13 48 1 PB
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Takeshy Tachizawa
Faculdade Campo Limpo Paulista (FACCAMP)
Doutor pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP)
E-mail: [email protected] - Brasil
Hamilton Pozo
Faculdade Campo Limpo Paulista (FACCAMP)
Pós Doutor pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade São
Paulo (FEA-USP)
E-mail: [email protected] - Brasil
Abstract: The work is based on an empirical research that includes the economic activities of
micro and small enterprises of Jundiaí, south centre region of Sao Paulo, relating them to their
social ambiental effects. It was developed a model of social ambiental diagnosis to classify the
different types of organizations in Sao Paulo´s regions. In the research were involved
companies from the industrial, trade and services. The research had the intent to verify if the
companies were putting into practice the enviromental management and social responsability
in it´s four dimensions: volunteering, enviroment, inside public and external community
(suppliers, customers and society). The results indicated the necessity of big changes in the
business management of all companies that, supported by new sustentability measures, will
orientate the actions to it´s development, convergent with it´s economical growth.
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007.
Takeshy Tachizawa e Hamilton Pozo 5
1. INTRODUÇÃO
Os pequenos negócios, formais e informais, respondem por mais de dois terços das
ocupações do setor privado, o que por si só traduzem a importância da gestão de recursos
humanos no contexto das micro e pequenas empresas. E, considerando a estreita relação entre
pessoas e responsabilidade socioambiental, evidencia-se a necessidade de considerar a
empresa sustentável como sinônimo de bons negócios futuros. De fato, esta deve ser a única
forma de empreender negócios de forma duradoura e lucrativa. Em outras palavras, o quanto
antes organizações começarem a enxergar a sustentabilidade como seu principal desafio e
como oportunidade competitiva, maior será a chance de que sobrevivam. A expansão da
consciência coletiva com relação ao meio ambiente e a complexidade das demandas sociais
que a comunidade repassa às organizações induzem um novo posicionamento por parte de
empresários e executivos das MPE’s frente a tais questões.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Produção em larga escala e mídia padronizada estão sendo substituídas por produção
personalizada, portais interativos, sites dirigidos, comércio eletrônico e demais recursos da
rede mundial – Internet. A simples existência da Internet possibilita que MPE’s operem, junto
a clientes, fornecedores e demais entidades do mercado, como se fossem grandes
organizações.
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007
Takeshy Tachizawa e Hamilton Pozo 7
A administração das MPE’s bem sucedidas no Brasil tem sido aquela que levou em
conta: 1º) o bom conhecimento do mercado onde atuam; 2º) a existência de um bom
administrador à frente dos negócios; 3º) o uso de capital próprio ao invés da utilização de
empréstimos financeiros e capital de terceiros.
Por outro lado, dificuldades enfrentadas pelas MPE’s e que podem se tornar questões a
serem investigadas são:
Pesquisa do SEBRAE (2007) realizada a cada 2 anos no Estado de São Paulo evidencia
que as taxas de mortalidade atuais são: 29% para empresas de até 1 ano, 42% para empresas
de até 2 anos, 53% para empresas de até 3 anos, 56% para empresas de até 4 anos e também
56% para empresas de até 5 anos. Comparando com os estudos anteriores, verifica-se uma
queda da taxa de mortalidade, em especial, nas empresas com até 5 anos.
A taxa de mortalidade desse grupo de empresas cai de 71%, em 2000, para 56% em
2004. Apesar disso, essa taxa continua sendo superior à encontrada em outros países. A
pesquisa mostra que, apenas no Estado de São Paulo, entre 1990 e 2004, foram abertas, na
Junta Comercial do Estado, mais de 2 milhões de empresas e encerradas cerca de 1,3 milhão
no mesmo período. Especificamente em 2004, isso implicou a eliminação de 281 mil postos
de trabalho e perda de R$ 15,6 bilhões de capital investido em faturamento. A taxa de
mortalidade das micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo com até 5 anos de
atividade caiu de 71% em 2000 para 56% em 2005. Em números absolutos, a redução
significa que, enquanto em 2000, 91 mil empresas fechavam até o quinto ano de vida, em
2005 esse número caiu para 72 mil empresas. Os dados são da pesquisa “Sobrevivência e
Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas de 1 a 5 anos” realizada pelo SEBRAE-SP com
o objetivo de verificar os principais fatores que levam ao encerramento das atividades de uma
empresa.
A apuração teve como base o rastreamento feito pelo SEBRAE-SP a partir do registro
de empresas na Junta Comercial do Estado de São Paulo – JUCESP. Entre 1990 e 2004, a
JUCESP registrou a abertura de mais de 2 milhões de empresas. Dessas, segundo o estudo do
SEBRAE-SP (2007), 1,3 milhão encerraram as atividades. Nos últimos 15 anos, a média é de
133 mil empresas abertas e 91 mil desativadas a cada ano, proporção que vem caindo: em
2004, por exemplo, foram constituídas 128 mil empresas e fechadas 72 mil.
Os números que envolvem o setor são significativos: 99% das empresas formais são de
pequeno porte. Os pequenos negócios abrigam 67% das pessoas ocupadas e geram 28% da
receita bruta anual do setor privado. Por isso, a conseqüência do fechamento de dois pequenos
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007.
8 Gestão de recursos humanos em micro e pequenas empresas:
Um enfoque de gestão ambiental e responsabilidade social para seu crescimento
negócios também tem forte impacto na economia: em 2004, o encerramento das atividades
representou a eliminação de 281 mil postos de trabalho e uma perda financeira de R$ 14,8
bilhões. Nessa perda estão incluídos o capital investido (R$ 1,7 bilhão) e o faturamento que as
empresas deixaram de auferir (R$ 13,1 bilhões). Para ilustrar, essa perda financeira tem o
valor equivalente a 735 mil carros populares ou quase 70 milhões de cestas básicas por ano.
As causas identificadas da mortalidade são: comportamento empreendedor pouco
desenvolvido (atitude empreendedora), deficiências no planejamento antes da abertura do
negócio, deficiências na gestão após a abertura do negócio, políticas insuficientes de apoio às
empresas, conjuntura econômica deprimida e problemas pessoais dos sócios-proprietários.
Entre as empresas clientes do SEBRAE-SP, as taxas de mortalidade são menores: 24% até 1
ano, 25% até 3 anos de atividade e 30% no grupo das empresas com até 5 anos de atividade.
Entre os principais diferenciais a favor das empresas clientes do SEBRAE-SP, destacam-se a
atitude mais empreendedora, a busca por apoio profissional, maior procura por capacitação em
empreendedorismo, melhor planejamento antes da abertura e melhor gestão do negócio no dia-
a-dia.
Pela leitura diária dos jornais, revistas especializadas e mídia em geral, de acordo com
TACHIZAWA (2007)
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007
Takeshy Tachizawa e Hamilton Pozo 9
econômicos passam a depender cada vez mais de decisões empresariais que levem em conta
que: a) não há conflito entre lucratividade e a questão socioambiental; b) o movimento de
sustentabilidade cresce em escala mundial; c) clientes e comunidade em geral passam a
valorizar cada vez mais a adoção das práticas socioambientais por parte das organizações;
d) a demanda e o faturamento das empresas passam a sofrer cada vez mais de pressões e a
depender diretamente do comportamento de consumidores que enfatizarão suas preferências
para produtos e organizações ecologicamente corretas.
3. RESULTADOS DA PESQUISA
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007.
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Um enfoque de gestão ambiental e responsabilidade social para seu crescimento
Propriedade Respostas
Industrial 65,7%
Comercial 12,7%
Serviço 21,6%
Total 100,0%
Industrial
21,6%
Comercial
12,7%
65,7%
Serviço
Através da análise do conteúdo dos sites das empresas da amostra, ficaram evidentes se
as políticas de RH da empresa com seu público interno são sistematicamente articuladas. A
maioria das organizações pesquisadas (65,8%) comunica suas estratégias de gestão
empresarial, com o apoio de seus colaboradores, de forma estruturada, clara e transparente.
Por exemplo, se existe política de relacionamento com terceirizados, não fica evidente, nas
páginas consultadas na Internet, para deixar claro que a empresa investe no desenvolvimento e
treinamento de colaboradores subcontratados externamente. Nos dados da tabela 4 abaixo, fica
ilustrado que 34,2% das micro e pequenas empresas, ainda, não adotam ou, simplesmente, não
comunicam suas políticas de gestão com pessoas ao seu público interno.
PROPRIEDADE TENDÊNCIA
SIM 65,8%
NÃO 34,2%
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007
Takeshy Tachizawa e Hamilton Pozo 11
SEM INFORMAÇÃO 0
TOTAL 100%
DISCRIMINAÇÃO RESPOSTAS
ética no relacionamento com o poder público 37,1%
de relações trabalhistas 96,4%
ética no relacionamento com fornecedores e clientes 29,3%
motivação e melhoria do clima organizacional 96,4%
treinamento no atendimento ao público externo 78,5%
treinamento dos trabalhadores terceirizados 78,5%
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Um enfoque de gestão ambiental e responsabilidade social para seu crescimento
Educação
11,9% Saúde
37,8%
Ações comunitárias
De acordo com a Figura 1, nota-se que a linha horizontal representa o tipo de empresa
e a linha vertical, o grau de efeito socioambiental, potencialmente causado pela empresa.
Analisando os diferentes tipos de organizações, tem-se que as empresas prestadoras de
serviços apresentam efeitos socioambientais quase que nulos, resumindo suas estratégias
socioambientais às práticas de marketing institucional em termos de divulgação de balanços
sociais e projetos sociais implementados nas áreas de: educação; cultura; voluntariado; e ações
correlatas. No outro extremo, conforme Figura 1, tem-se as empresas industriais causadoras,
em potencial, de maiores impactos socioambientais, tais como: siderúrgicas, cimento, papel e
celulose, hidrelétricas e similares. Na tabela 7 abaixo, são apresentadas as características e o
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grau de atuação socioambiental percebidos nos setores econômicos com relação aos fatores
pesquisados.
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007.
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Um enfoque de gestão ambiental e responsabilidade social para seu crescimento
c. Empresas Industriais
O processo de avaliação dos impactos dos produtos, processos e instalações precisa ser
sistematizado, buscando antecipar as questões públicas. A empresa, normalmente, necessita de
certificação internacional do tipo selo verde e/ou equivalentes instituídos pela SA 8000, AA
1000 e equivalentes. Deve adotar princípios de governança corporativa e cumpre padrões
anteriormente estruturados nos grupos organizacionais antecedentes. Nas organizações deste
tipo, deve ser considerada como uma exigência a ser “cobrada” das grandes empresas, cujas
características socioambientais exigem tal posicionamento. É o caso das empresas
pertencentes a setores econômicos como: acessórios para veículos e autopeças, alimentos,
eletroeletrônicos, embalagens de plásticos, metalurgia, móveis (móveis de metal, organizações
do setor moveleiro, usuário de madeira certificada ou não), máquinas e equipamentos,
química, e atividades correlatas de alto impacto socioambiental.
O processo de avaliação dos impactos dos produtos, processos e instalações precisa ser
sistematizado, buscando antecipar às questões públicas em potencial. A empresa,
normalmente, necessita de certificação internacional do tipo selo verde e/ou equivalentes
instituídos pela SA 8000, AA 1000 e equivalentes. Deve adotar princípios de governança
corporativa e cumpre padrões cumulativamente estruturados nos tipos de organização
anteriormente descritos. Neste nível máximo alcançado pelas organizações deste tipo, deve ser
considerada como uma exigência a ser “cobrada” das grandes organizações, cujas
características socioambientais exigem tal posicionamento. É o caso das empresas
pertencentes a setores econômicos como: artefatos de concreto, cerâmica para construção
civil, cerâmica para usos diversos, construção pesada, curtumes, couros e calçados, calçados
de plásticos, plásticos e borracha, agronegócios (produção e comercialização de produtos
agrícolas e pecuários), mineração, e atividades correlatas de altíssimo impacto sócio-
ambiental.
Partiu-se do pressuposto de que uma empresa, qualquer que seja seu estilo de gestão
praticado, possui “efeitos” socioambientais de um lado (passivo socioambiental), e ações
correspondentes como contrapartida, na forma de “deveres e obrigações” (ativo
socioambiental). Esta premissa, adotada no presente trabalho, é apresentada no quadro 1,
abaixo, como um enfoque de diagnóstico socioambiental das organizações do universo
empresarial brasileiro.
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007.
16 Gestão de recursos humanos em micro e pequenas empresas:
Um enfoque de gestão ambiental e responsabilidade social para seu crescimento
ATIVO PASSIVO
(“deveres e obrigações” na forma de estratégias e (efeitos socioambientais no mercado)
decisões gerenciais)
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007
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Fazendo uma análise das características identificadas nas empresas em seu setor
econômico, podem ser estabelecidas ênfases de estratégias socioambientais diferenciadas em
função do tipo de organização conforme se pode visualizar na ilustração da figura 2 a seguir.
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007.
18 Gestão de recursos humanos em micro e pequenas empresas:
Um enfoque de gestão ambiental e responsabilidade social para seu crescimento
Este princípio é a base para a composição do IDHO que visa avaliar o desenvolvimento
na empresa, não do ponto de vista do crescimento econômico, mas pelo prisma de outras
dimensões capazes de interpretar a realidade humana, como qualidade de vida, ambiente de
trabalho, comprometimento com a organização em sintonia com o crescimento profissional
dos seus colaboradores, na medida em que convivem com práticas socioambientais saudáveis.
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MENSURAÇÃO DO IDS
ATIVO ASSINALAR PASSIVO
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Um enfoque de gestão ambiental e responsabilidade social para seu crescimento
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Evitou-se o caminho, aparentemente mais fácil, de ter um único IDHO para empresas,
qualquer que fosse o setor econômico. Tal escolha implicaria necessariamente ter um
indicador global, o que exigiria ponderação de diferentes fatores e envolveria,
necessariamente, juízo de valor. Significa dizer que atribuir pesos a fatores componentes do
indicador não é uma decisão neutra e envolve, inevitavelmente, um componente subjetivo e
um nível de arbítrio que pode degradar a precisão do indicador escolhido.
5. CONCLUSÕES
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007.
22 Gestão de recursos humanos em micro e pequenas empresas:
Um enfoque de gestão ambiental e responsabilidade social para seu crescimento
6. BIBLIOGRAFIA
Revista da Micro e Pequena Empresa, Campo Limpo Paulista, v.1, n.1, p.4-23, 2007
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