Intercorrencia Clinica GRAVIDEZ
Intercorrencia Clinica GRAVIDEZ
Intercorrencia Clinica GRAVIDEZ
gestante e da criança
GRAVIDEZ:
Cuidado centrado na saúde da
Ainda que se tenha reduzido a morbimortalidade materno-
A importância
infantil (5° ODM), há ainda um grau elevado de óbitos
da atenção
devido a causas indiretas,
básica no
Criação da Rede Cegonha pelo Ministério da Saúde em 2011,
pré-natal
implantada gradativamente em todo o país,
Os fatores de risco deverão ser identificados em destaque no Cartão da Gestante, uma vez que tal
procedimento contribui para alertar os profissionais de saúde que realizam o acompanhamento pré-natal,
Todos essas condutas devem ser executadas na primeira semana do pré-natal e mantidas no
1° trimestre, como o acompanhamento dos resultados de exames, dos sintomas e a
progressão da gestação.
Os métodos para esta estimativa dependem da data da última menstruação
(DUM), que corresponde ao primeiro dia de sangramento do último ciclo
Cálculo da menstrual referido pela mulher., quando ela é conhecida, certa,
I. Quando ela é regular e na ausência de métodos anticoncepcionais hormonais.
idade
> Uso do calendário: some o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da
gestacional consulta, dividindo o total por sete (resultado em semanas);
> Uso de disco (gestograma): coloque a seta sobre o dia e o mês correspondentes ao
1° dia e mês do último ciclo menstrual e observe o número de semanas indicado no
dia e mês da consulta atual,
II. Quando a data da última
menstruação é desconhecida, mas > Até a 6ª sem., não ocorre alteração do tamanho
uterino;
se conhece o período do mês em
> Na 8ª sem., o útero corresponde ao dobro do
que ela ocorreu: normal;
> Se o período foi no início, > Na 10ª sem., o útero corresponde a três vezes o
meio ou fim do mês, habitual;
considere como data da > Na 12ª sem., o útero enche a pelve, de modo que é
palpável na sínfise púbica;
última menstruação os dias
> Na 16ª sem., o fundo uterino encontra-se entre a
5, 15 e 25, respectivamente e sínfise púbica e a cicatriz umbilical;
proceder com as instruções > Na 20ª semana, o fundo do útero encontra-se na
acima, altura da cicatriz umbilical;
III. Quando a data e o período da >A partir da 20ª sem., existe relação direta entre as
última menstruação são semanas da gestação e a medida da altura
uterina. Porém, este parâmetro torna-se menos fiel a
desconhecidos (altura uterina):
partir da 30ª semana de idade gestacional.
Calcula-se a data provável do parto levando-se em consideração a duração
média da gestação normal (280 dias ou 40 semanas, a partir da DUM),
Cálculo da mediante a utilização de calendário.
data provável do Com o disco (gestograma), coloque a seta sobre o dia e o mês
correspondentes ao 1° dia e mês da última menstruação e observe a seta na
parto data (dia e mês) indicada como data provável do parto.
Outra forma de cálculo consiste em somar sete dias ao primeiro dia da última menstruação e
subtrair três meses ao mês em que ocorreu a última menstruação (ou adicionar nove meses, se
corresponder aos meses de janeiro a março). Esta forma de cálculo é chamada de Regra de
Näegele. Nos casos em que o número de dias encontrado for maior do que o número de dias do
mês, passe os dias excedentes para o mês seguinte, adicionando 1 (um) ao final do cálculo do
mês.
A avaliação do estado nutricional da gestante consiste na tomada da medida do
Avaliação do peso e da altura e o cálculo da semana gestacional, o que permite a
classificação do índice de massa corporal (IMC) por semana gestacional.
estado nutricional
e do ganho Com base no IMC obtido na primeira consulta de pré-natal, é possível
de peso conhecer o estado nutricional atual e acompanhar o ganho de peso até o
final da gestação. Recomenda-se que a gestante seja pesada em todas as
gestacional consultas. A estatura pode ser aferida apenas na primeira consulta, desde
que não seja gestante adolescente, cuja medida deve ser aferida
trimestralmente,
Deve realizar o acompanhamento do estado nutricional utilizando o gráfico de IMC por semana
gestacional. O gráfico é composto por um eixo horizontal, com valores de semana gestacional, e
por um eixo vertical, com valores de IMC [peso (kg)/altura2 (m)]. A avaliação do estado
nutricional é capaz de fornecer informações importantes para prevenção e o controle de
agravos à saúde e à nutrição.
A pressão arterial deve ser aferida em TODAS as consultas.
A percepção materna e a constatação objetiva de movimentos fetais, além do crescimento uterino, são
sinais de boa vitalidade fetal.
O feto pode estar em situação longitudinal (mais comum) ou transversa. A situação transversa reduz a
medida de altura uterina, podendo falsear sua relação com a idade gestacional. As apresentações mais
frequentes são a cefálica e a pélvica.
Na região sacra:
- Posicione a gestante em decúbito lateral ou sentada;
- Pressione a pele, por alguns segundos, na região sacra,
com o dedo polegar. O edema fica
evidenciado mediante presença de depressão duradoura
no local pressionado.
Folato peri-concepcional: tem forte efeito protetor contra defeitos do tubo neural.
Deve ser usado rotineiramente pelo menos dois meses antes e nos dois primeiros
meses da gestação. Mulheres que tiveram fetos ou neonatos com defeitos do tubo
neural têm que usar folato continuamente se ainda desejam engravidar.
Cálcio: seu uso parece ser benéfico em mulheres que apresentam alto risco de desenvolver hipertensão na
gestação e naquelas que têm baixa ingestão de cálcio.
Zinco: não existem evidências suficientes para avaliar os efeitos do seu uso na gravidez. Os
possíveis efeitos benéficos sobre a prevenção do trabalho de parto prematuro necessitam
de novas avaliações
Intercorrências
clínicas mais
frequentes no
periodo
gestacional
Definição e epidemiologia:
Síndrome É definida como um conjunto de doenças que têm como manifestação
Hipertensiva da clínica principal o aumento dos níveis pressóricos na gestante
É a doença que mais frequentemente complica a gravidez, acometendo de
Gestação 5% a 10% das gestações
Está entre as principais causas de morbimortalidade materna e perinatal
(em especial em países em desenvolvimento)
Diagnóstico:
É dado quando os níveis pressóricos são iguais ou
superiores a 140/90 mmHg
Para uma constatação efetiva, a aferição da pressão
deve ser feita de maneira seriada, sendo necessário
realiza-la pelo menos duas vezes, com um intervalo
de 4 horas
Exame de proteinúria também pode ser necessário
É importantíssimo diferenciar a hipertensão que antecede
a gravidez, daquela que é uma condição específica da
mesma, ou seja, uma mulher pré-hipertensa daquela que
desenvolveu a Síndrome Hipertensiva da Gestação.
Aspecto fisiológico x má adaptação da gravidez
Classificações:
De acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, tal
síndrome pode ser classificada em quatro categorias
principais:
Pré-eclâmpsia/eclâmpsia;
Hipertensão crônica;
Pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica;
Hipertensão gestacional.
Pré-eclâmpsia
Esta condição não está associada a edema e proteinúria (salvo se houver dano renal antes da
gravidez).
Pré-eclâmpsia sobreposta à
hipertensão crônica
Corresponde à hipertensão arterial na qual a paciente previamente hipertensa
desenvolveu proteinúria na primeira metade da gestação e após 20 semanas, quando
verificou-se o aumento repentino no valor da proteinúria ou da pressão arterial
previamente controlada, acompanhados de trombocitopenia ou anormalidades da
função hepática.
Em razão disso a condição pode ser definida como transitória, embora possa haver
recorrência em 80% dos casos de gerações subsequentes. Acredita-se que tais
mulheres são propensas a desenvolver hipertensão arterial essencial no futuro.
Fatores de risco
Os fatores que podem contribuir para o aumento das chances da gestante desenvolver uma das formas
da Síndrome Hipertensiva da Gestação são: primiparidade, diabetes mellitus, gestação gemelar, história
familiar de pré-eclâmpsia e eclâmpsia, hipertensão arterial crônica, ocorrência de pré-eclâmpsia
sobreposta em gestação prévia, hidropsia fetal (não imune), gestação molar.
Outros fatores com evidência mais fraca: IMC > 25,8, idade materna maior do que 35 anos, uso de método
anticoncepcional de barreira, aborto prévio, ganho excessivo de peso.
Prevenção
No caso da pré-eclâmpsia, alguns métodos preventivos podem ser recomendados à
gestante como a prescrição de ácido acetilsalicílico para mulheres que apresentarem
risco moderado ou elevado de ocorrência da doença; além disso, a realização da
suplementação de cálcio em gestantes de risco (também moderado ou elevado)
também pode ser aconselhada.
Tratamento
Para realizar o controle da pressão das pacientes acometidas pela síndrome pode ser
necessário a utilização de fármacos anti-hipertensivos em alguns determinados
casos.
Em casos de pré-eclâmpsia, no geral, evita-se a utilização de IECAs, BRAs e diuréticos.
Além disso, o uso de sulfato de magnésio pode ser recomendado para prevenir
eclâmpsia em mulheres com pré-eclâmpsia grave.
Em casos de hipertensão crônica, recomenda-se o início ou a reinstituição do
tratamento medicamentoso com PA sistólica > 150mmHg e PA diastólica de 95 a
99mmHg ou sinais de lesão em órgão-alvo. Para gestantes portadoras de HAS crônica
que estão em uso de anti-hipertensivos e com PA < 120/80mmHg, recomenda-se
reduzir ou mesmo descontinuar o tratamento e iniciar monitoramento cuidadoso da
PA. Esse tratamento é o mesmo para gestantes com HAS pré-existente. Os tiazídicos
podem ser continuados em gestantes com HAS crônica, desde que não promovam
depleção de volume.
É importante salientar, também, que o uso de anti-hipertensivos deve se realizado com grande cautela
visto que a diminuição excessiva da PA pode acarretar no comprometimento do bem-estar fetal
devido ao agravamento da perfusão placentária, já prejudicada pelo processo fisiopatológico
Além disso, a utilização de anti-hipertensivos na mulher que está amamentando merece alguns
cuidados. É necessário considerar que todos os medicamentos, de alguma forma e com diferentes
concentrações, passam para o leite materno.
É importante salientar ainda que o tratamento definitivo da pré-eclâmpsia consiste na interrupção
da gestação e na retirada da placenta, medida que é sempre benéfica para a mãe. Entretanto,
essa interrupção da gestação pode não ser benéfica para o feto, devido às complicações inerentes
à prematuridade. Por isso, alguns fatores devem ser avaliados para se indicar o momento mais
adequado para a interrupção da gestação:
Idade gestacional
Gravidade da doença
Condições maternas e fetais
Maturidade fetal
Dessa forma, embora o feto esteja também em risco, muitas vezes é instituído tratamento
conservador para assegurar maior grau de maturidade fetal.
Outras vezes, mesmo com o feto em pré-termo, a gravidade do quadro clínico pode impor a
necessidade da interrupção da gestação, apesar de haver grande risco de óbito neonatal por
prematuridade. Assim, para o período pré-termo, inferior a 37 semanas, algumas considerações
deverão ser feitas:
Mulheres com idade gestacional de 32 a 34 semanas deverão ser consideradas para tratamento
conservador em unidades especializadas.
A interrupção da gestação deverá ser sempre considerada nos casos de pré-eclâmpsia grave,
independentemente da idade gestacional.
Diabetes mellitus gestacional (DMG)
Definição e epidemiologia
O rastreamento para diabetes mellitus gestacional (DMG) deve ser oferecido a toda gestante durante o
pré-natal e deve ser realizado de acordo com os fatores de risco, sendo eles:
Dessa forma, o exame, que corresponde ao mesmo teste indicado para o diagnóstico do
diabetes fora da gestação (nos casos de intolerância à glicose), deve ser oferecido na
primeira consulta e/ou em 24 a 28 semanas de gestação.
O procedimento é realizado por meio do teste oral de tolerância à glicose, com 75g de
glicose e com duas medidas da glicose plasmática, uma em jejum e outra 2h após a
sobrecarga.
Tratamento
Após a realização do diagnóstico de DMG, pode ser necessário que haja um
aumento considerável de exames que garanta o monitoramento da
paciente durante o pré-natal e também no pós-parto.
Para a maioria das mulheres, o DMG responde bem somente à dieta
(utilização de adoçantes artificais) e aos exercícios físicos. Entretanto,
algumas mulheres (cerca de 10% a 20%) necessitarão usar insulina caso
essas medidas não farmacológicas não consigam controlar o DMG,
principalmente as de ação rápida e intermediária. A insulina de ação
prolongada, embora tenha se mostrado segura em alguns relatos de casos,
não dispõe de evidências suficientes para sua indicação generalizada.
É essencial reavaliar a tolerância da paciente à glicose a partir de seis
semanas após o parto, com glicemia de jejum ou com um teste oral de 75g
de glicose, dependendo da gravidade do quadro metabólico apresentado
na gravidez.
Doença falciforme
Definição
A doença falciforme é uma alteração genética hereditária causada por
uma mutação do gene que produz a hemoglobina que, devido ao formato
adquirido, não exerce suas funções adequadamente e causa diversas
complicações em órgãos e sistemas, como:
Anemia crônica;
Episódios de dores osteoarticulares;
Dores abdominais;
Infecções;
Infartos.
Gestantes negras, com antecedentes familiares de anemia falciforme ou que apresentarem história de
anemia crônica são mais propensas à ocorrência da doença e, por isso, devem receber uma atenção
mais minuciosa em relação a essa questão.
Na criança, a doença falciforme pode ser detectada pelo teste do pezinho, que é realizado nas unidades
básicas de saúde na primeira semana de vida do bebê.
Tratamento
Assim que a doença for detectada, a gestante, agora de alto risco, deve ser encaminhada
para um serviço de referência para a realização do seu pré-natal. Assim, embora a referida
gestante seja considerada de alto risco, ela continuará a ser atendida, concomitantemente,
pela equipe de atenção básica na sua UBS para as demais orientações de saúde.
Embora não possua cura, apresenta tratamento, como a prevenção de infecções através de
antibióticos e vacinações, transfusão de sangue* e o uso de medicamentos, geralmente
utilizados para manejo sintomático. No caso da hidroxiureia, utilizada para reduzir crises
dolorosas e complicações decorrentes da doença, o seu uso deve ser interrompido em razão
de seu efeito teratógeno. Deve haver suplementação de ácido fólico.
Mulheres com doença falciforme apresentam maior
risco de abortamento e complicações durante o parto
(bebê natimorto, prematuridade, toxemia grave,
placenta prévia e descolamento prematuro de
placenta) devido à fisiopatologia da doença.
Diagnóstico
O rastreamento para anemia deve ser
oferecido a toda gestante durante o pré-
natal, de modo que o exame necessário
para o fechamento de seu diagnóstico deve
ser solicitado o mais precocemente possível
e posteriormente, com 28 semanas.
Dentre os fatores que são considerados de predisponentes para o aparecimento da doença incluem-se:
Dieta com pouco ferro, vitaminas ou minerais;
Perda de sangue decorrente de cirurgia ou lesão;
Doença grave ou de longo prazo (como câncer, diabetes, doença nos rins, artrite reumatoide, Aids,
doença inflamatória do intestino, doença no fígado, insuficiência cardíaca e doença na tireoide);
Infecções de longo prazo;
Histórico familiar de anemia herdada, como talassemia e anemia falciforme.
Em relação ao feto, os principais riscos gerados pela doença correspondem a baixo peso ao
nascer e trabalho de parto prematuro.