SindicatosnaPSP TrajectriasePerspectivasdeFuturo
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Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna
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All content following this page was uploaded by Nuno Poiares on 18 August 2022.
Agradecimentos
- Agradeço a Deus, pela possibilidade de estar a concluir este Curso Superior, pelo
amor e pela fé com que continuamente me envolve e com a qual me auxiliou a superar
todos os obstáculos ao longo destes cinco anos.
- Ao meu irmão e à minha cunhada, de quem nunca faltou uma palavra de apoio e
força para que hoje estivesse a concretizar um sonho…tornar-me Oficial desta Mui Nobre
Casa!
- Ao meu Sobrinho, Afonso…mais uma grande razão para o meu feliz viver!
- À Rita, pelo amor e pelo constante apoio e presença, quer nos bons momentos quer
em outros mais difíceis. Prova de que há pessoas maravilhosas na Terra! Obrigado por
Tudo!
- Ao Exmo. Sr. Comissário Poiares, meu Orientador, pela confiança que demonstrou
ter nas capacidades do candidato para realizar este trabalho, quer ao aceitar orientá-lo quer
na forma como sempre, no decurso do mesmo, manifestou manter essa mesma confiança.
Agradeço-lhe pela forma sempre leal, disponível e interessada com que me concedeu
ajuda para alcançar os objectivos deste trabalho. Esteve sempre pronto a auxiliar-me
durante a realização do mesmo, atendendo sempre de forma célere às minhas solicitações,
nunca me deixando perder o ânimo e vontade de trabalhar. A ele lhe devo muito!
- À Escola E.B. 2,3/S Dr. João de Brito Camacho, Almodôvar – minha “Casa Mãe”
em termos académicos – e a todos os seus funcionários e docentes com quem tive o
privilégio de aprender.
“ O sindicalismo baseia-se totalmente na crença na acção do grupo sindical como elemento renovador de
toda a vida, não somente social e económica como também política. O sindicato é ao mesmo tempo o
instrumento e o objectivo da transformação. Prepara deste modo o nascimento de uma sociedade que
deixará de ser um Estado, no sentido das soberanias territoriais existentes, para passar a ser uma
Resumo
Abstract
Lista de Siglas
Índice
Agradecimentos ..................................................................................................................... I
Resumo ................................................................................................................................ IV
Abstract ................................................................................................................................ V
Introdução.....................................................................................................................................1
3.2.2. Participantes............................................................................................................... 45
Conclusão ....................................................................................................................................59
Bibliografia ..................................................................................................................................61
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
Introdução
1
Entrevista n.º 14 (Vide Anexo 55).
2
Idem.
1
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
No que à actualidade do tema diz respeito, a mesma é comprovada, desde logo, pelas
recentes declarações que têm sido notícia nos diversos órgãos de comunicação social,
conforme se verifica nos seguintes extractos:
“Sindicatos concordam que PSP tem «muitos sindicatos»” (Lusa, 11 de Janeiro
de 2010)3.
“Comandante de Viseu defende que é necessário «repensar a actividade
sindical»” (Lusa, 11 de Janeiro de 2010)4.
Tem-se verificado que as opiniões expressas acerca do sindicalismo praticado na PSP
têm sido diversas e, por vezes, perversas. Se temos quem assegure que o sindicalismo tem
sido, de facto, uma mais-valia no seio desta polícia, por outro lado, temos quem critique a
inobservância de evolução vinte anos depois de publicada a primeira lei nesta área – Lei
6/90 de 20 de Fevereiro (conhecida como a Lei do Associativismo). Tomemos, a título de
exemplo, duas dessas opiniões tão divergentes, extraídas dos inquéritos aplicados no
âmbito da presente investigação:
“ (…) o sindicalismo na PSP está de boa saúde e recomenda-se. Assiste-se,
hoje, a um assinalável envolvimento do Executivo, da hierarquia e dos
sindicatos na busca de soluções adequadas para os problemas que afligem a
classe de profissionais de que estamos a falar” (Colaço, 2010)5.
“Não houve evolução, houve um retrocesso. (…) Hoje não me revejo no
sindicalismo da PSP. (…) eu continuo sócio de um sindicato porque eu sou um
defensor do sindicalismo na Polícia, mas sou defensor de um sindicalismo
sério. (…) hoje não há seriedade” (Chaves, 2010) 6.
Perante este clima genérico de divergência e considerando nós que, em matéria de
sindicalismo, é imperioso haver convergência de ideias, identificação de valores e, acima
de tudo, união, de forma a dotar a reivindicação em um contrapoder firme e consistente,
parece-nos pertinente tentar perceber, com este trabalho, se o actual panorama sindical da
PSP é o mais adequado a esta força de segurança ou, até mesmo, se os seus próprios
intervenientes se identificam com o mesmo. Estamos, portanto, convictos que é benéfico
analisar a actual estrutura sindical da PSP com o intuito de verificar se esta é ou não
3
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/psp-policias-sindicatos-tvi24-ultimas-noticias/1130687-4071.html,
consultado em 11 de Janeiro de 2010.
4
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade-nacional/psp-policias-sindicatos-rui-pereira-tvi24-ultimas-
noticias/1130652-4555.html, consultado em 11 de Janeiro de 2010.
5
Entrevista n.º 14 (Vide Anexo 55).
6
Entrevista n.º 12 (Vide Anexo 53).
2
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
3
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
4
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
Neste capítulo propomo-nos tecer uma breve mas elucidativa reflexão sobre o
sindicalismo. Para isso, e porque assim indicam as regras da ciência, tratamos a questão do
geral para o particular, começando por aflorar algumas das principais concepções que se
têm construído sobre a fenomenologia sindical, designadamente, no tocante à sua origem e
à explicação dos seus variados desenvolvimentos. Posteriormente, fazemos uma
abordagem conceptual e respectivo enquadramento legal – nacional e internacional – do
fenómeno, essencial para uma melhor compreensão e consolidação do mesmo. Por fim, de
modo a nos aproximarmos do tema do capítulo seguinte, debruçamo-nos sobre as
restrições que a lei admite ao direito da liberdade sindical no caso da Polícia.
Na perspectiva de fazer o melhor enquadramento da fenomenologia sindical,
procedeu-se a uma incursão assente em obras consideradas pertinentes, legislação nacional
e internacional.
1.1.Abordagem Histórica
7
Parêntesis nosso.
5
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
de artes e ofícios”8 (Cardoso, 1950, cit. in Veiga, 1992:186). Porém, Noronha refere que
“só com o advento da Revolução Industrial (Século XVIII) se criaram as condições que
conduziram à constituição dos sindicatos sob a forma por que são actualmente conhecidos”
(Noronha, 1993:18).
Era uma nova época e as consequências sociais dessa Revolução foram diversas. De
entre elas, nasce o proletariado, ou seja, os indivíduos que viviam exclusivamente da força
do seu trabalho (Noronha, 1993). Estes, perante as terríveis condições de exploração a que
estavam sujeitos9, percebem a necessidade de se associarem, para juntos tentarem negociar
as suas condições de trabalho (Veiga, 1992). Neste sentido, Regala esclarece que o
movimento sindical nasce, primeiro como acção social de protecção, depois como forma
de combate ao abuso do capitalismo, sob o formato de instituições organizadas de
trabalhadores na luta pelos seus direitos perante os governos e, especialmente, em relação
aos empresários capitalistas (Regala, 2010). Assim, segundo Veiga, este movimento tinha
como objectivo “alcançar a paridade de força contratual dos trabalhadores, isolados e
dispersos, face ao poder económico do empresário capitalista” (Veiga, 1992:186). Daqui se
depreende, na esteira de Noronha, que “as consequências sociais da Revolução Industrial
apresentavam uma certa convergência num ponto: foram elas que ajudaram ou, pelo
menos, fizeram sobressair a necessidade de criação dos sindicatos” (Noronha, 1993:23).
“Assim se apresenta o movimento sindical, como originado e condicionado pelo
sentimento de revolta decorrente da frustração e da inadaptação do trabalhador ao
ambiente; pela nascença de uma «interpretação comum da situação social» e de um
consequente «programa de acção comum para a melhorar», potenciada pelo
«temperamento» dos líderes e dos membros do grupo; pelo sentimento de «comunidade
moral e psicológica» entre homens ligados por uma tarefa comum, contra a atomização
social e a insegurança económica decorrentes da mecanização do trabalho” (Fernandes,
1983:48).
Proença refere que o movimento sindical, desde logo, afirma o seu
internacionalismo. Muitos trabalhadores desenvolvem actividade em diferentes países e
8
Entenda-se, para este trabalho, o conjunto de operários qualificados numa determinada função que se uniam
em corporações a fim de defenderem os interesses de classe e regulamentar a profissão. Cada corporação
agrupava um determinado ramo de trabalho, daí ser chamada corporação de ofício.
9
Passaram a ser “propriedade” dos capitalistas, que os obrigavam a trabalhar durante períodos que podiam
chegar até às 15 horas diárias, para além de salários de miséria, instabilidade de emprego e péssimas
condições de trabalho no que dizia respeito, nomeadamente, à segurança e higiene (Fernandes:5).
6
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
afirma-se a solidariedade internacional. O mesmo autor aponta que, “em 1848, Marx e
Engels apelam: «proletários de todo o Mundo uni-vos»” (Proença, 2006:2)10.
O final do século XIX marcou o período da história do sindicalismo em que surgiram
várias tendências de carácter teórico ou organizativo no movimento 11, depois da
legalização dos sindicatos na maior parte dos países europeus12. Entre essas tendências
figurava o sindicalismo revolucionário 13. Porém, Veiga recorda que “este resultado,
aparentemente natural e lógico, só foi possível ao cabo de árduas lutas no sentido de obter,
primeiro, a revogação das leis anti-associativas, fruto da ideologia liberal e individualista e,
depois, o reconhecimento das associações sindicais, a par das patronais, e a legitimidade
para umas e outras ajustarem, entre si, os termos das suas relações de trabalho” (Veiga,
1992:186).
Proença lembra que, em 1913, é criada a Federação Internacional de Sindicatos (FIS)
e, um ano depois, começa a I Guerra Mundial (1914-1918) (Proença, 2006), da qual, de
acordo com Noronha, “emergem três novas formas de sindicalismo – o sindicalismo
comunista14, o sindicalismo cristão15 e o sindicalismo reformista16” (Noronha, 1993:43). Por
10
O número de sindicatos e dos seus membros aumenta no mundo. Em 1876, estima-se em 2 milhões o
número de trabalhadores sindicalizados e, em 1914, em 13 milhões (Proença, 2006:2).
11
Sindicalismo, in Diciopédia X. Porto Editora, 2006
12
Veiga ensina-nos que este processo se caracteriza por 4 fases: a primeira fase, que corresponde à proibição
absoluta de todas as formas associativas, teve o seu início em França com a célebre lei Le Chapelier de 17 de
Junho de 1791. Esta lei vedava o restabelecimento, sob nenhum pretexto, das “corporações de cidadãos do
mesmo estado ou profissão”. Mas a atitude negativa dos poderes públicos perante o movimento sindical não
logrou sufocá-lo nem sequer enfraquecê-lo. A expansão crescente desse movimento levou, anos depois, os
governos a rever a sua posição e a adoptar uma atitude de progressiva tolerância. Esta é a segunda fase do
processo de evolução do sindicalismo, que culminou em França com a lei de 25 de Maio de 1864 (Lei
Waldeck-Rousseau), alterando as disposições do Código Penal relativas aos delitos de “coligação e greve”.
Vinte anos depois, a lei francesa de 21 de Março de 1884 autoriza a criação de sindicatos profissionais, que
passam a poder constituir-se livremente e a gozar de personalidade jurídica, como associações de direito
privado. De referir que já quatro décadas antes, em 1842, na Inglaterra, fora proferida a famosa sentença do
Juiz SHAW, considerando como lícita a associação de trabalhadores da mesma profissão para defesa dos
seus interesses, doutrina mais tarde consagrada na lei sindical inglesa (Trade Unions act) de 1871. Também
na Alemanha e na Itália ocorre análoga evolução, com o reconhecimento dos sindicatos operários pela
“Gewerbeordnung” de 1869 e com o Código Penal de 1890, respectivamente. Abre-se assim a terceira fase
da evolução do sindicalismo, que é da consagração generalizada da liberdade de associação e do
reconhecimento das organizações de trabalhadores, a par das associações patronais, como representantes
legítimos das respectivas categorias na negociação de convenções de trabalho. Na quarta e última fase, que é
a actual, assiste-se ao acolhimento constitucional dos direitos sindicais básicos, a partir da Constituição alemã
de Weimar, de 1919, e à participação progressiva dos sindicatos em funções de carácter público, à medida
que se acentua o poder e a influência política do movimento sindical nos diversos países, sobretudo após a II
Guerra Mundial (Veiga, 1992:186-188).
13
De acordo com Fernandes, este tipo de sindicalismo tem duas componentes básicas: o anarquismo e o
marxismo. Os sindicalistas revolucionários aceitam da análise marxista, a crítica ao capitalismo. A esta
crítica juntam uma outra (anarquista): ao Estado em si. O estado não pode ser um instrumento da libertação
social, porque ele é, em si mesmo, instrumento de opressão. Assim há um objectivo principal a atingir: o
Poder a quem produz, defendendo um movimento operário politicamente independente (Fernandes:7-8).
14
Segundo a teoria de Lenine sobre a «correia de transmissão», os sindicatos estão dependentes
relativamente às orientações emanadas dos partidos comunistas. Nas sociedades em que os partidos
7
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
comunistas não estão no poder, o sindicalismo é concebido como instrumento de derrube da ordem social
vigente. Nas sociedades em que os partidos comunistas estão no poder, os sindicatos transformam-se numa
espécie de prolongamentos subalternos de um tentacular aparelho de Estado. Como corolário desta situação
os sindicatos perdem o seu poder reivindicativo (Fernandes:9).
15
Fernandes indica que este tipo de sindicalismo afirma a necessidade dos sindicatos serem independentes do
Estado, preconiza a harmonia patrão-empregado de acordo com valores cristãos e privilegia a negociação
colectiva como forma de melhorar as condições de vida dos trabalhadores. A greve apenas é accionada
quando todos os outros meios estão esgotados (Fernandes:12-13).
16
Em oposição à tese leninista, defende a autonomia dos sindicatos face aos partidos políticos. Tem como
bandeira o desenvolvimento de um processo amplamente participado pelos trabalhadores representados nas
suas organizações, que deverão intervir em todas as instâncias da vida colectiva (Fernandes:11).
8
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
17
Entenda-se, neste trabalho, as associações formadas voluntariamente com o objectivo de prover auxílio aos
seus membros, em caso de necessidade, baseado na reciprocidade e na entreajuda. Também conhecidas como
Associações Mutualistas.
18
O número de associações operárias de socorros mútuos passou de 65 (em 1876) para 590 (em 1903). Em
1889 estavam registadas 392 Organizações, representando mais de 130 000 trabalhadores (Proença, 2006:3).
9
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
19
Em 1872 surgem as primeiras greves nas áreas da fundição e dos gráficos (Proença, 2006:3).
20
Veiga considera que “o sindicalismo corporativo é nacionalista”, no sentido de que os sindicatos “exercem
a sua actividade exclusivamente no plano nacional e com respeito absoluto dos superiores interesses da
Nação” (Veiga, 1992:190). Esta ideia é concretizada por Fernandes, ao referir que os interesses dos
trabalhadores são subalternizados à ideia da Nação (Fernandes:13). Em Portugal, no ano de 1933, Salazar
institui o regime corporativo, através da criação de “sindicatos nacionais”. Fazia, então, vingar a sua política
de «Tudo pela Nação, nada contra a Nação» (Fernandes:13).
21
O sistema corporativo emanado da Constituição de 1933 e do Estatuto Nacional do Trabalho, do mesmo
ano, no tocante aos sindicatos de trabalhadores, apresentava como traços fundamentais a unicidade sindical, a
liberdade de inscrição, o carácter nacional e público (Veiga, 1992:189).
10
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
22
A unicidade sindical significava que, em cada circunscrição ou região (distrito, grupo de distritos, ou todo
o país), o Estado somente reconhecia um único sindicato por categoria profissional. Não existia, pois,
liberdade sindical no sentido de livre constituição de sindicatos, com o inerente pluralismo sindical, e de
independência em relação ao Governo (Veiga, 1992:189-190).
23
Conforme refere Fernandes (23), o 25 de Abril coincidiu, temporalmente, com um período reivindicativo
que se alastrou por vários sectores de actividade, nomeadamente: aviação comercial, metalurgia, confecções,
construção civil, transportes, etc.
24
unicidade; integração numa confederação geral única; proibição de confederação em organizações
estrangeiras, sem prejuízo da possibilidade da cooperação e relacionamento; proibição da concorrência entre
sindicatos; destituição de corpos gerentes reservada a deliberação em assembleia-geral; cobrança da
quotização sindical por retenção na fonte; controlo judicial da constituição e legalidade dos sindicatos;
actividade sindical nos locais de trabalho; estabelecimento de um prazo máximo de 60 dias para que os
sindicatos corporativos se adaptassem ao novo processo, sob pena de serem extintos (Noronha, 1993:107-
108).
25
Sindicalismo, in Diciopédia X. Porto Editora, 2006
11
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12
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
(Direitos e Deveres Fundamentais) da CRP. Por sua vez, a liberdade sindical, respeitante
aos trabalhadores, encontra-se no artigo 55.º, Capítulo III (Direitos, liberdades e garantias
dos trabalhadores), Título II, Parte I do mesmo diploma.
13
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14
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26
Parêntesis nosso.
15
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27
Os acordos colectivos não estão sujeitos a autorizações ou homologações administrativas (Teixeira,
2008:7).
28
Direito a que as entidades patronais não se recusem à negociação, requerendo assim garantias específicas,
nomeadamente esquemas públicos sancionatórios da recusa patronal em negociar e contratar (Teixeira,
2008:7).
29
Não pode deixar de existir um espaço aberto à disciplina contratual colectiva, este não pode ser extinto por
via normativo-estadual (Teixeira, 2008:7).
30
Convenção sobre o Direito de Sindicalização e de Negociação Colectiva.
31
Cfr. Preâmbulo do Decreto-Lei n.º 84/99, de 19 de Março.
16
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1.3.Regime Jurídico
32
Ratificada por Portugal através da Lei 45/77, de 7 de Julho.
33
Adoptada em 1949.
34
Ao qual Portugal aderiu pela Lei 29/78, de 12 de Junho.
35
Ao qual Portugal aderiu em 11 de Julho de 1978, através da Lei 45/78.
36
Ratificada por Portugal através da Lei 65/78, de 13 de Outubro.
37
Resolução 690 da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, de 8 de Maio de 1979.
38
Aprovada para ratificação pela Resolução da Assembleia da República n.º 21/91, em 24 de Abril e
ratificada pelo Decreto do Presidente da República n.º 38/91, de 6 de Agosto.
39
Aprovada no II Congresso do Conselho Europeu de Sindicatos de Polícia.
17
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
da OIT; PIDCP (artigo 22.º, n.º 1); PIDESC (artigo 8.º, n.º 1); Convenção Europeia dos
Direitos do Homem (artigo 11.º, n.º 1); Carta Social Europeia (artigo 5.º); Convenção
Interamericana dos Direitos do Homem (artigo 16.º) (Miranda, 2006).
18
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
De acordo com Teixeira, decorre, desde logo, do n.º 2 do artigo 29.º da DUDH a
“possibilidade de restrições ou limitações legais aos direitos fundamentais (logo, também,
ao direito de constituição de sindicatos), com vista exclusivamente a promover o
reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades fundamentais e a fim de «satisfazer
as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade
democrática»” (Teixeira, 2008:14). Em idêntico sentido, os artigos 9.º, n.º 1 e 5.º, n.º 1 das
Convenções n.ºs 87 e 98 da OIT, respectivamente. Estes diplomas concedem às legislações
nacionais autonomia para regulamentarem a liberdade sindical e a negociação colectiva a
duas categorias de agentes do estado – as forças armadas e a polícia. Também os Pactos
Internacionais de Direitos Humanos – PIDCP (artigo 22.º, n.º 2) e PIDESC (artigo 8.º, n.º
2) – não impedem que se submetam restrições legais ao exercício das liberdades de
associação e sindical por parte dos membros das forças armadas e da polícia. No mesmo
sentido avança a Convenção Europeia dos Direitos do Homem, que no seu artigo 11.º, n.º 2
contempla a não proibição de imposição de restrições legítimas ao exercício da liberdade
sindical aos membros das forças armadas, da polícia ou da administração do Estado.
Segundo Teixeira, “o mesmo se verifica pela análise da Carta Social Europeia, sendo
reconhecido no seu artigo 5.º o direito à liberdade sindical, não impedindo também que o
Estado determine a medida em que as garantias aí convencionadas se aplicam à polícia”
(Teixeira, 2008:16).
Em suma, percorridos os mais importantes normativos internacionais sobre o direito
de associação sindical – ratificados por Portugal, que passaram a integrar a ordem jurídica
interna – concluímos, na esteira de Nascimento Rodrigues, que, “de facto, a sindicalização
da polícia não é o mesmo que a sindicalização dos profissionais de escritório ou do que os
operários metalúrgicos”, preservando assim a linha tradicional de legitimidade dos Estados
para determinarem eventuais exclusões, restrições ou limitações ao direito sindical na
polícia (Nascimento Rodrigues, 1986, cit. in Teixeira, 2008:16). Verificamos, portanto, na
linha de raciocínio do mesmo autor, que “a polícia é uma das categorias passível de ser
objecto de restrições no reconhecimento do exercício de direitos sindicais – no entanto, é
também importante realçar que não existe qualquer restrição no que diz respeito à
titularidade desses referidos direitos” (Nascimento Rodrigues, 1986, cit. in Teixeira,
2008:14). Neste sentido, achamos esclarecedor Spautz ao referir que “no que respeita à
19
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
polícia, pode um Estado fixar limitações ou restrições, mas não pode já estabelecer a
supressão pura e simples do exercício do direito de liberdade sindical” (Spautz, 1979, cit.
in Teixeira, 2008:16). Na mesma linha de pensamento, Liberal Fernandes afirma que, em
face do estatuído em qualquer destas normas indicadas, e em virtude da superioridade que
lhe é reconhecida perante o direito interno infraconstitucional, “o legislador nacional
apenas pode restringir a liberdade sindical, pelo que a discricionariedade que lhe é
facultada não abrange a faculdade de excluir o respectivo exercício” (Liberal Fernandes,
1992:81). Daqui decorrem, segundo Colaço e Gomes, três características, a saber:
1. Distinção entre «proibição» e «restrições» do exercício de direitos;
2. A inviabilidade das restrições poderem descaracterizar um direito existente;
3. A inviabilidade de restrições inconstitucionais.
Assim, consideram os mesmos autores que, em primeiro lugar, uma restrição de um direito
pressupõe sempre a existência desse mesmo direito, isto é, o direito sindical só pode ser
objecto de uma restrição quanto ao seu exercício, desde que esse direito seja reconhecido.
Em segundo lugar, as restrições não podem descaracterizar um direito (estando, por
exemplo, reconhecido o direito de reunião, não é legítimo descaracterizá-lo, impedindo as
reuniões a pretexto de condicionar os locais dessas mesmas reuniões). Finalmente, o
princípio constitucional da necessidade, proporcionalidade e adequação obriga a que as
restrições de direitos, liberdades e garantias só possam ocorrer nos casos expressamente
previstos na Constituição da República Portuguesa, devendo as restrições limitar-se ao
necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos
(Colaço & Gomes, 2001).
A liberdade sindical, referida no artigo 55.º da Constituição, trata-se de um direito
fundamental que, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 18.º da Constituição, é
directamente aplicável e vincula as entidades públicas e privadas. Neste contexto, Miranda
expressa que “os serviços e forças de segurança, como todos os indivíduos, gozam dos
direitos, liberdades e garantias que a constituição consagra” (Miranda, 2003, cit. in
Teixeira, 2008:17). Por sua vez, o artigo 270.º da Constituição, que tem por epígrafe
“Restrições ao exercício de direitos”, prevê que as mesmas possam ser impostas a
quaisquer “agentes dos serviços e das forças de segurança”. De referir que este artigo deve
ser lido em conjugação com o disposto no artigo 18.º do mesmo diploma, resultando daí,
assim, uma série de limitações constitucionais.
20
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
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Esta luta pelo sindicalismo na PSP veio a ser, porventura, a batalha mais encarniçada que se travou
em Portugal pela conquista do direito de reunião e do associativismo representativo
no apregoado Estado de Direito Democrático saído do «25 de Abril».
(Colaço & Gomes, 2001:17)
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Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
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41
Entrevista n.º 14 (Vide Anexo 55).
42
Idem.
43
In Revista “O Crachá”, edição especial “Secos e Molhados – 20 anos”, Abril de 2009:4.
44
Mais tarde, essa luta haveria de ter como ideias-chave reivindicativas, para além da pretensão de uma
polícia civil, oficializada e democrática, um código ético-profissional; uma Escola Superior de pendor
civilista; melhoria na formação; policiamento de giro e de proximidade; melhores meios de combate à
criminalidade; melhoria de condições de trabalho, higiene e de segurança; supressão de descriminação da
mulher-polícia na progressão de carreira; desbloqueamento de carreiras profissionais; folgas semanais;
salários compatíveis com a responsabilidade, dureza, e perigosidade da função; compatibilização de serviços
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Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
remunerados; cobertura social a 100% das pensões das viúvas de polícias vitimados em exercício de funções
(Colaço, 2010), em entrevista. Entrevista n.º 14 (Vide Anexo 55).
45
In Revista “O Crachá”, edição especial “Secos e Molhados – 20 anos”, Abril de 2009:4.
46
Data do 2.º Almoço/Convívio, na Casa do Alentejo, em Lisboa, o qual contou com a presença de cerca de
400 agentes da PSP, dirigentes do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), entre outros
(Colaço, 2009:12).
47
Alterada pela Lei n.º 41/83, de 21 de Dezembro.
48
Publicado no Boletim do Ministério da Justiça n.º 328, folhas 474 e seguintes.
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se lhes aplicaria a Lei de Defesa Nacional (Teixeira, 2008). Posto isto, Colaço indica que,
“inexistindo Sindicato de Polícia face a essa retenção arbitrária do processo da sua
legalização, a Comissão Coordenadora da Pró-Associação Sindical da PSP prosseguiu a
sua actividade entre tempestades e tormentas de ameaças e processos disciplinares”
(Colaço, 2009:13). Deste modo, refere o mesmo autor que, já em Maio de 1984, a referida
Comissão dá início aos seus contactos internacionais, designadamente, com a União
Internacional dos Sindicatos de Polícia (UISP) (Colaço, 2009). Neste contexto, Colaço e
Gomes aludem que “os sindicalistas da PSP tinham percebido que, para melhor resistirem
à intensificação dos ataques de que eram alvo por parte da hierarquia policial, não lhes
bastavam só os apoios que iam obtendo no espaço nacional. Necessitavam também de
estabelecer contactos internacionais, que lhes dessem visibilidade além-fronteiras e lhes
assegurassem uma mais consciente capacidade de afirmação” (Colaço & Gomes,
2001:137). Certo é que esse apoio não tardou em chegar e, a 28 de Maio de 1984, em
entrevista ao “Diário de Lisboa”, o Vice-presidente da UISP, Bérnard de la Place, afirmou:
“Só quem tem medo da Democracia é que teme um Sindicato de Polícia”.
Teixeira aponta que, na sequência da constante violação dos direitos dos polícias, em
Julho de 1985, o Provedor de Justiça – Ângelo de Almeida Ribeiro – toma a primeira
posição na defesa do associativismo, de acordo com a CRP, a CEDH e a OIT (Teixeira,
2008). Por sua vez, Colaço e Gomes relatam que, a esse propósito, Almeida Ribeiro
proferia as seguintes palavras: “O direito de associação e a liberdade sindical, consignados
na Constituição da República Portuguesa, têm de aplicar-se a uma Instituição como a PSP,
polícia cívica que presta assinaláveis serviços ao País (…). Sucede isto em todos os países
da Europa Ocidental, acontece mesmo em Portugal com instituições públicas similares
(Magistratura Judicial, Magistratura do Ministério Público, Polícia Judiciária, Serviços
Prisionais, etc.) e, estou convicto acabará também por triunfar, mais tarde ou mais cedo,
em relação à Polícia de Segurança Pública” (Colaço & Gomes, 2001:406). Perante toda
esta envolvência, o Professor Cavaco Silva, então líder de Governo, solicitou à Assembleia
da República autorização para legislar em matéria disciplinar da PSP, no entanto, foi-lhe
recusada (Teixeira, 2008).
Em 1986 o clima de repressão continuou e, em Março desse ano, o Comando-Geral
da PSP mandou desarmar e conduzir aos respectivos Comandos os Agentes que foram
encontrados a falar sobre Sindicalismo Policial 49. De acordo com o que nos relata Colaço, a
49
In Revista “O Crachá”, edição especial “Secos e Molhados – 20 anos”, Abril de 2009:6.
27
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
50
Em Janeiro de 1989, o Comissário Joaquim Santinhos, alvo de diversos processos disciplinares ao longo do
tempo e, já com 58 anos, em situação de reforma, deu lugar ao 1.º Subchefe da PSP, José Manuel dos Santos
Carreira, de 33 anos de idade, na coordenação nacional da ASP/PSP (Colaço & Gomes, 2001:435).
51
Palavras proferidas em entrevista à revista “Sábado”, datada de 4 de Fevereiro de 1989.
52
Moção do Órgão Coordenador Nacional da ASP/PSP, de 21 de Abril de 1989 (Colaço & Gomes,
2001:498).
28
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
responsável dos problemas que dizem respeito à classe policial” 53 (Colaço & Gomes,
2001:498). Findo o plenário e aprovada a supracitada Moção, pretendia-se levar todos os
polícias aí presentes até ao Terreiro do Paço (sede do MAI), acompanhando uma delegação
nomeada com a missão de entregar o referido documento ao Ministro da Tutela (Teixeira,
2008). A mesma autora diz-nos que “apesar das tentativas de desmobilização dos
elementos policiais, incentivando-os à sua não participação54, o desfile efectuou-se e
contou com a presença de diversas figuras públicas 55” (Teixeira, 2008:12).
Já na Praça do Comércio, os polícias manifestantes receberam ordem directa de
desmobilização, efectuada pelo 2.º Comandante do Comando Distrital de Lisboa, bem
como, pelo Comandante do Corpo de Intervenção (CI) (Teixeira, 2008). Contudo,
“ninguém arredou pé” e foi dada ordem para carregar (Colaço & Gomes, 2001:501). Dessa
carga, através de jactos lançados pelos carros de água do CI, do arremesso de granadas de
gás lacrimogéneo e do recurso aos cães (Colaço & Gomes, 2001) resultou o nome por que
é hoje conhecida a tarde de 21 de Abril de 1989 – a tarde dos “Secos e Molhados”.
Celso Paiva56 considera que “este ponto de viragem, ou revolução, ou até mesmo o
25 de Abril dos polícias, colocou o assunto debaixo do foco mediático” 57. No entendimento
de Álvaro Marçal58, “o acontecimento marcou a transição entre a clandestinidade e a
legalidade do movimento sindical na Polícia”. Assim, ainda em Novembro de 1989, a
Assembleia da República aprovou legislação que consagra o associativismo policial 59 e, em
20 de Fevereiro de 1990, foi, finalmente, publicada a Lei 6/90 60 – Regime de exercício de
direitos do pessoal da PSP –, a qual contempla no seu artigo 5.º, sob a epígrafe “Direito de
Associação”, o direito dos profissionais da PSP “constituírem associações profissionais de
âmbito nacional para promoção dos correspondentes interesses”. Contudo, Colaço
considera que a referida Lei “ficou-se pela tímida e curiosa formulação conceitual de um
53
Moção do Órgão Coordenador Nacional da ASP/PSP, de 21 de Abril de 1989 (Colaço & Gomes,
2001:498).
54
Tentativas levadas a cabo pelo Comandante-Geral da PSP – General Amílcar Morgado – e pelo Secretário
de Estado Adjunto da Administração Interna – Dr. Branquinho Lobo (Teixeira, 2008:12).
55
De salientar: José Manuel Torres Couto (Secretário Geral da UGT) e Manuel Carvalho da Silva (Secretário
Geral da Intersindical Nacional).
56
In Revista “O Crachá”, edição especial “Secos e Molhados – 20 anos”, Abril de 2009:22.
57
Sob os títulos: «Tudo à cavacada», em “O Século”, de 22 de Abril de 1989; «Polícias contra polícias
fardados protagonizam manifestação inédita», em “Diário de Notícias”, de 22 de Abril de 1989.
58
In Revista “O Crachá”, edição especial “Secos e Molhados – 20 anos”, Abril de 2009:17.
59
In Revista “O Crachá”, edição especial “Secos e Molhados – 20 anos”, Abril de 2009:8.
60
À qual se segue, a 22 de Maio de 1990, a publicação do Decreto-Lei 161/90, que regulamenta, de harmonia
com o disposto na Lei 6/90, “o exercício do direito de associação pelo pessoal com funções policiais, em
serviço efectivo, dos quadros da PSP”, aplicando-se “exclusivamente às associações profissionais previstas
no artigo 5.º daquela Lei”.
29
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
61
De acordo com o Gabinete de Comunicação e Informação da ASPP/PSP, in www.aspp-psp.pt, consultado
em 5 de Janeiro de 2010.
62
Idem.
63
Organismo que conta com a presença da ASPP como membro efectivo desde 17 de Março de 1999.
64
Entrevista n.º 17 (Vide Anexo 58).
65
In Revista “O Crachá”, edição especial “Secos e Molhados – 20 anos”, Abril de 2009:9.
30
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
era então concretizado (cerca de 20 anos depois) 66, sendo Alberto Torres o 1º Presidente
eleito” (Colaço, 2009:14).
“A história contemporânea da PSP, as alterações que sofreu, as instituições de que se
acha apetrechada e a dignificação que acompanha os seus profissionais assentam na luta,
no empenho e vontade indomável daquele punhado de polícias e de todos quantos na altura
devida os apoiaram para que o 25 de Abril, ou seja, a democracia também acobertasse a
PSP” (Colaço, 2009:14).
Perfilhamos a ideia de Colaço e Gomes, ao considerarem que numa sociedade
democrática revela-se um “interesse vital da sociedade e dos cidadãos poderem apreciar,
debater e apresentar a quem de direito o pedido para a solução possível das suas
necessidades e anseios” (Colaço & Gomes, 2001:21). Neste sentido, a PSP só alcançou
esse direito em 2002, sendo-lhe, finalmente, reconhecida “legitimidade processual para
defesa dos direitos e interesses colectivos e para defesa colectiva dos direitos e interesses
individuais legalmente protegidos do pessoal com funções policiais”67 através da liberdade
de constituição de associações sindicais.
66
Parêntesis nosso.
67
Cfr. artigo 2.º, nº7, da Lei n.º 14/2002, de 19 de Fevereiro.
68
Entenda-se Lei 14/2002, de 19 de Fevereiro.
31
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
69
Cfr. artigo 1.º, n.º 1 da Lei 14/2002, de 19 de Fevereiro.
70
Cfr. artigo 34.º, n.ºs 1 e 2 da Lei 14/2002, de 19 de Fevereiro.
32
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
na sua ligação aos sindicatos, quer enquanto instrumento de promoção da melhoria das
condições de vida e de trabalho 71.
Noronha afirma que “a democracia é um dos alicerces fundamentais do sindicalismo.
É através do debate amplo e aberto, da organização, da luta e do funcionamento quotidiano
do sindicato que a consciência dos trabalhadores se enriquece e a sua eficácia colectiva
aumenta” (Noronha, 1993:119). Entendemos que é neste sentido democrático que é
concedida às associações sindicais da PSP, através do disposto nos n.ºs 2 dos artigos 26.º e
27.º da Lei 53/2007, de 31 de Agosto – Lei Orgânica da PSP –, a garantia de se
constituírem como parte integrante dos órgãos consultivos do Director Nacional desta
instituição – Conselho Superior de Polícia (CSP) e Conselho de Deontologia e Disciplina
(CDD). Assim, de acordo com o estatuído na alínea i) do n.º 2 do artigo 26.º da referida lei,
são concedidas às associações sindicais quatro vagas, a preencher por vogais
representantes das mesmas, para integrarem o CSP72. Do mesmo modo, conforme o
regulamentado na alínea h) do n.º 2 do artigo 27.º do mesmo diploma, são concedidas às
associações sindicais três vagas para os seus vogais, no sentido de integrarem o CDD 73.
71
Cfr. “O Primeiro de Janeiro” in “12 Exemplos de Sindicalismo em Portugal”:23.
72
Órgão com competência para se pronunciar sobre os assuntos relativos à actividade da PSP e a sua relação
com as populações, apoiar a decisão do Director Nacional em assuntos de particular relevância e, em
especial: a) emitir parecer sobre os objectivos, necessidades e planos estratégicos da PSP e a sua execução; b)
pronunciar-se sobre as providências legais ou regulamentares que digam respeito à PSP, quando solicitado; c)
pronunciar-se, a solicitação do ministro da tutela, sobre quaisquer assuntos que digam respeito à PSP.
73
Órgão ao qual compete apreciar e emitir parecer sobre os assuntos que lhe sejam submetidos em matéria de
deontologia e disciplina e exercer as competências que a lei e o regulamento disciplinar lhe conferem.
74
Entrevista n.º 15 (Vide Anexo 56).
33
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
manifestar publicamente quando estas condições não são satisfeitas” (Colaço, 2010: 3) 75.
Neste sentido, o autor considera que “não se deve ver neste gesto o desrespeito pela
hierarquia ou pela Instituição, já que o acto público de manifestação dirige-se, em 1ª linha,
à Tutela, pelo que a exigência toca o Executivo e não a credibilidade ou o alicerce do
Estado” (Colaço, 2010)76.
Actualmente, são os próprios responsáveis institucionais – o Ministro da
Administração Interna (MAI) e o Director Nacional da PSP (DN PSP) – a reconhecerem o
alto contributo da actividade sindical na busca de soluções para muitos dos complicados
problemas do quotidiano policial (Colaço, 2010)77. Este facto permite que o autor considere
o sindicalismo policial como “a forma mais elevada de consciência profissional, tendo ele
um papel fundamental quer na melhoria das condições sócio-profissionais dos polícias,
quer na projecção da nova imagem do agente policial e da própria dignificação da
instituição a que pertencem” (Colaço, 2010)78.
Contudo, Rui Pereira alerta que o sindicalismo na Polícia deve ser uma “actividade
especialmente responsável em relação ao sindicalismo em geral” (Rui Pereira, 2010)79, daí
que, na esteira de Colaço, “o exercício do sindicalismo numa força de segurança tenha que
estar condicionado à natureza da instituição policial, de modo a manter no cidadão o
sentimento de um justo equilíbrio quanto aos valores que àquela cabe defender – a
segurança e a tranquilidade públicas” (Colaço, 2010)80. Assim, no entendimento de
Chaves, “a actividade sindical da PSP deve funcionar como um contrapoder responsável,
defendendo a prática de um sindicalismo sério, sem que este esteja relacionado de forma
directa ou indirecta a interesses exteriores à própria instituição” (Chaves, 2010)81.
De acordo com o âmbito profissional dos sindicatos82, o sindicalismo da PSP
encontra-se representado de ambas as formas – horizontal e verticalmente –, sendo que,
actualmente, conta com 10 sindicatos83.
75
Entrevista n.º 14 (Vide Anexo 55).
76
Entrevista n.º 14 (Vide Anexo 55).
77
Idem.
78
Ibidem.
79
Entrevista n.º 13 (Vide Anexo 54).
80
Entrevista n.º 14 (Vide Anexo 55).
81
Entrevista n.º 12 (Vide Anexo 53).
82
Vide pág. 16.
83
Neste trabalho consideramos também como sindicato desta Polícia o sindicato representativo do Pessoal
com funções não policiais da PSP. Assim, temos 9 sindicatos de génese policial e 1 de génese não-policial.
34
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
35
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
HORIZONTALMENTE
VERTICALMENTE
ASPP
SPP
SINAPOL
SUP
36
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
Decorre, desde logo, do articulado vertido no artigo 55.º da CRP, sob a epígrafe
“Liberdade sindical”, a possibilidade de existência de um número ilimitado de sindicatos.
Porém, a Lei 6/90, no seu artigo 5.º, n.º 4, contemplava um limite mínimo legal de 10% de
representatividade do efectivo policial para que as associações profissionais pudessem,
efectivamente, representar os mesmos. Por sua vez, o Decreto-Lei n.º 161/90, de 22 de
Maio, que regula esta Lei, estabelece no seu artigo 5.º que “a representatividade das
associações profissionais será determinada através de processo eleitoral, a promover de três
em três anos, pelo Comando-Geral da PSP”. Contudo, a introdução da Lei 14/2002 na PSP
levou a que esta questão da representatividade deixasse de se aplicar, uma vez que o seu
artigo 2.º, n.º 1 admite o pluralismo sindical.
Verifica-se, portanto, desde então, a construção de um esqueleto sindical pluralista
na PSP. Teixeira afirma que esta ideia de pluralismo sindical, “por um lado, é garante da
concorrência na representação dos interesses dos trabalhadores, sendo assim uma plena e
autêntica liberdade sindical. Por outro lado, refere que o mesmo pode facilitar a criação de
vários sindicatos com pouca ou nenhuma representatividade dos interesses dos seus
associados” (Teixeira, 2008:31). Neste contexto, Carvalho da Silva recorda que para se
“assegurar a autonomia e a independência dos sindicatos é necessário que estes sejam
representativos” (Carvalho da Silva, 2008:8).
Assim, são frequentemente apontadas como adversidades do pluralismo sindical
existente na PSP, a fragmentação, a falta de entendimento e convergência entre as várias
associações sindicais, a perda de influência durante o processo negocial com a Tutela e, até
mesmo, a quebra na credibilidade dos sindicatos. Nesta perspectiva, Oliveira Pereira
considera que “a estrutura sindical da Polícia, nas circunstâncias em que existe, é um factor
desagregador” (Oliveira Pereira, 2010)84. Greneron vai de encontro ao referido e
acrescenta: “um grande número de sindicatos pode ser prejudicial, pois pode provocar uma
dispersão da força sindical” (Greneron, 2010)85. Contudo, Colaço desdramatiza e refere:
“seria temerário atribuir o rótulo de divisionista sempre que se constitui um novo sindicato.
Todos os sindicatos presentemente existentes no seio da PSP visam representar os seus
membros com seriedade” (Colaço, 2010)86.
84
Entrevista n.º 11 (Vide Anexo 52).
85
Entrevista n.º 17 (Vide Anexo 58).
86
Entrevista n.º 14 (Vide Anexo 55).
37
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
Por sua vez, Mendes realça que, “nas questões transversais, as quais deviam ser um
ponto de união entre os vários sindicatos, existem desuniões que, na prática, limitam a
negociação, seguramente” (Mendes, 2010)87. A mesma linha de raciocínio é seguida por
Oliveira Pereira ao assegurar que, “em assuntos que são fundamentais, como por exemplo,
a discussão de um Estatuto do Pessoal, de um Estatuto Disciplinar – no fundo, as coisas
que são mais elementares e das quais a vida como polícias depende – tinha de haver,
obrigatoriamente, uma sintonia entre os sindicatos” (Oliveira Pereira, 2010) 88. Neste
seguimento, Colaço lembra que “para a Tutela será sempre mais cómodo haver diversidade
de posicionamento sindical sobre uma dada questão, pois poderá sempre negociar e
contrabalançar propostas divergentes, para no final, face a diferentes pontos de vista dos
vários sindicatos, tomar a posição mais conveniente” (Colaço, 2010)89. Posto isto, o autor
remata afirmando: “é o mesmo que dizer que todas as propostas sindicais estão fragilizadas
em termos reivindicativos precisamente por serem várias” (Colaço, 2010)90. Também Rui
Pereira, interveniente directo no processo negocial, não esconde que “quando o número de
associações é menor as audições são mais fáceis, até porque o processo é mais rápido.
Além disso, a possibilidade de convergência de pontos de vista entre as associações será
maior” (Rui Pereira, 2010)91. Neste contexto, Chaves aponta que, “na negociação, junto da
hierarquia, “cada sindicato defende o seu «umbigo»” (Chaves, 2010)92. O mesmo autor
afirma ainda: “não se pode defender uma classe colocando a outra de parte, pois estamos
perante uma escala hierárquica que está interligada e em que os interesses são comuns – se
não são na sua totalidade são em parte” (Chaves, 2010)93. Em suma, tudo reside em saber
se no plano policial haverá questões qualitativamente distintas que demandem diversidade
de pontos de vista ou se ao invés, podem merecer um posicionamento unívoco (Colaço,
2010)94.
No que concerne à credibilidade dos sindicatos, Mendes traduz a questão de forma
simples: “Existirá crédito efectivo. O problema, e voltamos à mesma questão na PSP, é a
87
Entrevista n.º 16 (Vide Anexo 57).
88
Entrevista n.º 11 (Vide Anexo 52).
89
Entrevista n.º 14 (Vide Anexo 55).
90
Idem.
91
Entrevista n.º 13 (Vide Anexo 54).
92
Entrevista n.º 12 (Vide Anexo 53).
93
Idem.
94
Entrevista n.º 14 (Vide Anexo 55).
38
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
proliferação de sindicatos – vamos ter que olhar para 10 sindicatos de formas diferentes e,
nesse aspecto, o crédito que se dá a cada um será relativo” (Mendes, 2010)95.
Tendo em conta toda esta envolvência, Rui Pereira reconhece ser evidente a
existência de um elevado número de sindicatos. Neste sentido, adianta ser “natural que, no
futuro, se pense na questão da representatividade, sem prejuízo da liberdade sindical, como
forma de responder ao problema da pulverização” (Rui Pereira, 2010)96.
95
Entrevista n.º 12 (Vide Anexo 53).
96
Entrevista n.º 13 (Vide Anexo 54).
39
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
97
Entrevista n.º 17 (Vide Anexo 58).
98
Entrevista n.º 17 (Vide Anexo 58).
99
Entrevista n.º 17 (Vide Anexo 58).
100
in http://www.legifrance.gouv.fr/affichTexte.do?cidTexte=JORFTEXT000019347122&dateTexte,
consultado em Fevereiro de 2010.
40
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
parte, a elevada taxa de sindicalização nos polícias (Bayle, 2007). Por sua vez, os
sindicatos mais representativos participam nas chamadas Comissões Administrativas
Paritárias (CAP)101, onde negoceiam, a nível nacional, com a Administração, as orientações
da “política policial”, constituindo-se como variáveis não negligenciáveis no processo de
concertação e negociação do funcionamento quotidiano dos serviços de polícia (Bayle,
2005).
101
in http://www.legifrance.gouv.fr/affichTexte.do?cidTexte=JORFTEXT000019347122&dateTexte,
consultado em Fevereiro de 2010.
41
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
102
in “As Fronteiras da Polícia numa Europa Sem Fronteiras”, 1992: 87.
42
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
Ainda no mesmo sentido, este presidente sindical defendeu uma alteração à lei
sindical e desafiou a Direcção Nacional da PSP e o Ministério da
Administração Interna a apresentarem uma proposta nesse sentido: «As
alterações devem definir a representatividade dos sindicatos, mas sem reduzir
os direitos sindicais na Polícia»” (Lusa, 11 de Janeiro de 2010)103.
“O SPP defende, igualmente, uma revisão da lei sindical que defina a
representatividade e o número de dispensas sindicais segundo os associados.
(…) «Estou de acordo que há muitos sindicatos na Polícia. Não faz sentido que
um sindicato com 100 ou 200 associados tenha o mesmo peso que um com
4000.»” (Lusa, 11 de Janeiro de 2010)104.
“O presidente do SINAPOL afirmou que «realmente há muitos sindicatos na
Polícia»” (Lusa, 11 de Janeiro de 2010)105.
Expostas estas opiniões ilustrativas da reprovação actual do modo como está
estruturado o esqueleto sindical da PSP, parece-nos pertinente tentar perceber, com este
trabalho, se esta opinião é comum de entre o universo dos presidentes sindicais da
instituição – eles que são os responsáveis mais directos pela defesa dos direitos dos
profissionais que representam.
Neste sentido, pretendemos averiguar a conveniência da existência de 10 sindicatos
numa corporação com a especificidade da função que tem a PSP, de forma a perceber se
esta fragmentação de representatividade leva à confirmação ou rejeição das hipóteses por
nós previamente estabelecidas. Assim, entendemos ser importante analisar algumas
questões que dizem respeito à estrutura do corpo sindical da PSP, nomeadamente, qual a
visão que os actores internos têm da própria estrutura sindical a que pertencem, se sentem
que a actividade está credibilizada, se consideram adequado o actual panorama do
sindicalismo na PSP, principalmente no que ao número de sindicatos diz respeito e quais as
suas perspectivas de futuro relativamente ao mesmo.
Posteriormente, pretendemos sugerir linhas orientadoras no sentido de contribuir
para uma melhoria da actividade sindical na PSP, objectivo central deste estudo, sempre na
perspectiva umbilical de benefício dos elementos que compõem a instituição e, por maioria
de razão, da própria PSP.
103
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/psp-policias-sindicatos-tvi24-ultimas-noticias/1130687-4071.html.
104
Idem.
105
Ibidem.
43
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
Nesta fase do trabalho, importa apresentar as opções tomadas no que diz respeito ao
método utilizado pois, conforme referem Quivy e Campenhoudt, “uma investigação social
não é (…) uma sucessão de métodos e técnicas estereotipadas que bastaria aplicar tal e
qual se apresentam, numa ordem imutável. A escolha, a elaboração e a organização dos
processos de trabalho variam com cada investigação específica” (Quivy & Campenhoudt,
1998:18). Neste sentido, importa clarificar o tipo de estudo, justificar a escolha dos seus
participantes, as técnicas de recolha e a forma do tratamento dos dados, para que se
conseguisse alcançar este produto final.
“Gaston Bachelard resumiu o processo científico em algumas palavras: «O facto
científico é conquistado, construído e verificado»: conquistado sobre os preconceitos;
construído pela razão; verificado nos factos” (Quivy & Campenhoudt 1998:25).
O nosso estudo caracteriza-se por ser do tipo exploratório, assente numa abordagem
qualitativa. Exploratório porque pretendemos, com o mesmo, “fornecer alguns contributos
que permitam entender, descrever e, sobretudo, conhecer melhor uma realidade ou um
fenómeno” (Bruyne, 1991:225), sem, no entanto, arrogarmos pretensões de generalização.
“A pertinência de uma pesquisa exploratória prende-se com o facto de esta assumir grande
utilidade numa investigação científica, já que visa essencialmente abrir caminho a futuros
estudos” (Bruyne, 1991:225).
Por sua vez, assenta no paradigma qualitativo, com a “convicção de que os resultados
da investigação não são menos rigorosos por ter posto de lado o paradigma quantitativo”
(Poiares, 2004:71), pois “o rigor não é exclusivo da quantificação, nem tão pouco a
quantificação garante por si a validade e a fidedignidade que se procura” (Silva & Pinto,
2001 cit. in Poiares, 2004:71). No mesmo sentido, e tendo em conta o nosso objecto de
estudo, os “métodos quantitativos são inadequados ao estudo de fenómenos únicos, às
análises de sociologia histórica ou do funcionamento de sociedades restritas: a análise
qualitativa será nestes casos, apropriada” (Lima, 1995 cit. in Poiares, 2004:71).
Assim, na aplicação presente da técnica de análise de conteúdo utilizamos a sua
tipologia categorial baseada, sobretudo, na inferência dos resultados, incidindo, deste
44
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
modo, na sua vertente qualitativa (Santo, 2008). Optámos por efectuar este tipo de
abordagem, uma vez que achámos importante estudar os objectos “nos seus ambientes
naturais, procurando o sentido, ou a interpretação, de um fenómeno em termos dos
significados que as pessoas trazem até eles” (Denzin & Lincon, 1994:2). Este tipo de
pesquisa, distingue-se da abordagem quantitativa uma vez que esta última se centra na
análise feita com base em quantidade, intensidade e frequência, como seja o caso da
aplicação de inquéritos ou questionários que, na nossa perspectiva, limitariam as
possibilidades de resposta (Denzin & Lincon, 1994). Fundamentados numa pesquisa
qualitativa, permitimo-nos assumir um procedimento mais intuitivo e maleável, na medida
em que facilmente nos adaptamos a categorias não contempladas, ao mesmo tempo que
facilmente acedemos a pormenores não tão alcançáveis com outros métodos (Pereira,
2008).
3.2.2. Participantes
3.2.3. Corpus
45
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
3.2.4. Instrumentos
Uma vez que o estudo foca uma abordagem qualitativa, entendemos como
ferramentas mais adequadas, a aplicação da técnica de inquérito por entrevista para a
recolha de informação e a análise de conteúdo como instrumento de tratamento dessa
informação (Ghiglione & Matalon, 2001, cit. in Moreira, 2008).
3.2.4.1. Entrevista
Sendo que esta “é hoje uma das técnicas mais comuns na investigação empírica
realizada pelas diferentes ciências humanas e sociais” (Vala, 2001 cit in Poiares, 2004:83),
verificamos, na linha de pensamento de Quivy e Campenhoudt, que, “em investigação
46
Sindicatos na PSP – Trajectórias e Perspectivas de Futuro
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3.2.5. Procedimento
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posterior análise, sem, contudo, retirar a possibilidade aos inquiridos de poderem expressar
livremente a sua visão da realidade (Poiares, 2004:79). De acordo com Boa Ventura de
Santos Sousa, “Uma pergunta elementar é uma pergunta que atinge o magma mais
profundo da nossa perplexidade individual e colectiva com a transparência técnica de uma
fisga” (Santos Sousa, 2002, cit. in Poiares, 2004:79). Ao nosso universo, por ter
características homogéneas, foi aplicado apenas um guião de entrevista (vd. Anexo 34).
No início da entrevista, para além das apresentações genéricas relacionadas com o
entrevistador, foi dado a conhecer aos inquiridos o âmbito do presente instrumento de
recolha de dados, informando, inclusivamente, a especialização, o estabelecimento de
ensino, o tema, o orientador, os objectivos e as motivações que nos levaram a optar por
este tema.
Aquando da execução das entrevistas, as quais foram gravadas 107 para posterior
transcrição integral, com vista a facilitar o tratamento dos dados, foi solicitado aos
inquiridos que tentassem expressar a sua verdadeira posição sobre os assuntos a abordar,
sem constrangimentos, focando o carácter imparcial do entrevistador. Este último “deve
ser lúcido perante si próprio. Deve manter as distâncias relativamente às suas próprias
percepções, afim de poder captar universos de pensamento muito afastados do seu”
(Albarello et Al., 1997, cit. in Poiares, 2004:82). Na execução das entrevistas foi utilizada
uma linguagem adaptada ao perfil do inquirido e ajustada à medida que a entrevista se ia
desenvolvendo; os entrevistados foram estimulados para o tema da entrevista e motivados
a responder (Ghiglione e Matalon, 2001, cit. in Poiares, 2004:82).
Depois de transcritas as entrevistas, que se constituíram como corpus para a análise
de conteúdo, procedeu-se à operacionalização da análise, seguindo os passos e regras que
elencámos anteriormente, e que culminaram com o estabelecimento de uma listagem de
categorias e indicadores, onde foram codificadas as unidades de registo (frases). Para tal,
utilizou-se um procedimento misto (Pais, 2004, cit. in Pereira, 2008:54) de análise, pois
partimos para a análise com categorias pré-definidas, decorrentes da pesquisa bibliográfica
e do problema de investigação, mas permanecemos abertos à inclusão de novas categorias
emergentes. Por último, analisaram-se os resultados considerando as contagens de
ocorrências das unidades de registo (vd. Anexo 2) que se distribuíram pela grelha
categorial (vd. Anexo 3 a 9).
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“É claro que a gravação está subordinada à autorização prévia dos interlocutores” (Quivy e Campenhoudt,
1998:77).
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No anexo 4 apresentamos o número total de unidades de registo (u.r.) para cada uma
das categorias por nós definidas.
A categoria referente à visão do sindicalismo na PSP foi a mais expressiva (B=39
u.r.), o que pode, eventualmente, ser explicado pelo facto de esta dizer respeito a uma
actividade que todos os entrevistados conhecem e praticam, daí uma maior facilidade em
expor opiniões relativas à mesma. Por sua vez, a categoria respeitante ao actual panorama
da estrutura sindical da PSP foi a segunda a obter mais u.r. (D=32), o que dá a entender ser
esta uma problemática de interesse no seio dos entrevistados. Em terceiro lugar, aparece a
categoria que trata das perspectivas de futuro para o sindicalismo na PSP (E=22), cuja
expressão nos faz perceber que esta não é uma matéria negligenciada pelos entrevistados,
sendo, talvez, difícil de projectar. Segue-se a categoria concernente à credibilidade da
actividade sindical da PSP (C=17), que, pela sua fraca expressão, faz perceber que é uma
área na qual os entrevistados sentem, talvez, alguma timidez em se expressar. Finalmente,
aparece-nos a categoria relativa às motivações para entrar no sindicalismo (A=11), cuja
diminuta expressão se entende, pois trata-se de uma questão com poucas hipóteses de
resposta. Contudo, esta não é menosprezável, pois, embora, não constitua parte directa dos
nossos objectivos, vem, certamente, dar um enquadramento aos mesmos.
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indique que a actividade sindical na Polícia se deve pautar por princípios de convergência
entre os sindicatos e a hierarquia [E1 – “nós somos o elo de ligação de entre os
profissionais da Polícia de Segurança Pública”; E8 – “compete aos sindicatos colaborarem
também com a direcção, chamando a atenção para resolver certas questões” ou E9 –
“função de equilíbrio. (…) via de comunicação permanente, com dois sentidos”], com o
intuito de promover a dignificação da instituição [E6 – “temos de nos preocupar em
dignificar as associações sindicais e o sindicalismo na polícia para depois tentarmos (…)
fazer um trabalho em prol da instituição”], temos, também, quem considere essa simbiose
algo secundária [E3 – “defender os interesses da instituição, muito bem, mas (…) isso é
uma actividade secundária”]. Outra das perspectivas apontada vai de encontro à
especificidade da função policial e, consequentemente, da actividade sindical ali integrada
[E6 – “é importante que os sindicalistas (…) que estão na polícia, saibam que ser
sindicalista na polícia não é a mesma coisa que ser sindicalista noutro sector”]. Contudo,
no que respeita à ideia transversal de actividade sindical, propriamente dita, verifica-se
que, à semelhança de todos os outros sindicatos, também os da Polícia têm como função
primária a defesa dos seus representados [E3 – “Os sindicatos existem para defender os
direitos laborais e os interesses dos profissionais que trabalham na Polícia de Segurança
Pública”]. Finalmente, entende-se que o sindicalismo na PSP está a caminhar no sentido da
maturidade [E10 – “A perspectiva que eu tenho do sindicalismo é que (…) está a caminhar
no sentido de uma maior maturidade”].
Ao auscultarmos os entrevistados tentámos perceber se os mesmos tinham uma visão
positiva ou negativa do sindicalismo que representam. Neste sentido, percebemos que os
registos são muito próximos (visão negativa: 6 u.r.; visão positiva: 4 u.r.). Denotamos, por
parte de quem considera ter uma visão negativa, uma preocupação com o carácter
pluralista deste sindicalismo [E1 – “completamente desmembrado. (…) existem
demasiados sindicatos (…) existem sindicatos (…) que representam setenta ou oitenta
associados”], sendo também apontada a inexistência de perspectiva reivindicativa comum
[E5 – “as pessoas olham mais para o seu “umbigo” do que para o sindicalismo no seu todo.
(…) as pessoas formam um sindicato para defender interesses pessoais, interesses
específicos” ou E6 – “temos um sindicalismo muito virado para as questões particulares
das pessoas que estão à frente dos sindicatos e não uma visão colectiva daquilo que é o
interesse colectivo dos polícias”]. Por outro lado, quem considera o sindicalismo praticado
na PSP como positivo afirma que este começa a alcançar patamares de respeito,
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organização e maturidade [E3 – “a aceitação dos sindicatos começar a ser mais respeitada,
a ser posta no local que tem que ter”; E9 – “cada vez mais organizado (…) os sindicatos
têm funcionado um pouco como contrapoder” ou E10 – “tem tendência a estabilizar, a ser
mais consciente, menos radical (…) denota-se já uma crescente maturidade dos
sindicatos”].
Finalmente, tentámos aferir, nesta categoria, a opinião dos entrevistados no que
concerne à possível existência de diferença na forma como as diferentes carreiras
profissionais da PSP percepcionam os sindicatos. Neste contexto, obtivemos um
expressivo “sim”, pois só 2 dos entrevistados responderam negativamente. Assim,
consideram que existe, de facto, diferença, desde logo, pelo facto de o grosso dos
elementos sindicalizados serem da classe de Agentes e Chefes 108 [E1 – “obviamente que
sim (…) notamos claramente que o maior número de pessoas sindicalizadas são da classe
de Agentes e da classe de Chefes”]. Contudo, a razão apontada maioritariamente advém
dos diferentes níveis de acção e responsabilidade (E4 – “A percepção da actividade
sindical varia consoante a categoria e o posto que as pessoas desempenham: um Agente e
um Chefe vêem a actividade sindical como o garante mínimo das condições de trabalho
(…). Os Oficiais, (…) vêem-se (…) com outro tipo de reivindicações”; E6 – “ acho que há
uma visão, por um lado, muito mais alargada dos Oficiais da importância do sindicalismo
perante o governo, perante as instituições. Ao nível dos Agentes e Chefes é mais
localizada” ou E10 – “Há claramente uma diferença (…) até pelos níveis da
responsabilidade”]. Mas há ainda quem refira que são os Oficias quem mais dá vida a essa
diferença [E3 – Ainda continua a haver algumas pessoas, agora falando da classe de
Oficiais, que não vêem com bons olhos os sindicatos porque (…) vêem nos sindicatos
alguém que põe em causa o seu poder”]. Por sua vez, quem considera que essa diferença de
percepção não existe justifica havendo, sim, uma forma diferente de o mostrar (E9 – “O
que existe é uma forma diferente de o mostrar”).
No anexo 7 são expostos os resultados retirados dos indicadores da categoria
“Credibilidade da actividade sindical da PSP” (C). Nesta categoria privilegiámos a
obtenção de informação a dois níveis: interno e externo 109. Assim, ao analisarmos os dados,
constatamos que o sindicalismo da PSP, ao nível interno, está tão credibilizado como
108
Poder-se-ia aqui entender que a razão está no número, pois existem na instituição muitos mais Agentes e
Chefes que Oficiais. Contudo, essa nuance foi logo explorada aquando da resposta e, ainda assim, os
entrevistados continuaram a afirmar essa realidade.
109
Entenda-se que este parâmetro consiste no feedback obtido pelos entrevistados.
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“eles não podem falar com todos”]. Outros ainda, vêem tal situação não só como
condicionadora, mas também como prejudicial [E5 – “Muitos sindicatos a discutirem todos
a mesma coisa é complicado. (…) não é útil para as negociações com a tutela”; E5 –
“chegam ao MAI e uns pedem uma coisa, outros pedem outra coisa. O MAI fica todo
baralhado, mas ao mesmo tempo todo contente, porque diz assim: “se eles são todos
polícias e não querem todos a mesma coisa, então eles não sabem o que querem, logo vou
eu decidir”]. Finalmente, temos quem reforça a ideia que se o número fosse mais reduzido
isso traduzir-se-ia em mais força reivindicativa (E9 – “se existissem apenas 1 ou 2
sindicatos teriam mais força reivindicativa”).
Defensores de outro ponto de vista, encontramos quem considere que o actual
número de sindicatos não condiciona a representatividade junto da tutela [E3 – “Não vejo
que isso possa ter qualquer influência (…) aquilo que tem valor é o sindicato que vai
representar poder dizer assim e afirmar-se: “nós somos um sindicato forte”; E10 – “não há
uma correspondência directa em relação ao número de sindicatos e a falta de força ou falta
de representatividade” ou E10 – “a questão de haver menos sindicatos não significa maior
representatividade objectivamente; não há uma correlação directa”].
Finalmente, apresentamos no anexo 9 os resultados pertencentes à categoria
“Perspectivas de Futuro para o sindicalismo na PSP” (E). À semelhança da categoria
anterior, consideramos também esta constitui uma fase importantíssima do estudo, pois é
ela que concretiza a anterior, dotando-a de ideias e projecções. Se até aqui fizemos a
análise do panorama actual da estrutura sindical da PSP, considerámos essencial criar esta
categoria, para que todos os handicaps apontados possam ser alvo de discussão e,
mormente, de reflexões para a construção do futuro. Neste contexto, assistimos à ideia da
necessidade de uma efectiva reestruturação da actividade sindical da PSP através do
processo de redução do número de organizações sindicais por parte de metade dos
entrevistados (E1=50%), os quais consideram que a redução será um processo inevitável
[E1 – “As questões passam forçosamente, no meu entender, por uma redução significativa
dos sindicatos (…) para haver, de facto, uma unidade sindical, para, junto da Tutela,
pudermos fazer valer as nossas propostas e as nossas reivindicações” ou E5 – “o
sindicalismo (…) tem de ser repensado (…) urgentemente. Não podemos dar-nos ao luxo
de termos sindicatos com uma diminuta representatividade”]. No mesmo sentido, apontam
ideias como o estabelecimento da questão da representatividade [E6 – “Se encontrarem
quotas ou números definidos de representatividade para os sindicatos (…), eu penso que
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sindicatos”], os quais não mostram dúvidas quanto ao seu benefício e apontam algumas
ideias de como tal se podia processar [E5 – “sabemos que os interesses dos Agentes são
uns, dos Subchefes são outros e dos Oficiais outros, logo, há todo o interesse (…) fazer
uma confederação de sindicatos da polícia (…) com presidências rotativas”; E6 – “iria ser
muito fácil uma convergência e aí poder discutir, até, a possibilidade de (…) uma central
sindical da polícia ou uma plataforma que, pelo menos nos momentos chave, ou seja, na
discussão de uma lei que interessa a todos (…) pudessem ter, exactamente, a mesma
posição, definindo também, ao mesmo tempo, uma estratégia que fosse benéfica a todos
(…)” ou E9 – “Seria benéfica uma junção numa corporação, representada por todos e que
falasse em nome de todos (…) processo difícil, que obriga a muita negociação e
cedências”.
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Conclusão
Findo o trabalho, urge fazer uma síntese do tema abordado, dos objectivos
alcançados e das linhas orientadoras para possíveis caminhos a trilhar.
Foi nosso intuito, aquando da realização deste trabalho, trazer à discussão um tema
que pensamos ser de tão relevante interesse para todos os profissionais que servem a
Polícia – o sindicalismo. Este, enquanto movimento social cuja função é defender os
direitos e interesses daqueles que representa, constitui um marco significativo na PSP, pois
a sua conquista tem por detrás um árduo e longo caminho, para fazer vingar nesta Polícia
um direito que se tem por natural a todo o ser humano. Neste sentido, entendemos que tal
nunca deve ser olvidado, uma vez que podemos, hoje, afirmar que a PSP, após a tarde dos
“Secos e Molhados”, nunca mais foi igual.
Por outro lado, estamos conscientes de ter tratado de um fenómeno cuja existência e
desenvolvimento tem um papel fundamental na construção de uma Polícia mais
responsável e eficaz, pois pensamos que um contrapoder sindical valorizado é condição de
progresso na instituição.
Foi nossa intenção chamar a atenção da Polícia de Segurança Pública e de todos os
seus elementos para a necessidade de avaliarmos a sua actual estrutura sindical, uma vez
que, actualmente, é considerada pelos seus próprios representantes como desmembrada,
fragilizada e, até, geradora do enfraquecimento da acção reivindicativa. A questão do
pluralismo sindical é visto pela maioria dos entrevistados como prejudicial ao rigor e bem
servir destas organizações. Assim, entendemos que podíamos fazer algo para levar os
responsáveis mais directos nesta matéria a reflectir sobre o assunto.
Quanto aos objectivos a que inicialmente nos propusemos, julgamos tê-los
alcançado, conseguindo enquadrar histórica e tematicamente o fenómeno sindical, aludir à
longa luta pela conquista do sindicalismo na PSP e a sua trajectória, bem como retratar o
actual panorama do sindicalismo nesta força de segurança, fazendo um paralelismo com a
realidade de uma força congénere estrangeira – Police Nationale de França.
Inicialmente, levantámos as seguintes hipóteses:
1. O actual número de sindicatos na PSP não é considerado adequado pela
maioria dos presidentes sindicais da instituição;
2. Afigura-se benéfica uma redução e consequente reestruturação no esqueleto
do sindicalismo da PSP.
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n.º 178/95 de 26 de Julho, e o Decreto-Lei n.º 101-A/96, de 26 de Julho
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Decreto-Lei n.º 161/90 de 22 de Maio, Exercício do direito de associação pelo pessoal com
funções policiais, em serviço efectivo, dos quadros da Polícia de Segurança Pública (PSP)
Decreto-Lei n.º 594/74 de 7 de Novembro, O direito à livre associação constitui uma garantia
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Decreto-Lei n.º 84/99 de 19 de Março, O exercício da liberdade sindical por parte dos
trabalhadores em geral encontra-se regulado no Decreto-Lei n.º 215-B/75, de 30 de Abril,
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Lei n.º 17/80 de 15 de Julho, ratifica a Convenção n.º 151 da OIT, Sobre a protecção do
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Lei n.º 45/77 de 7 de Julho, Ratifica a Convenção n.º 87, sobre a Liberdade Sindical
Lei n.º 53/2007 de 31 de Agosto, Aprova a orgânica da Polícia de Segurança Pública (PSP)
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Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, ao qual Portugal aderiu pela lei n.º 29/78,
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Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais, ao qual Portugal aderiu
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