ECA - Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
Márcio Pinho
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
Márcio Pinho
Para quem não me conhece, sou defensor público do Distrito Federal, lotado no Núcleo de
Execução de Medidas Socioeducativas, desde 2010. Antes de tomar posse como defensor pú-
blico, em 2003, exerci os cargos de oficial de justiça do TJDFT e de procurador federal da AGU.
Desde a faculdade, eu já sabia que queria ser servidor público. Assim, antes da minha for-
matura, em julho de 1999, prestei concurso para oficial de justiça do TJDFT, em abril de 1999
e, graças a Deus, consegui minha aprovação, tendo sido nomeado em outubro do mesmo ano.
Sempre procurei basear meus estudos na objetividade e nos exercícios. Procurava estu-
dar com o edital sempre ao meu lado, e marcando os itens estudados, para não perder tempo
com matérias desnecessárias. Na minha opinião, o candidato somente fixa o conhecimento
por meio dos exercícios. É necessário resolver as questões e depois ver de onde o examinador
tirou a questão, pois, tenha certeza, não são inventadas pelo examinador. Ou foram tiradas
da letra da lei, ou da jurisprudência, ou da doutrina. Então, eu resolvia a questão e depois
procurava achar no meu material de onde tinha sido tirada. E sempre achava! Após isso, eu
não esquecia mais aquele assunto. E acertava nas provas, pois, como você vai perceber, as
questões sempre se repetem.
Outra coisa, os temas vão evoluindo ao longo dos anos. Por exemplo, um tema muito
cobrado em provas de 2006, provavelmente já estará “manjado” dez anos depois, havendo
outros temas relevantes que estarão sendo cobrados. O concursando deve estar por dentro
dos assuntos, e da forma de abordagem desses assuntos, nas provas atuais.
Quando eu era oficial de justiça, tinha a pretensão de fazer outros concursos públicos. Eu
não focava em uma carreira específica, mas tinha uma certa “queda” pela Defensoria Pública,
por já haver estagiado no órgão e gostado do que havia visto.
Assim, continuando nos estudos, prestei o concurso público para procurador federal, em
2002, tendo sido aprovado e posteriormente nomeado para atuar na Agência Nacional de Trans-
portes Aquaviários – ANTAQ, atuando após na Fundação Universidade de Brasília – FUB.
No mesmo ano, 2002, prestei concurso para defensor público do Distrito Federal, tendo
sido aprovado e nomeado em 2003.
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É óbvio que fui e, certamente, as aprovações são fruto da superação de frustrações, muito
trabalho e dedicação, que, por vezes, parecem insuportáveis e sem sentido. Mas saiba que,
como eu sempre digo para meus alunos e conhecidos, estudar para concurso é difícil, mas
certamente é o caminho mais fácil, pois o concursando, alcançando a aprovação, terá o míni-
mo para uma vida estável, o que, por vezes, é muito difícil alcançar na iniciativa privada, pois
sempre haverá o risco da demissão.
Feitas as apresentações iniciais, vamos ao curso!
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
Márcio Pinho
O ECA define ato infracional como a conduta tipificada como crime ou contravenção penal
(art. 103). Em seguida, afirma ser penalmente inimputável quem tem menos de 18 (dezoito)
anos, o qual será submetido às medidas previstas no ECA (art. 104). Afirma que deve ser con-
siderada a idade na data do fato (art. 104, § único). Afirma que às crianças autoras de atos
infracionais cabe apenas aplicação das medidas protetivas do art. 101 (art. 105).
Observe que os atos infracionais nada mais são que crimes ou contravenções penais.
Assim, todos os fatos típicos previstos no código penal, lei de contravenções penais e legis-
lações penais extravagantes também são atos infracionais, quando forem cometidos por in-
divíduos com menos de 18 (dezoito) anos de idade. Esses indivíduos, apesar de não estarem
submetidos às regras do Código Penal, são responsabilizados por suas atitudes com base no
ECA. Antes dos 12 (doze) anos,, não poderão receber medidas socioeducativas, mas apenas
medidas protetivas, as quais não têm caráter sancionatório. Entre 12 (doze) e 18 (dezoito)
anos podem receber medidas socioeducativas que possuem caráter sancionatório e finalida-
de pedagógica. Assim, você deve perceber que a responsabilização penal no Brasil é iniciada
aos 12 (doze anos).
Importante ressaltar que o art. 2º do ECA tem a seguinte redação:
Art. 2º considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incomple-
tos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”. E complementa em seu § 1º: “nos
casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte
e um anos de idade.
A redação do artigo pode gerar certa confusão no estudante, pois não fala em onze anos,
mas em doze anos incompletos. Na prática, quem tem até onze anos é criança. Uma criança
vira adolescente a zero hora do dia em que completa doze anos.
Da mesma forma, o artigo fala que adolescente é quem tem entre doze e dezoito anos. Na
prática, quem tem de doze a dezessete anos é adolescente. O adolescente vira adulto a zero
hora do dia em que completa dezoito anos.
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Assim, se você ler em alguma prova a afirmação de que criança é quem tem até doze anos
incompletos, a assertiva estará correta. E se você vir questão falando que adolescente é quem
tem entre doze e dezessete anos, a assertiva também estará correta.
A idade a ser considerada para aplicação e execução da medida socioeducativa é a da
data do fato. O ECA adotou o critério biológico para a inimputabilidade penal. Ou seja, o sim-
ples fato de o indivíduo ter menos de 18 (dezoito) anos já é o suficiente para determinar a
inimputabilidade. Não é necessário prova à “inteira incapacidade de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”.
Observe que, conforme art. 2º, § único, do Estatuto, indivíduos maiores de dezoito anos
podem ser submetidos aos preceitos do ECA, mas apenas até o máximo de vinte e um anos.
O art. 121, § 5º, diz que a liberação da medida de internação será compulsória aos vinte e um
anos de idade. Em relação à medida de semiliberdade, o art. 120, § 2º, diz que “A medida não
comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à inter-
nação”. Ou seja, por força do texto legal, as medidas privativas de liberdade (semiliberdade e
internação) são extintas aos 21 anos de idade.
Em relação às medidas socioeducativas em meio aberto (advertência, obrigação de repa-
rar o dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida), a legislação foi omissa
em definir a idade de extinção. Houve discussão jurisprudencial e alguns julgados entendiam
que deveriam ser extintas aos dezoito anos, pois a interpretação deve ser sempre mais favo-
rável ao socioeducando. Se a lei foi omissa, não se poderia criar uma condição não expressa
na lei. Entretanto, o STJ não aceitou esse entendimento e definiu que qualquer medida socio-
educativa, seja em meio aberto, seja privativa de liberdade, somente será extinta compulso-
riamente quando o socioeducando completar vinte e um anos. Para definir a questão, editou
a Súmula n. 605, a qual versa:
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Entenda bem a Súmula n. 605 do STJ, pois tem grande probabilidade de ser cobrada em provas.
A partir do art. 106, o Estatuto passa a abordar os direitos individuais dos adolescentes
envolvidos em atos infracionais. Aqui, é importante você sempre ter em mente que as medi-
das socioeducativas têm caráter sancionatório e são impostas para responsabilizar o adoles-
cente pelo cometimento de ato tipificado como crime ou contravenção penal.
Nos processos de apuração de ato infracional, devem ser garantidos todos os direitos dos
acusados em processos criminais, pois a maior modificação da Doutrina da Proteção Integral,
inaugurada pela Constituição Federal de 1988, foi passar a tratar crianças e adolescentes
como sujeitos de direito. Ou seja, crianças e adolescentes passaram a ter os mesmos direitos
fundamentais de qualquer indivíduo, independentemente da idade.
Assim, NENHUM adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato in-
fracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, além de
que o adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo
ser informado acerca de seus direitos.
A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão inconti-
nenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa
por ele indicada e será examinada, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade
de liberação imediata.
A internação antes da sentença, conhecida como internação provisória, pode ser determi-
nada pelo prazo máximo de 45 (quarenta e cinco dias). Nesse sentido, cabe citar julgados do
STJ afirmando que:
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A internação provisória prevista no art. 108 do ECA não pode exceder o prazo máximo e
improrrogável de 45 dias, não havendo que se falar na incidência da Súmula 52 do STJ,
segundo a qual “encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constran-
gimento ilegal por excesso de prazo. (HC 306667/SP, julgado em 24/2/15; HC 192563/
ES, julgado em 7/4/2011).
Não se pode manter adolescente em internação provisória por mais de 45 dias, mesmo
que tenha sido encerrada a instrução processual. Muitas provas cobram isso, então procure
fixar bem esse prazo.
A decisão impositiva de internação provisória deverá ser fundamentada e basear-se em in-
dícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
O adolescente civilmente identificado não será submetido à identificação compulsória
pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo
dúvida fundada.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Disposições Gerais
O art. 112 traz os tipos de medidas socioeducativas. São estabelecidos 6 (seis) tipos ta-
xativos: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liber-
dade assistida, semiliberdade e internação. Além disso, o inciso VII prevê que também cabe
aplicar aos adolescentes as medidas protetivas previstas no art. 101, incisos I a VI do ECA.
DICA
Você pode decorar as medidas socioeducativas com o se-
guinte mnemônico:
PAISOL
P – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
A – ADVERTÊNCIA
I – INTERNAÇÃO
S – SEMILIBERDADE
O – OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
L – LIBERDADE ASSISTIDA
Lembre-se de que o sol é o astro rei, é o pai do sistema solar.
Isso facilitará a fixação da dica.
As medidas protetivas dos incisos VII, VIII e IX do art. 101, conforme letra da lei, não po-
dem ser aplicadas aos adolescentes nos processos de apuração de ato infracional, sendo
necessário procedimento próprio para análise de acolhimento institucional, acolhimento fa-
miliar e colocação em família substituta.
As medidas socioeducativas têm caráter impositivo e sancionatório, com finalidade pe-
dagógica. São espécies de sanção penal, abrandadas em razão do princípio da condição pe-
culiar de pessoas em desenvolvimento. Nesse sentido, existem as definições de direito penal
juvenil ou direito penal de adolescentes como limites à intervenção punitiva do Estado, da
mesma forma que ocorre com o direito penal.
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DICA
A Súmula n. 338 do STJ, segundo a qual “a prescrição penal
é aplicável nas medidas socioeducativas”, é interpretada pela
doutrina como sendo elemento que reforça a interpretação dos
Tribunais reconhecendo o caráter penal aflitivo das medidas
socioeducativas. Essa súmula é muito cobrada em provas.
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Da Advertência
A advertência é uma admoestação verbal do juiz para o adolescente. Deverá ser reduzida
a termo e assinada. Ou seja, não é meramente verbal, pois deve ter a formalidade de ser re-
duzida a termo e assinada. É aplicada nos próprios autos de apuração de ato infracional, não
sendo necessária formação de autos de execução.
DICA
Querido aluno, existem poucas questões de prova cobrando a
medida socioeducativa de advertência, mas quando cobram
geralmente abordam a questão da formalidade de ser redu-
zida a termo ou abordam a desnecessidade de haver provas
suficientes de autoria, para a aplicação da advertência (art.
114, § único do ECA).
Tenha em mente que a obrigação de reparar o dano pode se constituir em três modali-
dades, que são restituição da coisa, ressarcimento do dano ou compensação do prejuízo da
vítima. Para ser aplicada a lei, exige que o ato infracional tenha reflexos patrimoniais. Tam-
bém não enseja a formação de autos de execução, sendo cumprida no próprio processo de
apuração de ato infracional.
DICA
Também há poucas questões cobrando a medida de repara-
ção de dano. O mais provável de ser cobrado em prova é que
a medida pode ser cumprida de três formas diferentes e que o
ato infracional deve ter reflexos patrimoniais para possibilitar
a aplicação de obrigação de reparar o dano.
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É a realização de tarefas gratuitas, por período não excedente a 6 (seis) meses, com a
jornada máxima de 8 (oito) horas semanais. Deve ser cumprida em entidades assistenciais,
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comuni-
tários ou governamentais. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente e
não podem prejudicar a frequência à escola ou a jornada normal de trabalho.
Observe que as medidas de prestação de serviços à comunidade possuem prazo certo a
ser definido na sentença, ao contrário das medidas de liberdade assistida, semiliberdade e
internação, as quais não possuem prazo determinado.
Jurisprudência isolada do STJ (HC 298942/SP, julgado em 11/11/2014) admite prorroga-
ção da medida de PSC quando “constatado o cumprimento injustificado” (a paciente cumpriu
15 dias dos 24 determinados judicialmente).
É muito importante você ter em mente que a medida de prestação de serviços à comunidade
tem prazo certo, ao contrário das medidas de liberdade assistida, semiliberdade e internação,
as quais não têm prazo certo, mas têm prazo máximo de três anos.
Da Liberdade Assistida
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A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser
prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o
defensor.
Você deve ler esse artigo com cautela, pois o período máximo da medida socioeducativa
de liberdade assistida é de 3 (três) anos, ou seja, não poderá ser prorrogada por mais de 3
(três) anos.
A liberdade assistida não pode ser substituída livremente a qualquer tempo. Quando apli-
cada por sentença de mérito (caso de não concessão de remissão, que é aplicada por sentença
homologatória e não de mérito), pode ser substituída por internação-sanção pelo período máxi-
mo de 3 (três) meses. Isso pode ocorrer em caso de descumprimento reiterado e injustificado da
medida imposta (art. 122, III). Para aplicação de internação-sanção, a lei exige a oitiva do jovem
e o devido processo legal, com ampla defesa e contraditório, (art. 122, § 1º do ECA), sendo obri-
gatória a oitiva do adolescente antes de sua aplicação, conforme Súmula n. 265 do STJ.
Importante você saber que existem julgados do STJ entendendo ser aplicado o prazo má-
ximo de 3 (três) anos também para as medidas de liberdade assistida, apesar de não haver
previsão legal expressa, conforme HC 305.616/SP, julgado em 16/4/2015 e HC 235.511/MG,
julgado em 21/2/2013.
Tenha em mente que a liberdade assistida é a única medida socioeducativa com previsão de
prazo mínimo de seis meses.
O prazo máximo de três anos para medida de liberdade assistida não está previsto na lei, mas
é decorrente da interpretação jurisprudencial.
Do Regime de Semiliberdade
A medida de semiliberdade pode ser uma medida inicial aplicada na sentença ou uma me-
dida de transição entre a internação e outra mais branda. Caracteriza-se pela possibilidade de
atividades externas, independentemente de autorização judicial. Ou seja, o próprio diretor da
unidade de semiliberdade pode e deve autorizar atividades externas.
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Da Internação
DICA
Memorize que o art. 112, inc. VI, do ECA, fala de internação em
estabelecimento educacional. Isso é cobrado em prova e pode
gerar dúvida no concursando, duvidando que a lei use o termo
“estabelecimento educacional”. Se esse termo for usado em
prova, a afirmação estará certa.
1
Konzen, Afonso Armando. A Discriminação Positiva do Adolescente Autor de Ato Infracional. Juizado da Infância e da
Juventude. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Conselho de Supervisão dos Juizados da Infância e Juven-
tude (CONSIJ). Porto Alegre, Ano VIII, n. 22, out. 2014, p. 48.
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O princípio da brevidade é a ideia de que a medida socioeducativa deve ser cumprida pelo
período mais breve possível para alcançar sua finalidade. A excepcionalidade ocorre porque a
medida de internação deve ser excepcional, sendo aplicada somente quando ficar constatado
não haver possibilidade de aplicação de outra medida. Ou seja, deve ser a última alternativa
de responsabilização. A condição peculiar de pessoa em desenvolvimento ocorre porque os
adolescentes são protegidos pela lei, pois ainda não têm o desenvolvimento completo, seja o
desenvolvimento psicológico, seja o desenvolvimento físico.
Nas medidas de internação, são permitidas as atividades externas, a não ser que haja
expressa determinação judicial vedando essa possibilidade. Essa determinação judicial pode
ser revista a qualquer tempo, conforme previsão do § 7º, do art. 121, ECA. Não possui prazo
determinado e deve ser reavaliada periodicamente, no máximo, a cada 6 (seis) meses.
Na sentença que aplica internação, o juiz não vai dizer que o adolescente cumprirá a me-
dida por 1 ano ou 2 anos, por exemplo. Ele simplesmente dirá que aplica a internação. Entre-
tanto, conforme disposição legal (art. 121, § 3º), em nenhuma hipótese o período de interna-
ção poderá exceder 3 (três) anos.
A lei diz que são permitidas atividades externas na internação, apenas não sendo autorizadas
se houver vedação judicial expressa.
Tenha em mente que, após o cumprimento de três anos de internação, a medida pode
ser substituída por semiliberdade ou liberdade assistida, não sendo obrigatória a extinção do
processo de execução de medida socioeducativa.
A liberação será compulsória aos 21 (vinte e um) anos de idade. A liberação compulsória
aos 21 (anos) é uma exceção à regra do § 6º, do art. 121 do ECA ao prever que, em qualquer
hipótese, a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
Isso porque a Resolução n. 165 do CNJ determina, em seu art. 19, que a liberação quando
completos os 21 anos independe de autorização judicial, nos termos do § 5º do art. 121, do
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ECA. Em questões objetivas, você deve ler com muita atenção o enunciado, pois, se estiver
escrito que segundo o ECA, em qualquer hipótese, a desinternação será precedida de autori-
zação judicial, o item deve ser marcado como certo.
Em seguida, em seu art. 122, incisos I, II e III, o Estatuto prevê as possibilidades de apli-
cação de medida de internação. São elas: cometimento de ato infracional com grave ameaça
ou violência a pessoa; reiteração no cometimento de outras infrações graves, e, por fim, o
descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta. Nesse último
caso, de descumprimento de medida anteriormente imposta, a internação não poderá exce-
der o período de 3 (três) meses. A doutrina denomina esse tipo de internação como interna-
ção-sanção, pois é uma punição pelo desrespeito das determinações judiciais das medidas
menos brandas impostas por sentença em processo de conhecimento. A internação-sanção
somente poderá ser decretada após o devido processo legal.
Segundo jurisprudência do STF (HC 94.447) e do STJ (HC 355.760, HC 359.609, HC 354216),
não é necessário o cometimento de três atos infracionais para ficar configurada a reiteração
no cometimento de outras infrações graves prevista no art. 122, inc. II, do ECA.
DICA
A internação-sanção, prevista no art. 122, inciso III do ECA,
tem o prazo máximo de três meses.
Não é necessário haver dois atos infracionais anteriores para
ficar configurada a reiteração em outras infrações graves.
Ou seja, antes da aplicação da internação sanção, deve haver designação de audiência para
oportunizar autodefesa do socioeducando, sob pena da decretação da internação-sanção ser
considerada inválida. Isso é muito cobrado em prova.
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O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à
imposição de medida socioeducativa de internação ao adolescente.
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O art. 124 prevê, de forma exemplificativa, os direitos dos adolescentes privados de li-
berdade. São eles entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
peticionar diretamente a qualquer autoridade; avistar-se reservadamente com seu defensor;
ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada; ser tratado com respeito e
dignidade; permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio
de seus pais ou responsável; receber visitas, ao menos, semanalmente; corresponder-se com
seus familiares e amigos; ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal; ha-
bitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade; receber escolarização e
profissionalização; realizar atividades culturais, esportivas e de lazer; ter acesso aos meios de
comunicação social; receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim
o deseje; manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los,
recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade; receber,
quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
Em nenhum caso haverá incomunicabilidade e as visitas somente poderão ser suspensas,
de forma temporária e excepcional, se existir motivos sério e fundado da prejudicialidade das
visitas para o próprio adolescente. Em nenhuma hipótese, a suspensão das visitas pode ser
forma de punição.
Tenha em mente que não existe no sistema socioeducativo a suspensão de visitas como for-
ma de punição. A suspensão somente pode ocorrer se for para resguardar direitos do próprio
socioeducando.
A incomunicabilidade é vedada em qualquer situação.
Somente pode haver isolamento se for imprescindível para garantia da segurança de outros
internos ou do próprio adolescente a quem seja imposta a sanção, sendo necessária ainda
comunicação ao defensor, ao Ministério Público e à autoridade judiciária em até 24 (vinte e
quatro) horas (art.48, § 2º, da Lei do Sinase).
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
Márcio Pinho
Da Remissão
Segundo o ECA, antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracio-
nal, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclu-
são do processo. Após iniciado o procedimento, a concessão da remissão pelo juiz resultará
na suspensão ou extinção do processo.
Observe que a lei criou 3 (três) modalidades de remissão: remissão como forma de exclu-
são, remissão como forma de suspensão e remissão como forma de extinção do processo.
A diferença é que a remissão como forma de exclusão é oferecida pelo Ministério Público
antes do oferecimento da representação, que é a peça inicial do processo de apuração de
ato infracional, semelhante à denúncia do processo criminal. Já as remissões como forma
de suspensão ou extinção são concedidas pelo juiz após o oferecimento da representação,
quando o processo de apuração de ato infracional já foi iniciado.
A suspensão difere da extinção porque, no caso de descumprimento de medida socio-
educativa eventualmente imposta, o processo de apuração pode ser retomado. No caso de
extinção, em caso de descumprimento, o processo não pode ser retomado, não havendo
possibilidade de reabrir a instrução processual para eventual prolação de sentença impon-
do medida socioeducativa.
Para que ocorra a remissão, não é necessário haver provas de autoria e materialidade do
ato infracional, bastando apenas haver indícios (art. 114 do ECA).
A doutrina também usa a definição de remissão própria, ou seja, pura e simples, sem a
inclusão de medida socioeducativa; e remissão imprópria, ou seja, com a inclusão de medida
socioeducativa em meio aberto.
O termo remissão significa perdão. A sua aplicação tem base no art. 11 das Regras Mí-
nimas das Nações Unidas para Administração da Justiça da Infância e Juventude (regras de
Beijing). Segundo esse dispositivo legal, examinar-se-á a possibilidade, quando apropriada,
de atender os jovens infratores sem recorrer às autoridades competentes.
A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da respon-
sabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a apli-
cação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliber-
dade e a internação.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
Márcio Pinho
O termo REMISSÃO significa perdão. Observe que dentro da palavra remissão existe a palavra
missa, e missa lembra perdão. Isso é uma forma de decorar e não se confundir na hora de
escrever ou resolver alguma questão de prova.
Não confunda com o termo REMIÇÃO, com “Ç”, que é usado em direito penal e execução
penal, e significa o desconto do tempo da pena em razão de dias trabalhados ou estudados
pelo sentenciado.
DICA
As provas gostam de fazer peguinhas, afirmando que a re-
missão pode ser cumulada com a medida socioeducativa de
semiliberdade. Isso é falso.
Assim, o promotor de Justiça pode “conceder” a remissão, conforme art. 126 e 201 do ECA,
mas deverá ser homologada pelo juiz para ter validade.
Caso o juiz não concorde com a proposição do Ministério Público, não poderá mudar a re-
missão, deverá remeter os autos para o Procurador-Geral de Justiça e este oferecerá represen-
tação, designará outro promotor para apresentá-la ou ratificará o arquivamento ou a remissão.
Apenas após esses procedimentos a autoridade judiciária estará obrigada a homologar o pedi-
do de remissão do Ministério Público. Isso está previsto no art. 181, § 2º, do ECA. Perceba que
nesse caso é usada a mesma lógica do processo penal, prevista no art. 28 do CPP.
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A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer
tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do
Ministério Público.
Concedida pelo Ministério Público antes do Aplicada pelo juiz após o oferecimento da Aplicada pelo juiz após o oferecimento da
oferecimento da representação representação representação
Deve ser homologada pelo juiz e depende Somente pode ser concedida pelo juiz e não Somente pode ser concedida pelo juiz e não
de pedido do promotor é obrigatória a concordância do promotor é obrigatória a concordância do promotor
Pode incluir ou não medida socioeducativa Pode incluir ou não medida socioeducativa Pode incluir ou não medida socioeducativa
em meio aberto em meio aberto em meio aberto
Se descumprida, o promotor pode oferecer Se descumprida, o juiz pode determinar a Se descumprida, o juiz NÃO pode determi-
a representação retomada do andamento processual nar a retomada do andamento processual
Somente pode ser concedida antes da Pode ser aplicada em qualquer fase do proce- Pode ser aplicada em qualquer fase do proce-
representação dimento, antes da sentença (art. 188 do ECA) dimento, antes da sentença (art. 188 do ECA)
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Dos Procedimentos
Disposições Gerais
Aos procedimentos regulados pelo ECA aplicam-se subsidiariamente as normas gerais
previstas na legislação processual pertinente. É assegurada, sob pena de responsabilidade,
prioridade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos, assim como na execução
dos atos e diligências judiciais a eles referentes.
Nada mais lógico que a incidência das regras de natureza penal e processual penal às
hipóteses de atos infracionais análogos a crimes. No caso dos autos, além de, à época
do julgamento da apelação, já haver sido julgada a exceção de suspeição, incide o art.
111 do Código de Processo Penal, o qual dispõe que, em regra, não será suspenso o
andamento da ação penal.
Segundo o STJ, o princípio da identidade física do juiz não se aplica aos processos de
apuração de ato infracional. No RHC 84.017, Dje 09/06/2017, o STJ consignou que:
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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tódia), sob alegação de afronta ao princípio do juiz natural, eis que, na espécie,
o próprio juiz da Vara da Infância e Juventude era o plantonista naquela ocasião.
De acordo com o entendimento consolidado desta Corte Superior, o regra-
mento previsto no artigo 399, § 2º, do CPP não se aplica ao rito do Estatuto da Criança
e do Adolescente, que estabelece procedimento fracionado de apuração de ato infra-
cional em várias audiências, sem fazer qualquer menção ao princípio da identidade
física do juiz. (HC 165.059/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA
TURMA, DJe 01/02/2012)”.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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O art. 152, § 2º do ECA foi modificado pela Lei n. 13.509, de novembro de 2017, e é de
EXTREMA relevância.
Lembre-se de que sempre nos procedimentos regulados pelo ECA:
• Os prazos são sempre de 10 (dez) dias, com exceção dos embargos declaratórios, que
têm prazo de 5 (cinco) dias;
• Ministério Público e Fazenda Pública NÃO têm prazo em dobro;
• Defensoria Pública têm prazo em dobro, por força da Lei complementar n. 80/1994;
• Os prazos são contados em dias CORRIDOS.
O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à
autoridade judiciária.
O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado
à autoridade policial competente.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Observe que o adolescente somente poderá ser apreendido por força de ordem judicial ou
em flagrante, da mesma forma que ocorre com os adultos e em respeito à Constituição Fede-
ral (art. 5º, inc. LXI) e também ao art. 106 do ECA.
No Resp 1.655.016, Dje de 19/12/2017, ficou consignado que:
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Observe que o dispositivo legal presente no art. 174 do ECA trata da internação provisória,
a qual terá o prazo máximo de 45 (quarenta e cinco dias). A possibilidade de prender para
garantir a segurança pessoal recebe muitas críticas dos estudiosos do tema, pois seria uma
forma indevida de usar o princípio do superior interesse2. Como se pode imaginar prender
alguém para protegê-lo? É resquício da antiga etapa tutelar do direito da criança e do adoles-
cente. Seria o que o autor João Batista da Costa Saraiva denominou como Cavalo de Tróia do
menorismo, quando, por força do art. 113, c/c art. 100, inc. IV do ECA, modificado pela lei da
adoção em 2009, possibilitou-se a utilização do princípio do superior interesse também para
aplicação das medidas socioeducativas.
No HC 305.302, Dje de 23/10/2014, o STJ consignou que:
Observe que, com esse julgado, a abrangência da Súmula n. 492 engloba não somente
a imposição da medida socioeducativa de internação, mas também a decretação da inter-
nação provisória.
Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente
ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou bole-
tim de ocorrência. Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encami-
nhará o adolescente à entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante do
Ministério Público no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
2
Saraiva, João Batista Costa. Adolescente e responsabilidade penal: da indiferença à proteção Integral. 5 ed. rev. e atual.
Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2016. p. 80.
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Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-se-á pela
autoridade policial. Não havendo repartição policial especializada, o adolescente aguardará a
apresentação em dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em qualquer
hipótese, exceder o prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
O STJ, no Resp 1.612.931, Dje de 07/08/2017, determinou ao Estado do Mato Grosso do Sul:
Muito importante o julgado, na medida em que consignou haver violação de regras da Constitui-
ção Federal e das Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da In-
fância e Juventude, pois não poderiam os adolescentes ficar em ambiente carcerário destinado
a imputável, devendo ser conduzidos a ambiente próprio, para a proteção da integridade deles.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser con-
duzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condi-
ções atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física
ou mental, sob pena de responsabilidade. Os carros destinados ao transporte de adoles-
centes não podem ter cubículo fechado e gradeado como os “camburões” destinados aos pre-
sos adultos. Os adolescentes deverão ser transportados sentados no banco de trás.
Tenha em mente que os adolescentes não podem ser transportados em “camburão”, mas no
banco de trás da viatura policial ou veículo do sistema socioeducativo.
Na audiência de oitiva informal (art. 179 do ECA), não é imprescindível a participação de ad-
vogado ou defensor público.
No HC 349.147 do STJ, Dje de 08/06/2017, ficou decidido que:
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Após a audiência informal, o Ministério Público poderá promover o arquivamento dos autos,
conceder remissão ou representar à autoridade judiciária para aplicação de medida socioe-
ducativa. No caso de promoção pelo arquivamento ou de concessão de remissão, o processo
deverá ir concluso ao juiz para homologar os atos.
Em caso de discordância parcial quanto aos termos da remissão, não pode o juiz modi-
ficar os termos da proposta do Ministério Público no ato da homologação, para fins de
excluir medida em meio aberto cumulada com o perdão. No caso, o Recurso especial foi
provido para anular a homologação da remissão e determinar que o Juízo de primeiro
grau adotasse o rito do artigo 181, § 2º, do ECA.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
Márcio Pinho
ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Fase Pré-processual. In:
Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei n. 8.069/90 comentado artigo por artigo. 8ª ed. rev., atual. e ampl.
São Paulo: Saraiva, 2016, 481.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não promover o arquiva-
mento ou conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo
a instauração de procedimento para aplicação da medida socioeducativa que se afigurar a
mais adequada. A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos
fatos e a classificação do ato infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo
ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
A representação é o equivalente à denúncia do processo penal. É o pedido inicial de ins-
tauração do processo e início da fase judicial para se apurar se o ato infracional realmente
existiu e se o adolescente representado foi o responsável pelo ato. Por isso, a lei não exige
que haja prova pré-constituída da autoria e materialidade no momento da representação, pois
o processo se presta exatamente a abrir instrução para averiguar os fatos.
DICA
A representação é o equivalente à denúncia do processo penal.
Seus requisitos mínimos estão previstos no art. 182, § 1º do
ECA. Deve passar pelo juízo de admissibilidade da autoridade
judiciária e pode ser rejeitada, quando for considerada inepta.
Tenha sempre em mente que a representação independe de
prova pré-constituída da autoria e materialidade, conforme
prevê o art. 182, § 2º do ECA. Fixar esse artigo, pois é muito
cobrado em prova.
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O tipo penal previsto no artigo 309 do CTB é formal e de perigo concreto. Para a sua
configuração, exige-se prova do perigo com potencialidade lesiva real, apesar de não ser
necessária a apresentação de uma determinada vítima, porquanto o bem jurídico tute-
lado pela norma não é a incolumidade individual, mas a segurança coletiva no trânsito.
Não havendo a descrição dos elementos do fato típico imputado ao menor, garantindo-
-lhe o exercício do contraditório e da ampla defesa, deve a representação ser conside-
rada inepta e, portanto, rejeitada.
Não há, nos processos de apuração de ato infracional, ação pública condicionada ou ação
privada, como ocorre na esfera penal. Todas as ações são públicas incondicionadas e pos-
suem exclusivamente o Ministério Público no seu polo ativo.
Nesse sentido, foi o julgamento do HC do STJ n. 160.292, Dje de 02/06/2011, ao consignar:
O Estatuto da Criança e do Adolescente, nos artigos 171 e seguintes, que tratam da apu-
ração de ato infracional atribuído a adolescente, não impõe a necessidade de represen-
tação da vítima como condição de procedibilidade da ação, registrando somente que,
apresentado o menor a quem se atribua a autoria de ato infracional, caberá ao Ministé-
rio Público promover o arquivamento dos autos, conceder a remissão ou representar à
autoridade judiciária para a aplicação de medida socioeducativa (artigos 180, 182 e 201,
II). Portanto, o procedimento de apuração de ato infracional é sempre de iniciativa exclu-
siva do Ministério Público, a quem cabe decidir acerca da propositura da ação socioedu-
cativa, independentemente da manifestação do ofendido.
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Tenha sempre em mente que não existe ação socioeducativa pública condicionada à repre-
sentação da vítima e nem ação socioeducativa privada. Todas as ações socioeducativas são
públicas incondicionadas e de titularidade exclusiva do Ministério Público.
DICA
É muito importante você fixar que não há qualquer possibili-
dade de prorrogação do prazo de 45 dias da internação provi-
sória. Além disso, se o adolescente ficar internado provisoria-
mente por prazo inferior a 45 dias e for liberado; caso haja a
renovação da internação provisória, soma-se o prazo cumpri-
do anteriormente, não podendo a soma exceder 45 dias.
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Tenha em mente que a curadoria especial é atribuição da Defensoria Pública, conforme art. 4º,
inc. XVI da Lei complementar n. 80
Caso não localizado o adolescente, o processo fica suspenso, até a efetiva apreensão.
No HC 348.104 do STJ, Dje 15/04/2016, ficou consignado que:
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Ou seja, no julgado acima ficou decidido que não se aplica aos procedimentos previstos
no ECA a regra do CPP pela qual o interrogatório é feito após a oitiva das testemunhas (art.
304 do CPP).
No HC 289.645, Dje de 28/08/2015, ficou definido que:
Não causa prejuízo à defesa do menor a ausência dos pais ou responsáveis na audiência
de apresentação, desde que nomeado curador especial, nos termos do artigo 184, § 2º,
do Estatuto da Criança e do Adolescente, o que ocorreu na hipótese.
A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida
em estabelecimento prisional. Inexistindo na comarca entidade com as características defi-
nidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais
próxima. Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em
repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas,
não podendo ultrapassar o prazo máximo de 5 (cinco) dias, sob pena de responsabilidade.
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DICA
Após a decretação da internação provisória, o adolescente
somente poderá ficar em repartição policial pelo máximo de 5
(cinco) dias, desde que separado dos adultos e desde que não
seja possível a transferência para a localidade mais próxima,
sob pena de responsabilidade. Fixe esse prazo, pois as bancas
tentam confundir os candidatos em provas, modificando-o.
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DICA
Observe que o relatório não é obrigatório e não vincula o juiz.
No HC 312.262 do STJ, Dje de 06/04/2015, foi decidido que “é nula a sentença profe-
rida sem as alegações finais da defesa por violação aos princípios da ampla defesa e do
contraditório.”
No HC 156.544 do STJ, Dje de 21/11/2011, ficou consignado que:
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O artigo 190 do ECA dispõe que a intimação da sentença que aplicar medida de inter-
nação ou semiliberdade será feita ao adolescente e ao seu defensor e, quando não for
encontrado o jovem, a seus pais ou responsável, sem prejuízo do defensor. Ademais, o §
2º do mesmo dispositivo estabelece que, “Recaindo a intimação na pessoa do adoles-
cente, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença”. Quando o jovem
infrator, cientificado da sentença, manifesta tempestivamente a sua vontade de recor-
rer, a apresentação serôdia das razões recursais pela Defensoria Pública não impede
o conhecimento do apelo pela segunda instância, sob pena de contrariedade à ampla
defesa e ao escopo protetivo da Lei n. 8.090/1990.
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Embora por maioria compreenda a douta Turma julgadora que a intimação pessoal do
Defensor Público pode dar-se diretamente em audiência, havendo neste momento mani-
festação de recurso pelo assistido e assim tendo-se como desde então já interposto,
para a elaboração das razões necessita não obstante a defensoria acesso aos autos, de
modo que somente com a carga do processo é que se pode computar o prazo para tanto.
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Márcio Pinho
ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Fase Pré-processual.
In: Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei n. 8.069/90 comentado artigo por artigo. 8ª ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Saraiva, 2016, 488.
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DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
Márcio Pinho
RESUMO
• Ato infracional á a conduta tipificada como crime ou contravenção penal.
• É penalmente inimputável quem tem menos de 18 (dezoito) anos. Deve ser considerada
a idade na data do fato.
• Crianças autoras de atos infracionais apenas podem receber medidas protetivas, nun-
ca socioeducativas.
• Criança é quem tem até doze anos incompletos, e adolescente quem tem entre doze e
dezoito anos de idade.
• Excepcionalmente, aplica-se o ECA para quem tem entre dezoito e vinte um anos. É o
caso de quem responde a processo pelo cometimento de ato infracional ou está cum-
prindo medida socioeducativa.
• Qualquer medida socioeducativa pode ser cumprida até os vinte e um anos (Sum n.
605 do STJ).
• Aos adolescentes são garantidos todos os direitos dos acusados em processos criminais.
• Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracio-
nal ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
• A internação provisória tem o prazo máximo e improrrogável de 45 (quarenta e cinco) dias.
• A garantida de solicitar presença de pais ou responsável é um “plus” em relação às
garantias dos adultos, os quais não têm esse direito quando submetidos ao processo
criminal.
• Existem 6 (seis) tipos taxativos de medidas socioeducativas: advertência, obrigação de
reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade
e internação.
• Adolescente que comete ato infracional pode receber medidas socioeducativas e/ou as
medidas protetivas previstas no art. 101, incisos I a VI do ECA.
• As medidas socioeducativas em meio aberto podem ser cumuladas entre si.
• A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as
circunstâncias e a gravidade da infração.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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• O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à
imposição de medida socioeducativa de internação ao adolescente (Sum. n. 492 do STJ).
• Em nenhum caso haverá incomunicabilidade e as visitas somente poderão ser sus-
pensas, de forma temporária e excepcional, se existirem motivos sérios e fundados da
prejudicialidade das visitas para o próprio adolescente.
• Somente pode haver isolamento se for imprescindível para garantia da segurança de
outros internos ou do próprio adolescente a quem seja imposta a sanção.
• Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o repre-
sentante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão
do processo.
• Após iniciado o procedimento, a concessão da remissão pelo juiz resultará na suspen-
são ou extinção do processo.
• A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada
em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.
• Há três formas de remissão: exclusão, suspensão e extinção.
• Remissão própria não inclui medida socioeducativa.
• Remissão imprópria inclui medida socioeducativa em meio aberto.
• O termo remissão significa perdão e está previsto no art. 11 das Regras de Beijing.
• A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da res-
ponsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes.
• A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional,
é de competência exclusiva do juiz (Sum. n. 108 do STJ).
• A remissão concedida pelo Ministério Público deve ser homologada judicialmente para
ter validade.
• Caso o juiz não concorde com a proposição do Ministério Público, não poderá mudar a
remissão, deverá remeter os autos para o Procurador-Geral de Justiça e este oferecerá
representação, designará outro promotor para apresentá-la ou ratificará o arquivamen-
to ou a remissão e, somente após isso, a autoridade judiciária estará obrigada a homo-
logar o pedido de remissão do Ministério Público.
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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (FCC/DPE-AP/2018) Célio tem 17 anos e, na companhia de outro adolescente, foi
apreendido em flagrante por suposta prática de ato infracional equiparado a roubo qualificado
por concurso de agentes e uso de arma. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente,
a) se não houver entidade destinada à custódia de adolescentes na comarca, Célio pode,
excepcionalmente, aguardar a sentença em estabelecimento prisional, desde que em cela
isolada dos adultos e observado o prazo máximo de 45 dias.
b) tendo em vista a gravidade do ato infracional, provadas autoria e materialidade da
infração, Célio deverá receber medida socioeducativa de internação pelo prazo mínimo de
6 meses.
c) caso fique caracterizada tentativa de roubo, não tendo Célio antecedentes infracionais,
deve ser inserido em medida de semiliberdade ou liberdade assistida.
d) Célio pode ser entregue a seus pais caso a autoridade policial entenda desnecessária sua
apreensão para garantia da ordem pública ou da própria segurança do adolescente.
e) Célio deve ser apresentado ao Promotor de Justiça no prazo máximo de 5 dias, após
o que cabe ao juiz, em igual prazo, decidir sobre sua liberação ou decretação da inter-
nação provisória.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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(CESPE/DP-DF/2019) André, com dezessete anos de idade, foi apreendido pela prática de ato
infracional análogo ao crime de tráfico de drogas. Depois de ter sido conduzido à delegacia
de polícia especializada, o adolescente foi apresentado ao Ministério Público. O promotor
de justiça que o entrevistou ofereceu-lhe remissão cumulada com medida socioeducativa
de semiliberdade. O magistrado indeferiu a remissão ministerial, sob o fundamento de que a
aplicação de medida socioeducativa ao adolescente por ato infracional é de competência ex-
clusiva do juiz, e abriu vista ao Ministério Público para que apresentasse representação con-
tra André no prazo de 24 horas. Diante da negativa de homologação judicial e do retorno dos
autos, o promotor ofereceu representação contra André e o magistrado manteve a internação
provisória, designou audiência de apresentação e determinou a citação do adolescente. Na
sentença, o magistrado determinou a internação, fundamentando que a conduta do adoles-
cente era grave, embora não houvesse qualquer outra anotação em sua folha de passagem.
Com relação a essa situação hipotética, julgue os seguintes itens, de acordo com a legislação
pertinente e a jurisprudência dos tribunais superiores.
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tular exclusivo, não havendo que se falar em ação socioeducativa privada, ainda que em
caráter subsidiário.
imposição da medida.
certo, por analogia, deve ter em vista o limite de 3 (três) anos previsto para a duração máxima
da medida de internação.
afirmar que
mente imposta.
c) poderá ser aplicada quando tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça
ou violência à pessoa.
e) somente no terceiro ato infracional grave (após ter praticado outros dois anteriores) é que
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( ) A medida de internação pela prática de ato infracional, antes da sentença, pode ser
determinada pelo prazo de quarenta e cinco dias, prorrogáveis por igual período, por
decisão fundamentada, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
( ) O cumprimento de medida socioeducativa é declarado extinto quando o adolescente
completa dezoito anos.
( ) Ao adolescente, internado para cumprimento de medida socioeducativa, é vedada a
aplicação de sanção disciplinar de isolamento.
( ) A execução das medidas socioeducativas reger-se-á pelo princípio da legalidade, não
podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que aquele conferido ao
adulto, e proporcionalidade, em relação à ofensa cometida.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é A)
a) V – F – V – V.
b) F – V – F – V.
c) F – F – F – V.
d) V – V – V – F.
e) F – V – F – F.
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Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta acerca das alegações da DP.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
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de serviços à vítima, a ser cumprida no prazo máximo de seis meses e com jornada semanal
institucional.
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d) Os atos processuais são concentrados em audiência una, na qual são ouvidos, nesta or-
dem, os responsáveis pelo adolescente, vítima, testemunhas do Ministério Público, testemu-
nhas de defesa e o adolescente, passando em seguida aos debates orais.
e) Não sendo o adolescente cientificado do teor da representação nem notificado a compa-
recer na audiência por não ter sido localizado, a autoridade judiciária expedirá mandado de
busca e apreensão, determinando o sobrestamento do feito até a efetiva apresentação.
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GABARITO
1. d 28. b
2. e 29. e
3. b 30. b
4. e
5. b
6. d
7. b
8. c
9. C
10. E
11. c
12. d
13. c
14. e
15. c
16. c
17. c
18. C
19. C
20. b
21. b
22. c
23. b
24. e
25. a
26. b
27. d
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (FCC/DPE-AP/2018) Célio tem 17 anos e, na companhia de outro adolescente, foi
apreendido em flagrante por suposta prática de ato infracional equiparado a roubo qualificado
por concurso de agentes e uso de arma. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente,
a) se não houver entidade destinada à custódia de adolescentes na comarca, Célio pode,
excepcionalmente, aguardar a sentença em estabelecimento prisional, desde que em cela
isolada dos adultos e observado o prazo máximo de 45 dias.
b) tendo em vista a gravidade do ato infracional, provadas autoria e materialidade da
infração, Célio deverá receber medida socioeducativa de internação pelo prazo mínimo
de 6 meses.
c) caso fique caracterizada tentativa de roubo, não tendo Célio antecedentes infracionais,
deve ser inserido em medida de semiliberdade ou liberdade assistida.
d) Célio pode ser entregue a seus pais caso a autoridade policial entenda desnecessária sua
apreensão para garantia da ordem pública ou da própria segurança do adolescente.
e) Célio deve ser apresentado ao Promotor de Justiça no prazo máximo de 5 dias, após o
que cabe ao juiz, em igual prazo, decidir sobre sua liberação ou decretação da internação
provisória.
Letra d.
Art. 174 do ECA.
a) Errado. Conforme art. 175, §§ 1º e 2º, do ECA
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Ou seja, Célio não pode ficar em estabelecimento penal até a sentença de forma alguma. Ape-
nas pode ficar o prazo máximo de 24hs em dependência separada dos adultos até a apresen-
tação para o Ministério Público.
Caso seja decretada a internação provisória, aplicam-se as disposições do art. 185 e parágrafos:
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida
em estabelecimento prisional.
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art. 123, o adolescente
deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em repartição
policial, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ul-
trapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.
Ou seja, caso seja decretada a internação provisória, o adolescente pode ficar no máximo 5
(cinco) dias em estabelecimento policial, isolado dos adultos, aguardando a transferência
para a localidade mais próxima.
b) Errado. A medida de internação não tem prazo mínimo (art. 121, § 2º). Por isso, a assertiva
está errada.
c) Errado. Em razão de o ato infracional ter violência ou grave ameaça (roubo), é hipotetica-
mente cabível a internação, com base no art. 122, inciso I, do ECA. Por isso, a assertiva está
errada, ao afirmar que Célio deve ser inserido em semiliberdade ou liberdade assistida.
e) Errado. Segundo art. 175 e § 1º, do ECA, o adolescente deve ser apresentado imediatamen-
te ao Promotor de Justiça e, não sendo possível a apresentação imediata, deve ser apresen-
tado no máximo em 24hs.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Letra e.
O STJ decidiu, no HC 127.227, que, não havendo descrição dos elementos do fato típico, a
representação é inepta. Além disso, o art. 182, § 1º, do ECA, prevê os requisitos da represen-
tação. Ou seja, antes do recebimento, deve haver juízo de admissibilidade para verificar se a
peça processual cumpre os requisitos legais.
a) Errado. A defesa prévia deve ser oferecida no prazo de três e não de cinco dias (art. 186,
§3º, do ECA).
b) Errado. Segundo Resp. 440.359, “deve prevalecer a vontade que melhor consulte os direitos
do menor, no caso em pauta, a vontade do advogado que interpôs o apelo”.
c) Errado. Segundo art. 181, § 2º, do ECA, a autoridade judiciária não é obrigada a homologar
a remissão concedida pelo Ministério Público, devendo, caso discorde do MP, enviar os autos
ao Procurador-Geral de Justiça, que adotará providências semelhantes as previstas no art.
28 do CPP, ou seja, oferecerá a representação, designará outro membro do Ministério Públi-
co para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará o juiz
obrigado a homologar.
d) Errado. Segundo art. 184, o juiz deve decidir sobre a manutenção da internação no momen-
to em que recebe a representação e designa a audiência de apresentação, e não apenas após
a audiência.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Letra b.
As três medidas socioeducativas citadas na assertiva estão previstas, respectivamente, nos
incisos VI, II, e I, do art. 112 do ECA.
a), c), d) e e) Erradas. A lei não prevê medidas socioeducativas de liberdade condicional, pres-
tação de serviços à vítima, inserção em regime prisional e internação em estabelecimento
médico-psiquiátrico.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Letra e.
A assertiva está correta porque transcreve o art. 174 do ECA.
a) Errado. Segundo art. 175, § 2º, o adolescente deverá aguardar em dependência separada
de maiores.
b) Errado. A questão está errada porque usa o termo “audiência de custódia”. Na verdade,
existe a audiência com o Ministério Público, prevista no art. 179 do ECA, a qual é denominada
pela doutrina de audiência informal.
c) Errado. Conforme art. 182, § 2º, a representação independe de prova pré-constituída.
d) Errado. O art. 187 prevê a possibilidade de condução coercitiva do adolescente, mas não
de seus pais ou responsável.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Letra b.
É possível a cumulação da remissão com qualquer medida em meio aberto, conforme art. 127
do Estatuto.
a) Errado. A assertiva está errada, pois, para o crime de tráfico, existe previsão especial em
relação à participação de indivíduo com menos de 18 anos, conforme art. 40, Inc. VI, da Lei
n. 11.343. Assim, a participação de quem tem menos de 18 anos em tráfico não configura o
crime de corrupção de menores, mas, sim, a causa de aumento de pena prevista no inciso VI,
do art. 40, da Lei de Tráfico.
c) Errado. O art. 122, inciso I, do ECA, prevê que pode ser aplicada internação caso o ato infra-
cional tenha violência ou grave ameaça, não sendo necessária a reiteração.
d) Errado. Segundo jurisprudência do STJ, o juiz não está obrigado a observar as circunstân-
cias atenuantes e agravantes nos processos de apuração de ato infracional. Julgados: HC
354.973, HC 389.828, AResp 1.272.764).
e) Errado. Segundo jurisprudência do STJ, no HC 251.681, é possível a aplicação da escusa
absolutória nos processos de apuração de ato infracional.
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Letra d.
Segundo a Súmula n. 338 do STJ
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Ou seja, qualquer medida socioeducativa somente pode ser aplicada por juiz, não havendo
exceção para a medida de prestação de serviços à comunidade.
Letra b.
A assertiva está compatível com o art. 120 e seus §§ 1º e 2º do ECA, c/c art. 121, § 2º do ECA,
o qual fala que a internação será reavaliada no máximo a cada seis meses. O prazo de seis
meses também se aplica para a semiliberdade, por força do art. 120, § 2º. Além disso, o art.
120, § 1º, fala que são obrigatórias a escolarização e a profissionalização.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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a) Errado. As medidas socioeducativas somente podem ser aplicadas para o adolescente que
praticar ato infracional, conforme caput do art. 112 do Estatuto. Para adolescente com direito
violado ou ameaçado em razão da própria conduta (art. 98, inc. III), mas que não cometeu ato
infracional, somente podem ser aplicadas as medidas protetivas previstas no art. 101 e inci-
sos, nunca medida socioeducativa.
c) Errado. O ECA afirma, em seu art. 127, que “a remissão não implica necessariamente o
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antece-
dentes”. A assertiva trocou o termo remissão por advertência e, por isso, está incorreta.
d) Errado. Segundo art. 117 do Estatuto,
Ou seja, a assertiva está incorreta porque a realização de tarefas gratuitas se refere à medida
de prestação de serviços à comunidade e não à obrigação de reparar o dano.
e) Errado. A prestação de serviços à comunidade não tem prazo mínimo de seis meses, mas
prazo máximo de seis meses, conforme o art. 117, já citado acima.
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Letra c.
Apenas as Regras de Beijing, em seu art. 11, preveem a remissão. Nenhuma das outras nor-
mativas internacionais citadas nas outras assertivas da questão fala sobre remissão.
(CESPE/DP-DF/2019) André, com dezessete anos de idade, foi apreendido pela prática de ato
infracional análogo ao crime de tráfico de drogas. Depois de ter sido conduzido à delegacia
de polícia especializada, o adolescente foi apresentado ao Ministério Público. O promotor
de justiça que o entrevistou ofereceu-lhe remissão cumulada com medida socioeducativa
de semiliberdade. O magistrado indeferiu a remissão ministerial, sob o fundamento de que a
aplicação de medida socioeducativa ao adolescente por ato infracional é de competência ex-
clusiva do juiz, e abriu vista ao Ministério Público para que apresentasse representação con-
tra André no prazo de 24 horas. Diante da negativa de homologação judicial e do retorno dos
cente era grave, embora não houvesse qualquer outra anotação em sua folha de passagem.
Com relação a essa situação hipotética, julgue os seguintes itens, de acordo com a legislação
a remissão oferecida pelo Ministério Público: ele deveria ter remetido os autos ao procura-
Certo.
Na situação narrada, o magistrado deveria ter tomado a providência citada no art. 181, § 2º do
ECA, ou seja, deveria ter enviado os autos ao Procurador-Geral de Justiça.
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Errado.
Segundo a Súmula n. 492 do STJ,
O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à
imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
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Letra c.
Conforme art. 186 do ECA, a audiência de apresentação é presidida pelo juiz, que procederá a
oitiva do adolescente. Tendo em vista que antes da audiência de apresentação a representa-
ção já foi oferecida (art. 184), a autoridade judiciária deve ouvir o adolescente sobre os fatos a
ele imputados, sendo semelhante ao interrogatório do processo penal. É a primeira audiência
a ocorrer depois que o processo foi formalmente instaurado, podendo ser considerada audi-
ência inicial do processo socioeducativo.
a) Errado. Está errada porque a audiência de apresentação é sempre ato jurisdicional e deve
ocorrer na presença do juiz, e não da autoridade policial.
b) Errado. Está errada porque a assertiva traz as características da audiência informal com o
promotor de justiça, prevista no art. 179 do Estatuto.
d) Errado. Está errada porque a assertiva traz as características da audiência de continuação,
prevista no art. 186, § 4º, do ECA.
e) Errado. Está errada porque a assertiva traz as características do encaminhamento do ado-
lescente apreendido em flagrante ao delegado de polícia, conforme arts. 172 e 175, do ECA.
Letra d.
A assertiva está em conformidade com o art. 112, § 1º, do ECA, ao afirmar que “a medida apli-
cada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a
gravidade da infração”.
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a), b), c) e e) Erradas. As assertivas trazem requisitos não previstos em lei, como personali-
dade do adolescente, motivos da conduta do adolescente, capacidade de discernimento do
adolescente. A “c” está incompleta porque fala apenas da gravidade da infração.
Letra c.
Toda ação socioeducativa é pública incondicionada, não existindo ação socioeducativa sub-
sidiária da pública ou privada. Conforme art. 201, Inc. II, do ECA, a titularidade da ação socio-
educativa é exclusiva do Ministério Público.
a) Errado. Segundo art. 136, inc. I do ECA, é atribuição do Conselho Tutelar “atender as crian-
ças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previs-
tas no art. 101, I a VII”. Ou seja, é de responsabilidade exclusiva do Conselho Tutelar atender
criança a quem se imputa ato infracional. Entretanto, a investigação do fato pode e deve ser
feita pela polícia judiciária. Isso decorre da aplicação analógica do art. 158 do CPP (quando
a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado) e da interpretação dos arts. 230 e 231 do ECA.
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Segundo esses artigos, está claro que, em caso de ato infracional cometido por criança, pode
haver flagrante, devendo a polícia atuar. Além disso, se houver vestígios, a polícia deve reali-
zar o exame de corpo de delito.
b) Errado. Segundo a Súmula n. 342 do STJ
d) Errado. Segundo jurisprudência do STJ, o juiz não está obrigado a observar as circunstân-
cias atenuantes e agravantes nos processos de apuração de ato infracional. Julgados: HC
354.973, HC 389.828, AResp 1.272.764).
e) Errado. Conforme Súmula n. 338 do STJ, a prescrição penal se aplica para as medidas so-
cioeducativas. Para as medidas com o prazo máximo de três anos, a prescrição é de quatro
anos, aplicando-se o art. 109, inc. IV, c/c art. 115 do Código Penal. Entretanto, para a medida
de prestação de serviços à comunidade, que tem o prazo máximo de seis meses, a prescrição
é de um ano e seis meses, conforme art. 109, inc. VI, c/c art. 115 do Código Penal.
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Ato Infracional. Medidas Socioeducativas
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Letra e.
A letra “e” está errada porque, segundo jurisprudência do STF (HC 94.447) e do STJ (HC
355.760, HC 359.609, HC 354.216), não é necessário o cometimento de três atos infracionais
para ficar configurada a reiteração, bastando o cometimento do segundo ato infracional.
a) Certo. Art. 122, inc. II, do ECA.
b) Certo. Art. 122, inc. III, do ECA.
c) Certo. Art. 122, inc. I, do ECA.
d) Certo. Súmula n. 492 do STJ.
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Letra c.
A assertiva está errada porque a remissão não pode ser cumulada nem com semiliberdade
nem com internação, conforme art. 127 do ECA.
a) Certo. Súmula n. 605 do STJ.
b) Certo. Art. 184, § 2º, do ECA.
d) Certo. Art. 136, inc. I, do ECA.
e) Certo. Segundo jurisprudência do STF (HC 94.447) e do STJ (HC 355.760, HC 359.609, HC
354216), não é necessário o cometimento de três atos infracionais para ficar configurada a
reiteração, bastando o cometimento do segundo ato infracional.
Letra c.
Art. 126 do ECA.
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Letra c.
A primeira assertiva está errada porque a internação provisória não é prorrogável (art. 108, c/c
art. 183 do ECA).
A segunda assertiva está incorreta porque a medida socioeducativa é extinta compulsoria-
mente somente aos vinte e um anos, conforme Súmula n. 605 do STJ.
A terceira assertiva está errada porque, segundo art. 48, § 2º, da Lei do Sinase, existe a pos-
sibilidade de sanção disciplinar de isolamento quando
For imprescindível para garantia da segurança de outros internos ou do próprio adolescente a quem
seja imposta a sanção, sendo necessária ainda comunicação ao defensor, ao Ministério Público e à
autoridade judiciária em até 24 (vinte e quatro) horas.
A quarta assertiva está certa, conforme previsões do art. 35, incisos I e IV, da Lei do Sinase.
Certo.
Art. 120 do ECA.
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Certo.
Art. 124, inc. I, do ECA prevê a possibilidade de o adolescente entrevistar-se pessoalmente
com o representante do Ministério Público. Além disso, o rol é exemplificativo porque o caput
do art. 124 afirma que “são direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os se-
guintes:”. Ou seja, a expressão “entre outros” deixa claro que pode haver previsão de outros
direitos além dos previstos nos incisos do art. 124.
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Letra b.
I – Certa. Porque traz o enunciado da Súmula n. 108 do STJ.
II – Errada. Porque a Súmula n. 338 do STJ diz que a prescrição penal se aplica às medidas
socioeducativas.
III – Certa. Pois traz o enunciado da Súmula n. 383 do STJ.
IV – Certa. Porque traz o enunciado da Súmula n. 492 do STJ.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta acerca das alegações da DP.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Letra b.
I – Errada. Porque, segundo jurisprudência do STJ (HC 349.147 e HC 109.242), não é impres-
cindível a participação da defesa técnica na oitiva informal com o Ministério Público (art. 179
do ECA).
II – Certa. Segundo jurisprudência do STJ
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Ainda que a jurisprudência admita a falta de defesa técnica na oitiva com o Ministério
Público, a ausência do defensor na apresentação em Juízo e na sentença homologatória
evidencia a ilegalidade, sendo violado o princípio da ampla defesa. (HC 415.295).
No mesmo sentido é o julgado do HC 395.173. Ou seja, pode-se até admitir a falta de defesa
técnica na audiência informal com o Ministério Público. Entretanto, havendo remissão, com
imposição de medida socioeducativa, é imprescindível a nomeação da defesa, para ciência da
sentença, conforme art. 190, inc. II, do ECA, sob pena de nulidade.
III – Errada. Porque o Ministério Público pode conceder remissão, cumulada com medida so-
cioeducativa em meio aberto, conforme arts. 126 e 127 do ECA.
Letra c.
A assertiva está certa, pois reproduz texto do art. 127 do ECA.
a) Errado. A assertiva está errada porque, após iniciado o procedimento de apuração de ato
infracional, a remissão é de concessão privativa do juiz, conforme art. 126, § único, do ECA.
b) Errado. A assertiva está errada porque a remissão não pode incluir medida socioeducativa
de semiliberdade ou de internação, conforme art. 127 do Estatuto.
d) Errado. A assertiva está errada porque a remissão concedida pela autoridade judiciária im-
plicaria na suspensão ou extinção do processo, conforme art. 126, § único, do ECA.
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Letra b.
As medidas em meio aberto são cumuláveis, pois não há incompatibilidade para cumprimen-
to nem hierarquia entre elas. Aplica-se, no caso, o art. 99, c/c o art. 113 do ECA.
a) Errado. Não existe medida socioeducativa de prestação de serviços à vítima.
c) Errado. A obrigação de reparar o dano não é imposta aos genitores do adolescente, mas
sim ao próprio adolescente, conforme art. 116 do ECA.
d) Errado. A remissão concedida pelo Promotor de Justiça ocorre como forma de exclusão e
não extinção do processo, conforme art. 126 do ECA.
e) Errado. No procedimento de apuração de ato infracional, cabe ao juiz aplicar as medidas
protetivas previstas no art. 101, incisos I a VI do ECA, conforme previsão do art. 112, inciso
VII. Para aplicação da medida protetiva de acolhimento institucional (art. 101, inc. VII) deve
ser instaurado procedimento próprio, pois importa em perda ou suspensão do poder familiar
(art. 155 e seguintes do ECA).
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Letra e.
O cometimento de furto qualificado não veda a aplicação de medida de liberdade assistida. Além
disso, a medida deve respeitar o princípio da atualidade, conforme art. 100, § único, inc. VIII do
ECA, c/c art. 113. O art. 118 do ECA diz que a liberdade assistida será adotada sempre que se
afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
a) Errado. Conforme Súmula n. 605 do STJ
das desde a sentença, não sendo regra o recebimento das apelações com efeito suspensivo
(HC 328.447).
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O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à
imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
d) Errado. Conforme jurisprudência do STJ, o Magistrado não fica vinculado ao relatório mul-
Letra a.
Assertiva certa, de acordo com os arts. 171 e 172 do ECA.
b) Errado. Se for por força de ordem judicial, deverá ser apresentado para a autoridade judici-
ária e não policial.
c) Errado. Se for apreendido em flagrante, será apresentado para a autoridade policial.
d) Errado. Se for apreendido em flagrante, será encaminhado para a autoridade policial e não
para o Ministério Público.
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Letra b.
Segundo jurisprudência do STF (HC 94.447) e do STJ (HC 355.760, HC 359.609, HC 354216),
não é necessário o cometimento de três atos infracionais para ficar configurada a reiteração.
a) Errado. Conforme jurisprudência do STJ, as medidas socioeducativas podem ser executa-
das desde a sentença, não sendo regra o recebimento das apelações com efeito suspensivo
(HC 328.447). Ou seja, regra geral, não é necessário o julgamento da apelação interposta para
início da execução da medida socioeducativa.
c) Errado. Conforme jurisprudência do STJ, no AResp. 1.012.409/ES, decidiu-se que:
Este Superior Tribunal de Justiça entende que “o art. 45, § 2º, da Lei n. 12.594/2012
(SINASE) veda expressamente que se aplique e se execute nova medida de internação,
por fato anterior, a adolescente que já tenha cumprido a internação ou se encontre cum-
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prindo medida mais favorável” (HC 311.963/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
DJe de 28/9/2016). Todavia, os dispositivos supramencionados da Lei do SINASE não
vedam a apuração e o julgamento de atos infracionais ocorridos em momento anterior
à aplicação de medida socioeducativa de internação, e nem impedem a aplicação de
novas medidas socioeducativas, distintas da internação, aos referidos atos.
Ou seja, segundo jurisprudência do STJ, não são vedados a apuração e o julgamento dos
atos infracionais, cabendo ao juízo da execução aplicar proceder a unificação das medidas
socioeducativas.
d) Errado. Segundo Súmula n. 605 do STJ,
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Letra d.
Segundo art. 188 do ECA, “a remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo,
poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença”.
a) Errado. Segundo art. 182, § 2º, do ECA, discordando o magistrado do pedido de arquiva-
mento ou de remissão feito pelo Ministério Público,
Fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, e este
oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratifi-
cará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar.
Ou seja, o Magistrado não pode mudar a remissão pré-processual concedida pelo Ministério
Público.
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e) Errado. Segundo art. 182, § 2º, do ECA, discordando o magistrado do pedido de arquiva-
mento ou de remissão feito pelo Ministério Público,
Fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, e este
oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ra-
tificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a ho-
mologar.
Ou seja, os autos devem ser remetidos para o Procurador-Geral de Justiça e não para a
promotoria.
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Letra b.
Art. 127 do ECA.
a) Errado. Para aplicação da advertência, deve haver prova da materialidade e indícios da
autoria, conforme art. 114, § único, do ECA. A assertiva não falou da prova da materialidade.
c) Errado. A medida socioeducativa de liberdade assistida tem o prazo mínimo de seis meses
e não de um mês (art. 118, § 2º, do ECA).
d) Errado. A medida de internação pode ser aplicada na hipótese do cometimento de outras
infrações graves, conforme art. 122, inc. II, do ECA. A assertiva não falou que as infrações
devem ser graves.
e) Errado. Segundo art. 112, inciso VII, verificada a prática de ato infracional, a autoridade
competente pode aplicar qualquer uma das medidas protetivas previstas no art. 101, incisos
I a VI do ECA, e a protetiva de encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de
responsabilidade, está prevista no art. 101, inc. I do Estatuto. Pode aplicar apenas a medida
protetiva, não sendo obrigatória aplicação de medida socioeducativa.
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d) Os atos processuais são concentrados em audiência una, na qual são ouvidos, nesta or-
dem, os responsáveis pelo adolescente, vítima, testemunhas do Ministério Público, testemu-
nhas de defesa e o adolescente, passando em seguida aos debates orais.
e) Não sendo o adolescente cientificado do teor da representação nem notificado a compa-
recer na audiência por não ter sido localizado, a autoridade judiciária expedirá mandado de
busca e apreensão, determinando o sobrestamento do feito até a efetiva apresentação.
Letra e.
Art. 184, § 1º e 3º, do ECA.
a) Errado. Não sendo localizados pais ou responsável, deve ser nomeado curador especial e
não suspenso o procedimento, conforme art. 184, § 2º.
b) Errado. A representação não depende de prova pré-constituída da autoria e materialidade,
conforme art. 182, § 2º, do ECA.
c) Errado. O prazo de quarenta é cinco dias é improrrogável, conforme art. 183, do ECA.
d) Errado. A audiência não é una. Existem audiências de apresentação e continuação, confor-
me art. 186 e § 4º, do ECA.
Letra b.
Segundo art. 126, § único, do ECA, “iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela
autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo”.
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