Os Bestializados 2
Os Bestializados 2
Os Bestializados 2
Aristides Lobo, em seu artigo no Diário popular, em formato de carta, diz: " O povo
assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava." Seria
essa a representação do povo brasileiro? Meros coadjuvantes bestificados sem uma
unidade?
Em seu livro “Os Bestializados”, o historiador social José Murilo de Carvalho analisa a
contraposição entre o ideário de uma cidadania republicana e o povo. Aponta uma
cidade ainda controlada por elites oligárquicas e questiona relação de estadania e
apatia da população, tida como objeto de ação ao invés de força modificadora da
sociedade.
No trecho “Havia consciência clara de que o real se escondia sob o formal” aponta
compreensão da população do esvaziamento do discurso liberal, e em ”o povo sabia
que o formal não era sério” a hipocrisia da manutenção da estrutura do antigo regime,
que buscava transição através de uma eleição forjada, orquestrada pelo governo da
época a fim de difundir participação popular inexistente.
Logo, sabiam que a representação política não serviria para mudar a realidade, não se
sujeitavam a manipulação e organizam-se fora da vigência do Estado através de
eventos culturais, festas populares e levantes como forma de protesto, com destaque
para o carnaval e a revolta da vacina.
Enfim, conclui que “apatia” é resposta a inviabilização do novo regime que falha na
democratização, manifestada através de postura sarcástica que não leva a sério a
falta de participação popular. Bestializados eram os que acreditavam na farsa da nova
República.