Dissertação Danças Circulares ESP
Dissertação Danças Circulares ESP
Dissertação Danças Circulares ESP
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO HUMANO E TECNOLOGIAS
Rio Claro – SP
2022
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
unesp INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO HUMANO E TECNOLOGIAS
Dissertação apresentada ao
Instituto de Biociências do Câmpus
de Rio Claro, Universidade
Estadual Paulista, como parte dos
requisitos para obtenção do título
de Mestre em Desenvolvimento
Humano e Tecnologias.
Rio Claro – SP
2022
Menezes, Potyra Curione
M543f Focalizadores(as) de Danças Circulares Sagradas no Brasil
em seus processos de form(ação) / Potyra Curione Menezes. --
Rio Claro, 2022
127 p. : fotos
Milan Kundera
RESUMO
The Sacred Circle Dances (SCD) are expressive manifestations experienced in circles.
This circular arrangement generates an intensification field that affects people both
subjectively and collectively. It is in the middle of this intensive context that the SCD
teacher is evident as the one who not only conducts the circle, but who also has the
function of "putting and sustaining the focus", that is, to contribute to the intensification
of this expressive experience. Thus, in view of this pulsating space of intensification of
the experience in circles, this research has intended to look towards the processes of
SCD teachers’ form(action) in Brazil. In this perspective, we have sought to enter a
reflective level that intends to observe possible resonances between the bodily and
collective experience installed in this practice and the subjectivation processes of these
teachers. As a theoretical starting point, we have sought the aesthetics of existence,
observed in Foucault, to adjust the investigative look towards practices that intensify
our experience of the self, developing ways of being and acting in the world. Therefore,
we have asked: how the relational dynamics of the SCD can offer powerful spaces for
meeting the forces that intensify our experience of the self? How can the SCD practice
mobilize the Subjectivation and Educational Background processes of SCD teachers?
In the dimension of procedures, we have sought inspiration in Cartography – in the
context of intervention-research – to conduct eight interviews with SCD teachers in
Brazil. From the interviews, we have revisited the experiences lived by them to think
about how the cultivation, delivery, and full disposition with the SCD offer powerful
spaces for intensifying the experience of the self, in the relationships established
among the body itself, the space and the others in the dynamics of the dance made in
a circle. To evidence this analytical domain immersed at several levels of the body
relationship, we have resorted to the studies of expressiveness, in Laban, which has
made the composition of inflections about the body in movement constituted between
the dimension of sensibilities and the dimension of the sacred possible. This
composition has opened the way for the visualization of a certain aesthetics of
existence only tangible by the SCD teachers in the intensification of these relational
dynamics in course along their Subjectivation and Educational Background processes.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................10
3 (IN)TENSÕES DE PARTIDA..........................................................................17
7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................40
7.2 As entrevistas....................................................................................44
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................113
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................116
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS....................................................................122
ANEXOS..........................................................................................................123
1 INTRODUÇÃO
Estamos especialmente em um tempo em que o corpo não passa de um
objeto1: de desejo, fútil, de estética estéril, de uso meramente utilitarista, além
de fragmentado. Ou o cultuamos – e vale qualquer sacrifício para mantê-lo nos
padrões socialmente “aceitos” – ou o ignoramos como se não tivesse importância
em cuidá-lo.
Assim, entre a idealidade e a inércia, perdemos a conexão com aquilo que
tensiona em nós, e que nos convoca a viver mais intensamente, dando vazão à
nossa potência criativa e inventiva.
Antes de prosseguir nesta escrita, permita-nos refletir mais amplamente
acerca desse “algo que tensiona em nós” acima citado, pois é desse lugar
“tensional”, que pulsa o movimento de partida que instiga essa pesquisa.
Geralmente, o termo “tensão” é utilizado para delinear um estado de
preocupação, ansiosidade e sobrecarga, que aponta para um certo desequilíbrio
e/ou instabilidade física e/ou mental. Neste sentido, a tensão comporta uma
conotação negativa para as pessoas em geral. No entanto, não é bem essa
conotação negativa que queremos aqui recuperar!
O que nos interessa afirmar é a dimensão provocativa do termo “tensão”,
que convoca à desacomodação e ao pensamento pautado na diferença. Neste
sentido, a palavra “tensão” sugere uma inflexão da expressão “intensidade”,
amplamente observada na filosofia, a qual se refere à dinâmica dos fluxos que
passam em nossas relações com o mundo e que nos fazem sentir, delimitando
os limites próprios da sensibilidade (Deleuze, 2006). Assim, o termo “tensão”,
aqui afirmado, busca se ocupar com aquilo que abala o sensível e que torna
possível a composição dos sentidos, e, por isso, oportuniza o despertar da
memória que força o pensamento a pensar.
Mas como mobilizar essa dimensão intensiva da vida?
É preciso salientar, desde já, que não existe uma resposta cabal para essa
pergunta, haja vista que a experiência que intensifica a existência nunca pode
ser dada de antemão, como regra geral ou princípio universal de ação, o que
1
Castro (2007, p. 30) defende que "o culto ao corpo é, hoje, preocupação geral, que atravessa
todos os setores, classes sociais e faixas etárias, apoiado no discurso da estética e da
preocupação com a saúde".
11
2
Sobre o termo “multiplicidade” entende-se que no “agenciamento sujeito-mundo”, (...) “o sujeito
‘deixa de ser sujeito’, pois é atravessado e povoado pelos múltiplos fluxos que o tornam portador
de uma multiplicidade experiencial.” (HUR, D. U, 2013, p. 183)
12
aguardava...
13
Havia umas vinte camas, cada uma destinada a uma de nós. Sobre
partes deste nosso imenso país e até de uma estrangeira... Como era
encantos, frustrações...
14
abriam numa dança que fluía de dentro para fora e de fora para
em DCS, que meu corpo foi tomado por uma potência gigante através
maior do que foi. Tenho certeza de que saí daquele “oásis” e voltei
Quando saí, não sabia o que fazer com tudo aquilo que
3 (IN)TENSÕES DE PARTIDA
Com a narrativa de encontro com as DCS registrada na seção anterior,
deixo claro, enquanto pesquisadora, que ingresso dentro desta ação
investigativa totalmente imersa e encharcada das intensidades que me atam a
essa prática. Tal constatação precisará reclamar por uma metodologia que
suporte essa outra disposição investigativa – e falaremos disso em outro
momento mais oportuno3. Por hora, o que importa é delimitar nossas (in)tensões4
de partida, de modo a evidenciar as questões que acossam em mim,
convocando-me ao pesquisar.
Digo (in)tensões, justamente para trazer uma distinção do termo
“intenção”, que é operado no domínio da inteligibilidade racional e objetiva5
(Kastrup, 2009). Com o termo “(in)tensões”, o que interessa demarcar é que o
que me move à pesquisa não é uma mera vontade intelectual, racional e objetiva,
mas sim uma demanda visceral que implica corpo amplamente, reclamando pela
prática que tensiona em mim e assim, flui:
3
Para saber mais, veja a seção 8 deste trabalho.
4
Para o sentido de tensão, ver a Introdução deste trabalho p. 9.
5
Diferente das metodologias de pesquisa tradicionais, as quais se organizam ao redor de um
ideal de inteligibilidade cognitivista que legitima a lógica da ciência moderna, ao reiterar a
necessária relação de oposição e assimetria entre pesquisador e pesquisados, sem a qual não
se sustenta a composição de conhecimentos neutros e imparciais, a cartografia – abordagem
através da qual estaremos operando esta pesquisa - não visa isolar o objeto de suas articulações
históricas nem de suas conexões com o mundo. Ao contrário, o objetivo da cartografia é
justamente desenhar a rede de forças à qual o objeto ou fenômeno em questão se encontra
conectado, dando conta de suas modulações e de seu movimento permanente, no qual o
pesquisador também se encontra implicado. Para isso é preciso, num certo nível, se deixar levar
por esse campo coletivo de forças, afetando-o, ao mesmo tempo em que também se vê afetado
por esse campo, sem apegos (Veja mais na seção 8 deste trabalho).
18
6
A partir de maio de 2018, comecei a realizar uma roda aberta de DCS por mês na Floresta
Estadual Navarro de Andrade, Rio Claro, SP. Ficamos em suspenso o ano de 2020 e quase o
ano todo de 2021, retomando a partir de novembro de 2021.
20
7
Essa discussão acerca da palavra “focalizador” é desenvolvida no vídeo intitulado: Quais as
dicas para um focalizador de danças circulares? Publicado pelo canal Consciência Próspera.
Coluna: Danças Circulares. Apresentado por Renata Ramos. [S. L.} Direção e Edição por Samuel
Souza de Paula. 1 vídeo (8:42). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=RQoHsgN0TiY Acesso em: 05/04/2021.
8
Ibidem.
21
9
Ao longo deste trabalho, as referências bibliográficas e audiovisuais abordadas serão
devidamente apresentadas.
23
10
Segundo Couto (2008, p. 12 e 13): “A dança deixa marcas de sua passagem na história da
humanidade desde nossas origens. Os mais antigos documentos coreográficos revelam a dança
como primeira manifestação lúdica e expressiva da arte humana. Esses registros do
comportamento humano emergem vivos há mais de trezentos séculos, conforme adverte o
folclorista e escritor Câmara Cascudo (2004).”
24
11
A Comunidade de Nazaré Paulista é, hoje, conhecida como UNILUZ.
12 As Danças da Paz Universal surgiram nos Estados Unidos no fim da década de 60, início da
década de 70, criadas por Samuel Lewis, místico, Mestre Zen, Mestre Sufi, profundo conhecedor
e estudioso das religiões, ativista de Paz, que abdicou de sua promissora carreira profissional
como herdeiro de importante família americana para se dedicar ao misticismo e à espiritualidade,
assuntos que o atraíam desde criança. Disponível em:
http://dancascirculares.com.br/blog/dancas-da-paz-universal/ Acesso em: 17/04/2021.
28
13
Hoje, de acordo com o site brasileiro de DCS (www.dancacircular.com.br), há mais de 650
focalizadores(as) de todos os estados brasileiros que estão cadastrados, além dos estrangeiros.
Acesso em: 10/03/2021.
14
Quando dizemos “institucionalizada” não estamos dizendo que os cursos de formação em DCS
sejam hoje realizados em escolas ou institutos credenciados para isso, mas que a partir de 2003
passam também a serem realizados por focalizadores(as) brasileiros(as) e vão se tornando cada
vez mais procurados, por aqueles(as) que pretendem ser focalizadores(as) de DCS.
29
15
Disponível em: www.dancacircular.com.br Acesso em: 10/03/2021.
31
16
Discorreremos sobre isso mais adiante nas nossas análises na seção 4.3.
34
17
Projeto de extensão “Dança Vida Educação”, dirigido a educadores em exercício e em
formação (curso de Pedagogia e Licenciaturas), durante o ano de 1999. (OSTTETTO, 2006 p.
49)
18
Centro de Educação - Universidade Federal de Santa Catarina (1995-2012). (OSTTETTO,
2006).
35
19
Esse "si mesmo" refere-se a uma reflexibilidade, isto é, um retorno, uma conversão de si sobre
si mesmo. E deve ser entendido como prática, ou seja, como “uma maneira de se relacionar
consigo mesmo para se constituir, para se elaborar” (GROS, 2008, p. 128). Na leitura de
Foucault, esse "si mesmo" esteve em curso na espiritualidade antiga, daí ele ter operado seu
esforço genealógico na busca por esse princípio de ação. Para tangenciar esse "si mesmo",
seguindo a genealogia Foucaultiana, será preciso desnaturar aquela identidade estática tão
intimamente incrustada em nós pela moralidade cristã e pela lógica da modernidade. Tal
identidade estática insiste em recobrir, reprimir, tolher e moldar nossa identidade aos olhos do
“conhece-te a ti mesmo”. Assim, sob o enfoque do conhecimento de si, em detrimento do
cuidado, renunciamos a nós mesmos, em função da legitimação da moralidade cristã e da lógica
do discurso científico, tal como é talhada na modernidade. Nos domínios de "si mesmo" rompe-
se com as tramas do conhecimento devido de si, na busca por uma intensificação da presença
para si mesmo, como diria Gros, apoiado em Foucault. Nestes termos, o "si mesmo" aqui
reiterado seria "... um exercício de concentração de si sobre si mesmo, não para se oferecer
como objeto de observação introspectiva, mas para que seja possível um acompanhar-me."
(GROS, 2008, p. 130). Neste sentido, este "si mesmo" refere-se a um “permanecer totalmente
presente a si mesmo”, (...) refere-se a um “estar completamente atento às suas próprias
capacidades. Este conhecimento de si não divide interiormente o sujeito segundo o fio do
conhecimento (sujeito que observa/objeto que é observado); ele é, antes, da ordem de um
esforço de vigilância que intensifica a imanência a si mesmo” (GROS, 2008, p. 131).
36
20
Sobre essa questão, Foucault chega a dizer que os gregos “(...) se chocaram contra tudo aquilo
que acredito ser o ponto de contradição da moral antiga: entre, de um lado, esta busca obstinada
de um certo estilo de vida e, de outro, o esforço para torná-lo comum a todos, estilo do qual eles
se aproximaram, sem dúvida mais ou menos obscuramente, com Sêneca e Epícteto, mas que
só encontrou a possibilidade de se investir no interior de um estilo religioso. Toda a Antiguidade
me parece ter sido um ‘profundo erro’ (2006, p. 254). Por outro lado, Foucault demarca que “(...)
não se deve desconhecer o que pode haver de continuidade, cuidadosamente mantida, e,
também, de reativação voluntária, nesse pensamento dos primeiros séculos, tão
manifestadamente inspirado pela cultura clássica (2005, p. 233), e que, portanto, pode-se
reconhecer no curso da história “o desenvolvimento de uma arte da existência dominada pelo
cuidado de si” (FOUCAULT, 2005, p. 234).
37
21
Chaves e Ratto (2018) apresentam em seu artigo intitulado “Fronteiras da formação em saúde:
notas sobre a potência da vulnerabilidade” um questionamento em relação à doença enquanto
potência de vida pautado nos pensamentos de Guattari e Rolnik (1999) que vão na direção do
conceito de vulnerabilidade. Segundo Rolnik (2006, p.2 e 3) “a vulnerabilidade é condição para
que o outro deixe de ser simplesmente objeto de projeção de imagens pré-estabelecidas e possa
se tornar uma presença viva, com a qual construímos nossos territórios de existência e os
contornos cambiantes de nossa subjetividade. Ora, ser vulnerável depende da ativação de uma
capacidade específica do sensível (...)” que “(...) nos permite apreender o mundo em sua
condição de campo de forças que nos afetam e se fazem presentes em nosso corpo sob a forma
de sensações.” A essa capacidade ela denominou de “Corpo Vibrátil”.
22
Chaves e Ratto (2018, p. 190) trazem uma reflexão interessante, a partir do pensamento acima
já mencionado de Guattari e Rolnik no que se refere à saúde, para o campo da educação, bem
como pautada no pensamento de Deleuze (1991): “Educar na perspectiva do acontecimento,
diferentemente de conformar uma subjetividade aos modelos ideais estabelecidos, consiste em
abrir a subjetividade à afecção pelo mundo, numa aposta nas forças ativas do próprio mundo
como potência transformadora. Trata-se de abertura ao devir criador das formas, e não à
formação pautada pelo dever ser moral. A educação passa a ser entendida como exercício de
vulnerabilidade, de abertura às forças do acontecimento, capazes de desfazer a organicidade
dos territórios existenciais, forçando-os à diferenciação. A aprendizagem se dá quando
conseguimos romper com as amarras institucionais, por linhas não formais, por fatores de
exposição à diferença.”
39
7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta seção, seguiremos na dimensão dos procedimentos metodológicos
como um espaço de composição entre estudos, devires, pesquisa e práticas
envolvendo as Danças Circulares Sagradas.
23
Para uma reflexão entorno do fazer pesquisa tomado por uma atitude cartográfica, trazemos
uma apresentação de Deleuze sobre sua proposição acerca da imagem do rizoma: “...
diferentemente das árvores ou de suas raízes, o rizoma conecta um ponto qualquer com outro
ponto qualquer e cada um de seus traços não remete necessariamente a traços de mesma
natureza; ele põe em jogo regimes de signos muito diferentes, inclusive estados de não-signos.
(...) Ele não é feito de unidades, mas de dimensões, ou antes de direções movediças. Ele não
tem começo nem fim, mas sempre um meio pelo qual ele cresce e transborda. (...) o rizoma é
feito somente de linhas: linhas de segmentaridade, de estratificação, como dimensões, mas
também linha de fuga ou de desterritorialização como dimensão máxima segundo a qual, em
seguindo-a, a multiplicidade se metamorfoseia, mudando de natureza”. (DELEUZE; GUATTARI,
1995 p. 31).
43
7.2 As entrevistas
Assumida essa atitude cartográfica, é preciso que situemos a posição da
“entrevista cartográfica”. É interessante perceber que a “entrevista cartográfica”,
na realidade, não existe, o que existe é “um manejo cartográfico da entrevista”
(TEDESCO, SADE e CALIMAN, 2013, p.301), o qual suscitará escolhas de
acordo com cada situação. Lembrando que, se o que se pretende na pesquisa
cartográfica é acompanhar processos, na entrevista não se busca o conteúdo da
experiência.
1997, apud HUR, 2013) entende a memória como um movimento que está em
construção e não como algo restituído. Segundo Hur (2013), remetendo-se ao
pensamento de Deleuze sobre a memória, “não se trata de buscar uma origem,
mas sim a avaliação dos deslocamentos de um mapa a outro.” (HUR, 2013, p.
180).
Nesta ótica, percebe-se que Deleuze traz uma outra visão para se
compreender o tempo que não por sua comumente linearidade, mas por “saltos,
acelerações, rupturas e diminuições de velocidades” (GUALANDI, 2003, p. 71,
Apud HUR, 2013, p. 180). Então, se tem “não uma ordem do tempo, mas
variação infinita, nem mesmo uma forma de tempo, mas um tempo informal,
plástico” (PELBART, 2004, p. XXI, Apud HUR, p. 180).
24
Os entrevistados receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
explicando sobre o projeto e sobre a entrevista, e este foi enviado juntamente com o projeto para
o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto de Biociência da UNESP de Rio Claro, o qual
nos deu o parecer de aprovação. (Vide anexo A deste trabalho)
25
Vide anexo B deste trabalho.
26
O conceito de dispositivo atravessa grande parte dos estudos Foucaultianos. Podemos encontrá-lo em
entrevista dada à International Psychoanalytical Association (IPA), (FOUCAULT, 2000, p. 244 -
Apud MARCELLO, 2004, p. 200).
47
27
DELEUZE, em uma conversa com FOUCAULT, afirma que "uma teoria é como uma caixa de
ferramentas... E preciso que sirva, é preciso que funcione". Elas são "como óculos dirigidos para
fora e se não lhe servem, consigam outros, encontrem vocês mesmos seu instrumento, que é
forçosamente um instrumento de combate" (DELEUZE apud FOUCAULT, 1979:71). Numa
entrevista ao 'Le Monde', Foucault faz uma afirmação semelhante, ao comentar sobre seus livros:
"todos os meus livros, seja a Historic de la Folie, seja este (Vigiar e Punir) são, se você quiser,
caixinhas de ferramenta. Se as pessoas querem abri-los, se servir dessa frase, daquela ideia, de
uma análise como de uma chave de fenda ou uma torquês, para provocar um curto-circuito,
desacreditar os sistemas de poder, eventualmente até os mesmos que inspiraram meus livros...
pois tanto melhor" (FOUCAULT, 1990:220). A fonte de inspiração de ambos pode ser encontrada
em WITTGENSTEIN: "pensa nas ferramentas em sua caixa apropriada: lá estão um martelo,
uma tenaz, uma serra, uma chave de fenda, um metro, um vidro de cola, cola, pregos e
parafusos. Assim como são diferentes as funções destes objetos, assim são diferentes as
funções das palavras. (E há semelhanças aqui e ali)" (1996:31). Daí, seu célebre aforisma: "don't
ask for the meaning; ask for the use" (LIMA, M. E R., 1999).
51
Bernhard Wosien
Para começar essa seção, vale a pergunta: Mas, o que é sagrado? Que
espaço é sagrado? Em todos os tempos o sagrado apresentou-se na vida do
Homem. De acordo com Eliade (2010, p.25), “quando o sagrado se manifesta”
(...) há a “revelação de uma realidade absoluta, que se opõe à não realidade.”
Portanto, mesmo para o homem não-religioso há “locais privilegiados,
qualitativamente diferentes dos outros”, e seja lá qual for o acontecimento que
pertença a esses “locais privilegiados”, “são lugares sagrados (...) como se um
ser não-religioso tivesse tido a revelação de outra realidade” (ibidem, p.28), pois
“o sagrado é o real por excelência, ao mesmo tempo poder, eficiência, fonte de
vida e fecundidade” (ibidem, p. 31).
Entendemos que, para vivenciar e construir um espaço sagrado, não
necessariamente precisamos de templos ou locais específicos, nem seguir esta
ou aquela religião. Não se trata de religião e sim de espiritualidade, entendendo
espiritualidade como uma dimensão constitutiva humana, da intimidade do ser
humano com algo maior, ou seja, como “a busca, a prática e a experiência
através das quais o sujeito realiza as transformações necessárias em si mesmo,
a fim de obter acesso à verdade.” (FOUCAULT, 2005: 15, apud STONE, 2018).
Trata-se de “assumir a criação do ‘mundo’ que se escolhe habitar” (ELIADE
2010, p.49).
No decorrer dos relatos, essa dimensão do sagrado chega por várias
entradas e, por essa razão, subdividimos esse dispositivo em dois: A)
Espiritualidade como prática de si; B) O Sagrado e os Rituais das DCS, como
podemos ver a seguir.
54
Nesses relatos, parece que a sensação de encontro com uma prática que
lhes preenchessem uma lacuna de suas buscas espirituais não encontradas nas
55
28
“Em geral, a imanência refere-se a algo que tem em si próprio o seu princípio e seu fim.
A transcendência, por sua vez, faz referência a algo que possui um fim externo e superior a si
mesmo. A imanência está ligada à realidade material, apreendida imediatamente pelos sentidos
do corpo, e a transcendência está ligada à realidade imaterial, de uma natureza metafísica e
puramente teórica e racional.” No contexto religioso, no que se refere à imanência “a concepção
da ideia de Deus não se separa da matéria, sendo parte integrante e indissociável dela.” No que
se refere à transcendência, “está baseada na noção de um Deus transcendente, ou seja, uma
entidade primeira e separada da matéria que foi responsável por criar a matéria.”
(https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/imanencia-transcendencia.htm. Acesso em 13 de
dezembro de 2020.)
56
com uma espiritualidade que se faz e se refaz com intenso labor, compromisso
e envolvimento com a prática que nos instiga.
Por essa perspectiva mais imanente de vivenciar a espiritualidade, tudo o
que (nos) move é sagrado, o que nos afeta e transforma nossas antigas formas
de ser, pensar, agir... é o lugar que nos habita e que escolhemos habitar, que se
preenche, se esvazia e ao mesmo tempo faz todo o sentido. Que nos arrepia,
que abre os poros, que se manifesta do encontro entre o que nos penetra e o
que transborda de nós, que é inexplicável, mas que nem precisa ser explicado,
porque demanda o sentir, a experiência viva do sentir, do pulsar, do impulso
criativo em movimento, de força e potência de vida, de conexão entre cada um
de nós, o tudo e o nada... Lugar onde o acontecimento se apresenta, a entrega
se rende e o inexplicável acontece.
Assim, vemos que essa “divinização do humano” que Ferry (2008)
apresenta, tanto no sentido de uma transcendência vertical (entre os homens e
o além) como horizontal (entre os próprios homens), faz todo o sentido na prática
das DCS, uma vez que ela nos proporciona essa conexão de cada um com o
eixo céu e terra, e ao mesmo tempo a conexão com o outro e com o espaço,
onde cria-se um campo energético muito potente para se trabalhar a
espiritualidade.
Nesta direção, a F3 traz um relato que nos remete a essa dimensão
imanente da espiritualidade e ao mesmo tempo protagonista da sua própria vida,
quando diz que a prática das DCS:
Isso faz lembrar que o movimento das DCS surge num contexto de
encontro com o espaço sagrado e meditativo que se cria em cada um e no
coletivo (WOSIEN, 2000), que implica, necessariamente, a relação consigo e
com o outro em um mergulho no silêncio, na escuta corporal, na sensibilização
pelos movimentos, pela música e por todo o cenário que possa compor o
ambiente desta prática, pelo afeto que transborda, pela pulsação da roda, o fluxo
de energia, enfim, pela magia que acontece.
Bernhard Wosien (2000) primeiro a reconheceu sagrada e meditativa ao
observar e dançar as danças dos povos, e depois sempre a concebeu desta
forma, como parece perpetuar até os dias de hoje. Em suas palavras:
29
Carlos Solano foi o primeiro focalizador de DCS no Brasil (RAMOS, 1998).
30
Esta citação encontra-se na introdução do livro Danças Circulares Sagradas: uma proposta de
educação e cura, 1998, organizado por Renata Carvalho Lima Ramos, que não tem paginação.
59
... o primeiro encontro com a dança circular (...) eu acho que foi
uma sensação de êxtase, o êxtase do pulsar coletivo, de estar
juntos de mãos dadas, a novidade, porque, até então, eu
trabalhava com as danças de palco, nas danças para fora, e
aquela coisa do círculo, de estar juntos no mesmo passo, eu
acho que me remeteu alguma coisa de DNA ancestral, (...) de
que eu já tinha feito aquilo muitas vezes, que era aquilo que eu
gostava de fazer.. (F2, fragmento de entrevista realizada em
26/08/2020)
Sendo assim, em todos esses relatos que selecionamos até aqui nesta
seção sobre espiritualidade como prática de si, chama a atenção como cada
focalizador(a), à sua maneira, sentiu reverberar em si essa potência das DCS,
como um gatilho disparador a um processo de transformação em suas vidas.
Assim como nos relata Bernhard Wosien (2000) sobre como seu encontro com
as danças dos povos em roda o transformaram - “...me pareceu como se
brilhasse em mim uma luz completamente nova.” (p. 106) “Deixei-me arrebatar
pela vibração das danças populares, contagiado pelo fogo maravilhoso da
comunidade, que realmente dava para sentir fisicamente, em carne e osso.” (p.
108).
31
De acordo com Schechner (2012, apud COSTA, 2013), o conceito de ritual é abordado como
uma manifestação que pode ser humana ou não, podendo ser mais simples ou mais elaborado.
E se tratando de manifestações humanas, pode-se entender o ritual como secular (associados
aos substratos ditos profanos, ou seja, relacionados à vida cotidiana) ou sagrado (associado a
uma esfera de religiosidade), mas, dependendo de como são executados e encarados pelo
sujeito que o realiza, um hábito cotidiano pode se confundir a um ritual. É interessante perceber
que durante um ritual, segundo Turner (1974), nem o tempo, o espaço e nem os sujeitos
envolvidos são os mesmos da vida cotidiana. Costa (2013), remetendo-se ao pensamento de
Turner, justifica-o dizendo que, diante de uma situação como essa, “pessoas, tempo e espaço
estão sob influência de uma atmosfera simbólica que os ressignifica e transforma seus atributos
e status.” (TURNER, 1974, apud COSTA, 2013. p. 52)
62
32
De acordo com o Dicionário Online de Português, a palavra egrégora significa: Força espiritual
que resulta da soma das energias mentais, físicas e emocionais proveniente de duas ou mais
pessoas reunidas em grupo. A etimologia da palavra egrégora vem do grego, egrêgorein, que
significa velar, vigiar. Disponível em:
https://www.dicio.com.br/egregora/#:~:text=Significado%20de%20Egr%C3%A9gora,grego%20
egr%C3%AAgorein%3B%20velar%2C%20vigiar. Acesso em: 25/04/2022.
63
33
Segundo Maria-Gabriele Wosien (2004 – apud COUTO, 2008, p. 56) “O centro do círculo
significa força da criação divina, alcançando uma fluência poderosa, que dinamiza o momento
presente do aqui e agora; é onde se origina o movimento e a vida.”
65
Nestes excertos acima, saltam aos olhos alguns aspectos no que se refere
à composição do centro da roda: há aqueles que demarcam o centro com formas
físicas tais como, elementos da natureza, aromas, desenhos, escritas ou “algo
importante”; e há aqueles que o demarcam como intenção do focalizador(a) na
criação do centro enquanto um “altar”, por meio do qual, de certa forma, se
estabelece uma conexão com o divino, assim como discutimos na subseção
anterior sobre a composição do espaço sagrado. No entanto, parece que os
elementos físicos estão intimamente imbricados com as intencionalidades e que,
portanto, se materializam enquanto propósitos a serem vivenciados naquela
roda em torno daquele centro. A exemplo disso, a F1 nos relata que o que
importa mesmo, neste momento da construção do centro, é a intenção de pedir
para que “seja capaz de fazer o bem”; a F3 fala que dentre outras coisas, leva
para o centro “a conexão divina em mim”; o F8 nos relata que no centro foram
colocados “os nossos sonhos, os nossos desejos, os nossos projetos.”
É um momento de composição de um “ente” que dialoga de cara com o/a
focalizador(a) e com todos que participam da roda, ainda que de maneiras
diferentes, e que faz parte dessa construção sensorial do espaço sagrado para
os que vivenciam aquela determinada roda. Eliade (2010 p.27) nos diz que “a
revelação de um espaço sagrado permite que se obtenha um ‘ponto fixo’,
possibilitando, portanto, a orientação na homogeneidade caótica, a ‘fundação do
mundo’, o viver real.”
É interessante que, nas DCS, esse “ponto fixo” se apresenta em
movimento, de forma itinerante, ou seja, ele se apresenta onde a roda está. E
ele nunca é o mesmo, assim como também acontece com a roda, pois sempre
se configuram no fluxo de cada experiência que se compõe pelo(a)
focalizador(a), os participantes e o ambiente naquele momento.
Além dessa reflexão umbilical no que se refere à relação do(a)
focalizador(a) com o centro da roda, Renata Ramos, quando declara: “O centro
do círculo é um ponto, é um ponto que simboliza o olho do furacão, simboliza a
eternidade. É aquele ponto de onde muitas sementes podem sair”34, nos faz
34
Essa discussão acerca da palavra “centro” é desenvolvida no vídeo intitulado: Fale sobre o
centro do círculo. Publicado pelo canal Consciência Próspera. Coluna: Danças Circulares.
Apresentado por Renata Ramos. [S. L.} Direção e Edição por Samuel Souza de Paula. 1 vídeo
(3:19). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GHvugq-iUa8 Acesso em
05/04/2021.
66
... até hoje abro com uma dança ou duas bem simples, todo
mundo consegue dançar porque é muito simples. Então, é o
tempo de eu estar chegando mais no meu corpo, me centrando,
seja lá o que eu vivi no dia. Ela serve como uma entrada na
egrégora da Dança Circular para sair de outro lugar. Sair do
lugar cotidiano, sair do que eu estava fazendo. E todos que vem,
67
apoio coletivo que nos fortalece enquanto focalizadores(as) e que ensina muito
a todos que fazem parte da roda.
Foucault traz um relato que pode auxiliar nessa reflexão sobre a questão
do ensino/aprendizagem, da relação professor/aluno. Em março de 1975,
Foucault é entrevistado em um programa tradicional do rádio francês,
Radioscopie, e, dentre outras questões, é indagado sobre sua docência e sobre
a aprendizagem.
Ao dizer que em seus cursos sua função era “justamente, nada ensinar”,
ele traz essa questão do ensino/aprendizagem como uma relação de poder que
se estabelece, geralmente, entre mestre/aprendiz, e que busca problematizar. E
ele ainda completa:
Este sentido que Foucault traz do saber estar ligado ao prazer, vai muito
na direção da etimologia do verbo saber. Vejamos abaixo:
Traçando, então, esta relação entre saber e sabor, podemos entender por
que o saber é algo que só se conhece, de fato, experimentando. Ora, só se sabe
o sabor de algo saboreando, não é mesmo?! Então, essa relação intrínseca que
se estabelece entre saber e prazer é legítima, uma vez que é da ordem da
experiência, de maneira que, a partir do momento em que saboreio um novo
conhecimento e aquilo me agrada, o saber acontece espontaneamente porque
faz sentido.
Assim, é nessa direção do saber experienciado que as práticas, com as
quais o sujeito se implica, vão aparecer como fontes nutridoras desses
movimentos pulsantes que são essenciais para aguçar a percepção no percurso
dos processos de subjetivação e form(ativos), já que esses processos estão
imbricados um com o outro.
E quando alinhamos a formação com os processos de subjetivação,
adentramos em um domínio de composição da existência, no qual somos
arrebatados e escolhemos habitar, mesmo que provisoriamente. Neste ponto,
nos rendemos aos acontecimentos e vivenciamos a entrega despretensiosa de
resultados, e, assim, podemos experienciar nossos processos de subjetivação
de forma mais autêntica, que, de acordo com Gros, para Foucault seria “uma
maneira de se relacionar consigo mesmo para se construir, para se elaborar”
(GROS, 2008, p.128).
Desta maneira, o processo de formação em DCS se encaminha nesta
perspectiva da busca pelo conhecimento a partir da experimentação, ou seja, é
uma formação que se busca a partir de uma prática anteriormente vivenciada,
com a qual o sujeito se implica e que, posteriormente, almeja desenvolver-se
mais e ampliar aquela experiência. De forma que, a escolha por este ou aquele
curso de formação se dá pela necessidade de cada indivíduo em relação à
proposta de cada curso, já que cada curso formação tem sua característica
própria de acordo com a ótica do focalizador(a) que o está conduzindo.
E é em função desse encaminhamento formativo, o qual demanda o fazer
do sujeito, que a palavra form(ação), enfatizando a “ação”, aqui parece fazer
mais sentido, uma vez que, como já foi dito anteriormente, ocorre como um
processo mais complexo de ação do indivíduo em relação à sua própria
constituição de ser. Não é apenas aquela que se pressupõe adquirida na
academia, mas, ao avesso, aquela que soma saberes constituídos nos
75
Friedrich Nietzsche
35De acordo com Scialom (2017), Rudolf Laban (1879-1958) foi um pesquisador-artista europeu
que produziu inúmeros estudos teórico-práticos sobre o movimento humano, dentre os quais
destacamos aqui os estudos da expressividade humana. É considerado um dos grandes teóricos
da dança do século XX, cabendo ressaltar que era autodidata e que grande parte de suas teorias
nasce do exercício de sua observação. Essa constatação é importante, pois o perfil teórico de
Laban difrata das teorias puramente academicistas que vigoravam acerca do movimento humano
até então.
36
Ciane Fernandez é uma interlocutora brasileira de Laban, a qual faz uma leitura dos estudos da
expressividade que também considera o diálogo com Bartanieff, um outro estudioso do movimento.
Segundo Fernandes (2001) hoje foram nomeadas quatro categorias metodológicas do sistema
Laban: corpo, expressividade, forma e espaço.
37
Segundo Fernandes (2001), “a categoria Forma (com quem nos movemos) refere-se a
mudanças no volume do corpo em movimento, em relação a si mesmo ou a outros corpos. Este
relacionamento, criando formas em constante movimento, pode ser diferenciado em três tipos –
Forma Fluida, Forma Direcional e Forma Tridimensional (FERNANDES, 2001, p. 10). Sendo
assim, “a categoria Forma, também denominada de Modos de Mudança de Forma (Modes of
Shape Change), inclui: 1. Forma Fluida (Shape Flow); 2. Forma Direcional: Linear (“Falada”) ou
Arcada (Directional Movement: Spoke-Like or Arc-Like); 3. Forma Tridimensional: Esculpindo
(Shaping Movement)” (ibidem, p. 14). 1. “A Forma Fluida implica no relacionamento do corpo
consigo mesmo, entre suas partes; movendo-se a partir da respiração, voz, órgãos e líquidos
corporais” (ibdem, p. 15); 2. A Forma Direcional “desenvolve-se quando a criança passa a
77
interessar-se por seu meio e a esticar o volume de seu corpo em direção a objetos ou pessoas.
Seu corpo começa a se relacionar com seu meio ambiente, buscando ou puxando em movimento
linear reto ou curvilíneo” (ibdem, p.20); 3. “A Forma Esculpindo consiste neste relacionamento
do corpo com seu meio ambiente, de forma tridimensional, escultural em movimento, como
quando duas formas constantemente acomodam-se uma à outra” Nesta última categoria, busca-
se interação com objetos ou pessoas. (ibidem, p. 22).
78
38
Segundo Fernandes, “a forma fluída implica no relacionamento do corpo consigo mesmo, entre
suas partes; movendo-se a partir da respiração, voz, órgãos e líquidos corporais” (2006, p. 161-
apud ALVES, 2020, p. 4).
39
Deepak Chopra é um médico indiano radicado nos Estados Unidos. É formado em medicina
pela Universidade de Nova Deli. É também escritor e professor de ayurveda, espiritualidade e
medicina corpo–mente. Em seu livro “Conexão Saúde”, ele nos traz um conceito sobre cura sob
um olhar mais holístico, entendendo que somos uma conexão corpo-mente e que a mente é
responsável tanto pela doença quanto pela saúde do indivíduo. Assim ele nos diz: “A rotina do
inconsciente pode ser alterada. Pessoas que passaram a vida infelizes podem se tornar felizes
pela simples percepção de que a fonte da mudança está dentro delas. A responsabilidade pela
doença e pela cura é nossa. O inconsciente pode ser remodelado com sugestão, repetição e,
acima de tudo, atenção. É a atenção que reativa os poderes latentes da mente.” (CHOPRA,
1991, p. 151). Neste livro, ele também nos traz a seguinte definição de saúde, segundo a OMS
(Organização Mundial de Saúde): (...) “saúde é mais do que a ausência de doença ou
enfermidade, é o estado de perfeito bem-estar físico, mental e social”, ao qual ele ainda
acrescenta o bem-estar espiritual. (CHOPRA, 1991, p. 15).
79
41
Cristiana Menezes, que conheceu as DCS em 1991 e desde 2006 realiza cursos de Formação
Profissional em Dança Circular em vários estados brasileiros, foi pioneira na introdução da
música popular brasileira dentro do universo coreográfico da Dança Circular, é autora de um
amplo repertório de Danças Circulares, sendo regularmente convidada para ministrar
oficinas com suas coreografias no Brasil e no exterior. - Informação disponível em:
https://www.cristianamenezes.com.br/quem-sou/ Acesso em: 10/03/2021.
84
E aqui, a alma deve ser entendida como esse espaço elíptico do “Eu”, em
que minha órbita depende da interação com outras forças e sem o qual não
(co)existo, mas apenas afirmo pessoalidades. Desta forma, estamos diante de
um processo de escolha que se inicia pelo sentir e que vai tomando forma em
uma dinâmica interativa entre o eu, o lugar e o outro que não é dada de antemão,
mas que se faz e se refaz continuamente, a cada nova dança, a cada novo
passo, a depender de onde, quando e com quem se dança.
Os relatos abaixo dos focalizadores F6 e F7 trazem a importância de
começar a roda de DCS a partir de um enfoque mais introspectivo, o que parece
ser um consenso na comunidade das DCS.
... eu começo dançando, (...) com uma dança muito simples para
as pessoas já chegarem no corpo, para já ter uma carga
energética, uma energia mais forte no corpo das pessoas para
enraizar um pouco. (...) todo mundo consegue dançar porque é
muito simples. (...) Ela serve como uma entrada na egrégora da
Dança Circular para sair de outro lugar. Sair do lugar cotidiano,
sair do que eu estava fazendo. (...) Aí a música quando termina,
eu abro o círculo para fechar os olhos, sentir os pés no chão,
(...), sentir um contato com a terra, (...) num contato com o céu.
(F6, fragmento de entrevista realizada em 09/09/2020)
Os relatos acima mostram que, ainda que seja um ritual, o que cada um
propõe antes da roda de DCS, torna-se próprio, singular. Veja que, na fala da
F1, o seu ritual se dá a partir de uma apropriação de um ritual indígena que já
não é mais o mesmo, mesmo que se busque o propósito, pois já foi modificado
só pelo fato de não ser realizado pelos próprios índios. O que não quer dizer que
não seja um ritual e que não tenha sua força de expressão. Com certeza tem,
porque o que importa é a conexão e a in(tensão) que a focalizadora põe naquele
momento. Já o F6 prefere ter como ritual inicial uma dança simples para que o
corpo das pessoas receba uma carga energética que as faça estarem mais
presentes em seus próprios corpos, para, a partir daí, iniciarem de fato a prática
das DCS.
No relato da F3 a seguir, é abordado o aspecto da criação enquanto seu
potencial comunicacional na arte de focalizar:
reverbera para além da nossa pele, traçando um ecoar de dentro para fora, por
intermédio da escrita, por meio da dança...
E ainda nesta direção da arte de focalizar, a focalizadora F4 traz a sua
facilidade em focalizar por conta do elemento da musicalidade que a permeia em
seu processo constitutivo e, portanto, form(ativo).
Não é sempre assim esse amor à primeira vista, tem outras que
eu vou ouvindo, ouvindo, eu vou sentindo devagarinho como ela
é rica, como ela pode ser trabalhada. Por exemplo,
normalmente, tem muito a ver com convites (...) eu tinha que
criar repertório. (...) Cada dança é um processo, tem umas que
são bem trabalhadas, tem umas que eu amo e até hoje não
encontrei a coreografia, (...) tem umas que já vem praticamente
prontas, parecem que baixam download. (F2, fragmento de
entrevista realizada em 26/08/2020)
42
Na esteira desta ideia, cabe ressaltar aqui uma citação do próprio Dalcroze, observada por
Fonterrada (2008), sobre essa atitude de escuta com o corpo inteiro: escutar é “fazer do
organismo inteiro algo que poderia chamar-se de um ouvido interior” (DALCROZE, 1965, p.10
apud FONTERRADA, 2008 p. 131)
92
possibilidade de ser mais acessível e fácil de ensinar a todos, como algo mais
democrático.
Já na fala da F4, temos também um elemento que é muito semeado,
desde sua origem, nesse movimento expansivo das DCS, que é a atitude de
humildade e abertura para acolher o que vem dos outros, como músicas e
danças que, de alguma forma, nos instigam a serem levadas para as rodas.
O focalizador F8, ao falar que também se apoia nos passos do folclore
para criar coreografias para as DCS, também nos traz um elemento interessante
desta prática ao falar sobre “atmosfera”, demarcando a importância de se buscar
pela instalação da experiência ritual, sem a qual os passos coreografados, em
si, não têm sentido. E a criação desta “atmosfera” diz respeito ao ambiente de
composição da prática e se refere diretamente a uma questão de modulação
perceptiva, sem a qual não saímos da percepção ordinal e cotidiana e não
ingressamos progressivamente em uma percepção outra, só sintonizada durante
a prática.
No excerto a seguir, temos um relato sobre a influência da música no
estado de ânimo do(a) focalizador(a), não enquanto criador(a) coreográfico(a),
mas quando se deleita na roda, enquanto um(a) dançante apenas.
Aqui, mais uma vez estamos diante desse elemento sensibilizador que é
a música, e, como já dissemos em uma discussão acima, a música reverbera
por todo nosso corpo, lembrando que somos corpo-mente em uma totalidade,
sem separações.
Complementando essa ideia de um corpo-mente, no relato a seguir, a F4
fala sobre o fato da importância da mente atuando inicialmente a favor do
movimento e como esse foco vai se alterando à medida em que já incorporamos
o passo e adentramos em um outro nível perceptivo, daquilo que nos afeta, que
pede passagem porque faz sentido.
94
A mente está a seu serviço, está junto com você, ela está
tentando organizar os passos (...), porque organiza o raciocínio.
Então, a mente está a seu favor, ela não pode estar
constantemente e não te deixar seguir neste fluxo da música
depois que ela te ajudou. (F4, fragmento de entrevista realizada
em 31/08/2020)
Entendemos que isso não significa dizer que a mente ora está presente,
ora não está. Ela está sempre presente uma vez que é parte do corpo! O que se
altera é o estado de vigília, de controle em que ela se encontra. Em um estado
meditativo, como é o caso quando entregamo-nos à prática das Danças
Circulares, a mente baixa as rédeas de controle e dá espaço para que o fluxo do
movimento aconteça.
Seguindo nesta linha de baixar o controle da mente, a fala abaixo do F6
também nos traz alguns elementos interessantes.
Esse relato ajuda a situar este segundo nível relacional, eu com o espaço,
na medida em que me conecto com a música e com a dança, e é a partir da
relação que cada um estabelece com esses elementos que nos despojamos do
lugar comum, dissolvemos aquilo que nos é habitual, os nós que criamos e que
impedem acesso ao sensível, para, assim, adentrar em uma nova experiência.
E continuando ainda nesta direção, o relato abaixo traz uma reflexão
interessante acerca das danças que trazem um simbolismo nos movimentos e
gestualidades.
O terceiro nível se ocupa com a relação do corpo com os outros, que tem
a ver com afetividade, confiança e cuidado no contato com o outro. Esta dinâmica
relacional favorece a sensibilização, o estado de afetar e ser afetado, ou seja,
tem a ver com os domínios da ética, uma vez que se processa por meio do
diálogo e da interação, em um processo de intensificação gradual sempre em
43
Deborah Dubner é focalizadora de Danças Circulares, psicóloga, escritora, dentre outros. O
texto “Dança do Apoio” encontra-se no livro Dançando a Vida de 2019. Este texto foi escrito para
uma dança coreografada por Sandra Cabral, sua parceira em alguns trabalhos como nas suítes
Dançando a Vida I e II.
96
cresce e se fortalece uma formação que não cabe na fôrma. Foucault teve uma
percepção deste fato na antiguidade clássica, ao pontuar a relação amorosa que
se constituía, naquela ocasião, entre mestre/aprendiz, a qual, longe de
apresentar-se em estado de perfeição, trazia a baila o princípio do cuidado de si
mesmo.
Diferentemente no ocidente, especialmente na modernidade - herdeira da
moralidade cristã que dicotomiza nossas relações com a vida, impedindo-nos ou
dificultando um processo verdadeiramente ascético - o princípio do cuidado de
si mesmo foi sendo recoberto pelo princípio do conhece-te a ti mesmo. No
entanto, é importante dizer que o fato de buscar conhecer a si mesmo não é
ruim, muito pelo contrário, mas esse processo deve acontecer não de forma
meramente intelectiva e sim a partir da necessidade latente de cada indivíduo, o
que demanda a experiência, o cuidado de si e, portanto, o acesso às sensações.
No relato abaixo, percebemos como a constituição do(a) focalizador(a) e
sua maneira de focalizar segue por esse caminho do vivenciar primeiro para
decidir o que e como fazer depois.
acontecimento, daquela roda. Para somar com essa ideia, buscamos pela noção
de transversalidade em Guattari (2004). Segundo este autor, a transversalidade
é uma rede de comunicações, isto é, um domínio de percepção da realidade, em
meio ao qual se experimenta o cruzamento das várias forças que compõem essa
rede. O que é aí produzido inaugura um plano de flutuações da experiência, que
possibilita a habitação de vários pontos de vista em sua emergência, sem firmar
identificação e apego a qualquer um destes pontos de vista. A prática de
pesquisa que se abre a esta rede de comunicações transversais é também
atravessada pelas múltiplas vozes que perpassam esta rede. E como efeito, a
produção de conhecimento torna-se inseparável da produção da realidade.
Um outro aspecto mencionado nas entrevistas, no que se refere à maneira
de focalizar, é sobre a concentração (foco) do/a focalizador(a) e o cuidado com
o grupo, como podemos observar no relato abaixo:
44
Essa discussão sobre confiança, aqui delineada, faz alusão à maneira como Sade, Ferraz e Rocha
(2013) referem-se à importância da confiança na pesquisa cartográfica, a qual possibilita
“ressaltar a inseparabilidade dos aspectos éticos e metodológicos” (p. 294) neste tipo de
pesquisa. Eles dizem: “Uma vez que na cartografia a produção de conhecimento é indissociável
da construção de novas condições de existência, a aposta é de que a confiança na experiência
implica a promoção de uma experiência compartilhada que amplia a potência de agir” (SADE,
FERRAZ e ROCHA, 2013 p.281).
100
não tem um padrão, não adianta querer botar numa caixinha que não é assim.
Não pode ser. Se não acaba.”
45
A autopoiese (produção de si próprio) é um termo que foi criado pelo biólogo Humberto
Maturana na década de 1960 para explicar a organização dos seres vivos, que é uma
organização comum a todo sistema vivo unicelular de seres autoprodutores em um sistema auto-
organizado, com o objetivo de manter o bom funcionamento do sistema (MATURANA E VARELA,
2001).
108
porque quando você se alegra, quando você ri, você quebra uma
máscara, uma armadura e você automaticamente se conecta
com aquele grupo. E as danças brasileiras são assim, nos
pegam primeiro pela alegria e depois a gente mergulha na
profundidade da cultura, dessa história tão mesclada no nosso
país. E aí eu comecei a me interessar pelas danças brasileiras.
(F8, fragmento de entrevista realizada em 19/09/2020)
Veja como uma coisa leva a outra: para eu fluir preciso me sentir à
vontade, confiante no ambiente e ao mesmo tempo afetada na experiência.
Sendo assim, a postura acolhedora, afetuosa e inclusiva do/a focalizador(a)
torna-se de suma importância, de maneira que a humildade é peça fundamental
em seu posicionamento, como podemos ver nos relatos abaixo.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em vias de finalização deste trabalho de pesquisa, retomamos nossas
duas questões norteadoras, a saber:
1) Como a dinâmica relacional das DCS pode oferecer espaços potentes
de encontro com as forças que intensificam nossa experiência de si?
2) Como a prática das DCS pode mobilizar os processos form(ativos) dos
focalizadores(as) de DCS?
A partir dessas questões, mobilizamos um exercício reflexivo que tomou
como ponto de partida os estudos foucaultianos acerca da noção de cuidado de
si mesmo. Interessava-nos, deste enquadre conceitual preliminar, buscar pistas
para tangenciar uma certa estilística da existência em composição no processo
de form(ação) dos(as) focalizadores(as) participantes desta pesquisa.
Ao calibrar o olhar investigativo neste nível estilístico da existência,
evidenciamos uma dimensão sagrada e uma espiritualidade imanente tecidas no
cultivo da DCS pelos(as) focalizadores(as) participantes desta pesquisa, o que
reclamou indubitavelmente pelo corpo e pelas relações que se desdobravam a
partir da corporeidade desses(as) focalizadores(as).
Neste percurso, buscamos pelos estudos de Laban acerca dos
movimentos corporais, um outro marcador teórico que nos ajudou a adentrar na
singularidade das relações corporais. E deste encontro com os estudos de Laban
abriu-se uma possibilidade potente para pensar uma form(ação) em movimento,
em relação e no diálogo que se estabelece de si sobre si mesmo, de si com o
espaço e de si com os outros, para, assim, compor uma certa arte de viver junto
às DCS.
Desta inflexão teórico-conceitual, o enfoque estilístico de inspiração
foucaultiana, originalmente assumido, ganhou novas cores e sabores ao se ater
em algumas especificidades relativas à linguagem dos movimentos corporais,
constituídas no seio da experiência da dança em roda. Assim, tomando os dados
advindos das entrevistas produzidas nesta pesquisa, com um enfoque estilístico
e existencial, e com um domínio analítico imerso nos diferentes níveis de
relacionamentos corporais, foi se constituindo a escritura desta pesquisa.
Convém salientar, no entanto, que as alianças teórico-conceituais aqui
assumidas – tecidas entre Foucault e Laban – não são sustentadas por relações
de linearidade, mas sim aproximação e vizinhança, de modo a evidenciar um
114
BIBLIOGRAFIA
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
ANEXOS
____________________________________, ____/____/____
________________________________ ___________________________
Potyra Curione Menezes Assinatura do(a) Participante
Pesquisadora Responsável
CEP-IB/UNESP-CRC
Av. 24 A, nº 1515 – Bela Vista – 13506-900 – Rio Claro/SP
Telefone: (19) 3526 9678
Número do parecer: 4.140.538
126
Nome: _________________________________________________________
Idade: __________________________________________________________
Profissão: _______________________________________________________
Cidade onde nasceu e onde mora: ___________________________________
_______________________________________________________________
Há quanto tempo é focalizador(a) de Danças Circulares Sagradas? _________
UNESP - INSTITUTO DE
BIOCIÊNCIAS DE RIO CLARO
DA UNIVERSIDADE ESTADUAL
PAULISTA
DADOS DO PARECER
Apresentação do Projeto:
Objetivo da Pesquisa:
O presente projeto de pesquisa tem como objetivos:
1.Investigar processos de form(ação) de focalizadores(as) brasileiros(as) de Danças Circulares
Sagradas;
2.Refletir sobre processos de form(ação) à luz da noção de cuidado de si;
3.Buscar subsídios, através das Danças Circulares Sagradas, para a elaboração e
implementação de políticas públicas que possam incentivar novas perspectivas nas relações
humanas em diversos ambientes: na área da educação, da saúde, do ambiente corporativo, entre
outros.
ambiente corporativo, entre outros. Ademais, essa pesquisa pode servir como um lugar de
reflexão para novos focalizadores(as) que pretendam realizar a prática das DCS.
Nas IBPs:
- Informa os possíveis riscos relacionados aos procedimentos de forma sucinta e informa que
após a explicação o participante se sinta desconfortável, o mesmo poderá deixar de participar;
- Informa os benefícios da realização do estudo de forma;
- Os procedimentos de obtenção de dados foram alterados com algumas inclusões de
informação, na presente versão, possibilitando identificar a participação dos focalizadores.
- Apresenta cronograma informando início das atividades de obtenção de dados em meados de
julho de 2020.
No TCLE
- Apresenta o título e objetivo do estudo;
- Apresenta o objetivo da pesquisa de forma clara;
- Apresenta informações sobre o responsável pela pesquisa e o orientador;
- Informa os possíveis riscos relacionados de forma sucinta e a minimização é a não participação
da pessoa;
- Informa os benefícios da realização do estudo de forma;
- Informa os procedimentos de forma sucinta, informando a participação em duas entrevistas,
individual e coletiva, com duração entre 60 e 120 minutos;
- Apresenta informação sobre endereço e contato do orientador e aluno/pesquisador;
- Finaliza o TCLE na forma de convite.
"A presente proposta, com as alterações apresentadas na presente versão, está adequada".
1) De acordo com a Resolução CNS nº 466/12, o pesquisador deverá apresentar relatório final.
2) Eventuais emendas (modificações) ao protocolo devem ser apresentadas, com justificativa,
ao CEP de forma clara e sucinta, identificando a parte do protocolo a ser modificada.
3) Sobre o TCLE: caso o termo tenha DUAS páginas ou mais, lembramos que no momento da
sua assinatura, tanto o participante da pesquisa (ou seu representante legal) quanto o
pesquisador responsável deverão RUBRICAR todas as folhas, colocando as assinaturas na
última página.
Situação do Parecer:
Aprovado
_____________________________________________
Assinado por:
José Ângelo Barela
(Coordenador(a))