Modelos Educação Artística Efland
Modelos Educação Artística Efland
Modelos Educação Artística Efland
FACULDADE DE BELAS-ARTES
2007
O ENSINO DAS ARTES VISUAIS EM PORTUGAL 22
ESTRUTURA
Antes de expormos o modo como organizámos a história do ensino das Artes Visuais
definidas por Arthur Efland (1979), pelas quais nos pautámos, e evocar a divisão desta
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Arthur Efland estabelece, em 1979 , quatro correntes de Educação Artística, que
resultam do cruzamento entre teorias nos domínios da Estética e da Psicologia, que o autor
sistematiza e analisa, no sentido de perceber de que modo é que estas influíram nas
Segundo Efland existe uma relação intrínseca entre a estética mimética e a psicologia
âmbito da Estética, das teorias miméticas, que remontam a Platão e cujo centro de
instrumental, na medida em que contribuem para que o ser humano, artista ou aluno,
conheça e intervenha sobre a realidade, sendo que esta, ao invés do modelo anterior, não é
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Arthur Efland, “Conceptions of Teaching in Art Education”, in Art Education, vol. 32, n.º 4, 1979, pp. 21-32.
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dos artistas, a Educação faz-se em contacto directo com o meio, e assenta na apresentação
à obra A Arte como Experiência (1934), e teve início nos anos 30 do século passado, no
período que sucedeu a Primeira Guerra Mundial e antecedeu a Segunda, quando muitos
os alunos, conscientes da realidade social, fossem capacitados de actuar sobre ela, e assim
e deste, pelo que ambas assumem um carácter terapêutico. Na Arte, o artista surge como
um ser único, com particularidades que o distinguem dos demais, sendo valorizada a sua
originalidade, expressa nas obras que produz, enquanto na Educação Artística, o professor
sem contudo interferir na revelação do seu potencial criativo. Só assim, os alunos, também
eles, a seu modo “artistas”, tal como os artistas e os fruidores, gozam de plena liberdade de
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John Dewey é porventura o nome mais conhecido da história da educação nos EUA. De formação filosófica cedo
compreendeu a “íntima relação” existente entre a filosofia e a educação. Foi durante a década de Chicago (1894-1904)
que Dewey elaborou a sua Filosofia da Educação, fundada na ideia de que o pensamento tem uma função instrumental
de resposta às necessidades da vida. A escola deveria ser transformada à luz deste princípio. Não deveria continuar
centrada no programa, mas a alternativa não era centrar-se na criança. O caminho era reinserir os temas de estudo na
experiência da criança, através da sua ocupação em actividades no contexto da comunidade escolar. Levar as crianças a
criar situações-problemas era a abóbada da pedagogia de Dewey que acreditava no poder da escola para democratizar
mais profundamente a sociedade. Conforme Reis Monteiro, História da Educação: uma perspectiva, p. 108.
O ENSINO DAS ARTES VISUAIS EM PORTUGAL 24
Arte, iniciado um pouco antes do término da Segunda Guerra Mundial, concorrem Herbert
aprendizagem não se centra nas características especiais de cada um, mas naquilo que é
comum a todos, para, a partir daí, estabelecer um conjunto de leis, inerentes às obras, e
aos actos educativos neste âmbito. Se o papel do professor se havia diluído na corrente
expressiva-psicanalítica, agora este recupera o seu lugar, como mediador entre o aluno e a
linguagem visual, da qual é portador, e que o aluno necessita de adquirir para dominar esta
sociais para se afirmar, mas vale por si mesma, uma vez que lhe corresponde um
conhecimento próprio, tal como acontece com outras disciplinas. Para a sistematização
desse conhecimento contribuiu sobremaneira Rudolph Arnheim (n. 1904), sendo também de
referir Ralph Smith e Jerome Bruner (n. 1915), este último considerado por muitos como o
mais racionalista, tendo por base o desenho geométrico», iniciada por Johann Heinrich
Jean Jacques Rousseau (1712-1778), colocada em prática por Peter Schmidt (1773-1846),
defendida por Herbert Spencer (1820-1903) e aclamada por Félix Ravaisson (1813-1900),
que se opôs, de início sem sucesso, a Guillaume, mas que viria a impor-se após a morte
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deste. Segundo Betâmio de Almeida, foi a partir desta segunda corrente que derivaram as
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tendências modernas da didáctica do Desenho.
23
Betâmio de Almeida, “O Desenho no Ensino Liceal”, in Palestra: Revista de Pedagogia e Cultura, n.º 10, pp. 35-36.
24
Idem, p. 36.