Sociologia Urbana e A Teoria Da Urbanização
Sociologia Urbana e A Teoria Da Urbanização
Sociologia Urbana e A Teoria Da Urbanização
E TEORIA DA URBANIZAÇÃO
AULA 7
Prof. Melissa Passamani Boni
SOCIOLOGIA URBANA E TEORIA DA URBANIZAÇÃO – AULA 07
URBANIZAÇÃO E CAPITALISMO MONOPOLISTA
PAÍSES “CENTRAIS” E “PERIFÉRICOS”
O mercantilismo, ao propiciar a acumulação primitiva nos países europeus e,
portanto, a constituição do capital, precisou da acentuação da urbanização
europeia e das áreas recém-conquistadas. Assim, através do pacto colonial, o
comércio exterior servia ao aumento da demanda à indústria manufatureira.
O aumento da capacidade produtiva dos países “centrais” reforçou a diferença
entre estes e os países “periféricos”. Com o rompimento do pacto colonial
diminuiu-se o domínio/subordinação política, mas o domínio/subordinação
econômica aumentou.
Após a descolonização acentuou-se ainda mais a diferença entre os países. As
relações econômicas entre países, e não mais entre metrópoles e colônias,
traduziram-se numa troca desigual no sentido amplo. Os países já plenamente
industrializados passaram a trocar com os países não industrializados ou em
início de industrialização, seus produtos de maior valor, predominantemente
produtos industriais, por outros de menor valor, predominantemente produtos
primários.
Na Inglaterra, na França ou nos Estados Unidos por exemplo, o capitalismo já
estava dominando todas as formas de produção e subordinado as relações
sociais que sustentavam o seu desenvolvimento. Por outro lado, na América
Latina ou em Portugal, a economia ainda se apoiava em ramos fracamente
capitalizados, como a agricultura.
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A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
Durante séculos o Brasil como um todo foi um país agrário, ou um país
“essencialmente agrícola”. Toda a nossa história é a história de um povo
agrícola. O dinamismo da nossa história, no período colonial, vem do campo.
Até o início do século XX, o território brasileiro era constituído de algumas
concentrações populacionais relativamente isoladas entre si, e de grandes
latifúndios de produção agrícola para exportação.
A sociedade já estava dividida em classes. De um lado, um pequeno grupo
de proprietários de latifúndios e de outro, uma grande massa de
trabalhadores rurais (pequenos produtores, assalariados ou meeiros).
Nas cidades se encontravam os profissionais liberais (que geralmente
mantinham algum parentesco com os latifundiários), comerciantes e
pequenos industriais, que constituíam uma pequena burguesia.
Encontravam-se também os trabalhadores manuais em grande contingente,
em precárias condições de trabalho e desprovidos de seguridade social.
Neste setor estavam, em grande número, os ex-escravos e seus
descendentes.
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A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
A expansão da agricultura comercial e a exploração mineral foram as bases
do povoamento e da criação de riquezas no país. A urbanização servia à
economia, conformando as cidades para as relações comerciais
internacionais.
Até o início do século XX as cidades se desenvolveram em áreas litorâneas,
onde as atividades econômicas estavam ligadas ao comércio exterior.
Desenvolviam-se também áreas ligadas a essas por meio de um sistema de
transporte. As que não possuíam relação com a circulação internacional de
mercadorias mantiveram-se atrofiadas.
O Brasil foi, durante muitos séculos, um grande arquipélago, formado por
subespaços que evoluíam segundo lógicas próprias, ditadas em grande parte
por suas relações com o mundo exterior. Havia, para cada um desses
subespaços, polos dinâmicos internos, que por sua vez, possuíam escassa
relação, não sendo interdependentes.
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A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
Esse quadro foi relativamente quebrado a partir da segunda metade do século
XIX, quando, o Estado de São Paulo se torna um polo dinâmico a partir da
produção do café, abrangendo os estados do sul e parte do Rio de Janeiro e
Minas Gerais.
De um lado, a implantação de estradas de ferro, a melhoria dos portos, a criação
de meios de comunicação, atribuem uma nova fluidez potencial a essa parte do
território brasileiro. De outro lado, se instalam ali, formas capitalistas de
produção, trabalho, intercâmbio, consumo, que vão tornar efetiva aquela fluidez.
Trata-se, entretanto, de uma integração limitada a uma parcela do território
nacional, que constitui-se como a semente de um processo de polarização que
iria prosseguir ao longo do tempo.
Esse primeiro período durará até a década de 1930, quando novas condições
políticas e organizacionais permitem que a industrialização seja impulsionada. A
crise econômica mundial de 1930 provocou o começo de uma mobilização
populacional de trabalhadores que se desligavam da produção agroexportadora
em direção às fronteiras internas e às cidades, muitas vezes impulsionada pelo
Estado, a fim de formar uma massa de trabalhadores que pudesse sustentar os
parques industriais que iriam se implantar.
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A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
O índice de urbanização pouco se alterou entre o fim do período colonial até
o final do século XIX e cresceu menos de quatro pontos entre 1890 e 1920
(de 6,8% a 10,7%), mas no período entre 1920 e 1940 essa taxa triplicou,
passando a 31,24%.
Entre 1940 e 1980, dá-se verdadeira inversão quanto ao lugar de residência
da população brasileira. Nesses quarenta anos, triplica a população total
brasileira, ao passo que a população urbana se multiplica por sete vezes e
meia. A taxa de urbanização em 1980 era de 67,59%, e atualmente é cerca
de 84% (Censo 2010).
Foi ao final da Segunda Guerra Mundial que se inaugurou um período de
grandes modificações na sociedade brasileira, com a intensificação da
produção industrial e a modernização do processo produtivo.
As estradas de ferro até então desconectadas na maior parte do país, são
interligadas; constroem-se estradas de rodagem, pondo em contato diversas
regiões; empreende-se um ousado programa de investimento em
infraestrutura. O espaço torna-se fluido, permitindo que os fatores de
produção, o trabalho, os produtos, as mercadorias, o capital, passem a ter
uma grande mobilidade.
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A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
A política de industrialização baseada na substituição de importações, parte
do Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), alavancou
um intenso crescimento econômico e criou novas oportunidades de
emprego formal nos setores industrial, de comércio e de serviço. Por outro
lado, a modernização da agricultura liberou boa parte da mão-de-obra com a
mecanização e o uso intensivo de fertilizantes.
O governo militar a partir do golpe de 1964 criou condições de uma rápida
integração do país a um movimento de internacionalização que aparecia
como irresistível em escala mundial. A economia se desenvolve, seja para
atender a um mercado consumidor em célere expansão, seja para responder
a uma demanda exterior.
Esse período que se estendeu até a década de 1980, foi marcado pela
transição de uma sociedade agrária tradicional para uma sociedade urbana.
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REFERÊNCIAS
SANTOS, Milton. A Urbanização Brasileira. São Paulo: EDUSP, 2005. pp. 17-
47.
LEME, Maria Cristina da Silva Leme (coordenadora). Urbanismo no Brasil –
1895-1965. São Paulo: Studio Nobel; FAUUSP; FUPAM, 1999.