Direito Constitucional: Controle de Constitucionalidade
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CONSTITUCIONAL
Controle de Constitucionalidade
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO CONSTITUCIONAL
Controle de Constitucionalidade
Aragonê Fernandes
Controle de Constitucionalidade......................................................................................4
1. Considerações Iniciais..................................................................................................4
2. O Princípio da Supremacia da Constituição..................................................................4
3. Bloco de Constitucionalidade....................................................................................... 7
4. O que Acontece com as Normas Pré-constitucionais?. . ............................................... 7
4.1. Situação das Normas Infraconstitucionais................................................................ 7
4.2. Constituição Anterior X Constituição Atual............................................................. 12
5. Espécies de Inconstitucionalidade............................................................................. 14
5.1. Inconstitucionalidade por Omissão.. ........................................................................ 15
5.2. Inconstitucionalidade por Ação............................................................................... 15
6. Momentos de Controle..............................................................................................22
6.1. Controle Preventivo................................................................................................22
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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
1. Considerações Iniciais
Muitos alunos têm calafrios só em ouvir falar sobre o tema desta aula. Sendo honesto com
você, o controle de constitucionalidade realmente é um assunto difícil e desafiador.
Mas, se você olhar bem, a maior parte das questões de prova gira em torno de um corte no
conteúdo. É claro que isso não quer dizer que a tarefa será uma moleza, mas o bicho é menos
feio do que parece...
Onde é que o calo aperta? Você verá corriqueiras questões tratando sobre legitimados
para quatro das ações do controle concentrado (ADI, ADO, ADC e ADPF), sobre as hipóteses de
cabimento da ADI, da ADPF.
Há também muitas questões indagando sobre súmulas vinculantes, sobre os momentos e
modelos de controle, além da simultaneidade de ações no âmbito do STF e do TJ.
Enfim, o volume de informações é considerável, mas tentarei tornar as coisas o mais simples
possível. Como você sabe, tem hora que não há outro jeito, pois terei de usar o “juridiquês”.
Antes, porém, farei algumas pontuações indispensáveis para você se sair bem nas provas, ok?
É isso! Vamos para cima, pois é hora de desvendar os mistérios do controle de constitucio-
nalidade e parar de ter tanto medo da matéria.
As normas de um ordenamento não estão todas no mesmo plano. Há normas superiores e normas
inferiores. As inferiores dependem das superiores. Subindo das normas inferiores àquelas que se
encontram mais acima, chega-se a uma norma suprema, que não depende de nenhuma outra supe-
rior e sobre a qual repousa a unidade do sistema.1
Sempre que trato desse assunto, eu me lembro da minha prova oral para o concurso do
TJDFT.
1
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Brasília: Editora UnB. 1982, pág. 49.
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Obs.: *1: TIDH antes EC n. 45/2004 ou após, mas sem rito especial (dois turnos, três quintos
em cada Casa do Congresso Nacional).
*2: leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, resolu-
ções e decretos legislativos, tratados internacionais (que não versam sobre direitos
humanos), decretos autônomos e resoluções do CNJ e do CNMP.
*3: portarias, decretos regulamentares, instruções normativas.
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3. Bloco de Constitucionalidade
A primeira coisa que surge é a necessidade de definirmos o que seria o bloco de constitu-
cionalidade.
Nesse cenário, podemos afirmar que ele seria a junção entre as normas materialmente
constitucionais, que estão fora da CF, com o texto formal da Constituição.
Bernardo Gonçalves Fernandes cita que poderiam ser incluídos no conceito de bloco de
constitucionalidade as normas infraconstitucionais materialmente constitucionais, os costu-
mes jurídico-constitucionais e as jurisprudências constitucionais2.
Uadi Lammêgo Bulos cita que o bloco de constitucionalidade é o conjunto de normas e
princípios extraídos da Constituição, que serve de paradigma para o Poder Judiciário averi-
guar a constitucionalidade das leis. Também é conhecido como parâmetro constitucional–
daí o nome de princípio da parametricidade –, pois por seu intermédio as Cortes Supremas, a
exemplo do nosso STF, afeririam a parametricidade constitucional das leis e dos atos norma-
tivos perante a CF.3
Mas fique atento(a), porque o STF adota o conceito restrito do bloco de constitucionali-
dade, segundo o qual servem de parâmetro para a análise de compatibilidade de leis ou atos
normativos em relação à nossa Constituição o próprio texto e os tratados internacionais so-
bre direitos humanos aprovados no rito previsto pelo § 3º do artigo 5º da CF.
A esta altura, já está claro que os atos normativos editados após a promulgação da Cons-
tituição se submetem a controle de constitucionalidade. Mas o que acontece com as normas
anteriores a ela?
Olhando para a realidade brasileira, as normas infraconstitucionais editadas antes de
5/10/1988 (data da promulgação da atual Constituição) passam por outro tipo de fiscalização.
2
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de direito constitucional. 10ª ed. Salvador: Jus Podivm. 2018, pág. 57.
3
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva. 2006, págs. 98 a 99.
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É que elas serão recepcionadas ou não recepcionadas (revogadas por ausência de recep-
ção), conforme sejam ou não compatíveis com a nova ordem constitucional.
Explicando por meio de exemplos, o Código Penal em vigor atualmente é datado de 1940. Ou
seja, ele foi editado bem antes da nossa Constituição em vigor. Logo, em 1988 ele passou por
um controle, chamado de juízo de recepção/revogação.
É importante pontuar exceções à realidade que falei anteriormente: o STF aceita que, por
meio de uma mutação constitucional ou de mudança no substrato fático da norma, possa se
chegar a uma inconstitucionalidade superveniente.
superveniente
Vou exemplificar:
1) lei nasceu de acordo com a Constituição de sua época. Porém, ela pode se tornar in-
constitucional com o tempo, na situação em que o parâmetro que dá validade a ela sofrer uma
mudança em seu sentido interpretativo (mudança na interpretação da norma sem alteração do
texto = mutação constitucional).
Pedro Lenza usa o exemplo da interpretação dada ao artigo 226, § 3º, da Constituição que,
num primeiro momento, só aceitava união estável entre pessoas de sexo opostos. Assim, se
uma lei proibia união homoafetiva, ela era válida. Porém, com a mudança interpretativa do STF,
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a união entre pessoas do mesmo sexo passou a ser aceita e, consequentemente, a norma
em questão se tornou incompatível com a Constituição, sendo inconstitucional. Veja que não
aconteceu nenhuma mudança no texto constitucional, e sim na interpretação.
2) O STF entendia ser válida a lei federal que permitia a utilização do amianto do tipo criso-
tila (asbesto branco), usado na fabricação de telhas e de caixas d’água. Porém, o avanço das
pesquisas científicas demonstrou que também esse tipo de amianto era cancerígeno, assim
como os demais.
O problema é que leis estaduais (de SP, por exemplo) impediam todas as formas de comer-
cialização do amianto.
Então, o STF acabou acolhendo o argumento científico, confirmando a validade da norma
estadual e, em consequência, declarando a inconstitucionalidade da lei federal.
Repare que nada mudou no tocante ao texto constitucional, especialmente no âmbito da
repartição de competências ou aos dispositivos ligados à proteção à saúde. A alteração se deu
foi no substrato fático, o avanço das pesquisas atestando o caráter cancerígeno do amianto
crisotila e, ao mesmo tempo, a possibilidade de substituição por outros materiais, tanto na
fabricação de telhas quanto de caixas d’água.
Em sua decisão, o Ministro Relator apontou a existência de: (a) materiais alternativos à
fibra de amianto; (b) consenso entre órgãos oficiais de saúde geral e de saúde do trabalhador
sobre a natureza altamente cancerígena do material; e (c) ausência de revisão geral da legis-
lação federal, mesmo após todo esse tempo – a Lei Federal é a n. 9.055/1995. Pesaram na
discussão os artigos 6º; 7º, XXII; e 196, todos da Constituição (STF, ADI n. 3.406).
Ah, esse julgamento do amianto é bem importante, pois foi nele que ocorreu a aceitação da
teoria da abstrativização/objetivação do controle difuso. Ou seja, dois pontos relevantes numa
tacada só.
Agora vou abrir um parêntese para explicar outro ponto relacionado ao controle de consti-
tucionalidade e direito intertemporal.
É o seguinte: quando ajuíza uma ADI, a parte deve indicar a norma que quer ver declarada
inconstitucional e também outras que, antes dela, contenham o mesmo problema.
Em outras palavras, suponha que eu entre com uma ADI para questionar a Lei n. 3, que revogou
a Lei n. 2, que revogou a Lei n. 1.
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Nesse caso, se em todas as três há o defeito que eu quero combater, de antemão eu já digo: olha,
mesmo que você tire a Lei n. 3 do ordenamento, ainda persistirá o problema, uma vez que a Lei n. 2
voltará a vigorar (por conta do efeito repristinatório). A mesma coisa acontece com a Lei n. 1.
Em outras palavras, tenho que dar um tiro e derrubar toda a cadeia de normas incompatíveis
com a Constituição, certo?
Até aqui, tudo bem.
Então, se as três leis (3, 2 e 1) tiverem sido editadas após a promulgação da Constituição em
vigor, eu pedirei a declaração de inconstitucionalidade de todas elas.
Por outro lado – e aqui que vem o pulo do gato –, suponhamos que as Leis n. 3 e 2 foram edi-
tadas na vigência da Constituição atual, mas a Lei n. 1 (que foi revogada pela Lei n. 2) tivesse
sido editada em 1985 (portanto, antes da Constituição atual).
Nesse cenário, caso o STF entenda que as Leis n. 3, 2 e 1 são incompatíveis com a Constituição
atual, de um lado o Tribunal vai declarar a inconstitucionalidade das Leis n. 3 e 2 (editadas na
vigência da Constituição atual) e, de outro lado, declarar a revogação, por ausência de recepção,
da Lei n. 1 (editada antes da Constituição atual). Foi o que decidiu o STF ao julgar a ADI n. 3.111.
1º) A partir da Constituição de 1988, não existe mais a figura do decreto-lei. Em seu lugar, foram
criadas as medidas provisórias. O detalhe é que o Código Penal é o Decreto-lei n. 2.848/1940.
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2º) O Código Tributário Nacional é a Lei n. 5.172/1966. Note que o CTN foi produzido na forma
de lei ordinária e que o art. 146 da Constituição atual diz que caberá à lei complementar a ela-
boração de normas gerais sobre Direito Tributário.
E por qual motivo não há inconstitucionalidade? Mais uma vez, pelo fato de só averiguar-
mos a compatibilidade no sentido material.
Novamente eu alerto a você: se houver a necessidade de modificar o CTN atualmente, será
necessária a edição de uma lei complementar.
Sistematizando:
Explico e exemplifico: a EC n. 57/2008 foi editada no final de 2008, sendo responsável por con-
validar os municípios criados de forma irregular até 31/12/2006 (as leis locais desrespeitaram
o procedimento previsto no § 4º do artigo 18 da CF, sendo, portanto, inconstitucionais).
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Daí, houve uma estranha espécie de correção do defeito congênito na norma de criação
irregular dos municípios por meio de uma decisão política do parlamento – no caso, a promul-
gação da EC, o que manteve a validade das normas que criaram (de modo irregular, frise-se) os
municípios – STF, ADI n. 2.381.
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4.2.1. Desconstitucionalização
Essa técnica já foi utilizada no estado de São Paulo, quando a CE/SP de 1967 trouxe a seguin-
te: “consideram-se vigentes, com o caráter de lei ordinária, os artigos da Constituição promul-
gada em 9 de julho de 1947 que não contrariarem esta Constituição”.
Lembro que, em regra, a desconstitucionalização não é admitida; para que ela exista, deve haver
uma ordem explícita na nova Constituição, o que não aconteceu com a Constituição de 1988.
Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês se-
guinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a
redação dada pela Emenda n. 1, de 1969, e pelas posteriores.
§ 1º Entrarão em vigor com a promulgação da Constituição os arts. 148, 149, 150, 154, I, 156, III, e
159, I, “c”, revogadas as disposições em contrário da Constituição de 1967 e das Emendas que a
modificaram, especialmente de seu art. 25, III.
Conforme adverte Pedro Lenza, “as referidas normas são recebidas por prazo certo, em
razão de seu caráter precário, características marcantes no fenômeno da recepção material
das normas constitucionais”.4
Assim como a desconstitucionalização, a recepção material só será possível caso haja a
previsão expressa na nova Constituição. Do contrário, volta-se para a regra da revogação total
(ab-rogação).
4
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008, pág. 169.
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Hora de sistematizar:
Vacatio legis pode ser conceituado como período vago da lei. Para mim, seria o período
para você se acostumar com a nova norma. Seja como for, a Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (LINDB, antiga LICC) diz que, salvo disposição em contrário, a lei entra em
vigor no Brasil quarenta e cinco dias após a publicação. No exterior, esse intervalo sobe para
três meses.
Será que podemos falar em vacatio constitucionis?
A resposta é sim, desde que conste previsão expressa na Constituição.
O mestre José Afonso da Silva, inclusive, destaca que a norma infraconstitucional editada
no período de vacatio constitucionis deve ter sua constitucionalidade aferida de acordo com
a Constituição que vigorava à época (a quase-morta).5
Tem mais: se a lei editada no período de vacatio constitucionis for incompatível com a
nova Constituição, ela será revogada, por ausência de recepção.
5. Espécies de Inconstitucionalidade
Indo direto ao ponto, fala-se em inconstitucionalidade por ação e por omissão. Na primeira
(por ação), a norma existe e é inconstitucional, enquanto na segunda é exatamente na falta da
norma que reside a inconstitucionalidade.
5
SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das normas constitucionais. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 1998, pág. 54.
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A inconstitucionalidade por ação será verificada sempre que a norma for elaborada em
desrespeito à Constituição. O vício (defeito) pode ser de natureza formal (nomodinâmico) ou
material (nomoestático).
Vou detalhar cada um deles a seguir.
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Também chamado de vício no procedimento ou vício nomodinâmico, ele pode ser de três
ordens: inconstitucionalidade formal orgânica, formal propriamente dita e por violação a pres-
supostos objetivos do ato.
Vejamos cada uma delas:
Quer um exemplo? Legislar sobre trânsito e transporte é competência da União. Então, leis
estaduais, distritais ou municipais sobre esse tema serão inconstitucionais, mesmo quando
tragam conteúdo como a determinação de instalação de cinto de segurança em veículos de
transporte coletivo (STF, ADI 874).
Mais um exemplo: nossa sociedade vem sendo bombardeada com notícias sobre crimes prati-
cados por bandidos de dentro dos presídios, muitas vezes usando aparelhos de telefone celu-
lar. Em razão disso, alguns estados acabaram editando leis determinando a instalação de blo-
queadores de sinal junto aos estabelecimentos prisionais.
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Seria ótimo, desde que as Assembleias Legislativas pudessem tratar sobre “água, energia,
informática, telecomunicações e radiodifusão”, competência privativa da União (artigo 22, IV,
da Constituição).
Resultado: o STF declarou a inconstitucionalidade de tais normas, por invasão de competência
da União, ressaltando que lei nesse sentido tinha de ser editada pelo Congresso Nacional (STF,
ADI 5.356).
Novamente vou usar exemplo para facilitar a compreensão. A esta altura você já sabe que as
emendas à Constituição passam por rito especial, que é a necessidade de aprovação em dois
turnos de votação, por 3/5 de votos, de cada Casa do Congresso.
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Pois bem. Se em uma das votações na Câmara (ou no Senado) a PEC for aprovada pelo
quórum de maioria absoluta – ao invés da maioria qualificada de 3/5 –, inevitavelmente esta-
remos diante de inconstitucionalidade formal, por vício objetivo (STF, ADI n. 2.135).
Aqui, o defeito acontece porque não se respeita um pressuposto determinado pela Cons-
tituição.
É o que ocorre, por exemplo, nas medidas provisórias quando são editadas sem que estejam
presentes os requisitos constitucionais de urgência e relevância (STF, ADI 4.048).
Em igual sentido, estão as leis estaduais que criam municípios sem respeitar as etapas
exigidas no artigo 18, § 4º, da Constituição (STF, ADI n. 2.240).
O vício material também recebe o nome de vício de conteúdo ou vício substancial ou vício
nomoestático. O que é analisado é o conteúdo, para saber se ele está ou não de acordo com
o texto constitucional. Aqui não se verifica o procedimento de elaboração do ato normativo.
Não tenho dúvida alguma em falar que a maioria esmagadora de hipóteses de inconstitu-
cionalidade se refere a vício formal, exatamente o mais difícil de ser detectado pelo candidato.
Vamos a um exemplo de vício material? Imagine a situação em que um deputado federal, após
grave delito noticiado pela imprensa, apresente proposta de emenda à Constituição (PEC), pre-
vendo pena de morte para crimes hediondos.
Suponha que essa PEC tramite regularmente, sendo aprovada em dois turnos de votação, em
cada Casa do Congresso Nacional, obtendo o quórum qualificado de 3/5 de votos. Em seguida,
ela é promulgada e publicada.
Pergunto: há algum problema com a nova EC promulgada? Sem dúvida, sim! É que uma das
limitações materiais ao poder de emenda (cláusulas pétreas) se refere aos direitos e às garan-
tias individuais.
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Por sua vez, o vício de decoro parlamentar encontra guarida no campo doutrinário. Já hou-
ve citação na Ação Penal n. 470 (processo do Mensalão). Isso ocorreu em relação ao capítulo
VI da denúncia, pois se falou na “formação de base aliada ao governo federal”, por meio do
recebimento de propina.
6
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, págs. 300-303.
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Mais recentemente (ADIs n. 4887, n. 4888 e n. 48889), houve menção a “vício na formação
da vontade no processo legislativo” e a “vício de corrupção da vontade do parlamentar”, sendo
reconhecida a possibilidade de o Judiciário verificar um vício que atingiria o processo legis-
lativo, tornando-o fraudulento, a ensejar a inconstitucionalidade da norma. No fim das contas,
mesmo com a eventual retirada dos votos dos parlamentares condenados pelo Mensalão, o
resultado da votação da PEC não seria alterado. Usando essa fundamentação, afastou-se a
alegação de inconstitucionalidade da EC n. 41/2003 (penúltima Reforma da Previdência).
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos para ver se a tese será reconhecida pelo
Plenário e qual nome prevalecerá.
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Vamos resumir?
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6. Momentos de Controle
O controle preventivo é feito antes de o projeto entrar em vigor. Tratando-se de uma lei, por
exemplo, seria feito na fase de tramitação no Congresso ou ainda na deliberação executiva
(sanção/veto).
Ele visa impedir a inserção no ordenamento jurídico de uma norma inconstitucional e acon-
tece durante as fases do processo legislativo. No direito brasileiro, o controle preventivo é
exceção, pois a regra é o controle jurisdicional posterior/repressivo.
É bom você ter em mente que todos os Poderes fazem controle preventivo. Isso servirá
de alerta, mesmo que você não se lembre especificamente qual a forma em que esse con-
trole é materializado.
Começando pelo Legislativo, o controle preventivo é feito especialmente por meio da CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça), uma das comissões mais importantes de cada Casa
Legislativa. Em algumas situações, o próprio Plenário da Casa também pode fazer esse filtro.
No Executivo, o controle preventivo cabe ao chefe do Executivo, por ocasião da fase de
sanção/veto – mais especificamente no veto. É que a manifestação de contrariedade do presi-
dente (ou governador ou prefeito) pode ser o veto político ou o veto jurídico.
O veto político acontece quando o chefe do Executivo entende que o projeto é contrário ao
interesse público. Note que não se fala em inconstitucionalidade. É no veto jurídico que ocorre
o controle de constitucionalidade, na forma preventiva, pois a manifestação recai sobre o pro-
jeto de lei, e não sobre a lei.
Agora vou pedir para você redobrar a atenção! É o seguinte: a maior polêmica no controle
preventivo volta-se à atuação do Judiciário. É nesse ponto que estão concentrados as contro-
vérsias judiciais e o maior número de questões de prova. Então, mãos à obra!
O controle preventivo jurisdicional é feito somente por meio do mandado de segurança a
ser impetrado por parlamentares, os únicos legitimados.
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Mas por que o MS? É que os parlamentares possuem o direito líquido e certo ao devido
processo legislativo. Em outras palavras, eles têm que preservar a garantia de participarem de
um processo legislativo sem falhas, sem desrespeito à Constituição.
Outro ponto importante que você deve ter em mente é o que pode ser questionado nesse
MS. A importância dessa discussão é tamanha, que já foi objeto de provas discursivas. Então,
todo cuidado é pouco!
Sobre o tema, a jurisprudência do STF se consolidou no sentido de que o MS só pode ser
usado em duas situações:
a) para barrar a tramitação de PEC que viole cláusula pétrea: é que o artigo 60, § 4º,
da Constituição dispõe que determinadas matérias não podem ser objeto de proposta ten-
dente a aboli-las.
Ou seja, a proibição é maior do que permitir que uma matéria seja aprovada. O Constituin-
te, buscando “cortar o mal pela raiz”, determina que aqueles assuntos não podem ser sequer
deliberados, quanto mais aprovados.
b) Para frear a tramitação de projeto de lei por vício formal: aqui cabe ainda mais atenção.
Repare que eu sublinhei a palavra “formal”, exatamente para chamar sua atenção para esse ponto.
Mais uma vez, digo que a regra é o controle de constitucionalidade operar-se após a norma
entrar em vigor. O controle preventivo é excepcional, pois, em virtude da separação de Poderes,
a lógica é deixar o legislador trabalhar.
Pois bem, o STF entende que, em relação a projetos de lei, o controle preventivo jurisdicio-
nal só pode atuar se houver a comprovação de vício formal no procedimento. Isso significa que
não caberá MS para barrar a tramitação de projeto de lei por vício material (conteúdo).
No STF, a questão foi enfrentada em um julgado muito rumoroso: foi o MS impetrado pelo
então senador Rodrigo Rollemberg (do DF). Ele pedia para o Tribunal barrar a tramitação do
projeto de lei “Anti-Marina”.
Como assim? É que àquela altura, Marina Silva destacava-se nas pesquisas de opinião de
votos para as eleições presidenciais de 2014. Então, os partidos da base do governo Dilma (PT
e PMDB, especialmente), querendo desarticular o movimento de criação do partido político
Rede Sustentabilidade, apresentaram projeto de lei que sufocava as novas legendas.
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Na prática, ele permitia que os parlamentares insatisfeitos migrassem para o novo partido.
Contudo, eles não levariam consigo os recursos do fundo partidário ($$$) e o tempo de rádio
e TV de graça.
Em resumo, o partido nasceria pobre e praticamente sem aparecer nos meios de comunica-
ção. A ideia era deliberadamente desestimular o deslocamento de políticos para a nova legenda.
Quando impetrou o MS, o parlamentar alegava violação ao pluralismo político, fundamento
da República. O problema é que o vício sustentado era de natureza material, pois estava ligado
ao conteúdo da lei.
Resultado: embora reconhecessem informalmente a existência de vício material, os mi-
nistros do STF entenderam pelo não cabimento do MS, ao argumento de que se tratava de
tentativa de frear a tramitação de projeto de lei por vício material, o que não é admitido (STF,
MS n. 32.033).
Esse raciocínio foi renovado em fevereiro de 2021, quando se indeferiu liminar em MS im-
petrado por parlamentar para barrar a tramitação da chamada “PEC da Impunidade”, que visa
restringir a possibilidade de prisão de parlamentares. Prevaleceu a orientação de que eventual
vício deveria ser apreciado em controle posterior.
O controle preventivo jurisdicional só é cabível para barrar a tramitação de PEC que viole cláu-
sula pétrea ou quando o projeto de lei contiver vício formal. Ele não pode ser impetrado sob a
alegação de vício de conteúdo no projeto de lei.
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A resposta é sim, porque ela existe e é válida, ainda que lhe falte eficácia. Aliás, no Exame
nº XXXI da OAB, aplicado pela FGV, houve pergunta exatamente sobre esse ponto, tendo a ban-
ca indicado a possibilidade de ajuizamento de ADI.
Quer ver isso na prática?
O STF julgou duas ADIs (6.238 e 6.239) que foram ajuizadas contra a Lei do Abuso de Au-
toridade editada em 2019, com vacatio legis de 120 dias.
Caso se verifique a presença dos vícios formal ou material na norma, caberá aos órgãos
competentes pelo controle retirá-la do ordenamento.
Funciona assim: começando pelo mais importante, o controle repressivo jurisdicional é
feito pela via difusa ou concentrada – claro que o assunto será detalhado mais à frente.
De antemão, em respeito ao princípio da separação dos Poderes, quando não caracteriza-
do o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo, é vedado ao
Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do alcance
de normas meramente regimentais das Casas Legislativas. Isso porque as normas regimen-
tais, via de regra, tratam de matéria interna corporis (STF, RE n. 1.297.884).
Usando uma linguagem doutrinária (José Adércio Leite Sampaio), atos interna corporis
e a escolha própria da oportunidade e conveniência do administrador são conhecidos como
espaços vazios de jurisdição, ou seja, fora da esfera de atuação do Judiciário.
No âmbito do Executivo, poderia o presidente (ou governador ou prefeito) orientar os seus
subordinados para não aplicarem a norma que ele entende inconstitucional (STF, ADI n. 221).
Há polêmica nesse ponto, pois uma posição minoritária defende que essa possibilidade
não mais existiria após a Constituição de 1988. O raciocínio é o seguinte: antes de 1988, ape-
nas o PGR era legitimado para ingressar com uma ADI. Logo, como não podia ingressar com
ADI, permitia-se ao Chefe DO Executivo orientar a não aplicação da norma.
Contudo, atualmente essa corrente – minoritária, repito – defende que, se não concordar com
a lei, deve o presidente (ou os outros chefes de governo) recorrer ao Judiciário por meio da ADI.
Prevalece, todavia, a orientação de que se pode optar por um dos caminhos ou mesmo
segui-los concomitantemente, até mesmo porque costuma ser bastante demorado o tempo
de análise de uma ADI.
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Assim, embora a Súmula n. 347 não tenha sido formalmente cancelada, o efeito prático
da decisão proferida pelo Plenário do STF é afastar a possibilidade de o TC fazer controle de
constitucionalidade dentro de sua atuação (STF, MS n. 35.410).
Vou analisar os modelos de controle e, em seguida, compilar nossos dados até aqui em
uma tabela para facilitar as coisas para você.
7. Modelos de Controle
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MOMENTOS
PODER
PREVENTIVO REPRESSIVO
É realizado em três hipóteses:
a sustação de atos normativos editados pelo
presidente da República que exorbitem os limi-
tes de delegação legislativa – art. 49, V, da CF;
Apreciação de projetos,
b quando o Senado Federal suspender, no todo
feita pelas Comissões de
ou em parte, norma declarada inconstitucional
Legislativo Constituição e Justiça
pelo STF no controle difuso – artigo 52, X, da
(CCJs) e pelo Plenário das
CF;
Casas.
c no caso das medidas provisórias, quando o
Políticos Congresso entender que não estão presentes
os requisitos constitucionais de urgência e
relevância – artigo 62, § 5º, da Constituição.
Possibilidade dada ao chefe
do Executivo – presidente
da República, governado- Orientação dada pelo chefe do Executivo para
Executivo res e prefeitos – de vetar o seus subordinados deixarem de cumprir a
projeto caso o considerar norma, pois a considera inconstitucional.
MODELOS inconstitucional (veto jurí-
dico).
Quando se aprecia man- Feito por meio do controle difuso ou concen-
dado de segurança impe- trado de constitucionalidade. O primeiro é rea-
Jurisdicional Judiciário trado por parlamentar para lizado por qualquer juiz ou tribunal do país,
garantir devido processo enquanto o segundo somente cabe ao STF
legislativo. (violação à CF) e ao TJ (ofensa à CE).
Não faz controle de constitucionalidade.
Embora a Súmula n. 347 não tenha sido for-
Tribunais malmente cancelada, em abril de 2021, o Ple-
de Contas nário do STF afastou a possibilidade de o TC
fazer controle de constitucionalidade dentro
Administrativo de sua atuação (STF, MS n. 35.410).
Não faz controle de constitucionalidade.
Pode deixar de aplicar norma que entenda ser
CNJ inconstitucional, o que configura exercício de
controle da validade dos atos administrativos
do Poder Judiciário (STF, PET 4656/PB).
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Você já viu que no direito brasileiro os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário)
Eu também já adiantei que a regra é o controle repressivo. Sendo ainda mais específico, a
regra é o controle jurisdicional repressivo de constitucionalidade, uma vez que o controle polí-
tico, feito pelo Executivo e pelo Legislativo, é limitado a situações muito pontuais.
continente europeu.
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A inconstitucionalidade pode ser arguida em qual- A inconstitucionalidade só pode ser arguida por meio
quer tipo de ação (ações ordinárias, trabalhistas, de cinco ferramentas (cabem nos dedos de minha
cíveis, penais, ações civis públicas), por meio de mão):
recursos ou remédios constitucionais (HC, MS, MI, a) ação direta de inconstitucionalidade – ADI;
HD e ação popular). b) ação declaratória de constitucionalidade – ADC;
c) ação direta de inconstitucionalidade por omissão –
ADO;
d) arguição por descumprimento a preceito fundamen-
tal – ADPF; e
e) representação interventiva – ADI Interventiva.
Pode ser utilizado por qualquer pessoa, no bojo do No plano federal, a ADI, ADO, ADC e ADPF somente
processo. podem ser ajuizadas por nove legitimados, previstos
no artigo 103 da Constituição: presidente da Repú-
blica; Mesas da Câmara dos Deputados ou do Senado;
PGR; governadores dos estados e do DF; Mesa das
Assembleias ou da Câmara Legislativa; partidos políti-
cos com representação no Congresso; Conselho Fede-
ral da OAB; e confederação sindical ou entidade de
classe de âmbito nacional.
No âmbito estadual, o artigo 125 da Constituição de
1988 previu a impossibilidade de existir somente um
legitimado, embora deixe para o Constituinte estadual
a tarefa de definir o rol.
Já a ADI Interventiva possui apenas um legitimado,
que é o PGR no cenário federal, e o PGJ perante o TJ.
Na origem, adoção da teoria da nulidade. Na origem, adota a teoria da anulabilidade.
No Brasil, ambos seguem a teoria da nulidade, com No Brasil, ambos seguem a teoria da nulidade, com
a declaração de inconstitucionalidade operando, a declaração de inconstitucionalidade operando, em
em regra, efeitos retroativos. regra, efeitos retroativos.
Pode ser feito por qualquer juízo ou Tribunal do Só pode ser feito pelo STF (guardião da CF) e pelos
País, inclusive o STF. TJs (guardião da CE ou da LODF).
Em regra, a decisão produz efeitos inter partes Decisão produz efeitos erga omnes (todo mundo).
(entre as partes).
Pela redação da Constituição (artigo 52, X), ao decla- Ao declarar a inconstitucionalidade, o STF não pre-
rar a inconstitucionalidade, o STF deveria comunicar cisa comunicar ao Senado, uma vez que a decisão já é
ao Senado, para possível suspensão, total ou parcial, dotada de efeitos erga omnes.
da execução da lei. No entanto, a orientação atual é
de mutação constitucional desse dispositivo, pas-
sando a decisão do Plenário do STF, mesmo em con-
trole difuso, a valer erga omnes. O papel do Senado
seria de dar publicidade à decisão.
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Ao proferir a decisão, o julgador pode fazer modu- Ao proferir decisão, o julgador pode fazer modulação
lação temporal de efeitos. temporal de efeitos.
Cabe a participação de amicus curiae. Cabe a participação de amicus curiae.
É possível a realização de audiências públicas. É possível a realização de audiências públicas.
Puxe aí em sua memória: no início do governo Collor, houve a edição de uma medida provisória,
determinando o bloqueio de valores depositados em agências bancárias. Buscando a libera-
ção dessas quantias, inúmeros correntistas recorreram à Justiça, alegando a inconstituciona-
lidade da medida provisória editada pelo governo.
Nesse cenário eu pergunto: o que os correntistas queriam? A inconstitucionalidade da norma
ou o seu dinheiro de volta? É certo que os cidadãos prejudicados pretendiam obter o seu
dinheiro de volta, não a declaração de inconstitucionalidade da norma. Eles apenas alegavam
o vício de inconstitucionalidade como fundamento de seu pedido.
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Mais um exemplo: José foi condenado por homicídio qualificado, a cumprir uma pena de doze
anos de reclusão. À época, foi determinado que a sanção fosse integralmente cumprida em
regime fechado, pois estava em vigor a Lei n. 8.072/1990 (Lei dos Crimes Hediondos) em sua
redação original.
Pois bem. José entrou com um HC pedindo para ter direito à progressão de regime prisional,
podendo passar para o regime semiaberto e depois para o aberto. Em sua petição, alegou ser
inconstitucional o dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos que vedava a progressão. Susten-
tou violação ao princípio da individualização da pena.
Nova pergunta: o que José queria, ir para o regime semiaberto (e depois para o aberto) ou ver
a lei ser declarada inconstitucional?
Não há dúvida de que ele queria sair do regime fechado, sendo reinserido pouco a pouco ao
convívio social. Só que, para isso acontecer, havia um entrave, que era a lei. Então ele precisava
que a norma fosse declarada inconstitucional.
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decisão de origem – na ADI – havia sido tomada em controle concentrado, com eficácia erga
omnes, a decisão no RE daí decorrente também carregará as mesmas características.
Também no RE apreciado nos moldes da repercussão geral se falará em uma decisão
repercutindo sobre os demais processos relacionados à mesma matéria discutida no caso
paradigma.
Há, ainda, a situação prevista no artigo 52, X, da Constituição, que permite ao Senado es-
tender para todos decisão proferida pelo STF dentro do controle difuso de constitucionalidade.
Em outras palavras, expande erga omnes uma decisão que nasceu inter partes. Aliás, sobre o
artigo 52, X, conversaremos um pouco mais logo no próximo tópico.
Outra hipótese é verificada por meio da súmula vinculante, ferramenta introduzida pela
EC n. 45/2004. Ela vinculará toda a Administração Pública, de todas as esferas de governo, e
os demais órgãos do Judiciário. Ficaria de fora da vinculação apenas o próprio STF e o Legis-
lativo na sua função típica de legislar, tudo isso de modo a evitar o fenômeno da fossilização
da Constituição.
Todas essas situações foram esmiuçadas no julgamento da Reclamação n. 4.335/AC, es-
pecialmente no voto proferido pelo ministro Teori Zavascki.
O assunto é bastante polêmico e, como se diz no popular, dá pano para mangas. Logo, a
melhor coisa é começar com o texto da Constituição, que é nosso ponto de partida (mas está
longe de ser o ponto de chegada).
Vamos lá!
Segundo o artigo 52, X, da Constituição, compete privativamente ao Senado Federal “sus-
pender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definiti-
va do Supremo Tribunal Federal”.
Tome muito cuidado com esse dispositivo, pois ele é de extrema relevância para as provas,
especialmente por envolver controle de constitucionalidade feito pelo Legislativo (controle
político) de forma repressiva (a norma já existe).
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É certo que o STF faz controle de constitucionalidade tanto difuso quanto concentrado.
As decisões proferidas no controle concentrado já são dotadas de eficácia vinculante erga
omnes (aspecto subjetivo: vinculam a todos). Em razão disso, não haveria como aplicar o arti-
go 52, X, ao controle concentrado, uma vez que não haveria norma a suspender – a declaração
de inconstitucionalidade já retiraria a norma do sistema para todos.
Assim, a suspensão de eficácia a que se refere o dispositivo vale apenas para o controle difuso.
Avançando, por conta do princípio da separação de Poderes, o Senado não é obrigado a
suspender a norma. Ou seja, o STF não pode determinar que ele adote essa providência.
Doutrinariamente, Gilmar Mendes defendia que esse dispositivo teria sofrido mutação cons-
titucional, servindo na atualidade apenas para dar publicidade à decisão da Suprema Corte.
Abrindo um parêntese, mutação constitucional é a mudança na interpretação da norma
sem alteração formal do texto. Ela também é conhecida como poder constituinte difuso ou
procedimento de mudança informal da Constituição.
Voltando ao objeto da discussão, na visão de Gilmar Mendes, em virtude de uma crescente
aproximação entre os controles difuso e concentrado, as decisões do STF no controle difuso
teriam sofrido uma abstrativização/objetivação.
Trocando em miúdos, isso significaria que também as decisões do Plenário do STF no
controle difuso teriam eficácia erga omnes, e não inter partes.
A questão saiu do campo doutrinário e veio a ser discutida no STF.
Num primeiro momento, após longos anos de tramitação, o Tribunal negou a tese da mu-
tação constitucional, entendendo que a decisão tomada no controle difuso, ainda que partisse
do Plenário, teria efeitos apenas sobre as partes do processo (inter partes). Isso aconteceu no
julgamento da Reclamação n. 2.176. Àquela altura, o placar foi de 8 x 2 contrariamente à tese.
Pois é, mas o tempo passa, o tempo voa e a questão foi parar novamente no Plenário do
STF em razão de outros processos.
Deixe-me explicar: ao julgar a proibição de comercialização de amianto em todas as suas
formas, inclusive a crisotila, o STF confirmou a constitucionalidade de leis estaduais – que
vedavam a comercialização –, em virtude de as substâncias serem cancerígenas.
Em consequência, incidentalmente (ou seja, de forma difusa), declarou a inconstitucionali-
dade da lei federal que autorizava a comercialização do amianto na forma crisotila (usada na
fabricação de telhas, por exemplo).
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Controle de Constitucionalidade
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pelo voto da maioria absoluta de seus membros (Plenário) ou dos membros do órgão especial
poderão os Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo poder público.
Vale lembrar que em matéria de controle de constitucionalidade, o ordenamento brasileiro
adota um sistema misto, abrangendo o controle difuso – de origem norte-americana – e o
controle concentrado, sistema adotado na Europa.
O controle difuso de constitucionalidade pode ser feito por qualquer juiz ou Tribunal do
País, enquanto o controle concentrado é realizado apenas pelo STF (guardião da Constituição
Federal) e pelo TJ (guardião da Constituição Estadual).
Quando o controle difuso é feito por um Tribunal (ex.: STJ, TJDFT, TST), incidirá a regra
segundo a qual a norma somente será declarada inconstitucional se houver decisão nesse
sentido de maioria absoluta dos membros do Tribunal ou de seu órgão especial – como visto
anteriormente, este substitui o Plenário do Tribunal.
Pensando no STJ para ilustrar, a inconstitucionalidade não poderá ser declarada por um
ministro, pela Turma ou por uma Seção, ficando reservada à Corte Especial, uma vez que lá há
o órgão especial.
A razão da existência da referida cláusula é a seguinte: é certo que uma decisão proferida
por um juiz de determinada Comarca é importante. No entanto, muito mais importante é uma
decisão proferida por um Tribunal da envergadura do STJ, pois, nesse último caso, todos os
Tribunais inferiores indicarão o julgamento a título de orientação e exemplo.
Vale dizer que as decisões dos Tribunais são mais importantes e, por isso, não podem ser
tomadas monocraticamente ou por um pequeno número de julgadores (órgão fracionário).
Esse tema, de difícil compreensão por grande parte dos estudantes, tem direta relação
com a Súmula Vinculante n. 10, que tem esta redação:
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de
tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato nor-
mativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
Qual a razão de ser da Súmula Vinculante n. 10? É o seguinte: muitas vezes, para fugir da
exigência de submeter a questão relativa à inconstitucionalidade ao Plenário – ou órgão espe-
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cial –, os órgãos fracionários dos Tribunais (turmas, câmaras ou seções) dão “um jeitinho”: em
vez de dizer que a norma é inconstitucional, eles deixam de aplicá-la. No final das contas, só
deixaram de aplicá-la por entender que era inconstitucional...
Por fim, cabe alertar que somente será necessário submeter a questão ao Plenário – ou
ao órgão especial – quando se entender que a norma é inconstitucional, pois todas as normas
nascem com presunção (relativa) de constitucionalidade.
Ou seja, para se afirmar a constitucionalidade da norma, não há necessidade de uma Tur-
ma mandar o caso para o Plenário, pois estará confirmando a regra, “chovendo no molhado”.
Foi exatamente dentro dessa diferença que trabalhou o examinador de recente concurso
para a Magistratura no DF. Na ocasião, perguntou-se a diferença entre a Interpretação Confor-
me a Constituição e a Declaração de Inconstitucionalidade Parcial sem redução de texto.
Antes mesmo de dar a resposta, vou lembrá-lo(a) de uma dica:
Isso porque as perguntas giram em torno de temas com vários pontos de interseção.
Exemplificando, não será perguntada a diferença entre caneta e relógio. A pergunta recairia
sobre a diferença entre tênis e sapato. Em casos assim, o candidato responderia: “embora
ambos sejam calçados, masculino e feminino (semelhança), o tênis é utilizado para ocasiões
mais casuais, enquanto o sapato para eventos formais” (diferença).
Pois bem. Voltando à questão feita no concurso do TJDFT, tanto a interpretação conforme
a Constituição quanto a declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto são
técnicas de manipulação situadas entre os limites constitucionalidade/inconstitucionalidade
(elas estariam dentro do grande gênero “sentenças intermediárias”, na subdivisão “decisões
normativas interpretativas”). Além disso, as duas atuam em palavras plurissignificativas – até
aqui, vimos as semelhanças!
Avançando sobre a distinção, tem-se que na interpretação conforme a Constituição se faz
um juízo positivo de constitucionalidade. Em outras palavras, afirma-se a constitucionalidade,
o que conduz à desnecessidade de remeter o caso ao Plenário (ou órgão especial, se houver).
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Em minha prova oral para o concurso de Juiz do TJDFT, o examinador me perguntou mais
ou menos assim: “Candidato, pode ser feito controle de constitucionalidade em uma ação civil
pública?”
A minha reação foi quase que intuitiva (e soou até meio abusada, mesmo não tendo sido
a intenção): “Excelência, o controle de constitucionalidade pode ser feito em qualquer ação,
remédio ou recurso!”
É claro que a pergunta daquele examinador tinha uma razão especial: é que na ação civil
pública versando sobre direitos difusos, a decisão proferida terá eficácia erga omnes.
Ou seja, os efeitos da decisão serão equivalentes àqueles observados nas ferramentas do
controle concentrado de constitucionalidade (ADI, ADO, ADC, ADPF).
Então, há uma grande semelhança entre o alcance da decisão proferida na ADI e na ACP,
certo? Exato, pois em ambas pode se declarar a inconstitucionalidade e nas duas a decisão
gerará efeitos para todos.
Mas é óbvio que há diferenças entre elas. Vejamos: o primeiro ponto que você deve reparar
é que a ADI é ferramenta do controle concentrado, enquanto a ACP pertence ao controle difuso
– que, em regra, produz efeitos inter partes.
Outra diferença está na competência para julgamento das ações: a ACP, em regra, é julga-
da na primeira instância, enquanto a ADI será julgada pelo STF ou pelos TJs – respectivamen-
te, no caso de ofensa à CF e às CEs.
Avançando, eu falei antes que no controle difuso a inconstitucionalidade é a razão do pedi-
do (causa de pedir), nunca o pedido.
Talvez esteja aí o grande X da questão, uma vez que a ACP não pode ser usada para buscar
a declaração de inconstitucionalidade como pedido. Se isso acontecer, haverá a usurpação de
competência do STF.
Em resumo, na ACP pode ser discutida a inconstitucionalidade, desde que ela seja a ques-
tão incidental, a causa de pedir, nunca o pedido (STF, RE n. 424.993).
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Em ação civil pública sobre direitos difusos, pode haver a declaração de inconstitucionalidade
de lei, desde que ela (a inconstitucionalidade) seja a causa de pedir, não o pedido.
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Ah, como diz a música de Roberto Carlos, daqui pra frente, tudo vai ser diferente. Ou seja,
a exigência valerá apenas para os recursos especiais interpostos a partir da entrada em vigor
da EC 125 (14.07.2022).
Fecho o parêntese para voltar à repercussão geral.
Seguindo, o próprio CPC reconhece a existência de repercussão geral quando o recurso se
voltar contra acórdão (decisão colegiada) que contrariar súmula ou jurisprudência dominante
do STF ou ainda que tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal,
nos termos do artigo 97 da Constituição (cláusula de reserva de plenário) – artigo 1.035, § 3º.
No chamado plenário virtual, a repercussão geral é presumidamente aceita, somente podendo
ser recusada pelo voto de dois terços dos ministros do STF (artigo 102, § 3º, da Constituição).
Outra coisa: suponha que o STF tenha julgado recurso extraordinário (RE) sob a sistemática
da repercussão geral, firmando uma tese. Daí, na hora de aplicar a tese lançada pelo Tribunal, o
STJ se equivoca na interpretação. Com isso, de forma indevida, não admite a subida do RE.
A parte prejudicada, então, vai ao STF, por meio de uma reclamação. Minha pergunta: pode
isso, Arnaldo?
O STF entendeu que sim, dizendo que:
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trariar a lei orgânica municipal, estaremos diante de controle de legalidade, e não de consti-
tucionalidade.
Por essa razão, o STF declarou a inconstitucionalidade de alguns dispositivos da CE-PE
que atribuíam ao TJ a tarefa de analisar a constitucionalidade de leis municipais quando con-
frontadas com a lei orgânica municipal (STF, ADI n. 5.548).
Você viu que o controle difuso é feito dentro de um caso concreto, de forma incidental. Eu
disse também que a inconstitucionalidade seria a causa de pedir, e nunca o pedido. Pois é, mas
o controle concentrado é também chamado de controle abstrato, pois a inconstitucionalidade
é decidida em tese, como pedido principal da ação.
Assim como fiz lá no controle difuso, vou apresentar dois exemplos para que você possa enten-
der melhor. O primeiro diz respeito à controvérsia das cotas para negros em concursos públi-
cos. A Lei n. 12.990/2014 trouxe a previsão segundo a qual 20% das vagas nos concursos do
Executivo Federal deveriam ser providas por candidatos pretos ou pardos.
O Conselho Federal da OAB questionou a constitucionalidade e o alcance da norma no STF,
tendo o Tribunal decidido que ela é válida. A Corte foi além e disse que a cota deve ser aplicada
em todo o Governo Federal, não se limitando ao Executivo (STF, ADC 41).
Desse modo, todos os concursos federais para o Executivo, Legislativo, Judiciário, MPU, TCU,
DPU devem reservar 20% das vagas nas cotas raciais. Fique de olho aberto, pois a lei não
incide nos estados, no DF e nos municípios, que podem editar norma própria.
Note que foi discutida a validade da lei em tese, não ligada a nenhum caso concreto, nenhum
candidato em nenhum concurso específico. Por isso se fala em controle abstrato.
Mais um exemplo: ADI ajuizada no STF discutia a validade de dispositivo constante na Cons-
tituição do estado do Acre, o qual previa a necessidade de autorização de 2/3 da Assembleia
Legislativa daquele estado para que fosse aberto processo contra o governador.
Na ocasião, o Tribunal entendeu que essa regra era inválida, pois somente em relação ao pre-
sidente da República se impõe a autorização da Casa Legislativa – 2/3 da Câmara dos Depu-
tados – para que o chefe do Executivo possa ser processado (STF, ADI 4.797).
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Veja que não se discutia a situação de nenhuma pessoa específica, seja o governador atual,
sejam os anteriores. A discussão era objetiva, não relacionada a ninguém individualmente. É
por essa razão que o controle concentrado também recebe o nome de controle objetivo, e não
subjetivo.
Como adiantei linhas atrás, a partir da EC n. 45/2004, houve uma unificação nos legitima-
dos para o ajuizamento de quatro das cinco ações de controle concentrado.
Desde então, tanto a ADI, quanto a ADO, a ADC e a ADPF podem ser ajuizadas pelos legiti-
mados do artigo 103 da Constituição. Veja o rol:
I – presidente da República;
II – Mesa do Senado Federal;
III – Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – Procurador-Geral da República – PGR;
V – Governador de Estado ou do DF;
VI – Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF;
VII – Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII – Partido político com representação no Congresso Nacional; e
IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Eu tenho certeza de que você notou que três dos nove legitimados foram proposital-
mente colocados em cor diferente dos demais. Também não tenho dúvidas de que reparou
no destaque feito aos dois últimos, não é mesmo? Vamos às explicações e a algumas ob-
servações necessárias!
Os governadores dos estados e do DF, as Mesas das Assembleias Legislativas ou da CLDF
e as confederações sindicais e entidades de classe de âmbito nacional são chamadas de le-
gitimados especiais.
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Isso significa que, ao ajuizar uma ADI, eles precisam demonstrar o seu efetivo interesse na
declaração de inconstitucionalidade daquela norma. Esse interesse é chamado de pertinência
temática (STF, ADI 1.519).
Quer entender melhor? Vamos a dois exemplos:
Primeiro exemplo: o estado de Goiás concedeu aumento na remuneração dos policiais milita-
res daquela unidade federada. Contrariado, o governador do DF ingressa com ADI junto ao STF
questionando a lei editada pelo estado vizinho.
Pergunto: qual o interesse do governador do DF nessa ADI? Ainda que essa norma seja decla-
rada inconstitucional, o que ele ganharia com isso, considerando que é Goiás quem organiza e
mantém aquela corporação.
Perceba que, nesse caso, não foi demonstrada a pertinência temática.
Segundo exemplo: o estado de Goiás aprova uma lei prevendo que as mercadorias provenientes
de toda a região Centro-Oeste serão tributadas em 10% a título de ICMS. Nessa mesma norma
consta que apenas as mercadorias que venham do DF sofrerão tributação de 15% de ICMS.
Pergunto: há interesse do DF na declaração de inconstitucionalidade da lei goiana? Seria viável
o ajuizamento da ADI por parte do governador do DF?
Entendo que, nesse caso, está comprovada a pertinência temática, uma vez que o DF foi dire-
tamente atingido pela legislação goiana, sendo prejudicado.
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lado, mesmo que ele perca a representação no Congresso Nacional no curso da ADI, o proces-
so pode prosseguir, dada a natureza objetiva da ação. Em outras palavras, a perda supervenien-
te da representação não impede a continuidade do processo (STF, ADI n. 2.618).
E mais: quem possui legitimidade para ingressar com as ações do controle concentrado
perante o STF é o Diretório Nacional, o que não se estende aos Diretórios Regionais ou à Exe-
cutiva Regional (STF, ADI n. 1.528).
Em relação aos governadores, é importante frisar que o próprio estado ou o procurador-
-geral do estado não podem interpor recursos dentro do controle concentrado. A legitimidade
seria apenas do ocupante da chefia do Executivo (STF, ADI n. 2.130).
Tem mais: se o governador estiver afastado cautelarmente de suas funções, ele não terá
legitimidade para propor as ações de controle concentrado. Esse entendimento foi fixado
quando o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afastado por decisão do STJ, tentou
ajuizar ADI (STF, ADI n. 6.728).
Por outro lado, referente aos Conselhos de Fiscalização Profissional – exemplo: Conselho
Federal de Medicina, de Odontologia, de Arquitetura –, eles não se encaixam na expressão
“entidade de classe de âmbito nacional”, não possuindo legitimidade. Aliás, o único Conselho
Federal que tem legitimidade é o da OAB (STF, ADPF n. 264).
Ainda sobre o inciso IX do artigo 103 da Constituição, o STF decidiu que, no caso das en-
tidades de classe de âmbito nacional, a legitimidade deve observar três condicionantes proce-
dimentais: a) homogeneidade entre os membros integrantes da entidade; b) representatividade
da categoria em sua totalidade e comprovação do caráter nacional da entidade, pela presença
efetiva de associados em, pelo menos, nove estados-membros; e c) pertinência temática entre
os objetivos institucionais da entidade postulante e a norma objeto da impugnação.
Em consequência, se a entidade representar mero segmento da categoria funcional, ou se
não comprovar a representação da totalidade da categoria em, pelo menos, nove estados da
Federação, ela não terá legitimidade para propor ação de controle concentrado de constitu-
cionalidade (STF, ADI n. 6.112).
Agora fique atento a um detalhe: a ANAMAGES (Associação Nacional dos Magistrados
Estaduais) não é legitimada para ajuizar ações discutindo interesses de toda a magistratura,
na medida em que representa apenas fração da categoria. Porém, quando a ação discutir plei-
to relativo a magistrados de um estado da Federação, ela pode atuar, pois lhe é reconhecida
legitimidade (STF, ADI n. 4.484).
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Ponto recorrente nas provas, fazendo com que você fique mais atento(a): quanto às en-
tidades sindicais, as únicas legitimadas são as confederações sindicais, entes de 3º grau na
estrutura tradicional.
Desse modo, centrais sindicais (exemplo: CUT, Força Sindical), sindicatos e federações,
mesmo de abrangência nacional, não podem ajuizar as ações do controle concentrado peran-
te o STF (STF, ADI 4.224).
Prosseguindo, no tocante às “associações de associações”, o STF passou a reconhecer a
sua legitimidade para o ajuizamento das ações de controle concentrado (STF, ADI 3.153).
Um detalhe: a Mesa do Congresso Nacional não pode ajuizar as ações de controle con-
centrado, visto que essa legitimidade é conferida apenas às Mesas da Câmara e do Senado,
órgãos diversos.
Tem mais: a EC n. 45/2004 incluiu expressamente o governador e a Mesa da Câmara Le-
gislativa do DF como legitimados para o ingresso das ações de controle principal. Antes só
se falava em governadores dos estados e Mesa das Assembleias Legislativas. De todo modo,
mesmo antes dessa emenda, o STF já reconhecia a legitimidade de tais entes (STF, ADI 645).
Outra coisa: não é cabível a oposição de embargos de declaração por outra pessoa que não
aquela que tenha ajuizado a ação principal.
Exemplificando, suponha a situação na qual o PGR ingresse com uma ADI e que, contra a deci-
são, sejam opostos embargos de declaração pelo Conselho Federal da OAB. Nesse caso, o STF
tem negado o conhecimento do recurso (STF, ADI 1.105).
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Sistematizando:
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Voltando à ADI, ela foi inserida no Brasil apenas com a EC n. 16/1965 (na Constituição
de 1946). Naquela época, havia somente um legitimado para sua propositura, que era o PGR.
Como visto, a ampliação do rol de legitimados se deu na Constituição de 1988.
Ela é prevista no artigo 102, I, a, da Constituição, que prevê o cabimento da ADI no STF para
questionar lei ou ato normativo federal ou estadual ante a Constituição Federal. Pela leitura
do dispositivo constitucional, fica evidente que não cabe ao STF julgar ADI para questionar lei
municipal diante da Constituição Federal.
Isso, em um primeiro momento, pode angustiar o(a) candidato(a), mas logo adianto que
haverá outras ferramentas no ordenamento jurídico. Ou seja, há outros meios de retirar do sis-
tema uma lei municipal que esteja violando a Constituição.
Tema recorrente nas provas é o cabimento de ADI para leis distritais. Nesse ponto, é im-
portante você lembrar que o DF acumula as competências legislativas, administrativas e tri-
butárias dos estados e dos municípios. Em virtude disso, a CLDF elabora normas de natureza
estadual e municipal.
Considerando o não cabimento de ADI para questionar no STF normas municipais, o que
acontece é que somente as leis distritais de natureza estadual poderão ser questionadas no
STF por meio de ADI.
Não é por outra razão que o STF editou a Súmula n. 642, segundo a qual:
Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua
competência legislativa municipal.
Delimitada a natureza das normas que podem ser objeto de questionamento, passo ao
ponto seguinte: qual a abrangência da expressão “lei ou ato”?
Certamente, estão incluídos dentro desse conceito todos os atos primários previstos no
art. 59 da Constituição. Em outras palavras, cabe ADI para questionar as emendas à Constitui-
ção, as leis complementares, ordinárias e delegadas, as medidas provisórias, as resoluções e
os decretos legislativos.
Ainda dentro dos atos normativos primários, podemos citar os regimentos internos, as de-
liberações administrativas e as resoluções administrativas dos Tribunais, desde que possuam
caráter normativo (STF, ADI 2.104). Também entram nesse rol as resoluções do CNJ e do CNMP
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(STF, ADC 12), os decretos autônomos e os tratados internacionais. Aliás, sobre a possibilidade
de questionamento de tratados internacionais, vale uma explicação mais detalhada.
É que um tratado internacional pode se inserir na Pirâmide de Kelsen em três situações
diferentes: se ele não versar sobre direitos humanos, terá hierarquia equivalente às leis, encai-
xando-se dentro dos atos normativos primários.
Ao contrário, tratando sobre direitos humanos, abrem-se duas possibilidades: na primeira,
ele passará pelo rito especial de aprovação (dois turnos, três quintos, em cada Casa do Con-
gresso Nacional), ocasião em que terá status de emenda à Constituição (que, embora seja ato
normativo primário, se insere no topo da pirâmide do ordenamento).
Na segunda, mesmo versando sobre direitos humanos, ele não passou pelo rito especial.
Nesse caso, terá status de norma supralegal, ou seja, se situará acima das leis, mas abaixo
da Constituição. Seja como for, repito: todos os tratados internacionais podem ser objeto de
ADI no STF.
Agora pense aí na seguinte situação: em determinado TJ, alguns servidores conseguiram, na via
administrativa ou na judicial, o direito a receber determinada gratificação. Então, outros dois for-
mulam requerimento administrativo ao Plenário do órgão para também serem beneficiados.
Ao julgar o pleito, o Tribunal não só atende como resolve estender o mesmo benefício para
todos os servidores (que não pediram) que estivessem em situação idêntica. Caberia ADI
contra esse ato administrativo do Tribunal (que estendeu a gratificação de forma geral e abs-
trata)? O STF entendeu que sim e cassou a decisão do TJ (STF, ADI 3.202).
Mas pera lá, pois nem todos os atos editados pelos Tribunais podem ser questionados via
ADI. É que os editais de concursos públicos são atos normativos secundários, atos de efeitos
concretos, não sendo cabível ADI. Isso porque eventual questionamento estaria dentro da se-
ara da legalidade, sendo eventual ofensa à Constituição indireta ou reflexa (STF, ADI n. 2.151).
Seguindo em frente, não vá cair em casca de banana: as súmulas, mesmo vinculantes, não
podem ser questionadas por meio da ADI. Isso acontece porque elas não têm grau de norma-
tividade necessário para ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade.
Em regra, não caberá nenhuma ferramenta do controle concentrado para questionamento
das súmulas (STF, ADI 594). A exceção ocorrerá quando o enunciado tiver conteúdo norma-
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tivo, um preceito geral e abstrato. Em tal situação, poderá ser cabível a ADPF (STF, ADPF n.
501).
Embora a afirmação possa causar certa perplexidade, é importante você lembrar que, para
as súmulas vinculantes, a Constituição prevê um procedimento específico de questionamento,
que é o pedido de revisão ou de cancelamento. Ele pode ser feito pelos mesmos legitimados para
ingressar com as ações de controle concentrado. Em português bem claro: “dá no mesmo!”.
Sobre os decretos, cabe um alerta: caberá ADI para questionar os decretos legislativos
(editados exclusivamente pelo Congresso Nacional) e os decretos autônomos, que foram in-
seridos pela EC n. 32/2001 e estão previstos no artigo 84, VI, da Constituição (STF, ADI 2.950).
Já os decretos regulamentares (regulamentam as leis), por serem atos normativos secun-
dários, estarão sujeitos a controle de legalidade, e não de constitucionalidade (STF, ADI 264).
Deixe-me sistematizar para não haver nenhuma dúvida:
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Todas as normas constitucionais editadas pelo Poder Constituinte Derivado (PCD) estão
sujeitas a controle de constitucionalidade via ADI.
Como assim?
Ora, o Poder Constituinte Originário estipula limites às emendas à Constituição (PCD Re-
formador), às emendas de Revisão (PCD Revisor) e às Constituições Estaduais/LODF (PCD De-
corrente). Logo, se quaisquer das espécies do Constituinte Derivado afrontar a Constituição
Federal, poderá haver o ajuizamento de ADI (STF, ADI 939).
Porém, tratando-se de lei orgânica municipal, não caberá ADI no STF, pois, como você
viu, não cabe ADI para o STF a fim de questionar normas municipais. Falando nisso, quando
uma lei municipal viola a lei orgânica municipal, fala-se em controle de legalidade, e não de
constitucionalidade.
Por essa razão, o STF declarou a inconstitucionalidade de alguns dispositivos da CE-PE
que atribuíam ao TJ a tarefa de analisar a constitucionalidade de leis municipais quando con-
frontadas com a lei orgânica municipal (STF, ADI n. 5.548).
Retomando, você viu ser possível ajuizar ADI para questionar normas editadas pelo Cons-
tituinte Derivado, certo? Pois é, em sentido contrário, não se admite o ajuizamento de ADI para
verificar a constitucionalidade de normas originárias. Isto é, as normas que estão na Consti-
tuição desde a sua promulgação não podem ser questionadas, uma vez que o Brasil não ad-
mite a tese da inconstitucionalidade de normas originárias, defendida pelos professores Otto
Bachof7 e Jorge Miranda8 (STF, ADI 815).
Dentro da ideia de inexistência de hierarquia entre normas constitucionais, eventual cho-
que entre normas originárias (exemplo: liberdade de imprensa versus intimidade da vida pri-
vada) é resolvido caso a caso por meio da ponderação de interesses. Em nenhuma hipótese
haverá a declaração de inconstitucionalidade. O que ocorrerá é que uma das normas cederá
espaço para a outra.
Tem mais: não cabe ADI para questionar normas editadas antes da Constituição. Para o
direito pré-constitucional, a única ferramenta do controle concentrado é a ADPF. No entanto,
7
BACHOFF, Otto. Normas constitucionais inconstitucionais? Tradução de José Manuel M. Cardoso da Costa. Coimbra:
Atlântida,1977, págs. 52-64.
8
MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. 2ª edição. Coimbra: Coimbra editora, 1987, pág. 291.
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deve ser lembrado que ela – a ADPF – é de cabimento restrito, pois pressupõe violação a
preceito fundamental.
De igual modo, não cabe ADI contra decisões judiciais. Novamente, o único instrumento do
controle concentrado seria a ADPF. Ainda assim, a ADPF não poderia ser ajuizada se a decisão
judicial transitou em julgado.
Quanto aos atos estatais de efeitos concretos, não será cabível ADI. Agora atente-se bem
para uma questão importantíssima: se o ato estatal de efeito concreto é viabilizado na forma
de lei (ou de MP), a ADI passa a ser cabível.
Trocando em miúdos, o STF entendeu pela possibilidade de fazer controle concentrado de
constitucionalidade de lei de efeito concreto (abertura de créditos extraordinários) por meio
de ADI (STF, ADI-MC 4.048).
Isso representou uma significativa mudança, na medida em que sempre se entendeu pelo
cabimento da ação apenas contra normas dotadas de generalidade e abstração.
Avançando, também não é cabível o ajuizamento da ADI para questionar leis já revogadas
ou normas com eficácia exaurida – mais uma vez, no controle concentrado, a única ferramenta
é a ADPF (STF, ADPF 77).
Mas o que acontece se a lei for revogada ou perder a sua vigência no curso da ADI? Em
regra, a ADI será julgada prejudicada, por perda do objeto (STF, ADI 2.010).
Olhando por outro ângulo, veja este trechinho:
É, meu(minha) amigo(a)... nesse mundo dos concurseiros, quando se fala “em regra”, você
já fica logo de orelha em pé...
A exceção fica por conta da existência de fraude processual, pois, nesse caso, a ADI pode
continuar a ser julgada. Daí você me pergunta:
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Vou explicar com um exemplo: o estado X editou uma norma mesmo sabendo de sua inconsti-
tucionalidade por invadir competência privativa da União. Então, um dos legitimados do artigo
103 da Constituição ajuíza ADI no STF. O estado, sabendo que sua norma seria declarada
inconstitucional, corre para revogá-la.
Mas onde estaria a fraude? É que para não sofrer os efeitos vinculantes e a eficácia erga
omnes da decisão, o estado preferiu revogar a lei. Certamente, após o arquivamento da ADI,
ele iria editar nova lei com conteúdo semelhante. E, havendo outra ADI, viria nova revogação...
meio que uma situação de gato e rato. É isso que se busca evitar, mantendo-se o julgamento
da ADI (STF, ADI 3.232).
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Agora se ligue na seguinte situação: em 2010 foi editada a Lei da Ficha Limpa (LC n.
135/2010) e o STF confirmou a constitucionalidade da norma em ADC.
Porém, anos depois, chega ao tribunal uma ADI questionando a mesma lei. Será que a ADI
pode ser conhecida?
Analisando o caso, o STF entendeu que sim, mas somente seria possível o ajuizamento de
ADI se presente um dos três requisitos: a) alteração normativa, b) alteração fática ou c) muta-
ção constitucional.
Como na situação concreta não havia nenhum dos requisitos, a ADI não foi conhecida e a
suspensão dos direitos políticos continuou sendo de oito anos, contados depois do término da
pena (STF, ADI n. 6.630).
Pronto! Você já viu quando cabe e quando não cabe a ADI. Agora é hora de vermos o pro-
cedimento e outros pormenores...
O STF não julga ADI para verificar a constitucionalidade de leis municipais ou distritais de
natureza municipal ante a Constituição Federal. No controle concentrado, no âmbito federal,
tais normas só poderão ser questionadas via ADPF.
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Lá na parte dos legitimados eu já adiantei, mas reforço agora: o STF entende que somente
os partidos políticos e as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional
precisarão estar assistidas por advogado para a propositura da ADI.
Mais do que isso, a procuração deve conter poderes específicos para indicar a inconstitu-
cionalidade da norma. Os demais legitimados, por sua vez, já contam com capacidade postu-
latória extraída diretamente da Constituição (STF, ADI 127).
Se a petição inicial for inepta ou manifestamente improcedente, poderá ser indeferida pelo
próprio Relator. Havendo recurso dessa decisão (agravo interno), a questão será submetida
ao Plenário. Em seguida, havendo ou não informações, o processo segue para o AGU e para o
PGR, que se manifestarão no prazo de 15 dias cada um.
Aqui, um ponto importantíssimo: o Advogado-geral da União, segundo o artigo 103, § 3º,
da Constituição, será citado e “defenderá o ato ou texto impugnado”. Ou seja, pela leitura do
texto, não haveria margem para o AGU deixar de fazer a defesa.
Pois bem, certamente você já ouviu a expressão “custos legis”, que se refere ao Ministério
Público. Ele atua como fiscal da lei, fiscal da Constituição ou mesmo fiscal da ordem jurídica.
Agora, quando se fala em defensor legis, ou curador da lei, estamos tratando da missão
atribuída ao AGU de, no controle concentrado, fazer a defesa da lei ou do ato normativo ques-
tionado junto ao STF.
Perceba que não se restringiu o papel do AGU às leis ou atos normativos federais. É dele
também a incumbência de defender as normas estaduais e as distritais de natureza estadual
que sejam atacadas via ADI.
Repare bem que o texto constitucional usa expressão afirmativa, quase peremptória, de-
terminando que o AGU faça a defesa da norma. A necessidade de defender a norma seria para
formar um contraditório, na medida em que, se a ADI foi ajuizada, é porque alguém está enten-
dendo que ela é inconstitucional – “estão batendo na lei”. É nessa toada que chegaria o AGU
para atuar no sentido contrário.
Entretanto, o STF entende que o AGU não estará obrigado a defender a norma questionada
em algumas hipóteses. Veja quais são:
a) se já houver manifestação anterior, proferida pelo STF, declarando a inconstitucionalida-
de da norma em controle concentrado de constitucionalidade – STF, ADI 1.616;
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Cabe lembrar que o AGU não possui legitimidade para o ajuizamento da ADI. Porém, quan-
do o presidente da República for o autor da ação, é natural que a petição tenha sido redigida
pelo AGU. Então, nada impede que ele também assine o pedido de declaração de inconstitu-
cionalidade.
Em tal hipótese, não se poderia exigir um comportamento esdrúxulo, no sentido de primeiro
assinar a petição, dizendo que a norma é inconstitucional e, na sequência, passar a defendê-la.
c) Se a norma questionada contrariar o interesse da União – STF, ADI 3.916.
Uma pergunta: deve o AGU exercer defesa de norma que contrarie os interesses da União?
A resposta tende a ser negativa, pois, como o nome do cargo por ele ocupado dá mostras, ele
advoga para a União. Em uma interpretação mais alargada, o STF considerou que a AGU teria
direito de manifestação, e não propriamente a obrigação de defender a norma questionada.
Obs.: Por fim, vale uma observação: a jurisprudência do STF era no sentido de que na ação
direta de inconstitucionalidade por omissão – ADI por omissão – não se fazia neces-
sário ouvir o AGU (STF, ADI 480).
Esse raciocínio se justificava na medida em que, se o AGU deve fazer a defesa da norma e
a ação direta é ajuizada exatamente por conta do vácuo legislativo (ausência da norma), o que
lhe restaria defender?
No entanto, com a edição da Lei n. 12.063/2009, que deu novo tratamento à ADI por omis-
são, se a omissão for parcial, será necessária a manifestação do AGU. Aliás, a nova sistemá-
tica não passou despercebida, uma vez que a própria Lei n. 12.063/2009, em seu artigo 12-E,
§ 2º, diz que:
O relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que deverá ser encaminhada
no prazo de 15 (quinze) dias.
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Supondo que no dia do julgamento estivessem presentes apenas oito ministros e que a vota-
ção estivesse empatada em 4 x 4. Nessa situação, deverá a sessão ser suspensa, aguardan-
do-se o comparecimento de outros ministros, até se chegar ao placar de seis votos, em um ou
em outro sentido.
Um ponto muito importante nas provas é saber a partir de qual momento a decisão pro-
ferida no controle concentrado passa a valer. Contrariando a lógica geral (sempre presente
nas questões de múltipla escolha), a decisão não começa a valer a partir da publicação do
acórdão de julgamento.
Ao contrário, a decisão proferida nos processos de controle concentrado começa a valer
com a publicação da ata da sessão de julgamento, o que acontece muito antes do acórdão
(STF, ADI 711).
Veja que a regra vale para todas as ações do controle concentrado, não se limitando à ADI.
Além disso, lembro que é também a partir da publicação da ata da sessão de julgamento que
se autoriza o ajuizamento de eventual reclamação.
Há outros detalhes normalmente cobrados pelos examinadores: por exemplo, não há pos-
sibilidade de desistência da ação nos processos de controle concentrado. Ademais, é vedada
a intervenção de terceiros, exceto a figura do amicus curiae. De igual modo, não se fala em
prazo prescricional ou decadencial para a propositura da ação (STF, ADI 1.247).
Pegadinha frequente nas provas é sobre a possibilidade de recurso nas decisões do con-
trole concentrado. A esse respeito, o artigo 26 da Lei n. 9.868/1999 diz não caber recurso
contra a decisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade em uma ADI ou
ADC, salvo quanto à oposição de embargos de declaração.
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Mas fique atento(a): embora a lei só preveja o cabimento de embargos de declaração, há outro
recurso. Aliás, eu já até te falei dele anteriormente... é que cabe agravo contra a decisão do Relator
que indeferir a petição inicial por entendê-la inepta ou manifestamente improcedente.
Avançando, não cabe ação rescisória contra decisão proferida em controle concentrado.
Agora pense na seguinte situação: o partido político Beta ingressa com ADI alegando que a Lei
X possui vício formal de iniciativa, sendo inconstitucional por esse motivo. Nesse caso, pode
o STF afastar a alegação, mas declarar a inconstitucionalidade da norma por outro motivo
não constante na petição inicial? A resposta é sim! Isso porque o Tribunal não fica vincula-
do à causa de pedir (em bom juridiquês, causa petendi). A vinculação é ao pedido do autor.
Logo, pode declarar a inconstitucionalidade por vício material, mesmo tendo sido alegado vício
formal, por exemplo.
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puní-
veis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem
prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
Acontece que houve o ajuizamento de ADI contra esse dispositivo, tendo o STF declarado
a inconstitucionalidade da expressão “ou desacato”, mantendo a imunidade do advogado em
relação aos atos caracterizadores de injúria e de difamação (STF, ADI n. 1.127).
É importante frisar essa particularidade, na medida em que o chefe do Executivo, ao optar
pelo veto, não pode retirar uma palavra ou expressão de dentro da frase. Caso não concorde
com o trecho, ele precisaria vetar por completo (vetaria todo o inciso ou o artigo, por exemplo).
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Ajuizar uma ADI (ou uma ADC) pode ser uma faca de dois gumes. É que o Tribunal pode
acolher ou não seu pedido. Em caso de improcedência, o resultado dará efeitos vinculantes
diretamente contrários aos seus interesses.
Vou explicar melhor: as normas nascem com presunção relativa de constitucionalidade.
Se você ajuizar uma ADI e ela for julgada improcedente, isso significa que o STF confirmou a
constitucionalidade, transformando aquela presunção em absoluta.
Por outro lado, quando o legitimado ingressa com uma ADC, o seu objetivo é ver transfor-
mada em absoluta a presunção de constitucionalidade da norma. O problema é que pode dar
ruim, como se diz popularmente.
Como assim? Ora, se o STF julgar a ADC improcedente, isso significará a declaração de
inconstitucionalidade daquela norma.
Avançando, a decisão produzirá efeitos retroativos (ex tunc), retirando a norma do ordena-
mento como se ela nunca tivesse existido. Contudo, essa regra pode ser relativizada diante da
modulação temporal de efeitos (sobre ela conversaremos mais tarde).
Quando se fala em efeitos retroativos, é como se eu estivesse no filme De volta para o fu-
turo e pudesse voltar no tempo, fazendo com que a decisão de inconstitucionalidade tivesse o
poder de desaparecer com a norma desde a origem.
Se isso acontecer, ou seja, se não houver a modulação temporal de efeitos – que é a exce-
ção –, a decisão do STF gerará o efeito repristinatório da legislação que vigorava antes de a
norma declarada inconstitucional surgir no sistema.
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Repare só uma situação hipotética: a Lei X revogou a Lei Y. Acontece que, tempos depois, o
STF declara a inconstitucionalidade da Lei X, por vício formal. Não houve modulação tempo-
ral. Então, a Lei X é retirada do ordenamento como se nunca tivesse existido.
Uai, se a Lei X nunca existiu, ninguém revogou a Lei Y, certo? Exatamente! É por tal razão que
a decisão provocará o efeito repristinatório, “ressuscitando” a finada Lei Y.
Agora vou abrir um parêntese para explicar outro ponto relacionado ao controle de consti-
tucionalidade e o juízo de recepção/revogação de normas pré-constitucionais.
É o seguinte: quando ajuíza uma ADI, a parte deve indicar a norma que quer ver declarada
inconstitucional e também outras que, antes dela, contenham o mesmo problema.
Em outras palavras, suponha que eu entre com uma ADI para questionar a Lei n. 3, que re-
vogou a Lei n. 2, que revogou a Lei n. 1.
Nesse caso, se em todas as três há o defeito que eu quero combater, de antemão eu já
digo: olha, mesmo que você tire a Lei n. 3 do ordenamento, ainda persistirá o problema, uma
vez que a Lei n. 2 voltará a vigorar (por conta do efeito repristinatório). A mesma coisa aconte-
ce com a Lei n. 1.
Em outras palavras, tenho que dar um tiro e derrubar toda a cadeia de normas incompatí-
veis com a Constituição, certo?
Até aqui, tudo bem.
Então, se as três leis (3, 2 e 1) tiverem sido editadas após a promulgação da Constituição
em vigor, eu pedirei a declaração de inconstitucionalidade de todas elas.
Por outro lado – e aqui que vem o pulo do gato –, suponhamos que as Leis n. 3 e 2 foram
editadas na vigência da Constituição atual, mas a Lei n. 1 (que foi revogada pela Lei n. 2) tives-
se sido editada em 1985 (portanto, antes da Constituição atual).
Nesse cenário, caso o STF entenda que as Leis n. 3, 2 e 1 são incompatíveis com a Consti-
tuição atual, de um lado o Tribunal vai declarar a inconstitucionalidade das Leis n. 3 e 2 (edita-
das na vigência da Constituição atual) e, de outro lado, declarar a revogação, por ausência de
recepção, da Lei n. 1 (editada antes da Constituição atual). Foi o que decidiu o STF ao julgar a
ADI n. 3.111.
Ufa! Espero que você tenha entendido. Fecho o parêntese.
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Minha preocupação agora é outra: não quero que você troque as bolas, confundindo efeito
repristinatório com repristinação.
Para falar bem a verdade, nos tempos da “facul”, eu tinha uma dificuldade danada de en-
tender a diferença. Até que um dia o professor chegou e disse: na repristinação são três leis,
enquanto no efeito repristinatório são duas leis + uma decisão judicial.
Pronto! O tempo se abriu...
Espero que você entenda com tranquilidade também! Vamos lá!
A repristinação – que significa ressurreição –, em regra, não é admitida em nosso ordena-
mento. A exceção fica por conta de quando houver previsão expressa disposição nesse sentido.
Segundo o § 3º do artigo 2º da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LIN-
DB), “salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência”.
Exemplificando, a Lei n. 100 foi revogada pela Lei n. 200. Depois, a Lei n. 200 foi revogada pela
Lei n. 300. Pergunto: quem “matou” a Lei n. 100 foi a Lei n. 200, certo? Com a morte da Lei
n. 200 (“assassinada pela Lei n. 300”), a Lei n. 100 volta a viver? A resposta é negativa, salvo
determinação expressa.
Partindo do mesmo exemplo aí de cima, a Lei n. 100 foi revogada pela Lei n. 200. Depois, a Lei
n. 200 foi declarada inconstitucional pelo STF ao julgar a ADI n. 5.000. A decisão não sofreu
modulação de efeitos, retroagindo à data da edição da Lei n. 200.
Pergunto: quem “matou” a Lei n. 100 foi a Lei n. 200, certo? Acontece que agora voltaram no
tempo e sumiram com a Lei n. 200, como se ela nunca tivesse existido, não é mesmo? Ora, se
ela nunca existiu, alguém matou a Lei n. 100? Claro que não. Logo, a Lei n. 100 volta a valer,
por ter sofrido o efeito repristinatório.
Visto por outro ângulo, se foi reconhecida a nulidade da Lei n. 200 (por conta da inconstitu-
cionalidade), ela nunca teve eficácia; se ela nunca teve eficácia, nunca poderia ter revogado lei
nenhuma. Em consequência, a lei que havia sido revogada voltará a valer.
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Por sua vez, a fundamentação da decisão não gera o mesmo efeito vinculante. Assim,
para as provas, vale o entendimento de que o STF não aceita a teoria da transcendência dos
motivos determinantes (STF, RCL n. 8.168).
Outra coisa: suponha que a sentença tenha sido julgada procedente e confirmada pelo
Tribunal de Justiça em sede de apelação. Após o trânsito em julgado, o Plenário do STF de-
clarou a inconstitucionalidade de lei que teria sido usada para fundamentar a sentença.
Nessa situação, o que acontece?
Não haverá a rescisão automática da sentença. Ao contrário! Em RE julgado sob a sistemá-
tica da repercussão geral, o STF fixou a seguinte tese:
Embora se diga que as decisões do controle concentrado possuem eficácia vinculante con-
tra todos, ficam de fora da vinculação o próprio STF e o Legislativo para evitar a fossilização
da Constituição.
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Agora que já mostrei a você como a modulação pode ser aplicada na prática, vamos à teoria.
O artigo 27 da Lei n. 9.868/1999 dispõe o seguinte:
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de se-
gurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria
de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só te-
nha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
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Ah, embora tenha nascido na Lei da ADI, a modulação pode ser feita em quaisquer das
ações do controle concentrado. Ou seja, ela também é cabível na ADPF, por exemplo – ela é
regida por outra norma, a Lei n. 9.882/1999.
Tem mais: mesmo fora do controle concentrado, ela tem seu lugar. É que o STF vem apli-
cando a técnica também no controle difuso de constitucionalidade (STF, RE 553.223). Aliás,
nada impede que outros Tribunais ou juízes de todo o País usem a ferramenta.
Abro parêntese.
Como você deve saber, além de professor para cursos preparatórios, eu sou juiz de direito
aqui no TJDFT e já tive a oportunidade de usar a modulação de efeitos em uma sentença de 1º
grau. Isso, é claro, dentro de uma situação excepcional.
Vou contar um pedacinho do caso para contextualizar melhor e facilitar sua compreen-
são: em uma ação civil pública, estava em jogo a maior licitação da história do DF, relaciona-
da à concessão do sistema de transporte coletivo urbano – valor da causa em mais de dez
bilhões de reais.
Ao anular parte da licitação – os lotes vencidos por três das cinco empresas –, estipulei
que a decisão só valeria depois de 180 dias, contados do trânsito em julgado da sentença. Eu
assim agi para que a população não ficasse sem ônibus da noite para o dia (excepcional inte-
resse social).
Fecho parêntese.
Nesse assunto, a gente mais parece propaganda das Organizações Tabajara e toda hora
fala “não é só”; “tem mais”; “ainda não acabou”. É que a modulação temporal pode ser feita
igualmente no juízo de recepção/revogação das normas anteriores à Constituição. Explico.
Quando a nova Constituição entra em vigor, as leis que já existiam à época passam por um
controle de compatibilidade chamado de juízo de recepção/revogação. Se elas forem compa-
tíveis com a nova ordem constitucional, serão recepcionadas; do contrário, serão revogadas
por ausência de recepção.
E, quando se diz que a lei editada antes da Constituição não foi recepcionada (= revoga-
ção), tal decisão deveria retroagir à data em que a nova Constituição foi promulgada – no caso
brasileiro, 5 de outubro de 1988. Ocorre que também aí o resultado pode ser desastroso. Vou
ilustrar com um caso e você vai compreender mais facilmente!
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A Lei n. 6.880/1980 é o Estatuto dos Militares. Nela se fala que o limite de idade para
ingresso nas fileiras militares será fixado em regulamento da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica (artigo 10).
O problema é que, com a Constituição atual, a matéria exigiria a edição de lei em sentido formal
– o artigo 142, § 3º, inciso X, prevê o seguinte: “a lei disporá sobre o ingresso nas Forças
Armadas, os limites de idade...”.
Apreciando a questão, o STF entendeu que, nesse ponto específico (limite de idade por meio
de regulamento, e não lei), o Estatuto dos Militares não foi recepcionado pela Constituição. Em
outras palavras, ele teria sido revogado.
Ora, como você viu há pouco, a decisão de revogação (ausência de recepção) retroagiria a 5 de
outubro de 1988, certo?
Mas tem um probleminha... a decisão do STF foi no ano de 2011, ou seja, mais de vinte anos
depois da entrada em vigor da Constituição. Nesse grande intervalo, dezenas de concursos
foram realizados. Se brincar, quem entrou lá na época da promulgação da Constituição já está
se aposentando, uma vez que eles contam com aposentadoria especial. Então, para prestigiar a
segurança jurídica, o STF modulou os efeitos da decisão, “salvando” os concursos que tinham
sido realizados, e ainda estendeu o prazo até o final de 2011. Após, ao acolher embargos de
declaração opostos pela União, ainda deu mais um ano de sobrevida à norma (STF, RE 600.885).
Só mais uma coisinha antes de terminar: se a parte não pediu a modulação em sua petição
inicial, ainda assim o Tribunal pode aplicar a modulação (quem pode o mais, pode o menos).
Chegou ao STF um caso em que o PGR não pediu a modulação, e o STF declarou a inconsti-
tucionalidade sem modular (seguiu a regra). Depois, em embargos de declaração, o PGR veio
pedindo a modulação. Pode isso, Arnaldo? Pode, sim, e esse julgado de vez em quando apare-
ce em provas (STF, ADI 2.797).
Nascida no controle concentrado, a modulação temporal de efeitos pode ser aplicada no con-
trole difuso e no juízo de recepção/revogação de normas anteriores à Constituição.
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Aragonê Fernandes
Já adianto para você que caberá medida cautelar em todas as ações do controle concen-
trado. Obviamente, em cada uma delas haverá especificidades a serem observadas.
Quando ajuíza uma ADI, o autor busca que a norma seja retirada do ordenamento como se
nunca tivesse existido, certo? Pois é, a cautelar que funciona como um adiantamento. Nela, o
pedido é no sentido de que seja suspensa a aplicação da norma.
A matéria é regulada no artigo 10 da Lei n. 9.868/1999, o qual prevê que a cautelar pode
ser concedida por decisão de maioria absoluta dos membros do Tribunal – seis ministros
(mesmo quórum para se declarar a inconstitucionalidade, na decisão final). Se o Relator julgar
necessário, ele poderá ouvir o AGU e o PGR, no prazo de três dias.
Enquanto a decisão de mérito, em regra, produz efeitos retroativos (ex tunc), na cautelar a
decisão se opera dali em diante (efeitos ex nunc, não retroativos).
Na prática, é como se a norma ficasse congelada. Com isso, eventual norma anterior volta
a valer.
Cuidado com um ponto: a decisão que concede a cautelar terá eficácia contra todos (erga
omnes) e efeito ex nunc. Excepcionalmente, pode o Tribunal conferir eficácia retroativa (ex tunc).
Por outro lado, a decisão que indefere a medida cautelar não terá a eficácia contra todos,
na medida em que não significa a confirmação da constitucionalidade da norma.
Qual a consequência prática disso? Ora, não havendo efeito vinculante contra todos, po-
dem os juízes e Tribunais do País, em controle difuso, declarar a inconstitucionalidade da nor-
ma. Mais: contra essa decisão, não caberá reclamação para o STF (STF, RCL 3.424).
Por fim, o artigo 12 da Lei n. 9.868/1999 permite que, em vez de apreciar a cautelar para
depois julgar o mérito, o Relator poderá, após ouvir o AGU e o PGR (prazo sucessivo de cinco
dias), submeter o processo diretamente ao Tribunal, para julgamento de mérito. É um proce-
dimento abreviado, justificado na “relevância da matéria e de seu especial significado para a
ordem social e a segurança jurídica”.
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Meu(minha) amigo(a), se você estiver cansado(a), pare e dê uma esticada nas pernas, vá lá
colocar mais água em sua garrafinha e visitar o “pipi room”. É que eu quero que você esteja 100%
atento(a) para o amicus curiae, tema cada vez mais recorrente nas provas de concursos.
Já voltou? Então vamos começar!
Logo de cara, anote aí: será cabível a intervenção do amicus curiae em todas as ações do
controle concentrado.
A figura do amicus curiae – amigo da Corte, em tradução literal – foi introduzida em nosso
ordenamento pela Lei n. 9.868/1999, a mesma que regula a ADI, a ADO e a ADC. Em seu artigo
7º, a lei prevê, de um lado, a proibição da intervenção de terceiros nessas ações; de outro lado,
o § 2º desse mesmo dispositivo aponta a possibilidade de o relator admitir a manifestação de
outros órgãos ou entidades, levando em conta a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes. Em termos não muito claros, está aí a regulamentação da figura do amicus curiae.
Vou destrinchar o que diz a jurisprudência do STF, até porque a lei é muito econômica sobre
o tema. A primeira coisa a destacar é que cabe ao Relator admitir ou não o ingresso do amicus
curiae.
Sabe aquela história do tira casaco, bota casaco?
Pois é, o STF ficou entre idas e vindas em relação à possibilidade de recurso contra a deci-
são do relator que admite ou inadmite a participação do amicus curiae.
Num primeiro momento, prevalecia a orientação no sentido de que, se o relator negasse o
ingresso do amicus nos autos, nada impedia que ele recorresse ao Plenário por meio de recur-
so de agravo interno (CPC, artigo 1.021), buscando reverter essa decisão.
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Depois, passou-se a dizer que era irrecorrível a decisão do relator, seja admitindo, seja
inadmitindo a participação do amicus (STF, RE n. 602.854).
Mas a novela ganhou novo capítulo em agosto de 2020: agora, o entendimento que você
deve levar para a prova é no sentido de que será cabível a interposição de recurso se a decisão
for de inadmitir o ingresso do amicus.
Ou seja, se for admitida a participação, não caberá recurso. Por outro lado, se o ingresso for
negado, o amicus poderá recorrer ao plenário, por meio de agravo (STF, ADI n. 3.396).
Ah, o placar foi apertado (6 x 5), de modo que nada impede novas reviravoltas. Fique atento(a)!
Avançando, o amicus curiae pode pedir para ingressar no processo até a data em que o
Relator liberar o processo para a pauta. Em outras palavras, quando o caso pede dia para jul-
gamento, dizendo que o caso já está maduro (STF, ADI 4.071).
Ainda, o STF tem entendido que o requisito da pertinência temática entre os objetivos esta-
tutários da entidade requerente e o conteúdo material da norma questionada é indispensável
para se admitir o amicus curiae (STF, ADI 3.931).
Quanto aos poderes de que dispõe, a orientação é no sentido de que ele pode fazer sus-
tentação oral, mas não tem o direito de formular pedido ou mesmo de aditar (acrescentar) o
pedido constante na inicial escrita pelo autor da ação.
Já no comecinho de nossa conversa, eu disse que o amicus curiae seria cabível em todas
as ações do controle concentrado, certo? Pois é, mas vou avançar agora para dizer que o ami-
cus pode ser admitido também em outras ações e recursos, fora do controle concentrado,
como acontece na repercussão geral e nas súmulas vinculantes.
Aliás, o novo CPC trouxe uma importante previsão: é que, em regra, o amicus curiae não
pode interpor recurso. Contudo, o artigo 138 do CPC atual prevê a possibilidade de ele recor-
rer da decisão que julga o incidente de resolução de demandas repetitivas – IRDR.
Outra inovação importante do novo CPC é no sentido de permitir expressamente que pes-
soa natural ou jurídica seja amicus – artigo 138. Com isso, ficaria superada a orientação do
STF em sentido contrário, não admitindo pessoas físicas (STF, ADI n. 4.178).
Mas atenção: a possibilidade de a pessoa natural ser amicus curiae está no CPC, que é
regra geral, e não se estende às ações de controle concentrado.
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Para o controle concentrado, valerá a regra especial, ditada pelo artigo 7º, § 2º, da Lei
n. 9.868/1999, segundo a qual apenas entidades podem ingressar como amicus curiae em
ações, já que representam os interesses de um grupo específico, enquanto uma pessoa luta
apenas por interesse individual (STF, ADI n. 3.396).
Tem mais, quanto à natureza jurídica, alguns entendem como “mero colaborador informal
da Corte”, enquanto outros falam em “modalidade sui generis de intervenção de terceiros”. A
última orientação é a que tem prevalecido.
Ah, mas saiba que o coronavírus também vai aparecer na sua prova de controle de consti-
tucionalidade... Armaria, Nãm!
Deixe-me explicar melhor: na ADPF n. 347 o STF reconheceu, no ano de 2015, o Estado de
Coisas Inconstitucional e determinou algumas medidas, como a proibição de contingencia-
mento de verbas do fundo penitenciário e a instalação de audiência de custódia.
Em 2020, no meio da pandemia do coronavírus, o Instituto de Defesa do Direito de Defesa
– IDDD –, que era um dos amici curiae no julgamento da citada ADPF, resolveu atravessar uma
cautelar pedindo várias providências, para retirar pessoas vulneráveis do sistema prisional.
Após o deferimento da cautelar pelo ministro relator, Marco Aurélio, o Plenário se reuniu
para decidir se manteria – ou não – a decisão monocrática.
Foi então que prevaleceu a decisão no sentido de afastar a legitimidade do terceiro inte-
ressado, não referendando a liminar.
Prevaleceu a orientação no sentido de que o amicus curiae, por não ter legitimidade para
propositura de ação direta, também não tem para pleitear medida cautelar.
Mais que isso, o Tribunal também compreendeu que houve, de ofício, ampliação do pedido
presente na ADPF. Foi explicado que, no controle abstrato de constitucionalidade, a causa de
pedir é aberta, mas o pedido é específico. Isso porque, no julgamento realizado em 2015, todos
os pedidos formulados na petição inicial tinham sido analisados e que as questões discutidas na
cautelar proposta pelo amicus curiae não estariam relacionadas com aqueles pedidos.
Assim, diante da impossibilidade de ampliação do pedido cautelar já apreciado anteriormen-
te, o STF estaria limitado ao pedido, sendo que aceitar a ampliação equivaleria a agir de ofício,
sem observar a legitimidade constitucional para propositura da ação (STF, ADPF n. 347).
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Por falar na causa de pedir aberta das ações de controle concentrado, ela torna desne-
cessário o ajuizamento de nova ADI para a impugnação de norma cuja constitucionalidade
já é discutida em outra ADI em trâmite perante o STF, proposta pela mesma parte processual
(STF, ADI n. 5.749).
Como assim?
Pense comigo: se alguém ajuíza uma ADI, é porque quer ver uma norma ser declarada in-
constitucional. Se ele ganhar, declarou-se a inconstitucionalidade; se perder, foi confirmada a
constitucionalidade da norma.
Agora vamos para uma ADC: eu sei que as normas nascem com presunção de constitucio-
nalidade. Ela (a presunção) é relativa, tanto que cabe o ajuizamento de ADI.
Exatamente para transformar em absoluta a presunção de constitucionalidade é que serve
a ADC. Logo, se eu ajuizar a ação e ganhar, confirmou-se a constitucionalidade; do contrário,
perdendo, a norma foi declarada inconstitucional.
Viu só como são ações de sinal trocado? Mas há diferença entre elas...
Quando a ADC foi introduzida, ela contava com apenas quatro legitimados para o ajuiza-
mento: presidente, Mesas da Câmara e do Senado e o PGR. Mais tarde, com a EC n. 45/2004,
houve uma padronização, de modo que os mesmos legitimados para a ADI também podem
ingressar com ADC, ADO e ADPF. O “patinho feio” da turma é a ADI Interventiva, a qual continua
com apenas o PGR como legitimado.
Então, uma das diferenças caiu por terra. Mas sobrou uma, que é bastante cobrada pelos
examinadores: enquanto a ADI pode ser usada para confrontar lei ou ato normativo federal e
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Não cabe ADC para questionar normas estaduais, distritais e municipais ante a Constituição
Federal.
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Pois é, mas pense comigo: na ADI a cautelar buscava suspender a eficácia da norma, cuja
constitucionalidade estava sendo questionada. Na ADC, não haveria sentido um pedido se-
melhante, pois a pretensão do autor é exatamente confirmar a constitucionalidade.
Então, como fica o pedido na medida cautelar em ADC? Fica assim: o pedido será para
suspender o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo
que está em discussão na ADC.
Ah, mas um ponto chama bastante atenção, especialmente quando se comparado à ADO
– próxima ferramenta do controle concentrado a ser analisada: a suspensão dos processos
durará o prazo máximo de 180 dias da publicação da parte dispositiva do acórdão em ADC
(na medida cautelar em ADO, não haverá prazo para a suspensão dos processos). Após esse
prazo, se não houver julgamento de mérito do STF, os Tribunais podem voltar a julgar os pro-
cessos que tinham ficado congelados.
Quanto ao mais, praticamente tudo o que se viu na ADI é aqui replicado. Sendo ainda mais
claro, também na ADC:
a) caberão amicus curiae e as audiências públicas;
b) o julgamento também deverá ser por maioria absoluta (presentes ao menos oito ministros);
c) embora a regra seja a decisão ter eficácia ex tunc, poderá ser possível a modulação
temporal de efeitos; e
d) os efeitos vinculantes recaem sobre os demais órgãos do Judiciário, além de toda a
Administração Pública Direta e Indireta de todas as esferas de governo, ficando de fora
da vinculação o próprio STF e o Poder Legislativo.
Exemplificando, a ADI n. 3.682 é uma ADO, enquanto a ADI n. 3.683 é uma ADI “verdadeira”. Ainda
bem que houve a divisão, porque isso facilita a identificação por parte do operador do direito.
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Isso acontecia porque, na verdade, toda ADO é uma ADI. É que a inconstitucionalidade
pode ser por ação (a norma existe e é inconstitucional) ou por omissão (a falta da norma é o
que gera a inconstitucionalidade).
Foi somente a partir de 1988 que o Constituinte se preocupou em criar mecanismos de
combater a síndrome da inefetividade das normas constitucionais. Dentro desse contexto,
surgiram duas ferramentas: o Mandado de Injunção (remédio constitucional) e a ADI por
Omissão, uma das ações do controle concentrado de constitucionalidade.
Tanto o MI quanto a ADO estão ligados às normas constitucionais de eficácia limitada –
lembra que as normas podem ser de eficácia plena, contida, limitada ou programática?
Relembrando a Teoria da Constituição, na parte de “Eficácia e Aplicabilidade das Normas
Constitucionais”, as normas limitadas, para produzirem todos os seus efeitos, precisam de um
complemento que deve ser feito pelo legislador infraconstitucional.
Na falta dessa norma, haverá um defeito, uma doença. Por isso se usa o nome de “síndro-
me da inefetividade”. Ou seja, aquelas normas que só existem no papel.
Avançando, o § 2º do artigo 103 fala que:
Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucio-
nal, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se
tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
O combate às omissões constitucionais ganhou força não só com a introdução das duas
ferramentas, mas também com o próprio fortalecimento delas. É que a regulamentação da
ADO e do MI significa um grande avanço.
Veja: a ADO era tratada meio que “no pacote” da ADI, até que houve a regulamentação es-
pecífica em um capítulo da Lei n. 9.869/1999, a mesma que já cuidava da ADI e da ADC.
Agora, a ADO conta com um capítulo específico (Capítulo II-A), introduzido pela Lei n.
12.063/2009. Por outro lado, a regulamentação do MI é ainda mais recente. A Lei n. 13.300/2016
cuidou de especificar vários pormenores do MI individual e do coletivo.
Aliás, você verá que em vários momentos eu ficarei falando no MI, mesmo o nosso assunto
aqui sendo a ADO. É que elas devem ser entendidas como um todo, chamando a atenção para
as diferenças.
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De cara, vou chamar sua atenção para a diferença mais marcante entre as duas ações: o
MI faz parte do controle difuso de constitucionalidade, podendo, portanto, ser julgado pelo
STF e por diversos órgãos do Judiciário (STJ, TSE, TJ, Juiz de 1º grau), enquanto a ADO inte-
gra o conjunto de ações do controle concentrado, sendo julgada apenas pelo STF.
Vou seguir em frente para falar sobre as espécies de omissão: ela pode ser total (ausência
de norma) ou parcial (a norma existe, mas não regula suficientemente a matéria).
Eu falei lá no começo que toda ADO é uma ADI, certo? Pois é, mas há algumas especifici-
dades que você precisa conhecer para não ser pego(a) em nenhuma casca de banana.
É dentro desse contexto que nasce uma importantíssima distinção entre a ADI e a ADO: a
ADI se presta para o questionamento de atos normativos primários ante a Constituição.
Ao contrário da ADI, que só pode ser usada para questionar atos normativos primários ante a
CF, na ADO a omissão pode envolver atos normativos secundários, como é o caso de regula-
mentos e instruções normativas.
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Obs.: Uma importante observação: a jurisprudência era no sentido de que na ADO não se
fazia necessário ouvir o AGU (STF, ADI 480). Esse raciocínio se justificava na medida
em que, se o AGU deve fazer a defesa da norma e a ADO foi ajuizada exatamente por
conta da omissão legislativa, o que lhe restaria defender?
O relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que deverá ser encaminhada
no prazo de 15 (quinze) dias.
Isso se justifica principalmente diante da constatação de que a omissão pode ser total ou
parcial.
Foi também a Lei n. 12.063/2009 a responsável por prever expressamente o cabimento de
medida cautelar em ADO. Diga-se de passagem, a decisão proferida na cautelar em ADO vai
além daquela estudada para a ADI e para a ADC.
Vamos relembrar: na ADI, a cautelar era para suspender a norma; na ADC, a finalidade era
suspender o andamento de ações relacionadas à norma questionada, certo?
A cautelar na ADO, mais ampla de todas até aqui, fala em três possibilidades:
a) suspender a aplicação da lei ou ato normativo – obviamente, só se aplica à omissão
parcial, pois na omissão total não haveria norma a ser suspensa;
b) suspender o andamento dos processos judiciais ou de procedimentos administrativos
– note que não há o prazo, como acontecia com a ADC; e
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c) outra providência a ser fixada pelo Tribunal – aqui, sem dúvida, abre-se espaço para
um papel mais ativo do STF, em harmonia com a adoção da teoria concretista no MI.
Ah, é possível a aplicação do princípio da fungibilidade entre a ADO e a ADI (STF, ADI
2.727). Isso significa que, na prática, se a parte ajuizar uma ADO, seu pedido pode ser conhe-
cido como se fosse uma ADI. A medida ganha mais importância principalmente depois que
passou a existir a classe própria da ADO.
Hora de deixar claras algumas diferenças centrais entre o Mandado de Injunção e a ADI por
Omissão:
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Por exemplo, o Tribunal já disse ser preceito fundamental o direito à vida (aborto de anencéfalo);
o direito de reunião (“Marcha da Maconha”); o meio ambiente (importação de pneus usados); e a
autonomia da Defensoria Pública (julgamento envolvendo ato de governador de estado que inde-
vidamente colocou a instituição dentro da estrutura da Secretaria de Justiça, além de promover
cortes no orçamento, mesmo tendo sido encaminhado dentro dos limites da LDO).
Por outro lado, o STF excluiu do conceito de ato do poder público possível de ser analisado
em uma ADPF o veto presidencial, que seria um ato político (STF, ADPF 1).
Voltando à Lei n. 9.882/1999, ela previu duas espécies de ADPF, chamadas doutrinaria-
mente de autônoma (principal) e incidental. A autônoma consta no caput do artigo 1º da lei e
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teria por objeto “evitar (preventivo) ou reparar (posterior) lesão a preceito fundamental, resul-
tante de ato do poder público”.
Já a incidental vem no parágrafo único do artigo 1º, cabendo:
quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo fede-
ral, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.
Como você pode notar pela simples leitura da lei, a ADPF é bem mais ampla do que as
outras ferramentas do controle concentrado, pois pode ser usada para questionar atos nor-
mativos municipais e distritais de natureza municipal, o que não acontecia com a ADI (atos
normativos federais e estaduais), nem com a ADC (somente atos normativos federais).
Ela também pode verificar a compatibilidade dos atos normativos pré-constitucionais –
ou seja, editados antes de 5/10/1988 – com a Constituição atual. Todas as outras ferramentas
do controle concentrado só podem ser usadas para apreciar a compatibilidade de normas edi-
tadas a partir de 5/10/1988. Isso tem bastante repercussão prática!
Repare que o Código Penal é de 1940. Nele há a tipificação do delito de aborto, existindo
duas hipóteses nas quais não se falaria em crime: perigo de morte para a mãe (aborto terapêu-
tico) ou gravidez decorrente de estupro (aborto sentimental).
Pois é, mas você sabe que o STF permitiu a interrupção da gestação quando se tratar de
fetos anencefálicos, não é mesmo? Ou seja, criou-se mais uma descriminante, por meio de
decisão judicial, a partir de uma leitura da Constituição atual, especialmente a dignidade da
pessoa humana.
Ora, se o CP é de 1940 – bem antes, portanto, da Constituição em vigor –, a decisão judi-
cial só pode ter sido tomada em uma ADPF. Isso, é claro, tratando-se de controle concentrado,
pois no difuso as normas pré-constitucionais também podem ser controladas.
Aliás, é importante chamar sua atenção para algo para lá de relevante: a ADPF pode apre-
ciar normas anteriores à Constituição, desde que essa análise seja feita diante da Constituição
atual. Em outras palavras, a análise de norma anterior diante de uma Constituição anterior só
seria viável por meio do controle difuso, não havendo nenhuma ferramenta adequada no con-
trole concentrado.
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Seguindo em frente, cabe ADPF contra decisões judiciais, salvo se elas tiverem transitado
em julgado. Elas igualmente podem se voltar contra atos normativos secundários (portarias,
decretos regulamentares, instruções normativas etc.), o que não acontecia com as ADIs.
Ah, ela também é instrumento eficaz para o controle de inconstitucionalidade por omis-
são. Em outras palavras, se a omissão, total ou parcial, normativa ou não normativa, ferir um
preceito fundamental, caberá a ADPF (STF, ADPF n. 272).
Certa vez, eu estava em sala de aula e um aluno me interrompeu quando eu explicava as hipó-
teses de cabimento da ADPF. Ele me perguntou assim: “Professor, se a ADPF tem hipóteses
de cabimento bem mais amplas, para que existem as outras ações do controle concentrado?”
A pergunta dele fazia todo sentido! Afinal, a ADPF parecia resolver todos os seus problemas! É
aqui que entra o § 1º do artigo 4º, segundo o qual não se admitirá ADPF quando houver qual-
quer outro meio eficaz de sanar a lesividade. Está aí o princípio da subsidiariedade.
Porém, não se engane: no ordenamento jurídico, sempre haverá algum meio capaz de sa-
nar a lesão. Pode ser, por exemplo, um mandado de segurança ou um recurso extraordinário.
Então, se você levar o princípio da subsidiariedade ao extremo, a ADPF irá para o brejo.
Atento a isso, o STF entende que o cabimento da ADPF fica restrito àquelas hipóteses em
que não houver, no controle concentrado, outro meio capaz de sanar a lesão ao preceito fun-
damental (STF, ADPF n. 77).
Sendo ainda mais claro: para se ajuizar uma ADPF, não pode ser cabível ADI, ADO ou ADC.
Mas será que é só na ausência de outra ação do controle concentrado que será possível o
ajuizamento da ADPF?
Para deixar a sua compreensão mais fácil, vou transcrever aqui um trechinho de um julga-
do no qual o ministro Luiz Fux resumiu o alcance do princípio da subsidiariedade, ok?
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A mera inexistência de ação constitucional não se mostra suficiente para afastar a cláu-
sula de subsidiariedade, contanto esteja presente outro meio eficaz de solver a contro-
vérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata.
A interposição de recurso extraordinário em face de acórdão proferido em ação objetiva,
ajuizada no âmbito estadual, quando coincidem os parâmetros de constitucionalidade
da ação direta de inconstitucionalidade estadual e do controle concentrado realizado
pelo Supremo Tribunal Federal, confere eficácia geral à declaração de inconstituciona-
lidade, de modo que se revela como meio eficaz de solver a controvérsia constitucional
relevante de forma ampla, geral e imediata (STF, ADPF 554).
Foi o que aconteceu, por exemplo, com a ADI n. 4.277, que tratou do reconhecimento das
uniões homoafetivas – ela foi ajuizada como ADPF, recebendo o número 178.
Duas ponderações sobre a fungibilidade: 1ª) ela não pode ser usada se houver erro gros-
seiro (ex.: claramente era cabível ADI, mas a parte entrou com uma ADPF); 2ª) ela é aceita de
cá para lá e de lá para cá. Em outras palavras, uma ADI pode ser recebida como ADPF e uma
ADPF pode ser recebida como ADI. É a chamada fungibilidade de mão dupla.
Fique de olho, pois as bancas adoram explorar as hipóteses em que a ADPF não pode ser
ajuizada – algumas delas eu já adiantei anteriormente:
a) contra vetos presidenciais (STF, ADPF 1);
b) contra decisões judiciais transitadas em julgado – cabe contra decisões judiciais, mas
não se cobertas pelo manto da coisa julgada (STF, ADPF 134);
c) em substituição aos embargos em execução (STF, ADPF 83);
d) para questionar norma anterior a 5/10/1988 ante a Constituição da época – só cabe se
for em relação à Constituição atual;
e) contra normas originárias;
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Não tenho dúvida alguma de que a última hipótese é a mais cobrada nas provas! Em regra,
contra as súmulas, vinculantes ou não, não cabe ADPF ou quaisquer outras ações do controle
concentrado.
Especificamente quanto às súmulas vinculantes, o não cabimento é explicado pela exis-
tência de procedimento próprio, qual seja, o pedido de revisão e de cancelamento da súmula.
Essa constatação se explica ainda mais facilmente quando se vê que os legitimados para
o ajuizamento da ADPF são os mesmos que também podem entrar com uma ADI ou propor a
edição, revisão ou cancelamento de súmulas vinculantes.
Ah, mas repare que eu falei que, em regra, não caberia ADPF contra súmulas... Opa, onde
está a exceção?
É que o Plenário do STF, em setembro de 2020, fixou a compreensão de caber ADPF contra
súmula quando o enunciado tiver conteúdo normativo, um preceito geral e abstrato.
O caso concreto julgado pelo Tribunal dizia respeito ao enunciado da Súmula n. 450 do TST,
o qual prevê que o trabalhador receberá as férias em dobro em caso de atraso no pagamento.
O preenchimento da cláusula de subsidiariedade derivaria do fato de não haver instrumento
processual capaz de impugnar ações e recursos impedidos de subirem por conta do entendi-
mento sumulado (STF, ADPF n. 501).
A ADPF é a única ferramenta do controle concentrado que permite ao STF apreciar normas
municipais, distritais de natureza municipal e até mesmo as anteriores à Constituição Federal.
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Quanto à liminar (cautelar), ela também partirá do voto de maioria absoluta dos ministros.
Agora preste atenção para a particularidade: havendo extrema urgência ou perigo de lesão
grave, bem como durante o recesso, poderá o Relator conceder a liminar, a ser posteriormente
referendada pelo Pleno.
Para você não esquecer, isso aconteceu na ADPF sobre a interrupção da gravidez em fetos
anencefálicos, quando o ministro Marco Aurélio efetivamente autorizou a providência (irrever-
sível, por questão lógica) monocraticamente.
A decisão na liminar pode determinar que os juízes e Tribunais do País suspendam o
andamento de processos ou os efeitos de decisões judiciais que apresentem relação com o
tema discutido na ADPF. Essa determinação, no entanto, não alcança as decisões transita-
das em julgado.
Por fim, é importante lembrar que a constitucionalidade da ADPF incidental foi questio-
nada perante o STF. A matéria ainda está em aberto, mas vários precedentes de lá para cá
sinalizam que a alegação de inconstitucionalidade não será acolhida (STF, ADI 2.231).
Em razão do princípio da subsidiariedade, a ADPF só pode ser utilizada se não houver, no con-
trole concentrado, outro meio eficaz para sanar a lesão a preceito fundamental.
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Para começar, a ADI Interventiva também pode ser chamada de representação interventiva.
Ela foi a primeira ferramenta do controle concentrado no direito brasileiro, sendo prevista na
Constituição de 1934 – para se ter uma ideia, a ADI genérica só entrou com a EC n. 16/1965.
De lá para cá, ficou de fora da Constituição de 1937, voltando na de 1946, na de 1967 e na
EC n. 01/1969.
A Constituição atual manteve um ponto importantíssimo, que é a existência de apenas
um legitimado para ajuizá-la perante o STF: ao contrário das demais ferramentas do controle
concentrado, somente o PGR pode propor ação.
Marcelo Novelino aponta que a ADI Interventiva é um mecanismo de controle concentra-
do, mas não abstrato, e sim concreto. Isso porque ela é apresentada em um processo cons-
titucional subjetivo10.
Esse processo tem a finalidade de resolver conflitos de natureza subjetiva, formados entre
a União e o estado/DF (âmbito federal) e entre estado e município (âmbito estadual).
Ao estudar a intervenção federal, você aprende que ela é uma medida excepcional de su-
pressão temporária da autonomia de determinado ente federativo, que visa à unidade e preser-
vação da soberania do Estado Federal. Como o Brasil adotou a forma federativa de Estado, a
regra é a autonomia dos entes federativos (União, estados, DF e municípios).
A intervenção federal, que é ato privativo do chefe do Executivo, pode ser motivada, dentre
outras situações, para assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis ou
quando ficar caracterizada a recusa à execução de lei federal.
O artigo 34 lista as hipóteses de cabimento da intervenção federal. Veja quais são, mas
preste especial atenção nas apresentadas nos incisos VI e VII:
Art. 34. A União somente intervirá nos Estados ou no Distrito Federal se presente ao menos uma
dessas hipóteses:
I – manter a integridade nacional;
II – repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III – pôr termo a (acabar com) grave comprometimento da ordem pública;
IV – garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas Unidades da Federação;
V – reorganizar as finanças da Unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de
força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas na CF, dentro dos prazos estabele-
cidos em lei. Ex.: deixar de repassar 50% do IPVA para o Município em que o carro está licenciado.
10
NOVELINO, Marcelo. Curso de direito constitucional. 12ª edição. Salvador: Juspodivm. 2017, pág. 243
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Pois bem. Configurada a hipótese de ofensa aos princípios constitucionais sensíveis (artigo
34, VII) ou caracterizada a recusa à execução de lei federal (artigo 34, VI), a intervenção será so-
licitada pelo PGR, que ajuizará uma Representação Interventiva junto ao STF. Caso esse Tribunal
acolha o pedido formulado, requisitará que o presidente da República decrete a intervenção.
Dois pontos de destaque: o primeiro, no sentido de que o Judiciário não decreta a interven-
ção, pois o ato é privativo do chefe do Executivo; o segundo, que o presidente ficará vinculado
à decisão do STF, não se tratando de ato discricionário.
Em outras palavras, o presidente é obrigado a cumprir a decisão do STF. Isso é importante
porque há hipóteses de intervenção nas quais o presidente atua de forma discricionária, en-
quanto em outras ele fica vinculado.
Avançando, Pedro Lenza diferencia os procedimentos entre intervenção branda e interpre-
tação efetiva11. Na intervenção branda, o chefe do Executivo se limita a expedir decreto sus-
pendendo a execução do ato impugnado. Se essa medida se mostrar suficiente, fim de papo.
Do contrário, passa-se à intervenção efetiva, na qual haverá efetivamente a decretação da
intervenção, devendo o presidente especificar a amplitude, o prazo de duração e as condições
de execução. Sendo o caso, ainda nomeará um interventor.
O objeto da ADI Interventiva é bem amplo. Isso porque ela poderá se voltar contra leis ou
atos normativos, atos governamentais, atos administrativos, atos concretos ou mesmo omis-
sões de autoridades locais, tudo isso relacionado aos princípios sensíveis.
Para se ter uma ideia da amplitude das hipóteses de cabimento, quando se fala em “atos
governamentais”, eu lembro que foi ajuizado pedido de intervenção federal pelo PGR em de-
corrência de escândalo de corrupção envolvendo o Distrito Federal, que ganhou visibilidade
nacional, chamado de Operação Caixa de Pandora (STF, IF 5.179).
11
LENZA, Pedro. Direito constitucional descomplicado. 19ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2015, pág. 459.
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Aliás, estou falando toda hora em princípios constitucionais sensíveis e não sei se você
lembra bem a razão desse nome. É que, se eles forem violados, poderá haver a intervenção,
que, como você viu, é uma medida extrema em uma Federação.
Vamos em frente!
A representação interventiva foi regulada pela Lei n. 12.562/2011 – note que ela é exclu-
siva para a ADI Interventiva, pois a ADI, a ADO e a ADC são tratadas pela Lei n. 9.868/1999 e a
ADPF é disciplinada pela Lei n. 9.882/1999. Ela prevê procedimento semelhante ao das demais
ferramentas do controle concentrado.
A petição inicial deve indicar o princípio sensível violado ou a situação de recusa à apli-
cação de lei federal, bem como o ato (normativo, administrativo, concreto) ou a omissão, que
estão sendo questionados.
Se o Relator indeferir liminarmente o pedido, caberá agravo interno para o Plenário. Ao
receber a petição, caberá ao Relator tentar dirimir administrativamente o conflito. Não sendo
possível resolver administrativamente, o Relator pedirá informações às autoridades respon-
sáveis pelo ato e depois ouvirá o AGU e o PGR.
A decisão de mérito também deve partir de maioria absoluta (seis ministros), estando pre-
sentes ao menos oito. Sendo procedente o pedido, o presidente da República será notificado
para dar cumprimento à decisão no prazo improrrogável de 15 dias.
Como você viu, há uma “escadinha”, na qual o presidente primeiro decreta a intervenção
branda e, somente se ela não resolver, passará para a intervenção efetiva, inclusive com a no-
meação de interventor.
A decisão de mérito é irrecorrível e não caberá o ajuizamento de ação rescisória.
A Lei n. 12.562/2011 previu a possibilidade de deferimento de liminar pela maioria absoluta
do STF (não pode o Relator nem o presidente do Tribunal). A decisão, nesse caso, consistiria na
suspensão do andamento de processo ou dos efeitos de decisões judiciais ou administrativas.
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Pois bem. No entanto, dentro da nova orientação, o TJ pode julgar ADI Estadual tendo
como parâmetro a Constituição Federal, desde que o dispositivo da Constituição Federal se
trate de norma de reprodução obrigatória.
Em outras palavras, atualmente o STF permite que o TJ julgue a ADI Estadual mesmo
quando a norma supostamente violada esteja na Constituição Federal, desde que se trate de
norma de reprodução obrigatória (STF, RE 650.898).
Abrindo um parêntese, o que são normas de reprodução obrigatória? São aquelas normas
que estão na Constituição Federal e que obrigatoriamente devem estar na Constituição Esta-
dual. Alguns exemplos seriam o artigo 37 (administração pública), os artigos 59 a 69 (proces-
so legislativo) e os artigos 165 a 169 (normas orçamentárias).
Fecho o parêntese e volto para o julgamento de ADI pelo TJ envolvendo as normas de re-
petição obrigatória.
É ainda importante lembrar que, no STF, a ADI poderá ser julgada para questionar atos nor-
mativos federais e estaduais (bem como distritais de natureza estadual), mas não os editados
pelos municípios (nem pelo DF dentro de sua competência municipal).
Então, temos a situação em que, se uma lei municipal violar a Constituição Estadual, ca-
berá ADI para o TJ; se ela violar a Constituição Federal, não caberá ADI para o STF. Contudo,
tratando-se o dispositivo de norma de repetição obrigatória, poderá a ADI envolvendo lei muni-
cipal x Constituição Federal ser julgada pelo TJ.
A partir daí, seria possível à parte interpor recurso extraordinário (RE) diretamente ao STF.
Aliás, embora a decisão no RE, em regra, produza eficácia inter partes – por ser controle difuso
–, a decisão nesse RE específico será dotada de eficácia para todos, vinculante e com efeitos
retroativos (ex tunc), pois nascida no controle concentrado (STF, RE 187.142).
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No âmbito federal, você viu que há nove legitimados para o ajuizamento de quatro das
cinco ações do controle concentrado – a ADI Interventiva é o patinho feio, com somente um
legitimado, o PGR.
Segundo o artigo 103 da Constituição, ADI, ADO, ADC e ADPF podem ser propostas pelos
seguintes legitimados: a) presidente da República; b) Mesa do Senado Federal; c) Mesa da
Câmara dos Deputados; d) Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; e)
governador de estado ou do DF; f) Procurador-geral da República (PGR); g) Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); h) partido político com representação no Congresso; e
i) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Já no âmbito estadual, a Constituição Federal não definiu quem são os legitimados, atri-
buindo essa tarefa ao Constituinte Estadual. Mas ela fez uma ressalva: não poderia haver so-
mente um legitimado.
Então, as Constituições Estaduais começaram a reproduzir o rol de legitimados do artigo
103, adaptado à realidade local.
Exemplificando, onde havia “Conselho Federal da OAB”, passou a constar “Seccional da OAB”;
trocou-se “confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional” por “federação
sindical ou entidade de classe de âmbito estadual”.
Depois, elas passaram a colocar legitimados que não encontravam simetria no modelo federal.
Quando foram questionadas, o STF entendeu que o rol de legitimados na Constituição Estadu-
al não precisa se limitar à aplicação do modelo federal em simetria.
Desse modo, é possível que o Constituinte Estadual aponte outros legitimados, como, por
exemplo, um deputado estadual (STF, ADI 558) ou mesmo partido político sem representação
na Assembleia Legislativa (STF, RE 412.921).
Uma ressalva: o STF firmou a compreensão segundo a qual é do prefeito do município, e
não do próprio município ou de seu Procurador-geral, a legitimidade para fazer propor a ADI
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Estadual perante o TJ e, se for o caso, o recurso extraordinário (RE) contra a decisão daí ad-
vinda (STF, RE 831.936).
Outra coisa: uma coisa é a legitimidade para ajuizar a ADI estadual e outra bem diferente
é a legitimação para interpor recurso contra a decisão eventualmente proferida nessa ação.
Não entendeu? Deixe-me explicar melhor.
Imagine a situação em que o governador de determinado estado ajuizou ADI perante o TJ
sustentando a violação a dispositivos da Constituição Estadual.
Daí, após o julgamento pelo TJ, surge o interesse de interpor recurso extraordinário (RE)
para levar a questão ao STF. Nessa situação, quem seria o legitimado para interpor o RE?
Ao julgar a questão, o Tribunal decidiu que, por ser uma decisão política, somente os legiti-
mados no art. 103 da Constituição Federal, ou, por simetria, os que previstos em constituição
estadual, podem propor ações diretas de inconstitucionalidade.
No entanto, os atos de natureza técnica, subsequentes ao ajuizamento da ação, devem ser
praticados pelos procuradores da parte legitimada. Em outras palavras, firmou-se a compreen-
são no sentido de que recursos em ADI podem até vir assinados pelo legitimado conjuntamente
com o procurador, mas que seria essencial a presença de advogado (STF, RE n. 1.126.828).
Outra coisa: você viu que há liberdade para o legislador estadual na definição dos legiti-
mados para o controle concentrado. Porém, o STF entendeu que é inconstitucional dispositi-
vo de Constituição Estadual que retire do chefe do Ministério Público – PGJ – a legitimidade
ativa para a propositura de ADI perante o TJ. Pesou o papel de destaque do Ministério Público
na defesa da integridade do ordenamento jurídico brasileiro (STF, ADI n. 5.693).
Um alerta inicial: preste muita atenção, pois este tema é exaustivamente cobrado pelas bancas!
Antes de qualquer coisa, eu vou separar a análise em dois grandes grupos: no primeiro,
uma lei estadual violará a CF e a CE, concomitantemente; no segundo, será a vez de essas
Constituições serem violadas por uma lei municipal.
Fique atento(a) para os detalhes, pois eles serão perguntados.
Situação 1: lei estadual que viola dispositivo da Constituição Estadual e da Constituição
Federal ao mesmo tempo – tratava-se de norma de repetição obrigatória.
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Nesse caso, caberá ADI para o STF (a ADI no âmbito federal questiona normas federais e
estaduais perante a CF, certo?).
Contudo, também caberá ADI para o TJ, uma vez que na esfera estadual a ADI analisa a
compatibilidade de atos normativos estaduais e municipais ante a CE.
Então, estamos diante da possibilidade de ajuizamento simultâneo de duas ADIs dire-
cionadas a Tribunais diversos: a primeira para o STF, em relação à CF, e a segunda para o
TJ, quanto à CE.
Se isso acontecer, ou seja, se houver o ajuizamento de duas ADIs de forma concomitante
(em latim, simultaneus processus), a ADI Estadual ficará suspensa aguardando a decisão final
do STF (STF, ADI 3.046).
Caso o STF declare a inconstitucionalidade da norma estadual, a ADI Estadual será extin-
ta por perda do objeto. Afinal, a norma foi retirada do ordenamento jurídico – grave bem essa
explicação para não errar daqui a pouquinho (STF, PET 2.701).
Do contrário, se o STF confirmar a constitucionalidade, a norma continua no sistema. En-
tão, a ADI Estadual deve prosseguir, inclusive, podendo o TJ declarar a inconstitucionalidade
da norma diante da CE, desde que por outro fundamento – aquele fundamento usado pelo STF
tem força vinculante, impedindo que o TJ o contrarie.
Se você entendeu até aqui, já matará boa parte das questões de prova. Porém, eu quero
avançar um pouco mais e garantir que você acerte todas as questões.
Agora imagine a situação em que, embora fosse viável o ajuizamento simultâneo, ele não
ocorreu.
No primeiro exemplo, só se ajuizou ADI no STF contra a lei estadual por violação à CF. Aqui
as coisas ficam simples, pois a declaração de inconstitucionalidade do STF retira a norma do
sistema. Logo, não caberia posteriormente entrar com ADI no TJ (a norma não existe mais!).
Em sentido contrário, se o STF confirma a constitucionalidade, posteriormente ainda se
pode ajuizar a ADI Estadual, uma vez que a norma continua no sistema. Entretanto, a funda-
mentação usada não pode ser aquela já afastada pelo STF na ADI Federal, por conta da força
vinculante para todos.
É agora que mais se erra...
No segundo exemplo, apenas a ADI Estadual foi ajuizada, por violação à CE. Se o Tribunal
confirmar a constitucionalidade, a norma continuará no sistema e depois poderá ser questio-
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nada em ADI Federal, sendo que o STF ficaria livre para adotar qualquer decisão, sem se falar
em vinculação.
Por outro lado, se ao julgar a ADI Estadual o TJ declarar a inconstitucionalidade da lei es-
tadual, não será cabível nova ADI para o STF por uma razão simples: a norma não existe mais,
foi retirada do sistema.
Daí você está com comichão e fala:
Ora, nessa situação, contra a decisão do TJ na ADI Estadual, seja lá qual for o resultado
(constitucionalidade ou inconstitucionalidade), será possível a interposição de RE para levar a
discussão ao STF, uma vez que se trata de norma de repetição obrigatória.
Até aqui estava indo tudo bem, sendo necessário o TJ suspender o andamento da ADI lá
ajuizada quando houver simultaneidade de ações, certo?
Pois é, acontece que chegou ao STF uma situação bem diferentona. Foi o seguinte: em vez
de suspender o andamento do feito e aguardar o desfecho da ADI já ajuizada no STF, o TJ foi
lá e “queimou a largada”, julgando a ação direta que tinha sido ajuizada no âmbito estadual.
Para piorar, não houve a interposição de recurso contra a decisão do TJ, que acabou tran-
sitando em julgado.
Ou seja, mesmo havendo a tramitação simultânea das duas ADI’s, o TJ desrespeitou a
orientação jurisprudencial no sentido de aguardar o julgamento pelo STF.
Daí, o STF ficou numa posição delicada, porque, se a decisão do TJ for pela inconstitucio-
nalidade da norma – e a decisão transitou em julgado –, como faz com a ADI ajuizada perante
o STF? A pergunta é válida, porque a declaração de inconstitucionalidade feita pelo TJ retira a
norma do ordenamento, inviabilizando (teoricamente) pronunciamento do STF – a ADI pressu-
põe norma em vigor...
Ao desenrolar esse novelo, o Tribunal compreendeu que, se a ação que tramita perante o
Tribunal de Justiça local não for sobrestada (como deveria ter sido), a decisão por ele profe-
rida somente prejudicará a que está em curso perante o STF se for pela procedência e desde
que a inconstitucionalidade seja por incompatibilidade com dispositivo constitucional esta-
dual sem similar na Constituição Federal.
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Se uma lei estadual violar ao mesmo tempo a Constituição Estadual e a Federal, caberá o
ajuizamento simultâneo de ADI para o TJ e para o STF. Nessa situação, a ADI Estadual ficará
suspensa, aguardando o desfecho do julgamento no STF.
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Em resposta, eu lembro que não caberia ADI, ADO ou ADC, pois estamos diante de lei muni-
cipal x CF. A única ferramenta do controle concentrado possível será o ajuizamento de ADPF,
caso se comprove a existência de preceito fundamental violado.
Que tal esquematizarmos as hipóteses pelas quais uma lei municipal pode ser questiona-
da perante o TJ e o STF, dentro do controle difuso e do concentrado?
Vamos lá:
Sistema de
Controle realizado pelo TJ Controle realizado pelo STF
controle
Será possível pelas vias
Lei municipal Lei municipal É possível via recurso extra-
ordinárias. Ex.: ação de
x CF x CF ordinário (RE).
conhecimento.
Controle Pode ser feito contra decisão
difuso Será possível pelas vias proferida em ADI Estadual,
Lei municipal Lei municipal
ordinárias. Ex.: ação de desde que a norma da CE
x CE x CE
conhecimento. seja repetição de texto pre-
visto na CF.
Cabe ADI Estadual,
Lei municipal desde que se trate de Lei municipal Só é possível por meio da
Controle x CF norma de repetição obri- x CF ADPF, nunca da ADI.
concentrado gatória.
Lei municipal Lei municipal
Cabe ADI Estadual. ------
x CE x CE
Dentro do controle concentrado, as normas municipais podem ser questionadas no TJ, seja
diante da CE, seja perante a CF (apenas normas de repetição obrigatória). Contra essa decisão
caberá RE para o STF.
Se você reparou bem, a todo momento eu citei apenas a ADI quando falei da represen-
tação de inconstitucionalidade. Contudo, a doutrina defende que as outras ferramentas do
controle concentrado (ADO, ADC e ADPF) poderiam ser usadas, recorrendo-se ao princípio
da simetria.12
12
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 3ª ed. São Paulo: Método. 2008, pág. 329.
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A propósito, o próprio STF admitiu a figura da ADO na esfera estadual (STF, RE 148.283).
Quanto à ADC, por ela possuir a mesma natureza da ADI (em razão do caráter dúplice ou do
efeito ambivalente), não haveria nenhum empecilho.
É quanto à ADPF que surgem algumas polêmicas, especialmente por conta da impossibi-
lidade de os estados legislarem sobre direito processual. Ainda assim, algumas Constituições
Estaduais – exemplos: Alagoas (artigo 133) e Rio Grande do Norte (artigo 71) – preveem ex-
pressamente a competência do TJ para julgar ADPF.
Tudo o que você viu até aqui quanto à Constituição Estadual pode ser aproveitado, com as
adaptações necessárias, à realidade do Distrito Federal. É que a Lei Orgânica do DF é conside-
rada verdadeira “Constituição Distrital” (STF, ADI 980).
Dentro desse cenário, o TJDFT surge como guardião da LODF, podendo fazer controle con-
centrado de constitucionalidade dos atos normativos distritais. Obviamente, não haverá o con-
fronto entre lei municipal x LODF, pois o DF não é dividido em municípios.
E mais: tratando-se de norma distrital de natureza estadual, será também possível o ajui-
zamento de ADI para o STF. Por outro lado, se a norma distrital possuir natureza municipal,
não será cabível o ajuizamento da ADI para o STF (STF, Súmula n. 642).
Nesse caso, haveria dois caminhos à parte: no primeiro, ela ajuíza uma ADI no TJDFT ale-
gando violação à LODF. Contra a decisão do TJ, caberia RE para o STF se a norma distrital fosse
de repetição obrigatória.
O segundo caminho é o ajuizamento, diretamente no STF, de ADPF, dependendo, nessa
hipótese, da comprovação de violação a preceito fundamental.
O confronto entre lei municipal e Lei Orgânica Municipal é feito por meio de controle de lega-
lidade, e não de constitucionalidade.
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Controle Concentrado
Costumo ver bons alunos errarem questões por ficarem angustiados, dizendo:
Não cabe ADI para o Supremo, e como ficará? A Constituição continuará sendo violada?
Ora, se não couber ADI, talvez seja hipótese de outra ferramenta do controle concentrado.
Além disso, nunca se esqueça de que, além do controle concentrado, existe o difuso. Então,
ainda que não seja cabível nenhuma ação do controle concentrado para uma situação especí-
fica (ex.: lei federal x Constituição Estadual), o prejudicado poderá se valer do controle difuso.
Avançando, veja as hipóteses de cabimento das ações do controle concentrado, tanto no
STF quanto no TJ. Redobre a atenção nas observações que aparecem na parte de baixo do
quadro para não escorregar em casca de banana.
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As súmulas são orientações que os Tribunais emitem a respeito do que entendem sobre
determinadas matérias. Elas podem ser emitidas por todos os Tribunais. Nas provas, as mais
importantes são as editadas pelo STF e pelo STJ.
Se o concurso também cobrar Direito do Trabalho e Processual do Trabalho, as súmulas
do TST e as Orientações Jurisprudenciais (OJs) emitidas por esse Tribunal também serão de
especial importância para a sua prova!
Pois bem. A EC n. 45/2004 introduziu no ordenamento jurídico brasileiro a figura da
súmula vinculante. Ela se assemelha ao instituto do “stare decisis”, originário do direito
norte-americano.
Na Constituição, a matéria é tratada no artigo 103-A. Ela também foi regulamentada pelo
legislador, com a edição da Lei n. 11.417/2006.
Seguindo, o STF poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 (dois ter-
ços) de seus membros, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
Vou decompor as informações que estão no parágrafo anterior, ok?
Primeira coisa: a súmula pode ser proposta, revista ou cancelada, tanto pelo próprio STF
(agindo de ofício), quanto pelos legitimados para o ajuizamento da ação direta de inconstitu-
cionalidade (ADI) – artigo 103 da Constituição.
O rol de legitimados definido na Constituição foi ampliado pela Lei n. 11.417/2006, que
introduziu, por exemplo, os Tribunais Superiores e os de 2ª instância.
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Fique atento(a) para um ponto muitíssimo importante para as provas: caso não concorde
com o teor da súmula vinculante, o legitimado deverá se valer do instrumento próprio, cha-
mado de pedido de revisão ou de cancelamento, não sendo cabível o ajuizamento de ação
direta de inconstitucionalidade ou de qualquer outra ferramenta do controle concentrado (nem
mesmo a arguição por descumprimento a preceito fundamental – STF, ADPF 147), tampouco
o recurso extraordinário (STF, PET 4.556).
Ah, para que seu pedido (de revisão ou de cancelamento) seja admitido, o autor deverá
demonstrar que houve: a) mudança na legislação; b) alteração na jurisprudência do STF; ou c)
alguma modificação concreta no panorama que evidencie a necessidade do pedido.
Em outras palavras, o mero inconformismo com o teor da súmula vinculante não autoriza
o acolhimento da proposta.
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Avançando, é bom dizer que o quórum de 2/3 dos votos equivale a oito ministros, sendo
exigido tanto para a edição quanto para a revisão e o cancelamento da súmula.
Outra coisa é a necessidade de delimitar quem será atingido pela súmula, ficando a
ela vinculado.
Quanto ao Poder Judiciário, note que o texto constitucional fala em “demais órgãos”, o
que exclui da vinculação o próprio STF. Também pudera, porque o Tribunal é o responsável por
rever ou cancelar a súmula, lembra?!
No Poder Executivo, a vinculação é, como se diz lá na Paraíba, “de cabo a rabo”. Em outras
palavras, alcança todas as esferas de governo (federal, estadual, distrital e municipal), sem
distinção entre Administração Direta ou Indireta.
É no Poder Legislativo que sua atenção deve ser redobrada... isso porque na função típica
de legislar, não há vinculação!
Com efeito, se a atividade legislativa ficasse vinculada, haveria uma fragilização no siste-
ma dos freios e contrapesos. Então, nada impede que o legislador atue dentro de sua missão
constitucional, podendo, inclusive, editar normas contrárias ao texto da súmula vinculante.
Mas atenção! Nas funções atípicas o Legislativo deverá respeitar o comando da súmula,
ficando a ele vinculado. Quer um exemplo para você não esquecer?
Pois bem. A Súmula Vinculante n. 13, que trata da proibição da prática popularmente chamada
de nepotismo, vale também para o Legislativo. Isso se deve ao fato de a contratação de pesso-
al estar inserida dentro da atividade de administrar, atípica para o Legislativo.
Aliás, essa ideia – de não vinculação do Legislativo na função típica de legislar – também
vale para as decisões no controle concentrado.
Ou seja, as decisões do STF em ADI, ADC, ADO e ADPF, embora sejam dotadas de efeito
vinculante, não impedirão a edição de norma em sentido contrário. A eventual vinculação
conduziria ao fenômeno da fossilização da Constituição.
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Controle de Constitucionalidade
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Ah, a súmula começa a valer a partir da data de sua publicação na imprensa oficial.
Outra coisa: suponhamos que uma súmula vinculante deixe de ser aplicada quando deveria ou
ainda seja aplicada quando não deveria. O que fazer nesse caso? Nessa hipótese, abre-se a
possibilidade de a parte usar a reclamação.
Mas, como você viu lá em meus comentários sobre a competência originária do STF (espe-
cificamente quanto à reclamação), o STF entende que a reclamação só é cabível quando a par-
te tiver esgotado todos os recursos ordinários na causa em que proferido o ato supostamente
contrário à autoridade da súmula vinculante.
A orientação é para evitar que haja uma inversão na pirâmide do organograma do Judiciá-
rio, com o STF chamando para si assuntos que seriam de competência de outras instâncias e
dos Tribunais Superiores (STF, RCL 14.343).
Tem mais: a reclamação não pode ser usada quando se alegar desrespeito à súmula do
STF que não seja vinculante (STF, RCL 3.284).
Ficam de fora da força vinculante das SV o próprio STF e o Legislativo em sua função típica
de legislar.
11. Reclamação
Muita atenção com o instituto da reclamação, devido à sua alta incidência nas provas. A
primeira coisa a saber é qual a sua natureza jurídica. Em outras palavras, o que ela é para o
direito?
Essa talvez seja uma das tarefas mais difíceis do mundo jurídico. Para ficar somente nas
duas teses mais utilizadas, Pontes de Miranda e Gilmar Mendes13 citam constituir uma ação
propriamente dita – ou ação constitucional. Essa orientação foi seguida pelo STF na RCL n.
25.160.
13
Curso de Direito Constitucional, 2020, pág. 1.537.
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Por outro lado, no STF há outros julgados (STF, ADI n. 2.212 e 2.480) apontando que a re-
clamação teria natureza jurídica de direito de petição (artigo 5º, XXXIV). É a orientação de Ada
Pelegrini Grinover, de Pedro Lenza 14 e de Bernardo Gonçalves Fernandes15. Parece ser essa a
orientação dominante nas provas objetivas. Nas subjetivas, é importante expor as duas cor-
rentes.
A reclamação tem ganhado cada vez mais importância atualmente, especialmente dentro
do controle concentrado e nas súmulas vinculantes.
Você viu, por exemplo, que as decisões do controle concentrado produzem efeito vinculante e
eficácia contra todos (erga omnes).
Então, suponha que o STF, ao julgar improcedente uma ADI, confirme a constitucionalidade de
determinada lei. A partir daí, tal orientação deve ser seguida pelos demais órgãos do Judiciário.
Contudo, se um juiz ou Tribunal, em um caso concreto, declarar a inconstitucionalidade daque-
le mesmo dispositivo, usando os mesmos fundamentos, estará descumprindo a decisão do
STF, que tem caráter vinculante.
Desse modo, se um juiz da Vara de Execuções Penais, no caso concreto, nega a progressão de
regime prisional para condenado por crime hediondo, a parte prejudicada pode tanto ir pelos
caminhos ordinários (agravo em execução perante o TJ) quanto se dirigir diretamente ao STF,
alegando a inobservância da SV n. 25 – que firmou entendimento da possibilidade da progres-
são para tais delitos.
14
Direito Constitucional Esquematizado, 2021, pág. 414.
15
Curso de Direito Constitucional, 2018, pág. 1.610.
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Ah, sabe aquela máxima segundo a qual “quem pode o mais, pode o menos”? Pois é, é ela
que orienta o cabimento da reclamação quando uma decisão não está sendo cumprida por
um juiz de primeiro grau ou por Tribunal inferior àquele que proferiu a decisão.
Eu digo isso porque, embora a reclamação seja prevista expressamente apenas para o STF,
o STJ e o TST, ela pode ser usada por qualquer Tribunal, dentro da teoria dos poderes implícitos.
A reclamação será igualmente cabível quando um Tribunal usurpar a competência de outro.
Exemplificando, o STF acolheu uma reclamação proposta contra determinado TRE. No caso, o
TRE determinou a quebra dos sigilos de um deputado federal por crime eleitoral.
Exemplificando, em uma situação em que o STF julgue recurso extraordinário (RE) com reper-
cussão geral, a decisão daí decorrente vincularia as demais esferas do Judiciário.
Porém, caso um Tribunal de Justiça deixe de seguir a orientação como deveria, teoricamente
caberia a reclamação (eu disse teoricamente, pois, como você viu, o Tribunal entende que a
parte deveria seguir primeiramente os caminhos ordinários – passando pelos Tribunais abaixo
dele primeiro).
A orientação é para evitar que haja uma inversão na pirâmide do organograma do Judiciá-
rio, com o STF chamando para si assuntos que seriam de competência de outras instâncias e
dos Tribunais Superiores (STF, RCL 24.686).
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Indo além, o Tribunal pontuou que, sendo a reclamação instrumento processual destinado
a preservar a competência do Supremo Tribunal Federal, sua utilização só terá lugar quando
houver correspondência perfeita entre a hipótese fática, modelo do paradigma invocado, e a
hipótese subjacente à decisão reclamada, além de divergência na aplicação do direito (STF,
RCL n. 28.355).
Outra coisa: suponha que o STF tenha julgado recurso extraordinário (RE) sob a sistemática
da repercussão geral, firmando uma tese. Daí, na hora de aplicar a tese lançada pelo Tribunal, o
STJ se equivoca na interpretação. Com isso, de forma indevida, não admite a subida do RE.
A parte prejudicada, então, vai ao STF, por meio de uma reclamação. Minha pergunta: pode
isso, Arnaldo?
O STF entendeu que sim, dizendo que:
Agora preste atenção a um detalhe: o julgamento que eu citei aí em cima do STF foi no dia
12/11/2019.
Por que enfatizei a data?
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Para mostrar a você que pouco depois, em 5/2/2020, a Corte Especial do STJ foi no sen-
tido contrário, dizendo, em relação ao recurso especial (RESP), que a reclamação não é via
adequada para controle de aplicação de tese de recurso repetitivo.
Na ocasião, a relatora da reclamação, ministra Nancy Andrighi, pontuou que, caso fosse
permitido o processamento desse tipo de ação nas hipóteses de suposto erro ou aplicação
indevida de precedente repetitivo,
para além de definir a tese jurídica, também incumbiria a este STJ o controle da sua apli-
cação individualizada em cada caso concreto, em franco descompasso com a função
constitucional do tribunal e com sério risco de comprometimento da celeridade e da
qualidade da prestação jurisdicional que aqui se outorga (STJ, RCL n. 36.476).
Para finalizar: o STF entende que não apenas o Conselho Federal, mas também os conse-
lhos seccionais da OAB possuem legitimidade para ingressar com reclamação diretamente no
tribunal em defesa dos interesses concretos e das prerrogativas de seus associados, nos ter-
mos da expressa previsão legal. E ao julgar a reclamação nada impediria inclusive a concessão
de habeas corpus de ofício, caso o tribunal vislumbre alguma ilegalidade (STF, RCL n. 43.479).
Súmula Vinculante n. 10
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribu-
nal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
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Súmula n. 642
Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua
competência legislativa municipal.
Súmula n. 637
Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça que defere pedido de
intervenção estadual em município.
Súmula n. 347
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade
das leis e dos atos do Poder Público. Embora a Súmula n. 347 não tenha sido formalmente
cancelada, em abril de 2021, o Plenário do STF afastou a possibilidade de o TC fazer controle
de constitucionalidade dentro de sua atuação (STF, MS n. 35.410).
Súmulas STJ
Súmula n. 501
É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência
das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da
Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
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QUESTÕES DE CONCURSO
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d) da reclamação constitucional;
e) do recurso extraordinário.
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b) só pode ser conhecida caso se trate de preceito fundamental, de reprodução obrigatória, ou
não, na Constituição Estadual;
c) só pode ser conhecida caso se trate de norma de reprodução obrigatória na Constituição
Estadual e essa reprodução tenha ocorrido;
d) só pode ser conhecida caso se trate de norma de reprodução obrigatória na Constituição
Estadual, mesmo que a reprodução não tenha ocorrido;
e) só pode ser conhecida caso se trate de preceito fundamental, de reprodução obrigatória na
Constituição Estadual, mesmo que a reprodução não tenha ocorrido.
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c) inconstitucional, mas os juízes não poderiam ter deixado de aplicá-la antes de decisão do
Tribunal competente, em razão da reserva de plenário;
d) inconstitucional, pois as leis têm eficácia futura, não podendo afastar direitos incorporados
à esfera individual, mas os processos deveriam ser suspensos até decisão do Tribunal;
e) constitucional, sendo incorretas as decisões que, em sede de controle difuso, afastaram a
sua aplicação, mas não é cabível o ajuizamento de ação declaratória de constitucionalidade.
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a) certo, pois a inconstitucionalidade ainda não tinha sido reconhecida por nenhum órgão do
Poder Judiciário;
b) certo, pois a inconstitucionalidade foi reconhecida pela unanimidade dos desembargadores
que a integram;
c) errado, pois os órgãos do Tribunal de Justiça somente podem reconhecer a inconstituciona-
lidade de leis estaduais ou municipais;
d) errado, pois a inconstitucionalidade deve ser reconhecida pela maioria absoluta dos mem-
bros do Tribunal ou do respectivo Órgão Especial;
e) errado, pois o processo deveria ter sido suspenso até que o Supremo Tribunal Federal se
pronunciasse sobre a inconstitucionalidade.
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d) fora dos limites de sua competência, pois a Constituição Estadual não pode instituir repre-
sentação por inconstitucionalidade
e) nos limites de sua competência, pois a Constituição Estadual pode instituir a representação
por inconstitucionalidade de lei municipal.
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(I) o Art. 10 da Constituição Estadual, que reproduzia literalmente preceito da Constituição da
República; e
(II) o Art. 39 da Constituição da República, pois é considerada norma de reprodução obrigató-
ria, e a Constituição Estadual sujeitou os servidores às “normas constitucionais que lhes sejam
aplicáveis”.
Considerando o paradigma de confronto passível de ser utilizado pelo Tribunal de Justiça no
controle concentrado de constitucionalidade, assinale a afirmativa correta.
a) A ação não pode ser conhecida em relação a ambos os fundamentos, pois ao Tribunal de
Justiça não compete analisar a compatibilidade da lei municipal com normas da Constituição
da República.
b) A ação pode ser conhecida em relação a ambos os fundamentos, pois o Tribunal de Justiça
pode utilizar como parâmetro as normas da Constituição Estadual e as da Constituição da Re-
pública de reprodução obrigatória.
c) A ação não pode ser conhecida apenas em relação ao fundamento (II), pois o Tribunal de
Justiça não pode analisar a adequação da lei municipal às normas da Constituição da Repúbli-
ca não reproduzidas na Constituição Estadual.
d) A ação não pode ser conhecida apenas em relação ao fundamento (I), pois o Tribunal de
Justiça não pode analisar a adequação da lei municipal à norma que reproduz a Constituição
da República.
e) A ação não pode ser conhecida apenas em relação ao fundamento (II), pois a Constituição
da República somente pode ser utilizada como paradigma de confronto caso haja remissão
específica a um de seus preceitos.
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O único recurso que poderia ajustar-se à narrativa acima, caso preenchidos os demais requisi-
tos exigidos pela ordem jurídica, é:
a) recurso extraordinário endereçado ao Supremo Tribunal Federal;
b) recurso especial endereçado ao Superior Tribunal de Justiça;
c) recurso ordinário endereçado ao Supremo Tribunal Federal;
d) recurso de revista endereçado ao Superior Tribunal de Justiça;
e) reclamação constitucional endereçada ao Conselho Nacional de Justiça.
O pedido de Antônio não foi sequer analisado, sendo indeferido de plano. O argumento utiliza-
do para embasar a decisão é o de que o art. 40, § 4º, III, da Constituição Federal de 1988, exige
que os requisitos e os critérios diferenciados para a concessão desse tipo de aposentadoria
devem ser definidos em lei complementar, que ainda não foi editada, informação esta que é
correta.
À luz da sistemática constitucional e da interpretação que lhe vem sendo dispensada pelo Su-
premo Tribunal Federal, deve-se reconhecer que:
a) o entendimento da Administração Pública está correto, nada podendo ser feito por Antônio;
b) apesar de o entendimento da Administração Pública estar correto, Antônio pode ter o seu
pedido analisado impetrando mandado de injunção perante o Supremo Tribunal Federal;
c) apesar de o entendimento da Administração Pública estar correto, Antônio pode ter o seu
pedido analisado impetrando mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal;
d) o entendimento da Administração Pública está incorreto, de modo que Antônio deve impe-
trar um habeas data perante o Supremo Tribunal Federal;
e) o entendimento da Administração Pública está incorreto, de modo que Antônio deve ajuizar
uma reclamação constitucional perante o Supremo Tribunal Federal.
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c) não pode ser submetido ao referido controle, pois não apresenta os atributos da generalida-
de e da abstração.
d) pode ser submetido ao referido controle, pois aufere o seu fundamento de validade na Cons-
tituição e sua força normativa é negativa.
e) não pode ser submetido ao referido controle, pois somente os atos normativos estão sujei-
tos a ele.
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c) procedimento de controle instaurado no âmbito do Tribunal de Justiça;
d) recurso extraordinário endereçado ao Supremo Tribunal Federal;
e) reclamação endereçada ao Supremo Tribunal Federal.
c) mandado de injunção na Justiça Federal de primeiro grau, por ofensa à verbete de súmula
do Supremo Tribunal Federal que veda o nepotismo;
d) ação popular originariamente no Superior Tribunal de Justiça, por violação ao princípio da
impessoalidade;
e) reclamação no Supremo Tribunal Federal, por violação à súmula vinculante que veda o ne-
potismo.
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c) o Tribunal de Justiça não tem imparcialidade para apreciar o descumprimento de suas pró-
prias decisões, o que atrairia a competência do Supremo Tribunal Federal;
d) a interposição de recurso extraordinário exigiria o prequestionamento explícito de matéria
constitucional na representação interventiva;
e) para que um interessado ajuizasse representação interventiva, seria necessária a autoriza-
ção expressa dos demais titulares dos direitos, o que não é exigido do Ministério Público.
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GABARITO
1. b 31. b
2. c 32. c
3. b 33. b
4. a 34. a
5. e 35. c
6. d 36. e
7. e 37. d
8. d 38. a
9. e 39. e
10. b 40. a
11. b 41. e
12. d 42. e
13. e 43. a
14. c 44. a
15. d 45. b
16. d 46. a
17. c 47. c
18. b 48. c
19. b 49. c
20. e 50. e
21. a
22. e
23. a
24. c
25. c
26. c
27. a
28. a
29. a
30. e
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (FGV/PC-RJ/INSPETOR/2022) O Município Alfa figurava no polo passivo de
uma ação coletiva cuja causa de pedir estava lastreada no teor da Lei municipal n. XX, que se
mostrava dissonante da ordem constitucional, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, formada a partir da análise de leis municipais similares. Após amplas discussões in-
ternas, o Município Alfa decidiu que iria propor ao referido tribunal, incidentalmente ao curso
do respectivo processo, a edição de súmula vinculante sobre a matéria.
À luz das circunstâncias indicadas, o Município Alfa:
a) não tem legitimidade para propor a edição de súmula vinculante;
b) tem legitimidade para propor a edição de súmula vinculante, o que não acarretará a suspen-
são do processo;
c) tem legitimidade para propor a edição de súmula vinculante, que obstará a promulgação de
novas leis de teor similar;
d) tem legitimidade para propor a edição de súmula vinculante, que terá efeito vinculante ape-
nas sobre os órgãos do Poder Judiciário;
e) não tem legitimidade para propor a edição de súmula vinculante, mas poderá ingressar com
arguição de descumprimento de preceito fundamental.
Letra b.
Regulamentando o artigo 103-A da CF, a Lei 11.417/06 acabou ampliando o rol de legitimados
para propor a edição, revisão e o cancelamento de súmulas vinculantes. Veja:
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XI – os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios,
os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Elei-
torais e os Tribunais Militares.
§ 1º O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo em que seja parte, a edição,
a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante, o que não autoriza a suspensão
do processo.
Como se viu, o município poderia propor incidentalmente a edição de súmula vinculante, sem
que isso autorize a suspensão do processo.
Letra c.
O STF tem entendido que a reclamação só é cabível quando a parte tiver esgotado todos os
recursos ordinários na causa em que proferido o ato supostamente contrário à autoridade de
sua decisão.
Exemplificando, em uma situação em que o STF julgue recurso extraordinário (RE) com reper-
cussão geral, a decisão daí decorrente vincularia as demais esferas do Judiciário.
Porém, caso um Tribunal de Justiça deixe de seguir a orientação como deveria, teoricamente
caberia a reclamação (eu disse teoricamente, pois, como você viu, o Tribunal entende que a
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parte deveria seguir primeiro os caminhos ordinários – passando pelos juízos e Tribunais de
2º grau).
A orientação é para evitar que haja uma inversão na pirâmide do organograma do Judiciário,
com o STF chamando para si assuntos que seriam de competência de outras instâncias e dos
Tribunais Superiores (STF, RCL 24.686).
Assim, a resposta esperada está na letra C, uma vez que cabe a reclamação somente após o
exaurimento das instâncias ordinárias (1º e 2º graus), não precisando passar pelo STJ, como
indicado na letra D.
Letra b.
Partido político, ainda que tenha representação em apenas uma das Casas do Congresso Na-
cional é considerado legitimado para o ajuizamento de ADI, ADO, ADC e ADPF, o que de pronto
afasta a alternativa A.
Na situação, como a lei é inconstitucional e o decreto a regulamentava, eventual declaração
de inconstitucionalidade, de uma só vez, irá retirar ambas as normas do ordenamento. Incide
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a chamada inconstitucionalidade por arrastamento, também conhecida por outros nomes (in-
constitucionalidade por ricochete, reverberação, consequência ou decorrência).
Assim, a resposta esperada está na letra B.
Letra a.
Duas considerações sobre o comando da questão. A primeira é o ano da Lei XX (1987), portan-
to, anterior à atual Constituição, o que afasta o cabimento de ADI, ADO e ADC.
A segunda é quanto à solicitação para que a assessoria jurídica indicasse ferramenta própria
do controle concentrado, o que afasta o cabimento de reclamação (controle difuso) e a recla-
mação constitucional (direito de petição).
Assim, a resposta esperada está na letra A. Isso porque a ADPF tem feição mais larga, cabendo
para o questionamento de leis ou atos federais, estaduais, distritais ou municipais, inclusive
anteriores à CF.
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Letra e.
Lembro que antigamente quando a gente recebia uma multa de trânsito era obrigado a primei-
ro pagar para depois recorrer. Isso acontecia mesmo que, por exemplo, seu carro tivesse sido
clonado, e a infração não tivesse sido praticada por você.
Pois eu falo dessa situação para você entender que a exigência de depósito prévio ofende o di-
reito de defesa do cidadão, que se vê constrangido a pagar caso queira recorrer. A consequên-
cia é que, caso não tenha dinheiro para fazer o pagamento, será obrigado a aceitar a cobrança
injusta.
Foi daí que o STF editou a Súmula Vinculante 21, apontando a inconstitucionalidade da exigên-
cia de depósito prévio para interposição de recurso, por ferir os direitos de petição e de ampla
defesa, o que torna a letra E a resposta esperada.
Letra d.
Questão recorrente na FGV. O descumprimento ou a aplicação indevida de súmula vinculante
autoriza o ajuizamento de reclamação.
Porém, antes disso, a parte deve percorrer e exaurir as instâncias ordinárias – 1º e 2º graus.
Só daí poderá ir ao STF com a reclamação.
Não fosse assim, o STF receberia uma enxurrada de pedidos, subvertendo a lógica do sistema,
uma vez que o tribunal tem apenas 11 ministros, enquanto na primeira instância há cerca de
20 mil juízes.
Assim, a resposta esperada está na letra D.
a) cabe mandado de injunção, à medida que a falta de norma regulamentadora vem tornando
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;
b) cabe a propositura de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, pois a viola-
ção a direitos fundamentais só pode ser suscitada no controle concentrado por esta via;
c) cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade para sanar todas as violações que por ação ou
omissão do poder público se concretizem contra a máxima efetividade da Constituição da
República de 1988;
d) cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão para tornar efetiva norma constitu-
cional em razão de omissão de qualquer dos Poderes;
e) cabe a propositura de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, por se tratar
de impugnação de comportamento concreto da Administração Pública.
Letra e.
O controle das omissões constitucionais recebeu tratamento especial com a CF de 1988. Há
duas ferramentas, uma do controle difuso (mandado de injunção) e outra de controle concen-
trado, a ADI por omissão.
Porém, em 2021, o STF entendeu que também a ADPF pode ser usada quando a lesão a precei-
to fundamental se caracterizar por meio de omissão do poder público.
No caso narrado a alternativa correta será a letra E. Isso porque a violação a preceito funda-
mental (vida, saúde) decorreu de um ato governamental de efeitos concretos. Nesse sentido,
não caberia ADI nem tampouco ADO, sobrando a resposta para a ADPF.
Letra d.
Rompendo com sua jurisprudência anterior, o STF passou a entender que o TJ pode julgar ADI
contra leis e atos normativos municipais e estaduais quando a afronta envolvesse a CF, e não
apenas a CE.
Porém, essa providência só seria possível em caso de normas da CF de reprodução obrigatória
pelos estados. Tudo isso se deu no RE 650.898.
Assim, a resposta esperada está na letra D.
Letra e.
Na ADI podem ser questionados leis ou atos normativos federais, estaduais e distritais de na-
tureza estadual. Por sua vez, a ADC só se presta ao questionamento de leis ou atos normativos
federais.
Olhando para o comando da questão, a Confederação Sindical ZZ (legitimação ok, segundo o
artigo 103 da CF) ajuizou ADC para confirmar a constitucionalidade de lei estadual, o que não
se mostra viável.
Avançando, a cautelar na ADC é possível, com a finalidade de suspender os processos nos quais
a norma questionada esteja sendo discutida. A suspensão tem o prazo máximo de 180 dias.
Dito isso, vimos que há um defeito, em relação ao objeto, mas nenhuma irregularidade quanto
ao pedido cautelar ou à legitimidade, o que atrai a letra E como resposta esperada.
Letra b.
A Súmula 642 do STF diz que cabe ADI perante o tribunal para o questionamento de lei ou ato
normativo distrital editado dentro da competência estadual. Assim, por exclusão, não caberá
ADI se a norma distrital estiver dentro da competência municipal.
Vale lembrar que o DF acumula as competências legislativas, administrativas e tributárias dos
estados e dos municípios.
Dito isso, devemos olhar o conteúdo da lei mencionada no comando da questão. Vimos que
ela tratava de uso e ocupação do solo, temas que segundo os artigos 30 e 182 da CF são dis-
ciplinados pelos municípios.
Assim, tratando-se de lei distrital versando sobre conteúdo municipal, não caberia ADI, ADO
ou ADC, mas seria possível o ajuizamento de ADPF perante o STF, o que atrai a letra B como
resposta esperada.
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Letra b.
Ao julgar o RE 730.462, o STF fixou a seguinte tese: “Decisão do Supremo Tribunal Federal que
declarar a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de norma não produz a automática
reforma ou rescisão de decisões anteriores transitadas em julgado”.
A consequência é que a parte precisará ajuizar a ação autônoma de impugnação, que no caso
é a ação rescisória.
Assim, a resposta esperada está na letra B.
Letra d.
As súmulas vinculantes não vinculam o Poder Legislativo em sua função típica de legislar. As-
sim, nada impediria a edição da Lei n. XX, assim como a fundamentação utilizada no veto pres-
idencial não se sustenta. Desse modo, caso se queira contestar a Lei Federal perante o STF,
dentro do controle concentrado, teríamos o cabimento de ADI. Não cabe reclamação, porque
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não houve desrespeito à SV (já que o Legislativo não ficaria vinculado). Não cabe ADPF, pelo
princípio da subsidiariedade (já que cabível ADI).
Dito isso, a resposta esperada está na letra D.
Letra e.
Vamos por partes... não há direito adquirido a regime jurídico, segundo já decidiu o STF reitera-
das vezes. Então, a norma pode atingir tanto os antigos quanto os novos servidores.
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Porém não se fala no cabimento de ADC perante o STF para o questionamento de normas
estaduais. Ao contrário da ADI, a ADC se volta apenas à discussão de leis ou atos normativos
federais, ficando de fora os estaduais e os distritais de natureza estadual.
Assim, a resposta esperada está na letra E.
Letra c.
No caso narrado, a esfera estadual interferiu no funcionamento da máquina pública municipal,
ferindo o pacto federativo. Por mais que os municípios estejam situados dentro do território
estadual, não há uma relação de subordinação.
Todos os entes da Federação – União, Estados, DF e municípios – são dotados de autonomia
administrativa, financeira e política.
Assim, a resposta esperada está na letra C.
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Letra d.
Turmas, câmaras e seções são órgãos fracionários dos tribunais. Eles não podem declarar
a inconstitucionalidade das normas. A declaração nos tribunais de segunda instância e nos
superiores deve partir de maioria absoluta dos membros do tribunal ou do órgão especial (se
houver).
Assim, agiu errado a câmara, por desrespeitar a cláusula de reserva de plenário, o que torna a
letra D a resposta esperada.
Ah, tem uma exceção: o órgão fracionário poderá declarar a inconstitucionalidade se já houver
decisão anterior vinda do STF ou do plenário (ou órgão especial) do próprio tribunal.
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Letra d.
A FGV tem mais de uma questão no mesmo sentido, o que reforça o sinal de alerta.
A resposta esperada está na letra D. Isso porque ao julgar o RE 730.462, o STF fixou a se-
guinte tese:
JURISPRUDÊNCIA
Decisão do Supremo Tribunal Federal que declarar a constitucionalidade ou inconstitu-
cionalidade de norma não produz a automática reforma ou rescisão de decisões anterio-
res transitadas em julgado.
A consequência é que a parte precisará ajuizar a ação autônoma de impugnação, que no caso
é a ação rescisória.
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Letra c.
A letra “c” é o gabarito da questão, uma vez que o STF entende que o TJ pode julgar ADI Esta-
dual contra atos normativos municipais ou estaduais que contrariem a Constituição Estadual
(regra) ou a Constituição Federal (exceção), desde que a norma da Constituição Federal seja
de reprodução obrigatória, efetivamente reproduzida ou não (STF, RE 650.898).
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O advogado respondeu, corretamente, que a constitucionalidade da Lei n. 123 poderia ser sub-
metida à apreciação do
a) Supremo Tribunal Federal, via recurso extraordinário, após o exaurimento das instâncias
ordinárias.
b) Supremo Tribunal Federal, via arguição de descumprimento de preceito fundamental.
c) Tribunal de Justiça, via representação de inconstitucionalidade.
d) Supremo Tribunal Federal, via ação direta de inconstitucionalidade.
e) Supremo Tribunal Federal, via reclamação constitucional.
Letra b.
De início devemos lembrar que a ADI é prevista no artigo 102, I, a, da Constituição, que prevê
seu cabimento no STF para questionar lei ou ato normativo federal ou estadual frente à Cons-
tituição Federal. Pela leitura do dispositivo constitucional fica evidente que não cabe ao STF
julgar ADI para questionar lei municipal frente à Constituição Federal. Logo, no caso narrado
por se tratar de lei municipal, não caberia a ADI, e sim a ADPF. Isso porque a ADPF é bem mais
ampla do que as outras ferramentas do controle concentrado, pois pode ser usada para ques-
tionar atos normativos municipais e distritais de natureza municipal. Dando continuidade, a EC
n. 45/2004 cuidou de unificar os legitimados da ADI, ADO, ADC e da ADPF, com os mesmos
nove do artigo 103 da Constituição. Logo, tanto a ADI, quanto a ADO, a ADC e a ADPF podem
ser ajuizadas pelos legitimados do artigo 103 da Constituição.
Nesse rol estão os partidos políticos com representação no Congresso Nacional, não se exi-
gindo que a legenda possua representantes em ambas as Casas. Assim, o Partido Alfa tem
legitimidade para ajuizar ADPF.
Completando, devem ser afastadas as alternativas A e E, porque o examinador buscava o ca-
bimento de ferramenta do controle concentrado, que conta apenas com ADI, ADO, ADC, ADPF
e ADI Interventiva.
Dito isso, a resposta esperada está na letra B.
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Letra b.
Segundo a Lei n. 9.882/1999, não se admitirá ADPF quando houver qualquer outro meio efi-
caz de sanar a lesividade. Está aí o princípio da subsidiariedade. Por isso, sendo cabível a ADI
(questionamento de lei ou ato normativo federal e estadual perante a CF), não poderá ser usa-
da a ADPF.
Ressalto que quanto à legitimidade para interpor a ação, a associação nacional será uma das
legitimadas, segundo o art. 103, IX da CF.
Avançando, considerando o grupo atingido, o correto seria recorrer-se ao controle difuso, a
exemplo do MS coletivo, e não a ferramenta do controle concentrado.
Assim, a letra B é o gabarito da questão.
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Letra e.
No controle concentrado estadual será analisada a compatibilidade de atos normativos muni-
cipais e estaduais perante a Constituição Estadual. É o que estabelece o art. 125, § 2º da CF:
Avançando, de alguns anos para cá o STF passou a admitir que o TJ analise a compatibilidade
também perante a CF, se (e somente se) o dispositivo da CF for norma de repetição obrigatória
pelos estados.
Logo, a alternativa E está correta.
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Letra a.
Primeiro ponto é que o comando da questão pediu ferramenta do controle concentrado, o que
afasta as alternativas C (não existe), D e E (pertencem ao controle difuso).
O controle concentrado é formado por ADI, ADO, ADC, ADPF e ADI interventiva.
Como a lei já havia sido revogada, não cabe ADI, ADO e ADC.
Assim, a resposta esperada está na letra A, porque a ADPF é a única ferramenta do controle
concentrado que se presta ao questionamento de normas já revogadas.
Letra e.
O artigo 97 da CF traz a cláusula de reserva de plenário, segundo a qual os tribunais de 2ª ins-
tância e superiores só podem declarar a inconstitucionalidade de uma norma por decisão de
maioria absoluta do plenário ou do órgão especial (se houver).
A exceção fica por conta de situações nas quais já houver manifestação anterior vinda do STF
ou do próprio tribunal (plenário ou órgão especial).
Olhando para a questão, há uma maldade: embora os órgãos fracionários – turmas, câmaras
ou seções – não possam declarar a inconstitucionalidade da norma por conta da cláusula de
reserva de plenário, eles podem afirmar a constitucionalidade, até porque as normas nascem
com presunção (relativa) de constitucionalidade.
Em outras palavras, para dizer que a norma é boa, qualquer um pode, não precisando ir para o
plenário ou órgão especial. O procedimento é necessário quando se quer declarar a inconsti-
tucionalidade.
Assim, a resposta esperada está na letra E.
c) não tem legitimidade para ajuizar a Ação Direta de Inconstitucionalidade e ela não é cabível
na situação narrada.
d) não tem legitimidade para ajuizar a Ação Direta de Inconstitucionalidade, mas ela é cabível
na situação narrada.
e) tem legitimidade para ajuizar a Ação Direta de Inconstitucionalidade e ela é cabível na situ-
ação narrada.
Letra a.
O art. 103 da CF, estabelece como um dos legitimados para a propositura das ações do con-
trole concentrado o partido político com representação no Congresso Nacional. Logo, mesmo
possuindo apenas um integrante na Câmara dos deputados, poderá ajuizar a ação.
Porém, no caso narrado não caberá a ADI, uma vez que a norma distrital foi editada dentro da
competência municipal. Veja o que diz a Súmula Vinculante 38: “é competente o Município
para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.”
Lembro que a Súmula 642 do STF diz que cabe ADI quando a norma distrital for editada dentro
da competência estadual, mas não municipal.
Logo, a letra A é o gabarito.
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d) poderia ser utilizada, mas não com o objetivo de discutir o vício de inconstitucionalidade
formal;
e) não poderia ser utilizada, em razão da ausência de legitimidade do Partido Político Alfa.
Letra c.
Segundo a Lei n. 9.882/1999, não se admitirá ADPF quando houver qualquer outro meio eficaz
de sanar a lesividade. Está aí o princípio da subsidiariedade. Por isso, sendo cabível a ADI, não
poderá ser usada a ADPF. Ressalto que quanto à legitimidade para ajuizar a ação, o partido
político Alfa, ainda que tenha representante apenas na Câmara dos Deputados, poderá propor
as ações do controle concentrado. Portanto, a resposta correta é a letra C.
Letra c.
De início, irei analisar cada um dos argumentos. Segundo o texto constitucional, a ADI pode
ser usada para confrontar lei ou ato normativo federal e estadual (além do distrital de natureza
estadual).
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Porém a ADC só se presta ao questionamento de lei ou ato normativo federal x Constituição
Federal. Logo, por se tratar de lei estadual, não poderia ter sido utilizada a ADC. Por isso, o pri-
meiro argumento está correto.
Ainda, o cabimento da ADC depende da comprovação de controvérsia judicial acerca da cons-
titucionalidade da norma. Do contrário, o STF seria transformado em órgão de consulta. Em
outras palavras, se não há divergência nos Tribunais sobre a constitucionalidade da norma,
não haveria razão para o ajuizamento da ADC (STF, ADC 8). Logo, o terceiro argumento tam-
bém está correto.
Por outro lado, segundo o art. 103, V da CF, o Governador é um dos legitimados para a propo-
situra das ações do controle concentrado. Ele é legitimado especial, precisando demonstrar a
pertinência temática (interesse no caso).
Portanto, o segundo argumento é o único incorreto. Consequentemente, a letra C é o gabarito
da questão.
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Letra c.
Segundo a CF, tanto a ADI, quanto a ADO, a ADC e a ADPF podem ser ajuizadas pelos legitima-
dos do artigo 103 da Constituição. Veja o rol:
I – Presidente da República;
II – Mesa do Senado Federal;
III – Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – Procurador-Geral da República – PGR;
V – Governador de Estado ou do DF;
VI – Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF;
VII – Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII – Partido político com representação no Congresso Nacional; e
IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Entretanto os Governadores dos Estados/DF, as mesas das Assembleias Legislativas ou da
CLDF e as confederações sindicais e entidades de classe de âmbito nacional são chamadas de
legitimados especiais. Isso significa que, ao ajuizar uma ADI, eles precisam demonstrar o seu
efetivo interesse na declaração de inconstitucionalidade daquela norma. Esse interesse é cha-
mado de pertinência temática (STF, ADI 1.519). Assim, a alternativa C é o gabarito da questão.
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Letra a.
Repare que a norma questionada é uma lei municipal do ano de 1987. Assim, não caberia ADI,
ADO e ADC, porque elas só examinam leis ou atos normativos editados após a CF de 1988.
Além disso, não caberia ADI por conta de a ferramenta questionar apenas normas federais,
estaduais ou distritais de natureza estadual, ficando de fora as normas municipais.
Ah, não existe ação declaratória de não-recepção perante o STF.
Dito isso, a resposta esperada está na letra A.
Letra a.
Vou por exclusão, ok?
b) Errada, porque tanto no controle concentrado quanto no controle difuso é possível a modu-
lação temporal dos efeitos. O instituto foi previsto inicialmente no artigo 27 da Lei 9.868/99.
c) Errada. O erro está no fato de que em todas as ações de controle concentrado é possível a
formulação de pedido liminar/cautelar.
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d) Errada, uma vez que a cláusula de reserva de plenário é aplicável nos tribunais de segundo
grau e superiores, não incidindo nos juízos de primeira instância, nas turmas recursais de jui-
zados especiais e nas turmas do STF.
e) Errada, uma vez que, se houver violação à CF, caberá RE para o STF.
Sobra como correta a letra A. Lembre-se: não cabe desistência nem ação rescisória em nenhu-
ma ferramenta do controle concentrado.
Letra a.
O TJ pode apreciar a constitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais e municipais
frente à Constituição Estadual.
Conforme atual entendimento do STF (RE 650.898 e ADI 5.647), também pode usar como pa-
râmetro de confronto dispositivo da CF, desde que se trate de norma de repetição obrigatória,
efetivamente reproduzido ou não na CE.
As regras de processo legislativo são exemplos de normas de repetição obrigatória, tanto que
em 2022 o STF declarou a invalidade de dispositivo Constituição Estadual segundo o qual a
alteração da CE precisaria de aprovação de 2/3 dos membros da AL, e não 3/5 como prevê o
artigo 60 da CF.
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Dito isso, a alternativa correta é a letra A, uma vez que todas as três normas podem ser ques-
tionadas perante o TJ.
Letra e.
O questionamento de normas pré-constitucionais só pode ser feito por dois caminhos: ou se
usa o controle difuso de constitucionalidade ou uma ferramenta específica do controle con-
centrado, que é a ADPF.
Em relação à ADPF, é importante lembrar que o questionamento deve usar como parâmetro
dispositivo da CF atual.
Caso se busque questionar, por exemplo, a compatibilidade de uma lei infraconstitucional an-
terior frente à Constituição pretérita (ex.: lei de 1975 x CF de 1967), só restará o controle difuso.
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Letra b.
No âmbito federal, o controle concentrado é exercido somente pelo STF, guardião da Constitui-
ção Federal.
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Controle de Constitucionalidade
Aragonê Fernandes
No plano estadual/distrital, cabe aos TJs o controle das normas estaduais e municipais (ou
distritais, no caso do DF) frente à Constituição Estadual/LODF. É que o TJ funciona como guar-
dião da Constituição Estadual (ou da LODF).
Aqui vai uma informação importantíssima, decorrente de uma modificação recente na juris-
prudência. É o seguinte: o STF entendia não caber ao TJ fazer controle de constitucionalidade
tendo como parâmetro a Constituição Federal.
No entanto, flexibilizando essa regra, o Tribunal passou a entender que o TJ pode fazer julgar
ADI Estadual (controle concentrado) usando como parâmetro norma da Constituição Federal
se ela for de repetição obrigatória pelo Estado-Membro.
Em outras palavras, o TJ pode julgar ADI Estadual contra atos normativos municipais ou es-
taduais que contrariem a Constituição Estadual (regra) ou a Constituição Federal (exceção),
desde que a norma da Constituição Federal seja de reprodução obrigatória (STF, RE 650.898).
Voltando à questão, veja a importância de estarmos sempre atualizados. É que, datada do iní-
cio de 2018, ela versa sobre questão decidida no âmbito do STF no ano de 2017.
Dito isso, a resposta esperada está na letra B.
Letra c.
Melhor analisar cada artigo em separado.
O artigo 1º é inconstitucional, por tratar de tema de iniciativa privativa do Chefe do Executivo.
Nascendo o projeto de lei das mãos de parlamentares, o vício não é suprido pela sanção do
Governador – que era o legitimado para deflagrar o processo legislativo.
Quanto ao artigo 2º, não se verifica inconstitucionalidade. Ao contrário, a matéria se insere na
iniciativa geral, podendo qualquer parlamentar apresentá-la. Ressalto que o tema já foi enfren-
tado pelo STF, que inclusive editou a Súmula Vinculante 13, exatamente por considerar que a
prática de nepotismo viola princípios constitucionais, como é o caso da moralidade e da im-
pessoalidade.
Por fim, o STF proíbe que haja vinculação entre o reajuste da remuneração de servidores atre-
lado à variação da inflação. Logo, o artigo 3º é inconstitucional.
Sendo inconstitucionais os artigos 1º e 3º, a resposta esperada está na letra C.
Letra b.
A EC 45/04 introduziu no ordenamento jurídico brasileiro a figura da súmula vinculante. Ela se
assemelha ao instituto do ‘stare decisis’, originário do direito norteamericano.
Na Constituição, a matéria é tratada no artigo 103-A. Ela também foi regulamentada pelo legis-
lador, com a edição da Lei n. 11.417/06.
Seguindo, o STF poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 (dois terços) de
seus membros, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito
vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta
e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
Vou decompor as informações que estão no parágrafo aí cima, ok?
Primeira coisa: a súmula pode ser proposta, revista ou cancelada, tanto pelo próprio STF, (agin-
do de ofício) quanto pelos legitimados para o ajuizamento da ação direta de inconstitucionali-
dade (ADI) – artigo 103 da Constituição.
O rol de legitimados definido na Constituição foi ampliado pela Lei n. 11.417/2006, que intro-
duziu, por exemplo, os Tribunais Superiores e os de 2ª instância.
Outra coisa é a necessidade de delimitar quem será atingido pela Súmula, ficando a ela vin-
culado.
Quanto ao Poder Judiciário, note que o texto constitucional fala em “demais órgãos”, o que ex-
clui da vinculação o próprio STF. Também pudera, porque o Tribunal é o responsável por rever
ou cancelar a súmula, lembra?!
No Poder Executivo, a vinculação é, como se diz lá na Paraíba, de cabo a rabo. Em outras pala-
vras, alcança todas as esferas de governo (federal, estadual, distrital e municipal), sem distin-
ção entre Administração Direta ou Indireta.
É no Poder Legislativo que sua atenção deve ser redobrada... isso porque na função típica de
legislar não há vinculação!
Com efeito, se a atividade legislativa ficasse vinculada haveria uma fragilização no sistema
dos freios e contrapesos. Então, nada impede que o legislador atue dentro de sua missão cons-
titucional, podendo, inclusive, editar normas contrárias ao texto da súmula vinculante.
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Mas atenção! Nas funções atípicas o Legislativo deverá respeitar o comando da súmula, fican-
do a ele vinculado. Quem um exemplo pra você não esquecer?
Pois bem. A Súmula Vinculante 13, que trata da proibição da prática popularmente chamada de
nepotismo, vale também para o Legislativo. Isso se deve ao fato de a contratação de pessoal
estar inserida dentro da atividade de administrar, atípica para o Legislativo.
Aliás, essa ideia – de não vinculação do Legislativo na função típica de legislar – também vale
para as decisões no controle concentrado.
Outra coisa: suponhamos que uma súmula vinculante deixe de ser aplicada quando deveria ou
ainda seja aplicada quando não deveria. O que fazer nesse caso?
Nessa hipótese, abre-se a possibilidade de a parte usar a reclamação.
Mas, como você viu lá em meus comentários sobre a competência originária do STF (especifi-
camente quanto à reclamação), o STF entende que a reclamação só é cabível quando a parte
tiver esgotado todos os recursos ordinários na causa em que proferido o ato supostamente
contrário à autoridade da Súmula Vinculante.
A orientação é para evitar que haja uma inversão na pirâmide do organograma do Judiciário,
com o STF chamando para si assuntos que seriam de competência de outras instâncias e dos
Tribunais Superiores (STF, RCL 14.343).
Tem mais: a reclamação não pode ser usada quando se alegar desrespeito a súmula do STF
que não seja vinculante (STF, RCL 3.284).
Voltando à questão, Alice está totalmente errada. Já Roberto está correto ao mencionar o cabi-
mento de reclamação. Quanto à extensão da vinculação, você viu que ele errou ao incluir todos
os Poderes, de modo indiscriminado.
Logo, a resposta esperada está na letra b.
Letra a.
O recurso principal do STF, em dúvidas, é o extraordinário (RE). Também por isso ele é muito
mais citado nas provas.
Segundo o artigo 102, III, da Constituição, caberá ao STF julgar, em recurso extraordinário (RE),
as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
I – contrariar dispositivo da Constituição Federal;
II – declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
III – julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal;
IV – julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Os incisos I a III não geram muitas controvérsias, pois ou se fala na Constituição Federal (I e III)
ou se fala em declaração de inconstitucionalidade. Em outras palavras, você mataria a questão
com mais facilidade, até porque sabe que o STF é o guardião da Constituição e que ele cons-
tantemente declara inconstitucionalidade das normas.
O problema maior está no inciso IV. Deixe-me explicar: até a EC 45/04, cabia ao STJ, por meio
de recurso especial (RESP), julgar a validade de lei local contestada contra lei federal.
E por qual razão a competência passou para o STF?
É que se uma lei estadual está em confronto com uma lei federal, a briga na verdade gira em
torno da repartição de competências, tema tratado a partir do artigo 21 da Constituição (aque-
le tema que você adora... sqn!).
Então, no fundo, uma das normas acabará sendo declarada inconstitucional, por invadir com-
petência própria da outra.
Se isso não pareceu fácil para você, lembre que o próprio Constituinte de 1988 errou, colocan-
do para o STJ julgar o recurso.
Ah, o STF entendeu que, com a promulgação da EC 45/04, os processos em curso deveriam
ser, desde logo, remetidos ao novo órgão competente.
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Em razão disso, os recursos especiais que tratavam de lei local x lei federal passaram a ser
julgados pelo STF dentro do RE. Em contrapartida, as homologações de sentença estrangeira
e a concessão do exequatur (que saíram do STF e passaram a ser da competência do STJ),
foram encaminhadas do STF para o STJ.
Tem mais umas coisinhas... na verdade, ao menos duas súmulas do STF que precisam ser
explicadas. Veja:
A regra é de que o RE deve ser interposto no prazo de quinze dias úteis, segundo o Código de
Processo Civil (CPC). Contudo, será de apenas três dias o prazo quando o RE se voltar contra
decisão do TSE, sendo que a contagem se inicia a partir da publicação do acórdão, na própria
sessão de julgamento (STF, Súmula 728).
Se o TJ deferir, por meio de acórdão (decisão colegiada), a intervenção do estado em um mu-
nicípio, a referida decisão não poderá ser questionada por meio de RE (STF, Súmula 637). Isso
em razão da autonomia do Ente federado.
Voltando à questão, a resposta esperada está na letra A, pois o recurso se voltaria contra deci-
são de Tribunal Superior que afrontou a Constituição Federal (artigo 102, III, a).
d) incorreto, pois a Turma, em respeito à reserva de plenário, não poderia realizar o controle
difuso de constitucionalidade, devendo submeter a matéria ao pleno;
e) correto, desde que o acórdão prolatado pela Turma tenha contado com o voto favorável de
dois terços dos respectivos membros.
Letra c.
Somente será necessário submeter a questão ao Plenário – ou ao órgão especial – quando se
entender que a norma é inconstitucional, pois todas as normas nascem com presunção (rela-
tiva) de constitucionalidade.
Ou seja, para se afirmar a constitucionalidade da norma não há necessidade de uma Turma
mandar o caso para o Plenário, pois estará confirmando a regra, “chovendo no molhado”.
Voltando à questão, repare que a Turma do Tribunal “não visualizou vício de inconstitucionali-
dade na norma que embasava o pedido do trabalhador”.
Então, incide o finalzinho de minha explicação, sendo desnecessária a observância da cláusula
de reserva de plenário.
Logo, a resposta esperada está na letra C.
Letra e.
Para responder bem a questão o candidato precisava conhecer a Súmula Vinculante 33, que
diz o seguinte:
JURISPRUDÊNCIA
Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência
social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constitui-
ção Federal, até a edição de lei complementar específica.
Avançando, embora realmente não tenha sido editada a lei complementar determinada pelo §
4º do artigo 40 da Constituição, o STF garantiu a aposentadoria especial aos servidores.
Assim, enquanto não vier a lei complementar específica aos servidores, eles podem usar as
regras da iniciativa privada. Logo, o direito pode ser usufruído.
Voltando à questão, como houve a negativa a um direito assegurado por meio de súmula vin-
culante, abre-se a possibilidade do uso da reclamação diretamente no STF. Em consequência,
a resposta esperada está na letra E.
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À luz dessa narrativa e da sistemática constitucional, é correto afirmar que esse decreto legis-
lativo
a) não pode ser submetido ao referido controle, pois, ao aferir a compatibilidade do regulamen-
to com a lei, sua essência enquadra-se no plano legal, não no constitucional.
b) pode ser submetido ao referido controle, a exemplo do que ocorre com todos os atos nor-
mativos, de natureza legal ou infralegal.
c) não pode ser submetido ao referido controle, pois não apresenta os atributos da generalida-
de e da abstração.
d) pode ser submetido ao referido controle, pois aufere o seu fundamento de validade na Cons-
tituição e sua força normativa é negativa.
e) não pode ser submetido ao referido controle, pois somente os atos normativos estão sujei-
tos a ele.
Letra d.
O decreto legislativo mencionado no comando da questão foi expedido com base no artigo 49,
V, que trata das competências exclusivas do Congresso Nacional.
Repare que a Banca fala no uso do controle concentrado de constitucionalidade perante o STF,
o que atrai uma das seguintes ações: ADI, ADO, ADC, ADPF e ADI Interventiva.
A principal delas, cabível na hipótese, é a ADI – ação direta de inconstitucionalidade. Vou falar
um pouquinho sobre ela.
A Ação Direta de Inconstitucionalidade está prevista no artigo 102, I, a, da Constituição, que
prevê o cabimento da ADI no STF para questionar lei ou ato normativo federal ou estadual fren-
te à Constituição Federal.
Delimitada a natureza das normas que podem ser objeto de questionamento, passo ao ponto
seguinte: qual a abrangência da expressão “lei ou ato”?
Certamente, estão incluídos dentro desse conceito todos os atos primários previstos no art.
59 da Constituição. Em outras palavras, cabe ADI para questionar as emendas à Constituição,
as leis complementares, ordinárias e delegadas, as medidas provisórias, as resoluções e os
decretos legislativos.
Ainda dentro dos atos normativos primários, podemos citar os regimentos internos, as delibe-
rações administrativas e as resoluções administrativas dos Tribunais, desde que possuam ca-
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ráter normativo (STF, ADI 2.104). Também entram nesse rol as resoluções do CNJ e do CNMP
(STF, ADC 12), os decretos autônomos e os tratados internacionais.
Voltando à questão, considerando que os decretos legislativos são atos normativos primários,
será cabível o uso da ADI no STF para questionar a sua constitucionalidade. Assim, a resposta
esperada está na letra D.
Letra a.
Dentro do controle concentrado, há cinco ferramentas: a ADI, a ADO, a ADC, a ADPF e a ADI
Inverventiva.
Repare que o comando da questão falou que o Prefeitura gostaria de submeter a questão, por
meio de algum legitimado – Prefeito não está no rol de legitimados – no âmbito do controle
concentrado. Logo, só poderia ser usada uma das cinco ações aí de cima.
Prosseguindo, entre as cinco, a única que pode ser utilizada o questionamento de normas
editadas antes da Constituição em vigor é a ADPF – arguição de descumprimento de preceito
fundamental.
A explicação dada até aqui já é suficiente para indicar que a resposta esperada está na letra A.
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Letra e.
O assunto é chatinho e a questão é bem difícil, mas espero que você compreenda.
Vamos lá! Está em jogo uma violação à Súmula Vinculante n. 10, que diz o seguinte: “viola a
cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que,
embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder
público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”.
Qual a razão de ser da SV 10?
É o seguinte: no controle difuso de constitucionalidade, todos os juízes e tribunais do país po-
dem declarar a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo.
O problema é que nos Tribunais (repare que a questão remete a um TJ) a inconstitucionalidade
só pode ser proferida pelo Plenário ou por um Órgão Especial, se houver. Em outras palavras,
os órgãos fracionários – turmas, câmaras ou seções – não podem fazer isso.
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Letra a.
Repare que se questiona perante o TJ lei estadual, utilizando-se da representação de inconsti-
tucionalidade.
Então, está em discussão o controle de constitucionalidade formulado pelo Tribunal de Justi-
ça, tendo como fundamento possível violação da Constituição Estadual.
No controle concentrado estadual será analisada, em regra, a compatibilidade de atos normati-
vos municipais e estaduais perante a Constituição Estadual. Excepcionalmente, pode o TJ usar
como parâmetro dispositivo da CF quando se tratar de norma de repetição obrigatória pelos
estados.
Não caberá ao TJ julgar ADI quando se falar em lei municipal violando a Lei Orgânica Municipal,
pois nessa situação estaremos diante de controle de legalidade, e não de constitucionalidade.
Voltando à questão, repare que a lei estadual teria violado três artigos da Constituição Estadual.
Em consequência, seria plenamente cabível o uso da ADI Estadual.
Fenômeno da simultaneidade de ações, tema para ser comentado em outra questão.
Assim, a resposta esperada está na letra A.
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a) ação civil pública por ato de improbidade administrativa originariamente no Supremo Tribu-
nal Federal, por violação ao princípio da moralidade;
b) mandado de segurança no Tribunal Superior do Trabalho, porque o ato de nepotismo viola
princípios da Administração Pública;
c) mandado de injunção na Justiça Federal de primeiro grau, por ofensa à verbete de súmula
do Supremo Tribunal Federal que veda o nepotismo;
d) ação popular originariamente no Superior Tribunal de Justiça, por violação ao princípio da
impessoalidade;
e) reclamação no Supremo Tribunal Federal, por violação à súmula vinculante que veda o ne-
potismo.
Letra e.
Novamente seria necessário conhecer as súmulas vinculantes (leitura obrigatória, pessoal!)
para responder à questão.
É que a nomeação feita pelo Ministro do Trabalho caracteriza a prática de nepotismo, conduta
proibida pelo STF. A orientação do Tribunal aparece na Súmula Vinculante n. 13. Veja:
JURISPRUDÊNCIA
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afini-
dade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercí-
cio de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administra-
ção pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola
a Constituição Federal.
Logo, para combater o ato de nomeação deve ser utilizada a reclamação junto ao STF, alegando-
-se o descumprimento à orientação prevista em SV. Assim, a resposta esperada está na letra E.
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Letra e.
Repare que a lei estadual nasceu de iniciativa do “Legislativo estadual”, ou seja, foi proposta
por algum Deputado Estadual. Ela versava sobre bolsas de estudos para alunos da rede esta-
dual de ensino.
Nesses casos, o correto seria a norma ter partido da iniciativa do Poder Executivo, pois repercu-
te em tema sujeito ao “guarda-chuvas” da Secretaria de Educação, subordinada ao Executivo.
Assim, por melhores que sejam as intenções, haveria vício de iniciativa, não suprível por meio
da sanção ou pela derrubada de veto.
Usando outro exemplo (caso concreto, já julgado), o STF declarou a inconstitucionalidade de
lei estadual, de iniciativa parlamentar, que determinava à Secretaria de Educação o fornecimen-
to, aos estudantes, de jornais e revistas três vezes por semana.
Veja que a ação era nobre, pois visava que os estudantes crescessem mais cientes dos acon-
tecimentos, formando-se cidadãos melhores. Contudo, havia vício incontornável de iniciativa
também nesse caso.
Dito isso, a resposta esperada está na letra E.
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Letra a.
Veja que a questão falou na análise de leis anteriores à Constituição. Logo, dentro do controle
concentrado de constitucionalidade, a única ferramenta adequada é a ADPF. Isso torna correta
a letra A.
De todo modo, vamos apontar o erro das demais alternativas.
O erro das letras B, C e D é que as leis anteriores podem ser submetidas a controle tanto em
controle concentrado (apenas via ADPF) quanto em controle difuso.
Por outro lado, a ADC, a ADI e a ADO só se prestam para o questionamento de normas editadas
após a Constituição de 1988.
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Letra a.
A partir da EC 45/04, houve uma unificação nos legitimados para o ajuizamento de quatro das
cinco ações de controle concentrado.
Desde então, tanto a ADI, quanto a ADO, a ADC e a ADPF podem ser ajuizadas pelos legitima-
dos do artigo 103 da Constituição. Veja o rol:
I – Presidente da República;
II – Mesa do Senado Federal;
III – Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – Procurador-Geral da República – PGR;
V – Governador de Estado ou do DF;
VI – Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF;
VII – Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII – Partido político com representação no Congresso Nacional; e
IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
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Letra b.
Sobre a intervenção no âmbito estadual, fique esperto para um ponto bastante cobrado nas
provas: é que não caberá recurso extraordinário para o STF contra acórdão de Tribunal de Jus-
tiça que defere pedido de intervenção estadual em município (STF, Súmula 637).
Isso acontece porque a decisão do TJ possui natureza político-administrativa, e não puramente
jurisdicional.
Assim, não será cabível a interposição do RE. Dito isso, a resposta esperada está na letra B.
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Letra a.
Melhor analisar a situação de cada artigo em separado.
O artigo 101 é inconstitucional, por violar a separação de Poderes e a simetria com o modelo
federal.
Isso porque cabe ao Chefe do Executivo indicar os dirigentes das entidades da Administração
Indireta na esfera estadual, não sendo necessária a sabatina do Legislativo.
A exceção fica por conta dos dirigentes das Autarquias, pois nesse caso a Constituição Federal
prevê a sabatina do Senado Federal em relação aos dirigentes do Banco Central ou das agên-
cias reguladoras.
Também por violação à separação dos Poderes, não pode uma CPI convocar os Chefes do
Executivo ou Magistrados, com a finalidade de darem explicações sobre o conteúdo de suas
decisões. Assim, inconstitucional o artigo 103.
Avançando, nada impede que haja a convocação dos Secretários de Estado os dos dirigentes
das entidades da Administração Indireta, o que indica a constitucionalidade do artigo 102.
Dito isso, a resposta esperada está na letra A, pois apenas o artigo 102 é constitucional.
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Letra c.
Vou analisar as cláusulas em separado, ok? De antemão, destaco a necessidade de os candi-
datos atentarem para as súmulas, especialmente vinculantes.
Vamos lá!
A 1ª cláusula é inconstitucional. Isso porque a SV 44 define que só por lei se pode exigir a rea-
lização do exame psicotécnico. Assim, não bastaria a previsão em edital.
Pelas mesmas razões, a 2ª cláusula é inconstitucional. A Súmula 683 do STF permite que haja
a limitação de idade em um concurso público, se a restrição for justificada na natureza do car-
go. É o que acontece, por exemplo, nas carreiras militares. O problema é que essa exigência
precisa estar prevista em lei, inexistente no caso.
Por sua vez, a Súmula Vinculante 43 prevê ser inconstitucional toda modalidade de provimento
que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao
seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. Ou seja,
também inconstitucional a 3ª cláusula.
Dito isso, volto à questão. A resposta esperada está na letra C, pois todas as cláusulas são
inconstitucionais.
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Letra c.
Vamos por exclusão?
a) Errada. No âmbito federal, você viu que há nove legitimados para o ajuizamento de quatro
das cinco ações do controle concentrado – a ADI Interventiva é o patinho feio, com somente
um legitimado, o PGR.
Segundo o artigo 103 da Constituição, ADI, ADO, ADC e ADPF podem ser propostas pelos se-
guintes legitimados: a) Presidente da República; b) Mesa do Senado Federal; c) Mesa da Câ-
mara dos Deputados; d) Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; e)
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Controle de Constitucionalidade
Aragonê Fernandes
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aplica-se a regra geral, que determina a necessidade de usar a Constituição Estadual como
parâmetro.
Sobra como correta a letra C, resposta esperada pela Banca.
A esse respeito, é importante mencionar a simultaneidade de ações. A explicação é um pouco
longa, mas vale a pena acompanhar.
Antes de qualquer coisa, eu vou separar a análise em dois grandes grupos: no primeiro, uma lei
estadual violará a CF e a CE, concomitantemente; no segundo, será a vez de essas Constitui-
ções serem violadas por uma lei municipal.
Fique atento para os detalhes, pois eles serão perguntados.
Situação 1: LEI ESTADUAL que viola dispositivo da Constituição Estadual e da Constituição
Federal ao mesmo tempo – tratava-se de norma de repetição obrigatória.
Nesse caso, caberá ADI para o STF (a ADI no âmbito federal questiona normas federais e es-
taduais perante a CF, certo?).
Contudo, também caberá ADI para o TJ, uma vez que na esfera estadual a ADI analisa a com-
patibilidade de atos normativos estaduais e municipais frente à CE.
Então, estamos diante da possibilidade de ajuizamento simultâneo de duas ADIs direcionadas
a Tribunais diversos: a primeira para o STF, em relação à CF e a segunda para o TJ, quanto à CE.
Se isso acontecer, ou seja, se houver o ajuizamento de duas ADIs de forma concomitante (em
latim, simultaneus processus), a ADI Estadual ficará suspensa aguardando a decisão final do
STF (STF, ADI 3.046).
Caso o STF declare a inconstitucionalidade da norma estadual, a ADI Estadual será extinta por
perda do objeto. Afinal, a norma foi retirada do ordenamento jurídico – grave bem essa explica-
ção para não errar daqui a pouquinho (STF, PET 2.701).
Do contrário, se o STF confirmar a constitucionalidade, a norma continua no sistema. Então,
a ADI Estadual deve prosseguir, inclusive, podendo o TJ declarar a inconstitucionalidade da
norma frente à CE, desde que por outro fundamento – aquele fundamento usado pelo STF tem
força vinculante, impedindo que o TJ o contrarie.
Se você entendeu até aqui já matará boa parte das questões de prova. Porém, eu quero avan-
çar um pouco mais e garantir que você acerte todas as questões.
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Agora imagine a situação em que, embora fosse viável o ajuizamento simultâneo, ele não
ocorreu.
No primeiro exemplo, só se ajuizou ADI no STF contra a lei estadual, por violação à CF. Aqui
as coisas ficam simples, pois a declaração de inconstitucionalidade do STF retira a norma do
sistema. Logo, não caberia posteriormente entrar com ADI no TJ (a norma não existe mais!).
Em sentido contrário, se o STF confirma a constitucionalidade, posteriormente ainda se pode
ajuizar a ADI Estadual, uma vez que a norma continua no sistema. Entretanto, a fundamenta-
ção usada não pode ser aquela já afastada pelo STF na ADI Federal, por conta da força vincu-
lante para todos.
É agora que vocês mais erram...
No segundo exemplo, apenas a ADI Estadual foi ajuizada, por violação à CE. Se o Tribunal con-
firmar a constitucionalidade, a norma continuará no sistema e depois poderá ser questionada
em ADI Federal, sendo que o STF ficaria livre para adotar qualquer decisão, sem se falar em
vinculação.
Por outro lado, se ao julgar a ADI Estadual o TJ declarar a inconstitucionalidade da lei estadu-
al, não será cabível nova ADI para o STF por uma razão simples: a norma não existe mais, foi
retirada do sistema.
Daí você está com comichão e fala: “- então, o STF não pode fazer nada?”
Ora, nessa situação, contra a decisão do TJ na ADI Estadual, seja lá qual for o resultado (cons-
titucionalidade ou inconstitucionalidade), será possível a interposição de RE para levar a dis-
cussão ao STF, uma vez que se trata de norma de repetição obrigatória.
Situação 2: LEI MUNICIPAL que viola dispositivo da Constituição Estadual e da Constituição
Federal ao mesmo tempo – tratava-se de norma de repetição obrigatória.
Agora, há uma significativa diferença: caberá ADI para o TJ (lei municipal x CE), mas não será
possível o ajuizamento de ADI para o STF.
Nosso trabalho agora ficou mais fácil, pois o TJ pode julgar a ADI para um lado ou para outro,
sem existir a possibilidade de uma ADI no STF barrar a tramitação. Ou seja, pode declarar a
norma constitucional ou inconstitucional.
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Letra c.
Vou por exclusão, ok?
a) Errada. Embora tenha hipóteses de cabimento bem mais amplas do que as outras ferramen-
tas do controle concentrado, a ADPF não será viável em algumas hipóteses. Confira:
a) contra vetos presidenciais (STF, ADPF 1);
b) contra decisões judiciais transitadas em julgado – cabe contra decisões judiciais, mas não
se cobertas pelo manto da coisa julgada (STF, ADPF 134);
c) em substituição aos embargos em execução (STF, ADPF 83);
d) para questionar norma anterior a 5.10.1988 frente à Constituição da época – só cabe se for
frente à Constituição atual;
e) contra normas originárias; e
f) contra súmulas vinculantes (STF, ADPF 177).
Logo, errada a letra A.
b) Errada. O erro da letra B está no fato de não caber controle concentrado de dispositivos que
sequer entraram em vigor. É o que acontece na parte que foi vetada e teve o veto mantido pela
Câmara dos Vereadores.
d) Errada, porque a ADPF pode questionar normas federais, estaduais, distritais e municipais,
editados antes ou depois da Constituição em vigor.
e) Errada, na medida em que embora se aplique o princípio da fungibilidade entre a ADI e a
ADPF, há outras distinções além daquela indicada pela Banca. É o caso do questionamento de
leis municipais, cabível apenas via ADPF.
Fica correta a letra C. Isso porque o controle preventivo jurisdicional é excepcional, cabível ape-
nas por meio de mandado de segurança impetrado por parlamentar, para assegurar o devido
processo legislativo.
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Letra e.
a) e c) Erradas, pois é possível ADI no STF para questionar normas distritais, somente se edita-
das dentro da competência estadual (Súmula 642/STF).
b) Errada, pois o mero passar do tempo não é hábil para convalidar normas inconstitucionais.
d) Errada. Quanto aos atos estatais de efeitos concretos, não será cabível ADI. Agora atente
bem para uma questão importantíssima: se o ato estatal de efeito concreto é viabilizado na
forma de lei (ou de MP), a ADI passa a ser cabível.
Trocando em miúdos, o STF entendeu pela possibilidade de fazer controle concentrado de
constitucionalidade de lei de efeito concreto (abertura de créditos extraordinários) por meio de
ADI (STF, ADI-MC 4.048).
Isso significa uma significativa mudança, na medida em que sempre se entendeu pelo cabi-
mento da ação apenas contra normas dotadas de generalidade e abstração. Assim, errada a
letra D.
Sobra como correta a letra E, resposta esperada pela banca.
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Aragonê Fernandes
Aragonê Fernandes
Atualmente, atua como Juiz de Direito do TJDFT. Contudo, em seu qualificado percurso profissional, já
se dedicou a ser Promotor de Justiça do MPDFT; Assessor de Ministros do STJ; Analista do STF; além
de ter sido aprovado em vários concursos públicos. Leciona Direito Constitucional em variados cursos
preparatórios para concursos.
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