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2022

FLUXO CONTÍNUO
Ed. 37 - Vol. 1. Págs. 132-148

JNT - FACIT BUSINESS AND TECHNOLOGY


JOURNAL ISSN: 2526-4281 - QUALIS B1
https://www.google.com/url?sa=i&url=htt
131

UMA ANÁLISE DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E


FAMILIAR CONTRA A MULHER SOB A ÓTICA DO
ISOLAMENTO SOCIAL EM TEMPOS DA
PANDEMIA DO COVID-19 NO BRASIL

AN ANALYSIS OF DOMESTIC AND FAMILY


VIOLENCE AGAINST WOMEN FROM THE
PERSPECTIVE OF SOCIAL ISOLATION IN TIMES
OF THE COVID-19 PANDEMIC IN BRAZIL

Camila Lemos NICOLAU


Centro Universitário Tocantinense Presidente
Antônio Carlos (UNITPAC)
E-mail: [email protected]

Tereza Seabra FONSECA


Centro Universitário Tocantinense Presidente
Antônio Carlos (UNITPAC)
E-mail: [email protected]

Lara de Paula RIBEIRO


Centro Universitário Tocantinense Presidente
Antônio Carlos (UNITPAC)
E-mail: [email protected]
RESUMO

O objetivo do presente artigo é evidenciar de forma abrangente e coesa os contextos e


fatores que culminaram no aumento dos casos de violência doméstica, e Feminicídio
desencadeados pelo início da pandemia de COVID-19, além de discutir possíveis soluções
para o problema em questão. Para tanto, serão estudados o conceito de pandemia, o
contexto histórico da violência contra a mulher, e a violência contra a mulher decorrente da
pandemia. Utiliza-se no presente trabalho, a pesquisa bibliográfica e documental,
132
utilizando-se de leis, jurisprudências, revistas científicas, e doutrinas jurídicas ou
multidisciplinares. A literatura básica será analisada por meio de produção de resumos e
fichamentos dos conteúdos específicos do tema da pesquisa, assim como qualquer outro
material que se fizer necessário para o esclarecimento do que se propõe. Ademais, os dados
e condutas teórico-doutrinários presenciados na pesquisa serão analisados de uma do ponto
de vista geral, para o individual, com o intuito de sanar o questionamento em pauta através
do método dedutivo, com fundamento principal na legislação brasileira, especialmente a
Lei Maria da Penha n. 11.340/06, e na Lei do Feminicídio n. 13.104/15. Na esfera da
análise de dados, a mesma será qualitativa, buscando uma forma de abordagem
interpretativa, trazendo a luz sobre o tema, para ao final trazer exemplos de possíveis
soluções para a problemática em questão

Palavras-Chave: COVID-19. Feminicídio. Pandemia. Violência.

ABSTRACT

The objective of this article is to demonstrate in a comprehensive and cohesive way the
contexts and factors that culminated in the increase in cases of domestic violence, and
feminicide triggered by the onset of the COVID-19 pandemic, in addition to discussing
possible solutions to the probblem in question. To this end, the concept of pandemic, the
historical context of violence against women, and violence Against women resulting from
the pandemic will be studied In the present article bibliographic and documenter research
is used, using laws, jurisprudence, scientific journals, and legal doctrines or
multidisciplinary. The basic literature will be analyzed through the production of abstracts
and records of the specific contents of the research theme, as well as any other material

Camila Lemos NICOLAU; Tereza Seabra FONSECA; Lara de Paula RIBEIRO. UMA ANÁLISE DA
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER SOB A ÓTICA DO
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that is necessary for the clarification of what is proposed. Moreover, the theoretical-
doctrinal data and conducts witnessed in the research will be analyzed from a general point
of view, for the individual in order to address the question in question though the deductive
method, based on Brazilian Legislation, especially the Maria da Penha Law n. 11.340/06,
and the Law of Feminicide n. 13.104/15. In the sphere of data analysis, it will be
qualitative, seeking a from of interpretative approach, bringing light on the theme, to bring
examples of possible solutions to the problem in question.

Keywords: COVID-19. Femicide. Violence. Pandemic.


133
INTRODUÇÃO

O presente artigo científico tem como objetivo principal demonstrar o crescimento


nos índices de violência doméstica, ocorrido no Brasil durante o ano de 2020, marcado
pela incidência da pandemia do novo Corona Vírus e por consequência, pela adoção de
medidas de isolamento social, extremamente recomendadas por toda a comunidade
científica.
Sobre a temática proposta, pode-se esclarecer inicialmente que diante deste cenário
de aumento substancial do convívio diário e ininterrupto entre os membros de uma família,
além da renúncia ou restrição de contato com outros círculos sociais, verificou-se o
agravamento da triste realidade de violência contra a mulher no país.
Este trabalho se justifica pela extrema necessidade de estudar profundamente as
razões e as consequências do agravamento da situação da violência doméstica ocorridos
neste contexto de pandemia mundial, evidenciando a vulnerabilidade da mulher no
isolamento social, para posteriormente buscar soluções capazes de resolver este problema e
evitar que mais mulheres se tornem vítimas.
O método escolhido para este estudo é de caráter descritivo qualitativo, embasado
em pesquisas bibliográficas, realizadas através de subsídios encontrados em livros, artigos,
dissertações, teses, jurisprudência, seguida da coleta de informações e dados estatísticos,
provenientes de órgãos oficiais, priorizando a obtenção de dados atualizados.
Dessa forma, é cada vez mais necessário fortalecer e ampliar as políticas públicas
de proteção para assumir uma posição de escudo para com as mulheres, a fim de evitar a
perigosa relação com o Feminicídio, que já se mostra como um efeito do isolamento social
decorrente da pandemia de Covid-19 no Brasil e no mundo.

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Conceito De Pandemia

Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS), foi


informada sobre a ocorrência de diversos casos de uma pneumonia, na cidade de Wuhan,
localizada na República Popular da China, o que seria posteriormente identificado como
uma nova cepa de coronavírus, que ainda não havia sido diagnosticada em humanos.
Em razão do alto nível de contágio e com a situação se agravando rapidamente, em 30 de
janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde – OMS, declarou que o surto do novo 134
coronavírus constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional
(ESPII), sendo este o mais alto nível de alerta emitido pela referida Organização, e para
conter a doença.
Dessa forma, foram sugeridas medidas a serem aplicadas em âmbito mundial
visando a coordenação, a cooperação e a solidariedade de todos os países para interromper
a propagação do vírus. Em 11 de março de 2020, a COVID-19 tomou proporções globais, e
foi caracterizada pela OMS como uma pandemia, termo que faz referência à distribuição
geográfica de uma doença que se propaga por diversos continentes, tendo sua transmissão
sustentada pelo contato entre pessoas.
No Brasil, a primeira contaminação pelo novo coronavírus foi identificada em 26
de fevereiro de 2020. Por consequência, a nação declarou a existência de transmissão
comunitária em março, no mesmo mês em que se registrou a primeira morte causada pela
doença. A partir desse momento, diversas medidas foram adotadas a fim de frear a
disseminação do vírus, entre elas, destaca-se a prática do isolamento social.

Análise Panorâmica da Covid-19 e Medidas de Isolamento Social

Em abril de 2020, a taxa de contaminação pelo novo Coronavírus no Brasil já era


apontada como a maior entre 48 países analisados pelo Imperial College de Londres
(CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 2020). O cenário epidemiológico demonstrava
um crescimento acelerado, tendo como resultado o aumento exponencial no número de
óbitos.
Com os níveis críticos das taxas de ocupação dos serviços de saúde no país, o
Conselho Nacional C i

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i i i i i i
G E Di i F i E i i
Municipais e Se i i i i
Entre as indicações, o Conselho Nacional de Saúde, através da referida
Recomendação, buscou que fossem implementadas medidas que garantissem que pelo
menos 60% da população mantivesse o distanciamento social, ou em níveis superiores a
este, tendo em vista a ocupação dos leitos, que aumentava de maneira progressiva e
efetiva.
Além disso, recomendou também a implementação de medidas de distanciamento 135
social mais restritivas, como o lockdown, que representa imposição, por parte do Estado,
de uma medida de isolamento mais severa para uma população, visando a sua segurança
(AGÊNCIA BRASIL, 2020).
Dessa forma, manter-se dentro de sua residência, com os membros que ali residem
em conjunto, mostrou-se completamente necessário na busca do controle dos índices de
contaminação. Esse cenário trouxe diversos problemas, posto que a mudança drástica de
rotina, o medo da doença e a restrição de liberdade podem causar impactos no psicológico
humano.
Neste mesmo aspecto, o cenário se agravou, quando a situação se prolongou além
do previsto, face a dificuldade de encontrar tratamento ou vacinas que fossem eficazes
contra a nova cepa do coronavírus. Apenas no dia 17 de janeiro de 2021, foi aplicada a
primeira dose de vacina contra a covid-19 no Brasil, tendo sido uma enfermeira de São
Paulo, a primeira pessoa vacinada no país (CNN BRASIL, 2021).
Isso ocorreu após a aprovação, pela Anvisa, do uso emergencial de dois
imunizantes: a Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, em colaboração com o Instituto
Butantan, e o imunizante da Astrazeneca/Universidade de Oxford, em colaboração com a
Fundação Oswaldo Cruz (G1, 2021).
Ou seja, da descoberta do primeiro caso no país, em 26 de fevereiro de 2020 até a
aplicação da primeira dose da vacina na primeira brasileira, fato ocorrido em 17 de janeiro
de 2021, houve um enorme lapso temporal, onde a maneira mais indicada de prevenir o
contagio do covid-19 era o isolamento social.
Durante esse período o sentimento de incerteza e insegurança da população era
inevitável, e somente com a comprovação da eficácia das vacinas tal cenário poderia

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mudar. Mesmo após a descoberta e produção em massa das vacinas, o isolamento ainda era
a medida mais recomendada, tendo em vista que a eficácia dos imunizantes existentes não
correspondeu a cem por cento de imunização contra o vírus.
Apenas no dia 17 de abril de 2022, o então Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga,
decretou o fim do estado de emergência sanitária no país pela Covid-19. Nesse ínterim, os
relacionamentos interpessoais foram afetados, pois o tempo de contato de quem mora sob o
mesmo teto foi expandido, dentro de um contexto de extrema tensão e incerteza. Ante o
exposto, é importante analisar como a pandemia provocou impacto nos índices da
violência contra a mulher. 136

BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

O fenômeno da violência é considerado por muitos estudiosos complexo e de difícil


definição, podendo ser socialmente aprovado ou desaprovado de acordo com os costumes,
as normas sociais, à época, os locais e as circunstâncias em que ocorre, se relacionando à
noção de força, ao uso de superioridade física sobre o outro (MINAYO, 2005).
A violência doméstica não é nova no contexto social, ela possui um percurso
histórico que permeia a humanidade, no entanto, apenas há pouco tempo se tornou uma
questão central, de interesse pela comunidade e um problema de saúde pública, que passa a
ter a violência como campo de intervenções e alvo de ações específicas no âmbito das
relações para seu enfrentamento (SCARANTO, BIAZEVIC, & MICHEL-CROSATO,
2007).
Quando as vítimas são mulheres, os principais tipos de violência são de natureza
física, sexual, psicológica, moral, patrimonial e frequentemente sofrem várias formas ao
mesmo tempo (PRATES & ALVARENGA, 2008).
A violência doméstica contra a mulher pode ter diferentes agressores como filhos,
companheiros, irmãos, entre outros, porém o parceiro íntimo (marido, companheiro,
namorado, atual ou não) é apontado como o principal entre eles. Muitas denominações são
utilizadas quando se fala de violência contra a mulher, como violência familiar, doméstica,
nas relações amorosas e conjugais, violência de gênero e a própria terminologia violência
contra a mulher.

Tipos de Violência Doméstica Contra a Mulher

Camila Lemos NICOLAU; Tereza Seabra FONSECA; Lara de Paula RIBEIRO. UMA ANÁLISE DA
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A lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006, criou mecanismos para
prevenir, punir e reprimir a violência doméstica e familiar contra a mulher, ancorando-se
na Constituição Federal de 1988, na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência contra a Mulher e em outros tratados internacionais que foram
ratificados pelo Brasil.
Dessa forma, a lei n. 11.340, em seu art. 5º, caput, estabelece que se configura
violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no
gênero, no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da família e em qualquer relação
íntima de afeto. 137
É importante ressaltar que a violência de que se trata na lei Maria da Penha está
baseada no gênero, tendo em vista que toda violência de gênero é uma violência contra a
mulher, mas nem toda violência contra a mulher é uma violência de gênero.
Nesse contexto, dentre as mais diversas formas de violência contra a mulher, é
possível citar a violência física, a psicológica, a moral, a sexual, e a patrimonial, que se
encontram elencadas na Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como Maria Da
Penha, que foi recentemente atualizada no ano de 2021.
Dessa forma, mais que uma violação dos direitos inerentes ao ser humano, essas
formas de violência são complexas, estando sujeitas a diversos requisitos, são carregadas
de perversidade, e não ocorrem de forma isolada, sempre ocasionando graves
consequências para a vítima.
Estão previstos cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher na Lei
Maria da Penha, destacadas no Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V, onde tratam
respectivamente da violência física, da violência psicológica, da violência sexual, da
violência patrimonial, e da violência moral.

Violência Física

Para Rogério Sanches da Cunha e Ronaldo Batista Pinto podemos conceituar a


violência física como a ofensa a integridade ou a saúde corporal, que deixe ou não marcas
aparentes, através do uso da força, mediante socos, tapas, pontapés, empurrões, arremesso
de objetos, queimaduras, etc... (2021, p. 91).
Este tipo de violência é o mais comum no Brasil, sendo de fácil constatação, entendido
como qualquer conduta que ofenda a integridade, ou saúde corporal da mulher. Como

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exemplo, podemos citar espancamento, estrangulamento, lesões com objetos cortantes, e
tortura.

Violência Psicológica

Já a violência psicológica se caracteriza por se tratar de uma violência fisicamente


velada, ferindo o emocional, e prejudicando o desenvolvimento da mulher, seja ele social
ou educacional, através do controle de suas ações e comportamentos, manipulando e
humilhando a vítima.
Segundo Alice Bianchini, a violência psicológica está relacionada a sete fatos que 138
resultam em dano psicológico; a conduta que fere o emocional e causa a diminuição da
autoestima; a conduta que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento; a conduta
que vise degradar suas ações; a conduta que vise controlar suas ações; a conduta que vise
controlar seus comportamentos; a conduta que vise controlar suas crenças; a conduta que
vise controlar suas decisões. Todas elas necessariamente praticadas por ameaça;
constrangimento; e/ou humilhação (BIANCHINI, 2018, p. 53).
Na violência psicológica um dos fatores mais comuns que colaboram para que as
vítimas tenham dificuldades de reconhecer o abuso, é que o agressor tem o objetivo de
adulterar os fatos para que a vítima hesite sobre sua própria sanidade, se sentindo incapaz
de questionar as mentiras impostas como realidade.

Violência Moral

A violência moral é definida pela Lei Maria da Penha n.11.340/06, art. 7º, V como:
―Q q q ig i i i j i ‖ (BRASIL, 2006).

Esse tipo de violência tem previsão no Código Penal, nos artigos 138,
139 e 140, in verbis:
Art.138 -Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como
crime;
Art. 139 -Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação;
Art. 140 -Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro
(BRASIL, 1940).

É possível citar como exemplo acusações falsas de traição, a exposição da vida


íntima, a desvalorização da vítima por meio de xingamentos que atacam sua índole, entre
outros.

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Violência Sexual

Trata-se de uma forma de agressão à vida íntima da mulher, onde a conduta do


agente visa constranger a vítima a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual
indesejada, utilizando de intimidação, ameaça, coação ou força física.
Segundo Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto agressões como essas
provocam nas vítimas, não raras vezes, culpa, vergonha e medo, o que as faz decidir, quase
sempre, por ocultar o evento. No Código Penal tais condutas configuram os crimes de
estupro, entre outros (CUNHA; PINTO, 2021, p. 98).
Também incide nesse tipo de violência o agressor que limita, ou anula a liberdade 139
sexual da mulher, obrigando-a a fazer o uso de contraceptivos, ou a realizar abortos
forçados por meio de chantagem, suborno e manipulação.

Violência Patrimonial

Por fim, a violência patrimonial se configura por qualquer ato que vise reter,
subtrair, ou destruir bens da vítima, sejam eles instrumentos de trabalho, documentos
pessoais, valores, direitos, ou recursos econômicos.

Artigo 7º. [...]IV -A violência patrimonial, entendida como qualquer


conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a
satisfazer suas necessidades (BRASIL, 2006).

Nesse contexto temos como exemplo o controle do dinheiro, condicionando mulher


à dependência financeira.

Legislações Brasileiras no Enfrentamento da Violência Contra a Mulher

A violência contra a mulher é um grande problema existente no Brasil, e até o ano


de 2006 quando foi aprovada a Lei Maria da Penha n. 11.340/06 não se tinha nenhuma
legislação específica que atuasse no combate à violência doméstica.
A lei 11.340/2006 veio para estabelecer mecanismos de modo a punir e coibir a
violência doméstica. Delibera, ainda, sobre os conceitos de: âmbito doméstico, esse sendo
i ― i í i
vínculo familiar, inclusive as esporadica g g ‖ B A IL ; â i

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íi ― i i i í q i
i i i i x ‖ B A IL
Nesse sentido, há possibilidade de ser considerada violência doméstica, aquela
i ― q q i i q g i h
i i i i i ‖ B A IL
Do artigo 5º da Lei 11.340/2006 é possível extrair os requisitos necessários a serem
preenchidos, para ser possível aplicação dos institutos penalizadores da lei. Desta forma, se
visualiza a violência doméstica como sendo ação ou omissão baseada no gênero.
Fernandes conceitua gênero através de alguns elementos que integram seu conceito: 140
a) relacional: gênero refere-se ao modo como homens e mulheres estabelecem relações; b)
assimetria: há uma relação de poder desigual entre os envolvidos; c) dominação e
submissão: como consequência da disparidade de poderes, existe a dominação do homem e
a submissão da mulher; d) naturalização da desigualdade e (transgeracionalidade): as
diferenças entre homens e mulheres são incorporadas pela sociedade como se decorressem
da diferença de sexos, bem como são repassadas nas gerações de família (FERNANDES,
2013, p. 56).
Por consequência, qualquer ação ou omissão, baseada no gênero, ocorrida dentro do
ambiente doméstico ou em decorrência de relação de afeto e convivência que ocasione
lesão, sofrimento físico, psicológico, sexual, dano moral, patrimonial ou a morte,
enquadra-se na Lei Maria da Penha.

Lei do Feminicídio: Uma Qualificadora do Crime de Homicídio

O Feminicídio encontra-se diretamente relacionado a violência doméstica, por


muitas vezes sendo o ato final dentro de um ciclo de abuso i i
g g i L i i
hi ― i i íi gi ii x
Feminicídio, bem como qualquer tipologia relacionada ao descumprimento de medida
i ‖ FE A DE 5
F 5 ―o homicídio por razão de gênero, ou Feminicídio, é o
maior sinal de falha da proteção. Significa que os instrumentos não atuaram corretamente ‖ D
forma, é notável a existência de uma grande lacuna, onde o legislador deveria ao menos ter
mencionado como a agressão física resultante em morte abrange o crime de homicídio no

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seio familiar, o que consequentemente implicaria num maior alcance do conteúdo disposto
na Lei.
O crime de Feminicídio surge quase como uma consequência da violência física, há
uma evolução, onde não mais é satisfatório ao agressor desferir somente socos, chutes e
tapas, tem a necessidade de utilizar outros objetos com o intuito de ofender a integridade
corporal de sua companheira e, muitas das vezes, levá-la a óbito.
Sendo assim, visando a sanar tal lacuna e assegurar uma maior punibilidade, foi
sancionada a Lei 13.104/2015, a qual instituiu o Feminicídio como qualificadora do crime
de homicídio. Incluindo no §2º, do artigo 121, do Código Penal, o inciso VI, ficando a 141
seguinte redação: ―§ º h i í i i : [ ] VI – contra a mulher por razões da
condição de sexo feminino‖ B A IL 9
Conforme preceitua Nucci (2021) o crime de homicídio trata-se de retirar a vida de
qualquer ser humano, porém ao longo dos anos verificou-se a necessidade de editar leis
q i i h i ― i
a mulher é inferiorizada sob diversos pri ‖
Portanto, viu-se no Feminicídio uma forma de continuidade da proteção especial
conferida à mulher na Lei Maria da Penha. Além disso, considera-se o crime de homicídio
contra a mulher, valendo-se da condição do sexo feminino, como crime hediondo (NUCCI,
2021).
Dessa forma, foi instituído ao artigo 121 do Código Penal o §7º, o qual prevê causa
de aumento quando o delito é praticado: contra gestante ou nos três meses posteriores ao
parto; contra menor de 14 anos ou maior de 60, pessoa com deficiência ou portadora de
doença limitante ou que cause condição de vulnerabilidade; na presença física ou virtual de
descendente ou ascendente da vítima; ou em descumprimento das medidas protetivas de
urgência (BRASIL, 1940).
Da análise infere-se que as duas primeiras causas de aumento de pena estão ligadas
ao fato de que dentre as mulheres há aquelas que estão em situação de maior
vulnerabilidade, portanto necessitam de uma maior proteção, e consequentemente, o crime
praticado contra elas deve ser punido com mais veemência.
No caso de Feminicídio praticado na presença de ascendente ou descente da vítima,
importa salientar que a presença se deve a visualização da conduta praticada, podendo
ocorrer por meio virtual em tempo real. Ou seja, o ascendente ou descente assiste o ato,

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não importando se ele presenciou o momento que ocorreu o óbito da vítima, bastando que
vislumbre a conduta que deu causa (NUCCI, 2021).
A Lei 13.771/2018 acrescentou ao §7º o inciso IV que aumenta a pena do
Feminicídio quando o autor descumpre medida protetiva de urgência anteriormente
decretada. Há uma grande importância na elaboração desse inciso, posto que, muitas vezes
a vítima busca auxílio jurisdicional, e com isso, é concedida a medida protetiva de
urgência. Pretende-se, então, com esse instituto, diminuir as intimidações do autor em face
da vítima (BRASIL, 2018).
Não obstante a dura realidade vivida por inúmeras mulheres brasileiras, no ano de 142
2019 teve início o que viria a ser uma das maiores crises sanitárias do mundo, cenário que
prejudicou ainda mais a situação de milhares de brasileiras vítimas de violência doméstica,
que passaram a conviver em tempo integral com seus agressores e como consequência
direta observou-se um aumento significativo nos índices de Feminicídio no país.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER DURANTE A PANDEMIA


DECORRENTE DA COVID-19

A pandemia da covid-19 se tornou um triste marco na história da humanidade.


Segundo dados da Universidade John Hopkins, até o início de novembro de 2021, mais de
5 milhões de pessoas haviam morrido em decorrência da doença em todo o mundo
(G1,2021).
O contexto pandêmico, além de trazer uma enorme sensação de insegurança em
relação à vida e a saúde por conta do vírus, criou também uma situação de risco para
mulheres vítimas de violência doméstica, devido a recomendação do isolamento social
pelos órgãos nacionais de saúde para conter a contaminação.
Essa situação de risco pode ser explicada pelo fato de que com as medidas de
isolamento social impostas, a mulher passou a conviver mais tempo com o seu agressor,
sem frequentar outros ambientes coletivos.
Consequentemente essas medidas proporcionaram uma menor visibilidade da
violência doméstica, diminuindo as possibilidades da vítima pedir ajuda a outras pessoas
ou de se deslocar até algum ponto de apoio, como uma delegacia, um hospital, ou centros
de referência especializados, e até mesmo de acessar meios alternativos de denúncia,
através do telefone ou por aplicativos.

Camila Lemos NICOLAU; Tereza Seabra FONSECA; Lara de Paula RIBEIRO. UMA ANÁLISE DA
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER SOB A ÓTICA DO
ISOLAMENTO SOCIAL EM TEMPOS DA PANDEMIA DO COVID-19 NO BRASIL. JNT- Facit
Business and Technology Journal. QUALIS B1. FLUXO CONTÍNUO. JUNHO/2022. Ed. 37 V. 1.
Págs. 132-148. ISSN: 2526-4281 http://revistas.faculdadefacit.edu.br. E-mail:
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Ademais, houve alterações bruscas em nossa realidade, como o aumento do
desemprego no país, o consumo excessivo de álcool nesse período, as crianças foram
afastadas do ambiente escolar e direcionadas para o ensino remoto, o acesso a atividades
em grupo e esportes foi restrito, necessidade de conciliação de rotinas e sobrecarga de
trabalho, preocupação recorrente sobre ser infectado, dentro de um contexto de apreensão,
incertezas e diversos outros fatores estressantes que agravam a situação de violência
doméstica.
Deve-se levar em consideração que a violência doméstica é um fenômeno social,
complexo e multifatorial, entendido com um problema de saúde pública. Essa situação 143
estabelecida que já é grave por si só, acaba sendo agravada pelo contexto pandêmico.
Na ocasião da pandemia do COVID-19, os indicadores de países como a China,
Espanha e Brasil evidenciaram que os casos de violência doméstica que já aconteciam se
agravaram e, simultaneamente, novos casos surgiram.
Na China, os índices indicadores de violência doméstica cresceram o triplo, na
França as denúncias cresceram em uma porcentagem de 30%, enquanto no Brasil, estima-
se que as denúncias tenham sofrido um aumento de até 50% (CAMPBELL, 2020).
Os fatores responsáveis pelo aumento do risco de violência contra a mulher durante
a pandemia do COVID-19 são muitos, entre eles podemos citar a diminuição ou extinção
do tempo de contato da mulher com sua rede socioafetiva, o estresse em conjunto com a
convivência conflituosa ou violenta, e o acesso restrito aos serviços de saúde que acabam
por dificultar o afastamento do agressor e o rompimento do ciclo da violência.
Realizando uma comparação entre os anos de 2019 (antes da pandemia da covid-19
no Brasil) e 2020 (auge da pandemia de covid-19 no Brasil), baseando-se nos dados oficias
do 15o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, verifica-se o aumento dos índices da violência contra a mulher em
diversos aspectos (ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2020).
Primeiramente, os dados mostraram que, em 2020, o país registrou crescimento na
quantidade de denúncias de violência doméstica feitas à Polícia Militar pelo telefone 190,
sendo que neste ano a corporação atendeu 694.131 ligações de mulheres violentadas, o que
representa 16,3% a mais do que no ano anterior, quando a PM contabilizou 596.721
chamadas (ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2020).

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Ainda segundo o anuário, o número de medidas protetivas concedidas pela Justiça a
mulheres vítimas de violência também sofreu um grande aumento, com o número de
294.440 mulheres tendo sido contempladas com este direito em 2020, enquanto em 2019 o
número foi de 281.941, o que representou 3,6% (três vírgula seis por cento) de diferença
(ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2020).
Para Guilherme de Souza Nucci, jurista e magistrado brasileiro, conhecido por sua
obra voltada ao direito penal e ao direito processual penal, com a lei no 13.104, de 2015
houve uma evolução da tutela especial que abarcava a Lei Maria da Penha com o objetivo
de tutelar de forma mais eficiente a condição do sexo feminino (JUS, 2018). 144
Segundo o anuário, os casos de Feminicídio passaram de 1.330 em 2019 para 1.350
em 2020, sendo este o maior número de Feminicídio registrados em um único ano no
Brasil desde que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública passou a contabilizar as
estatísticas referentes ao crime no país, o que ocorreu no ano de 2016.
Outro quesito importante deve ser abordado: o fato de que a pesquisa demonstra
que em 81,5% dos casos de Feminicídio, o responsável pelo crime foi o companheiro ou
ex-companheiro da vítima. Esses dados demonstram que na maioria dos casos existe o
fator da coabitação entre a vítima e o agressor e de tal forma, o contexto pandêmico
agravou a situação, trazendo perceptíveis mudanças nas estatísticas.
Conforme dados divulgados no Fórum Brasileiro de Segurança, um total de
694.131 mulheres buscaram ajuda através do telefone 190 no ano de 2020, uma quantidade
16% maior do que em 2019.
Vale ressaltar que a situação referente aos índices de crimes de violência praticada
contra a mulher já era considerada alarmante antes mesmo da pandemia de COVID- 19,
tendo em vista que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de
2013 o Brasil já ocupava o 5° lugar, em um ranking de 83 países onde mais se matam
mulheres, portanto, buscar maneiras rápidas e eficientes de acabar ou amenizar este
problema era uma questão urgente.
Referente a esta problemática, a ONU – Organização das Nações Unidas
estabeleceu uma série de recomendações aos países, entre elas, podemos citar: o aumento
do investimento em serviços online e em organizações da sociedade civil, assegurar que os
agressores sejam processados e julgados, estabelecer sistemas de alerta de emergência em
lugares públicos, entre outros.

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER SOB A ÓTICA DO
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O secretário-geral da ONU, Antonio Gutierrez (2020), em um comunicado oficial,
falou sobre a questão:

Nas últimas semanas, à medida que as pressões econômicas e sociais e o


medo aumentaram, vimos uma onda global horrível de violência
doméstica ―E g í h q
i i ‖

Existe no Brasil um projeto desenvolvido pela Universidade de Santa Cruz do Sul,


no Rio Grande do Sul, batizado de Tela Maria da Penha, que tem como principal objetivo
prestar assistência às vítimas de violência doméstica e familiar.
145
Nesse projeto, os voluntários realizam atendimentos de forma humanizada, por
meio de contato telefônico, realizado de forma gratuita a fim de prestar informações para
as mulheres sobre seus direitos, medidas protetivas, como se proteger e afastar o agressor
de sua convivência e qual resposta judicial seria adequado procurar.
Neste viés, o projeto Tela Maria da Penha é um exemplo impecável de como
programa de apoio as vítimas podem mudar a realidade, e deveria ser difundido e
implantado em todo o Brasil.
Este é um problema grave e urgente que deve ser combatido incansavelmente em
todas as esferas, tanto na área jurídica como na área social, de forma repressiva, com a
punição adequada aos agentes que incorrerem na conduta tipificada, mas também de forma
preventiva, a fim de evitar que mais vítimas sejam feitas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A violência contra a mulher é um grave problema que perdura em nossa sociedade,


pautado em nossas raízes patriarcais, onde existe a construção da diferença entre homem e
mulher, reforçando conceitos de dominação e fragilidade, o que reflete atualmente no
machismo existente, e consequentemente na violência doméstica contra a mulher por razão
de gênero.
Conforme citado anteriormente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
mesmo antes da pandemia o Brasil já ocupava o quinto lugar no ranking de 83 países que
mais matam mulheres por violência doméstica no mundo.
Ações como o Projeto ´´Bem me Quer``, desenvolvido pelo Núcleo Regional da
Defensoria Pública em Araguaína/TO, devem ser apoiados e incentivados, tanto por parte

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do Estado quanto pela sociedade em geral, com objetivo principal de conscientizar as
vítimas de violência doméstica e familiar.
No mesmo aspecto, é importante investir também em canais de denúncia, que
facilitem a exposição do agressor ao sistema penal brasileiro, para que assim as
circunstâncias sejam apuradas e as penas devidamente aplicadas, tratando o crime de
violência doméstica de forma repressiva.
No que tange a forma preventiva de tratar este tipo penal, deve haver investimento,
por parte do Estado, em políticas públicas de combate à violência doméstica e de
conscientização de toda a sociedade, com palestras, programas de apoio psicossocial e 146
programas de capacitação profissional, visando a independência emocional e financeira das
vítimas.
Os resultados deste artigo não extinguem as possibilidades de estudos posteriores,
mas contribuem para aprofundar o conhecimento deste sério problema no Brasil e
incentivar pesquisadores, para que realizem novos estudos dedicados a investigar aspectos
relevantes na área.

REFERÊNCIAS

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violência doméstica contra mulher, em especial, o feminicídio. Conteúdo Jurídico. Brasília
DF, 2021.

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https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-05/agencia-brasil-explica-entenda-o-
que-e-o-lockdown. Acessado em 10/04/2022

ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2020. Disponível em:


2020https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2020/10/anuario-14-2020-v1-
interativo.pdf. Acessado em 11/04/2022.

BOND, Letycia. Casos de feminicídio crescem 22% em 12 estados durante pandemia.


Agência Brasil, São Paulo, 01 jun. 2020

BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decretolei/del2848compilado.htm. Acesso em: 28
abr. 2022.

BRASIL. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm. Acesso em:
28 abr. 2022.

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BRASIL. Lei nº 13.104, de 09 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como
circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de
julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13104.htm. Acesso em: 19
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