Marque uma resposta por pergunta. Dúvida Em
seguida, escolha a caixa que melhor corresponde à sua opinião.
Nenhuma opinião ou não aplicável? Não entre na pergunta

INSTRUÇÃO

Indique para cada uma das afirmações abaixo até que ponto o comportamento descrito se aplica
a você
está na situação de trabalho com os clientes.

Existem quatro opções:

1 = não é realmente 2 = até um limite 3 = regularmente 4 = muito frequentemente


NB Se o cliente, por qualquer motivo, não for capaz de formular pedidos de assistência de
forma independente e para tomar decisões sobre o cuidado a ser prestado, o enfermeiro /
cuidador envolve os familiares do cliente por este meio.

COMPETÊNCIA 1:

O profissional de saúde passa pelo processo de cuidar a partir da perspectiva em diálogo com a
pessoa solicitando cuidado do cliente, com base na sua experiência profissional. A enfermeira
/ cuidador é capaz para lidar com os gargalos esperados e áreas de tensão.

01. Estou ciente do efeito da minha maneira de fazer contato no relacionamento com o cliente;
02. Eu dou ao cliente a oportunidade de fazer perguntas de saúde, desde que não entrem em
conflito com as normas aplicáveis;
03. Eu apoio o cliente em fazer perguntas de saúde e verificar se nos encontramos entender;
04. Eu aconselho o cliente em questões de cuidado;
05. Eu dou ao cliente a oportunidade de procurar aconselhamento sobre as questões de cuidado;
06. Encorajo o cliente a tomar decisões independentes sobre o plano de cuidados;
07. Junto com o cliente, tomo decisões sobre quando os cuidados serão concedidos;
08. Junto com o cliente, tomo decisões sobre quem vai prestar o atendimento;
09. Eu levo a sério os desejos e preferências pessoais do cliente;
10. Eu respeito as escolhas / decisões do cliente (mesmo que eu discorde delas)
11. A partir do meu conhecimento profissional, posso compartilhar minhas dúvidas sobre
escolhas / decisões com para mostrar respeito pelo cliente.
12. O plano de cuidados mostra que as necessidades / desejos e objetivos do cliente são centrais
ficar em pé;
13. Ao realizar o cuidado, me adapto aos desejos e possibilidades do cliente;
14. Eu avalio regularmente o plano de cuidados e a implementação de cuidados com o cliente.
51

COMPETÊNCIA 2:

O profissional de saúde apoia o beneficiário na formulação de suas dúvidas e desejos em relação


à de todo o processo de cuidado e, assim, estimula a gestão pelo cliente. A enfermeira /
cuidadora é capaz de lidar com os gargalos e áreas de tensão esperados.

01. Estou ciente de que a questão do cliente é o ponto de partida para o prestar cuidados;
02. Encorajo o cliente a trazer seu próprio conhecimento e experiência durante o processo de
cuidado;
03. Encorajo o cliente a assumir a responsabilidade pelo processo de cuidar;
04. Encorajo o cliente a orientar ativamente o processo de cuidado e as decisões assumir
atividades de cuidado (diário);
05. Encorajo o cliente a organizar e organizar os cuidados ele mesmo;
06. Apoio e incentivo ao cliente em suas iniciativas;
07. Eu ajustei o plano de cuidados aos desejos de mudanças e demandas de cuidados do cliente

COMPETÊNCIA 3:

O profissional de saúde procura ativamente por opções alternativas quando limites profissionais
e organizacionais.

01. Estou ciente das possibilidades e limitações organizacionais e posso continuar formular
ações de melhoria com base nisso;
02. Estou ciente das minhas possibilidades pessoais e profissionais e limitações e pode formular
ações de melhoria com base nisso;
03. Eu forneço clareza para o cliente sobre organizacional e meu pessoal possibilidades e
limitações;
04. Estou ativamente procurando opções alternativas para atender às necessidades de saúde do
cliente atender limites pessoais, profissionais ou organizacionais;
05. Eu apoio os colegas na busca de opções alternativas para a demanda do cliente para se reunir
com pessoal, profissional ou limites organizacionais
06. Eu cuido das condições da organização que apoiam apoiar a direção do próprio cliente;
07. Estou aberto a críticas do cliente;
08. Estou aberto a críticas de colegas.

Espaço aberto:

Se você quiser responder mais a um ou mais itens do questionário, você pode inserir sua
resposta neste espaço
52

APÊNDICE J – Síntese 1 - Questionário Cuidado centrado no paciente

QUESTIONÁRIO DE CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE

Instruções de preenchimento

- Preencha o questionário com caneta preta ou azul.


- Coloque um X na caixa de sua escolha.
- Marque somente uma resposta para cada pergunta.
- Em caso de dúvida, escolha a opção que melhor corresponda à sua opinião.

Declarações
Indique até que ponto você concorda com as seguintes declarações, marcando a resposta
correta. Classifique o quanto cada item é verdadeiro para você atribuindo-lhe um número de 1
a 5. Quanto maior o número, mais este item é frequente para você.
1 2 3 4 5

Nunca Quase nunca Frequentemente Quase sempre Sempre

Os cuidados que recebeu dos profissionais de saúde 1 2 3 4 5

1- Eu noto que os profissionais de saúde levam em conta meus


desejos pessoais.
2- Eu percebo que os profissionais de saúde deram atenção e
atenderam as chamadas ao leito.
3- Eu percebo que os profissionais de saúde levaram em conta o
que eu digo.
4- Eu e meus familiares tivemos oportunidade de sermos escutados
nos atendimento e cuidado recebidos e obtive esclarecimento quando
solicitado
5- Percebo que os profissionais de saúde me respeitaram e me
trataram com cortesia.
6- Os profissionais de saúde foram claros sobre qual
atendimento e cuidados eles são autorizados a fornecer ou não.
7- Eu acho que os profissionais de saúde às vezes dizem muito
rápido que algo não é possível.
8- Eu tive oportunidade de contribuir com meu próprio conhecimento
e experiência em relação aos atendimentos e cuidados que precisei.

9- Eu tive oportunidade de fazer aquilo que eu era capaz de fazer.

10- Tive ampla oportunidade de ajudar a decidir que cuidados


receberei

11- Tive ampla oportunidade de ajudar a decidir com que frequência


recebo cuidados
53

12- Tenho ampla oportunidade de ajudar a decidir como os cuidados


são prestado
13- Eu posso ajudar a determinar quando os prestadores de cuidados
virão me ajudar
14- Eu acho que há bastante consulta comigo sobre quem fornece os
cuidados

15- Tenho ampla oportunidade de organizar os meus cuidados

Se você quiser comentar um ou mais itens do questionário, poderá utilizar este espaço.

Dados demográficos
e socioeconômicos
Identificação ( ) 1.Paciente ( ) 2.Cuidador ( ) 3.Familiar ( ) 4.Outros
Sexo ( ) 1. Feminino ( ) 2. Masculino
Idade ( )1. De 12 a 18 anos ( )5. De 45 a 54 anos
( )2. De 18 a 24 anos ( )6. De 55 a 64 anos
( )3. De 25 a 34 anos ( )7. De 65 ou mais.
( )4. De 35 a 44 anos
Qual seu ( )1. Solteiro(a)
estado civil? ( )2. União estável
( )3. Casado(a)
( )4. Separado(a)
( ) 5. Viúvo(a)
( ) 6. Divorciado(a)
( ) 7. Outro
( ) 11. Não deseja informar
Você tem ( )1. Sim Quantos?
filhos? ( )2. Não
Qual a sua ( ) 1. Menos de 1 salário mínimo (R$998,00)
( ) 2. De um a menos de dois salários mínimos (entre R$998 e R$1996)
renda
( ) 3. De dois a menos de três salários mínimos (entre R$1996 e R$2994)
individual ( ) 4. De três a menos de quatro salários mínimos (entre R$2994 e R$3992)
( ) 5. De quatro a menos de cinco salários mínimos (entre R$3992 e R$4990)
mensal?
( ) 6. De cinco a menos de seis salários mínimos (entre R$4990 e R$5988)
( )7. De seis a menos de sete salários mínimos (entre R$5988 e R$6986)
( )8. De sete a menos de oito salários mínimos (entre R$6986 e R$7984)
( ) 9. De oito a menos de nove mínimos (entre R$7984 e R$8982)
( )10.Acima de dez salários mínimos (R$9980)
( ) 11. Não deseja informar
54

APÊNDICE K – Síntese 2 - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de Competências

ESCALA DE COMPETÊNCIAS CUIDADOS NO DIÁLOGO

A finalidade deste questionário é estimular sua reflexão sobre os comportamentos que você
coloca em prática durante o atendimento. Cada uma das declarações abaixo indica até que ponto
o comportamento descrito se aplica a você mesmo na situação de trabalho com os clientes.
Classifique a frequência e cada item para você atribuindo-lhe um número de 1 a 5. Quanto
maior o número, mais este item é verdadeiro para você. Coloque um X na caixa de sua escolha.

1 2 3 4 5

Nunca Quase nunca Frequentemente Quase sempre Sempre

Competência 1: Comunicação e diálogo com o cliente.


1 2 3 4 5

01. Estou ciente do efeito da minha maneira de me comunicar no


relacionamento com o cliente.
02. Dou ao cliente a oportunidade de abordar questões de interesse,
desde que não entrem em conflito com as orientações de risco
assistencial e normas hospitalares.
03. Apoio o cliente quanto aos questionamentos sobre o
atendimento e cuidado para verificar se nos entendemos.
04. Eu oriento o cliente sobre as questões relativas ao seu
atendimento e cuidado.
05- Eu dou ao cliente a oportunidade de procurar aconselhamento
sobre questões de cuidados de saúde em outros lugares também;

06- Encorajo o cliente a tomar decisões independentes sobre o plano


de cuidados;

07- Tomarei decisões com o cliente sobre quando os cuidados serão


prestados;

08- Eu tomo decisões com o cliente sobre quem irá fornecer os


cuidados;

09- Eu levo a sério as necessidades e preferências pessoais do


cliente.
10- Eu respeito as escolhas/decisões do cliente (mesmo que eu
discorde delas);

11. A partir do meu conhecimento profissional, eu posso expressar


minhas dúvidas sobre necessidades e preferências do cliente.
12- O plano de cuidados mostra que as necessidades e desejos do
cliente são centrais
55

13- Ao implementar o cuidado, avalio e discuto os desejos e


possibilidades do cliente.
14- Eu avalio regularmente o plano de cuidados juntamente com o
cliente e familiares.
Competência 2: Gestão compartilhada do cuidado com
o cliente. 1 2 3 4 5

01. Estou ciente de que a questão do cliente é o ponto de


partida para o atendimento a ser prestado.
02. Incentivo o cliente e familiares a trazerem seus próprios
conhecimentos e experiências durante o processo de cuidado.
03. Eu incentivo o cliente a assumir a responsabilidade
e organizar seu processo de autocuidado.
04. Eu estimulo o cliente a orientar ativamente o processo de
cuidados e a tomar decisões sobre as atividades (diárias) de cuidados;

05. Incentivo o cliente a organizar e organizar o atendimento por si


próprio;
06. Apoio e incentivo o cliente em suas iniciativas.

07.Eu adapto o plano terapêutico aos desejos de mudanças e


demandas de cuidados do cliente.

Competência 3: Comportamento Proativo. 1 2 3 4 5

01. Dou clareza ao cliente sobre as minhas possibilidades e limitações


institucionais e pessoais.
02. Eu procuro opções alternativas para atender à demanda do cliente
diante de limitações pessoais ou institucionais.
03. Auxílio os colegas na busca de formas alternativas para atender a
demanda do cliente diante de limitações pessoais ou institucionais.
04. Estou procurando ativamente maneiras alternativas de atender às
necessidades de cuidados do cliente dentro dos limites pessoais,
profissionais ou organizacionais;

05. Ajudar os colegas a encontrar formas alternativas de satisfazer


as necessidades do cliente face a constrangimentos pessoais,
profissionais ou organizacionais

06. Eu cuido das pré-condições na organização que apoiam a própria


direção do cliente;

07. Estou aberto às críticas dos clientes.


08. Estou aberto às críticas dos colegas.
56

Se você quiser comentar um ou mais itens do questionário, poderá utilizar este espaço.

________________________________________________________________________________________________________________________

Dados demográficos e
socioeconômicos do profissional
Qualificação ( )1. Nível técnico incompleto
( )2. Nível técnico completo
( )3. Ensino médio incompleto
( )4. Ensino médio completo
( )5. Ensino superior incompleto
( )6. Ensino superior completo
( )7. Pós-graduação stricto sensu Mestrado
( )8. Pós-graduação stricto sensu Doutorado
( )9. Pós-graduação lato sensu (especialização, MBA)

Formação ( )1.Médico ( )5.Psicólogo


Profissional ( )2.Enfermeiro ( )6.Técnico de enfermagem
( )3.Nutricionista ( )7.Fisioterapeuta
( )4.Fonoaudiólogo ( )8.Outro
Setor

Sexo ( ) 1. Feminino ( ) 2. Masculino

Idade ( )1. De 12 a 18 anos ( )5. De 45 a 54 anos


( )2. De 18 a 24 anos ( )6. De 55 a 64 anos
( )3. De 25 a 34 anos ( )7. De 65 ou mais.
( )4. De 35 a 44 anos
Qual a sua ( ) 1. Menos de 1 salário mínimo (R$998,00)
( ) 2. De um a menos de dois salários mínimos (entre R$998 e R$1996)
renda
( ) 3. De dois a menos de três salários mínimos (entre R$1996 e R$2994)
individual ( ) 4. De três a menos de quatro salários mínimos (entre R$2994 e R$3992)
( ) 5. De quatro a menos de cinco salários mínimos (entre R$3992 R$4990)
mensal? ( ) 6. De cinco a menos de seis salários mínimos (entre R$4990 e R$5988)
( ) 7. De seis a menos de sete salários mínimos (entre R$5988 e R$6986)
( ) 8. De sete a menos de oito salários mínimos (entre R$6986 e R$7984)
( ) 9. De oito a menos de nove mínimos (entre R$7984 e R$8982)
( )10. Acima de dez salários mínimos (R$9980)
( )11. Não deseja informar
57

APÊNDICE L – Síntese 3 - Avaliação dos especialistas – Questionário Cuidado centrado


no paciente

QUESTIONÁRIO DE CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE

Instruções de preenchimento

- Preencha o questionário com caneta preta ou azul.


- Coloque um X na caixa de sua escolha.
- Marque somente uma resposta para cada pergunta.
- Em caso de dúvida, escolha a opção que melhor corresponda à sua opinião.

Declarações

Indique até que ponto você concorda com as seguintes declarações, marcando a resposta
correta. Classifique o quanto cada item é verdadeiro para você atribuindo-lhe um número de 1
a 5. Quanto maior o número, mais este item é frequente para você.
1 2 3 4 5

Nunca Quase nunca Frequentemente Quase sempre Sempre

Os cuidados que recebeu dos profissionais de saúde 1 2 3 4 5

1- Eu noto que os profissionais de saúde levam em conta meus desejos


pessoais.
2- Eu percebo que os profissionais de saúde deram atenção e atenderam as
chamadas ao leito.
3- Eu percebo que os profissionais de saúde levaram em conta o que eu
digo.
4- Eu e meus familiares tivemos oportunidade de sermos escutados nos
atendimento e cuidado recebidos e obtivemos esclarecimentos quando
solicitado.
5- Percebo que os profissionais de saúde me respeitaram e me trataram
com cortesia.
6- Os profissionais de saúde foram claros sobre qual
atendimento e cuidados eles são autorizados a fornecer ou não.
7- Eu acho que os profissionais de saúde às vezes dizem muito rápido que
algo não é possível. (Avaliar exclusão)
8- Eu tive oportunidade de contribuir com meu próprio conhecimento e
experiência em relação aos atendimentos e cuidados que precisei.

9- Eu tive oportunidade de fazer aquilo que eu era capaz de fazer.

10- Tive ampla oportunidade de ajudar a decidir que cuidados receberei


(Avaliar exclusão)
58

11- Tive ampla oportunidade de ajudar a decidir com que frequência


recebo cuidados. (Avaliar exclusão)
12- Tenho ampla oportunidade de ajudar a decidir como os cuidados são
prestado (Avaliar exclusão)
13- Eu posso ajudar a determinar quando os prestadores de cuidados
virão me ajudar (Avaliar exclusão)
14- Eu acho que há bastante consulta comigo sobre quem fornece os
cuidados

15- Tenho ampla oportunidade de organizar os meus cuidados

Se você quiser comentar um ou mais itens do questionário, poderá utilizar este espaço.

Dados demográficos e
socioeconômicos
Identificação ( ) 1.Paciente ( ) 2.Cuidador ( ) 3.Familiar ( ) 4.Outros
Sexo ( ) 1. Feminino ( ) 2. Masculino
Idade ( )1. De 12 a 18 anos ( )5. De 45 a 54 anos
( )2. De 18 a 24 anos ( )6. De 55 a 64 anos
( )3. De 25 a 34 anos ( )7. De 65 ou mais.
( )4. De 35 a 44 anos
Qual seu ( )1. Solteiro(a)
estado civil? ( )2. União estável
( )3. Casado(a)
( )4. Separado(a)
( ) 5. Viúvo(a)
( ) 6. Divorciado(a)
( ) 7. Outro
( ) 11. Não deseja informar
Você tem ( )1. Sim Quantos?
filhos? ( )2. Não
Qual a sua ( ) 1. Menos de 1 salário mínimo (R$998,00)
( ) 2. De um a menos de dois salários mínimos (entre R$998 e R$1996)
renda
( ) 3. De dois a menos de três salários mínimos (entre R$1996 e R$2994)
individual ( ) 4. De três a menos de quatro salários mínimos (entre R$2994 e R$3992)
( ) 5. De quatro a menos de cinco salários mínimos (entre R$3992 e R$4990)
mensal?
( ) 6. De cinco a menos de seis salários mínimos (entre R$4990 e R$5988)
( )7. De seis a menos de sete salários mínimos (entre R$5988 e R$6986)
( )8. De sete a menos de oito salários mínimos (entre R$6986 e R$7984)
( ) 9. De oito a menos de nove mínimos (entre R$7984 e R$8982)
( )10.Acima de dez salários mínimos (R$9980)
( ) 11. Não deseja informar
59

APÊNDICE M – Síntese 4 - Avaliação dos especialistas - Questionário Cuidado no


Diálogo - Escala de Competências

ESCALA DE COMPETÊNCIAS CUIDADOS NO DIÁLOGO

A finalidade deste questionário é estimular sua reflexão sobre os comportamentos que você
coloca em prática durante o atendimento. Cada uma das declarações abaixo indica até que ponto
o comportamento descrito se aplica a você mesmo na situação de trabalho com os clientes.
Classifique a frequência e cada item para você atribuindo-lhe um número de 1 a 5. Quanto
maior o número, mais este item é verdadeiro para você. Coloque um X na caixa de sua escolha.

1 2 3 4 5

Nunca Quase nunca Frequentemente Quase sempre Sempre

Competência 1: Comunicação e diálogo com o cliente.


1 2 3 4 5

01. Estou ciente do efeito da minha maneira de me comunicar no


relacionamento com o cliente.(Avaliar exclusão)

02. Dou ao cliente a oportunidade de abordar questões de


interesse, desde que não entrem em conflito com as orientações
de risco assistencial e normas hospitalares.
(Avaliar exclusão)
03. Apoio o cliente quanto aos questionamentos sobre o
atendimento e cuidado para verificar se nos entendemos.
(Avaliar exclusão)
04. Eu oriento o cliente sobre as questões relativas ao seu
atendimento e cuidado. (Avaliar agrupamento)
05- Eu dou ao cliente a oportunidade de procurar aconselhamento
sobre questões de cuidados de saúde em outros lugares também;
(Avaliar exclusão)

06- Encorajo o cliente a tomar decisões independentes sobre o


plano de cuidados; (Avaliar exclusão)

07- Tomo decisões com o cliente sobre quando os cuidados serão


prestados; (Avaliar exclusão)

08- Eu tomo decisões com o cliente sobre quem irá fornecer os


cuidados; (Avaliar exclusão)

09- Eu levo a sério as necessidades e preferências pessoais do


cliente.
10- Eu respeito as escolhas/decisões do cliente (mesmo que eu
discorde delas). (Avaliar agrupamento)
60

11. A partir do meu conhecimento profissional, eu posso


expressar minhas dúvidas sobre necessidades e preferências do
cliente. (Avaliar exclusão)
12- O plano de cuidados mostra que as necessidades e desejos do
cliente são centrais
13- Ao implementar o cuidado, adapto-me aos desejos e
possibilidades do cliente.
14- Eu avalio regularmente o plano de cuidados juntamente com
o cliente e familiares.
Competência 2: Gestão compartilhada do cuidado
com o cliente. 1 2 3 4 5

01. Estou ciente de que a questão do cliente é o ponto de


partida para o atendimento a ser prestado.
(Avaliar exclusão)
02. Incentivo o cliente e familiares a trazerem seus próprios
conhecimentos e experiências durante o processo de cuidado.
03. Eu incentivo o cliente a assumir a responsabilidade
e organizar seu processo de autocuidado.
04. Eu estimulo o cliente a orientar ativamente o processo de
cuidados e a tomar decisões sobre as atividades (diárias) de
cuidados. (Avaliar exclusão)
05. Incentivo o cliente a organizar e organizar o atendimento por
si próprio; (Avaliar agrupamento)
06. Apoio e incentivo o cliente em suas iniciativas.

07.Eu adapto o plano de cuidados aos desejos de mudança e


demandas de cuidados do cliente.
Competência 3: Comportamento Proativo. 1 2 3 4 5

01. Dou clareza ao cliente sobre as minhas possibilidades e


limitações institucionais e pessoais. (Avaliar exclusão)
02. Eu procuro opções alternativas para atender à demanda do
cliente diante de limitações pessoais ou institucionais.
(Avaliar exclusão)
03. Auxílio os colegas na busca de formas alternativas para
atender a demanda do cliente diante de limitações pessoais ou
institucionais.
04. Procuro ativamente maneiras alternativas de atender às
necessidades de cuidados do cliente dentro dos limites pessoais,
profissionais ou organizacionais. (Avaliar exclusão)
05. Ajudar os colegas a encontrar formas alternativas de satisfazer
as necessidades do cliente face a constrangimentos pessoais,
profissionais ou organizacionais (Avaliar exclusão)
06. Eu cuido das pré-condições na organização que apoiam a
própria direção do cliente. (Avaliar exclusão)
07. Estou aberto às críticas dos clientes.
08. Estou aberto às críticas dos colegas.
61

Se você quiser comentar um ou mais itens do questionário, poderá utilizar este espaço.

Dados demográficos e
socioeconômicos do profissional
Qualificação ( )1. Nível técnico incompleto
( )2. Nível técnico completo
( )3. Ensino médio incompleto
( )4. Ensino médio completo
( )5. Ensino superior incompleto
( )6. Ensino superior completo
( )7. Pós-graduação stricto sensu Mestrado
( )8. Pós-graduação stricto sensu Doutorado
( )9. Pós-graduação lato sensu (especialização, MBA)

Formação ( )1.Médico ( )5.Psicólogo


Profissional ( )2.Enfermeiro ( )6.Técnico de enfermagem
( )3.Nutricionista ( )7.Fisioterapeuta
( )4.Fonoaudiólogo ( )8.Outro
Setor

Sexo ( ) 1. Feminino ( ) 2. Masculino

Idade ( )1. De 12 a 18 anos ( )5. De 45 a 54 anos


( )2. De 18 a 24 anos ( )6. De 55 a 64 anos
( )3. De 25 a 34 anos ( )7. De 65 ou mais.
( )4. De 35 a 44 anos
Qual a sua ( ) 1. Menos de 1 salário mínimo (R$998,00)
( ) 2. De um a menos de dois salários mínimos (entre R$998 e R$1996)
renda
( ) 3. De dois a menos de três salários mínimos (entre R$1996 e R$2994)
individual ( ) 4. De três a menos de quatro salários mínimos (entre R$2994 e R$3992)
( ) 5. De quatro a menos de cinco salários mínimos (entre R$3992 R$4990)
mensal? ( ) 6. De cinco a menos de seis salários mínimos (entre R$4990 e R$5988)
( ) 7. De seis a menos de sete salários mínimos (entre R$5988 e R$6986)
( ) 8. De sete a menos de oito salários mínimos (entre R$6986 e R$7984)
( ) 9. De oito a menos de nove mínimos (entre R$7984 e R$8982)
( )10. Acima de dez salários mínimos (R$9980)
( )11. Não deseja informar
62

APÊNDICE N – Retrotradução 1 - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de


Competências

COMPETENTIESCHAAL 'ZORG IN DIALOOG'

Instructies voor het invullen

• Vul de vragenlijst in met een zwarte of blauwe pen.


• Gebruik geen potlood of pen van een andere kleur.
• Plaats een kruisje in het vakje van uw keuze.
• Slechtéén antwoord per vraag.
• Twee kruisjes of een kruisje tussen twee vakjes is een ongeldige optie.
• Fout in het keuzevak? Maak het verkeerde vakje zwart/blauw en plaats een kruisje in het
vakje aan de rechterkant. Twijfel Kies dan de doos die het beste bij uw mening past.
• advies of niet van toepassing? Ga niet in op de vraag.

INSTRUCTIE Geef voor elk van de onderstaande verklaringen aan in hoeverre het beschreven
gedrag op u van toepassing is in de werksituatie met klanten.

Er zijn vier opties: 1 = niet echt 2 = beperkt 3 = beperkt 3 = regelmatig 4 = vaak 4 = zeer vaak

COMPETENTIE 1: De verpleegkundige/verzorger gaat door het proces van het zorgperspectief


van de cliënt, op basis van zijn of haar vakgebied, in samenspraak met de ontvanger van de
specialisatiezorg. De verpleegkundige/verpleger is in staat om de te verwachten knelpunten en
spanningsvelden op te vangen.

01. Ik ben me bewust van het effect van mijn manier van contact maken op de klantrelatie;
02. Ik geef de klant de mogelijkheid om zorgvragen te stellen zolang deze niet in strijd zijn
met de geldende normen;
03. Ik ondersteun de klant bij het stellen van gezondheidsvragen en ervoor zorgen dat we elkaar
begrijpen;
04. Ik adviseer de klant over zorgkwesties;
05. Ik geef de cliënt de mogelijkheid om advies in te winnen over andere zorgkwesties;
06. Ik moedig de cliënt aan om onafhankelijke beslissingen te nemen over het zorgplan;
07. samen met de klant beslis ik wanneer de dienst wordt verleend;
08. samen met de klant beslis ik wie de dienst gaat verlenen;
09. Ik neem de persoonlijke wensen en voorkeuren van de klant serieus;
10. Ik respecteer de keuzes / beslissingen van de klant (ook al ben ik het er niet mee eens);
11. Vanuit mijn professionele kennis kan ik mijn twijfels uiten over keuzes / beslissingen ten
opzichte van de klant.
12. uit het zorgplan blijkt dat de behoeften/wensen en doelstellingen van de cliënt centraal
staan;
13. bij het uitvoeren van de zorg pas ik me aan de wensen en mogelijkheden van de cliënt aan;
14. Ik evalueer regelmatig het zorgplan en de uitvoering van de klantenzorg;
63

COMPETENTIE 2: De verpleegkundige ondersteunt de zorgverlener bij het formuleren van


zijn/haar twijfels en wensen met betrekking tot het gehele zorgproces en stimuleert zo het
management van de cliënt. De verpleegkundige/verpleger is in staat om de te verwachten
knelpunten en spanningsvelden op te vangen.

01. Ik ben me ervan bewust dat het probleem van de klant het uitgangspunt is voor de te
verlenen service;
02. Ik moedig de cliënt aan om zijn eigen kennis en ervaring in te brengen tijdens het
zorgproces;
03. Ik moedig de klant aan om de verantwoordelijkheid te nemen voor het zorgproces;
04. Ik moedig de cliënt aan om het zorgproces actief te begeleiden en beslissingen te nemen
over zorgactiviteiten (dagelijks);
05. Ik moedig de cliënt aan om de zorg zelf te organiseren en te organiseren;
06. Ondersteuning en aanmoediging van de klant bij hun initiatieven;
07. Ik pas het zorgplan aan aan de wensen voor verandering en de vraag naar klantenservice.

COMPETENTIE 3: De verpleegkundige zoekt actief naar alternatieve opties wanneer er


persoonlijke, professionele en organisatorische beperkingen ontstaan.

01. Ik ben me bewust van de organisatorische mogelijkheden en beperkingen en kan op basis


hiervan verbeteracties formuleren;
02. Ik ben me bewust van mijn persoonlijke en professionele mogelijkheden en beperkingen
en kan op basis hiervan verbeteracties formuleren;
03. Ik geef de klant duidelijkheid over de organisatorische en persoonlijke mogelijkheden en
beperkingen;
04. Ik ben actief op zoek naar alternatieve mogelijkheden om tegemoet te komen aan de vraag
van de klant naar persoonlijke, professionele of organisatorische grenzen;
05. Het ondersteunen van collega's bij het zoeken naar alternatieve manieren om tegemoet te
komen aan de vraag van de klant met betrekking tot persoonlijke, professionele of
organisatorische grenzen.
06. Ik zorg voor de randvoorwaarden in de organisatie die het eigen management van de klant
ondersteunen.
07. Ik sta open voor kritiek van de klant;
08. Ik sta open voor kritiek van collega's.
64

APÊNDICE O – Retrotradução 2 - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de


Competências

OMVANG VAN DE BEVOEGDHEDEN 'AANWEZIGHEID IN DIALOOG'

Instructies voor het invullen

• Vul de vragenlijst in met een zwarte of blauwe pen.


• Gebruik geen ander gekleurd potlood of pen.
• Zet een kruis op de doos van uw keuze.
• Maximaal één antwoord per vraag.
• Twee kruisen of een kruising tussen twee vakjes is een ongeldige optie.
• Fout in selectievakje? Maak de verkeerde zwarte doos / blauw en plaats een kruis in de
rechter doos. Twijfel Kies dan de doos die het beste overeenkomt met uw mening.
• Advies of niet van toepassing? Kom niet in de vraag.

Instructie Geef voor elk van de onderstaande verklaringen aan in welke mate het beschreven
gedrag op u van toepassing is in de situatie van de klant.

Er zijn vier opties: 1 = niet echt 2 = beperkte vorm 3 = regelmatig 4 = zeer vaak

Competentie 1: De verpleegkundige/verzorger gaat door het proces van het verzorgen van het
perspectief van de cliënt, gebaseerd op zijn professional, in dialoog met de ontvanger van
gespecialiseerde zorg. De verpleegster/verzorger kan de knelpunten en spanningsgebieden
aanpakken die worden verwacht.

01. Ik ben me bewust van het effect van mijn manier om contact te maken met de relatie met
de cliënt;
02. Ik geef de cliënt de gelegenheid om zorgvragen te stellen, mits zij niet in strijd zijn met de
geldende normen;
03. Ik steun de cliënt om gezondheidsvragen te stellen en te zien of begrijpen wij elkaar;
04. Ik adviseer de cliënt op het gebied van zorg;
05. Ik geef de cliënt de mogelijkheid om advies te vragen over andere zorgkwesties;
06. Ik moedig de klant aan om onafhankelijke beslissingen te nemen over het zorgplan;
07. Samen met de klant maak ik een beslissing over het tijdstip waarop de dienst zal worden
verleend;
08. Samen met de klant maak ik beslissingen over wie de dienst zal verlenen;
09. Ik neem serieus de persoonlijke wensen en voorkeuren van de klant;
10. Ik respecteer de keuzes/beslissingen van de klant (zelfs als ik het niet eens ben);
11. Vanuit mijn professionele kennis kan ik mijn twijfels uiten over keuzes/beslissingen ten
aanzien van de klant.
12. Uit het zorgplan blijkt dat de behoeften/wensen en doelstellingen van de klant centraal
staan;
13. Bij het uitvoeren van de zorg, pas ik me aan aan de wensen en mogelijkheden van de cliënt;
14. Ik evalueer regelmatig het zorgplan en de implementatie van klantenzorg;
65

Competentie 2: De verpleegkundige ondersteunt de zorgverlener bij het formuleren van zijn


twijfels en verlangens in relatie tot het hele zorgproces en stimuleert daarmee het management
van de cliënt. De verpleegster/verzorger kan de knelpunten en spanningsgebieden aanpakken
die worden verwacht.

01. Ik ben mij ervan bewust dat de vraag van de klant het uitgangspunt is voor de
dienstverlening;
02. Ik moedig de klant aan om zijn eigen kennis en ervaring tijdens het zorgproces mee te
brengen;
03. Ik moedig de klant aan om de verantwoordelijkheid voor het zorgproces te nemen;
04. Ik moedig de cliënt aan om het proces van zorg en het nemen van beslissingen over
zorgactiviteiten (dagelijks) actief te begeleiden;
05. Ik moedig de klant aan om de zorg zelf te organiseren en te organiseren;
06. Ondersteuning en aanmoediging van de cliënt bij haar initiatieven;
07. Aanpassing van het zorgplan aan de wensen van verandering en de wensen van de klant

Competentie 3: De verpleegkundige zoekt actief naar alternatieve opties wanneer persoonlijke,


professionele en organisatorische grenzen ontstaan.

01. Ik ben me bewust van organisatorische mogelijkheden en beperkingen en kan op basis


daarvan verbeteringsacties formuleren;
02. Ik ben me bewust van mijn persoonlijke en professionele mogelijkheden en beperkingen en
kan op basis daarvan verbeteringsacties formuleren;
03. Ik geef de cliënt duidelijkheid over organisatorische en persoonlijke mogelijkheden en
beperkingen;
04. Ik zoek actief naar alternatieve opties om te voldoen aan de vraag van de klant naar
persoonlijke, professionele of organisatorische grenzen;
05. Ondersteuning van collega's bij het zoeken naar alternatieve manieren om te voldoen aan
de vraag van klanten in relatie tot persoonlijke, professionele of organisatorische beperkingen
06. Ik verzeker de randvoorwaarden in de organisatie die het eigen management van de klant
ondersteunen.
07. Ik sta open voor kritiek van de klant;
08. Ik sta open voor kritiek van collega's.
66

APÊNDICE P – Retrotradução 1 - Questionário do Cuidado centrado pelo paciente

KLANTGERICHTE SERVISSE VRAGENLIJST (CCCQ) KLANTPERSPECTIEFVR


AGENLIJST OVER VRAAGGESTUURDE ZORG

Instructies voor het invullen

• Vul de vragenlijst in met een zwarte of blauwe pen.


• Plaats een kruisje in het vakje van uw keuze.
• Voor elke vraag is maximaal één antwoord mogelijk.
• In geval van twijfel, kies de doos die het beste bij uw mening

past. Verklaringen

Vermeld de mate waarin u het eens bent met de volgende beweringen door het
juiste antwoord aan te duiden.
1-Ik ben het niet helemaal , 2-oneens , 3-weet niet / geen mening ,4- mee eens , 5-helemaal
mee eens

1. Ik merk dat de zorgverleners rekening houden met mijn persoonlijke wensen.


2. Ik realiseer me dat de verzorgers echt naar me luisteren.
3. Ik realiseer me dat de zorgverleners rekening houden met wat ik zei...
4. Ik heb ruimschoots de gelegenheid om te zeggen welke zorg ik nodig heb...
5. Ik begrijp dat professionals in de gezondheidszorg mijn beslissing respecteren als ik het
niet met hen eens ben.
6. Ik denk dat zorgverleners duidelijk zijn over wat ze kunnen en kunnen doen.
7. Ik denk dat zorgverleners soms te snel zeggen dat er iets niet mogelijk is.
8. Ik heb ruimschoots de gelegenheid om met mijn eigen kennis en ervaring een bijdrage te
leveren aan de zorg die ik nodig heb.
9. Ik heb ruimschoots de gelegenheid om te doen wat ik kan doen
10. Ik heb ruimschoots de gelegenheid om te helpen beslissen welke zorg ik zal krijgen...
11. Ik heb ruimschoots de gelegenheid om te helpen beslissen hoe vaak ik zorg krijg
12. Ik heb ruimschoots de gelegenheid om te helpen beslissen hoe de zorg wordt verleend.
13. Ik kan helpen bepalen hoe laat zorgverleners me komen helpen....
14. Ik denk dat er genoeg overleg met mij is over wie de zorg levert....
15. Ik heb genoeg gelegenheid om de zorg te organiseren en te organiseren.

SPANNING OPEN: Als u meer dan een of meer items in de enquête wilt beantwoorden,
kunt u uw antwoord in deze ruimte aangeven.
67

APÊNDICE Q – Retrotradução 2 - Questionário do Cuidado centrado pelo paciente

KLANTGERICHTE SERVISSE VRAGENLIJST (CCCQ) KLANTPERSPECTIEFVR


AGENLIJST OVER VRAAGGESTUURDE ZORG

Instructies voor het vullen

• Vul de vragenlijst in met een zwarte of blauwe pen.


• Plaats een kruis in het vak van uw keuze.
• Per vraag is maximaal één antwoord mogelijk.
• Kies bij twijfel het vakje dat het beste bij uw mening past.

Statements

Geef aan in hoeverre u het eens bent met de volgende stellingen door het juiste antwoord te
markeren.

1-Ik ben het niet helemaal , 2-oneens , 3-weet niet / geen mening ,4- mee eens , 5-helemaal
mee eens

1- Ik merk op dat zorgverleners rekening houden met mijn persoonlijke verlangens


2- Ik realiseer me dat zorgverleners echt naar me luisteren
3- Ik realiseer me dat zorgverleners rekening houden met wat ik zei
4- Ik heb voldoende gelegenheid om te zeggen dat ik zorg nodig heb
5- Ik realiseer me dat gezondheidswerkers mijn beslissing respecteren als ik het niet met hen
eens ben
6- Ik denk dat zorgverleners duidelijk zijn over wat ze kunnen en kunnen doen.
7- Ik denk dat zorgverleners soms te snel zeggen dat iets niet mogelijk is
8- Ik heb voldoende gelegenheid om mijn eigen kennis en ervaring over de zorg die ik nodig
heb bij te dragen.
9- Ik heb voldoende gelegenheid om te doen wat ik kan doen.
10- Ik heb voldoende gelegenheid om te helpen beslissen welke zorg ik zal ontvangen
11- Ik heb voldoende gelegenheid om te helpen beslissen hoe vaak ik zorg krijg
12- Ik heb ruim de gelegenheid om u te helpen beslissen hoe zorg wordt verleend
13- Ik kan u helpen bepalen wanneer zorgverleners me komen helpen
14- Ik denk dat er voldoende overleg met mij is over wie zorg verleent
15- Ik heb voldoende gelegenheid om zorg te organiseren en organiseren

OPEN RUIMTE: Als u meer dan een of meer enquête-items wilt beantwoorden, kunt u uw
antwoord in deze ruimte aangeven.
68

APÊNDICE R – Síntese 5 (Pré Teste) - Questionário Cuidado centrado no paciente

INSTRUMENTO QUESTIONÁRIO DE CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE

Instruções de preenchimento
- Preencha o questionário com caneta preta ou azul.
- Coloque um X na caixa de sua escolha.
- Marque somente uma resposta para cada pergunta.
- Em caso de dúvida, escolha a opção que melhor corresponda à sua opinião.

Declarações

Indique até que ponto você concorda com as seguintes declarações, marcando a resposta
correta. Classifique o quanto cada item é verdadeiro para você atribuindo-lhe um número de 1
a 5. Quanto maior o número, mais este item é frequente para você.
1 2 3 4 5

Nunca Quase nunca Frequentemente Quase sempre Sempre

Os cuidados que recebeu dos profissionais de saúde 1 2 3 4 5

1- Eu noto que os profissionais de saúde levam em conta meus


desejos pessoais.
2- Eu percebo que os profissionais de saúde deram atenção e
atenderam as chamadas ao leito.
3- Eu percebo que os profissionais de saúde levaram em conta o
que eu digo.
4- Eu e meus familiares tivemos oportunidade de sermos escutados
nos atendimento e cuidado recebidos e obtivevemos esclarecimentos
quando solicitado
5- Percebo que os profissionais de saúde me respeitaram e me
trataram com cortesia.
6- Os profissionais de saúde foram claros sobre qual
atendimento e cuidados eles são autorizados a fornecer ou não.
7- Eu acho que os profissionais de saúde às vezes dizem muito
rápido que algo não é possível.
8- Eu tive oportunidade de contribuir com meu próprio conhecimento
e experiência em relação aos atendimentos e cuidados que precisei.

9- Eu tive oportunidade de fazer aquilo que eu era capaz de fazer.

10- Eu tive oportunidade de falar dos meus medos e inseguranças


com os profissionais de saúde no decorrer dos atendimentos.
11- Eu sempre fui informado/esclarecido sobre o tipo de
atendimento e cuidado fornecido.
12- Toda a informação passada pelos profissionais de saúde, foi
fácil de entender.
69

Se você quiser comentar um ou mais itens do questionário, poderá utilizar este espaço.

Dados demográficos
e socioeconômicos
Identificação ( ) 1.Paciente ( ) 2.Cuidador ( ) 3.Familiar ( ) 4.Outros
Sexo ( ) 1. Feminino ( ) 2. Masculino
Idade ( )1. De 12 a 18 anos ( )5. De 45 a 54 anos
( )2. De 18 a 24 anos ( )6. De 55 a 64 anos
( )3. De 25 a 34 anos ( )7. De 65 ou mais.
( )4. De 35 a 44 anos
Qual seu ( )1. Solteiro(a)
estado civil? ( )2. União estável
( )3. Casado(a)
( )4. Separado(a)
( ) 5. Viúvo(a)
( ) 6. Divorciado(a)
( ) 7. Outro
( ) 11. Não deseja informar
Você tem ( )1. Sim Quantos?
filhos? ( )2. Não
Qual a sua ( ) 1. Menos de 1 salário mínimo (R$998,00)
( ) 2. De um a menos de dois salários mínimos (entre R$998 e R$1996)
renda
( ) 3. De dois a menos de três salários mínimos (entre R$1996 e R$2994)
individual ( ) 4. De três a menos de quatro salários mínimos (entre R$2994 e R$3992)
( ) 5. De quatro a menos de cinco salários mínimos (entre R$3992 e R$4990)
mensal?
( ) 6. De cinco a menos de seis salários mínimos (entre R$4990 e R$5988)
( )7. De seis a menos de sete salários mínimos (entre R$5988 e R$6986)
( )8. De sete a menos de oito salários mínimos (entre R$6986 e R$7984)
( ) 9. De oito a menos de nove mínimos (entre R$7984 e R$8982)
( )10.Acima de dez salários mínimos (R$9980)
( ) 11. Não deseja informar
70

APÊNDICE S – Síntese 6 (Pré Teste) - Questionário Cuidado no Diálogo - Escala de


Competências

INSTRUMENTO ESCALA DE COMPETÊNCIAS CUIDADOS NO DIÁLOGO

A finalidade deste questionário é estimular sua reflexão sobre os comportamentos que você
coloca em prática durante o atendimento. Cada uma das declarações abaixo indica até que ponto
o comportamento descrito se aplica a você mesmo na situação de trabalho com os clientes.
Classifique a frequência e cada item para você atribuindo-lhe um número de 1 a 5. Quanto
maior o número, mais este item é verdadeiro para você. Coloque um X na caixa de sua escolha.

1 2 3 4 5

Nunca Quase nunca Frequentemente Quase sempre Sempre

Competência 1: Comunicação e diálogo com o cliente.


1 2 3 4 5

01. Estou ciente do efeito da minha maneira de me comunicar no


relacionamento com o cliente.
02. Dou ao cliente a oportunidade de abordar questões de interesse,
desde que não entrem em conflito com as orientações de risco
assistencial e normas hospitalares.
03. Apoio o cliente quanto aos questionamentos sobre o
atendimento e cuidado para verificar se nos entendemos.
04. Eu oriento o cliente sobre as questões relativas ao seu
atendimento e cuidado.
05. Eu levo a sério as necessidades e preferências pessoais do
cliente.
06. A partir do meu conhecimento profissional, eu posso expressar
minhas dúvidas sobre necessidades e preferências do cliente.
07. O plano de cuidados mostra que as necessidades/desejos do
cliente são centrais.
08. Ao implementar o cuidado, avalio e discuto os desejos e
possibilidades do cliente.
09. Eu avalio regularmente o plano de cuidados juntamente com o
cliente e familiares.
Competência 2: Gestão compartilhada do cuidado com
o cliente. 1 2 3 4 5

01. Estou ciente de que a questão do cliente é o ponto de


partida para o atendimento a ser prestado.
02. Incentivo o cliente e familiares a trazerem seus próprios
conhecimentos e experiências durante o processo de cuidado.
03. Eu incentivo o cliente a assumir a responsabilidade e
organizar seu processo de autocuidado.
04. Apoio e incentivo o cliente em suas iniciativas.
71

05.Eu adapto o plano de cuidados aos desejos de mudança e


demandas de cuidados do cliente e familiares.
Competência 3: Comportamento Proativo. 1 2 3 4 5

01. Dou clareza ao cliente sobre as minhas possibilidades e


limitações institucionais e pessoais.
02. Eu procuro opções alternativas para atender à demanda do
cliente diante de limitações pessoais ou institucionais.
03. Auxílio os colegas na busca de formas alternativas para atender
a demanda do cliente diante de limitações pessoais ou
institucionais.
04. Estou aberto às críticas dos clientes.
05. Estou aberto às críticas dos colegas.

Se você quiser comentar um ou mais itens do questionário, poderá utilizar este espaço.

________________________________________________________________________________________________________________________

Dados demográficos e socioeconômicos


do profissional
Qualificação ( )1. Nível técnico incompleto ( )7. Pós-graduação stricto sensu Mestrado
( )2. Nível técnico completo ( )8. Pós-graduação stricto sensu Doutorado
( )3. Ensino médio incompleto ( )9. Pós-graduação lato sensu (especialização, MBA)
( )4. Ensino médio completo
( )5. Ensino superior incompleto
( )6. Ensino superior completo

Formação ( )1.Médico ( )5.Psicólogo


Profissional ( )2.Enfermeiro ( )6.Técnico de enfermagem
( )3.Nutricionista ( )7.Fisioterapeuta
( )4.Fonoaudiólogo ( )8.Outro
Setor

Sexo ( ) 1. Feminino ( ) 2. Masculino

Idade ( )1. De 12 a 18 anos ( )5. De 45 a 54 anos


( )2. De 18 a 24 anos ( )6. De 55 a 64 anos
( )3. De 25 a 34 anos ( )7. De 65 ou mais.
( )4. De 35 a 44 anos
Qual a sua ( ) 1. Menos de 1 salário mínimo (R$998,00)
( ) 2. De um a menos de dois salários mínimos (entre R$998 e R$1996)
renda
( ) 3. De dois a menos de três salários mínimos (entre R$1996 e R$2994)
individual ( ) 4. De três a menos de quatro salários mínimos (entre R$2994 e R$3992)
( ) 5. De quatro a menos de cinco salários mínimos (entre R$3992 R$4990)
mensal? ( ) 6. De cinco a menos de seis salários mínimos (entre R$4990 e R$5988)
( ) 7. De seis a menos de sete salários mínimos (entre R$5988 e R$6986)
( ) 8. De sete a menos de oito salários mínimos (entre R$6986 e R$7984)
( ) 9. De oito a menos de nove mínimos (entre R$7984 e R$8982)
( )10. Acima de dez salários mínimos (R$9980)
( )11. Não deseja informar
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APÊNDICE T – Roteiro de entrevistas com colaboradores

• Conte um pouco de sua história profissional desde o ingresso nesse hospital.


• Desde que você ingressou aqui quais foram as principais mudanças que você vivenciou no
modelo de assistência e cuidado do paciente?
• Como você descreve o modelo de cuidado praticado no hospital hoje? Quais são suas
características centrais?
• Você conhece o modelo de cuidado centrado no paciente? Explique com suas palavras
como esse cuidado centrado no paciente acontece.

“O cuidado centrado prevê que profissionais de saúde devem trabalhar colaborativamente com
o paciente, construindo um tratamento que esteja adaptado às suas necessidades individuais, e
não na doença em si. As partes interessadas se concentraram em melhorar a experiência do
paciente contemplando elementos da qualidade da saúde e satisfação do paciente”.

• Você considera que este modelo está vigente no hospital hoje?


• Se a resposta for não explique por que?
• Se a resposta for sim explique como e dê exemplos.
• Você foi treinado e qualificado para dar esse tipo de assistência ao paciente? Como? Dê
exemplos.
• O que mudou na relação com o paciente?
• O que mudou na relação entre os membros das equipes multiprofissionais?
• Todos os profissionais de saúde aderiram ao novo modelo?
• Se a resposta for não explique por que?
• Quais seriam os principais desafios e benefícios desse modelo centrado no paciente?
• Quais seriam os obstáculos/ dificuldades de implantação desse modelo centrado no
paciente?
73

ANEXO A – Questionário Original Cuidado Centrado no Paciente


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ANEXO B – Questionário Original do Cuidado no Diálogo - Escala de Competências


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76

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