Apostila Filosofia Da Religiao Final
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
SUMÁRIO
Pág.
- INTRODUÇÃO 03
E RELIGIÃO 13
- CONCLUSÃO 41
- REFERÊNCIAS 42
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
INTRODUÇÃO
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa; e
ele descerá sobre nós como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra.”
OSÉIAS 6:3
Desde que o mundo é mundo o ser humano busca uma resposta para o entendimento correto da
religião. E existem diversos motivos pelos quais alguém pode procurar conhecer mais acerca da
Filosofia da Religião. Seja por crer que esta irá apontar como que uma “direção certa” no que
tange o assunto, seja por querer provar a falsidade da religião ou de Deus a partir de uma
concepção crítica, como fazem os ateus contemporâneos, o fato é que muitos não compreendem
seus fundamentos (ou aquilo que eles representam) e buscam, seja afirmando ou negando,
conhecer algo que transcende o intelecto.
O homem em sua natureza necessita compreender as coisas que, em um primeiro momento, não
entende, principalmente quando se trata do metafísico, do transcendente, daquilo que a ciência
empírica muitas vezes não tem como justificar. Essa busca incontrolável do homem por entender
as causas já era representada pela experiência dos primeiros pensadores, que buscavam
compreender a causa primeira de tudo, aquilo que poderia justificar a criação e geração de todas
as coisas. Entendemos que há uma infinidade de religiões, compostas de distintas modalidades
de adoração, mitologias e experiências espirituais, mas geralmente os estudiosos se concentram
na pesquisa das principais vertentes espirituais, como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo,
pois elas oferecem um sistema lógico e elaborado sobre o comportamento do planeta e de todo o
Universo, enquanto as orientais normalmente se centram em uma determinada filosofia de vida.
Os filósofos têm como objetivo descobrir se o olhar espiritual sobre o Cosmos é realmente
verdadeiro.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
Desta forma, nos propomos a buscar juntos através desta matéria, um entendimento, embora não
somos capazes de esgotar o assunto devido a vastidão dos que já o estudaram, para um melhor
entendimento e aplicação em nossas vidas, famílias, trabalhos e ministérios, da Filosofia da
Religião
Então, seja bem-vindo ao Curso: “Filosofia da religião”!
A Filosofia da Religião é um ramo filosófico que investiga a esfera espiritual inerente ao homem,
do ponto de vista da metafísica, da antropologia e da ética. Ela levanta questionamentos
fundamentais, tais como: o que é a religião? Deus existe? Há vida depois da morte? Como se
explica o mal? Estas e outras perguntas, ideias e postulados religiosos são estudados por esta
disciplina. É aqui que ocorre o debate sobre a existência de Deus com a análise dos argumentos
contra e a favor da existência de Deus, a filosofia da religião também se preocupa com a
justificação e a epistemologia da crença e a relação da ciência com a religião.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
pessoa pode ser justificada em uma crença desde que a crença seja produzida por meios
confiáveis, independentemente de a pessoa estar ciente ou não de evidências que justifiquem a
crença. Dois movimentos na filosofia da religião desenvolvem posições que não estão alinhadas
com a tradição evidencial tradicional: epistemologia reformada e epistemologia volitiva.
A epistemologia reformada foi defendida por Alvin Plantinga (1932–) e Nicholas Wolterstorff
(1932), entre outros. A epistemologia reformada é "reformada" na medida em que se baseia no
reformador João Calvino (1509-1564), que alegou que as pessoas são criadas com um senso de
Deus (sensus divinitatis). Embora esse senso de Deus possa não ser aparente devido ao pecado,
ele pode levar as pessoas a acreditarem em Deus de maneira confiável e a sustentar uma vida de
fé cristã. Embora esse estímulo possa desempenhar um papel evidencial em termos da
experiência ou percepção ostensiva de Deus, também pode justificar a crença cristã na ausência
de evidências ou argumentos. Na linguagem introduzida por Plantinga, a crença em Deus pode
ser tão adequadamente básica quanto nossas crenças comuns sobre outras pessoas e o mundo.
A estrutura da epistemologia reformada é condicional à medida que avança a tese de que se
existe um Deus e se Deus realmente nos criou com um sensus divinitatis que confiavelmente nos
leva a acreditar (verdadeiramente) que Deus existe, então tal crença é justificada. Há um sentido
em que a epistemologia reformada é mais uma estratégia defensiva (oferecendo motivos para
pensar que a crença religiosa, se verdadeira, é justificada), em vez de fornecer uma razão positiva
pela qual as pessoas que não têm (ou acreditam ter) um sensus divinitatis deve abraçar a fé
cristã. Plantinga argumentou que pelo menos uma alternativa à fé cristã, o naturalismo secular, é
profundamente problemática, se não auto-refutável, mas essa posição (se convincente) avançou
mais como uma razão para não ser naturalista do que como uma razão de ser. um teísta.
A epistemologia reformada não é um fideísmo ipso facto. O fideísmo apoia explicitamente a
legitimidade da fé sem o apoio, não apenas de evidências (proposicionais), mas também da razão
(MacSwain 2013). Por outro lado, a epistemologia reformada oferece uma explicação metafísica e
epistemológica da garantia segundo a qual a crença em Deus pode ser garantida, mesmo que
não seja apoiada por evidências, e oferece uma descrição da crença adequadamente básica,
segundo a qual a crença básica em Deus é epistêmica. A par de nossas crenças básicas comuns
sobre o mundo e outras mentes que parecem ser paradigmaticamente racionais. No entanto,
embora a epistemologia reformada não seja necessariamente fideísta, ela compartilha com o
fideísmo a idéia de que uma pessoa pode ter uma crença religiosa justificada na ausência de
evidências.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
O cenário histórico que serve de pano de fundo para a discussão desses pensadores é o
desenvolvimento e ascensão do Cristianismo e grande influência da Igreja Católica como
instituição social. Se o Império Romano se esfacelava, a Igreja acumulou grande riqueza material.
Se o Império Romano sofria ataques de povos bárbaros, a Igreja desempenhava o papel de
conciliadora entre a nobreza feudal.
A fé cristã, segundo a doutrina da Igreja Católica, era a verdade mais elevada. Qualquer ato que
discordasse do postulado pela Igreja era considerado uma heresia. Todas as investigações
filosóficas e científicas tinham que partir do pressuposto de que a verdade já havia sido revelada
pelo próprio Deus. A única tarefa possível à ciência e à filosofia era a comprovação racional da fé.
Muitos pensadores cristãos investiram nesse trabalho e tentaram, a partir da filosofia grega ou
contra ela, convencer os descrentes.
Entre esses pensadores, podemos incluir os “padres apologistas”, ou seja, aqueles padres que
mostravam a superioridade da fé cristã em relação ao paganismo ou politeísmo. Esses padres,
como Orígenes, Justino e Tertuliano, rejeitavam o recurso às filosofias gregas. Importante lembrar
que, nessa época, as obras de Platão e Aristóteles estavam desaparecidas e o conhecimento que
se tinha delas passava pelo prisma dos filósofos estoicos e neoplatônicos e, por isso,
apresentavam elementos místicos ou comportamentos que a Igreja considerava “imorais”.
No entanto, as obras de maior destaque são as de Santo Agostinho, que pertencia à Patrística, e
as de Santo Tomás de Aquino, que pertencia à Escolástica.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
Com o fim da polis grega, após a conquista de Alexandre, o Grande, o homem grego perdeu sua
principal referencia ético-política: a vida na comunidade, as leis, as tradições e práticas culturais.
Embora o mundo fosse grego, o homem grego sentia-se sem raiz, pois sua referência básica era
a cidade e essa havia perdido força para o império centralizado. Era preciso desenvolver uma
ética forte, com conteúdos práticos e novas referências: regras de conduta, apontando o caminho
em busca da felicidade pessoal nesse novo contexto de várias culturas. Esse período é muito
importante para nós ocidentais, pois, é o período de transição da Antiguidade clássica e a idade
Média Cristã, quando se dá a formação da tradição cultural da qual nós fazemos parte e somos
herdeiros até hoje: dá-se o encontro entre o mundo Greco-romano e a cultura judaico-cristã.
Nesse período, duas correntes de pensamentos filosóficos gregos se destacam e vão influenciar o
mundo ocidental: Estoicismo e Epicurismo.
O período de transição para o surgimento da Filosofia Cristã (sec. I a.C. - sec. IV a.C.).
Nos primeiros séculos de sua existência, o Cristianismo ainda não possui uma doutrina e
estrutura consolidadas. O Cristianismo vai sendo construindo ao longo dos primeiros séculos da
Era Cristã. Como se formou essa tradição da qual fazemos parte? Por que dizemos que nosso
mundo é Ocidental? De onde vem esse pensamento? Como entender a relação entre o
cristianismo, que é uma religião, e a filosofia grega, que havia rompido com o pensamento mítico
e religioso e se pautava na racionalidade? O primeiro marco da constituição do Cristianismo como
religião independente foi a pregação de São Paulo, um judeu helenizado e de formação filosófica
estoicista, funcionário do Império Romano, que se converteu ao Cristianismo. São Paulo fala em
uma religião universal, dirigida a todos os homens, e não a religião de um povo apenas, como era
o Judaísmo. O processo de difusão do Cristianismo é longo e vai até a sua institucionalização
pelo Império Romano (391 d.C.). O cristianismo se difundiu progressivamente ao longo do sec. I
a.C, com os fiéis impulsionados pela missão de São Paulo, embora não houvesse unidade em
suas práticas. Era necessário, então, integrar essas comunidades cristãs. Para isso, tornava-se
essencial o desenvolvimento de uma doutrina que pudesse dar identidade ao Cristianismo. A
filosofia grega vai ter um importante papel na construção da doutrina cristã. No processo inicial de
difusão do cristianismo, alguns filósofos se converteram ao cristianismo e passaram a falar da
filosofia cristã. Alguns desses filósofos ou teólogos rejeitavam a filosofia grega por considerá-la
alheia a mensagem de Cristo e a desprezam, vendo essa forma pagã de pensamento como um
caminho para o pecado e o descaminho. Outros pensadores cristãos, ao contrário, defendem o
uso do conhecimento da filosofia grega a serviço do Cristianismo, pois sabedoria dos filósofos
gregos seria essencial para a preparação da fé. De qualquer forma, mesmo os que defendiam a
importância do conhecimento grego, admitem que os textos sagrados eram mais importantes e a
doutrina filosófica deve estar submetida ao ensinamento religioso, ou seja, a razão está
submetida à fé, pois os dogmas cristãos são verdades divinas inquestionáveis. O objetivo era usar
a razão para convencer os descrentes sobre a superioridade da fé. Os primeiros padres
precisavam conquistar os governantes, que eram romanos e pagãos, para evitar a perseguição
aos cristãos. Os governantes acabam se convertendo ao Cristianismo. É, sobretudo, em Platão e
Aristóteles que os filósofos cristãos vão fundamentar o desenvolvimento do pensamento cristão.
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Resumindo:
O homem está sempre buscando entender o significado da vida e compreender seu mundo, para
isso ele pensa e produz o conhecimento. Esse conhecimento vai refletir o mundo a partir do qual
foi construído. Em outras palavras, cada povo 7 representa a si mesmo e o mundo a partir de uma
determinada realidade social e histórica. Cada povo constrói uma visão de mundo que reflete
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seus valores, seus costumes, suas necessidades, seus interesses, enfim, representa sua
realidade por meio do conhecimento. Por sua vez, esse pensamento vai influenciar a realidade e
transformá-la. A consolidação do Cristianismo se dá em determinadas condições históricas.
Padres e filósofos cristãos construíram um pensamento que fundamentou a doutrina religiosa,
orientados pela busca da verdade universal baseada na fé. Essa verdade religiosa refletia as
necessidades históricas e de uma ordem social, política e econômica. A doutrina cristã como um
sistema unificado, racional e logicamente construído passou, também, por críticas e modificações.
Ao final do período medieval (sec. XIV), surgem novos pensamentos que defendem a separação
radical entre a razão e a fé, entre Filosofia e Teologia. Com a crise do pensamento escolástico,
surge um pensamento inovador, o humanismo renascentista e o a Filosofia Moderna, com suas
novas teorias filosóficas e científicas, resultando em profundas transformações no mundo
europeu.
Uma vez que a filosofia da religião apresenta-se como a disciplina que estuda de forma reflexiva
o fenômeno religioso a partir do campo experimental. Ela desenvolve no pensador a atitude
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
crítica sobre a compreensão da religião em seus aspectos mais importantes, como a própria
compreensão do Ser e do fim último do homem. Nela, constitui-se uma crítica não propriamente
à religião, ou que queira substituí-la, mas promove-se a reflexão sobre si mesma. Como em
todas as disciplinas filosóficas, ela tem por objetivo alcançar a verdade que está por trás do
fenômeno e chegar à causa primeira. A filosofia da religião demonstra, a partir da profunda
reflexão no Ser e na consciência humana, os fatos que a justificam deste modo: A religião
realiza-se na existência humana. O Apelo de Deus como a resposta do homem verificam-se na
existência. Assim, sua existência religiosa se constitui a partir do divino. Por isso, na filosofia da
religião, não se fala só do homem, mas também daquilo que é diferente dele, que é o
transcendente. Desde já, vamos abordar os principais aspectos desta temática, a fim de melhor
compreendermos do que realmente se trata a Filosofia da Religião.
1. O conceito de Religião
Partir-se-á inicialmente da compreensão de Religião. Geralmente, ouve-se dizer sempre a velha
definição de religião a partir de suas origens etimológica latina de “religar”, mas esta não esgota
o sentido de religião, a qual de modo bem amplo vai ser definida como “o conjunto das relações
existentes entre Deus e nós; é o vínculo que nos une Deus”. Não basta apenas compreender o
sentido de “religar”, temos que compreender a problemática da busca por algo, neste caso,
alguém (Deus). A filosofia da religião tem o intuito de investigar este fato do homem e do mundo,
“uma busca de construir um mundo com sentido transcendental, independentemente do sentido
dado pela racionalidade moderna”. Compreender o porquê o homem coloca suas esperanças e
buscas em um ser que não está à compreensão do nosso intelecto, cuja compreensão e limite
desta busca é a sua consciência. Trata-se de um “preocupar-se com o Absoluto, não como
encontro com ele, nem como Deus, mas com o Ser e o fundamento da realidade”. Ora, a religião
“aponta para além deste mundo empírico e de nossa vida, para uma realidade maior”, como uma
“seta” direcionada para o horizonte, buscando sempre algo que nós não compreendemos, mas
buscamos compreender. O senso religioso está ligado à própria razão humana e ao coração do
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
homem. A razão é exigência de um significado total. A razão se percebe insatisfeita até quando
não alcança um sentido total e infinito, a razão é abertura e tensão ao infinito. E ainda, a própria
razão percebe que deve afirmar a existência de algo maior que a si mesma, algo que é fonte de
tudo aquilo que existe e que é incomensurável com qualquer medida humana. O vértice da razão
consiste na percepção da existência do mistério. O mistério é percebido pela razão.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
Existe uma relação estabelecida entre Filosofia da Religião e a Teologia, como se costuma dizer
“a filosofia é serva da teologia”, o mesmo abrange a Filosofia da Religião. Partindo disso,
afere-se que “filosofia da religião é doutrina das funções religiosas e de suas categorias.
Teologia é apresentação normativa e sistemática da planificação concreta do conceito de
religião”. Não se trata de duas coisas semelhantes entre si, pois são disciplinas distintas. Uma
reflete sobre o homem e suas buscas pelo transcendente (a Filosofia da Religião) e a outra
apresenta o meio para pelo qual o homem irá manifestar sua religiosidade (a Teologia). O limite
da Filosofia é o transcendente, o qual ela não alcança, e este já é o campo da Teologia, que
proporciona a compreensão das doutrinas próprias da Religião em específico.
2.2 Filosofia da Religião e a Ciência da Religião
Ao confrontar-se a Filosofia da Religião com a Ciência da Religião, pode-se afirmar serem estas
mais semelhantes do que a própria Teologia com a Filosofia da Religião. Na verdade, elas
realmente são mais semelhantes, porém não são iguais. A Filosofia da Religião parte da
investigação de “si mesmo e do ser”. Ela busca compreender o mundo e seus fenômenos,
“lançando suas raízes no profundo da consciência humana” e sempre comprometendo-se com a
investigação criteriosa sobre a verdade e as causas; porém, não pressupõe dados revelados de
fé. Já a Ciência da Religião investiga a religião e toda a sua manifestação de forma empírica,
sem se questionar sobre a verdade ou as causas. Trata-se de uma investigação de cunho mais
científico e sistemático do fenômeno, como o próprio nome já identifica. Não é uma reflexão
filosófico-fenomênica, como a filosofia, e sim histórico-crítica, que tem em vista uma investigação
sobre os fatos reais ocorridos e comprovados e a análise das diversas manifestações religiosas,
partindo de uma “religião comparada” e pressupondo dados revelados de fé.
2.3 Filosofia da Religião e a Filosofia
Tornar-se-á algo muito estranho ter que colocar frente à Filosofia da Religião a própria Filosofia,
mas se se observar do ponto de vista da Filosofia, compreende-se que muitas vezes ela abre
mão do juízo das coisas sobre a religião. A Filosofia não tem como objeto de pesquisa a religião
como a Filosofia da Religião, mas o homem e a sua busca pelas causas primeiras. A Filosofia se
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
esquece de que o fenômeno religioso só existe a partir do momento em que o homem o cria. Se
o homem não buscasse “religar-se” com um Ser divino, que de algum modo foi afastado, a
Filosofia da Religião não existiria. O que acontece com relação entre a Filosofia da Religião e a
própria Filosofia é uma divergência simplesmente pelo fato do nome “religião”, em que a figura
divina apresentada pela religião é totalmente oposta à compreendida pela Filosofia tradicional.
Os pensadores se esquecem de que o fenômeno religioso é algo que surgiu muito antes do
próprio pensar filosófico: Como a religião é anterior à filosofia, a reflexão filosófica buscará refletir
sobre sua maneira de ser e sobre sua essência. Tal reflexão, porém, também terá
consequências, ou seja, a religião criticamente refletida. E ainda, A filosofia tem seus objetivos
em comum com a religião porque o objetivo de ambas é a verdade, no sentido mais alto da
palavra, isto é, enquanto Deus, e somente Deus, é a verdade. Em síntese, o religioso não seria
em nada diferente do filósofo, pois buscam a verdade última a cerca de todas as coisas, que
para o religioso é Deus. Assim, o religioso não passa de um filósofo que reflete sobre a fé. A
religião também faz parte da Filosofia, por isso a existência da disciplina Filosofia da Religião,
pois a religião está presente nas diversas ações do homem em seu quotidiano. Sendo assim, “a
religião é um dado que está ai e não se funda na filosofia”, mas se faz necessária da Filosofia
para melhor compreendê-la, como supracitado, a religião se torna “criticamente refletida”. Nela, o
homem busca compreender sua causa primeira e seu fim último, que é próprio da busca dos
filósofos, por mais clássicos que eles sejam. Trata-se da própria inquietação da alma humana,
que necessita cada vez mais de respostas sobre a sua existência e sua necessidade de viver em
comunidade.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
Como crítica à religião, entende-se não a “crítica” no sentido próprio da palavra, mas uma
reflexão sobre a religião no aspecto de avaliar conceitos e fenômenos de forma criteriosa, não
pensando diretamente em desmontar um sistema religioso, mas em criar uma dialética sobre os
valores do mesmo sistema. A crítica da religião, geralmente, possui a característica de afirmar
apenas aquilo que a religião não é; ou seja, basicamente, uma crítica ao conceito de religião, e
não ao Ser divino criador, visto que a busca pela causa primeira faz parte do homem, logo, ele
sempre buscará compreender algo que transcende ao seu entendimento.
Para iniciar a compreensão sobre o que consiste a Crítica da Religião, passar-se-á a observar os
principais filósofos críticos da religião. A partir do século XVII, momento da história que se
iniciam as crises de religião, o ateísmo, o indiferentismo e o agnosticismo. Assim sendo,
tornam-se essenciais, para a filosofia da religião, as críticas modernas: primeiramente, a de
Spinoza, na medida em que reduziu a religião à educação moral dos ignorantes; e, em seguida,
a de Kant, porque, acentuando a postura spinozista, deu-lhe o estatuto de sua crítica. Em outras
palavras, da imanência dogmática em Spinoza passamos à imanência crítica em Kant.
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suprassensíveis da alma, transcendentes. Ambas não se dominam, mas possuem uma relação
na qual se compreende uma ligação entre o ser e o pensar, na mesma razão. Trata-se da
relação entre o homem e Deus (religião) e entre Deus e o mundo (ciência). Em O Discurso do
Método, sua principal obra, Descartes pensava que poderia transmitir à filosofia a mesma
proposta que cabia à matemática possuir, isto é, clareza e segurança. O método que é
elaborado por Descartes é um postulado composto basicamente de análise, síntese e revisão.
Seu método parte de um elemento essencial, a “dúvida metódica”. Para o filósofo, deve-se iniciar
o pensamento acerca de um objeto com um questionamento, que consiste em não admitir nada
que não seja evidente, tendo em vista que a evidência apresentada por Descartes é sinônimo de
clareza e distinção do pensamento (dúvida metódica). Após esse primeiro aspecto, segue-se
para o segundo ponto, no qual ele orienta que o objeto do conhecimento seja dividido em partes
para melhor analisá-lo (análise). Tendo passado pela análise, é hora de reunir novamente essas
partes em um todo como uma síntese. Por fim, para que não haja erros, far-se-á uma revisão de
todo o processo percorrendo-o novamente. Pondo em prática todo esse método, Descartes
desenvolve a sua comprovação teórica da existência de Deus, visto que o filósofo busca
utilizar-se do racionalismo como fonte necessária para falar de Deus e da religião. Com efeito, “a
ideia de Deus é a ideia de um ser perfeito. Ora, o ser perfeito inclui todas as perfeições.
Considerando que a existência é uma perfeição, deve-se concluir que Deus existe”; e ainda,
tenho a ideia do ser perfeitíssimo em minha mente. Ora, essa ideia só pode ter sido colocada em
mim pelo próprio Deus. Logo, ele existe. Se não existisse teria de admitir que fui eu que coloquei
essa ideia em mim. Ora, isso parece impossível, pois se eu fosse capaz de colocá-la em mim
seria tão perfeito que, antes, me daria todas essas perfeições em lugar de referi-las a uma ideia.
Logo, deve-se admitir que Deus existe. A existência de Deus é, portanto, a segunda certeza de
Descartes.
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lida literalmente, os homens não a compreenderiam. Como saber se ela não se contrariaria?
Como por exemplo: Sempre que a Bíblia concordar com Aristóteles, o seu sentido é literal. A
eleição do povo hebreu como um único povo escolhido, excluindo totalmente a Salvação aos
outros e a questão de os profetas falarem em nome de Deus são elementos criticados pelo
filósofo, visto que as mensagens descritas na Bíblia são ambíguas, passíveis de interpretações e
foram escritas por pessoas primitivas no falar. Deus não se utilizaria deste tipo de pessoas,
senão ele seria muito inseguro. Para sair de toda a compreensão ambígua, Spinoza desenvolve
um Método de Exegese Bíblica, que é usado até hoje pelos exegetas, o Método Histórico Critico
(MHC), e o principal, desenvolve a aplicação do MHC de exegese Bíblica. Spinoza quer provar,
com isso tudo, que a religião não passa de uma Política das instituições religiosas, que querem
alienar a todos os seus seguidores. Jesus Cristo seria a “salvação dos ignorantes”. Segundo
Spinoza, a Bíblia deve ser interpretada à luz natural, não como “inspiração divina” ou
“imaginação humana”. Na busca pela Verdade contida na Bíblia, Espinosa conclui que os livros
da Escritura contêm a Palavra de Deus, mas que eles mesmos não são a Palavra de Deus. Seu
método crítico-histórico insere-se no movimento racionalista, mas não pode ser reduzido apenas
a uma tentativa de interpretação “naturalista”. É, antes, uma tentativa de lutar com as armas do
pensamento para assegurar as condições políticas, sociais e até religiosas da liberdade de
expressão e da busca da verdade.
Spinoza postula que a razão estabelece a existência da substância infinitamente infinita, isto é,
Deus, e a sua essência, um Deus imanente, e não transcendente, que, ao criar todas as coisas,
permanece nelas. Não se trata de um panteísmo, como costuma ser defendido na modernidade,
mas uma centelha de Deus. Esta ideia é apresentada por ele porque em tudo está contida a Lei
Natural, e se esta Lei provém de uma Lei Eterna, isto é, de Deus, logo Deus está em todas as
coisas. A religião serve apenas para instruir os ignorantes que não têm acesso às informações
filosóficas. Tudo que existe é a partir da Lei Natural. Acaso é necessário Deus reorganizar sua
própria Lei Natural, se Ele criou tudo de forma perfeita no Seu ato criador? Então, para o filósofo
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a ideia de milagre seria inconcebível, pois seria o mesmo que dizer que Deus está concertando
algo que Ele criou com defeito.
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que acreditam em vários deuses com limitações podem tranquilamente entender e aceitar um
Deus totalmente ilimitado. Entretanto, esse Deus infinito é muito difícil de ser acessado, visto que
só é revelado através das escrituras. Desta forma, a “idolatria” do politeísmo estaria de volta,
visto que os ignorantes buscam nos santos uma forma de se confortarem, assim passam a
cultuar mais os santos do que o próprio Deus. Por fim, o filósofo acredita que essas “idolatrias”
cairão à medida que as pessoas forem notando que essa forma de culto não as sacia como
deve, retornando assim ao Deus.
Ainda sobre a existência de Deus, Hume começa a escrever um Diálogo sobre a Religião
Natural, entretanto, ele não o completa, mas mesmo assim a obra é publicada postmortem.
Nessa obra, ele tenta, através de um diálogo, elaborar uma relação entre a religião e a moral e
diversos argumentos que comprovariam a existência de Deus, dentre eles: argumentos
teleológicos, argumentos cosmológicos e argumento do mal (teodiceia). Hume também trata dos
milagres, como fez Baruch Spinoza, isto é, ele entende que não há a possibilidade da existência
de milagres, visto que Deus não poderia reorganizar aquilo que ele já criou sendo perfeito. Seria
ou uma violação às leis da natureza, ou o próprio testemunho daqueles que atestam o milagre
seria algo falso. Sendo assim, é mais fácil acreditar no charlatanismo ou no falso testemunho do
que na existência do milagre.
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si, independente de nossas experiências, e o segundo trata-se da coisa como nós a conhecemos
ou como pensamos conhecer. Kant quer verificar quais são as ciências que realmente cumprem
o critério científico do juízo sintético a priori, chegando à conclusão de que somente a
matemática e a física cumprem o critério, a metafísica estaria de fora, como nos apresenta Zilles:
Segundo a metafísica tradicional, a razão busca três conhecimentos fundamentais: a) alma
(síntese das vivências subjetivas); b) o universo (síntese das vivências objetivas) e c) Deus
(síntese final e suprema).
Kant constata que nenhum desses objetos pode ser conhecido pela razão pura. Jamais se pode
chegar à coisa em si, apenas à coisa como ela aparece para mim, pois as categorias
apresentadas no juízo pertencem ao sujeito que observa e não a coisa em si. Destarte, Kant
começa a elaborar um novo momento para a ética e para a religião, já que a metafísica não seria
uma ciência verdadeira como as demais. A moral clássica estava baseada na condicional que
afirmava: "se queres ser feliz, deves fazer isto ou aquilo"; concepção com a qual Kant não
concorda. Ora, esse princípio deve ser substituído pelo imperativo categórico, isto é, o dever
pelo dever. Sendo assim o primeiro princípio da moral, o imperativo categórico, deve ser assim
formulado: “Age de tal modo que a tua lei possa ser universalizada”. Depois, Kant procura
recuperar, pela Ética, as verdades negadas na metafísica. Assim, a liberdade, a imortalidade da
alma e a existência de Deus serão postulados. Segundo Platão: “a coisa na minha cabeça”; para
Kant: “a coisa em si”, a realidade. A manifestação do noumeno à minha consciência, “a coisa
para mim”. O juízo sintético é o juízo a cujas conclusões não se chega apenas com as
proposições oferecidas por ele mesmo, faz-se necessária a experiência para saber a veracidade
da razão prática, isto é, são verdades necessárias para a ação moral, mesmo que teoricamente
não possam ser provadas.
Kant elabora uma obra que trata da religião e da revelação, A religião nos limites da Simples
Razão, na qual ele afirma que uma religião tem dignidade cultural e científica quando
corresponde às exigências da própria razão, no caso, da razão prática. Para o filósofo, por meio
da razão pura não se chega à ideia de Deus, chega-se a Deus através da razão prática. Porém,
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este Deus é aceito como um postulado da razão prática, sem o qual não existe a moral. A razão,
além de aplicar-se ao mundo sensível e finito, aplica-se a todas as coisas, também às realidades
metafísicas: ao mundo, à alma humana e a Deus. Dessa forma, pela razão pura não se pode
chegar à existência de Deus, pois no conceito de Deus não há elemento sensível que possa ser
apreendido pelas categorias “a priori” do conhecimento (juízos sintéticos a priori). O caminho
para chegar ao conhecimento da existência de Deus não é a teorética, mas a aporética. Deus é
um postulado da razão prática, para que exista uma moralidade. Para Kant, a religião é a
observância de todos os verdadeiros deveres e comportamentos divinos, ela é o reconhecimento
das leis morais como mandamentos divinos; logo, a religião não passa do conhecimento das leis
morais. A única diferença é que algumas pessoas conhecem as leis morais pela razão, e outras
como normas de Deus. Destarte, a religião se reduziria à moralidade. Tudo aquilo que concorda
com a razão (prática) pode ser acolhido, o que não combina com as exigências da razão prática
não pode ser acolhido dentre as religiões. O fato mais importante é que o cristianismo é o
sistema religioso que mais respeita todos os requisitos da razão, portanto, ele tem uma grande
dignidade cultural. Desse modo, ao passo que Kant exalta o cristianismo, introduz também os
elementos que o reduz. O problema em Kant é a filosofia, exatamente porque reduz à razão
natural, nega a categoria da possibilidade que é uma dimensão estrutural da própria razão
humana.
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Nietzsche parte do pressuposto de que todas as coisas, toda a realidade, devem ser
compreendidas na perspectiva do caos, da desordem, e não uma organização, um cosmos, que
limita todas as coisas, desenvolvendo, assim, a ideia da disputa de “poderes” entre o chamado
espírito apolíneo e o espírito dionisíaco. O espírito apolíneo, que é o espírito da beleza, da
ordem, da proporção, submeteu a si o espírito dionisíaco, que representa o instinto, o impulso, a
emoção. Sócrates e o Cristianismo seriam os expoentes máximos desse desequilíbrio, isto é, da
preponderância do apolíneo sobre o dionisíaco. O homem socrático, assim como o cristão, é
prisioneiro da racionalidade. Importa, pois, reverter essa situação. Na obra Assim falou
Zaratustra, o filosofo busca trazer a resposta sobre essa proposta de domínio do opressor, isto é,
da religião, sobre os fracos. Trata-se da libertação daqueles que se encontram cativos sob o
peso da moral e, por consequência, da religião. As metamorfoses propostas no livro representam
o processo e as imagens daqueles que estão atrelados à religião, propondo o meio de sair dessa
cadeia.
· O camelo: representa o homem fraco, oprimido pela moral e pela religião, que não consegue
por si só se libertar.
· O leão: representa o forte, o libertador e desmistificador da moral e da religião. (YHWH), o Deus
de Israel. Inspirada metaforicamente no profeta Zoroastro. Com a ruptura da metafísica
tradicional, perderam-se os valores da ética e da religião que estariam a ela atreladas. Assim,
não se tem mais a ideia de organização e sim do caos proposto por Nietzsche.
· O menino: representa o inocente, que ama a vida, símbolo do caos, da força vital e da
exuberância, que consegue observar o eterno retorno e nele aproveitar tudo o que a vida
propõe. Trata-se do novo homem. O menino representa a força da vida, o caos, o símbolo da
única vida que temos. E aqui surge o tema do eterno retorno. Voltaremos sempre a esta vida: a
esta sala, àquela teia de aranha, a esta mesma carteira, a esta cena eterna... Só a criança
pode amar isso, pois só vê isso. Mas quem conseguir amar o eterno retorno, amará a vida
como ela é ou como pode ser, e quererá voltar eternamente a este mundo, pois, na verdade o
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mito do eterno retorno é expressão do amor ao mundo: "Viva a vida", insistirá, com frequência,
Nietzsche.
Para Nietzsche, o novo homem só nascerá quando o libertador proclamar que “DEUS
MORREU”, pois desta forma morrerá toda a metafísica e, por conseguinte toda a estrutura da
moral e da religião, assim, o novo homem estaria livre para viver a vida, aproveitando o espírito
dionisíaco. O ideal, para ele, é o homem viver livremente e não oprimido, viver seus instintos e
emoções, mas para isso, deve-se eliminar a ideia de Deus, ou ao menos viver como se Deus
não fosse o fundamento das coisas, isto é, moral. Em outra palavras, morreu, na verdade o
Deus-fundamento, porque o sistema que o criou chegou ao fim, isto é, Nietzsche proclama, com
grande sensibilidade religiosa e moral, a morte de um Deus silencioso, distante, do Deus que
não está presente no homem, com quem este não pode mais relacionar-se. O homem novo
depende desse anúncio. O mundo moderno está cheio de ideias cristãs que enlouqueceram.
Deus não dialoga com o homem, justamente porque o homem não vive como se ele existisse. O
que Nietzsche quer defender com a proposta da morte de Deus é que os cristãos vivem como se
Deus estivesse morto, pois há uma decadência do sistema religioso e principalmente da própria
falta de crentes. As Igrejas se tornaram “túmulos de Deus” e junto com Deus foram ali enterrados
todos os pressupostos metafísicos (ética e religião). A proposta do filósofo é matar o “Deus” que
foi “criado e manipulado” pelo sistema religioso, não propriamente o Deus verdadeiro, e sim um
Deus que faz com que povos se matem e derramem sangue em seu nome ou que o sistema
finja que o prega “verdades”, mas o que querem é usá-lo para manipular os outros.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
quanto à verdade de seus argumentos. Para o psicanalista austríaco, que tinha a sua área de
pesquisa voltada para a histeria e a hipnose, nas experiências a respeito da histeria, por detrás
dela, sempre havia um transtorno sexual fundado em complexos passados. Em sua psicanálise,
Freud desenvolve a teoria de que as crianças já nascem com impulsos sexuais, mais
especificamente, eróticos. Para ele, a sexualidade infantil irá se desenvolver em três fases, a
saber: oral, anal e fálica. Todos os traumas da vida adulta irão depender de uma falha no
desenvolvimento de uma dessas áreas.
Na primeira fase, a fase oral, que se situa no primeiro ano de idade, a criança desenvolve o
prazer oral devido ao se alimentar no seio da mãe, aprender a colocar as coisas na boca e ainda
o chupar a chupeta ou o dedo.
Na segunda fase, a fase anal, que varia entre os dois e três anos de idade, a criança passa a
sentir prazer na evacuação, descobre-se independente nas suas necessidades fisiológicas.
Na terceira fase, a fase fálica, entre os quatro e cinco anos de idade, a criança nota a diferença,
ao observar as demais, em seu órgão genital. Nessa última, as meninas têm o costume de notar
a ausência do órgão genital.
Após a infância, o jovem passa por um processo também de transtornos sexuais, afirma Freud.
Para esse transtorno, Freud desenvolve em sua obra A Interpretação dos Sonhos (1899) que
todos possuíam algo de semelhante à história de Édipo Rei, isto é, os pais se tornam objetos de
libidinais dos seus filhos. O filho se interessa pela mãe e a filha pelo pai, gerando ciúmes e
rivalidades do filho para com o pai, entretanto, o EGO do menino, por medo, pois reconhece que
entre ele e o seu pai, o pai é o mais forte, se coloca em seu lugar dentro da família. O
pensamento de Freud se completa com a obra Totem e tabu (1913), na qual ele observa que
nas civilizações primitivas, o Complexo de Édipo era muito comum, pois os filhos dominavam as
mulheres das tribos e matavam os homens, no caso seus pais, para serem os líderes.
Entretanto, surge o ressentimento pelo ocorrido e faz com que ele crie objetos, isto é, totens
para um ser divino a fim de que ele se expiasse e, ao mesmo tempo, não seja punido pelo que
fizera. “Ela traz consigo essas tendências ao vir ao mundo e é desses primeiros germes que, no
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
curso de uma evolução plena de vicissitudes e com numerosas etapas, nasce a sexualidade dita
normal do adulto”. Baseado na tragédia grega de Sófocles. Freud em Totem e Tabu via no
sacrifício totêmico uma das formas coletivas de libertação do complexo de Édipo, do sentimento
de culpa. Pois nas sociedades primitivas os pais monopolizavam as mulheres. Os filhos
rebelaram-se e mataram o pai. Dominados pelo sentimento de culpa, procuraram redimir-se
criando o culto totêmico, que para Freud, é a forma mais primitiva de religião. Em síntese, a
religião é uma consequência da “neurose obsessiva universal” do homem para suprir o
sentimento de culpa que é totalmente psicológico. Destarte, A religião não tem feito homens
felizes. A religião é consequentemente neurose obsessiva: o neurótico não quer acertar a dura
realidade da vida e do mundo como é. É um pacto social, baseado na renúncia ao
comportamento instintivo. É o sentimento de culpa que origina a religião; tendo esta, portanto
origem totalmente psicológica. É o inconsciente, o irracional. A neurose é o mosteiro para o qual
costumam retirar-se aqueles que estão desiludidos da vida ou que se sentem fracos para
enfrentá-la. “O fundamento último da religião é o desamparo infantil do homem”. Desta forma, os
argumentos de Freud sobre a religião não podem ser considerados provas incontestáveis, além
do mais, o mesmo argumento usado por ele para se provar a existência da religião por questões
afetivas, também é usado com relação aos que não têm religião.
Freud, com a psicologia da religião, estaria entre a crítica da religião e a sociologia da religião “O
crente está ligado aos ensinamentos da religião por certos vínculos afetivos. Contudo,
indubitavelmente existem inumeráveis outras pessoas que não são crentes, no mesmo sentido.”
Sociologia da Religião proposta por David Hume anteriormente vista.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
forma caótica, como afirmava Nietzsche, pelo contrário, deve-se aceitar uma lei que organiza
todas as coisas. Caso contrário, de nada valeria a ciência e a experiência de causa e efeito. Por
exemplo: nem todos os aviões voariam, pois não existiria uma lei natural e física que os fizesse
voar, ou simplesmente, um avião poderia voar e outro não. A questão toda é: se existe uma
relação de causa e efeito, pressupõe-se uma causa anterior, primeira a todas as outras, esta
causa, para os teístas, denomina-se “Deus”.
1. A Fenomenologia
Quando se fala de Fenomenologia da Religião, está sendo posto em evidência a fenomenologia
propriamente dita. Por fenomenologia entende-se um método de filosofia que se propõe em
abordar o meio pelo qual se chega ao conhecimento. Partir-se-á da principal escola
fenomenologia, proveniente do pensamento de Husserl, a qual observa o fenômeno a partir da
redução fenomenológica, através da epoché (ἐποχή). Ela suspende o juízo sobre os principais
elementos do mundo exterior, a fim de que possa postular apenas o conhecimento particular de
cada indivíduo, buscando encontrar o objeto, a coisa em si para cada um, para assim reduzir o
objeto à ideia. Neste mesmo caminho segue a Fenomenologia da Religião, que busca chegar ao
conhecimento dos fenômenos religiosos não sobre um olhar religioso especifico, mas através de
uma redução fenomenológica, suspendendo determinados juízos a fim de chegar ao objeto de
conhecimento.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
Sobre o tempo, Eliade identifica, bem como o espaço, algo de sagrado e algo de profano, não é
homogêneo e nem contínuo, mas sim cíclico. O tempo sagrado é caracterizado por um tempo
que está fora do nosso tempo, reversível e primordial. Trata-se de um tempo fora da
temporariedade, um kairós, um tempo de festas. O tempo profano é o tempo dos atos religioso
individuais, isto é, o cotidiano que tem começo e fim, entretanto, se distingue do sagrado.
2.3 A Religião Cósmica
A natureza humana está repleta de valores religiosos, isto é, as ações religiosas que são feitas
pelo ser humano durante seu cotidiano e muitas vezes ele nem percebe. A natureza nunca é
natural puramente, ela é carregada de sentidos. Desta forma, “o mundo apresenta-se de tal
maneira que, ao contemplá-lo, o homem religioso descobre os múltiplos modos do sagrado e,
por conseguinte, do Ser”, que é Deus. O homem tem facilidade com o maravilhar-se de toda a
obra da natureza.
2.4 A Existência
O comportamento do homem religioso é o ponto principal abordado por Eliade, pois o homem
religioso está aberto ao mundo, por ele estar no mundo, como visto anteriormente. A existência
do homem religioso é “aberta” para o mundo; vivendo, o homem religioso nunca está sozinho,
pois ele participa do mundo. A abertura para o mundo permite ao religioso conhecer-se
conhecendo o mundo – e esse conhecimento é precioso para ele, porque é conhecimento
religioso, refere-se ao Ser. Essa abertura ao ser é o caminho da santificação da existência
humana. Diferentemente, o homem não religioso permanece centrado em si mesmo e não se
abre para o mundo; ele não observa no mundo o sagrado, que é uma característica típica do
homem moderno. “Para os modernos desprovidos de religiosidade, o Cosmo se tornou opaco,
inerte, mudo: não transmite nenhuma mensagem, não carrega nenhuma “cifra”.
Eliade cita, a exemplo deste tema da existência, os rituais sejam de passagem ou iniciação, que,
para o religioso sempre, têm um sinal de conversão, mudança ontológica (vida santificada); já
para o não religioso, são apenas momentos com algum significado próprio dos seus. O curioso é
que mesmo aos não religiosos a religiosidade ainda está presente, ainda que a neguem, o
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justificativas e o meio pelo qual o homem busca encontrar-se com o divino e que são inerentes a
si, isto é, as causas primeiras de sua busca.
A sociedade atual parece criticar os que são teístas e principalmente os cristãos, pois não
consegue considerar a figura de um Deus. Ao se abrir mão dos pressupostos religiosos e ficando
apenas com a filosofia, substitui-se a palavra “Deus” por “causa primeira”, como afirmara o
Aquinate: “Ad secundum dicendum quod forte ille qui audit hoc nomen Deus, non intelligit
significari aliquid quo maius cogitari non possit, cum quidam crediderint Deum esse corpus. Dato
etiam quod quilibet intelligat hoc nomine Deus significari hoc quod dicitur, scilicet illud quo maius
cogitari non potest; non tamen propter hoc sequitur quod intelligat id quod significatur per nomen,
esse in rerum natura; sed in apprehensione intellectus tantum. Nec potest argui quod sit in re,
nisi daretur quod sit in re aliquid quo maius cogitari non potest, quod non est datum a ponentibus
Deum non esse.” – Traduzindo: “Pode ser aquele que ouve a palavra de Deus a entende
significar algo que não pode ser maior, visto que alguns acreditaram que Deus é um corpo.
Admitido, também, que todos entendem que isso é significado pelo fato de que se diz ser o nome
de Deus, isto é, aquele do qual nada maior pode ser pensado, o que não é, entretanto, por
causa disso, segue-se que ele entende qual é o significado de uma palavra, estar na natureza
das coisas; Mas ele existe apenas. Nem pode ser argumentado que ele realmente existe, a
menos que seja admitido que realmente existe algo além do qual um maior não pode ser
concebido, que eu não foi dado a eles por aqueles que sustentam que Deus não existe.”
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religiosidade. E essa prática está totalmente vinculada ao diálogo entre o homem com a
divindade, sendo assim, o culto é indispensável.
A religião se manifesta pelo culto, tanto externo como interno. Assim, a riqueza do culto exprime
a riqueza das vivências e da própria manifestação divina. Mas a εὐδαιμονία (eudaimonía), isto é,
Bem Supremo, felicidade, talvez quem ouve o nome “Deus”, não entenda que se trate de algo
que não possa ser pensado maior, pois alguns acreditaram que Deus fosse um corpo. Mas
mesmo que todos entendam que este nome “Deus” signifique algo que não pode ser pensado
maior, isto não significa que entendam que o que é significado por este nome exista na
realidade, mas somente na apreensão da inteligência.
2. O Ser metafísico
Destarte, tendo encontrado o valor do culto na religião, observa-se a ciência do ente enquanto
ente, isto é, a metafísica. A final, o que tem haver a metafísica com o culto e a religião? De forma
alguma a metafísica é religião ou até mesmo ética ou quaisquer disciplinas filosóficas. Que se
pode avaliar é a busca do ser partindo destas disciplinas, no caso que convém, a metafísica da
religião. Pode-se então demonstrar que o homem é naturalmente religioso. O homem realiza
atos que são estritamente religiosos (pelas teses VIII-XI), ou seja, irredutíveis a qualquer outra
manifestação humana. Ora, como todo efeito há de ter uma causa proporcionada, deve-se
concluir que o homem é naturalmente religioso. Ademais, o homem tende, por natureza, ao
Sumo Bem, que é Deus, objeto da religião. Como nenhuma tendência da natureza pode ser
frustrada pela própria natureza, deve-se dizer que o homem tende a Deus e, consequentemente,
à religião. O fato é que, o homem ao realizar determinados atos, como fora analisado
anteriormente, explicitam um caráter de religiosidade, manifesto principalmente no culto onde o
homem busca chegar cada vez mais ao Bem Sumo que ele tende. Desta forma, retomam-se
todos os elementos apresentados na fenomenologia anterior, visto que a existência do homem
está intimamente ligada. Assim, “o ser que emerge como ato, e, portanto, como ato de todo
fenômeno, é o princípio que funda a metafísica da religião”.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
A religião é a santificação da vida, por isso sempre inclui uma ética, embora a ultrapasse. A vida
como um todo é suscetível de ser santificada: é imanente e transcendente, como o próprio Ser e
a vivência que dele temos. A vida, enquanto desenrolar da existência humana, é participação
que transcende a própria imanência em que ela se encontra. Na busca da santidade perdida e
de uma nova salvação para o homem, erra Spinoza, quando unifica o real através da imanência
do ser, porque a santidade é a aplicação que a alma faz de si mesmo, de seus pensamentos, de
todos os seus atos a Deus, portanto supõe a transcendência.
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Esta é a mais pura versão da verdade, a falta de conhecimento da filosofia, fez com que alguns
estudantes de teologia desprezassem a filosofia. Mas o seu sentido da filosofia é muito belo
– amor à sabedoria. Não devemos nós amar a verdadeira sabedoria? Não nos manda as
Escrituras buscar a sabedoria a qualquer preço? Bem-aventurado o homem que acha sabedoria,
e o homem que adquire conhecimento (Provérbios 3.13). Logo, de algum modo, a filosofia é
importante. Claro que a sabedoria bíblica difere da grega. Ela nunca foi especulativa, nunca
sondou certos assuntos que os gregos sondaram. A sabedoria hebraica era prática, relacionada
às questões mais imediatas da vida. Essa é apenas uma das diferenças. Há, porém, mais duas
diferenças essenciais e que precisam ser reconhecidas e levadas em conta, sempre que
procuramos nos aproximar da herança do pensamento grego.
Em primeiro lugar, na sabedoria bíblica, Deus é o centro. Ninguém que O ignore pode ser
considerado sábio. O verdadeiro conhecimento, a verdadeira inteligência, a verdadeira sabedoria
não apenas O incluem, mas começam Nele. O temor do Senhor é o princípio do conhecimento e
da sabedoria (Pv 1.7; Jó 28.28). Qualquer sabedoria que não comece nele será incompleta. Não
podemos negar que sempre houve na história homens sábios, mas aqueles que deixaram Deus
de fora foram deficientes em seus conhecimentos. Nada é completo sem Ele, nem a maior das
sabedorias. Quem diz que Deus não existe, é tolo (Salmo 14.1)
Em segundo lugar a sabedoria bíblica é fruto da revelação e não da mera capacidade humana de
raciocinar, de pensar, de deduzir. Destas [coisas divinas] também falamos, não com palavras de
sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina… (1 Co 2.13). De modo algum o
apóstolo Paulo era um ignorante da filosofia grega. De modo algum ele era ignorante quanto a
sabedoria humana, fruto da experiência e da vivência. Mas aquilo que ele estava expondo não
tinha origem no homem, mas em Deus.
Qualquer pessoa que queira estudar teologia e que se aproxime da filosofia tem que entender
muito bem a diferença entre ambas. Do contrário, estará tentando unir coisas de naturezas
diferentes como se fossem iguais. O híbrido que disso tem surgido não chega a ser filosofia, mas
com certeza é uma falsa teologia. Não revela a Deus e ao Seu plano, mas os esconde. Sem
dúvida, ambas possuem pontos convergentes. No entanto, ambas com certeza possuem pontos
divergentes e se esses pontos forem ignorados teremos distorções na compreensão da realidade
ao invés de um resultado coerente.
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O ser humano é um “animal em busca de respostas”. Respostas para perguntas que só ele faz.
Quem sou, de onde vim, para onde vou, que faço aqui. Muito cedo, senão todos, ao menos as
mentes reflexivas se deparam com essas questões e são essas que levam as pessoas para
muitos lugares e as levam a fazer inúmeras coisas. Não são as respostas que movem o mundo e
sim as perguntas. E quando lemos a Bíblia estamos em busca de repostas para elas, da mesma
forma que faziam os filósofos pré-socráticos quando contemplavam as estrelas nos campos da
Ásia Menor.
Com certeza, isto não torna as respostas da Bíblia iguais às respostas da filosofia. No entanto,
demonstram o mesmo ser humano igual em todos os tempos e lugares ansiando por entender o
significado de sua existência. A filosofia e a religião [teologia] lidam com as mesmas questões
básicas. Os cristãos, especialmente os cristãos evangélicos, tendem a esquecer disso. A filosofia
e a teologia não tratam de questões diferentes, embora deem explicações diferentes e usem
terminologia diferenciada.
Outro fato importante é que as filosofias têm se desenvolvido em sistemas complexos buscando
explicar tudo ao seu redor. E essas explicações diversas são abraçadas por um número cada vez
maior de pessoas. Muitas delas se oferecem como uma opção diante do cristianismo e seus
adeptos se apegam a elas, muitas vezes, com um fervor igual ou maior do que a uma religião.
Desse modo, temos vivido em um mundo onde o cristianismo não é unânime e onde diversas
correntes filosóficas disputam o espaço na ágora, querendo ser ouvidas não como uma ideia, mas
como uma verdade inquestionável. E nesse ponto, vem o conflito com o cristianismo, dentro das
salas de aula, nas academias, nos livros, na internet, na cultura de um modo geral. Conhecer tais
filosofias se tornou uma necessidade. Os cristãos têm tendido a desprezar o conceito de filosofia.
Esta tem sido uma das fraquezas do cristianismo evangélico ortodoxo – temos nos vangloriado
em nosso desprezo à filosofia e nos orgulhado excessivamente da condenação de tudo quanto
diz respeito ao intelecto. Nossos seminários teológicos dificilmente fazem qualquer relação entre a
sua teologia e a filosofia, principalmente no que diz respeito à filosofia contemporânea. Assim, os
estudantes formam-se nos seminários teológicos sem a mínima noção de como relacionar o
cristianismo às visões de mundo ao seu redor. Não que eles não saibam respostas. Pelo que
tenho observado (…) desconhecem as perguntas.
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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
A luta entre fé e razão não é nada nova. Vem desde os primeiros tempos quando o Evangelho
deixou o reduto hebraico e penetrou no mundo da cultura greco-romana. Paulo, ou
melhor Shaul, estava em Atenas, em pleno areópago, onde os dois mundos se encontraram. A
partir dali os grandes pensadores cristãos estiveram lutando ao longo dos séculos para conciliar
fé e razão. E na Idade Moderna, com a vinda do Iluminismo a razão divorciou-se definitivamente
da fé e a filosofia começou sua jornada solitária em conflito com todas as verdades trazidas pela
revelação. E então a filosofia tem escolhido seus próprios caminhos muitas vezes se recusando a
aceitar que existe uma revelação divina sem a qual, qualquer busca, por melhor que seja, será
“um cego procurando em um quarto escuro, um gato preto que lá não está”. Um ateu, diante
dessa frase, disse que “o teólogo é o cara que achou o gato”. Não. O teólogo sempre esteve com
o gato em suas mãos, porque com humildade aceita a revelação divina dada aos homens por
meio da inspiração das Sagradas Escrituras. E a partir dela formula as respostas que tanto a
religião quanto a filosofia buscam.
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Concluindo, estamos em um mundo que vai se tornando cada vez mais dominado pela academia.
E nem sempre essa academia é salutar. Ela foi dominada por ideologias várias e estranhas que
mergulham os homens no engano e na destruição. Nosso dever como teólogos verdadeiros e
expor falsas teologias e falsas filosofias. Isso é amor à verdade e amor aos que nem sempre são
aptos para discernir esses sutis enganos. Como dizia C.S. Lewis (alguém com uma mente
extraordinária, um conhecimento filosófico excepcional e um reconhecimento de que a
compreensão da filosofia é essencial para quem quer discernir a boa da má): “Ser ignorante e
inocente nesses dias – tornando-se incapaz de confrontar os inimigos em seu próprio território –
seria como lançar ao chão nossas armas e trair nossos irmãos de pouco formação, que não
possuem, abaixo de Deus, nenhuma defesa, exceto nós, contra os ataques intelectuais dos
descrentes. A boa filosofia tem de existir, se não houvesse outra razão, porque a má filosofia
precisa ser contestada”
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CONCLUSÃO DO CURSO
Como estudado, observamos que são inúmeras as teorias das buscas do homem por
compreender o transcendente. São tão vastas que se estendem até os nossos dias.
Porém, nosso intuito não se tratou de elaborar um longo e exaustivo trabalho, passando por toda
a história da filosofia para compreender o caráter religioso de cada pensador, e sim de buscar
identificar as principais características, dentro do pensamento filosófico, do fenômeno religioso.
Esperamos que este estudo tenha ajudado ao aluno a compreensão do quão importante é este
estudo tanto para o filósofo quanto para aqueles que advêm da religião, mostrando que o
entendimento é a melhor forma de nos adequarmos e buscarmos uma fonte segura onde
ancoraremos nossa fé e consciência.
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REFERÊNCIAS
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- PIPER, John e CARSON, D.A. O pastor como mestre e o mestre como pastor. S ão José dos
Campos: Fiel, 2011
- Créditos:https://plato.stanford.edu/entries/philosophy-religion/#ReliEpis
https://saberefe.com/categoria/teologia/filosofia
OBS:
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