Anais Seminario DE-40-54
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Resumo - Este artigo apresenta algumas reflexões acerca dos conceitos de Arte
como experiência e os processos de ensino/aprendizagem em Artes Visuais,
tangenciando os campos da Arte, Arte Educação e ensino de pintura. Tem como
eixo a abordagem metodológica que vem sendo pesquisada no Grupo de Estudos
Estúdio de Pintura Apotheke e nas aulas de Graduação e Pós-Graduação em
Artes Visuais na Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC.
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Doutorando em Artes Visuais na Linha de Pesquisa de Ensino das Artes Visuais -
PPGAV/UDESC; Mestre em Artes Visuais na Linha de Pesquisa de Ensino das Artes Visuais -
PPGAV/UDESC; Pedagogo S.E./2012 FAED/UDESC; Psicanalista; Vice-Coordenador da Rede de
Educadores de Museus de Santa Catarina - REM/SC (Gestão 2013-2015); membro/pesquisador
do Grupo de Pesquisa Entre Paisagem (UDESC/CNPQ); e integrante do Grupo de Estudos
Estúdio de Pintura Apotheke (UDESC), atuando principalmente nos seguintes temas: Arte
Educação, Arte e Pedagogia, Formação Docente em Artes Visuais. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/6525393533253057.
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Desenvolveu pesquisa como professora visitante no Teachers College, na Columbia University,
na cidade de New York, como Bolsista Fulbright (2013), onde realizou estudo intitulado: Artist's
diary and professor's diary: roamings about painting education. Doutora em Artes Visuais pela
ECA/USP (2009); Mestre em Educação pela UFSM (2005). Possui Graduação em Desenho e
Plástica - Bacharelado em Pintura, pela Universidade Federal de Santa Maria (2002), e Graduação
em Desenho e Plástica - Licenciatura, pela Universidade Federal de Santa Maria (2003).
Professora Adjunta na Universidade do Estado de Santa Catarina. Atualmente é Coordenadora de
Pós-Graduação em Artes Visuais, Mestrado e Doutorado (PPGAV/CEART/UDESC). Currículo:
http://lattes.cnpq.br/7149902931231225.
ANAIS DO SEMINÁRIO COMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DO LIVRO DEMOCRACIA E EDUCAÇÃO:
A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO DE JOHN DEWEY EM DEBATE
FEUSP 18 E 19 DE ABRIL DE 2016 / UEL: 20 DE ABRIL DE 2016
ISBN: 978-85-7846-365-6
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Para John Dewey, a Arte deveria situar-se ao lado das coisas da experiência
comum da vida, ou seja, inserida em um contexto diretamente humano, ao
contrário de estarem relegadas exclusivamente aos museus ou galerias,
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A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO DE JOHN DEWEY EM DEBATE
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[...] toda arte envolve órgãos físicos, como o olho e a mão, o ouvido e a
voz, e, no entanto, ela ultrapassa as meras competências técnicas que
estes órgãos exigem. Ela envolve uma ideia, um pensamento, uma
interpretação espiritual das coisas e, no entanto, apesar disto, é mais do
que qualquer uma destas ideias por si só. Consiste numa união entre o
pensamento e o instrumento de expressão (DEWEY, 2002, p. 76).
Artes Visuais, tem sido a partir de projetos práticos, que envolvem exercícios que
compreendem processos plásticos e resolução de problemas, baseados sempre
em exemplos de artistas. Os projetos são desenvolvidos de forma processual com
finalidade avaliativa e os critérios são observados em cada etapa do trabalho. Não
há uma separação entre quem ensina e quem produz, no sentido de reflexão
crítica como condição de uma formação artística, tanto para professores como
para artistas.
Ancoramos nossa prática no sentido inverso: partimos do estudo de
teorias, dos exemplos de artistas, e adensamos o processo de construção plástica
para a resolução de problemas de pesquisa, baseada em Arte, compreendendo
que o eixo gerador do fazer artístico é o trabalho e potência para a problemática
da pesquisa que engendra o pensamento do artista professor.
O que ambas as situações têm em comum é o espaço (no sentido físico):
tanto as aulas como os projetos são realizados em um ateliê de pintura na
Universidade. O que evidencia uma descontinuidade, no que tange especialmente
à Pós-Graduação, não apenas no sentido de possibilitar o desenvolvimento de
estudos práticos, mas, sobretudo, da articulação real da teoria com a prática. O
desafio de teorizar a prática (do estúdio de Arte) requer, conforme Sullivan (2005),
a construção de uma robusta e defensiva estrutura para considerar a relação
entre as teorias e as práticas que dão conhecimento de como a Arte pode ser
estudada/produzida e como pode ser ensina/aprendida. Ou seja, das relações
entre teoria e prática apontam-se:
- Primeiro: a identificação de um percurso de questões teóricas e uma
ampliação do componente que interessa em evidenciar a noção de que a prática
artística é um esforço de multidisciplinaridade, ancorada no fazer arte.
- Segundo: apenas uma estrutura pode servir como um fórum para
considerar debates no campo e assegurar que os limites que constroem
discussões em curso são assuntos para contínua revisão.
- Terceiro: estudos de pesquisa que são aceitos podem ser fixados e
criticados dentro do domínio particular de teoria e prática.
- Quarto: as mais recentes abordagens para pesquisa, como o uso de
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métodos visuais (BANKS, 2001; EMMISON & SMITH, 2000; PINK, 2001; ROSE,
2001) e a análise de dados qualitativa por computador (FIELDING & LEE,1998;
GAHAN & HANNIBAL,1998; TESCH,1990), que podem ser avaliadas em termos
de domínio de teoria e prática em Arte Educação.
Finalmente, a estrutura oferece a possibilidade de que a prática de Arte
pode ser prontamente traduzida para outras disciplinas do discurso da pesquisa
se o propósito exigir isto. Dessa maneira, a cultura da pesquisa permanece
fundamentada nas teorias e práticas de Arte.
Partindo do contexto de que todo objeto artístico poderá ter dimensões
políticas, discursivas e pedagógicas, compreende-se que a prática no ateliê de
pintura, como processo de um fazer criativo no qual se inclui a reflexão crítica e a
produção plástica por meio da experimentação (e vice-versa), concebendo que a
pintura poderá ser uma representação imaginária, mas que também denota
incontestavelmente derivações sobre a estética. Neste sentido, a pintura não é
uma técnica, e sim uma tradição, porque seu saber/fazer também é um
saber/julgar, ou formas de saber pensar, conforme Dewey (2012, p. 147).
O Grupo de Estudos Estúdio de Pintura Apotheke3 tem produzido, para
além de exposições, oficinas e micropráticas que ressoam o uso da referência de
Dewey (1934) com o fazer pictórico, no sentido de evidenciar o conceito de
experiência pelo processo de ensino/aprendizagem, visto que a pintura é tida
como eixo gerador do pensar e do fazer, do saber/sentir, e além dos projetos
finalizados que adentram escolas e outros ateliês, instaurando redes e conexões
com projetos.
Dessa forma, a concepção metodológica artística sobrevoa sobre o ensino
e a pesquisa no campo das Artes Visuais, pois a pergunta que nos move é: “Onde
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O Estúdio de Pintura Apotheke deriva suas ações de extensão oferecendo oficinas de pintura,
minicursos com prática artística, conversas com artistas professores, aulas abertas e ações que
visam oportunizar a prática pictórica. O objetivo é propiciar o estudo de processos pictóricos, bem
como da possibilidade de ensino que envolve a pintura, não como meio tradicional, mas sim em
um campo expandido. Dessa forma, o espaço do estúdio torna-se ampliado para práticas que
envolvem a investigação artística, no ensino e no processo de criação. As ações são
desenvolvidas e organizadas em parceria com os participantes do Grupo de Estudos Estúdio de
Pintura Apotheke (UDESC), do Grupo de Pesquisa [Entre] Paisagens, idealizadas, criadas e
produzidas pela professora Dra. Jociele Lampert (DAV/PPGAV). Fonte:
http://www.apothekeestudiodepintura.com.
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Referências
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WESTBROOK, Robert B.; TEIXEIRA, Anísio. John Dewey. Trad. e org. José
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