Dissertação Final Ulisses Da Cruz
Dissertação Final Ulisses Da Cruz
Dissertação Final Ulisses Da Cruz
REUNIÃO E MANIFESTAÇÃO
ATUAÇÃO DA POLÍCIA NA MANUTENÇÃO DA
ORDEM PÚBLICA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Orientador
Lisboa, 2022
Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna
REUNIÃO E MANIFESTAÇÃO
ATUAÇÃO DA POLÍCIA NA MANUTENÇÃO DA
ORDEM PÚBLICA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Orientador
Lisboa, 2022
Dissertação apresentada ao Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna
para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em
Ciências Policiais (Curso de Formação de Oficiais de Polícia), sob orientação
científica do Professor Doutor EDUARDO PEREIRA CORREIA
i
À minha mãe.
À minha esposa,
e às nossas princesinhas,
a Itamar e a Isamar.
ii
AGRADECIMENTOS
É com enorme satisfação que chega a este momento tão esperado na minha vida. O
momento que representa o culminar de cinco anos em que foi preciso muito esforço e
dedicação, mas também, muita aprendizagem e conhecimento. Cometi erros e aprendi com
os mesmos, tive de adotar um espírito de sacrifício e de renúncias para chegar ao momento
alto da vida profissional.
Primeiramente quero agradecer a Deus por nunca me abandonar nos momentos bons
e maus que foram aparecendo ao longo desta caminhada, onde me deu força, saúde e
motivação para nunca desistir de lutar.
Ao meu orientador, Professor Doutor EDUARDO PEREIRA CORREIA, por ter aceitado
de forma positiva o desafio de orientar esta dissertação, pela paciência, apoio prestado, pela
confiança que senti da sua parte ao longo deste trabalho e por todo o conhecimento
transmitido.
Aos meus camaradas do XXXIII, o curso onde iniciei esta caminhada, e com o
especial apreço aos camaradas do XXXIV que trouxeram vida e força no momento que mais
precisava, espírito de corpo e camaradagem. Foram momentos fantásticos que vivemos
juntos durante esses anos que ficam guardados comigo no meu coração, e onde quer que eles
estejam a paz de Deus esteja com eles.
Todos foram importantes para o meu sucesso, mas gostaria de endereçar o meu
apreço ao camarada JOÃO ROCHA, por nunca desistir de mim e à SOFIA FIGUEIREDO que
sempre se mostrou disponível em ajudar. Reitero um forte agradecimento aos meus
camaradas da minha comunidade, como também de outras comunidades, com o especial
enfoque ao camarada ADILSON CARVALHO por me aturar por vários momentos.
Por fim, quero agradecer aos meus familiares, em especial, às quatro mulheres que
Deus colocou no meu caminho. À minha querida mãe, por sempre interceder por mim, à
iii
minha querida esposa por ser aquela ponte segura que eu preciso, às minhas duas
princesinhas, ITAMAR e ISAMAR, por serem alegria para acalmar os momentos tristes.
iv
RESUMO
REUNIÃO E MANIFESTAÇÃO
ATUAÇÃO DA POLÍCIA NA MANUTENÇÃO
DA ORDEM PÚBLICA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
v
ABSTRACT
The Constitution of the Democratic Republic of Sao Tome and Principe enshrines a wide
range of catalogues of fundamental rights, in which one of them is the right to meet/manifest
itself peacefully and without weapons. In the Legal System of São Tomense, the security
forces, in this case, the National Police of São Tomé is Prince, is one of the main organs of
the State whose function, is to ensure order and public tranquility, as well as protect the
rights of freedoms and guarantees of citizens. However, in order for these rights to be
guaranteed, the National Police of São Tomé and Príncipe in the pursuit of their
duties/functions, often resortto the use of force to re-reinse public order. In this case, the
action of the police must comply with the principles of the Constitution, that is, inherent to
the police function, as well as to the general principles of public administration. Knowing
that the principle of dignity of the human person contains an absolute value in the Sao Tome
Constitution, therefore, the State has as its main task the creation of strategies that guarantee
the exercise of these fundamental rights of the citizen, as well as their protection and
promotion over the years. Finally, in order for the right of meeting and demonstration to be
guaranteed, it is necessary that in their exercise by citizens, they respect the limits and
restrictions imposed by the Law.
vi
ÍNDICE DE ANEXO E APÊNDICE
vii
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS
AP Administração Pública
CC Código Civil
DL Decreto-Lei
viii
MAI Ministério da Administração Interna
PN Polícia Nacional
ix
ÍNDICE
RESUMO...................................................................................................................... V
ABSTRACT ................................................................................................................. VI
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
x
III. 2.4. Princípio de Boa-fé ................................................................................. 63
III. 2.5. Princípio da Colaboração Com os Particulares ...................................... 64
III. 2.6. Princípio da Prossecução do Interesse Público ...................................... 64
III. 3. Medidas de Polícia e Uso de Meios Coercivos ......................................... 65
III. 4. Desafios e Prospetivas ............................................................................... 70
CONCLUSÃO............................................................................................................. 74
Anexo I ................................................................................................................ 89
Apêndice I............................................................................................................ 91
Apêndice II .......................................................................................................... 94
Apêndice III ......................................................................................................... 98
Apêndice IV ....................................................................................................... 103
Apêndice V ........................................................................................................ 107
Apêndice VI....................................................................................................... 110
Apêndice VII ..................................................................................................... 113
Apêndice VIII .................................................................................................... 116
Apêndice XIX .................................................................................................... 120
Apêndice X ........................................................................................................ 123
Apêndice XI....................................................................................................... 126
Apêndice XII ..................................................................................................... 130
xi
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
INTRODUÇÃO
Esta vitória foi fruto de muito esforço, resiliência, espírito de sacrifício, determinação
e capacidade de resistência, há vários séculos, com à presença dos colonos. Durante o
período colonial, os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos não eram observados
pelos povoadores, contribuindo para o descontentamento dos nativos que clamavam pela
liberdade. Sendo assim a título de exemplo, “o regime na altura não permitia a liberdade de
expressão, as pessoas não podiam falar nada contrário do regime instalado, eram afastadas
ou presas obrigando assim que muitas pessoas fugissem do país (DANFÁ, 2021, p. 36)
Após a ascensão do poder político são-tomense que culminou com a queda do partido
único, deu-se início ao sistema multipartidário que vem acelerar o processo da democracia.
Decerto, a aprovação da Constituição da República Democrática de São Tomé e Príncipe
consagrou um vasto catálogo de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, tendo como
foco central o Homem, consagrando o princípio da dignidade da pessoa humana como um
valor absoluto a cumprir pelo Estado.
De frisar que este princípio da dignidade da pessoa humana é o bem mais valoroso
do sistema constitucional são-tomense. Deste modo, o Estado aparece como o supremo
guardião deste princípio, tendo o dever de garantir os direitos constitucionalmente
consagrados aos cidadãos, bem como, proteger e promover esses direitos.
1
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
2
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
O regime que vigora em São Tomé e Príncipe é uma ordem pública de cariz
democrático. Para tal, é necessário um polícia democrático que exclui na sua ação o emprego
dos meios de intervenção que estão em contradição com os objetivos que essa atuação visa
atingir, (…), a ordem pública democrática (OLIVEIRA, 2015, p. 39). Uma polícia democrática
deve orientar a atuação policial no sentido de procurar um equilíbrio entre os interesses
jurídicos constitucionalmente protegidos e os interesses a sacrificar (DANFÁ, 2021, p. 3). Por
esta razão, os órgãos máximos responsáveis pela polícia devem, em estado de alerta,
averiguar os meios a utilizar que põem em causa o princípio da dignidade da pessoa humana.
3
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
No que tange à atuação policial numa reunião ou manifestação, acresce dizer que
deve respeitar todos e quaisquer direitos consagrados pela CRDSTP, e os princípios
orientadores da atividade policial.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
5
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
OPÇÕES METODOLÓGICAS
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Em São Tomé e Príncipe, a manutenção da ordem pública tem gerado uma grande
controvérsia, pois nem sempre termina como desejado, gerando ondas de contestações por
parte da sociedade civil. Seguindo essa linha, a atuação da PNSTP nem sempre foi bem-
sucedida no que toca à dispersão dos manifestantes. Por isso, a escolha da temática surge na
iminência de trazer resultados que ajudem, em grande parte, à ação policial numa
manifestação. Nesta senda, LUNDIN (2016), enfatiza que logo “após a problematização, a
criação de uma pergunta de partida é importante, de modo a encontrar o problema a ser
pesquisado, e que vai guiar todo o desenvolvimento do trabalho e que estará de acordo com
objetivos gerais” (p. 38). Segundo CAMPENHOUDT, MARQUET e QUIVY (2017, p. 44), a
formulação da pergunta de partida deve atender ao critério de clareza, exequibilidade,
pertinência e que, consequentemente, seja suscetível de ser trabalhada, atendendo à
disponibilidade dos recursos do investigador, possibilitando a obtenção de elementos que
respondam aos problemas em causa. De igual forma, “uma boa pergunta de partida deve
poder ser tratada, isto significa que se deve poder trabalhar eficazmente a partir dela e, em
particular, deve ser possível fornecer elementos para lhe responder” (QUIVY e
CAMPENHOUDT, 2008, pp. 34-35).
A primeira questão derivada pretende saber qual a verdadeira função da PNSTP numa
reunião e manifestação pública. Por outro lado, procuraremos também compreender se a
estratégia de ação adotada pela PNSTP é a mais eficaz. Por fim, queremos avaliar de que
forma a PNSTP pode adequar a sua estratégia de ação e melhorar a sua resposta. Estas
questões irão potenciar um leque de respostas que terá como finalidade contribuir para que
a atuação policial na manutenção e reposição da ordem pública seja mais eficaz, pautando
sempre para a salvaguarda dos direitos fundamentais.
7
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Nesta dissertação de mestrado iremos aprofundar de forma descritiva, com base numa
metodologia de natureza qualitativa. Como sustenta BATALHA, “a utilização deste método
fundamenta-se por ser um dos métodos mais utilizados para análise de conteúdo de cariz
qualitativo” (2021, p. 5). Por seu turno, SARMENTO (2013, p. 8), salienta que o processo
descritivo, não só descreve a os fenómenos, como também “identifica variáveis e inventaria
factos”. Na opinião de LUNDIN (2016, p. 117), a natureza qualitativa é “a existência de uma
relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma ligação indissociável entre o mundo
objetivo e o mundo subjetivo. Segundo a visão de DANFÁ (2021, p. 6), “para analise do tema
em apreço, justifica-se o método qualitativo também pela profundidade da investigação. Na
perspetiva de SANTOS (2010, p. 25), “os métodos qualitativos na área de ciências sociais são
direcionados para o procedimento centrado na investigação em profundidade, conduzida de
acordo com procedimentos regulares repetidos”.
8
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
9
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
I. 1. CONCEITO NOCIONAL
Sendo assim, na perspetiva do OLIVEIRA (2000, p. 11), escreve que para o “direito
administrativo, a referência à ordem pública é normalmente entendida como o fim da polícia
administrativa geral (…)”. Mas antes HAURIOU (1919) define a ordem pública como uma
“ordem material e exterior considerada como uma situação de facto oposta à desordem, um
estado de paz oposto ao estado de perturbação (…)”. Posto isso, torna evidente que a vida
em sociedade é aceitável a desordem mínima (ROBALO, 2018). Por conseguinte, CLEMENTE
(1998), afirma que a ordem pública representa o ponto de equilíbrio entre a desordem
suportável e a ordem indispensável.
10
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
11
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Numa visão categórica sobre a ordem pública, podemos aplicá-la sobre várias
vertentes. No que tange à ordem pública e à doutrina, OLIVEIRA argumenta que “a maioria
dos autores aborda o conceito de ordem pública numa perspetiva técnica ou jurídica,
concluído que as regras de ordem públicas não podem ser afastadas pelos particulares porque
12
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
visão tutelar os interesses superiores da comunidade” (2015, p. 30). Por conseguinte, o autor
afirma ainda que “essas regras resultam da identificação do interesse fundamental da
comunidade que está em causa” (OLIVEIRA, 2003. p. 508). Já TELLES sustenta que a ordem
pública “é representada pelos superiores interessados pela comunidade” (1965, p. 44).
Enquanto isto, PINTO (1998), dá-nos a entender que “a ordem pública é conjunta de
princípios fundamentais subjacentes ao sistema jurídico, que o Estado e a sociedade estão
substancialmente interessados em que prevaleçam e que têm uma acuidade tão forte que
devem prevalecer sobre as convenções privadas (…)” (p. 551). E neste caso, o sistema
jurídico procura de forma sistemática tutelar os interesses fundamentais do cidadão.
Nesse contexto, FRANCO aponta que a ordem pública é entendida como “um conjunto
de requisitos extrajurídicos, porventura pré-jurídicos, mas não alheios ao jurídico, sem os
quais não poderiam funcionar as instituições do Estado e da sociedade Civil e não poderiam
ter efetivação concreta os direitos da pessoa” (1993, p. 27). A ordem pública representa uma
constelação de valores fundamentais que asseguram um mínimo comunitário vital e
exprimem uma reação típica de defesa normativo-institucional da sociedade (OLIVEIRAS,
2015, p. 31)
Tal como afirmam SOUSA e GALVÃO “(…) parece certo ter sido essa a primeira
necessidade que levou os homens a instruir um poder político (…) para se defenderem contra
os perigos da natureza, contra as cobiças dos outros homens e contra as violências dos mais
fortes” (2000, p. 22). Atualmente na sociedade são-tomense, o Estado prossegue e defende
o estilo de uma “ordem de caris democrática”, ou seja, o que envolve a paz pública e
liberdade e cidadania. Neste caso, OLIVEIRA (2015) salienta que “esta ordem pública
democrática se contrapõe a ordem pública autoritária, não democrática” (p. 34). O autor
sublinha ainda que a ordem pública numa sociedade autoritária “é a ordem vigente nas
sociedades em que o poder político detém uma natureza autoritária ou ditatorial, o poder do
Estado assenta, normalmente numa ideologia considerada como sendo a única verdade”
13
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
(OLIVEIRA, 2015, p. 34). Perante tal afirmação, tudo o que idealiza em valores ideológicos,
sendo formulação de opiniões ou até certo ponto revindicações, é apresentado como uma
autêntica ameaça à ordem pública ou ao poder estatal.
Por outro lado, numa sociedade de cariz democrático, a ordem praticada é de natureza
democrática, sendo que a ordem pública é assegurada na totalidade pelo Estado. Deste modo,
o conteúdo apresentado por esse país democrático é de paz, segurança, tranquilidade, e
outros fatores associado a estabilidade.
Este tipo de ordem pública, ou seja, (ordem pública democrática), tem a ver com os
comportamentos individuais e coletivos, sendo a consequência é afetar aos terceiros de uma
forma positiva, na qual, o fim é o respeito pela vida e a dignidade da pessoa humana. Por
sua vez, o Estado não está impedido de recorrer as restrições no cumprimento das suas
regras. Nesta senda, OLIVEIRA explica que “contrariamente ao que ocorre nas sociedades
autoritárias, as restrições são impostas para a defesa da liberdade e do bem-estar dos
cidadãos, ou seja, é a liberdade que estabelece limites de ordem pública, fixando
normativamente, e não o contrário” (p. 36).
Neste contexto, a Lei orgânica da PNSTP, mais concretamente al. a) do n.º 2, do art.º
2º, debruça que a polícia tem como atribuição de “Garantir as condições de segurança que
permitam o exercício e o respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, bem
como o pleno funcionamento das instituições democráticas, que norteiam os princípios do
Estado de Direito Democrático”. Neste contexto, a Constituição da República de São Tomé
e Príncipe não aufere pormenor sobre as competências ou as atribuições da PNSTP na defesa
desses direitos, posto isto, a polícia recorre aos princípios basilares da atuação policial. Na
análise do CANOTILHO e MORREIRA (2003, pp. 955-956), ambos dizem “tratar-se de umas
das vertentes da obrigação de proteção pública dos direitos fundamentais que deve ser
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Continuando nesse périplo, CASTRO na sua ótica citado por MARQUELE, vem dizer
que esta “proteção se traduz não já em limitações aos seus direitos, mas em prestações
positivas, que pretendem satisfazer verdadeiros direitos a prestações, ajudando a transformar
o indivíduo no “consumidor final” da Administração constitutiva ou de prestações (…)”
(2013, p. 41).Tal como explica CAETANO (1999), referindo que:
Em suma, MARQUELE reforçar que “os fins da polícia escapem à identificação única
e exclusiva com a prevenção dos danos sociais, que era, lembre-se, considerado como um
elemento mais importante, dos que concretizavam o conceito de polícia” (2013, p. 41).
Geralmente, a previsão da defesa dos direitos dos cidadãos foi capaz de emprestar um novo
fim à atividade de polícia e expandir o seu conteúdo material, obrigando a apresentação de
uma nova aceção material dessa mesma atividade (ibidem).
15
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Neste sentido, cabe ao Estado ter alguma discricionariedade na escolha dos meios
alternativos e na tomada de decisão em potenciar a segurança em todos os ramos. E neste
caso, essa discricionariedade do Estado na ótica da segurança é inexistente, por força das
circunstâncias. De facto, a CRDSTP não faz menção ao termo Polícia ou medida de Polícia.
Segundo VILA NOVA (2018), ela “encontra legitimidade constitucional da sua atuação
quando no art.º 21º a CRDSTP faz menção à ordem pública aos direitos dos cidadãos e as
exigências da moral como limite dos exercícios dos direitos fundamentais das pessoas” (p.
12).
Uma das missões essenciais da polícia é manter a ordem pública, ou seja, defender
os direitos do cidadão, em toda sua esfera em que a lei prevê. E para consolidar, RAPOSO
(2013), sustenta que essa discricionariedade ou poder atribuído a polícia são “poderes
especiais com propósito de assegurar um estado de ordem e tranquilidade pública e o normal
exercício dos direitos fundamentais do cidadão, poderes esse que, em certas circunstâncias,
compreendem a coação direta contra os prevaricadores” (p. 206). E num Estado de direito
democrático como da RDSTP, “os poderes de polícia estão sujeitos a limites jurídicos e deve
obediência ao direito, pelo facto de desenvolver atividades pública agressiva e restritiva de
liberdade individuais (VILA NOVA, 2018, p. 13).
A polícia na utilização da defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos, não deve
fazê-lo de força arbitraria. Decerto, SOUSA citado por VILA NOVA (2018), argumenta que tal
discricionariedade não é o sinónimo de arbítrio, mas sim, uma “discricionariedade
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Na génese, a segurança é uma tarefa fundamental do Estado. Com isto, deve o Estado
“assumir à segurança como um bem ou valor vital garantia nacional e supranacional dos
direitos, liberdades fundamentais do ser humano (…)” (VALENTE, 2012, p. 112). Deste
modo, ZECO, alerta que “o exercício dos direitos e liberdades, e a segurança das pessoas
constituem valores fundamentais do Estado de direito democrático; e, para a sua salvaguarda
deste, as Forças de Segurança, na sua atividade, estão subordinados à Lei Fundamental e ao
princípio da legalidade” (2014, p. 13).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Como é sabido, “a defesa dos direitos tem como base um conjunto de garantias
processuais e procedimentais, que as tornam numa das manifestações mais conhecidas do
Estado de direito” (ROBALO, 2018, p. 229). Nem sempre esse paradigma foi da melhor
compreensão. Desta feita, MADUREIRA reforça que “as pessoas e/indivíduos e as pessoas
coletivas têm o direito de poder confiar que, os seus atos ou às decisões públicas incidentes
sobre os seus direitos, posições ou relações jurídicas alicerçadas em normas jurídicas
vigentes e válidas ou em atos jurídicos editados pelas autoridades com base nessa norma, se
ligam os efeitos jurídicos previstos e prescritos no ordenamento jurídico” (2003, pp. 283-
303). De igual modo, em São Tomé e Príncipe sem exceção, não existe polícia sem lei.
Assim “a polícia administrativa tem a função de garantir a ordem jurídico-constitucional,
através da segurança de pessoas e bens e da prevenção de crimes” (CANOTILHO & MOREIRA,
p. 957). Nesta perspetiva, a defesa e a salvaguarda dos direitos dos cidadãos impõem-se à
polícia como uma “obrigação de proteção pública dos direitos fundamentais” (ROBALO,
2018, p. 230). Para consolidar, a autora explica que a policia encontra-se subordinada aos
princípios gerais da ação administrativa, entre os quais se destacam os princípios da
legalidade, da proporcionalidade, da imparcialidade, da igualdade, da eficiência, da abertura,
da transparência e da participação, e relativamente à legalidade da atuação policial que se
coloca a questão central do grau de vinculação da autoridade policial à lei e ao direito
(ibidem).
Numa primeira análise sobre esse paradigma, SOUSA (2009), enumera 3 tese
relativamente a esta temática:
18
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
I. 3. A SEGURANÇA INTERNA
Decerto que a ideia da segurança já seria discutida durante o século dezoito e, por
conseguinte, a expressão sûrête ganhou um enorme significado durante aos contornos da
revolução francesa. Atendendo o surgimento desse conceito de segurança, (DIAS, 2011: p.
63), reforça que o conceito de segurança só se “consolida necessariamente e a par da
conceção da liberdade, a partir da Revolução Francesa, cujos postulados da Declaração dos
Direitos Humanos e do Cidadão apontam para a afirmação e consagração formal do direito
de liberdade do homem”. As demais correntes do momento na Europa apontavam
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
evidentemente que todos os homens deveriam ter liberdades sem qualquer condicionalismo,
e estavam na posição de decidirem e tomarem decisões a qualquer instante.
No auge do seu surgimento, segundo a citação de GUEDES e ELIAS (2012, p. 27), onde
dão conta que “a segurança está a ser delegada, partilhada e coproduzida, estando mesmo a
sua manutenção a deixar uma função exclusiva do Estado e coadjuvada não só por entidades
nacionais e locais bem como instituições internacionais e privadas”. Deste modo, é provável
citar que existe cooperação e coordenação de vários autores securitários, atuando de forma
a ter mais segurança. Por outro lado, os mesmo autores defendem que “o novo conceito de
segurança (…) trouxe uma nova abordagem de segurança passando a focar mais no indivíduo
em detrimento do Estado colocando o Homem, como sujeito de segurança” (NAU, 2021, p.
7). Neste contexto, o Estado deixou de ser o único ator providenciado de segurança, passando
assim a abranger a atuação e o empenhamento de várias outras entidades nomeadamente
nacionais, locais, privadas assim como as instituições internacionais.
Tendo em conta o conceito da segurança, na escrita do LOCKE citada por NAU (2021,
p. 7), destaca que “a sua noção remonta às origens do Homem e cujo fim principal baseava
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
unicamente na ideia de preservação de tudo aquilo que lhe pertence, mormente a sua vida, a
sua liberdade e os bem, protegendo a sua integridade e defender-se da tentativa de outros
homens”.
Por conseguinte, a segurança no seu termo pode ser abordada em vários ramos, e uma
delas pode ser ausência de algo que perturbe ou afete um estado de calma existente
(MAGALHÃES, 2018, p. 15). Clemente defende que “a segurança se define como o estado de
tranquilidade resultante da ausência de um perigo ou pelo menos da perceção real do risco”
(CLEMENTE, 2009, p. 93). O mesmo é apontado ao WOLFERS (1952, p. 485), quando sintetiza
pela “ausência de ameaça a valores adquiridos”. Por outro lado, num nível subjetivo, pode
ser definido como ausência de sentimento de insegurança. Importa frisar, como descreve
MAGALHÃES (2018), que a criminalidade também é um dos fatores que promove o
sentimento de insegurança. Neste sentido, a segurança é uma tarefa de todos os cidadãos,
nacionais e estrangeiros, independentemente do local onde se encontrem (CORREIA, 2018, p.
12).
Durante anos esse conceito sofreu várias mutações, como nos destaca ROTHSCHILD
(1995, p. 55) “o resultado das mutações que a segurança sofreu podem ser agrupados em
quatros tipos de alargamento conceitual de segurança”, que são: “a noção de segurança das
nações foi substituída pelo conceito de segurança dos indivíduos, ou seja, do ser humano
desde logo assumindo o princípio de que a segurança, como bem comum é divulgada e
assegurada (…)” segundo a visão do CORREIA (2015, p. 8). Por outro lado, o plano “traduz-
se numa vertente internacional de segurança por força das entradas dos Estados nas
organizações internacionais no domínio de segurança” segundo o (BERENGUER, 2018, p. 15).
Nesta senda, “o terceiro plano é marcado com alargamento de conceito nas outras dimensões
mormente, a segurança política, a segurança ambiental, a segurança económica assim como
na segurança social” (NAU, 2021, p. 8). E para o quarto plano proposto tarefa de segurança
passa a ser desenvolvida por uma panóplia de entidades públicas e privadas assim como as
instituições internacionais no panorama securitário (ibidem).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Na opinião de CORREIA e DUQUE (2012, p. 61), o conceito não passa de ser “atividade
desenvolvida pelo Estado para garantir a ordem, a segurança e tranquilidade públicas,
proteger pessoas e bens, prevenir e reprimir a criminalidade e contribuir para (…) o regular
exercício dos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos”. Neste contexto a garantia da
segurança interna é primordial. Como sustenta FERNANDES (2014, p. 37), é essencial essa
garantia “a consolidação da democracia e ao exercício do direito e liberdade dos cidadãos,
pela criação das condições de segurança, ordem e tranquilidade pública necessária ao
desenvolvimento económico, à promoção e consolidação da qualidade devida dos cidadãos”.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
institucional. Posto isto, MARQUELE (2013, p. 39), refere que “neste vetor específico da
segurança interna, importa afirmar que a sua prossecução acaba por estar intimamente
relacionada com a da atividade das polícias de segurança que, viu-se a propósito das
modalidades de polícia, respeitam à polícia administrativa geral.
O autor salienta ainda, que a polícia pode assumir dois tipos de posições: de um lado,
a de pendor administrativo e, por outro lado, a criminal. Em primeiro lugar, no plano
Administrativo, fazendo no uso da força, é recomendável a possibilidade de reprimir
quaisquer danos agravante, e no segundo lugar que fala do plano criminal, os profissionais
da polícia atuam sobre a forma de investigação de delitos e infrações (ALVES, 2011).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Estado de Direito enfatiza os direitos dos cidadãos e constrange a atividade policial e essa
seria uma tensão entre demanda por ordem, de um lado, e o respeito aos direitos dos
cidadãos, por outro (…)” (2014, p. 79).
Hodiernamente, a polícia como principal órgão do Estado, tem como base da sua
função o proteger e garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, e a mesma é protegida e
salvaguardada constitucionalmente. Não obstante isso, e função ou atividade policial esta
ligada a parte administrativa, pelo que as suas atividades devem estar associadas a
“prossecução do interesse público, no respeito pelos direitos e interesses legalmente
protegidos dos cidadãos e pelas instituições constitucionais” (n.º 1 do art.º 113º CRDSTP).
Afeto a este cenário, VALENTE (2019), na sua análise as atividades policiais, tem
como obrigação recorrer sempre que possível as medidas de polícia para repor a ordem, e
tais medidas “jamais podem ser utilizadas para além do estritamente necessário” (p. 130).
Neste caso, o autor citado sustenta que medida de polícia “são todos os atos de polícia
previsto na lei que se aplicado poderão colidir ou afetar de sobremaneira a liberdade e os
direitos das pessoas” (OLIVEIRA, 2015, p. 55). O autor reforça ainda que estas medidas
podem revestir a forma de atos administrativos e atos ou operações materiais (ibidem). Neste
caso, CORREIA diz que estas medidas “pertençam exclusivamente ao desempenho de funções
policiais e possuam um conteúdo ou objetivo padronizado” (2006, p. 404).
24
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
meios a utilizar e o momento de atuar, com limites imposto pela necessidade de respeitar os
direitos dos cidadãos, os deveres de igualdade e de atuação justa, imparcial e proporcional
da polícia” (2015, p. 55).
Para materializar a sua missão, a polícia na sua génese deve cumprir e fazer cumprir
as obrigações inerentes imposta pela lei, e em certa medida recorrer ao uso de força (não de
maneira excessiva) para salvaguardar o cumprimento das normas definida pela lei,
respeitando os princípios basilares da atuação policial, e não esquecendo do respeito pelos
direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
Face ao exposto, REINER justifica que “isto não significa que a polícia use
tipicamente a coerção para obter a solução dos problemas com que lida” (2004, p. 167). Para
SILVA, o uso de força não é “um direito das forças de segurança, mas sim um dever quando
se verifique certos pressupostos e sempre com o fim de interromper ou evitar violações dos
direitos fundamentais” (2001, p. 64). O autor ainda justifica que, o uso da força é uma medida
de polícia que está sujeita aos princípios da tipicidade e da proibição de excesso.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
fundamentais dos cidadãos. Decerto modo, existem vários diplomas legais ao nível nacional
bem como internacional, que dão conta a esta matéria.
Por sua vez, BATALHA ao analisar as componentes policiais salienta que “ao
analisarmos o recurso à coercibilidade na atividade policial, constatamos que o exercício da
força pela polícia deve obediência a constituição e a lei, bem como deve espelhar-se nos
princípios orientadores da atuação policial e, ter sempre presente o respeito aos direitos e
liberdades fundamentais dos cidadãos” (2021, p. 33). Neste caso, assim que a atividade
policial for exercida coligando com as normas constitucionais, porém, não haverá margem
de colisão entre direitos dos cidadãos e a atividade policial. De certo modo, o autor ainda
nos adverte que a atividade policial deve sempre balizar pelo respeito escrupuloso dos
direitos fundamentais.
Conforme nos explica REINER, “o recurso ao uso da força na atividade policial não é
um exercício e/ou uma prática permanente, é uma arte e uma habilidade de um policiamento
eficaz” (2014, p. 67). Por outro lado, “a atividade policial visa servir a comunidade e o estado
de direito, interagindo com os cidadãos, bem como assegurando o pleno exercício dos
direitos, recorrendo à força apenas nos casos de absoluta necessidade” (BATALHA, 2021, p.
33). Essa perspetiva da atividade policial para ZECO, “distingue a polícia da generalidade
das autoridades administrativas” (2014, p. 24).
Perante isto, OLIVEIRA (2015, p. 41), salienta que a resposta policial face a alterações
da ordem pública devem ter presente que é:
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
De notar que, na opinião de FELGUEIRAS citado por VALENTE, faz saber que, no
campo da manutenção ou reposição da ordem pública, em sentido restrito, pode ser
sintetizada de seguinte maneira: a primeira é a intervenção meramente reativa, a segunda é
a intervenção baseada na gestão dos níveis de violência (VALENTE, 2021, p. 155). No seu
entender o autor refere que, “em relação a primeiro tipo de abordagem, podemos afirmar que
a intervenção policial será efetuada em função dos acontecimentos, ou seja, perante um
evento público onde existam manifestações de violência ou exista a suscetibilidade de serem
provocadas desordem, a polícia apenas irá controlar o incidente, e quanto ao segundo tipo
de abordagem a intervenção policial será implementada numa lógica de gestão dos níveis de
violência que poderão acontecer ao longo de todo o evento público”.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Para OLIVEIRA (2016, p. 397), “a história dos direitos fundamentais, de certa forma
é também a história da limitação do poder”. Por outro lado, GOUVEIA (2007, p. 1007), aborda
que os direitos fundamentais enquanto direitos constitucionais “têm finalidades de proteger
a pessoa humana, ao mais alto nível e com todas as garantias que são apanágio da força deste
ramo jurídico.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Na explicação de FARIAS (2001), o mesmo refere sobre essas duas temáticas dos
direitos fundamentais no sentido formal e material, na linha de pensamento do autor, o
sentido formal é aquela que a Constituição especifica, e da parte material estão sujeitas a
base jurídicas da vida humana consagrada na Constituição e nas leis ou regras aplicáveis a
direito internacional. Na sua esfera, esses estão associados a garantia constitucional e da
revisão, e, por conseguinte, “por serem próprios das Ordens Jurídicas Internas de cada
Estado, que os consagra e protege” (FARIA, 2001, p. 4). Neste sentido, no direito são-tomense
está tipificado no art.º 17, n.º 1 da Constituição que “Os direitos consagrados na Constituição
não excluem quaisquer que sejam previstos nas leis ou em regras de Direito internacional”.
No que tange aos direitos plasmado na ordem dos direitos internacional, os mesmos são
aceites na Constituição interna. Em virtude disto, na CRDSTP está tipificado que as leis ou
convenções internacionais poderão consagrar direitos, liberdades e garantias não previstas
na Constituição. Daí que, os outros direitos que constam na Declaração Universal dos
Direitos Humanos, a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos e na Convenção
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Europeia dos Direitos do Homem (, entre outros instrumentos internacionais, que cabem
nesta categoria (ZEGO, 2014).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Já a século que os direitos fundamentais são como direito do homem e não só. Neste
caso, tanto o direito fundamental como direito do homem, são direitos complexos, e estão
protegidos por uma base jurídica interna de cada Estado, bem como na parte internacional
onde comporta vários diplomas. Por sua vez, “vários autores partilham do mesmo raciocínio,
defendendo a tese que os direitos fundamentais se distinguem dos direitos humanos, na
medida em que, enquanto direitos constitucionais, os direitos fundamentais encontram
proteção e estão juridicamente consagrados no ordenamento jurídico interno de cada Estado
(BATALHA, 2021, p. 13). Portanto, é de referir que a consagração dos direitos humanos tem
a sua génese nos direitos internacionais. Apoiando a ideia, FONSECA (2011), defende que os
direitos do homem, sendo universais, se apresentam como figuras do direito internacional.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
MANIFESTAÇÃO
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
No tocante a essas duas temáticas, não podemos tratá-los de formas iguais. Tal como
sustenta OLIVEIRA (2015), tanto o direito de reunião como de manifestação pública são de
forma diferente. Ainda na perspetiva do autor, verifica-se que numa reunião:
Essa diferença achamos que é pelo fato do local onde a mesma se desenrola, ou seja,
a reunião normalmente faz-se num lugar fechado e que pode ser numa sala, enquanto uma
manifestação e efetuado num lugar aberto ao público e pode haver deslocação da multidão
(sempre acompanhada pela força policial) até o local combinado para se manifestar.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Tal como é analisado o tema da reunião atualmente, era um conceito que durante a
Idade Medias e sobretudo na primeira metade do Século XIX, não se ouvia falar segundo o
argumento de OLIVEIRA (2015). De acordo com o Decreto – Lei 406/74 de 29 agosto (DL),
do sistema jurídico português a Reunião – é um conjunto aglomerado não fortuito de pessoas,
por tempo limitado, com o foco em a certos fins constitucionais ou legalmente admissíveis,
autónomo e não institucionalizado.
Neste sentido, desde que um individuo decidir expressar sua mensagem, seja de
forma individual ou coletiva direcionado ao terceiro, a partida trata-se de uma manifestação
segundo a definição plasmada no (DL) (MARQUELE, 2013). Seguindo a linha do pensamento
do autor, diz-nos que é através de uma reunião em que a pessoa lesada ou vê seus direitos
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
sendo violados, decide manifestar esse mesmo direito e neste caso a evolução da reunião
resulta numa manifestação. Para OLIVEIRA (2015), a manifestação pública é um simples
agrupamento de pessoas que representam um exercício de direitos de liberdades, de natureza
pessoal e coletivo interpretado como direito de liberdade de expressão, (…), cuja finalidade
é expressar ao público sobre certo assunto que seja suscetível de resolução pacifica. No
entanto, MARQUELE (2013, p. 12), afirma que a Lei “menciona as finalidades da
manifestação, sobretudo para censurar ou defender ideias políticas e sociais, de interesse
público e outros. Em virtude disto, MIRANDA define a manifestação como “uma reunião
qualificada – qualificada não tanto pela forma (concentração, comício, desfile, cortejo,
passeata) quanto pela sua função de exibição de ideias, crenças, opiniões, posições políticas
ou sociais, permanente ou conjunturais, (…), qualificada ainda por ser sempre em local
público” MIRANDA (1996, p. 293). Por sua vez, CORREIA (2006, p. 59), vem dizer que a
manifestação significa “a presença conjunta física voluntária de pessoa num lugar público
agindo pacificamente e sem armas, com o propósito de expressar em comum uma finalidade
ou um sentimento”.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Por seu turno, encontramos vários diplomas internacionais que fazem alusões aos
direitos fundamentais de reunião e manifestação. Entre eles, temos o nº 1 do art.º 20º, da
Declaração Universal dos Direitos do Homem invocando que “toda as pessoas têm direito à
liberdade de reunião (…). Por conseguinte, esse diploma teve seu início a 10 de dezembro
de 1948 na Assembleia Geral das Nações Unidas no Palácio de Chaillot em Paris, França.
Neste caso, o documento “surge em resposta à forte violação dos povos durante a segunda
guerra mundial” (DUDH, 1948, p. 3).
Por outro lado, temos o Pacto Internacional de Direito Civis e Político (PIDCP), no
seu art.º 21º, que reconhece na integra o direito de reunião de forma pacífica, ainda assim,
salienta que “O exercício deste direito só pode ser objeto de restrição imposta em
conformidade com a lei que são necessárias numa sociedade democrática, no interesse da
segurança nacional, da segurança pública ou para proteger a saúde e a moralidade pública
ou direitos e liberdades de outrem”.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
liberdades de terceiros que residem ou circulam nos locais por onde passa a manifestação”
(SOUSA, 2009, p. 21).
A título explicativo, São Tomé e Príncipe sempre pertenceu a colónia portuguesa, tal
como a Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde a vários anos atras. Os países
nessas alturas viviam um momento da hegemonia portuguesa, e o direito de expressar bem
como de manifestar livremente não estavam garantidos, ou seja, as temáticas da dignidade
da pessoa humana estavam postas em causa sem a sua aplicabilidade. Era época de trabalho
forçado em que os nativos estavam expostos, porém, não podiam opor-se ao ponto de serem
penalizados. Segundo o preâmbulo da CRDSTP, refere que:
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Por outro lado, houve necessidade de criar um diploma na qual pudesse regular o
livre exercício do direito de reunião e de manifestação. Decerto que, era necessário
estabelecer limites para assegurar o bom funcionamento desse direito. Neste termo, o Estado
cria a Lei nº 3/93, de 23 de abril, que vem regular o livre exercício desse direito fundamental
dos cidadãos consagrado no art.º 33º da CRDSTP.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Face ao exposto, o art.º 3º, mostra que o documento escrito deve conter hora, o local,
e a finalidade ou o objetivo da reunião e ou a manifestação. Por conseguinte, nos dias
feirados e ao sábado/domingo os cortejos do desfile só poderão realizar-se depois das 12
horas e para os dias uteis depois das 15 horas e 30 minutos segundo o art.º 4º da Lei nº 3/93
de 23 de abril.
Pode dar-se o caso de a polícia ter de interditar uma reunião e manifestação onde os
participantes ocuparam o lugar público de forma abusiva (art.º 12º da Lei nº 3/93 de 23 de
abril).
39
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
De facto, a lei propões a distância dos 100 metros, seguindo na sua esfera os
pressupostos do art.º 13º, algo que na realidade são-tomense é impensável, uma vez que, a
estrutura da urbanização da capital são-tomense dificulta o cumprimento do art.º 13º da lei
das manifestações. A polícia nesse termo usa o bom senso e pronto a agir em qualquer
eventualidade que aufere a alteração da ordem pública.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Começando por Angola, que é um dos maiores Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP), passou a ser independente a 11 de novembro de 1975. A sua Lei
Constitucional o consagrava como um Estado soberano, independente e democrático. Neste
sentido, está tipificado na Lei Constitucional Angolana (LCA) de 1975, no pressuposto dos
art.º 17º a 30º que refere sobre os direitos fundamentais dos cidadãos. O propósito da lei era
de que o Estado pode-se proteger e respeitar o direito da dignidade da pessoa humana.
Perante tal lei, encontra-se plasmado a liberdade da expressão, reunião e de associação,
embora não citando tipicamente o direito de reunião.
Esses direitos fundamentais por vários anos eram impossíveis os cidadãos exercerem
esses mesmos direitos, na altura o Estado angolano não admitia na integra o verdadeiro
exercício desse direito. Deste modo, “a passagem a democracia foi importante na
consolidação de direitos fundamentais” (DANFÁ, 2021, p. 32).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
De seguida, MORAIS (2007), adverte que “os direitos fundamentais não podem ser
utilizados como um escudo protetivo da prática de atividade ilícita, conflitos entre os dois
ou mais direitos ou garantias fundamentais, deve ser aplicado o princípio da concordância
prática ou de harmonização, de forma a coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito”
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
(p. 27). Neste caso, “pode ser conveniente adotar restrições, para melhor conciliar direitos e
bens em colisões, ou seja, os direitos conflituantes” (DANFÁ, 2021, p. 38).
Por seu turno, ALEXANDRINO (2007)define a restrição como sendo “a sanção normativa que
afeta desfavoravelmente o conteúdo ou o efeito de um direito previamente delimitado” (p.
123). Segundo ROBALO, existem:
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
De facto, a lei enumera várias condições para que o exercício deste direito seja feito
em segurança. Por este meio, os cidadãos ao reunirem-se para manifestar-se, devem fazê-lo
de forma pacifica e sem armas. Atendendo que, se não for observado esse direito de forma
supramencionado, é caracterizado como uma manifestação tumultuosa ou violenta. Ao
passo, que a lei constitucional são-tomense, menciona categoricamente no nº 1 do art.º 33º
que, para o exercício desse direito devem procedê-lo de forma pacífica.
Face ao exposto, o direito de reunião e de manifestação são por outro lado restringido
por tempo, o lugar e de natureza estatutária. Referindo especificamente às restrições face ao
tempo, a luz do art.º 4º e 11º da Lei 3/93, estabelece que “os cortejos e desfile só poderão
ter lugar aos domingos e feriados, aos sábados depois das 12 horas, e as restantes depois das
15 horas e 30 minutos”, por outro lado, “as reuniões ou outros ajuntamentos previstos neste
diploma não poderão prolongar-se para além das 22,00 horas, salvo se realizadas em recinto
fechado, em sala de espetáculo em edifício sem moradores ou, em caso de terem moradores
e forem este promotores ou tiverem dado o seu consentimento por escrito”.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
participam nas reuniões em recinto fechado, a não ser algo devidamente solicitado pelos
promotores (art.º 10º da Lei nº 3/93). Conforme nos conta CORREIA (2006), o art.º 270 da
CRP, “encerra uma autorização expressa de restrição legislativa dos direitos de reunião e
manifestação (entre outros) dos militares e agentes militarizados dos quadros permanentes
em serviço efetivo e dos agentes das forças e serviços de segurança” (p. 65). Com o efeito,
DANFÁ (2021), salienta que “o princípio do apartidarismo estabelece aos militares e agentes
militarizados restrições aos direitos de associação partidária, de manifestação, de reunião e
de expressão” (p. 39).
No que tange ao aviso prévio, este constitui uma limitação ao exercício do direito de
reunião e manifestação. Para que o cidadão exerça esse direito, é necessário o mesmo esteja
assinado por 3 promotores devidamente identificado pelo nome, profissão e morada, e se no
caso for uma associação pelas respetivas direções, a entidade que recebe deve prontamente
passar o recibo que comprova a sua receção, e por outro lado, devera constar a hora, o local
e a finalidade da reunião bem como indicar o itinerário a seguir (no caso de desfile ou
manifestação) (art.º 2º e 3º da Lei 3/93). Não obstante a isto, CORREIA (2006) confirma que
“por um notório lapso, o preceito não impõe explicitamente a indicação do dia, contudo,
deve considerar-se incluída na exigência da comunicação da hora” (p. 68). O autor citado
pelo DANFÁ, “admite a necessidade de um aviso prévio para a manifestação, tendo em conta
a perigosidade específica que acarreta, para os outros e para os próprios executores do
direito, impõe um procedimento administrativo de acompanhamento policial” (2021, p. 40).
No entanto, uma manifestação não deve ser interrompida só por falta de aviso prévio,
desde que seja pacifica e não apresentam sentimento de insegurança. Por isso que SOUSA
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
(2009) argumenta que “só a perigosidade direta para a ordem e segurança pública poderá ser
fundamento de dissolução de reunião ou manifestação em lugar público ou aberto a público”
(p. 98). Segundo o argumento de SOUSA (2009), “uma manifestação que decorre sem o aviso
prévio, não confere, por si, às autoridades policiais competência para emanarem uma ordem
de dispersão”, concluindo, “a manifestação deve realizar-se sem impedimento punindo-se
posteriormente, se for o caso, os seus organizadores, pela prática do crime de desobediência”
(pp. 17-18)
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Recorrendo a luz do art.º 3º da DUDH retrata que “todo o indivíduo tem direito à
liberdade e à segurança pessoal”. Por outro lado, também está previsto no art.º 5º da CEDH,
que tem a epigrafe “Direito à liberdade e à segurança” – o direito à segurança e o direito à
liberdade estão sempre de mãos dadas, formão um par” (CLEMENTE, 2015, p. 34). Por força
do nº 2 do art.º 9º da CEDH, estabelece que “a segurança pública e a proteção dos direitos
ou das liberdades dos outros como limites das leis de restrição da liberdade de manifestar,
individual ou coletivamente, a sua religião ou convicção” (SOUSA, 2016, p. 134)
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
podendo, para tanto, ordenar a comparência de representantes ou agentes seus nos locais
respetivos (art.º 7º da Lei nº 3/93). O mesmo acontece a luz da al. a) e b) do nº 2, do art.º
2º do DL nº 21/2021, quando cita que as atribuições da PNSTP é “garantir as condições de
segurança que permitam o exercício e o respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos, bem como o pleno funcionamento das instituições democráticas, que norteiam os
princípios do Estado de Direito Democrático, bem como garantir a ordem, a tranquilidade
pública, a segurança e a proteção das pessoas e dos bens”
Tal como é tipificado, trata-se de uma norma temporalmente datada, por dois
motivos:
De facto, o autor deixa claro que isso não significa que o promotor face a sua situação
de desordem, tenha de tomar ele próprio, medidas ativas e físicas para repor a ordem,
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
contudo, no exercício dessa função, sempre poderá fazer apelo a calma, denunciando e
expulsando os desordeiros do recinto (OLIVEIRA, 2015).
Assim como emana a lei, durante um evento deve o promotor na sua tarefa (função)
assumir na qualidade do representante máximo da reunião ou manifestação a
responsabilidade pela manutenção da ordem, e deve assegurar e tomar todas às medidas
adequadas de modo a manter e repor a ordem no trabalho, e sempre que necessário solicitar
a presença da polícia para reforçar a segurança do evento.
Causa essa, OLIVEIRA insiste em dizer que “a ordem e a segurança são uma
responsabilidade do promotor ou organizador do evento” (2015, p. 260). Já a ROBALO
(2018), refere que “os participantes na manifestação (organizadores ou promotores,
dirigentes, encarregados da ordem e participantes em geral) são os destinatários da ordem
constitucional do caráter pacífico” (p. 104).
Não obstante a este, os promotores são responsáveis por outro lado por parte morais
e materiais, e no caso de violência ficará mais oportuno a decisão de interromper uma
manifestação. E quando a situação se torne de tal forma insustentável e totalmente fora do
controle existe toda a legitimidade para que as autoridades policiais intervenham e
interrompam a reunião ou manifestação, no sentido de fazer cessar os atos de violência, o
que pode levar à detenção de participantes por prática de atos ilícitos que configurem crime
(ibidem).
Neste caso a norma é que a polícia só tem o dever de atuar, quando é explicitamente
solicitado pelo promotor, por outro lodo, pode dar o caso em que a polícia antecipar a sua
atuação devida o crime do momento. Os promotores assumem um papel preponderante na
manutenção da ordem durante uma manifestação, colocando-se no lugar de intermediário
entre a autoridade e os cidadãos (ROBALO, 2018, p. 105). Posto isto, “a polícia deverá fazer
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Sempre que o Estado observar que o exercício dos direitos fundamentais estão a ser
ameaçados, deve intervir de imediato de forma a garantir que esses direitos estejam
assegurados. Segundo SOUSA (2009), salienta que nessa intervenção estamos perante “um
dever de proteção do Estado, que corresponde a um direito à proteção ou mesmo à segurança
como direito fundamental autónomo expressamente reconhecido pela Constituição
portuguesa” (p. 57). Contudo, o dever do Estado é de dar a proteção devida aos cidadãos
contra as ofensivas dos terceiros.
Por seu turno, “o indivíduo no seio de uma multidão não perde a sua identidade
pessoal, adquire sim uma identidade social, quando alinha o seu comportamento pelo do
grupo a que se pertence” (OLIVEIRA, 2015, p. 341). Nesta perspetiva, acresce que a polícia
não é sujeita neutro dentro do conflito, e nesta conjuntura, a sua ação ou intervenção pode
ser de carater positivo ou negativo em relação a comportamento dos cidadãos durante uma
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
reunião e manifestação pública. Por isso que na sua análise, OLIVEIRA (2015), explica que
“está provado que o diálogo com os promotores ou participantes num evento coletivo,
quando viável, contribui para desescalada da tensão, assim como o estímulo ao acionamento
de mecanismo de autorregulação, como é o caso do serviço de ordem das manifestações (…)
e a própria segurança privada” (p. 341). A polícia é o garante da ordem pública, e neste
sentido, a sua responsabilidade de segurança decorre tanto numa manifestação legal bem
como ilegal. Perante o exposto, OLIVEIRA (2015) afirma que é necessário que sejam
ponderados os bens jurídicos que estão em conflitos na base de três vetores:
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
de SANTOS (2004), o arquipélago é de origem vulcânica, com uma orientação no sentido NE-
SO, com cerca de 2000 km de comprimento, também localizadas as ilhas de Ano
Bom/Pagalu e Bioko/Fernando Pó.
Depois de realçar a história de São Tomé e Príncipe, no que toca a sua descoberta e
seu povoamento, temos pela frente a génese da PNSTP que é o maior foco do nosso trabalho
de investigação. Posto isto, conceito de polícia é amplo, e antes de focarmos concretamente
na PNSTP, iremos debruçar sobre o termo polícia, sintetizar a sua origem bem como as
visões de alguns autores e sua consagração constitucionalmente.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Segundo a autora citada por MARQUELE (2013, p. 17), afirma que a “doutrina
tradicional portuguesa construiu um conceito de polícia apoiado em dois diferentes perfis: o
perfil funcional, considerando a polícia a atividade administrativa que se exerce mediante a
imposição de restrições aos direitos dos particulares (…). Durante o ano o conceito da polícia
vinha evoluindo consideravelmente. No seu sentido lato este conceito tem inúmeras
especificidades. Posto isto, CAETANO (1990), define Polícia como sendo “o modo de atuar
da autoridade administrativa que consiste em intervir no exercício das atividade individuais
suscetíveis de fazer perigar interesses gerais, tendo por objetivos evitar que se produzem,
ampliem ou generalizem os danos sociais que as leis procuram prevenir” (p. 1150).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
gerais (…)” (1980, p. 1060). De igual modo a polícia também pode ser entendida como
“conjunto das tarefas e cargo das entidades policiais independentemente da sua natureza
falando-se a esse propósito num sentido formal de polícia ou por atribuição” (RAPOUSO,
2015, p.307). A polícia é o garante de uma sociedade. E nessa vertente, VALENTE (2014),
esclarece a polícia como um defensor e garante da legalidade democrática, da segurança
interna e dos direitos de cidadão.
Decerto que, em 1961 vem o Decreto n.º 43527, de 08 de março, extinguir a guarda
rural que é (CPSPSTP), e criou o Corpo de Polícia de São Tomé e Príncipe (CPSTP), em
que o mesmo perdurou até Independência Nacional no ano de 1975 em São Tomé e Príncipe
(PENHOR, 2016). Através do art.º 2.º do Decreto-Lei (DL) n.º 10/75, de 27 de agosto, foi
criada a Polícia Nacional de São Tomé e Príncipe, em que a mesma iniciou o seu percurso
como a Polícia de Segurança Popular (PSP), mantendo-se até 16 de maio de 1979 (CRAVID,
2015). Nessa altura, segundo CRAVID (2015), a PSP foi substituída pelo departamento da
Polícia Nacional (PN) onde era tutelado pela Direção de Segurança de Ordem Interna
(DSOI), e através do art.º 1.º e 2.º do DL n.º 20/91, de 23 de abril o Departamento deixa de
existir e dando sequência a atual Comando Geral da Polícia Nacional de São Tomé e Príncipe
(CGPNSTP).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Mas antes de fazermos este exercício, recorremos aos escritos do VALENTE (2014),
apresenta um princípio já desenvolvido que da uma célere orientação das atividades
policiais, apresentando um lote de três grandes princípios fundamentais, onde comporta o
fim e limite da ação do Estado democrático de direito, onde os mesmos contem a formação
de outros subprincípios:
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Este princípio está consagrado no art.º 7º da CRDSTP, bem como o nº 1 do art.º 272º
da CRP, que tem “a função de defender a legalidade democrática garantir segurança interna
e os direitos da sociedade associados aos valores fundamentais da vida coletiva”. A polícia
tem como o foco da sua atuação o dever da obediência à Lei, à Constituição. Decerto que, é
um imperativo falar do princípio da constitucionalidade quando abordamos o princípio da
legalidade (VALENTE, 2014). E seguindo a linha de pensamento do autor, e citado por HENZ
(2018), o princípio da legalidade não pode olvidar o princípio da constitucionalidade, ou
seja, cabe a polícia ter a função da defesa da legalidade democrática e garantir o respeito e
cumprimento das leis em geral (…). A polícia deve na sua esfera a obediência tanto a Lei
bem como a Constituição. Falando ainda do princípio da legalidade, onde podemos observar
também no nº 2 do art.º 266º da CRP e no art.º 3º de CPA, este impõe que “os órgãos e
agentes administrativos estão subordinados à Constituição e à Lei, atuando em obediência a
ela dentro dos limites dos poderes que lhes estejam atribuídos e em conformidade com os
fins para que os mesmos poderes lhes forem conferidos”.
É a Lei que confere a polícia toda a legitimidade da sua atuação e que estabelece os
seus fins. Esses fins não são alcançados de forma arbitraria, mas sim, sempre de acordo com
a lei. E segundo VALENTE (2012), a polícia não pode perder a legitimidade na sua atuação e
nem dos seus atos serem considerados ilegais, pelo que a polícia deve estar subordinada à
Lei e à Constituição. O princípio da legalidade funciona com o foco voltado a proteção dos
interesses dos públicos e dos particulares.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
social, raça, sexo, tendência política, crença religiosa ou convicção filosófica, por outro lado,
a Administração Pública (AP) na sua relação com o particular, deve reger-se pelo princípio
da legalidade. Esses dois princípios estão interligados, por isso a sua junção.
Durante uma reunião e/ou manifestação pública, bem como na sua atividade diária,
a força policial deve ter em conta de forma assertiva este princípio fundamental que é o de
igualdade. Segundo PENHOR (2016), uma estrita violação desse princípio pode ser evitada
atendendo ao processo de impedimento, desconfiança ou recusa de uma situação processual
onde esta patente a família, amigo, ou um conhecido no lugar de um suspeito. Esse princípio
da igualdade “só permite um tratamento igual em situações iguais e possibilita um tratamento
diverso em situações de facto diferentes (SAMANANGO, 2016, p. 22). Por isso é que
CANOTILHO e MORREIRA (1993, p. 126), descreve que, esse princípio da igualdade “pretende
criar um princípio de disciplina na relação entre o cidadão e o Estado (ou equiparadas), mas
também uma regra de estatuto social dos cidadãos, um princípio de conformação social e de
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Por outro lado, podemos ver consagrado no nº 2 do art.º 266º da CRP, em que o
mesmo reforça a ideia da relação entre a Administração pública e os particulares
(CANOTILHO & MORREIRA, 1993). Esse princípio segundo SAMANANGO (2016, p. 239,
“circunscreve-se de dois aspetos:
Destarte, a PNSTP deve pautar sempre pela imparcialidade. Porém, como corolário
do princípio da igualdade revela que a atividade da Polícia, quer quando promotora da sua
função quer como objeto de interesse particulares, em especial dos elementos policiais, de
modo que se proteja a isenção e objetividade da atividade de polícia” (VALENTE, 2014, p.
236). Caminhando por mesmo pensamento do autor, este princípio, que não se confunde
nem aproxima do princípio da neutralidade, por a polícia a ter a seu cargo interesse público
a prosseguir preconiza que, por um lado a polícia na prossecução do interesse público atue
de forma isenta na determinação daquele para que não sacrifique desnecessária e
desproporcionalmente os direitos e interesses dos particulares (ibidem).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Esse princípio tem como finalidade, equilibrar os direitos com anseio da sociedade.
Por sua vez, foi largamente adotado pela jurisprudência alemã do pós-guerra, ou seja, é um
princípio que tem sua origem na Alemanha. Esse princípio proíbe de forma clara qualquer
arbitrariedade dos poderes constituído, porem, impõe limites de atuação. Por isso que
FELDENS, ressalva que:
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
A título explicativo, este princípio está plasmado a luz do nº 2 do art.º 266º da CRP,
e no art.º 6º do CPA. Pada o direito Constitucional são-tomense este princípio da boa-fé
retrata-se no nº 1 do art.º 7º, sugerindo que “no exercício da atividade administrativa e em
todas as suas formas e fases, a Administração Pública e os particulares devem agir e
relacionar-se segundo as regras da boa-fé”. Ou seja, a polícia na sua atuação, não deve
prevalecer ou favorecer pessoas e nem para o seu designo próprio. Na explicação do PENHOR
(2016, pp. 25-26), destaca “este princípio (…) como um instrumento que garante as
expetativas e a confiança dos particulares. Violação desse princípio pode resultar de uma
quebra integral de confiança com o cidadão.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
São várias as competências atribuído a polícia nomeadamente, e uma delas passa por
contribuir para um bom esclarecimento e dar e receber informações no que aufere a
segurança aos cidadãos. Esse princípio está plasmado, a luz do art.º 8º da CPA do regime
jurídico são-tomense, e é referido de que os órgãos da Administração Pública devem atuar
em estreita colaboração com os particulares procurando assegurar a sua adequada
participação no desempenho da função administrativa. Cumpre a polícia como um do órgão
da Administração Pública, prestar aos particulares as informações e o esclarecimento de que
careçam, e por outro lado, apoiar e estimular as iniciativas dos particulares e receber as suas
sugestões e informações (ibidem).
Tanto a polícia bem como toda a Administração Pública, no âmbito da sua atribuição
devem seguir os trâmites desse princípio. Prosseguindo com o eminente professor citado
pelo PENHOR (2016), o mesmo afirma que, no ramo deste princípio de prossecução de
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Em primeiro lugar, temos a atuação administrativa que enfatiza que a polícia só deve
atuar nos casos em que “tem ou devem ter efeitos na defesa de direitos e interesses da
comunidade em geral” (VALENTE 2014, p. 213). Em segundo lugar temos a ordem e
tranquilidade pública, em que o mesmo afirma que a polícia atua na promoção de “segurança
pública como um bem supra-individual (ibidem). E no terceiro lugar a atuação judiciária ou
criminal, e sintetiza que a polícia atua com finalidade de realização da justiça e descoberta
da verdade material (ibidem). Ou seja, o restabelecer da paz jurídica implica de forma
contraria o restabelecimento da paz social (VALENTE, 2014).
O uso da força pelos profissionais das forças, (…), tem uma rigorosa disciplina
jurídica, quer no plano interno, quer no plano internacional (ALVES, 2016, p. 27). Por este
facto é que a atividade policial “não é de mera execução automática, antes exige muita
ponderação, muita prudência, inteligência da situação para no domínio da discricionariedade
necessária à escolha da medida e ao seu grau de intensidade não ultrapassar nunca a medida
do consentido, do estritamente necessário para a realização do fim que prossegue” (SILVA,
2000, p. 22). Para CAETANO (1999), as medidas policiais consistem em:
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Por outro lado, GOMES (1989), na sua explicação salienta que as medidas policiais
são mais abrangentes onde envolve sanções aos que transgridem a lei, e nessa perspetiva ele
refere que:
Tanto a medida de polícia como ato de polícia, não são iguais, neste caso, “as
medidas de polícia administrativas consagram-se em atos jurídicos ou operações materiais,
independentemente da verificação de um ilícito, com (…) a prevenir a sua ocorrência ou
consumação” (RAPOSO, 2006, pp. 2-3).
Fazendo uma caracterização das medidas de polícia, (não de uma forma exaustiva),
verificamos que na LOPNSTP, nos pressuposto do nº 1 do art.º 12º, do DL - nº 21/2021 de
25 de agosto, em que cujo a epigrafe é “medida de polícia e meios de coerção”, refere que
“no âmbito das suas atribuições, a PNSTP utiliza as medidas de polícia legalmente previstas
nas condições e termos da Constituição, e de demais diplomas legais, não podendo impor
restrições ou fazer uso dos meios de coerção para além do estritamente necessário”.
Como é sabido, a medida de polícia são na sua génese muito abrangente, por isso a
lei limita-se e muito em prever essas mesmas medidas de polícia. Aliado a isso, “as medidas
cautelares e de polícia, as medidas cautelares administrativas de polícia e as medidas de
polícia aplicadas na vertente de ordem pública no quadro da segurança interna, enquadram-
se todas elas “no campo geral das de polícia” e caracterizam-se por serem restritivas de
direitos e por “terem natureza precária, temporária, cautelares e urgente” (VALENTE, 2012,
p.129). O autor citado por ALVES, continua dizendo que “a polícia deve recorrer às medidas
de polícia para cumprir as suas funções, mas, paralelamente a todos os exercícios decorrente
dos poderes policiais, nunca para além do estritamente necessário” (ALVES, 2016, p. 28).
Em sama, essa atuação policial deve estar estritamente condicionada, respeitando as normas
legais e os princípios que padronizam a boa execução da atividade policial. Segundo a
explicação de ALVES (2016), no que tange as medidas, relata que:
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Acresce que a polícia, na sua atuação deve estar estritamente ligada ao fim
pretendido, neste caso, as medidas que regem esse trabalho são as que constam na lei.
Relativamente a isto, todas as medidas tecnicamente admitidas, devem optar-se sempre por
aquela que representa o menor custo social (MELO, 2005). Ainda assim, fazendo uma
reflexão sobre determinadas situações dados aos direitos/interesses em conflito, devem ser
adotadas as medidas que pela sua eficácia seja a mais necessária, mais adequada e
proporcional (ALVES, 2016).
No que tange a uso de meios coercivos por parte da PNSTP, a LOPNSTP salienta os
requisitos legal na aplicação da medida de polícia, por este facto, aplicação dessas medidas
englobam também ao uso de meios coercivos por parte dos agentes da autoridade, para repor
a ordem pública. Desta feita, a decisão policial é automaticamente materializada pela atuação
policial, que pela qual, é sustenta a medida policial. Por conseguinte, esses tipos de atuação
policial pode constar o uso de meios coercivos. Em suma, “a utilização da força afigura-se
com um ato material que promove o ato jurídico inerente à aplicação das medidas de polícia
(ALVES, 2016, p. 28).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
humana, bem como o art.º 7º do mesmo diploma que aufere ao princípio da justiça e da
defesa da legalidade. Continuando o périplo pela CRDSTP, o surgimento da NEP, também
foi o alvo dos art.º 22º a 37º, que tem como base o princípio da garantia do direito à vida e à
integridade, o princípio da liberdade e da segurança pessoal, e por último o princípio da
defesa de legalidade e da garantia da segurança interna e dos direitos dos cidadãos.
Tal como afirma AFONSO (2012), a atuação policial está regulada e orientada por um
conjunto variadíssimo de diplomas legais internacionais e nacionais, a qual devendo
restringir-se ao mínimo indispensável de forma a respeitar os direitos fundamentais dos
cidadãos, como o direito à vida e à integridade física. O autor acima mencionado, continua
dizendo que, existem situações em que as forças de segurança se vêm obrigadas a fazer uso
de meios coercivos, adequando-se aos princípios da legalidade e da mínima força.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
É de frisar que, o uso de arma de fogo numa manifestação pela PNSTP, já ouve
ferimentos graves e por sua vez causou morte de menor. Em virtude disto, OLIVEIRA citado
por AFONSO, defende dois pontos dos princípios básicos da ONU, citando que os governos
“deverão incluir o aperfeiçoamento de armas incapacitante não-letais, para uso nas situações
adequadas, com o propósito de limitar cada vez mais a aplicação de meios capazes de causar
a morte ou ferimentos às pessoas” (2012, p. 16). Neste caso, a PNSTP deve adotar outro tipo
de procedimento, recorrendo aos meios menos letais até chegar ao recurso a arma de fogo,
dando a sua importância como o último recurso a adotar.
Por seu turno, existem meios coercivos de baixa potencialidade letal e meios
coercivos de elevada potencialidade letal. A polícia na sua atuação deve recorrer ou estar
munido perante uma alteração da ordem pública de meios coercivo de baixa potencialidade
letal, tendo em conta ser a mais adequada para esses tipos de eventos. Contudo “os meios
coercivos de baixa potencialidade letal não são suscetíveis de provocar a morte quando usado
devidamente” (ALVES, 2016, p. 31).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
podem ocorrer a partir de seu uso, embora a probabilidade procurada é baixa” (p. 9). Numa
definição mais detalhada “as armas não letais são concebidas e empregues tanto para
incapacitar pessoal como material, enquanto minimizam o risco de mortes e danos
indesejados a instalações e ao meio ambiente” (OLIVEIRA, 2009, p. 61).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Como é sabido, a lei impõe limites e restrições para o exercício do direito de reunião
e de manifestação. Uma das exigências mais vincadas da Lei nº 3/93 de 23 de abril é a
efetividade do aviso prévio ou comunicação prévia. Tal como afirma OLIVEIRA (2015, p.
285), “o aviso prévio não é um pedido de autorização às autoridades públicas, mas uma
simples comunicação ou pré-aviso”. Na opinião de CRAVID (2022) deve ser comunicada
antecipadamente, às autoridades policiais de forma a garantir o normal exercício deste
direito. Em suma, os manifestantes no exercício deste direito, devem obedecer todos os
requisitos plasmado na referida Lei para a sua realização, sob pena de serem interditos pelas
autoridades competentes (CRUZ, 2022).
Por outro lado, deve-se conhecer previamente tanto o percurso como o número de
participantes no evento (JUNQUEIRA, 2022). Uma das garantias que a PNSTP pode elencar é
a promoção de relações com a imprensa. Por conseguinte, MONIZ (2022) assegura que a
polícia deve ter uma relação mais direta e constante com os órgãos de comunicação social,
permitindo divulgar melhor as suas atividades. O autor ainda salienta que quanto melhor
estiver a população informada das funções dos polícias, melhor será a sua atuação pública.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Em 2021, a PNSTP teve grandes avanços no que diz respeito à entrada em vigor da
nova NEP que vem regular os limites ao uso de meios coercivos pela polícia. Depois dessa
aprovação, a polícia realizou várias disseminações em termos gerais com intuito de imbuir
no seio da polícia a necessidade de mudança de comportamento relativamente a esta matéria
(BOA MORTE, 2022). O autor defende que houve mudanças em termos da atuação policial.
Tal como afirmam NASCIMENTO (2022), SANTOS (2022), PENHOR (2022) e MIGUEL (2022),
referindo que houve melhorias, e um dos principais avanços prende-se com o bom senso da
polícia e uma maior aproximação através do diálogo e contenção.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
CONCLUSÃO
Verificamos que na sua atuação, a PNSTP tem excedido o uso da força, e por sua
vez, tem recorrido a formas menos aceitáveis no uso desordenado dos meios coercivos. Por
outro lado, a pesquisa mostrou-nos que houve mudanças neste sentido, ou seja, a polícia
começou a dialogar mais com a população, introduzindo melhorias provenientes da
arrecadação de mais material de ordem pública, que a PNSTP carecia há vários anos. Por
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
seu turno, a polícia se depara com falta de meios para lidar com eventos desta natureza, e
isto reflete-se na sua forma de atuação e de intervenção.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Tal como afirma MONIZ (2022) numa entrevista referindo que “quanto mais e melhor
estiver a população informada das funções dos policiais melhor será”. Entretanto, o uso de
força por parte da polícia não deve ser o objetivo principal da sua atuação, mas sim, um
instrumento de caracter preventivo. Nesta senda, a polícia são-tomense, no contexto da
manutenção da ordem pública, deve assentar a sua atuação numa vertente de visibilidade e
de baixa ostensividade, tendo em conta o grau de ameaça que advém dessa reunião ou
manifestação. Com o decorrer do evento, a PNSTP deve ter grande mobilidade, e capacidade
de intervir e reagir a qualquer situação a que é chamada a intervir, deve saber adaptar-se à
situação em concreto com os manifestantes. No decorrer da investigação foi possível
cimentar que um dos grandes objetivos da força de segurança é a reposição da ordem pública
e isto só se consegue quando a polícia for capaz de terminar com a desordem do momento.
Segundo os entrevistados, a PNSTP está no bom caminho em termos de formação e meios
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
de ordem pública. Por outro lado, é necessário reorganizarem, terem uma melhor articulação
e coordenação entre si. No que tange aos direitos humanos e fundamentais, é necessário que
a PNSTP aposte fortemente na formação contínua articulada e coordenada com o nível
operacional. É necessário apetrechar os comandos distritais e regional com o material da
ordem pública. Neste caso, estamos convictos que com o apetrechamento dos comandos e
da Região Autónoma, a PNSTP terá o melhor controlo da ordem pública.
Outro ponto que nos deparamos durante a nossa investigação, é que todas as grandes
manifestações são desencadeadas na capital de São Tomé e Príncipe. Neste caso, as maiorias
das infraestruturas críticas estão sitiadas neste local, logo, à luz do art.º 13 da Lei 3/93 de 23
de abril que proíbe as realizações de reuniões, comícios, manifestações ou desfile em lugar
público situados a menos de 100 metros da sede de órgão de soberania, entre outros. Durante
a nossa investigação foi possível constatar que, no cumprimento dos 100 metros designados
por lei não são cumpridos na integra. Isto porque a malha urbana da capital são-tomense não
confere condições necessária para que, os manifestantes ao exercerem este direito estejam
em conformidade com a lei. Decerto, o direito de se manifestar é um direito conferido a cada
cidadão, a força de segurança deve neste caso relativizar o que diz a lei em prol do direito
de manifestação, atendendo a que seja uma manifestação de carácter pacífico.
Por fim, propomos algumas medidas preventivas para melhorar a atuação da PNSTP.
Nesta ótica de ideias destacamos, primeiramente, que a polícia deve rever os históricos das
manifestações já realizadas em São Tomé e Príncipe, estudar bem os erros cometidos no
passado e tentar melhorar a sua parte operacional e tática. Por sua vez, planear bem a
operação, adquirindo uma aproximação estreita com os promotores, analisando os vídeos
sobre a temática, potencializando o uso de drones de modo a acompanhar o percurso do
evento, e assegurando mais formação na área de manutenção de ordem pública. Por último,
a PNSTP deve nomear um comandante do policiamento para cada evento, o que irá
proporcionar uma melhor uniformidade na sua atuação.
77
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
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84
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
85
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
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Mestrado em Ciências Policiais). Lisboa: ISCPSI.
LEGISLAÇÃO SÃO-TOMENSE
Decreto-Lei n.º 10/75, de 27 de agosto. Diário da República, I Série, n.º 14. Criou a Polícia
86
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Decreto-Lei n.º 42 223/59, de 18 de abril. Criou o Corpo de Polícia de São Tomé e Príncipe.
LEGISLAÇÃO PORTUGUESA
Decreto – Lei 406/74, Diário do Governo n.º 201/1974, 1º Suplemento, Série I de 1974-8-
29. Garante e regulamenta o direito de reunião, p. 964. Lei n.º 53/2007 de 31 de agosto.
Aprova a orgânica da Polícia de Segurança Pública.
FONTES ELETRÓNICAS
VALENTE, M. (2014). Teoria geral de direito policial. (4ª ed), Coimbra: Edições Almedina,
S.A. https://pt.scribd.com/doc/244384865/Principio-da-igualdade-pdf consultado a
13/01/2022.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
ANEXO E APÊNDICES
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
ANEXO I
ORGANOGRAMA DA POLÍCIA NACIONAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
CMDT-
GERAL
Assessor do Serviços Conselho
GIS Gab. do Cmdt-
Cmdt-Geral Sociais Geral Superior de
Polícia
2.º CMDT-
GERAL Secretaria-Geral
Conselho
Inspector Superior de
Geral Disciplina
Inspecção
-Geral
Departamento de Dep. Armas, Departamento Departamento Departamento Dep. de Departamento Departamento Dep. de Departamento
Operações e Explosivos e Jurídico de Disciplina e de Est Relações de Logística, de Segurança Policiamento de Saúde
Sstemasde Seg. Privada Deontologia Públicas e Finanças e Privada de
Informações udos, Cooperação Recursos Proximidade e
Planeamento e Humanos Rede Mulher Secção de
Formação ––
Secção de
Secção de Polícia Enfermaria
Secção de Segurança
Secção de Secção de Secção de
Deontologia e Relações Secção de
Informações Armas e Estudos e Privada
Disciplina Públicas Finanças
e Análises Explosivos Planeamento
Secção de Secção de
Central de Secção de
Cooperação RH
Comunicação Formação
Secção de
Fardamento
EPP DNT UIC CDAG CDMZ CDCG CDLO CDLE CDCA CR UPA UPAB
Príncipe
Posto
UOP Posto Posto Ribeira Posto de
Posto Santa
Riboque Bombom Afonso Malanza
Catarina
90
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
APÊNDICE I
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
GUIÃO DA ENTREVISTA
Neste contexto, desde já, agradece-se a estimada e preciosa colaboração dos entrevistados.
Perfil do entrevistado
Nome: _____________________________________________________________
Função que desempenha na instituição: ___________________________________
Data: ____/____/_____
em locais públicos?
5. Que tipo de medidas preventivas podem as autoridades tomar para evitar que uma
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
reunidas as condições para que exista uma mobilização rápida de meios da ilha de
9. Na sua opinião, entende ser necessário que a PNSTP capacite e apetrecha todos os
ordem pública, bem como algumas formações básicas, a fim de estarem preparados
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
APÊNDICE II
94
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
ENTREVISTA
Entrevistado: ROLDÃO DOS SANTOS BOA MORTE
Função que desempenha na instituição: Comandante-Geral da PNSTP
Data: 02/03/2022
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
5. Que tipo de medidas preventivas podem as autoridades tomar para evitar que
uma manifestação resulte em perturbação da ordem pública ou lesão a outros
cidadãos?
R: Uma das medidas prende-se com a gestão de informação. Há que se fazer a
recolha de informação por parte da Polícia daquilo que se pretende fazer;
Outra, prende – se com a transmissão da informação daquilo que vai acontecer. Por
exemplo: fecha-se uma via, a população a deparar com esta situação estará
informada do que está a acontecer.
Outra vertente prende se com a envolvência dos próprios promotores da
manifestação dos comportamentos que devem ter assim como todos os participantes
de forma que atividade corra de forma ordeira.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
9. Na sua opinião, entende ser necessário que a PNSTP capacite e apetrecha todos
os Comandos Distritais e Regional com equipamentos de manutenção e
reposição da ordem pública, bem como algumas formações básicas, a fim de
estarem preparados para eventuais casos de alteração da ordem?
R: É evidente que sim. Neste momento temos apenas o Grupo de Intervenção e
Segurança (GIS), que dá resposta a estas situações. Temos a consciência que ela só
por si, não consegue dar respostas por falta de investimento e por falta de recursos
humanos. Verdade é que aos poucos e com apoio as nossas congéneres temos
apetrechado o nosso GIS com algum material a altura. Não é suficiente sabemos
mais aos poucos vamos lá chegar. Relativamente a capacitação temos feito
constantemente, no âmbito de formação continua interna bem como com apoio das
nossas congéneres Portuguesa (PSP e GNR).
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
APÊNDICE III
98
Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
ENTREVISTA
Entrevistado: AURITO DOS SANTOS VERA CRUZ
Função que desempenha na instituição: Segundo Comandante-Geral da PNSTP
Data: 01/03/2022
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
5. Que tipo de medidas preventivas podem as autoridades tomar para evitar que
uma manifestação resulte em perturbação da ordem pública ou lesão a outros
cidadãos?
R: Primeiramente os promotores devem respeitar todos os requisitos legais
prescritos na Lei do Direito de Reunião e de Manifestação (Lei nº3/93, de 23 de
abril). Também devem ter a plena consciência que são responsáveis direto (dever de
colaboração) por todas situações e condutas ilegais que poderão advir antes,
durante e após a realização de uma manifestação, que perturbe a ordem e a
tranquilidade pública e lese os direitos fundamentais dos cidadãos.
As forças policiais deverão fazer acompanhamento de modo a garantir a segurança
e ter o controlo total de todas as atividades da manifestação e dos manifestantes.
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9. Na sua opinião, entende ser necessário que a PNSTP capacite e apetrecha todos
os Comandos Distritais e Regional com equipamentos de manutenção e
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
APÊNDICE IV
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
ENTREVISTA
Entrevistado: ERIDSON MARTINS GOMES DA TRINDADE
Função a desempenhar na instituição: Diretor de Departamento Cooperação e
Relação Pública
Data: 10/03/2022
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
5. Que tipo de medidas preventivas podem as autoridades tomar para evitar que
uma manifestação resulte em perturbação da ordem pública ou lesão a outros
cidadãos?
R: As medidas podem passar por encontros com os promotores do evento e acertar
os pormenores de segurança, cortes de vias e vias alternativas para trânsito,
colocação de barreiras e grades para delimitar áreas que não devem ser
ultrapassadas entre outras.
9. Na sua opinião, entende ser necessário que a PNSTP capacite e apetrecha todos
os Comandos Distritais e Regional com equipamentos de manutenção e
reposição da ordem pública, bem como algumas formações básicas, a fim de
estarem preparados para eventuais casos de alteração da ordem?
R: é uma situação já penada e existe um grupo de agente dos Comandos Distritais
que receberam formação específica de ordem pública, mas é necessário haver meios
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APÊNDICE V
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
ENTREVISTA
5. Que tipo de medidas preventivas podem as autoridades tomar para evitar que
uma manifestação resulte em perturbação da ordem pública ou lesão a outros
cidadãos?
R: As medidas preventivas que as autoridades é que todas as manifestações deve
haver uma comunicação que é de 72 horas.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
9. Na sua opinião, entende ser necessário que a PNSTP capacite e apetrecha todos
os Comandos Distritais e Regional com equipamentos de manutenção e
reposição da ordem pública, bem como algumas formações básicas, a fim de
estarem preparados para eventuais casos de alteração da ordem?
R: A PNSTP necessita de muitos meios para poder apetrechar as suas Unidades no
que toca a Manutenção da Ordem Pública.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
APÊNDICE VI
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
ENTREVISTA
5. Que tipo de medidas preventivas podem as autoridades tomar para evitar que
uma manifestação resulte em perturbação da ordem pública ou lesão a outros
cidadãos?
6. R: A Polícia deve reunir previamente com os promotores, com o objetivo de traçar
as linhas orientadoras; efetuar reconhecimento do percurso da manifestação;
delimitar o perímetro de segurança do local; infiltrar Agentes Policiais à paisana
com intuito de obter informação dos contramanifestantes que possam perturbar o
livre exercício dos direitos dos manifestantes; empenhar meios rolantes e humanos
suficientes para dar a cobertura de todo evento.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
10. Na sua opinião, entende ser necessário que a PNSTP capacite e apetrecha todos
os Comandos Distritais e Regional com equipamentos de manutenção e
reposição da ordem pública, bem como algumas formações básicas, a fim de
estarem preparados para eventuais casos de alteração da ordem?
R: Sim.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
APÊNDICE VII
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
ENTREVISTA
5. Que tipo de medidas preventivas podem as autoridades tomar para evitar que
uma manifestação resulte em perturbação da ordem pública ou lesão a outros
cidadãos?
R: Garantir que não haja interferência de pessoas alheias à manifestação, isto é, de
contramanifestação; garantir a segurança e circulação de pessoas nas vias de
trânsito se tal for indispensável, alterar trajetos programados caso seja necessário.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
9. Na sua opinião, entende ser necessário que a PNSTP capacite e apetrecha todos
os Comandos Distritais e Regional com equipamentos de manutenção e
reposição da ordem pública, bem como algumas formações básicas, a fim de
estarem preparados para eventuais casos de alteração da ordem?
R: Obviamente que é extremamente necessário investir nesse sentido face a evolução
que a nossa sociedade tem demonstrado.
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APÊNDICE VIII
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ENTREVISTA
Entrevistado: JOÃO PEDRO LOMBÁ GOMES CRAVID
Função que desempenha na instituição: Diretor do Departamento de Estudos,
Planeamento e Formação da PNSTP
Data: 21 / 01/ 2022
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
afirmo que os são-tomenses têm tido cada vez mais conhecimento sobre as leis em
apreço, principalmente porque tem aumentado significativamente o número de
manifestações no país.
5. Que tipo de medidas preventivas podem as autoridades tomar para evitar que
uma manifestação resulte em perturbação da ordem pública ou lesão a outros
cidadãos?
R: Em primeiro lugar, um dos passos importantes na preparação do policiamento
de qualquer manifestação é mesmo o facto da comunicação dever ser feita com, pelo
menos, 72 horas de antecedência, para que permita às autoridades avaliarem o grau
risco do referido evento e ajustar-se para tal. Logo, a medida preventiva varia muito
de evento para evento, conforme o seu grau de risco e de impacto social.
Na nossa realidade, muitas vezes, as autoridades convocam os promotores do evento
para entender melhor o que pretendem e assim definir-se diretrizes de atuação. Ou
seja, procurar com que o direito do cidadão não seja violado, mas também que se
cumpra os tais preceitos legislativos.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
9. Na sua opinião, entende ser necessário que a PNSTP capacite e apetrecha todos
os Comandos Distritais e Regional com equipamentos de manutenção e
reposição da ordem pública, bem como algumas formações básicas, a fim de
estarem preparados para eventuais casos de alteração da ordem?
R: Claramente que sim. Como já disse, falta muitos meios para que se tenha uma
eficiente e eficaz capacidade de controlo de massas. Há muitas debilidades na
manutenção e reposição da ordem por parte da PNSTP, fruto de pouco investimento
que é feito. No entanto, felizmente, nos últimos anos, após episódios mais graves, foi
possível adquirir-se alguns meios coercivos que veio colmatar as grandes lacunas
existentes.
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APÊNDICE XIX
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
ENTREVISTA
5. Que tipo de medidas preventivas podem as autoridades tomar para evitar que uma
manifestação resulte em perturbação da ordem pública ou lesão a outros
cidadãos?
R: em primeiro lugar, a recolha de informações, a ocupação de espaços e a
constante informação aos manifestantes de alguma alteração que se pretende
executar.
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
9. Na sua opinião, entende ser necessário que a PNSTP capacite e apetrecha todos
os Comandos Distritais e Regional com equipamentos de manutenção e
reposição da ordem pública, bem como algumas formações básicas, a fim de
estarem preparados para eventuais casos de alteração da ordem?
R: Sim, mas uma preparação na primeira linha, sobrepensa de haver desperdício de
recursos. A pequinês do país permite a deslocação rápida dos meios a qualquer
canto do país, com exceção da Região Autónoma de Príncipe.
10. A PNSTP aprovou a Norma de Execução Permanente sobre os Limites ao Uso
de Meios Coercivos. Com a implementação de esse Regulamento, numa
manifestação, houve alguma alteração na atuação da Polícia?
R; Não. Até porque, as manifestações que surgiram desde aprovação do referido
regulamento não suscitaram a intervenção musculada da polícia. A polícia tem
optado pelo diálogo e contenção.
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APÊNDICE X
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
Guião da Entrevista
Neste contexto, desde já, agradece-se a estimada e preciosa colaboração dos entrevistados.
PERFIL DO ENTREVISTADO
Nome: __________________________________________________________________
Instituição: _______________________________________________________________
Função que desempenha na instituição: _________________________________________
Data: _____/____/____
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8. Que medida(s) preventiva(s) considera que a Polícia deveria adotar para fazer face à
manifestação?
9. Que subsídio deixa à Polícia de forma a ter melhor performance numa manifestação?
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APÊNDICE XI
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ENTREVISTA
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5. Entende que a PNSTP tem as devidas atribuições que lhe permite desempenhar
missões de segurança e ordem pública?
R: Do pouco que sei a PNSTP tem desempenhado um bom papel, só que lhe falta
meios humanos, equipamentos e colaboração de outras instituições para garantir a
segurança e ordem pública. Não tem sido fácil, dadas as dificuldades do próprio
País.
8. Que medida(s) preventiva(s) considera que a Polícia deveria adotar para fazer
face à manifestação?
R: Conhecer previamente o percurso e o número de participantes, assinar um
compromisso com a comissão da manifestação para que se respeite as leis da
república.
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APÊNDICE XII
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ENTREVISTA
Data: 01/03/2022
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Reunião e manifestação: Atuação da polícia na manutenção da ordem pública em São Tomé e Príncipe
5. Entende que a PNSTP tem as devidas atribuições que lhe permite desempenhar
missões de segurança e ordem pública?
R: Sim. Falta e ou tem faltado autoridade, elevação e competência profissional para
o exercer. É preciso que os policiais se sintam livres e abertos a comunicar e ou
trabalhar com a população sem os constrangimentos políticos.
Alerto que muitas vezes os mesmos, em função dos seus superiores, são
condicionados politicamente nas suas atuações.
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