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DIREITO

INTERNACIONAL
PÚBLICO
Domínio Público Internacional

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Domínio Público Internacional

Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Domínio Público Internacional...................................................................................................... 4
1. Introdução...................................................................................................................................... 4
2. Direito do Mar. . ............................................................................................................................. 4
2.1. Considerações Iniciais. . ............................................................................................................ 4
2.2. Águas interiores.. ...................................................................................................................... 5
2.3. Mar Territorial........................................................................................................................... 6
2.4. Zona Contígua........................................................................................................................... 9
2.5. Zona Econômica Exclusiva................................................................................................... 10
2.6. Plataforma Continental......................................................................................................... 11
2.7. Alto-mar.....................................................................................................................................13
2.8. Fundos Marinhos. . ...................................................................................................................15
2.9. Estreitos e Canais. . ..................................................................................................................15
2.10. Navegação Marítima.............................................................................................................16
3. Direito dos Rios Internacionais............................................................................................... 17
4. Direito das Zonas Polares.. ...................................................................................................... 18
5. Direito do Espaço Aéreo............................................................................................................19
5.1. A Convenção de Chicago.........................................................................................................19
5.2. As Convenções de Varsóvia e de Montreal........................................................................21
5.3. Segurança do Tráfego Aéreo................................................................................................ 22
6. Direito do Espaço Extra-Atmosférico................................................................................... 22
Resumo............................................................................................................................................. 24
Questões Comentadas em Aula.................................................................................................. 26
Questões de Concurso.................................................................................................................. 28
Gabarito............................................................................................................................................ 43
Referências......................................................................................................................................44

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Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a)! Tudo bem?
Você sabe o que o Direito Internacional Público tem a ver com as lagostas? E com o triste
acidente de avião que vitimou os jogadores da Chapecoense?
Na aula de hoje, estudaremos um capítulo do DIP que é mais relevante do que muitos ima-
ginam: o domínio público internacional.
Aqui estudamos as normas jurídicas internacionais que regem os espaços cuja utilização
é do interesse de mais de um Estado ou de toda a sociedade internacional, ainda que sujeitos
à soberania de um Estado. São eles: o mar, os rios internacionais, as zonas polares, o espaço
aéreo e o espaço extra-atmosférico.
Mas, antes de começar, vamos ao nosso Papo de Concurseiro.
Hoje quero te dar três dicas essenciais para a sua preparação, que frequentemente são
esquecidas pelos candidatos:
• 1) Descanse. Você é um ser humano e, portanto, o seu corpo tem limites. Aprenda a
prestar atenção aos sinais de cansaço. O rendimento é bem menor quando estudamos
cansados. Durma o suficiente (de 7 a 8 horas). É durante o sono que os nossos neurô-
nios vão fazendo as conexões necessárias para fixar o conteúdo em nossa memória;
• 2) Faça exercícios. Eu sei que é difícil achar tempo para praticar atividade física durante
a preparação para concurso, mas os exercícios também têm um papel importante no
funcionamento do cérebro. Se o seu tempo é muito exíguo, pesquise no YouTube por
“seven minute workout” e faça alguns exercícios em menos de 10 minutos;
• 3) Beba água. Isso dá mais energia e evita dores de cabeça desnecessárias causadas
por desidratação, especialmente nas regiões mais secas do País.

No mais, sangue nos olhos!


Para mais dicas, me adicione no Instagram: @andersonssilva85.
Agora, vamos à nossa aula.
Bons estudos!

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DOMÍNIO PÚBLICO INTERNACIONAL


1. Introdução
A expressão domínio público internacional designa os espaços cuja utilização é do inte-
resse de mais de um Estado ou de toda a sociedade internacional, ainda que sujeitos à sobera-
nia de um Estado (REZEK, 2014, p. 351).
Assim, neste capítulo do Direito Internacional Público estudamos as normas internacionais
que dispõem sobre:
• o mar;
• os rios internacionais;
• o espaço aéreo;
• as zonas polares;
• o espaço extra-atmosférico.

001. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) Os espaços territoriais de domínio


público internacional não se sujeitam à soberania de nenhum país.

A expressão domínio público internacional designa os espaços cuja utilização é do interesse


de mais de um Estado ou de toda a sociedade internacional, ainda que sujeitos à soberania de
um Estado (REZEK, 2014, p. 351).
Errado.

Comecemos pelo mais importante deles: o mar.

2. Direito do Mar
2.1. Considerações Iniciais
O direito do mar regula o emprego do mar e das águas interiores pelas atividades huma-
nas, com vistas a permitir o melhor proveito possível desses espaços, mas sempre à luz da
necessidade de manter o respeito à soberania nacional e de observar as exigências do desen-
volvimento sustentável.
Não se confunde com o direito marítimo, que regula as atividades privadas de navegação.
As normas do direito do mar foram, durante muito tempo, unicamente costumeiras. Atu-
almente, essas normas encontram-se codificadas na Convenção das Nações Unidas sobre o
Direito do Mar (CNUDM, conhecida também como Convenção de Montego Bay ou UNCLOS,
sigla de United Nations Convention on the Law of the Sea), de 1982.
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A CNUDM representou um grande avanço na codificação das normas jurídicas internacio-


nais sobre os espaços marítimos e oceânicos, além de ter legislado sobre temas novos muito
relevantes, como os fundos marinhos e a zona econômica exclusiva. O Brasil ajustou o seu
direito interno às normas da Convenção de Montego Bay por meio da Lei n. 8.617/1993 (even-
tualmente, esta lei também é cobrada em concursos).

O PULO DO GATO
Leia os artigos da CNUDM mais exigidos em concursos: 2º, 3º, 5º, 13, 17 a 19, 27, 33, 56 a 58,
60, 67, 69, 76, 77, 79, 81, 89, 92, 93, 97, 101, 102, 104, 105, 107, 110, 111, 125, 210 e 246.

Também merecem destaque a Convenção sobre Prevenção de Poluição Marinha por ali-
jamento de Resíduos e Outras Matérias (Convenção de Washington), de 1972, e a Conven-
ção para Prevenção de Poluição por Navios (conhecida como Marpol 73/78), criada em 1973
e alterada pelo Protocolo de 1978. Essas convenções raramente são cobradas em concur-
sos públicos.
Os principais espaços marítimos tratados pela CNUDM são:
• águas interiores;
• mar territorial;
• zona contígua;
• zona econômica exclusiva;
• plataforma continental;
• fundos marinhos;
• estreitos e canais.

Preste bastante atenção nessas palavras, porque elas vão aparecer várias vezes na
nossa aula!

2.2. Águas interiores


As águas interiores são as águas marítimas situadas no interior da linha de base, isto é,
entre a terra firme e o início do mar territorial (art. 8.1 da CNUDM).
A linha de base, por sua vez, é a linha de baixa-mar ao longo da costa, tal como indica-
da nas cartas marítimas de grande escala, reconhecidas oficialmente pelo Estado costeiro
(art. 5º).
Não se preocupe se os conceitos ainda não estiverem muito claros para você. Daqui a pou-
co veremos uma imagem que deixará tudo mais claro!
Nas águas interiores, o Estado costeiro exerce soberania geral e exclusiva, de modo que
não há, em regra, direito de passagem inocente.

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002. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2011/ADAPTADA) Os Estados exercem soberania so-


bre suas águas interiores, ainda que estejam obrigados a assegurar o direito de passagem
inocente em favor dos navios mercantes, mas não dos navios de guerra.

Nas águas interiores, o Estado costeiro exerce soberania geral e exclusiva, de modo que não
há, em regra, direito de passagem inocente.
Errado.

Os navios de guerra estrangeiros que forem admitidos têm imunidade de jurisdição. Os


navios mercantes não têm imunidade, embora haja uma prática de interferir em incidentes de
bordo somente em casos excepcionais (REZEK, 2014, p. 359).

2.3. Mar Territorial


O mar territorial é a zona marítima adjacente ao território do Estado, sobre o qual este
exerce a sua soberania.
A soberania do Estado costeiro alcança, por força da CNUDM, não apenas as águas maríti-
mas, mas também o espaço aéreo sobrejacente, o leito e o subsolo do mar territorial (art. 2º).

003. (NC-UFPR/PROFISSIONAL DE NÍVEL UNIVERSITÁRIO/ITAIPU BINACIONAL/2019/


ADAPTADA) A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espaço aéreo sobrejacente,
bem como ao seu leito e subsolo.

A soberania do Estado costeiro alcança, por força da CNUDM, não apenas as águas marítimas,
mas também o espaço aéreo sobrejacente, o leito e o subsolo do mar territorial (art. 2º).
Certo.
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A grande dificuldade antes da Convenção de Montego Bay era a delimitação do mar territo-
rial, pois havia uma enorme diversidade de critérios nas opções dos países. Assim, a Conven-
ção reconhece aos Estados o direito de fixar a largura do seu mar territorial em até 12 milhas
marítimas, medidas a partir da linha de base (arts. 3º a 7º).
A linha de base, como vimos, é a linha de baixa-mar ao longo da costa, tal como indicada nas
cartas marítimas de grande escala, reconhecidas oficialmente pelo Estado costeiro (art. 5º).
Os baixios a descoberto que se encontrem, total ou parcialmente, a uma distância do con-
tinente que não exceda a largura do mar territorial podem ser utilizados como parâmetro para
medir a largura do mar territorial. Um baixio a descoberto é uma extensão natural de terra ro-
deada de água, que, na baixa-mar, fica acima do nível do mar, mas que submerge na preia-mar
(art. 13.1).
A soberania sobre o mar territorial não é absoluta, pois pode ser limitada pelo direito de
passagem inocente, oriundo de antigo direito costumeiro internacional, que consiste na na-
vegação pelo mar territorial sem prejudicar a paz, a boa ordem ou a segurança do Estado
costeiro (arts. 17 a 19).

004. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) Os navios de Estados sem litoral


têm direito a passagem inocente pelo mar territorial de um Estado costeiro, desde que median-
te prévia autorização deste.

A Convenção sobre Direito do Mar não prevê a necessidade de prévia autorização do Esta-
do costeiro para a passagem inocente de navios de outros Estados pelo seu mar territorial
(art. 17):

Salvo disposição em contrário da presente Convenção, os navios de qualquer Estado, costeiro ou


sem litoral, gozarão do direito de passagem inocente pelo mar territorial.
Errado.

A passagem inocente deve ser contínua e rápida, tornando-a um ato ilícito qualquer ação
que não seja estritamente relacionada com o ato simples de passar pelas águas territoriais.
No entanto, a passagem inocente compreende o parar e o fundear, apenas na medida em
que (art. 18.2):
• constituam incidentes comuns de navegação; ou
• sejam impostos por motivos de força maior ou por dificuldade grave ou tenham por fim
prestar auxílio a pessoas, navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave.

Em regra, o Estado não pode exercer jurisdição penal sobre navio estrangeiro que passe
pelo seu mar territorial em relação a um crime praticado a bordo desse navio durante a sua
passagem. As exceções são (art. 27.1):

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• crime com consequências para o Estado costeiro;


• crime que possa perturbar a paz do Estado ou a ordem no mar territorial;
• solicitação de assistência pelo capitão do navio ou pelo representante diplomático ou
funcionário consular do Estado da bandeira; e
• repressão do tráfico ilícito de estupefacientes ou de substâncias psicotrópicas.

O Estado costeiro também não poderá, em regra, tomar qualquer medida a bordo de um
navio estrangeiro que passe pelo seu mar territorial, para a detenção de uma pessoa ou para
proceder a investigações relacionadas com qualquer infração de caráter penal que tenha sido
cometida antes do navio ter entrado no seu mar territorial, se esse navio, procedente de um
porto estrangeiro, se encontrar só de passagem pelo mar territorial sem entrar nas águas inte-
riores (art. 27.5).
Da mesma forma, o Estado costeiro não pode exercer jurisdição civil em relação a uma pes-
soa que se encontre a bordo de navio estrangeiro que passe pelo seu mar territorial (art. 28.1).
Também não pode tomar contra esse navio medidas executórias ou medidas cautelares
em matéria civil, a não ser que essas medidas sejam tomadas por força de obrigações assumi-
das pelo navio ou de responsabilidades em que o mesmo haja incorrido, durante a navegação
ou devido a esta quando da sua passagem pelas águas do Estado costeiro (art. 28.2).
A regra, entretanto, não impede o Estado costeiro de tomar, em relação a navio estrangeiro
que se detenha no mar territorial ou por ele passe procedente das águas interiores, medidas
executórias ou medidas cautelares em matéria civil conforme o seu direito interno (art. 28.3).
Essas regras se aplicam aos navios mercantes ou navios de Estado utilizados para fins
comerciais, pois os navios de guerra ou outros navios de Estado utilizados para fins não co-
merciais ostentam imunidade de jurisdição. No caso de descumprimento, por esses navios,
do direito interno do Estado costeiro, cabe este apenas exigir a saída imediata do seu mar
territorial, ressalvada a responsabilidade do Estado da bandeira por eventual dano causado ao
Estado costeiro (arts. 30 a 32).

005. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TRF-3ª/2016/ADAPTADA) Quando os navios-cassino es-


trangeiros navegarem pelo mar territorial brasileiro, no exercício do direito de passagem ino-
cente, rápida e contínua, que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil,
não será exercida a jurisdição penal brasileira a bordo, mesmo na hipótese de ocorrência de
infração criminal com consequências para o Estado brasileiro.

Em regra, o Estado não pode exercer jurisdição penal sobre navio estrangeiro que passe pelo
seu mar territorial em relação a um crime praticado a bordo desse navio durante a sua passa-
gem. As exceções são (art. 27.1):

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• crime com consequências para o Estado costeiro;


• crime que possa perturbar a paz do Estado ou a ordem no mar territorial;
• solicitação de assistência pelo capitão do navio ou pelo representante diplomático ou
funcionário consular do Estado da bandeira; e
• repressão do tráfico ilícito de estupefacientes ou de substâncias psicotrópicas.

Errado.

2.4. Zona Contígua


A zona contígua é a área adjacente ao mar territorial, que tem extensão máxima de 12
milhas marítimas.

006. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) O limite exterior máximo da zona


contígua é de trinta milhas marítimas contadas das linhas de base que servem para medir a
largura do mar territorial.

A zona contígua é a área adjacente ao mar territorial, que tem extensão máxima de 12 milhas
marítimas. A Convenção do Direito do Mar prevê que a zona contígua não pode estender-se
além de 24 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a
largura do mar territorial (art. 33.2).
Errado.

Dentro dessa área o Estado pode tomar as medidas de fiscalização necessárias para evitar
as infrações às leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração e sanitários no seu territó-
rio ou no seu mar territorial e para reprimir as infrações às leis e regulamentos no seu território
ou no seu mar territorial em geral (art. 33).

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O Estado costeiro exerce, desse modo, três tipos de competência: (a) aduaneira e fiscal; (b)
segurança; e (c) conservação e exploração das riquezas animais e minerais.

2.5. Zona Econômica Exclusiva


Zona econômica exclusiva é uma área adjacente ao mar territorial que pode ir até 200 mi-
lhas marítimas contadas da linha de base (arts. 55 a 75 da Convenção).
Na zona econômica exclusiva, o Estado somente exerce direitos de soberania para fins de
exploração, aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais existentes na água,
no leito e no subsolo, e para quanto mais signifique aproveitamento econômico. O Estado
costeiro também exerce jurisdição sobre a zona em matéria de preservação do meio marinho,
investigação científica e instalação de ilhas artificiais (art. 56).
Outros Estados têm, na zona econômica exclusiva, liberdades impossíveis no mar territo-
rial, como a navegação (sem as limitações da passagem inocente), o sobrevoo, a colocação
de cabos e dutos submarinos, além de outros usos compatíveis com os direitos do Estado
costeiro (art. 58).

007. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2009) Na zona econômica exclusiva (ZEE), os Estados es-


trangeiros não podem usufruir da liberdade de navegação nem nela instalar cabos e oleo-
dutos submarinos.

Outros Estados têm, na zona econômica exclusiva, liberdades impossíveis no mar territorial,
como a navegação (sem as limitações da passagem inocente), o sobrevoo, a colocação de
cabos e dutos submarinos, além de outros usos compatíveis com os direitos do
Estado costeiro (art. 58).
Errado.

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2.6. Plataforma Continental


Segundo a Convenção, a plataforma continental compreende o leito e o subsolo das áreas
submarinas que se estendem além do mar territorial do Estado, em toda a extensão do prolon-
gamento natural de seu território terrestre (art. 76).
Observe que não estamos mais falando sobre as águas, mas sobre o leito e o subsolo das
águas, correspondente ao prolongamento natural do continente.
A plataforma continental pode ir até o bordo exterior da margem continental ou até uma
distância de 200 milhas marítimas da linha de base a partir da qual se mede a largura do
mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa
distância (art. 76).
O bordo exterior da margem continental é o ponto em que ocorrem as inclinações abrup-
tas que conduzem aos fundos marinhos.
Logo, a plataforma pode ter dois tamanhos: até o bordo exterior ou até 200 milhas da linha
de base, se o bordo exterior não for tão longe.
No entanto, a Convenção estabelece que, no caso de se utilizar o bordo exterior como limi-
te, a extensão da plataforma não poderá ultrapassar 350 milhas marítimas da linha de base.

008. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2015/ADAPTADA) A Convenção das Nações Unidas


sobre o Direito do Mar admite a possibilidade de expansão da plataforma continental brasileira
além dos limites atualmente fixados de duzentas milhas marítimas.

Os limites exteriores da plataforma continental podem ser estendidos até o limite de 350 mi-
lhas marítimas (art. 76. 4 e 5, da Convenção de Montego Bay).
Certo.
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O Estado costeiro exerce na plataforma continental direitos de soberania para efeitos de


exploração e aproveitamento dos recursos naturais, que são exclusivos, pois se o Estado cos-
teiro não explora a plataforma continental ou não aproveita os recursos nela encontrados,
ninguém pode fazê-lo sem seu consentimento explícito (art. 77).

009. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2011/ADAPTADA) Na plataforma continental, os Esta-


dos possuem direitos de soberania no tocante à exploração e aproveitamento dos seus re-
cursos naturais, mas a falta de utilização e exploração desses direitos em qualquer de suas
formas autoriza outros Estados ao seu exercício, ainda que sem consentimento expresso.

O Estado costeiro exerce na plataforma continental direitos de soberania para efeitos de ex-
ploração e aproveitamento dos recursos naturais, que são exclusivos, pois se o Estado cos-
teiro não explora a plataforma continental ou não aproveita os recursos nela encontrados,
ninguém pode fazê-lo sem seu consentimento explícito (art. 77).
Errado.

Já houve várias controvérsias internacionais sobre a propriedade dos recursos da plata-


forma continental. Aqui vale a pena contar uma história para você nunca mais esquecer que
o Estado costeiro tem direito exclusivo de exploração e aproveitamento dos recursos naturais
da plataforma continental.
No início dos anos 60, algumas embarcações francesas obtiveram autorização para reali-
zar pesquisas científicas no nosso litoral. Descobriu-se depois que elas estavam, na verdade,
pescando lagostas.
Então se iniciou um debate sobre a natureza jurídica da lagosta. Na época ainda não havia
a CNUDM, mas a Convenção de Genebra sobre Plataforma Continental, de 1958, dispunha que
“o Estado ribeirinho exerce direitos soberanos sobre a plataforma continental para os fins da
exploração desta e do aproveitamento de seus recursos naturais” (art. 2º).
Assim, se as lagostas fossem consideradas recursos da plataforma continental (leito e
subsolo) seriam de exploração exclusiva do Brasil. Se fossem recursos do alto-mar, seriam de
exploração livre para embarcações de qualquer Estado.
O governo brasileiro sustentou que as lagostas eram da plataforma continental, pois cami-
nhavam no leito do mar e, consequentemente, eram recursos exclusivos do Brasil. O governo
francês, por sua vez, afirmava que, na verdade, as lagostas davam uns “pulinhos” e, por isso,
deveriam ser equiparadas a peixes.
Como brasileiro não perde tempo, alguém soltou: “se a lagosta é um peixe porque se deslo-
ca dando saltos, então o canguru é uma ave”. A questão virou até marcha no carnaval de 1963:
“a lagosta é nossa”.

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A discussão causou um incidente diplomático e as duas nações chegaram a iniciar mano-


bras militares. O episódio ficou conhecido como a “Guerra da Lagosta”.
Dizem (mas não há certeza disso) que foi nessa ocasião que o Presidente francês Charles
De Gaulle pronunciou a célebre frase “le Brésil n’est pas un pays sérieux” (“o Brasil não é um
país sério”).
Desculpe, “monsieur”, mas eram vocês que estavam querendo dar um “jeitinho”.
Alguns historiadores dizem que não houve efetivamente guerra porque os franceses pen-
saram, por equívoco, que os Estados Unidos da América já haviam declarado apoio ao Brasil.
É isso que o DIP tem a ver com as lagostas.

2.7. Alto-mar
O alto-mar é definido por exclusão, abrangendo todas as áreas marítimas não incluídas na
zona econômica exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores de um Estado, nem nas
águas arquipelágicas de um Estado arquipélago. É, portanto, um conceito residual.
O alto-mar é regido pelo princípio da liberdade, segundo o qual são livres a navegação, o
sobrevoo por aviões de qualquer natureza, a colocação de cabos e dutos submarinos, a cons-
trução de ilhas artificiais e instalações congêneres, a pesca e a investigação científica, por
todos os Estados, inclusive aqueles que não têm litoral (REZEK, 2014, p. 367). Logo, o alto-mar
é res communis, não res nullius.
A liberdade do alto-mar é limitada pelo direito ambiental, assim como pelos deveres de utili-
zação do alto-mar para fins pacíficos e de levar em conta os interesses dos demais, de modo que
todos devem colaborar na repressão ao tráfico de escravos e de drogas, bem como da pirataria.
É interessante ressaltar que os Estados sem litoral têm direito de acesso ao alto-mar,
gozando de liberdade de trânsito por meio do território dos Estados de trânsito por todos os
meios de transporte. Mas os termos e condições para o exercício dessa liberdade de trânsito

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devem ser acordados entre os Estados sem litoral e os Estados de trânsito interessados por
meio de acordos bilaterais, sub-regionais ou regionais (art. 125).

010. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2009) Segundo a Convenção de Montego Bay, Estados sem


litoral podem usufruir do direito de acesso ao mar pelo território dos Estados vizinhos que te-
nham litoral.

Os Estados sem litoral têm direito de acesso ao alto-mar, gozando de liberdade de trânsito por
meio do território dos Estados de trânsito por todos os meios de transporte. Mas os termos e
condições para o exercício dessa liberdade de trânsito devem ser acordados entre os Estados
sem litoral e os Estados de trânsito interessados por meio de acordos bilaterais, sub-regionais
ou regionais (art. 125).
Certo.

A Autoridade Internacional sobre o Fundo do Mar, órgão pertencente à ONU, regulamenta


as atividades realizadas em alto-mar (art. 156). É composta por uma Assembleia, um Conse-
lho, um Secretariado e uma Empresa. Esta cumpre papel análogo àquele realizado por uma
companhia de petróleo estatal: explora, produz, transporta, processa e comercializa minerais
do fundo do mar. O art. 160 dispõe que a Assembleia deve aprovar regras, regulamentos e
procedimentos na divisão equitativa de finanças e outros benefícios econômicos derivados de
atividades na Área.
Os principais espaços marítimos abordados até agora são representados graficamente na
imagem, extraída da wikipedia (https://es.wikipedia.org/wiki/Derecho_del_mar):

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2.8. Fundos Marinhos


Fundos marinhos, também chamados de “área”, compreendem as águas subaquáticas, o
leito e o subsolo das águas internacionais. Não pertencem a nenhum Estado, sendo conside-
rados patrimônio comum da humanidade, e sua exploração deve ser feita em benefício dos
povos do mundo em geral, independentemente de sua localização geográfica (arts. 156 a 191).

2.9. Estreitos e Canais


Estreito é o corredor cujas águas integram o mar territorial de um ou mais Estados, e que
assegura a comunicação entre espaços de alto-mar ou zona econômica exclusiva, interessan-
do à navegação internacional.
Os estreitos mais conhecidos são o de Bering, que liga os oceanos Pacífico e Ártico (que,
segundo uma teoria, teria sido o caminho feito pelos homo sapiens para chegar à América, há
cerca de 12.000 anos); e de Gibraltar, que comunica o Atlântico com o Mediterrâneo (por onde
os mouros passaram para a Hispânia, entre 711 e 726, e governaram por quase 800 anos).
A Convenção do Mar garante o direito de passagem em trânsito a navios e aeronaves, civis
ou militares, de qualquer bandeira, na linha do que foi decidido no célebre caso do Estreito de
Corfu, julgado pela CIJ em 1949. Passagem inocente e passagem em trânsito possuem as

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mesmas características: devem ser contínuas e rápidas, somente admitem o puro desloca-
mento e os Estados costeiros têm o direito de editar normas sobre o assunto. Contudo, passa-
gem em trânsito é conceito mais amplo porque diz respeito a, além de navios, aeronaves.
Os canais, por sua vez, também são corredores que facilitam o trânsito entre dois espa-
ços marítimos, mas, ao contrário dos estreitos, são construídos artificialmente. Os principais
exemplos de canais são o de Suez, entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho, e o do Panamá, que
une o Atlântico e o Pacífico, ambos construídos por Ferdinand de Lesseps (1805-1894).
Clique aqui e se encante com a grandiosidade do Canal do Panamá.
Até agora, estudamos os seguintes espaços marítimos:

ESPAÇO OBSERVAÇÃO
Interior da linha de base. Soberania geral
Águas interiores e exclusiva. Não há passagem inocente.
12 milhas da linha de base. Passagem
inocente. Em regra, não há jurisdição
Mar territorial penal sobre navios estrangeiros em
passagem inocente.
12 milhas do limite do mar territorial.
Zona contígua Medidas de fiscalização.
200 milhas da linha de base. Exploração,
aproveitamento, conservação e gestão
Zona economia exclusiva dos recursos naturais. Navios de outros
Estados têm liberdades.
Leito e subsolo das águas submarinas.
Plataforma continental Direitos de soberania para efeito de
exploração dos recursos naturais.
Conceito por exclusão. Princípio da
Alto-mar liberdade.
Águas subaquáticas, o leito e o subsolo
Fundos marinhos das águas internacionais. Patrimônio
comum da humanidade.
Estreitos e canais Corredores marítimos.

2.10. Navegação Marítima


A navegação marítima é feita por meio de navios, que são definidos como qualquer enge-
nho flutuante dotado de alguma forma de autopropulsão, organização e guarnecido segundo
sua finalidade (REZEK, 2014, p. 356).
Os navios podem ser públicos ou privados. Os públicos podem ser de guerra (empregados
nas atividades militares) ou civis (utilizados em funções administrativas de natureza pública,

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sem fins militares). Por força de antiga regra costumeira, os navios públicos têm imunidade de
jurisdição onde quer que se encontrem. Já os navios privados ficam sujeitos à jurisdição do
Estado onde se encontrarem.
Todos os navios devem possuir uma nacionalidade, que é a do Estado cuja bandeira estão
autorizados a arvorar. Impõe-se, ainda, que haja um vínculo substancial entre o Estado e o
navio que arvora a sua bandeira (art. 92).
Os navios devem navegar sob a bandeira de um só Estado. Navios que estejam a serviço
das agências especializadas das Nações Unidas e da Agência Internacional de Energia Atômi-
ca podem arvorar a bandeira da ONU (art. 93).

011. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) Agências especializadas das Na-


ções Unidas não podem arvorar bandeiras em suas embarcações.

Navios que estejam a serviço das agências especializadas das Nações Unidas e da Agência
Internacional de Energia Atômica podem arvorar a bandeira da ONU (art. 93).
Errado.

Salvo em casos excepcionais, os navios devem submeter-se, no alto-mar, à jurisdição ex-


clusiva do Estado de bandeira (art. 94). Assim, os navios de guerra podem exercer autoridade
sobre navios mercantes de igual bandeira. Para que um navio de guerra constranja um navio
marcante de outra nacionalidade, sob a forma de direito de visita, porém, deve haver fundada
suspeita de que este seja responsável por pirataria, tráfico ou transmissões clandestinas, ou de
que o pavilhão não represente a sua nacionalidade verdadeira, a ser apurada mediante exame
dos documentos a bordo.
A CNUDM prevê o direito de perseguição contínua (hot pursuit), que é a prerrogativa do
Estado costeiro perseguir um navio estrangeiro que tenha infringido suas leis ou regulamentos
(REZEK, 2014, p. 369). A perseguição deve iniciar-se nas áreas afetas ao Estado costeiro, so-
mente pode continuar no alto-mar se não tiver sido interrompida e deve cessar quando o navio
perseguido entrar em mar territorial de seu Estado ou de outro (art. 111).

3. Direito dos Rios Internacionais


Os rios internacionais são aqueles que banham mais de um Estado (REZEK, 2014, p. 374).
São exemplos de rios internacionais: o Amazonas, que nasce no Peru e deságua no território
brasileiro; e o Danúbio, que atravessa o continente europeu de oeste a leste.
A doutrina classifica os rios em sucessivos e contíguos. Os sucessivos passam conse-
cutivamente por um Estado e depois por outro(s). Os contíguos ou limítrofes ou fronteiriços,
separam territórios dos Estados. Alguns rios podem reunir as duas características.
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Rezek dá notícia de que ainda não existe um tratado geral sobre os rios internacionais, de
modo que a regulamentação fica a cargo dos Estados que compartilham os cursos d’água
(REZEK, 2014, p. 275). O rio Amazonas, por exemplo, é regulado pelo Tratado de Cooperação
Amazônica, de 1978; e o Danúbio, pelo Estatuto Permanente do Danúbio, de 1921.

012. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) Os rios internacionais, como, por


exemplo, o Danúbio, na Europa, podem ser considerados de domínio público internacional.

A expressão domínio público internacional designa os espaços cuja utilização é do interesse


de mais de um Estado ou de toda a sociedade internacional, ainda que sujeitos à soberania de
um Estado (REZEK, 2014, p. 351). Assim, integram o domínio público internacional: o mar, o
espaço aéreo, as zonas polares, o espaço extra-atmosférico e os rios e os lagos internacionais.
Um exemplo de rio internacional é o Danúbio, que atravessa o continente europeu de oeste a
leste, e é regulado pelo Estatuto Permanente do Danúbio, de 1921.
Certo.

4. Direito das Zonas Polares


As zonas polares são o Polo Norte (região ártica) e o Polo Sul (região antártica).
O Polo Norte é um grande oceano coberto permanentemente de gelo em sua maior parte.
Não há, portanto, normas internacionais específicas para essa região, sendo-lhe aplicável o
mesmo regime conferido ao alto-mar pela Convenção sobre o Direito do Mar.
No século XX, foi elaborada a teoria dos setores ou da zona de atração, segundo a qual as
regiões árticas seriam simples prolongamento dos territórios dos Estados europeus e ameri-
canos. Essa teoria, segundo Rezek, tinha o objetivo de fundamentar a pretensão de titularidade
das ilhas existentes na área, distantes mais de oitocentos quilômetros ou mais do ponto de
convergência (2014, p. 351-352).
O Polo Sul (ou Antártida), por sua vez, é um continente coberto de gelo, que desperta maio-
res interesses econômicos do que o Polo Norte. Por isso, foi aprovado, em 1º de dezembro de
1959, o Tratado da Antártida. Esse instrumento internacional consagra dois princípios:
• Utilização exclusivamente para fins pacíficos para sempre, sendo proibida a adoção de
medidas militares; e
• Importância das pesquisas científicas na região para o progresso da humanidade.

Em 1991, foi concluído o Protocolo ao Tratado da Antártida sobre Proteção ao Meio Ambiente.

013. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) A Antártica é considerada domínio


público internacional cujo uso deve destinar-se a fins científicos e militares.

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A Antártida é considerada domínio público internacional, mas, de acordo com o Tratado da


Antártida, essa região somente pode somente ser utilizada para fins pacíficos para sempre,
sendo vedada a adoção de medidas militares (art. 1º).
Errado.

5. Direito do Espaço Aéreo


5.1. A Convenção de Chicago
O direito do espaço aéreo, também chamado de direito internacional aéreo, direito inter-
nacional aeronáutico e direito internacional da navegação aérea, é o ramo do DIP que regula a
navegação aérea e o emprego aéreo para esse fim.
O principal instrumento internacional sobre a matéria é a Convenção de Chicago sobre a
Aviação Civil Internacional (Convenção de Chicago), de 1944, que se aplica exclusivamente às
aeronaves civis (art. 3º, “a”). Estão excluídas do escopo da Convenção as aeronaves de pro-
priedade do Governo, assim entendidas aquelas usadas para serviços militares, alfandegários
ou policiais (art. 3º, “b”).

O PULO DO GATO
Leia os dispositivos da Convenção de Chicago mais cobrados em concursos públicos: arts. 1º
a 3º, 17 e 18 e 26.

O princípio fundamental do regime jurídico estabelecido pela Convenção de Chicago é que


o Estado exerce soberania completa e exclusiva sobre o espaço aéreo que cobre o seu terri-
tório (art. 1º), entendido este como a extensão terrestre e o mar territorial (art. 2º). Logo, não
existe, no espaço aéreo sujeito à soberania de um Estado, um direito de passagem inocente.

014. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2015/ADAPTADA) O direito de passagem inocente no


espaço aéreo ocorre da mesma forma que em relação ao mar territorial.

O princípio fundamental do regime jurídico estabelecido pela Convenção de Chicago é que o


Estado exerce soberania completa e exclusiva sobre o espaço aéreo que cobre o seu território
(art. 1º), entendido este como a extensão terrestre e o mar territorial (art. 2º). Logo, não se re-
conhece, no espaço aéreo sujeito à soberania de um Estado, um direito de passagem inocente.
Errado.
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Esse entendimento foi afirmado no famoso Caso das Atividades Militares e Paramilitares
na Nicarágua, julgado pela Corte Internacional de Justiça, em 1986: “o princípio de respeito
pela soberania territorial também é infringido diretamente pelo sobrevoo não autorizado do
território de um Estado por uma aeronave pertencente ao governo de outro Estado ou sob o
seu controle”.
Em contrapartida, a navegação aérea, civil o militar, sobre espaços que não incide qualquer
soberania, é livre.
De acordo com a Convenção de Chicago, toda aeronave deve ter uma (única) nacionalida-
de, definida a partir de sua matrícula ou do registro em um Estado (art. 17), sendo vedado o
duplo registro (art. 18).

015. (ESAF/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO/ANAC/2016/ADAPTADA) Toda aeronave civil


pode possuir mais de uma única nacionalidade, determinada por seu registro ou sua matrícula.

De acordo com a Convenção de Chicago, toda aeronave deve ter uma (única) nacionalidade,
definida a partir de sua matrícula ou do registro em um Estado (art. 17), sendo vedado o duplo
registro (art. 18).
Errado.

As aeronaves podem ser públicas ou privadas. Estas ficam sujeitas à jurisdição do Estado
em que se encontrarem. Aquelas, que podem ser civis ou de guerra, gozam de privilégios e
imunidades independentemente do local onde se encontrem.
A Convenção estabelece que, no caso em que uma aeronave de um Estado Parte sofrer
acidente, acarretando morte ou ferimentos graves, ou indicando sérios defeitos técnicos na
aeronave ou nas facilidades de navegação aérea, os Estados onde tiver ocorrido o acidente
procederão a um inquérito sobre as circunstâncias que provocaram o acidente, de confor-
midade, dentro do permissível por suas próprias leis com o procedimento que possa ser
recomendado nas circunstâncias pela Organização Internacional de Aviação Civil (art. 26,
1ª parte).
O Estado de registro da aeronave a deve ter a oportunidade de designar observadores para
assistirem as investigações, e o Estado onde se esteja processando o inquérito transmitirá ao
outro Estado as informações e conclusões apuradas (art. 26, 2ª parte).
O tráfego aéreo funciona de acordo com as cinco liberdades do ar previstas na Convenção
de Chicago, que são as seguintes:
• liberdade de sobrevoo, sem escalas, no território de um ente estatal;
• liberdade de escala técnica, sem fins comerciais ou em situações de emergência;
• liberdade de desembarcar passageiros e mercadorias procedentes do Estado de origem
da aeronave;

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• liberdade de embarcar passageiros e mercadorias com destino ao Estado de origem da


aeronave; e
• liberdade de embarcar passageiros e mercadorias procedentes de, ou com destino a,
terceiros países.

Observe que as duas primeiras são técnicas e três últimas são comerciais.
Tais liberdades são concedidas por meio de acordos bilaterais entre os Estados partes da
Organização Internacional da Aviação Civil Internacional (OACI).
A Organização Internacional da Aviação Civil Internacional (OACI) foi criada pela Conven-
ção de Chicago para “desenvolver os princípios e a técnica da navegação aérea internacional e
de favorecer o estabelecimento e estimular o desenvolvimento de transportes aéreos interna-
cionais” (art. 44, caput).
No dia 29 de novembro de 2016, os brasileiros receberam a terrível notícia da queda do
avião que transportava o time da Chapecoense para disputar a primeira partida da Final da
Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. A aeronave levava 77 pessoas, das quais 71
morreram no acidente.
O pano de fundo do acidente envolveu, além da negligência da operadora LaMia, algumas
normas de direito do espaço aéreo.
O plano original era que a equipe embarcaria para Medellín (Colômbia) em um voo fretado
partindo do aeroporto de Guarulhos. Como a LaMia era boliviana, não poderia fazer um voo do
Brasil para Colômbia, por inexistir um acordo prevendo a 5ª liberdade entre o Brasil e a Bolívia.
Foi necessário, então, que os passageiros fossem de Guarulhos para Santa Cruz de la Sier-
ra (Bolívia), em um voo comercial, e, de lá partissem para Medellin, na aeronave da LaMia. O
avião teve uma “pane seca” ao se aproximar do aeroporto de destino.

5.2. As Convenções de Varsóvia e de Montreal


A Convenção para Unificação de Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo Interna-
cional, de 1929 (Convenção de Varsóvia) e a Convenção para Unificação de Certas Regras
Relativas ao Transporte Aéreo Internacional, de 1999 (Convenção de Montreal) cuidam da
responsabilidade do transportador em caso de acidente ou de outra forma de descumprimen-
to do contrato de transporte.
As Convenções de Varsóvia e de Montreal preveem limites para a reparação de danos
ocorridos no transporte internacional de pessoas, bagagem ou carga (art. 22), o que provocou
discussões no Brasil a respeito da antinomia com o Código de Defesa do Consumidor, que
estabelece o princípio da reparação integral para os danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços (art. 14, caput).
O STF resolveu definitivamente a questão no julgamento do Recurso Extraordinário
636331/RJ e do Agravo em Recurso Extraordinário 766618/SP, em 25/05/2017, com reper-
cussão geral, em que foi adotada a tese de que, por força do art. 178 da CRFB, as normas e
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os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de


passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em
relação ao CDC.

5.3. Segurança do Tráfego Aéreo


O tema da segurança do tráfego aéreo, em particular, é regulado por três tratados:
• Convenção de Tóquio sobre Infrações e Outros Atos Cometidos a Bordo de Aeronaves,
de 1963. Esta convenção prevê que o comandante da aeronave, se tiver motivos justifi-
cados para crer que uma pessoa cometeu ou está na iminência de cometer a bordo uma
infração, poderá exigir ou autorizar a ajuda dos demais membros da tribulação e solicitar
ou autorizar, porém não exigir, a ajuda dos passageiros com o fim de adotar medidas
coercitivas contra qualquer pessoa em relação a qual tiver esse direito (art. 6.2);
• Convenção da Haia para Repressão do Apoderamento Ilícito de Aeronaves, de 1970; e
• Convenção de Montreal para Repressão dos Atos Ilícitos contra a Aviação Civil, de 1971.

6. Direito do Espaço Extra-Atmosférico


O espaço extra-atmosférico (ou espaço exterior ou apenas espaço) começa onde termina
a atmosfera terrestre.
As primeiras normas sobre o tema começaram a ser elaboradas depois da colocação em
órbita do primeiro satélite artificial, em 1967, e da chegada do homem à Lua, em 1969.
O principal instrumento internacional sobre a matéria é o Tratado sobre Princípios Regula-
dores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico, Inclusive a Lua e
Demais Corpos Celestes, de 1967.
Os princípios elementares previstos no tratado são:
• uso para fins pacíficos;
• livre acesso;
• insuscetibilidade de apropriação;
• a investigação e a exploração devem reverter para o proveito geral de todos os povos; e
• livre acesso às informações recolhidas.

016. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) É juridicamente possível o domínio


privado dos corpos celestes.

O principal instrumento internacional sobre a matéria é o Tratado sobre Princípios Reguladores


das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico, Inclusive a Lua e Demais
Corpos Celestes, de 1967, que tem como um de seus princípios exatamente a insuscetibilidade
de apropriação dos corpos celestes.
Errado.

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O tratado prevê, em seu art. 11, que os Estados Partes que desenvolverem atividades no
espaço cósmico, inclusive na Lua e demais corpos celestes, devem, “na medida em que isto
seja possível e realizável”, informar ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas,
assim como ao público e à comunidade científica internacional, sobre a natureza da conduta
dessas atividades, o lugar onde serão exercidas e seus resultados.
Os outros tratados internacionais a respeito do assunto que merecem ser citados são:
• Acordo sobre Recolhimento de Astronautas, Devolução de Astronautas e Devolução de
Objetos Lançados no Espaço Exterior, de 1968;
• Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Es-
paciais, de 1972. Esta prevê que o Estado lançador será responsável absoluto pelo pa-
gamento de indenização por danos causados por seus objetos espaciais na superfície
da Terra ou a aeronaves em voo (art. 2º). Outra regra importante desta Convenção é que
não há necessidade de prévio esgotamento dos recursos internos para que se possa
apresentar um pedido de indenização ao Estado lançador por dano com amparo nesse
instrumento internacional (art. 11.1);
• Convenção sobre Registro Internacional de Objetos Lançados no Espaço Exterior, de
1975; e
• Convenção sobre as Atividades dos Estados na Lua e em Outros Corpos Celestes, de
1979 (Tratado da Lua).

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RESUMO
A expressão domínio público internacional designa os espaços cuja utilização é do interes-
se de mais de um Estado ou de toda a sociedade internacional, ainda que sujeitos à soberania
de um Estado.
O direito do mar regula o emprego do mar e das águas interiores pelas atividades humanas,
com vistas a permitir o melhor proveito possível desses espaços, mas sempre à luz da neces-
sidade de manter o respeito à soberania nacional e de observar as exigências do desenvolvi-
mento sustentável.
As águas interiores são as águas marítimas situadas no interior da linha de base, isto é,
entre a terra firme e o início do mar territorial. Nas águas interiores, o Estado costeiro exerce
soberania geral e exclusiva, de modo que não há, em regra, direito de passagem inocente.
O mar territorial é a zona marítima adjacente ao território do Estado, de até 12 milhas marí-
timas, medidas a partir da linha de base, sobre o qual este exerce a sua soberania. A soberania
do Estado costeiro alcança, por força da CNUDM, não apenas as águas marítimas, mas tam-
bém o espaço aéreo sobrejacente, o leito e o subsolo do mar territorial. A soberania sobre o
mar territorial não é absoluta, pois pode ser limitada pelo direito de passagem inocente, oriun-
do de antigo direito costumeiro internacional, que consiste na navegação pelo mar territorial
sem prejudicar a paz, a boa ordem ou a segurança do Estado costeiro.
A zona contígua é a área adjacente ao mar territorial, que tem extensão máxima de 12
milhas marítimas. Dentro dessa área o Estado pode tomar as medidas de fiscalização ne-
cessárias para evitar as infrações às leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração e
sanitários no seu território ou no seu mar territorial e para reprimir as infrações às leis e regu-
lamentos no seu território ou no seu mar territorial em geral.
Zona econômica exclusiva é uma área adjacente ao mar territorial que pode ir até 200 mi-
lhas marítimas contadas da linha de base. O Estado somente exerce direitos de soberania para
fins de exploração, aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais existentes na
água, no leito e no subsolo, e para quanto mais signifique aproveitamento econômico.
A plataforma continental compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se es-
tendem além do mar territorial do Estado, em toda a extensão do prolongamento natural de seu
território terrestre. A plataforma continental pode ir até o bordo exterior da margem continen-
tal ou até uma distância de 200 milhas marítimas da linha de base a partir da qual se mede a
largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja
essa distância. No entanto, a Convenção estabelece que, no caso de se utilizar o bordo exterior
como limite, a extensão da plataforma não poderá ultrapassar 350 milhas marítimas da linha
de base. O Estado costeiro exerce na plataforma continental direitos de soberania para efeitos
de exploração e aproveitamento dos recursos naturais, que são exclusivos.
O alto-mar é definido por exclusão, abrangendo todas as áreas marítimas não incluídas na
zona econômica exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores de um Estado, nem nas
águas arquipelágicas de um Estado arquipélago. É regido pelo princípio da liberdade.
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leito e o subsolo das águas internacionais. São patrimônio comum da humanidade.
Estreito é o corredor cujas águas integram o mar territorial de um ou mais Estados, e
que assegura a comunicação entre espaços de alto-mar ou zona econômica exclusiva, in-
teressando à navegação internacional. Os canais, por sua vez, também são corredores que
facilitam o trânsito entre dois espaços marítimos, mas, ao contrário dos estreitos, são cons-
truídos artificialmente.
Todos os navios devem possuir uma nacionalidade, que é a do Estado cuja bandeira estão
autorizados a arvorar. Os navios devem navegar sob a bandeira de um só Estado.
Os rios internacionais são aqueles que banham mais de um Estado. Podem ser sucessivos
e contíguos. Ainda não existe um tratado geral sobre os rios internacionais.
O Tratado da Antártida, de 1959, consagra dois princípios: 1) Utilização exclusivamente
para fins pacíficos para sempre, sendo proibida a adoção de medidas militares; e 2) Importân-
cia das pesquisas científicas na região para o progresso da humanidade.
A Convenção de Chicago sobre a Aviação Civil Internacional (Convenção de Chicago), de
1944, prevê que o Estado exerce soberania completa e exclusiva sobre o espaço aéreo que
cobre o seu território, entendido este como a extensão terrestre e o mar territorial. Logo, não
existe, no espaço aéreo sujeito à soberania de um Estado, um direito de passagem inocente.
De acordo com a Convenção de Chicago, toda aeronave deve ter uma (única) nacionalidade,
definida a partir de sua matrícula ou do registro em um Estado, sendo vedado o duplo registro.
O principal instrumento internacional sobre o espaço extra-atmosférico é o Tratado sobre
Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico,
Inclusive a Lua e Demais Corpos Celestes, de 1967. Os princípios elementares previstos no
tratado são: 1) uso para fins pacíficos; 2) livre acesso; 3) insuscetibilidade de apropriação; 4) a
investigação e a exploração devem reverter para o proveito geral de todos os povos; e 5) livre
acesso às informações recolhidas.

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QUESTÕES COMENTADAS EM AULA


001. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) Os espaços territoriais de domínio
público internacional não se sujeitam à soberania de nenhum país.

002. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2011/ADAPTADA) Os Estados exercem soberania so-


bre suas águas interiores, ainda que estejam obrigados a assegurar o direito de passagem
inocente em favor dos navios mercantes, mas não dos navios de guerra.

003. (NC-UFPR/PROFISSIONAL DE NÍVEL UNIVERSITÁRIO/ITAIPU BINACIONAL/2019/


ADAPTADA) A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espaço aéreo sobrejacente,
bem como ao seu leito e subsolo.

004. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) Os navios de Estados sem litoral


têm direito a passagem inocente pelo mar territorial de um Estado costeiro, desde que median-
te prévia autorização deste.

005. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TRF-3ª/2016/ADAPTADA) Quando os navios-cassino es-


trangeiros navegarem pelo mar territorial brasileiro, no exercício do direito de passagem ino-
cente, rápida e contínua, que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil,
não será exercida a jurisdição penal brasileira a bordo, mesmo na hipótese de ocorrência de
infração criminal com consequências para o Estado brasileiro.

006. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) O limite exterior máximo da zona


contígua é de trinta milhas marítimas contadas das linhas de base que servem para medir a
largura do mar territorial.

007. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2009) Na zona econômica exclusiva (ZEE), os Estados es-


trangeiros não podem usufruir da liberdade de navegação nem nela instalar cabos e oleodu-
tos submarinos.

008. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2015/ADAPTADA) A Convenção das Nações Unidas


sobre o Direito do Mar admite a possibilidade de expansão da plataforma continental brasileira
além dos limites atualmente fixados de duzentas milhas marítimas.

009. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2011/ADAPTADA) Na plataforma continental, os Esta-


dos possuem direitos de soberania no tocante à exploração e aproveitamento dos seus re-
cursos naturais, mas a falta de utilização e exploração desses direitos em qualquer de suas
formas autoriza outros Estados ao seu exercício, ainda que sem consentimento expresso.

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010. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2009) Segundo a Convenção de Montego Bay, Estados sem


litoral podem usufruir do direito de acesso ao mar pelo território dos Estados vizinhos que te-
nham litoral.

011. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) Agências especializadas das Na-


ções Unidas não podem arvorar bandeiras em suas embarcações.

012. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) Os rios internacionais, como, por


exemplo, o Danúbio, na Europa, podem ser considerados de domínio público internacional.

013. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) A Antártica é considerada domínio


público internacional cujo uso deve destinar-se a fins científicos e militares.

014. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2015/ADAPTADA) O direito de passagem inocente no


espaço aéreo ocorre da mesma forma que em relação ao mar territorial.

015. (ESAF/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO/ANAC/2016/ADAPTADA) Toda aeronave civil


pode possuir mais de uma única nacionalidade, determinada por seu registro ou sua matrícula.

016. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) É juridicamente possível o domínio


privado dos corpos celestes.

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QUESTÕES DE CONCURSO
017. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) Os espaços territoriais de domínio
público internacional não se sujeitam à soberania de nenhum país.

A expressão domínio público internacional designa os espaços cuja utilização é do interesse


de mais de um Estado ou de toda a sociedade internacional, ainda que sujeitos à soberania de
um Estado (REZEK, 2014, p. 351).
Errado.

018. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2011/ADAPTADA) Os Estados exercem soberania so-


bre suas águas interiores, ainda que estejam obrigados a assegurar o direito de passagem
inocente em favor dos navios mercantes, mas não dos navios de guerra.

Nas águas interiores, o Estado costeiro exerce soberania geral e exclusiva, de modo que não
há, em regra, direito de passagem inocente.
Errado.

019. (NC-UFPR/PROFISSIONAL DE NÍVEL UNIVERSITÁRIO/ITAIPU BINACIONAL/2019/


ADAPTADA) A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espaço aéreo sobrejacente,
bem como ao seu leito e subsolo.

A soberania do Estado costeiro alcança, por força da CNUDM, não apenas as águas marítimas,
mas também o espaço aéreo sobrejacente, o leito e o subsolo do mar territorial (art. 2º).
Certo.

020. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) Os navios de Estados sem litoral


têm direito a passagem inocente pelo mar territorial de um Estado costeiro, desde que median-
te prévia autorização deste.

A Convenção sobre Direito do Mar não prevê a necessidade de prévia autorização do Esta-
do costeiro para a passagem inocente de navios de outros Estados pelo seu mar territorial
(art. 17):

Salvo disposição em contrário da presente Convenção, os navios de qualquer Estado, costeiro ou


sem litoral, gozarão do direito de passagem inocente pelo mar territorial.

Errado.

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021. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TRF-3ª/2016/ADAPTADA) Quando os navios-cassino es-


trangeiros navegarem pelo mar territorial brasileiro, no exercício do direito de passagem ino-
cente, rápida e contínua, que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil,
não será exercida a jurisdição penal brasileira a bordo, mesmo na hipótese de ocorrência de
infração criminal com consequências para o Estado brasileiro.

Em regra, o Estado não pode exercer jurisdição penal sobre navio estrangeiro que passe pelo
seu mar territorial em relação a um crime praticado a bordo desse navio durante a sua passa-
gem. As exceções são (art. 27.1):
• crime com consequências para o Estado costeiro;
• crime que possa perturbar a paz do Estado ou a ordem no mar territorial;
• solicitação de assistência pelo capitão do navio ou pelo representante diplomático ou
funcionário consular do Estado da bandeira; e
• repressão do tráfico ilícito de estupefacientes ou de substâncias psicotrópicas.
Errado.

022. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) O limite exterior máximo da zona


contígua é de trinta milhas marítimas contadas das linhas de base que servem para medir a
largura do mar territorial.

A zona contígua é a área adjacente ao mar territorial, que tem extensão máxima de 12 milhas
marítimas. A Convenção do Direito do Mar prevê que a zona contígua não pode estender-se
além de 24 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a
largura do mar territorial (art. 33.2).
Errado.

023. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2009) Na zona econômica exclusiva (ZEE), os Estados es-


trangeiros não podem usufruir da liberdade de navegação nem nela instalar cabos e oleodutos
submarinos.

Outros Estados têm, na zona econômica exclusiva, liberdades impossíveis no mar territorial,
como a navegação (sem as limitações da passagem inocente), o sobrevoo, a colocação de ca-
bos e dutos submarinos, além de outros usos compatíveis com os direitos do Estado costeiro
(art. 58).
Errado.

024. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2015/ADAPTADA) A Convenção das Nações Unidas


sobre o Direito do Mar admite a possibilidade de expansão da plataforma continental brasileira
além dos limites atualmente fixados de duzentas milhas marítimas.
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Os limites exteriores da plataforma continental podem ser estendidos até o limite de 350 mi-
lhas marítimas (art. 76. 4 e 5, da Convenção de Montego Bay).
Certo.

025. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2011/ADAPTADA) Na plataforma continental, os Esta-


dos possuem direitos de soberania no tocante à exploração e aproveitamento dos seus re-
cursos naturais, mas a falta de utilização e exploração desses direitos em qualquer de suas
formas autoriza outros Estados ao seu exercício, ainda que sem consentimento expresso.

O Estado costeiro exerce na plataforma continental direitos de soberania para efeitos de explo-
ração e aproveitamento dos recursos naturais, que são exclusivos, pois se o Estado costeiro
não explora a plataforma continental ou não aproveita os recursos nela encontrados, ninguém
pode fazê-lo sem seu consentimento explícito (art. 77).
Errado.

026. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2009) Segundo a Convenção de Montego Bay, Estados sem


litoral podem usufruir do direito de acesso ao mar pelo território dos Estados vizinhos que te-
nham litoral.

Os Estados sem litoral têm direito de acesso ao alto-mar, gozando de liberdade de trânsito por
meio do território dos Estados de trânsito por todos os meios de transporte. Mas os termos e
condições para o exercício dessa liberdade de trânsito devem ser acordados entre os Estados
sem litoral e os Estados de trânsito interessados por meio de acordos bilaterais, sub-regionais
ou regionais (art. 125).
Certo.

027. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) Agências especializadas das Na-


ções Unidas não podem arvorar bandeiras em suas embarcações.

Navios que estejam a serviço das agências especializadas das Nações Unidas e da Agência
Internacional de Energia Atômica podem arvorar a bandeira da ONU (art. 93).
Errado.

028. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) Os rios internacionais, como, por


exemplo, o Danúbio, na Europa, podem ser considerados de domínio público internacional.

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A expressão domínio público internacional designa os espaços cuja utilização é do interesse


de mais de um Estado ou de toda a sociedade internacional, ainda que sujeitos à soberania de
um Estado (REZEK, 2014, p. 351). Assim, integram o domínio público internacional: o mar, o
espaço aéreo, as zonas polares, o espaço extra-atmosférico e os rios e os lagos internacionais.
Um exemplo de rio internacional é o Danúbio, que atravessa o continente europeu de oeste a
leste, e é regulado pelo Estatuto Permanente do Danúbio, de 1921.
Certo.

029. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) A Antártica é considerada domínio


público internacional cujo uso deve destinar-se a fins científicos e militares.

A Antártida é considerada domínio público internacional, mas, de acordo com o Tratado da


Antártida, essa região somente pode somente ser utilizada para fins pacíficos para sempre,
sendo vedada a adoção de medidas militares (art. 1º).
Errado.

030. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2015/ADAPTADA) O direito de passagem inocente no


espaço aéreo ocorre da mesma forma que em relação ao mar territorial.

O princípio fundamental do regime jurídico estabelecido pela Convenção de Chicago é que o


Estado exerce soberania completa e exclusiva sobre o espaço aéreo que cobre o seu território
e o seu mar territorial (art. 1º). Logo, não se reconhece, no espaço aéreo sujeito à soberania de
um Estado, um direito de passagem inocente.
Errado.

031. (ESAF/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO/ANAC/2016/ADAPTADA) Toda aeronave civil


pode possuir mais de uma única nacionalidade, determinada por seu registro ou sua matrícula.

De acordo com a Convenção de Chicago, toda aeronave deve ter uma (única) nacionalidade,
definida a partir de sua matrícula ou do registro em um Estado (art. 17), sendo vedado o duplo
registro (art. 18).
Errado.

032. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) É juridicamente possível o domínio


privado dos corpos celestes.

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O principal instrumento internacional sobre a matéria é o Tratado sobre Princípios Reguladores


das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico, Inclusive a Lua e Demais
Corpos Celestes, de 1967, que tem como um de seus princípios exatamente a insuscetibilidade
de apropriação dos corpos celestes.
Errado.

033. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2011/ADAPTADA) O espaço aéreo não é considerado


domínio público internacional.

A expressão domínio público internacional designa os espaços cuja utilização é do interesse


de mais de um Estado ou de toda a sociedade internacional, ainda que sujeitos à soberania de
um Estado (REZEK, 2014, p. 351). Assim, integram o domínio público internacional: o mar, o
espaço aéreo, as zonas polares, o espaço extra-atmosférico e os rios e os lagos que são objeto
da atenção de mais de um ente estatal.
Errado.

034. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2011/ADAPTADA) Conforme a Convenção das Nações


Unidas sobre o Direito do Mar, a soberania do Estado costeiro sobre o mar territorial estende-se
ao espaço aéreo sobrejacente a este, bem como ao leito e ao subsolo desse mar.

A soberania do Estado costeiro alcança, por força da CNUDM, não apenas as águas marítimas,
mas também o espaço aéreo sobrejacente, o leito e o subsolo do mar territorial (art. 2º).
Certo.

035. (CESPE/DELEGADO/PF/2018) A soberania de Estado costeiro sobre o seu mar territorial


abrange não apenas as águas, mas também o leito do mar, seu subsolo e o espaço aéreo cor-
respondente, devendo tal Estado, contudo, admitir o direito de passagem inocente de navios
mercantes ou de guerra de qualquer outro Estado.

A soberania do Estado costeiro alcança, por força da CNUDM, não apenas as águas marítimas,
mas também o espaço aéreo sobrejacente, o leito e o subsolo (art. 2º). Essa soberania, porém,
não é absoluta, pois pode ser limitada pelo direito de passagem inocente, oriundo de antigo
direito costumeiro internacional, que consiste na navegação pelo mar territorial sem prejudicar
a paz, a boa ordem ou a segurança do Estado costeiro (arts. 17 a 19).
Certo.

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036. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2015/ADAPTADA) É reconhecido aos navios de todas


as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro, que não compre-
ende a possibilidade de auxílio a pessoas em perigo.

Assim dispõe o art. 18.2, da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Convenção
de Montego Bay):

2. A passagem deverá ser contínua e rápida. No entanto, a passagem compreende o parar e o fun-
dear, mas apenas na medida em que os mesmos constituam incidentes comuns de navegação ou
sejam impostos por motivos de força maior ou por dificuldade grave ou tenham por fim prestar,
auxílio a pessoas, navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave.
Errado.

037. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2012) De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre


Direito do Mar, baixios a descoberto que se encontrem, parcialmente, a uma distância do con-
tinente que não exceda a largura do mar territorial podem ser utilizados como parâmetro para
medir a largura do mar territorial.

Quando um baixio a descoberto se encontre, total ou parcialmente, a uma distância do conti-


nente ou de uma ilha que não exceda a largura do mar territorial, a linha de baixa-mar desse
baixio pode ser utilizada como linha de base para medir a largura do mar territorial. Um baixio
a descoberto é uma extensão natural de terra rodeada de água, que, na baixa-mar, fica acima
do nível do mar, mas que submerge na preia-mar (art. 13.1).
Certo.

038. (PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA/PGR/2015/ADAPTADA) De acordo com a Con-


venção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, o Brasil não pode exercer jurisdição penal em
navio mercantil estrangeiro que realize passagem inocente pelo mar territorial, mesmo que
seja para fim de repressão do tráfico ilícito de estupefacientes.

O item contraria o art. 27 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar:

A jurisdição penal do Estado costeiro não será exercida a bordo de navio estrangeiro que passe pelo
mar territorial com o fim de deter qualquer pessoa ou de realizar qualquer investigação, com relação
à infração criminal cometida a bordo desse navio durante a sua passagem, salvo nos seguintes
casos: (...) d) se essas medidas forem necessárias para a repressão do tráfico ilícito de estupefa-
cientes ou de substâncias psicotrópicas.

Errado.

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039. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2011/ADAPTADA) O Estado costeiro tem o direito de


aplicar as suas leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração e sanitários na zona eco-
nômica exclusiva.

O direito de aplicar as leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração e sanitários refe-


re-se à zona contígua, e não à zona econômica exclusiva. Nesta, o Estado costeiro somente
exerce direitos de soberania para fins de exploração, aproveitamento, conservação e gestão
dos recursos naturais existentes na água, no leito e no subsolo, e para quanto mais signifi-
que aproveitamento econômico. O Estado costeiro também exerce jurisdição sobre a zona
em matéria de preservação do meio marinho, investigação científica e instalação de ilhas
artificiais (art. 56).
Errado.

040. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2011/ADAPTADA) Nos termos da Convenção das Na-


ções Unidas sobre o Direito do Mar, os Estados sem litoral devem ter direito reconhecido de
participar do aproveitamento do excedente dos recursos vivos das zonas econômicas exclusi-
vas dos Estados costeiros da mesma região, independentemente de acordos.

O art. 69 da CNUDM prevê que os Estados sem litoral têm o direito a participar, numa base
equitativa, no aproveitamento de uma parte apropriada dos excedentes dos recursos vivos das
zonas econômicas exclusivas dos Estados costeiros da mesma sub-região ou região, tendo
em conta os fatores econômicos e geográficos pertinentes de todos os Estados interessados.
Essa participação, no entanto, deverá observar os termos e condições estabelecidos pelos
Estados interessados por meio de acordos bilaterais, sub-regionais ou regionais.
Errado.

041. (NC-UFPR/PROFISSIONAL DE NÍVEL UNIVERSITÁRIO/ITAIPU BINACIONAL/2019/


ADAPTADA) Na zona econômica exclusiva, somente será permitida a navegação de navios
que possuam o consentimento de passagem do governo brasileiro.

Outros Estados têm, na zona econômica exclusiva, liberdades como a navegação (sem as
limitações da passagem inocente), o sobrevoo, a colocação de cabos e dutos submarinos,
além de outros usos compatíveis com os direitos do Estado costeiro (art. 58 da Convenção
de Montego Bay).
Errado.

042. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2015) Ao realizar um cruzeiro turístico, uma embarca-


ção de pavilhão do Estado A parou em área situada na zona econômica exclusiva do Estado

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B e lá permaneceu. Após dez dias, autoridades do Estado B apreenderam a embarcação sob


a alegação de que esta deveria ter informado que permaneceria parada naquela área, sendo a
ausência de informação motivo para suspeitar de seu engajamento em atividade ilícita. Nessa
situação hipotética, a atitude do Estado B violou
a) o direito de passagem em trânsito da embarcação.
b) a liberdade de navegação da embarcação.
c) a liberdade de exploração econômica da embarcação.
d) a liberdade do estatuto de bandeira da embarcação.
e) o direito de passagem inocente da embarcação.

Os Estados têm, na zona econômica exclusiva, liberdade de navegação, sem as limitações da


passagem inocente (art. 58).
Letra b.

043. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) O Estado costeiro em cujas águas


espécies catádromas passem a maior parte do seu ciclo vital deve ser responsável pela gestão
dessas espécies.

É o que dispõe o art. 67.1 da Convenção sobre o Direito do Mar:

1. O Estado costeiro em cujas águas espécies catádromas passem a maior parte do seu ciclo vital
deve ser responsável pela gestão dessas espécies e deve assegurar a entrada e a saída dos peixes
migratórios.
Espécies catádromas são aquelas que habitam ecossistemas de água doce durante a maior parte
de seu ciclo de vida e migram para áreas oceânicas em época de desova.
Certo.

044. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TRF-3ª/2016/ADAPTADA) Na zona econômica exclusiva


(ZEE) o Brasil tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científica marinha, a pro-
teção e preservação do meio marítimo, bem como a construção, a operação e o uso de todos
os tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas.

A assertiva está em conformidade com o art. 56.1 da Convenção de Montego Bay, que dispõe:

1. Na zona econômica exclusiva, o Estado costeiro tem:


a) direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recur-
sos naturais, vivos ou não vivos das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu sub-
solo, e no que se refere a outras atividades com vista à exploração e aproveitamento da zona para
fins econômicos, como a produção de energia a partir da água, das correntes e dos ventos;
c) jurisdição, de conformidade com as disposições pertinentes da presente Convenção, no que se
refere a:

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i) colocação e utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas;


ii) investigação cientifica marinha;
iii) proteção e preservação do meio marinho;
Certo.

045. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2013/ADAPTADA) O Estado costeiro deve pedir autori-


zação à Autoridade Internacional para os Fundos Marinhos para realizar perfurações, além de
duzentas milhas marítimas, em sua plataforma continental.

A competência para autorizar perfurações na plataforma continental é do próprio Estado cos-


teiro (art. 81 da Convenção de Montego Bay).
Errado.

046. (CESPE/DELEGADO/PF/2013) Após o reconhecimento de pleito formulado perante a


Comissão de Delimitação de Plataformas Continentais da Organização das Nações Unidas, o
Brasil passou a exercer, na plataforma continental que excede as 200 milhas náuticas, até o
limite de 350 milhas náuticas, competências equivalentes às exercidas no mar territorial.

A plataforma continental pode ir até o bordo exterior da margem continental ou até uma dis-
tância de 200 milhas marítimas da linha de base a partir da qual se mede a largura do mar
territorial, nos casos em que a borda exterior da margem continental não atinja essa distân-
cia (art. 76). No entanto, a Convenção estabelece que, no caso de se utilizar o bordo exterior
como limite, a extensão da plataforma não poderá ultrapassar 350 milhas marítimas da linha
de base. O erro, porém, está no final do item: na plataforma continental, o Estado costeiro não
exerce soberania como no mar territorial, mas a soberania restringe-se à exploração e ao apro-
veitamento dos recursos naturais.
Errado.

047. (NC-UFPR/PROFISSIONAL DE NÍVEL UNIVERSITÁRIO/ITAIPU BINACIONAL/2019/


ADAPTADA) O Brasil depende de anuência das nações limítrofes para efeitos de exploração
dos recursos naturais localizados na plataforma continental.

O Estado costeiro exerce na plataforma continental direitos exclusivos de soberania para efei-
tos de exploração e aproveitamento dos recursos naturais.
Errado.

048. (NC-UFPR/PROFISSIONAL DE NÍVEL UNIVERSITÁRIO/ITAIPU BINACIONAL/2019/


ADAPTADA) É reconhecido a todos os Estados o direito de colocar cabos e dutos na platafor-
ma continental, independentemente de consentimento do governo brasileiro.

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O art. 79.1 da CNUDM estabelece que todos os Estados têm o direito de colocar cabos e dutos
submarinos na plataforma continental. No entanto, o art. 14, § 1º, da Lei n. 8.617/1993, prevê
que “[o] traçado da linha para a colocação de tais cabos e dutos na plataforma continental de-
penderá do consentimento do Governo brasileiro”.
Errado.

049. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TRF-3ª/2016/ADAPTADA) O Brasil exerce na plataforma


continental direitos de soberania para efeitos de exploração dos recursos naturais, no leito
e no subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a
extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem
continental, ou até uma distância de 200 (duzentas) milhas marítimas das linhas de base.

Segundo a Convenção, a plataforma continental compreende o leito e o subsolo das áreas


submarinas que se estendem além do mar territorial do Estado, em toda a extensão do pro-
longamento natural de seu território terrestre (art. 76). A plataforma continental pode ir até o
bordo exterior da margem continental ou até uma distância de 200 milhas marítimas da linha
de base a partir da qual se mede a largura do mar territorial, nos casos em que a borda exterior
da margem continental não atinja essa distância (art. 76). O Estado costeiro exerce na platafor-
ma continental direitos de soberania para efeitos de exploração e aproveitamento dos recursos
naturais (art. 77). O item também está de acordo com a Lei n. 8.617/1993, arts. 11 e 12:

Art. 11. A plataforma continental do Brasil compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas
que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu
território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de duzentas mi-
lhas marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos
em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância.
Art. 12. O Brasil exerce direitos de soberania sobre a plataforma continental, para efeitos de explo-
ração dos recursos naturais.

Certo.

050. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2013/ADAPTADA) Para efeito de delimitação do espa-


ço aéreo, considera-se território do Estado sua zona contígua.

O princípio fundamental do regime jurídico estabelecido pela Convenção de Chicago é que o


Estado exerce soberania completa e exclusiva sobre o espaço aéreo que cobre o seu território
(art. 1º), entendido este como a extensão terrestre e o mar territorial (art. 2º), não incluída a
zona contígua. Confira a redação do art. 2º da Convenção de Chicago:

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Para os fins da presente Convenção, considera-se como território de um Estado, a extensão terres-
tre e as águas territoriais adjacentes, sob a soberania, jurisdição, proteção ou mandato do citado
Estado.
Errado.

051. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2013/ADAPTADA) A Convenção sobre a Aviação Civil


Internacional aplica-se a aeronaves civis e, excepcionalmente, a aeronaves de propriedade do
governo usadas para fins alfandegários.

A Convenção sobre a Aviação Civil Internacional aplica-se unicamente a aeronaves civis, e não
a aeronaves de propriedades do Governo, assim consideradas aquelas usadas para serviços
militares, alfandegários ou policiais (art. 3º, “a” e “b”).
Errado.

052. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2013/ADAPTADA) No caso de a aeronave de um Es-


tado sofrer acidente em território de outro Estado, ocasionando a morte de passageiros, ao
Estado de registro será oferecido designar observadores para assistirem às investigações.

A Convenção estabelece que, no caso em que uma aeronave de um Estado Parte sofrer aciden-
te, acarretando morte ou ferimentos graves, ou indicando sérios defeitos técnicos na aeronave
ou nas facilidades de navegação aérea, os Estados onde tiver ocorrido o acidente procederão
a um inquérito sobre as circunstâncias que provocaram o acidente, de conformidade, dentro
do permissível por suas próprias leis com o procedimento que possa ser recomendado nas
circunstâncias pela Organização Internacional de Aviação Civil (art. 26, 1ª parte). O Estado de
registro da aeronave a deve ter a oportunidade de designar observadores para assistirem as
investigações, e o Estado onde se esteja processando o inquérito transmitirá ao outro Estado
as informações e conclusões apuradas (art. 26, 2ª parte).
Certo.

053. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2015/ADAPTADA) De acordo com decisão da CIJ, o so-


brevoo não autorizado do território de um Estado (X) por aeronave pertencente a outro Estado
não configura desrespeito à soberania territorial de X.

No célebre caso das Atividades Militares e Paramilitares na Nicarágua, de 1986, a CIJ afirmou
que “o princípio de respeito pela soberania territorial também é infringido diretamente pelo so-
brevoo não autorizado do território de um Estado por uma aeronave pertencente ao governo de
outro Estado ou sob o seu controle”.
Errado.

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054. (ESAF/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO/ANAC/2016/ADAPTADA) O domínio da sobe-


rania estatal se estende sobre o espaço aéreo acima dos limites do território e acima do mar
territorial, ressalvada a disciplina do espaço exterior.

O Estado exerce soberania completa e exclusiva sobre o espaço aéreo que cobre o seu ter-
ritório (art. 1º da Convenção de Chicago), entendido este como a extensão terrestre e o mar
territorial (art. 2º).
Certo.

055. (ESAF/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO/ANAC/2016/ADAPTADA) São consideradas


aeronaves de propriedade do governo aquelas usadas para serviços militares, alfandegários
ou policiais.

Estão excluídas do escopo da Convenção de Chicago sobre a Aviação Civil Internacional, de


1944, as aeronaves de propriedade do Governo, assim entendidas aquelas usadas para servi-
ços militares, alfandegários ou policiais (art. 3º, “b”).
Certo.

056. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2013/ADAPTADA) Admite-se o registro duplo para ae-


ronaves comerciais que façam rotas internacionais periódicas entre dois Estados.

De acordo com a Convenção de Chicago, toda aeronave deve ter uma (única) nacionalidade,
definida a partir de sua matrícula ou do registro em um Estado (art. 17), sendo vedado o duplo
registro (art. 18).
Errado.

057. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-5ª/2013/ADAPTADA) As aeronaves terão a mesma nacio-


nalidade da pessoa física ou jurídica que as tiver registrado.

A nacionalidade da aeronave é definida a partir de sua matrícula ou do registro em um Es-


tado (art. 17).
Errado.

058. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2015/ADAPTADA) Em caso de sequestro de aeronave,


é autorizado ao comandante exigir a ajuda de qualquer passageiro, a fim de tomar medidas
coercitivas contra o indivíduo que cometer esse ilícito.

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A Convenção de Tóquio sobre Infrações e Outros Atos Cometidos a Bordo de Aeronaves, de


1963, prevê que o comandante da aeronave, se tiver motivos justificados para crer que uma
pessoa cometeu ou está na iminência de cometer a bordo uma infração, poderá exigir ou au-
torizar a ajuda dos demais membros da tribulação e solicitar ou autorizar, porém não exigir, a
ajuda dos passageiros com o fim de adotar medidas coercitivas contra qualquer pessoa em
relação a qual tiver esse direito (art. 6.2).
Errado.

059. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2011/ADAPTADA) Se um satélite alemão adentrar a at-


mosfera e atingir avião da companhia Air France, haverá responsabilização internacional.

A Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espa-
ciais, de 1972, prevê que o Estado lançador será responsável absoluto pelo pagamento de inde-
nização por danos causados por seus objetos espaciais na superfície da Terra ou a aeronaves
em voo (art. 2º).
Certo.

060. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2011/ADAPTADA) Há identidade entre as normas in-


ternacionais sobre o espaço aéreo e o extra-atmosférico.

As normas internacionais sobre o espaço aéreo e o espaço extra-atmosférico são diversas.


Errado.

061. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2011/ADAPTADA) É permitida a colocação em órbita


de objeto portador de armas nucleares, desde que autorizada pela ONU.

O Tratado sobre Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do
Espaço Cósmico, Inclusive a Lua e Demais Corpos Celestes, de 1967, adota como princípio o
uso dos corpos celestes exclusivamente para fins pacíficos. Por esse motivo, o seu art. 4º,
1ª parte, proíbe expressamente a colocação em órbita qualquer objeto portador de armas
nucleares ou de qualquer outro tipo de armas de destruição em massa, a instalação de tais
armas sobre os corpos celestes e a colocação de tais armas, de alguma maneira, no espa-
ço cósmico.
Errado.

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062. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2011/ADAPTADA) Permite-se a instalação de base lu-


nar militar para a proteção do planeta Terra.

O Tratado sobre Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do
Espaço Cósmico, Inclusive a Lua e Demais Corpos Celestes, de 1967, adota como princípio o
uso dos corpos celestes exclusivamente para fins pacíficos. Por esse motivo, o seu art. 4º, 2ª
parte, proíbe expressamente o estabelecimento de bases, instalações ou fortificações milita-
res, os ensaios de armas de qualquer tipo e a execução de manobras militares na Lua e nos
demais corpos celestes.
Errado.

063. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-2ª/2011/ADAPTADA) Se um satélite americano cair sobre


uma casa brasileira, haverá causa excludente de ilicitude, o que impede a indenização.

A Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espa-
ciais, de 1972, prevê que o Estado lançador será responsável absoluto pelo pagamento de inde-
nização por danos causados por seus objetos espaciais na superfície da Terra ou a aeronaves
em voo (art. 2º).
Errado.

064. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2015/ADAPTADA) Os Estados que desenvolvam ativi-


dade no espaço cósmico têm o dever de informar o secretário-geral da ONU sobre a natureza
dessas atividades.

Possivelmente a banca considerou o item incorreto porque o tratado prevê, em seu art. 11, que
os Estados Partes que desenvolverem atividades no espaço cósmico, devem, “na medida em
que isto seja possível e realizável”, informar ao Secretário-Geral da Organização das Nações
Unidas, assim como ao público e à comunidade científica internacional, sobre a natureza da
conduta dessas atividades, o lugar onde serão exercidas e seus resultados. O tratado não co-
loca a informação como um verdadeiro dever, mas como uma obrigação de “soft law”.
Errado.

065. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2015/ADAPTADA) A exploração e o uso do espaço


cósmico, inclusive da Lua e dos demais corpos celestes, se fundamenta nos princípios da co-
operação, da assistência mútua e da efetividade.

O art. 9º, 1ª parte, do Tratado sobre Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na
Exploração e Uso do Espaço Cósmico, Inclusive a Lua e Demais Corpos Celestes, de 1967, não
inclui a efetividade entre seus princípios. Confira:

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No que concerne à exploração e ao uso do espaço cósmico, inclusive da Lua e demais corpos ce-
lestes, os Estados-Partes do Tratado deverão fundamentar-se sobre os princípios da cooperação e
de assistência mútua e exercerão as suas atividades no espaço cósmico, inclusive na Lua e demais
corpos celestes, levando devidamente em conta os interesses correspondentes dos demais Esta-
dos-Partes do Tratado.
Errado.

066. (CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF-1ª/2015/ADAPTADA) A Convenção sobre Responsabilida-


de Internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais dispensa o esgotamento prévio de
recursos internos em caso de pedido de indenização ao Estado lançador.

A Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espa-
ciais, de 1972, prevê que não há necessidade de prévio esgotamento dos recursos internos
para que se possa apresentar um pedido de indenização ao Estado lançador por dano com
amparo nesse instrumento internacional (art. 11.1)
Certo.

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GABARITO
1. E 23. E 45. E
2. E 24. C 46. E
3. C 25. E 47. E
4. E 26. C 48. E
5. E 27. E 49. C
6. E 28. C 50. E
7. E 29. E 51. E
8. C 30. E 52. C
9. E 31. E 53. E
10. C 32. E 54. C
11. E 33. E 55. C
12. C 34. C 56. E
13. E 35. C 57. E
14. E 36. E 58. E
15. E 37. C 59. C
16. E 38. E 60. E
17. E 39. E 61. E
18. E 40. E 62. E
19. C 41. E 63. E
20. E 42. b 64. E
21. E 43. C 65. E
22. E 44. C 66. C

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REFERÊNCIAS
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado: incluindo no-
ções de direitos humanos e direito comunitário. 6ª. ed. ver. ampl. e atual. Salvador: Juspodi-
vm, 2014.

REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. 15ª. ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2014.

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 8ª. ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

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