CLORO SODA (AdryelleS GabrielX)
CLORO SODA (AdryelleS GabrielX)
CLORO SODA (AdryelleS GabrielX)
Maceió/ AL
2023
ADRYELLE SUELEN GOMES SILVA
GABRIEL WILLIAM LIMA XAVIER
Maceió/AL
2023
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 3
1.1 A Origem da Eletrólise 3
1.2 Eletrólise 4
2. ASPECTOS HISTÓRICOS DA INDÚSTRIA NO BRASIL E NO MUNDO 5
3. MATÉRIAS-PRIMAS: OCORRÊNCIAS, TECNOLOGIAS DE OBTENÇÃO,
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO 7
4. PRODUTOS 9
4.1 Cloro 9
4.2 Soda Cáustica 10
4.3 Ácido clorídrico 10
4.3 Hipoclorito de sódio 11
5. PROCESSO PRODUTIVO 11
5.1 Eletrólise 11
5.2 Processo do Hidrogênio 12
5.3 Processo do Cloro 12
5.4 Processo da Soda 14
6. ASPECTOS ECONÔMICOS 16
7. SUSTENTABILIDADE 19
8. REFERÊNCIAS 20
2
1. INTRODUÇÃO
3
1.2 Eletrólise
4
Fig 1: A eletrólise de uma solução aquosa de cloreto de sódio
5
sódio, que era usado como matéria-prima para produzir a soda cáustica através do
processo mencionado (ABICLOR, 2020).
Somente em 1844, em Glasgow, Escócia, foi construída a primeira instalação
industrial dedicada à produção de soda cáustica. Contudo, esta rota produtiva foi
substituída no final do século XIX, essa cadeia produtiva foi substituída por dois
novos processos: o método Solvay, para a produção de carbonato de sódio, e o
processo Castner, que envolvia a eletrólise de soluções salinas para produção
simultânea de soda cáustica e cloro (Andrade et al., 1994).
O processo de Castner revolucionou a produção de cloro e soda cáustica, e
hoje, o processo eletrolítico é largamente utilizado em todo o mundo. Este teve
origem após a descobertas das leis da eletrólise por Michael Faraday e do advento
do dínamo como fornecedor de corrente contínua por Werner von Siemens (Ciência
Hoje, 2016).
Em 1890, Stroof, Parnicke e os irmãos Lang conseguiram produzir soda
cáustica em escala industrial pela primeira vez usando o processo eletrolítico com
um tipo de célula com diafragma da empresa Griesheim Elektron AG na Alemanha.
O principal desafio na época era manter o cloro e o hidróxido de sódio separados
durante a eletrólise, e essa tecnologia das células com diafragma viabilizada isso.
Vários outros processos foram explorados até que a célula Hooker foi desenvolvida
nos Estados Unidos. Castner nos Estados Unidos e Kellner na Áustria inventaram
independentemente a célula com cátodo de mercúrio em 1892. No entanto, devido a
problemas técnicos, essa tecnologia não se expandiu na época. Foi somente em
1935, durante a Segunda Guerra Mundial, que a tecnologia foi aperfeiçoada pela
empresa I.G. Farben na Alemanha, que desenvolveu a célula com reciclo de
mercúrio. No Brasil, a primeira fábrica a usar células de diafragma para produção de
cloro-soda foi a Eletro-Química Fluminense, fundada em 1934. Já a primeira fábrica
a usar células de mercúrio foi a Eletrocloro (hoje conhecida como Solvay Indupa do
Brasil), fundada em 1948 (ABICLOR, 2020)
A tecnologia de célula de membrana surgiu na década de 70 como uma
alternativa para produzir soda cáustica com baixa concentração de cloretos e sem
usar mercúrio. Esse método consiste em usar uma membrana perfluorada que
separa os compartimentos anódico e catódico da célula eletrolítica, impedindo a
passagem de íons cloreto. A Du Pont foi pioneira nesse processo, criando as
membranas perfluorsulfônicas (Nafion 324), que permitiam obter soluções
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comerciais de soda cáustica com 10% a 20% de NaOH em peso. No Japão, a Asahi
Glass desenvolveu em 1975 uma membrana capaz de produzir solução de soda
cáustica a 35% em peso. A primeira fábrica brasileira a adotar essa tecnologia foi
uma unidade da Aracruz Celulose, em 1981 (ABICLOR, 2020).
Um dos principais expoentes na produção brasileira é Alagoas, a história da
planta de cloro soda da Braskem no estado está relacionada à descoberta de
sal-gema na região, que foi por acaso. Em 1971, a Petrobras perfurou um poço em
busca de petróleo e encontrou uma grande reserva de sal-gema, um mineral rico em
cloreto de sódio (TICIANELI, 2015). A partir dessa descoberta, a Salgema foi criada
para explorar o sal-gema e produzir cloro-soda, uma matéria-prima essencial para a
indústria química e do plástico. A construção da fábrica de cloro-soda, o campo de
salmoura e o terminal marítimo, em Maceió, tiveram início em 1974. A produção
comercial só teve início em fevereiro de 1977 e a unidade de dicloretano, em 1979
(TICIANELI, 2015). Em 1995, a Odebrecht assumiu o controle da Salgema e da
Companhia Petroquímica de Camaçari (CPC), produtora de PVC (BRASKEM, 2023).
Em 2002, a partir da integração das empresas Copene, OPP, Trikem, Proppet,
Nitrocarbono e Polialden, nasceu a Braskem, que herdou os ativos da Salgema em
Alagoas2. Em maio de 2019, a Braskem paralisou definitivamente a extração de sal
em Maceió por causa do afundamento do solo em bairros próximos à mina
(BRASKEM, 2021). Em fevereiro de 2021, a Braskem retomou a operação segura na
unidade de Cloro-Soda em Maceió, com sal adquirido de jazidas licenciadas do
Chile (FINANCE NEWS, 2021).
7
desses compostos são produzidos o cloro e a soda cáustica. Além do hidrogênio
pode ser produzido a partir dessa reação eletroquímica. Estes são produzidos pela
passagem de uma corrente elétrica através de salmoura (sal comum dissolvido em
água). Como esses três produtos são altamente reativos, foram desenvolvidas
tecnologias para separá-los.
As três principais tecnologias para a produção de cloro são:
● o processo de célula de membrana, mais utilizado na Europa (85% da
capacidade instalada);
● o processo de célula de mercúrio, agora eliminado na Europa;
● o processo de célula de diafragma (usado para quase 10% da capacidade
instalada na Europa);
Outras tecnologias de produção de cloro-álcalis também são utilizadas e
representam cerca de 5% da capacidade instalada.
Fig.2: Esquema de produção de Cloro e Soda Cáustica
8
O sal extraído contém impurezas, como cálcio, magnésio e sulfato de sódio,
que podem causar danos ao processo eletrolítico, como entupimento e diminuição
de vida útil do anodo. Desse modo, a salmoura é submetida no processo de
tratamento a depender do tipo de célula empregada. Para a célula de membrana,
que é a mais utilizada nas indústrias, o processo consiste em:saturação da
salmoura; tratamento primário, e tratamento secundário.
A saturação da salmoura consiste em dissolver o sal e aquecê-lo, até se obter
a solução saturada desejada. Após isso, é necessário purificar a salmoura para
eliminar elementos indesejados, como cálcio, magnésio, ferro e metais pesados.
Para tanto, é realizada uma precipitação adicionando uma fonte de carbonato para
remover o cálcio e uma fonte de íon hidroxila para remover os outros metais. Além
disso, o íon sulfato pode ser eliminado através da precipitação com íon cálcio ou
bário, como mostrada na equação de reação a seguir:
4. PRODUTOS
4.1 Cloro
9
química. Por exemplo, ele é usado na fabricação da resina plástica policloreto de
vinila (PVC), de solventes clorados, de agroquímicos (principalmente defensivos
agrícolas) e no branqueamento da polpa de celulose. Além disso, ele tem um alto
poder bactericida e é empregado no tratamento de água potável e de piscinas. O
cloro também serve como intermediário nas sínteses químicas e nos processos de
obtenção de vários produtos químicos, tais como: anticoagulantes, poliuretanos,
lubrificantes, amaciantes de tecidos, fluidos para freios, fibras de poliéster, insumos
farmacêuticos etc. Outra aplicação do cloro líquido é como matéria-prima no
processo produtivo do cloreto de hidrogênio (gás), precursor do ácido clorídrico
(líquido a 37%), do hipoclorito de sódio e do dicloroetano, o intermediário da rota de
fabricação do PVC (FERNANDES et al., 2009).
10
claro e levemente amarelo que solta fumaça, com cheiro forte e irritante, devido à
liberação do cloro. É produzido em concentrações de 30% a 40%. Suas principais
aplicações são a limpeza e o tratamento de metais ferrosos, por decapagem,
flotação e processamento de minérios, acidificação de poços de petróleo,
regeneração de resinas de troca iônica, construção civil, neutralização de efluentes,
produção de produtos para a indústria de alimentos e farmacêutica (FERNANDES,
2009).
5. PROCESSO PRODUTIVO
5.1 Eletrólise
11
NaCl, em torno de 70ºV; controle do pH antes de aplicada nos compartimentos das
casas de célula. Os produtos obtidos são cloro quente e úmido, hidrogênio com
vapor de água e o licor de células.
Fig. 3: Eletrólise da solução de NaCl aquosa e seus produtos.
12
Fonte: Autores, 2022
A primeira etapa do tratamento do cloro gasoso é o resfriamento, a etapa é
feita em um trocador de calor, que usa água ou ar frio para baixar a temperatura do
gás de cerca de 90ºC para 25ºC, em alguns processos. Isso faz com que a água em
vapor que está misturada com o gás cloro se condense e possa ser separada. Essa
etapa é importante porque o gás cloro reage com a água e forma ácidos fortes que
corroem os metais. No entanto, o resfriamento não elimina toda a umidade do gás
cloro, por isso é necessário fazer uma secagem com ácido sulfúrico, que remove as
últimas gotas de água do gás(HOU et al, 2018; KARLSSON et al., 2018).
A secagem do cloro gasoso com ácido sulfúrico consiste em fazer o gás
passar por um leito de torres contendo ácido sulfúrico concentrado (cerca de 98%).
O ácido sulfúrico tem uma alta afinidade pela água e absorve as gotas de água
presentes no gás cloro. O gás cloro seco sai pela parte superior das torres e o ácido
sulfúrico diluído sai pela parte inferior. O ácido sulfúrico diluído pode ser concentrado
novamente por destilação e reutilizado no processo de secagem (ALQUIMIA
PRODUTOS, 2021)
A compressão e a liquefação do cloro gasoso são etapas posteriores ao
tratamento do cloro que visam armazenar o cloro em estado líquido para facilitar o
transporte e o uso. Essas etapas são necessárias porque o cloro gasoso é muito
corrosivo, tóxico e explosivo, exigindo cuidados especiais de manuseio. A
compressão do cloro gasoso consiste em aumentar a pressão sobre o gás por meio
de compressores mecânicos, reduzindo o volume ocupado pelo gás. A compressão
também aumenta a temperatura do gás, que precisa ser resfriado por um sistema de
13
refrigeração. A compressão do cloro gasoso pode ser feita em várias etapas, com
resfriamento intermediário, até atingir a pressão desejada (HSU et al., 2015).
A liquefação do cloro gasoso consiste em diminuir a temperatura do gás até o
ponto de ebulição do cloro, que é de -34,05 °C. Nesse ponto, o gás se transforma
em líquido e pode ser armazenado em cilindros ou tanques sob pressão. A
liquefação do cloro gasoso pode ser feita por meio de trocadores de calor ou
sistemas de refrigeração (MOORHOUSE, 2001).
Finalmente, o cloro líquido é abatido, o que significa que é reduzido a uma
pressão e temperatura seguras para uso em outras partes do processo industrial. O
abatimento é realizado em um tanque de armazenamento ou em um vaso de
pressão, que permite a liberação controlada do cloro líquido na linha de processo. É
importante destacar que o abatimento também ajuda a evitar riscos de segurança e
a garantir a eficiência do processo.
14
Fig.6: Sistema de evaporação em múltiplo efeito.
15
ao seu alto poder corrosivo. Desse modo, a soda cáustica a 50% é resfriada até
25ºC em um trocador de calor em um sistema de refrigeração, havendo etapas
primária, secundária e assim por diante a depender da indústria e o processo
adotado, sendo utilizado frequentemente água gelada ou água da torre de
resfriamento como fluido refrigerante (Shearon, W. H. et al, 2002).
6. ASPECTOS ECONÔMICOS
16
Fonte: ABICLOR, 2020
Quanto a termos de empresas no setor, a Braskem, Dow Brasil e Unipar são
as principais empresas que fabricam cloro e soda no Brasil: elas somaram quase
90% da capacidade instalada no país em 2019. Outras empresas que atuam nesse
mercado são a CMPC Celulose Riograndense, a Compass Minerals, a Katrium
Indústrias Quimicas e a Chemtrade. A produção é feita em oito plantas industriais,
como mostra a Figura 8 e 9 (ABICLOR, 2020; FERNANDES, 2009).
Fig. 8: Capacidade instalada de produção, em mil toneladas de cloro, 2019.
17
Fig. 9: Mapa sócio-produtos de 2020 das indústrias brasileiras de cloro-álcalis
7. SUSTENTABILIDADE
19
Fonte: Abiclor, 2020.
O gás hidrogênio é gerado como subproduto durante o processo de eletrólise
e pode ser utilizado de diversas maneiras, como matéria-prima, combustível para
gerar vapor de processo ou até mesmo comercializado. Com o objetivo de promover
a sustentabilidade, várias empresas estão utilizando o excesso de hidrogênio para
gerar energia elétrica. O grau de aproveitamento do gás é uma medida importante
de eficiência nesse processo. De acordo com a Abiclor, em 2019, a indústria
brasileira apresentou um aproveitamento de 82,7% do hidrogênio, o que está de
acordo com o padrão internacional (Abiclor, 2020).
8. REFERÊNCIAS
20
BNDES Setorial, n. 29, p. 279-320, Rio de Janeiro, 2009.
Ciência Hoje. Revista de divulgação científica do instituto ciência hoje. n. 340. v. 57.
Set. 2016.
HOU, Xiaoyu; ZHANG, Zhenjia; WANG, Haikuan; YANG, Yongliang; LIU, Honglai;
HUANGFU, Xiaoliu; WANG, Zhiqiang; LIU, Xiangping; ZHANG, Suojiang. Process
21
simulation and optimization of a chlor-alkali plant with bipolar membrane
electrodialysis for caustic soda concentration. Journal of Cleaner Production, v. 172,
p. 2876-2887, 2018. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S095965261732858X. Acesso em:
27 abr. 2023.
KARLSSON, Rasmus B.; CORNELL, Ann (Eds.). Chlorine and the Environment: An
Overview of the Chlorine Industry. Cham: Springer, 2018. Disponível em:
https://link.springer.com/book/10.1007/978-3-319-77155-0. Acesso em: 27 abr. 2023.
22
SANTOS, Mateus Carneiro Guimarães dos; PORTO, Paulo Alves; KIOURANIS,
Neide Maria Michellan. Michael Faraday rumo às Leis da Eletrólise: alguns
experimentos. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 42, n. 4, p. 330-336, nov.
2020.
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