Memorial Do Convento
Memorial Do Convento
Memorial Do Convento
D. Joo V
De origem austraca, a rainha, surge como uma pobre mulher cuja nica misso
dar herdeiros ao rei para glria do reino e alegria de todos, vive um casamento
baseado na aparncia, na sexualidade reprimida e no falso cdigo tico, moral e
religioso. A rainha representa a mulher que s pelo sonho se liberta da sua
condio aristocrtica para assumir a sua feminilidade, sentindo uma atraco
incestuosa pelo cunhado D. Francisco. smbolo do papel da mulher da poca:
submissa, simples procriadora, objecto da vontade masculina.
A sua obsesso de voar domina-o de tal forma, que ele no se inibe de integrar
no seu projecto um casal no abenoado pela Igreja e de aceitar e usufruir das
capacidades herticas de Blimunda (bruxaria), que faro a passarola voar. A
passarola, smbolo da concretizao do sonho de um visionrio, funciona de uma
forma antagnica ao longo da narrativa: ela que une Baltasar, Blimunda e o
padre Bartolomeu, mas tambm ela que vai acabar por separ-los.
Domenico Scarlatti
Na histria, a sua msica tem poderes curativos que libertaram Blimunda da sua
estranha doena, permitindo-lhe cumprir a sua tarefa de recolher as vontades
("Durante uma semana (...) o msico foi tocar duas, trs horas, at que
Blimunda teve foras para levantar-se, sentava-se ao p do Cravo, plida ainda,
rodeada de msica como se mergulhasse num profundo mar, (...) Depois, a
sade voltou depressa" ).
Blimunda de Jesus
Baltasar Mateus
Narrador
que importncia ho-de ter os sonhos que por trs das suas plpebras se
esto sonhando, a ns o que nos interessa o trmulo pensamento que ainda se
agita em D. Maria Ana
. Provrbios ou profecias:
. Advertncias ao leitor:
est o Rossio cheio de povo, duas vezes em festa por ser domingo e haver
auto-de-f
Exemplo1
So pensamentos confusos que isto diriam se pudessem ser postos por ordem,
aparados de excrescncias, nem vale a pena perguntar, Em que ests a pensar,
Sete-Sis, porque ele responderia, julgando dizer a verdade, Em nada, e
contudo j pensou tudo isto,
Exemplo2
J l vai pelo mar fora o Padre Bartolomeu Loureno, e ns que iremos fazer
agora, sem a prxima esperana do cu, pois vamos s touradas que bem
bom divertimento
Exemplo 3
Exemplo 4
El-rei foi a Mafra escolher o stio onde h-de ser o convento. Ficar neste alto a
que chamam de Vela, daqui se v o mar, correm guas abundantes e
dulcssimas para o futuro pomar e horta que no ho-de os franciscanos de c
ser de menos que os cistercienses de Alcobaa em primores de cultivo, a S.
Francisco de Assis lhe bastaria um ermo, mas esse era santo e est morto
Aqui temos a conjugao de narrador heterodiegtico e de um narrador
participante, sendo que esta mistura feita sem transio, sem qualquer
indicador de mudana. Neste excerto, na primeira frase temos um discurso da
terceira pessoa, enquanto na segunda frase a presena dos decticos este,
daqui e c induzem um narrador no s presente como opinando, ou seja,
cujo ponto de vista interno.
Exemplo 5
. Manuel Milho que durante a ida a Pro Pinheiro, noite aps noite, vai contando
parte de uma histria aos companheiros.
. Joo Elvas que para entreter a noite, enquanto esto abrigados no telheiro,
conta a Baltasar uma srie de crimes horrendos para os quais no se havia
encontrado culpado.
Caracterizao do espao
Fsico
Social
Destaca-se:
1.Procisso da Quaresma:
2.Autos-de-f
i.Punio dos condenados pelo Santo Ofcio - o povo dana em frente das
fogueiras
1.Preparao da procisso:
a.Descrio dos "preparos da festa feita pelo narrador, que assume o
olhar do povo (as colunas, as figuras, os medalhes, as ruas toldadas,
os mastros enfeitados com seda e ouro, as janelas ornamentadas com
cortinas e sanefas de damasco e franjas de ouro), que se sente
maravilhado com a riqueza da decorao (uma reflexo do narrador
leva-o a concluir que no se verificam muitos roubos durante a
cerimnia, pois o povo teme os pretos que se encontram armados
porta das lojas e os quadrilheiros, que procederiam priso dos
infractores)
2. Realizao da procisso;
Nesta linha relata-se uma histria de amor e o modo de vida do povo portugus.
As duas personagens (Baltasar e Blimunda) so as construtoras da passarola; a
figura masculina tambm, depois, construtora do convento, constituindo-se
paradigma da fora que faz mover Portugal a do povo.
O clero, que exerce o seu poder sobre o povo ignorante atravs da instaurao
de um regime repressivo entre os seus seguidores e que constantemente quebra
o voto de castidade, tambm no escapa ao olhar crtico e sarcstico do
narrador. A actuao da Inquisio que, luz da f crist, manipula os mais
fracos de igual modo criticada ao longo do romance, nomeadamente, atravs
da apresentao de diversos autos-de-f e uma crtica s pessoas que danam
em volta das fogueiras onde se queimaram os condenados.
Comeando pelo nome das personagens principais, h que referir que em ambas
(Baltasar Sete-Sis e Blimunda Sete-Luas) -nos transmitida uma ideia de
unio, de complementaridade e de perfeio, traduzidas pela simbologia do
nmero sete. De acordo com a numerologia simblica, podemos constatar,
tambm, que ambos os nomes representam perfeio, totalidade e at magia,
sugeridas pela extenso trisslaba (e aqui reside a simbologia do nmero trs,
revelador de uma ordem intelectual e espiritual traduzida na unio do cu e da
terra).
Relaes amorosas
A Utopia do Amor
Baltasar
Blimunda
Do sonho concretizao
O paralelismo simblico dos episdios iniciais e finais
Auto-de-f de
Sebastiana Maria de Auto-de-f de
As ltimas pginas...
Jesus, me de Baltasar Sete-Sis
Blimunda
Primeiro encontro
ltimo encontro de
entre Blimunda e
Blimunda e Baltasar
Baltasar
- "Que nome o seu, e - Blimunda "repetia um
o homem disse, itinerrio de h vinte e - "Naquele extremo
naturalmente, assim oito anos". arde um homem a
reconhecendo o direito - O rio como imagem quem falta a mo
de esta mulher lhe da precariedade da esquerda".
fazer perguntas". vida.
Espao - Rossio - Blimunda est em Espao - Rossio
Lisboa pela stima vez:
encerramento de um - "Meteu-se pela Rua
ciclo de vida. Nova dos Ferros, virou
- "O Rossio est cheio para a direita na igreja
de povo". de Nossa Senhora de
Oliveira, em direco ao
Rossio"
Ambiente soturno: Ambiente soturno:
- "sobre o Rossio caem
as grandes sombras do
convento do Carmo;
- "caminhava no meio
- "e as pessoas
de fantasmas, de
voltaro s suas casas,
neblinas que eram
refeitas na f, levando
gente";
agarrada sola dos
- "Entre os mil cheiros
sapatos alguma
ftidos da cidade, a
fuligem, pegajosa
aragem nocturna
poeiras de carnes
trouxe-lhe o da carne
negras, sangue acaso
queimada".
ainda viscoso se nas
brasas no se
evaporou".
A multido rene-se A multido rene-se
- "O Rossio est cheio - "havia multido em S.
de povo". Domingos"
As condenaes da As condenaes da
Inquisio: Inquisio:
- condenao de
Antnio Jos da Silva,
- condenao da me
"autor de comdias de
de Blimunda (ao
bonifrates";
degredo).
- condenao de
Baltasar Sete-Sis.
Ritual de morte
Blimunda comunica Blimunda que, no Blimunda comunica
enigmaticamente primeiro encontro enigmaticamente
com a me com Baltasar, com Baltasar
prometera que
nunca o veria por
- "no fales, Blimunda, dentro, usa os seus
- "Ento Blimunda
olha s com esses dons nos momentos
disse, Vem.
olhos que tudo so finais da vida de
Desprendeu-se a
capazes de ver; Baltasar e v uma
vontade de Baltasar
- "adeus Blimunda que nuvem fechada que
est no centro do Sete-Sis".
no te verei mais".
seu corpo - RECOLHE
A SUA VONTADE.