FICHA DE LEITURA VITALIDADE URBANA - Nathália Casagrande

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Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES

Curso de Arquitetura e Urbanismo


Atelier Integrado VI – 9415219
Prof.: Augusto Alves | 2021B
Aluna: Nathália Casagrande

FICHA DE LEITURA VITALIDADE URBANA


Estudo Independente 1

Texto 1: Capítulo 7 - Os geradores de diversidade (pág. 157-166)


Fonte: JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

Boswell não apenas deu uma boa definição de cidade, mas pôs o dedo em um dos seus
principais problemas. A análise das cidades, uso por uso, tornou-se um recurso costumeiro
do planejamento urbano. Para compreendê-las é fundamental as combinações ou misturas
de usos.
- Como as cidades podem gerar uma mistura suficiente de usos - uma diversidade
suficiente - por uma extensão suficiente de áreas urbanas para preservar a própria
civilização?
Primeira pergunta sobre planejamento urbano (que Boswell julga ser a mais importante),
se tivermos como meta que a mistura de usos seja suficientemente complexa para prover a
segurança urbana, o contato do público e a interação de usos, ela precisa de uma
quantidade enorme de componentes.
Embora as cidades possam ser chamadas de geradoras naturais de diversidade
econômica e incubadoras naturais de novas empresas, isso não significa que as cidades
geram diversidade automaticamente, pelo simples fato de existir. Elas geram pelas diversas
e eficientes combinações de usos econômicos que formam. Quando fracassam nessas
combinações de usos, conseguem no máximo gerar um pouco mais de diversidade do que
os núcleos urbanos menores.
Há quatro condições indispensáveis para gerar uma diversidade exuberante nas ruas e
nos distritos:
1. O distrito, e sem dúvida o maior número de segmentos que o compõem, deve
atender a mais de uma função principal; de preferência, a mais de duas. Estas
devem garantir a presença de pessoas que saiam de casa em horários diferentes e
estejam nos lugares por motivos diferentes, mas sejam capazes de utilizar a maior
parte da infraestrutura.
2. A maioria das quadras deve ser curta, as ruas e as oportunidades de virar a esquina
devem ser frequentes.
3. O distrito deve ter uma combinação de edifícios com idades e estados de
conservação variados, e incluir boa porcentagem de prédios antigos, de modo a
gerar rendimento econômico variado. Essa mistura deve ser bem variada.
4. Deve haver densidade suficiente alta de pessoas, sejam quais forem seus
propósitos. Inclui alta concentração de pessoas cujo propósito é morar lá.
Tais condições criam combinações de usos economicamente eficazes. Os distritos se
diferem, então cada um terá seus resultados livres de comparações por muitas razões, mas
com estas condições plenamente atendidas (ou o máximo possível), o distrito deverá ter
condições de desempenhar seu máximo potencial, seja ele qual for.
Texto 2: Capítulo 1.1 - A dimensão humana

Esquecida, negligenciada, e progressivamente eliminada. Por décadas a dimensão


humana foi um tópico esquecido no planejamento urbano, enquanto outras questões
ganharam mais força, como o aumento do tráfego de automóveis. Além disso, as ideologias
predominantes de planejamento - principalmente modernismo - deram baixa prioridade ao
espaço público, às áreas de pedestres e ao papel do espaço urbano como local de encontro
entre os moradores. E no processo, priorizando os edifícios individuais, os mesmos se
tornaram cada vez mais autossuficientes, isolados e indiferentes.
Uma característica comum de quase todas as cidades, no geral, é que as pessoas que
ainda desfrutam dos espaços da cidade são cada vez mais mal tratadas. Espaço limitado,
ruídos, obstáculos, poluição, risco de acidentes e condições geralmente vergonhosas são
comuns para os habitantes, na maioria das cidades do mundo. Isso não só reduziu o
pedestrianismo como meio de locomoção, mas também deixou cercadas as funções cultural
e social dos espaços da cidade.
Felizmente, vem aumentando o interesse na construção de áreas dinâmicas e de uso
misto, em vez de grupos de edifícios autônomos isolados. A visão de cidades vivas,
seguras, sustentáveis e saudáveis, tornou-se um desejo universal urgente. Pela primeira
vez na história, a maior parte da população é urbana e não rural. As cidades cresceram
rapidamente, e este crescimento urbano vai continuar nos próximos anos, e como objetivo
chave deve se destacar um maior foco sobre a necessidade das pessoas que utilizam as
cidades.
Reforça-se o potencial para uma cidade segura quando mais pessoas se movimentam
pela cidade e permanecem nos espaços urbanos, curtas distâncias a pé, espaços públicos
atrativos e uma variedade de funções urbanas são elementos que aumentam a atividade e
sentimento de segurança. Há mais olhos nas ruas e um incentivo maior para acompanhar
os acontecimentos da cidade, a partir das habitações e edifícios do entorno.
Um bom espaço público e um bom sistema público de transporte são, simplesmente, dois
lados da mesma moeda. O desejo de uma cidade saudável é intensificado se o caminhar ou
o pedalar forem etapas naturais do padrão de atividades diárias. Os usuários devem se
sentir seguros, tanto a pé quanto ao pedalar ou ao utilizar os transportes públicos. Se
comparado a outros investimentos sociais, o custo de incluir a dimensão humana é tão
modesto, que os investimentos nessa área serão possíveis em todas as cidades do mundo,
com benefícios enormes.
Mais vias, mais tráfego - menos vias, menos tráfego. Depois de cem anos de tráfego de
automóveis, é notório que mais vias levam a um aumento de trânsito - mais tráfego e mais
congestionamento.

Texto 3: Capítulo 4.6 - Bons lugares.


Fonte: GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013.

Bons lugares, e ótima escala, por favor. A experiência de conforto e bem estar nas
cidades, está intimamente ligada ao modo de estrutura urbana e o espaço da cidade se
harmonizar com o corpo humano, seus sentidos, dimensões espaciais e escalas
correspondentes. Se não houver bons espaços e boas escalas urbanas, não existirão as
qualidades urbanas cruciais. As relações espaciais e dimensões têm uma influência
decisiva em nossa experiência de lugar e em nosso desejo de nos movimentarmos ou
permanecermos bem ali.
As proporções das cidades antigas revelam o mesmo modelo em todas elas. Ruas de 3, 5,
8 ou 10 metros podem facilmente absorver o tráfego de 2.400 a 7.800 pedestres por hora.
As praças muitas vezes aproximam-se do número mágico de 40 x 80 metros, dessa forma
as pessoas podem observar toda a cena, ver a própria praça e os rostos das pessoas
conforme atravessam o espaço.Proporções correspondentes são encontradas onde o
conforto do visitante e o desejo de fazer valer cada metro, determina a dimensão do
espaço.
Grande demais, frio demais, indiferente demais. Em muitas novas cidades, assim foram
tratados os espaços, grandes edifícios e muitos carros parados ou circulando, mas “pouco
lugar para atividades humanas”.
Espaços menores dentro dos espaços maiores. Este princípio, muitas vezes, cria áreas
menores bem funcionais, e combina os grandes espaços com a modesta escala urbana.
Muitas cidades e espaços mais antigos, usam colunas e arcos, dessa forma os pedestres
podem se deslocar em um espaço íntimo e delimitado, enquanto tem uma visão do espaço
urbano maior. Os espaços também podem ser delimitados com renques de árvores, aleias,
bancas de comércio numa praça, guarda-sóis e toldos em um café e até mobiliário urbano e
balizadores, por exemplo.
Quando um gato sai pela porta, ele para e examina cuidadosamente os arredores, e
depois vai devagar para aquele que é com certeza, o melhor lugar para deitar-se com
majestosa dignidade. Moral da história, “ quando se constrói cidades, é preciso sempre ter
em mente o deixar os gatos contentes - então teremos certeza de que as pessoas ficarão
contentes também.”

Video: Jan Gehl explica o conceito de cidades para pessoas

Cidades para pessoas.Nas antigas cidades, sempre se começava com um lugar para as
pessoas andarem, então se colocavam as construções no meio do caminho, e depois elas
viravam prédios e casas. Dessa forma, os prédios sempre começavam com vida.
Hoje, são os prédios primeiro, depois paisagismo e depois, talvez, vida. Mas nunca vida de
fato, nunca confortável. Todo o conhecimento sobre pessoas e cidades foi jogado fora pelo
modernismo, como se as coisas velhas não valessem mais, como se com o homem
moderno tudo deveria ser diferente. Porém o homo sapiens, ainda tem a mesma altura,
ainda é bípede, ainda tem a mesma história biológica, mesma visão horizontal e com
delimitações, então todas as coisas básicas, são as mesmas.
Que possamos cada vez mais ver isto. Não queremos mais modernismo, nem invasão dos
carros, agora lutamos para fazer cidades habitáveis, sustentáveis e saudáveis, não cidades
que convidam as pessoas a ficarem o dia todo sentados dirigindo um automóvel. O que faz
é um grande problema para a saúde, mudar isso é ter uma melhor qualidade de vida.
Toda vez que alguém anda 1km de bicicleta, a sociedade economiza 35 centavos, e toda
vez que alguém anda 1km de carro, a sociedade perde 14 centavos.Então, quanto mais
bicicletas, maior economia para a sociedade. Há muita ansiedade, estresse, pânico…
transtornos psiquiátricos. A forma de construir influencia a vida, os prédios têm uma grande
influência, até a distância entre eles determina o contato entre as pessoas.
A ideia de planejamento urbano humanístico, pode ser usada em todos os níveis: de uma
pequena vila de cem pessoas, até uma grande cidade na África de 13 milhões de pessoas.
Se tivermos a possibilidade de fazer o mundo melhor, temos que fazer o melhor que
pudermos, nas pequenas coisas. Mais lugares legais, para que tenham lugares legais para
todos, qualquer coisa que seja ou camada econômica a qual pertencemos.

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