HTP Pessoa
HTP Pessoa
HTP Pessoa
PESSOA
Drª. Daniela Heitzmann Amaral Valentim de
Sousa
[email protected]
A pessoa desenhada estimula mais associações conscientes
do que a casa ou a árvore, incluindo a expressão direta da
imagem corporal.
A qualidade do desenho reflete a capacidade do indivíduo
para atuar em relacionamentos e para submeter o "self" e as
relações interpessoais à avaliação crítica objetiva.
Este desenho desperta sentimentos tão intensos que
indivíduos paranóicos ou psicopatas podem se recusar
a fazê-los.
Com relação ao tema, este desenho pode motivar três tipos
de temas: o auto-retrato, o ideal do eu e a
representação de pessoa significativa para o sujeito
(pais, irmãos, etc.).
Auto-retrato:
Aqui temos o que o indivíduo sente ser. Com frequência no desenho da
pessoa se reproduzem com exatidão os contornos corporais (obesos ou
delgados), as áreas fisiológicas, como por exemplo, um nariz muito
comprido ou orelhas grandes, etc. Pessoas com Q.I. inferior em geral
reproduzem seus próprios traços corporais no desenho da pessoa
como se estivessem olhando para um espelho, isto é, que o que é da
direita coloca-se no lado esquerdo. Pelo contrário, a capacidade abstrata
permite a representação em imagem não especular.
Problemas fisiológico ou incapacidade física são representadas somente
quando tenham influído no conceito que o sujeito tem de si mesmo. Mas
também qualidades físicas são projetadas: ombros largos, musculosidades,
dotes artísticos, etc.
O eu psicológico pode e é projetado, mesmo que em discordância
(aparente) com o eu físico. Sujeitos grandes, fortes, podem fazer
desenhos pequenos, dependentes, etc. Do mesmo modo, as pessoas
agressivas podem desenhar delinquentes; pessoas com problemas mais
profundos podem desenhar sujeitos cambaleantes; pessoas com
sentimentos de impotência ou fraqueza podem desenhar sujeitos com
símbolos de virilidade (bigode, taco de beisebol, etc); o narcisismo pode
se manifestar no desenho de uma mulher que acaricia seu cabelo
enquanto dança, enfim, o auto-retrato pode tomar diferentes formas.
Ideal de Ego:
Os adolescentes com frequência desenham atletas musculosos em
trajes de banho e as adolescentes atrizes de cinema com vestidos
de festa, seus ideais. Alguns obesos podem desenhar pessoas
delgadas.
Pessoa Significativa:
De seu ambiente contemporâneo ou passado; aparece mais em
crianças do que nos adolescentes ou adultos. Em geral o desenho é
de uma figura parental, pela importância, que os pais têm na vida
dessas pessoas. Os adultos que assim desenham em geral se sentem
ou se encontram “manipulados” pelo passado, sem total
independência do controle paternal.
Cabeça: Área de contato social, centro da consciência.
Socialmente vemos que é importante ter “boa cabeça”, um
conteúdo intelectual. Área indicativa da capacidade pessoal e
também dos problemas psicológicos: “estar mal da cabeça”,
etc. Assim, “ter uma boa cabeça” é querer estar livre dos
conflitos e tensões; normalmente desenha-se a cabeça em 1°
lugar, o que é indicativo de normalidade psicológica, se é
desenhado no tamanho normal, proporcional ao desenho
como um todo.
Cabelos: Esfera da sexualidade; a ênfase quer seja na cabeça,
sobre a barba, peito ou no bigode é geralmente considerada
como uma indicação de pujança viril.
Rosto: Parte mais expressiva do corpo, o centro de comunicação
mais importante, o traço social do individuo.
Olhos: Órgão básico para o contato com o mundo exterior;
grande parte da comunicação social, que se atribui à cabeça se
concentra nos olhos. É o ponto principal da concentração do
sentimento do “eu”.
Nariz: Simbolismo sexual masculino.
Boca: Zona erógena, órgão de fixações precoces (dificuldades de
alimentação, distúrbio da fala, linguagem indecente, alcoolismo e
formas sutis de sadismo verbal).
Orelhas: Representam importante papel na economia vigilante do
corpo. Vista funcionalmente, a orelha é órgão relativamente passivo.
É pouco significativo, que o sujeito omita as orelhas, do que uma
parte mais ativa do corpo. No indivíduo paranóico, ou que sofre de
surdez adquirida, as orelhas constituem os principais órgãos de
concentração funcional. Frequentemente ocultas pelos cabelos.
Pescoço: Controla a organização corporal, serve como ligação
entre os impulsos vindos do corpo e o controle exercido pelo
cérebro.
Braços: Contato com objetos e pessoas, dominar as coisas e
produz. Confiança na própria produtividade e eficiência.
Mãos: Órgãos de contato e manipulação, instrumentos mais
refinado de movimento em direção ao ambiente. Ajustamentos
mais refinados e sensitivos ao ambientes com ênfase nas relações
interpessoais. Com os braços: Adaptação social.
Dedos das mãos: Pontos reais do contato (tanto positivo
quanto negativo). Sem a palma da mão: Realização infantil,
agressividade infantil.
Pernas: Estabilidade especial do corpo, contato com o
ambiente, partilham com a região inferior do tronco, na
esfera sexual.
Pés e dedos: Tocam o chão, podem ser desenvolvidos em
idéias de fobia a germes; são órgãos extensivos e
proeminente do corpo (conotações sexuais), dão passos, ato
de afirmação, sentimentos de mobilidade fisiológica e/ou
psicológica, na esfera interpessoal, ponto de contato “o estar
no mundo”.
Seios: É mais significativo no desenho de rapazes imaturos
emocionalmente e psicossexualmente quando os seios se
borram se sombreiam.
Ombros: Expressão de força física e de perfeição do corpo.
Quadriz e Nádegas: Atenção excessiva: Rapazes com
conflitos ou indicações homossexuais; nos desenhos de
mulheres de figura feminina pode indicar consciência de
poder que se relaciona com a capacidade funcional da pélvis.
Cintura: Serve para dividir o corpo em zonas, e
normalmente se indica com a representação da roupa.
Cintura detalhada e estática – Tendência do sujeito a
controlar as tensões.
Cintura apertada - Controle precário que se pode escapar
temperalmente.
Indicações Anatômicas:
Detalhes essenciais:
A pessoa deve ter uma cabeça, um tronco, duas pernas e
dois braços, a não ser que apenas um deles possa ser
visto ou que a ausência seja explicada de algum modo,
como por uma amputação, por exemplo.
Os traços faciais devem incluir dois olhos, um nariz, uma
boca e duas orelhas, a não ser que a posição
seja tal que as orelhas não possam ser vistas, ou sua
ausência seja explicada verbalmente como por uma
mutilação.
Considera-se que a cabeça representa a área de
inteligência, controle e fantasia.
Os olhos, receptores de estímulo visual, são talvez os
detalhes mais reveladores da constelação facial. Eles são
normalmente os primeiros detalhes faciais desenhados
pelas crianças pequenas.
Olhos desenhados como buracos ocos, sem nenhuma
tentativa de indicar a íris ou a pupila, implicam uma forte
evitação de estímulos visuais desagradáveis (Figura 8c).
Um indivíduo exprimiu uma tendência de excluir
estímulos visuais e procurar satisfação na fantasia
desenhando os olhos de sua pessoa virados para dentro.
No Inquérito Posterior ao Desenho, ele comentou que
estava olhando a si mesmo pensar.
Omissão completa de olhos é patológica e deve se
suspeitar da presença de alucinações visuais.
Omissão das orelhas pode indicar a presença de
alucinações auditivas, embora as orelhas sejam
frequentemente omitidas por indivíduos retardados e por
pessoas bem ajustadas.
A boca, presumivelmente a receptora das sensações mais
precoces de prazer, pode também ser um instrumento de
agressão; esta probabilidade é aumentada com a presença
de dentes. Acredita-se que o queixo seja um símbolo de
masculinidade.
O tronco é a sede das necessidades e impulsos físicos
básicos; a ausência do tronco implica a negação de
impulsos corporais (figura 5c).
Os ombros expressam o sentimento do indivíduo de
força básica ou poder.
Ombros bem desenhados, nitidamente arredondados,
implicam uma expressão de poder bem
equilibrada,branda, flexível e estável.
Ombros claramente quadrados conotam atitudes hostis e
demasiadamente defensivas (Figura 11 c).
Os braços são vistos como instrumentos de controle ou
para fazer mudanças no ambiente.
A omissão dos dois braços implica um forte sentimento
de inadequação; tendências suicidas podem estar
presentes e deve-se suspeitar de um forte temor de
castração.
Esquizofrênicos tendem a desenhar braços que se
parecem com asas, com penas curtas e largas em vez de
dedos.
Desenhar a parte inferior do tronco - o local dos
impulsos sexuais - causa grande dificuldade para muitos
indivíduos desajustados.
A incapacidade de fechar a base da pélvis é um forte
indicador de patologia.
As pernas, como os instrumentos do corpo para
locomoção, podem ser consideradas como representando
a visão que o indivíduo tem de sua autonomia dentro do
ambiente.
A ausência de pernas sugere fortes sentimentos de
constrição e provavelmente preocupações igualmente
fortes de castração.
Detalhes
Detalhes irrelevantes:
Objetos desenhados normalmente têm uma relação íntima
com o indivíduo e servem para indicar o que a pessoa
desenhada está fazendo.
Um cachimbo, charuto ou cigarro podem indicar um
erotismo oral moderado.
Bengalas, espadas e outras armas implicam a presença de
tendências agressivas e também podem ter associações
fálicas para o indivíduo.
Dimensão do detalhe: Uma "figura palito" unidimensional, às
vezes, é desenhada por indivíduos deficientes mentalmente
ou com lesões orgânicas.
Quando dedos unidimensionais forem desenhados
encerrados por uma linha estão implícitos esforços
conscientes para suprimir impulsos agressivos
Sombreamento do detalhe: Pelo sombreamento de todo
o tronco da pessoa, o indivíduo pode mostrar que o
corpo está vestido.
O sombreamento parcial com uma série de linhas
cruzando as pernas podem sugerir uma roupa.
Mãos fortemente sombreadas são consideradas
características da culpa masturbatória, mas, como essa
culpa é comum e mãos sombreadas não, estas não devem
ser interpretadas rotineiramente desta maneira.
Detalhes
Sequência do detalhe: Em muitos casos, a pessoa é iniciada pelo
desenho da cabeça, das características faciais (olhos, nariz etc.),
pescoço, tronco, braços (com dedos ou mãos), depois as pernas e
pés (ou pernas, depois braços).
Uma sequência patológica será vista quando o indivíduo começar
desenhando um pé e fizer a cabeça e as características faciais por
último.
O adiamento da representação das características faciais pode
refletir uma tendência para negar os receptores de estímulos
externos ou um desejo de postergar a identificação da pessoa
pelo máximo de tempo possível.
Desenhar os dedos ou a mão por último, ou quase por último,
reflete uma relutância acentuada para estabelecer contatos
íntimos e imediatos com o ambiente, às vezes, determinada por
um desejo de evitar sentimentos reveladores de inadequação.
Ênfase no detalhe: A ênfase exagerada no nariz sugere
preocupações fálicas e possível temor da castração
(Figura 12c).
A ênfase excessiva nas orelhas ocorre usualmente em desenhos de
indivíduos paranoicos. Esses indivíduos podem estar expressando fortes
desejos para ouvir distintamente aquilo que eles sentem que os outros
estão dizendo sobre eles.
Pouca ênfase nas orelhas pode indicar um desejo de
impedir a entrada da crítica.
A ênfase exagerada no queixo implica a necessidade de
domínio social;
Pouca ênfase indica um sentimento de impotência
social.
A linha da cintura pode ser considerada a coordenadora
dos impulsos de poder (parte superior do tronco) e dos
impulsos sexuais (parte inferior do tronco).
Ênfase exagerada na cintura, normalmente expressa pela
dificuldade em desenhar um cinto ou por um cinto muito
sombreado, implica forte conflito entre a expressão e o
controle dos impulsos sexuais.
Ênfase nos joelhos ou nas nádegas de uma pessoa
masculina desenhada por um indivíduo do sexo masculino
pode indicar a presença de fortes impulsos homossexuais.
Muito detalhamento dos pés, como atenção minuciosa aos laços do
sapato, aos dedos do pé, etc., sugere características obsessivas com
um forte componente narcisista-exibicionista.
A ênfase em certos itens da roupa parecem ter
implicações específicas. Muita ênfase no cinto implica
preocupação e interesse sexual excessivo.
Muita ênfase na gravata conota preocupação fálica e
sentimentos de impotência.
Uma multiplicidade de botões sugere regressão ou,
quando desenhada por uma criança, forte dependência à
mãe.
Qualidade da Linha: Ênfase nas linhas periféricas da
cabeça sugere fortes esforços para a manter o controle
frente a fantasias perturbadoras e ideação obsessiva ou
alucinatória.
Adequação da Cor:
Fernando, 13 anos
Ele foi abusado pelo seu pai desde cedo, e agora mora com a mãe,
que conseguiu fazer ele se recuperar bem. Ele desenhou o pai como
um demônio em um bar, bebendo cerveja e jogando em caça-níqueis.
Os riscos saindo do demônio representam o cheiro de álcool. Fernando
sente raiva quando mencionam o pai perto dele.
Andreu, 8 anos
Foi abusado pelo padrasto desde os 4 anos. No desenho,
ele representa ele mesmo em pânico e dá atenção especial
ao zíper da sua calça e os botões de sua camisa. Para ele,
isso representa um símbolo de quando os atos sexuais
iriam começar.
Miriam, 9 anos
Sofreu abuso psicológico. Sua mãe chegou na Espanha com
15 anos de idade e grávida dela. Ela era uma minoria racial
por lá e sofreu abusos dos colegas de classe por conta de sua
etnia. Ela é a menor pessoa do desenho, que está envolvida
com alguma coisa, representando sua solidão. No canto, ela
tinha escrito “me sinto sozinha” mas apagou porque tem
vergonha.
David, 8 anos
Ele sofreu abuso sexual. No desenho, ele destaca os olhos e o
pênis do agressor.
Ele escreve também “marica” e “chupa-rolas”. O agressor falava
isso enquanto o estuprava.
Ester, 9 anos
Ela desenhou a posição que tinha que ficar quando o
seu pai abusava dela.
Toni, 6 anos
O especialista pediu pra ele desenhar o cara que abusou
dele.
Ele disse “é um monstro”. Destacou o pênis ejaculando.
Victor, 7 anos
Ele era obrigado, aos 4 anos de idade, a fazer sexo oral
no seu pai.
A linha que sai da boca dele e vai até o pênis do pai
representa a sua língua.
Vocabulário ilustrado dos afetos emparedados (PIZÁ, 2004) – Crianças que sofreram
violência e seus desenhos
OBRIGADA!!!