Modelo 8 - Parte 2
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Este nosso país não soube também acompanhar o ritmo económico das nações
mais desenvolvidas. Mesmo com algumas realizações louváveis, o atraso
português persistiu e, em certos setores, como a agricultura, agravou-se.
Apesar das campanhas de produção dos anos 30 e 40, o país agrário continuava
um mundo sobrepovoado e pobre, com índices de produtividade muito
inferiores à média europeia. Os estudos sobre a situação da agricultura
portuguesa apontavam como essencial o redimensionamento da produtividade,
que apresentava uma profunda assimetria Norte-Sul:
● No sul do País (onde predominavam os latifúndios), prevalecia a escassa
mecanização e o absentismo dos proprietários que mantinham a
produtividade muito baixa.
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● No norte do país, constituído maioritariamente por zonas de pequena
propriedade, continuava a praticar-se uma agricultura tradicional, pouco
produtiva.
A emigração
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pobreza do campesinato deu origem a um excecional movimento migratório, quer
para os principais centros urbanos portugueses, quer para o estrangeiro, visto
que nesta época, para além da atração pelos altos salários do mundo
industrializado, há que ter em conta os efeitos da guerra colonial (a perspetiva
do recrutamento compulsivo para a guerra de África foi um dos motivos que
também pesou na fuga para o estrangeiro).
O destino principal deste novo surto migratório foi sobretudo a França, seguido
em menor escala pela América do Norte e do Sul. O Brasil que até à década de
50 era o principal destino, perde gradualmente o seu poder de atração.
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O surto industrial
A política de autarcia empreendida pelo Estado Novo não atingiu os seus objetivos.
Portugal continuou dependente do fornecimento estrangeiro em matérias-
primas, energia, bens de equipamento e outros produtos industriais, adubos e
alimentos. Quando os países que tradicionalmente nos forneciam se
envolveram na guerra, os abastecimentos tornaram-se precários e grassou a
penúria e a carestia. Assim, em 1945, a Lei do Fomento e Reorganização Industrial
estabelece as linhas mestres da política industrializadora dos anos seguintes.
- Dependência ao estrangeiro;
- Agricultura que continuava a não atingir os valores necessários.
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Elaboração de Planos de Fomento
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Europeia de Comercio Livre), e mais tarde dois decretos-lei que aprovam o acordo
do BIRD e do FMI, e por último um protocolo com o GATT.
A urbanização
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Quer dizer que, à semelhança do que ocorreu na Europa industrializada, também
em Portugal se fizeram sentir os efeitos da falta de estruturas habitacionais, de
transportes, de saúde, de educação, de abastecimento, tal como os mesmos
problemas de degradação da qualidade de vida, de marginalidade e de
clandestinidade a que os poderes públicos tiveram de dar resposta.
Com efeito, nos inícios dos anos 50, o conceito de província ultramarina não se
compunham com as formas tipicamente coloniais de exploração dos territórios
africanos. O entendimento das colónias como extensões naturais do território
metropolitano tinha, forçosamente, de levar o Governo de Salazar a autorizar a
instalação das primeiras industrias como alternativa económica à exploração do
trabalho negro nas grandes fazendas agrícolas. Havia necessidade de demonstrar à
comunidade internacional que o Governo Central se empenhava no fomento
económico das suas “províncias ultramarinas” como forma de legitimar este
novo conceito de colónias. Acrescia que a industrialização dos territórios
ultramarinos era cada vez mais entendida como um fator determinante do
desenvolvimento da economia metropolitana.
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O fomento económico das colónias intensificou-se, em consequência da eclosão da
guerra na sequência do lançamento da ideia de Salazar em construir um Espaço
Económico Português (EEP). É no âmbito deste objetivo que se assiste à
beneficiação de vias de comunicação, à construção de escolas, hospitais e,
sobretudo, ao lançamento de obras grandiosas.
Um clima de otimismo instala-se entre aqueles que viam com maus olhos o
Estado Novo. Em 8 de outubro, de uma entusiástica reunião no Centro Republicano
Almirante Reis que nasceu a MUD (Movimento de Unidade Democrática), que
congregou a força da oposição.
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Desta forma, em 1949, Portugal tornou-se membro da NATO, o que equivalia
estar de acordo com os parceiros desta organização, pois o nosso país servia
de barreira na expansão do comunismo e isto permitiu a Salazar afirmar mais
o seu regime.
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sua ação era de tal modo influente que acabou por ordem de Salazar a ser
assassinado.
Para além destes atos oposicionistas, a eclosão da guerra colonial traz ao regime a
sua maior e derradeira prova.
A Partir de 1945, a questão colonial passa a constituir mais um sério problema para
Portugal. A nova ordem internacional instituída pela Carta das Nações e a primeira
vaga de descolonizações tiveram importantes repercussões na política colonial do
Estado Novo.
Soluções preconizadas
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Segundo este sociólogo brasileiro, os Portugueses haviam demonstrado uma
surpreendente capacidade de adaptação à vida nas regiões tropicais, onde, por
ausência de convicções racistas, se tinham entregue à miscigenação e à fusão
de culturas. Esta teoria, conhecida como lusotropicalismo, serviu, nos anos 50, para
individualizar a colonização portuguesa, retirando-lhe o carácter opressivo que
assumia no caso das outras nações. A estas características acrescentava-se o papel
histórico de Portugal como nação evangelizadora, papel que desempenhara, e
continuava a desempenhar, como nenhuma outra.
Com estas alterações formais esperava o Estado Novo resistir à dinâmica histórica
e manter intacto o Ultramar português.
Está quase unanimidade de opiniões veio a quebrar-se com o início da luta armada
em Angola, em 1961. Confrontam-se, então, duas teses divergentes: a
integracionista e a federalista.
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intocado o velho Império Português. Face aos primeiros sinais da rebelião
independentista, Salazar agiu com determinação que lhe era peculiar, enviando
para Angola, os primeiros contingentes militares. Começava, assim, a mais longa
das guerras coloniais que se travaram a sul do Sara.
A luta armada
● Em Angola:
● Em Moçambique:
● Na Guiné:
Durante treze anos, Portugal viu-se envolvido em três duas frentes de batalha
que, à custa de elevadíssimos custos materiais (40% do orçamento do Estado) e
humanos (8000 mortos e cerca de 100 000 mutilados), chegou a surpreender a
comunidade internacional. Todavia, a intensificação das pressões internacionais e
o isolamento a que o país era votado acabariam por tornar inevitável a cedência
perante o processo descolonizador, ainda que essa cedência tivesse custado o
próprio regime.
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O isolamento internacional
Para além das dificuldades que lhe foram colocadas na ONU, os Estados Unidos
da América não apoiaram a manutenção das colónias, visto que os Soviéticos
apoiavam a luta de independência das colónias e que o prolongamento da
guerra afastava os estados africanos de Portugal. Deste modo, não só
financiaram alguns grupos nacionalistas, como a UPA como propuseram planos de
descolonização, procurando vencer as resistências de Salazar que afirmava:
«Portugal não está à venda» e «a Pátria não se discute», encarando o facto de
ficarmos «orgulhosamente sós».
Mesmo tendo tentado quebrar esse isolamento através de uma intensa campanha
diplomática junto dos aliados europeus e através do uso de propaganda
internacional, Salazar não conseguiu impedir, internamente, as dúvidas sobre a
legitimidade do conflito e o descontentamento crescente na sociedade portuguesa.
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Aquando da substituição de Salazar, em 1968, tornara-se já claro que o futuro da
guerra determinaria o futuro do regime.
Foi neste clima de mudança, que ficou conhecido como “Primavera Marcelista”,
que se prepararam as eleições legislativas de 1969, onde a oposição pura e
simplesmente não elegeu qualquer deputado. As eleições acabaram por constituir
mais uma fraude. A Assembleia Nacional continuava dominada pelos eleitos na
lista do regime, incluindo apenas uma ala liberal de jovens deputados cuja voz era
abafada pelas forças conservadoras, acabando por abandonar a Assembleia.
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Acabadas as esperanças de uma real democratização do regime, Marcello
Caetano viu-se sem o apoio dos liberais, e alvo da hostilidade dos núcleos mais
conservadores, que imputam à política liberalizadora a onda de instabilidade que,
entretanto, tinha assolado o País. Desta forma, Marcello Caetano começa a dar
sinais de esquecer a evolução e privilegia a continuidade:
● movimento de contestação estudantil, repreendido pelo regime;
Apesar deste novo estatuto vir a ser consagrado na Constituição, em 1971, pouco ou
nada mudava para os movimentos independentistas e para a conjuntura
internacional que lhes era favorável. Assim, a guerra prossegue à medida que se
acentua o isolamento internacional de Portugal evidenciado:
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internacional dos massacres cometidos pelo exército português em
Moçambique;
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Considerando que este último objetivo exigia a intervenção de altas patentes, o
Movimento dos Capitães depositou a sua confiança nos generais Costa Gomes e
Spínola, chefe e vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas .
Operação “Fim-Regime”
● As unidades militares saem dos quartéis para cumprirem as missões que lhes
estavam destinadas:
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● Junto ao Terreiro do Paço, o destacamento chefiado pelo capitão Salgueiro
Maia deparou-se com uma coluna de tanques do Regimento de Cavalaria 7,
que saiu em defesa do regime;
● Salgueiro Maia decide falar com o inimigo.
Coube também ao Salgueiro Maia dirigir o cerco ao Quartel do Carmo, onde estava
refugiado o presidente do Conselho e membros do Governo.
No fim do dia, o “Movimento dos Capitães” já era vitorioso. Apesar de ser pedido à
população, por razões de segurança, que permanecesse em casa, a multidão
acorrerá às ruas em apoio aos militares a quem distribuía cravos vermelhos.
Praticamente só a polícia política resistia ainda. Rendeu-se na manhã seguinte,
provocando, contudo, os únicos quatro mortos da “Revolução dos Cravos”.
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Para assegurar o funcionamento das instituições governativas, a Junta de
Salvação Nacional nomeou António de Spínola como presidente da República.
Este, por sua vez, escolheu Adelino da Palma Carlos para chefiar o I Governo
Provisório.
● O “período Spínola”
Poucos dias depois do golpe militar, o desejo de justiça social já tinha explodido
numa onda de reivindicações laborais, greves e manifestações constantes. Esta
revolta era difícil de controlar.
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Numa tentativa de recuperar o poder, Spínola encabeça, a 11 de março de 1975,
um golpe militar que fracassa, obrigando o general e alguns oficiais a procurar
refúgio em Espanha.
A agitação social cresce, orientando-se pela miragem do poder popular. Por todo
o país se procede a saneamento sumários de quadros técnicos e outros
funcionários considerados “de direita”:
Este ambiente anárquico gerou um clima de opressão e medo nas classes média e
alta que impeliu de portugueses abandonarem o país.
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O PS foi o vencedor das eleições, com 38%. Em contrapartida, as forças da
esquerda mais radical receberam uma votação muito moderada.
O processo da reforma agrária recebeu, entre abril e junho, cobertura legal. Sob a
pressão das forças políticas, o Governo avança com a expropriação das grandes
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herdades, com o objetivo de constituir Unidades Coletivas de Produção (UCP).
Apesar da propriedade do solo extraída tenha passado para o Estado, cada UCP
detinha a posse plena e uma total liberdade de autogestão, através de comissões
eleitas pelos trabalhadores.
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Ainda no período do golpe militar, as pressões internacionais começam a fazer-se
sentir. A 10 de maio, a ONU e a OUA apelam à Junta de Salvação Nacional para
que consagre o princípio da independência das colónias. Durante os meses
seguintes, a OUA interfere no processo negocial, exigindo a independência de
todos os territórios. Os movimentos de libertação unem-se no mesmo sentido.
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Em março de 1975, a guerra civil em Angola já era um facto. As forças
portuguesas limitavam-se a controlar os principais centros urbanos, onde os
nacionais esperavam o regresso a Portugal.
Nos meses de setembro e outubro, uma autêntica ponte aérea evacua de Angola
os cidadãos portugueses que pretendem regressar. Em 10 de novembro, o
Presidente da República decide, na impossibilidade de cumprir o Acordo de Alvor,
transferir o poder para o povo angolano.
Moçambique foi depois sacudido por uma guerra civil patrocinada pelos Estados
de minoria branca na região.
● Presidente da República
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○ O mandato presidencial é de 5 anos;
● Assembleia da República:
● Governo:
○ É o órgão executivo;
● Tribunais:
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