Xilogravura F1
Xilogravura F1
Xilogravura F1
Xilogravura prática
O que é xilogravura?
Por onde começar
Materiais necessários A xilogravura não se
Impressão e outras técnicas similares restringe ao gosto pela
madeira, pelo corte e as
suas surpresas. Há ainda
a imensa possibilidade da
multiplicação da imagem,
que é a razão primeira de sua
Xilogravura de Lyonel Feininger
existência e difusão.
Anico Herskovits
Fascículo 1 1
Introdução
Fascículo 1 2
O que é xilogravura?
Arquivo IBS
mação de Joana Geraldes, que ilustra bem o pro-
cesso.
Para fazer uma xilogravura é preciso uma pran- lápis, o que também vai variar de acordo com a
cha de madeira (ou similar) e uma ou mais fer- madeira, como veremos adiante.
ramentas de corte, com as quais se entalha a
prancha de acordo com o desenho planejado. Depois de gravada, a matriz recebe uma fina
camada de tinta espalhada com um rolinho de
O desenho pode ser esboçado diretamente na
borracha. Para fazer a impressão, basta posicio-
madeira ou em um papel qualquer, sendo trans-
nar uma folha de papel sobre a prancha entin-
ferido posteriormente para a placa com carbo-
tada e fazer pressão manualmente, esfregando
no. É importante ter em mente que as áreas ca-
vadas não tocarão o papel e não receberão tinta. o verso do papel com uma colher, ou mecanica-
A imagem vista na madeira sairá espelhada na mente, com a ajuda de uma prensa. É um pro-
impressão; no caso de haver texto, gravam-se cesso de decalque no qual a tinta será transfe-
as letras invertidas. Quanto mais simplificado rida para o papel. Depois, é só retirar o papel da
o desenho, melhor, pois as ferramentas de cor- madeira e a impressão está pronta para a etapa
te não conseguem ter a mesma precisão de um de secagem.
Luciano Ogura
Arquivo IBS
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A escolha da madeira
A escolha da madeira está intimamente ligada Em trabalhos onde a marca deixada pela
ao projeto que se pretende desenvolver. ferramenta faz parte da composição e da
Um desenho delicado é desaconselhado em expressão do desenho, as madeiras mais
madeiras mais abertas, cujas fibras lascam. abertas podem ser interessantes, ajudando
O ideal, nesse caso, é utilizar madeiras mais a criar texturas e efeitos. Cedro e sumaúma
compactas, que oferecem resistência para dar são exemplos de madeiras cujos veios ficam
firmeza a linhas mais sutis. Umburana, pau- evidenciados.
marfim, marupá e peroba-rosa são exemplos de
madeiras compactas e firmes para o entalhe de É importante experimentar diversas madeiras
linhas delicadas. Ao mesmo tempo, há madeiras para que seja possível decidir qual delas
menos compactas, com fibras desordenadas, responde melhor às ferramentas e ao trabalho
que não se prestam aos trabalhos delicados. desejado.
À esquerda: Rhinocerus, de
Albrecht Dürer, exemplo de
trabalho minucioso, grava-
do em madeira compacta.
Wikimedia Commons
A madeira pode ser cortada em tábuas, as quais mogênea, as ferramentas correm bem em todas
chamamos de madeira de fio, ou em rodelas, de- as direções, sem produzir lascas, o que permite
nominadas madeiras de topo. uma riqueza de detalhes. No próximo fascículo,
veremos as xilogravuras de Thomas Bewick, o
Na madeira de fio, extraída da secção longitudi-
inglês que desenvolveu a xilogravura de topo.
nal do tronco da árvore, as fibras correm numa
única direção, formando veios visíveis. O corte
contra os veios, em muitos casos, oferece re-
sistência produzindo lascas. Os nós da madeira
também podem ser empecilhos para que as fer-
ramentas cortem livremente, não permitindo
trabalhos tão delicados.
Na madeira de topo, as mesmas fibras que ve-
web.colby.edu
Fascículo 1 4
O compensado ou contraplacado, prancha
composta por fibras de madeira sobrepostas
coladas sob forte pressão, sempre recebe como
cobertura uma fina chapa de madeira de fio.
Sendo assim, o trabalho nela realizado pode ser
considerado xilogravura de fio.
Reprodução
Placas de MDF cru, que normalmente são usadas nas oficinas
práticas de xilogravura do IBS.
Carolina Lopes
Reprodução
Reprodução
Preparo da madeira
Fascículo 1 5
Para tapar furos e defeitos na placa, é possível
utilizar uma pasta caseira de cola branca
com uma quantidade considerável de pó de
madeira, extraída durante o lixamento. Tapa-
se o buraco com essa pasta densa, aguarda-
Estimular o reaproveitamento
de recursos naturais e a recicla-
gem de materiais para reduzir
o desperdício é uma das metas
dos Objetivos de Desenvolvi-
mento Sustentável.
Fascículo 1 6
Gravação da matriz
Arquivo IBS
de corte. Cada uma tem suas características e
produzem diferentes resultados na matriz.
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Suportes para apoiar a madeira
Impressão
Reprodução
o rolinho de borracha e a tinta gráfica a base de
óleo. A tinta deve ser batida com a ajuda de uma
espátula antes do uso, para que o pigmento se
misture perfeitamente ao óleo. Depois de batida,
uma pequena parte dessa porção deve ser espa-
lhada com a espátula sobre uma superfície lisa.
Carolina Lopes
Batendo a tinta para incorporar melhor o pigmento e o óleo. Carregando o rolinho de borracha com tinta.
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Arquivo IBS O rolinho deve terminar de espalhar a porção de
tinta separada até que fique bem esticada, como
se fosse um fino tapete de tinta. A tinta carrega-
da no rolinho deve formar apenas uma película.
O excesso de tinta no rolinho pode estragar a
impressão, pois pode atingir as áreas escavadas.
Reprodução
Arquivo IBS
Fascículo 1 9
Se quiser verificar se a impressão está ficando
boa, levante apenas uma parte do papel antes
de retirá-lo por completo. Assim, poderá refor-
çar o decalque com a colher em alguma área que
ainda não esteja bem impressa.
Retire com cuidado o seu papel da matriz e colo-
que para secar em um varal previamente esten-
Arquivo IBS
dido. A tinta gráfica demora cerca de uma sema-
na para secar completamente.
Limpeza do material
Uma atenção especial deve ser dedicada à lim- 4. Para limpar a matriz, utilize somente jornal
peza do material após o uso. A tarefa deve ser com óleo. A estopa gruda nos fiapos de ma-
compartilhada entre os participantes para que deira e a água pode danificar a placa. A matriz
todos tenham autonomia para montar e des- nunca terá novamente a cor da madeira ao
montar o ateliê portátil. Todos os materiais de- menos que seja muito bem lixada.
vem ser bem limpos, incluindo as matrizes, o 5. Se sobrar tinta, não devolva na embalagem:
que garante durabilidade a todos eles. embale numa trouxinha de plástico bem fe-
chada para não ressecar.
Você vai precisar de:
jornais velhos;
Carolina Lopes
estopa;
óleo de soja;
borrifador com água;
luva de borracha.
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O ateliê portátil e a organização do espaço
Para iniciar os trabalhos é preciso escolher um • Antes de fechar a lata de tinta, cubra-a com
local apropriado e organizar os materiais de for- um plástico grosso, para que não resseque ao
ma adequada. Segue uma lista de cuidados para contato com o ar.
auxiliar na organização: • Ao recolher, mantenha todos os materiais jun-
• Escolha um local arejado para montar o ateliê, tos para que nenhuma peça se perca. Assim,
pois a tinta gráfica tem cheiro forte. O local o ateliê portátil poderá ser montado sempre
deve ter tamanho suficiente para acomodar que necessário.
com conforto e segurança todas as pessoas
que irão trabalhar.
• Separe uma mesa para a entintagem e outras
duas mesas grandes e firmes para a gravação
da madeira e a impressão. Forre tudo com jor-
nal.
• Mantenha os papéis a serem impressos lon-
ge das tintas, bem como as mãos limpas para
manuseá-los.
• Encaixe o apoio portátil individual na mesa:
ele evita acidentes com as ferramentas.
• Monte o ateliê completo antes de começar as
atividades. Deixe tudo a mão, pronto para ser
usado.
• Recomenda-se o uso de avental ou de roupas
velhas, bem como luvas para manusear a tin-
ta.
• Ao finalizar as atividades, lembre-se de lim-
Arquivo IBS
par muito bem os materiais: a durabilidade
deles depende disso.
Lembre-se que a limpeza faz parte do aprendizado, tanto no que diz respeito à conservação
dos materiais quanto no que tange à cidadania: se todos sujam, todos tem a responsabilidade
de limpar e organizar materiais e espaço após o trabalho.
Reprodução
Madeiras variadas
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Técnicas alternativas de gravura em relevo
Como dissemos acima, as ferramentas de corte Com elas, as crianças poderão experimentar co-
para produzir as matrizes xilográficas são ina- nhecimentos como composição, gravação, coor-
dequadas para crianças menores de 14 anos. denação motora, reaproveitamento, multiplica-
Além de oferecer perigo por conta das lâminas, ção da imagem, e tudo isso a partir de temas que
as crianças não têm força suficiente para domi- o professor pode desencadear, conforme suas
nar as ferramentas e acabam se frustrando com necessidades pedagógicas.
a tarefa. Crianças menores gostam de resulta-
Arquivo IBS
dos rápidos, o que não é o forte da xilogravura,
pois exige paciência e concentração para reali-
zar a gravação.
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COLAGRAVURA
Arquivo IBS
base maior de papelão ou outro material
firme, elaborando uma composição sobre o
tema a ser desenvolvido. Os elementos de-
verão estar bem colados e firmes.
Após a conclusão da matriz, use o rolinho
adequado, com a tinta escolhida e entinte
apenas a superfície do trabalho. Coloque o
papel de uma vez sobre a matriz e decalque
com a colher, tal qual o procedimento da im-
pressão xilográfica. Segure a folha com fir-
meza durante a impressão, pois as matrizes
de colagravura tem menos pontos de con-
tato com o papel, que pode se deslocar com
facilidade.
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Fascículo 1 13
ISOGRAVURA
Arquivo IBS
ternativo mais parecido com a xilogravura
e, por isso, antecipa bem a lógica de confec-
ção de uma matriz xilográfica. Na isogravura
usamos, como matriz, bandejinhas de isopor
reaproveitadas de embalagens de alimen-
tos.
Você vai precisar de:
• bandejas de isopor – de preferência, rea-
proveitadas - sem as laterais (é só cortar,
vamos utilizar somente o fundo das ban-
dejas);
• canetas tipo Bic;
• tinta à base d’água (guache ou PVA) ou tin-
ta gráfica;
• rolo de espuma (tinta guache ou PVA) ou
rolo de borracha (tinta gráfica);
• papel para imprimir. Coloque o papel por cima da matriz, como se fosse impri-
mir uma xilogravura, e decalque a tinta com a ajuda de
Grave seu desenho na matriz, pressionando uma colher de pau.
a caneta sobre a placa de isopor. Procure ex-
plorar as texturas e os contrastes que a téc-
nica pode oferecer.
Reprodução
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Potencial das atividades
Para mostrar o potencial das atividades práticas Clique aqui para conferir a importância dos pro-
com xilogravura e técnicas similares, apresen- jetos de arte na vida de crianças e jovens, as-
tamos um dos livros do acervo IBS, “Animais”, de sistindo esse vídeo com o depoimento de Denis
autoria de Arnaldo Antunes, todo ilustrado com Araújo, integrante do Grupo Xiloceasa
xilogravuras criadas por jovens do Grupo Xiloce-
asa.
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Referências Bibliográficas
HERSKOVITS, Anico. Xilogravura: arte e técnica. Porto Alegre: Tchê! Editora, 1986.
TATIT, Ana; MACHADO, Maria Silvia M. 300 propostas de artes visuais. São Paulo: Edições Loyola,
2012.
Referências na Internet
Agradecimentos
Carmélia Menezes
Diogo Salles
Luciano Ogura Buralli
Rociania Barreto
Taciane Motta Marconato
Zenaide Campos Farias
Arquivo IBS
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para fotos ou contextos de projetos apresentados
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