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Como é o funcionamento dos


restaurantes em hotéis? Operação
de Alimentos e Bebidas em hotelaria
Frederico G. Serrano Neves Júnior

Meta da aula
Apresentar o funcionamento do setor de Alimentos
e Bebidas dentro dos meios de hospedagem.

Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta
aula, você seja capaz de:

1 reconhecer como funciona a gerência de Ali-


mentos e Bebidas;

2 identificar a composição e o funcionamento do


restaurante;

3 reconhecer as principais técnicas de elaboração


de cardápios.

Pré-requisitos
Para acompanhar esta aula você deverá ter claros
alguns conceitos sobre estrutura e funcionamento
dos setores dos meios de hospedagem da Aula 9.
Caso não se lembre, é importante revisar.
Aula 10 • Como é o funcionamento dos restaurantes em hotéis? Operação de Alimentos e Bebidas em hotelaria

Introdução

Você sabia que, na estrutura organizacional de um hotel, a área de


Alimentos e Bebidas é a mais difícil de ser administrada? De uma
maneira geral, as despesas com mão de obra são duas vezes e meia
maiores do que no setor de hospedagem e, no entanto, a receita é
quatro vezes maior. Parece bastante desproporcional, não acha?
É por conta desse desequilíbrio entre despesas e receitas que a
área de Alimentos e Bebidas, também chamada A&B, tem sido o
calcanhar de Aquiles para muitos administradores de hotel. Isso
porque muitos deles acabam optando por terceirizar os serviços
de A&B, o que nem sempre é a melhor decisão.
Nesta aula, você entrará em contato com a área de Alimentos e Be-
bidas, que pode assumir composições diferentes de acordo com
o tamanho e a estrutura do hotel. Vão desde máquinas de venda,
onde colocamos moedas, até restaurantes com serviço completo
e música ao vivo. Então, vamos saber mais sobre A&B.

Entendendo o setor como um todo! A gerência


de A&B

A área de A&B pode variar de acordo com o número de


quartos e tipo de serviço prestado. Além do restaurante e do bar
do hotel, dentre outros pontos de vendas de A&B que o hotel pos-
sa ter, a área de A&B pode fornecer, também, serviços para o setor
de eventos. Contudo, três funções não poderão deixar de existir,
mesmo que sejam ocupadas por uma única pessoa. São elas:
• a gerência de A&B (gestão geral do setor);
• a gerência de sala (atendimento);
• a gerência da cozinha (produção).
Essas funções são as responsáveis por transformar o ali-
mento natural em apetitosos pratos servidos aos clientes.

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Gerência de A&B

Maitrê Chefe de cozinha

Figura 10.1: Organograma funcional em A&B.


Fonte: Acervo do autor.

Assim, na Figura 10.1, temos os três profissionais que as-


sumirão as funções descritas anteriormente. É bom lembrar que
esses profissionais são o pilar de funcionamento de todo o setor,
independente do tamanho deste e do número de funcionários.
Temos, também, que explorar o organograma do setor de
A&B em todas as suas possibilidades. Portanto, veremos na Figura
10.2 como é a composição do setor em um hotel de grande porte.

Gerência de A&B

Eventos/ Limpeza/
Restaurante Cozinha Copa Room service Banquetes stewarding

Figura 10.2: Organograma setorial de A&B de um hotel de grande porte.


Fonte: Acervo do autor.

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Veremos agora as áreas mais importantes na composição


do setor de A&B, para entendermos como funciona cada área den-
tro de uma estrutura hoteleira e o processo de produção desde o
recebimento de mercadoria até o serviço fornecido ao cliente.

O restaurante

O restaurante pode ser entendido como um estabeleci-


mento público onde se serve comida, mediante pagamento. Esse
conceito engloba os mais variados tipos de estabelecimentos.
Cada um deles, contudo, possui características específicas, em
função das quais são mais precisamente definidos.

A origem dos restaurantes, tal como os conhecemos hoje em dia, não


é tão velha; no século 18 comia-se apenas em albergues, que serviam
somente em horas fixas um menu fixo, ou em hospedarias.

Fonte: Acervo do autor.

Em 1765, Boulanger, vendedor de sopas e caldos na Rue de Poulies,


em Paris, deu às suas sopas o nome de “restaurantes” e colocou em
suas insígnias os seguintes dizeres: “Bulanger vende restaurantes divi-
nos”, a que ele acrescentava um dito popular de latim culinário: “Venite
ad me, vos qui stomacho laboraris; et ego restarabo vos” ou “Vinde
vós até mim, vocês que estão trabalhando, que eu vos restaurarei”.

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Mas, já em meados do século 20, com o aparecimento do


turismo em grande escala, surgem novas motivações e desejos
que devem ser satisfeitos através de novos tipos de alimentos e
de restaurante. Trata-se da neo-restauration.
A neo-restauration é composta de grande diversificação
de restaurantes, surgida nos últimos cinquenta anos, que tem o
objetivo de proporcionar à demanda uma variedade de escolha
quanto aos ambientes, tipos de alimentos e preços. Além dos
restaurantes denominados “clássicos”, aparecem novas formas
de se fornecer comida ao público; entre elas podemos destacar:
snack, coffee-shop, grill, steak-house, pizzaria, creperia, pub e ou-
tros, que vocês já devem conhecer ou ter ouvido falar.
Cada uma dessas unidades de neorrestauração possui carac-
terísticas bem específicas quanto à decoração, às espécies de car-
dápio, às modalidades de serviço, à localização, aos preços etc.
Os restaurantes, em geral, podem ser classificados de
várias maneiras. Categorias estas representadas por símbolos
como garfos, usados no Guia 4 Rodas, por exemplo. Tais símbo-
los são afixados nas entradas dos estabelecimentos para melhor
orientar os clientes. Para um restaurante se enquadrar em uma
das categorias, deve preencher uma boa variedade de requisitos,
todos eles enfocados na percepção do cliente. Afinal, é o cliente
que define e julga a qualidade do serviço.
Nada impede que uma classificação dos restaurantes seja
feita levando-se em consideração variáveis tais como: tipicidade
da cozinha, tipo de serviço proposto, tamanho do estabelecimen-
to, entre outras. No que diz respeito aos restaurantes existentes
nos hotéis, devemos enfatizar algumas peculiaridades. Uma de-
las refere-se às normas de classificação. Um hotel de cinco estre-
las não poderá, por exemplo, possuir um restaurante de terceira
categoria. Não existe congruência. Por isso, ele sempre deve
estar em harmonia com a categoria do hotel. Isso não impede
que o restaurante possa se caracterizar por cozinhas típicas com
modalidades de serviço bem definidas. A seguir você pode ver o
organograma do restaurante.

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Figura 10.3: Organograma funcional do restaurante dentro da gerência


de A&B.
Fonte: Acervo do autor.

No restaurante, um grande contingente de pessoas exerce


várias funções, tendo cada profissional uma determinada res-
ponsabilidade ou tarefa no serviço, de maior ou menor autori-
dade, conforme a experiência e o conhecimento. O garçom faz
parte de um conjunto de pessoas especializadas no serviço de
sala ou restaurante.
Dentro dos restaurantes também há uma estrutura hierár-
quica, ou seja, existe um coordenador geral que está acima dos
demais profissionais, que por sua vez tem a autoridade de co-
mando. Ele é chamado maître e deve estar atento às necessida-
des dos clientes e custos do processo. Vejamos as atribuições e
responsabilidades de cada profissional dentro do departamento:

Maître

• ele é o cartão de apresentação do estabelecimento pela


sua educação, boas maneiras e cortesia;
• supervisiona e controla todo o trabalho executado no restau-
rante, garantindo, deste modo, a qualidade dos serviços;
• participa da elaboração dos cardápios;

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• distribui os horários de trabalho da sua equipe;


• treina o seu pessoal, desenvolvendo neles as habilida-
des e atitudes profissionais pertinentes;
• recepciona o cliente na entrada do restaurante;
• observa e indaga ao cliente, durante a refeição, se tudo
corre a contento;
• auxilia o garçom, caso ele tenha alguma dificuldade téc-
nica na execução do serviço;
• sabe como atender a uma reclamação;
• sabe agir com discrição ao dar ordens;
• sabe tratar bem todos os clientes indistintamente;
• sabe despedir-se do cliente ao término da refeição.

Sommelier

• orienta sobre a compra e estoque dos vinhos;


• zela pela adequada conservação dos vinhos: estocagem,
rotatividades;
• sugere formas de melhor vender os vinhos no restauran-
te ou em outros pontos de venda do hotel;
• sabe sugerir e servir vinhos ao cliente;
• sabe organizar eventos especiais como: queijos e vinhos,
degustação de vinhos, etc.
• elabora a carta dos vinhos;
• controla o inventário dos vinhos;
• atende às reclamações pertinentes.
Mise-en-place ou
preparação prévia do
Garçom restaurante: consiste
em executar toda a
arrumação necessária
• realiza a mise-en-place da sala, mesas, aparadores, etc. antes da chegada do
• prepara o bufê, se for o caso; cliente, desde a limpeza
do piso, dos móveis, até
• apresenta os serviços da casa; a colocação de toalhas,
pratos, copos, talheres,
• atende aos pedidos dos clientes; guardanapos. Enfim, o
• serve os pedidos dos clientes de acordo com as técnicas trabalho consiste em
cuidar até mesmo dos
de serviço; detalhes de decoração
final do ambiente.
• apresenta a conta;

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• atende às reclamações dos clientes;


• zela pela manutenção dos materiais e equipamentos.

Ajudante ou commis

• auxilia o garçom no serviço aos clientes;


• auxilia na mise-en-place, antes e durante a refeição;
• encaminha as comandas;
• transporta os pedidos da cozinha até o guéridon ou car-
rinho de apoio;
• mantém o aparador em ordem.
Além dessas responsabilidades, os funcionários devem ter
uma excelente postura geral, como descrita na Figura 10.4.

Figura 10.4: Apresentação e postura do pessoal de atendimento.


Fonte: Acervo do autor.

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Atividade

Atende aos Objetivos 1 e 2


1. Até agora, você viu os conceitos básicos da operação da sala
em A&B. Para consolidar os conhecimentos aprendidos nesta
aula, você deverá:
a) descrever quais são as três funções mais importantes do setor
de A&B;
b) montar um organograma funcional do restaurante;
c) explicar qual a importância da postura profissional do garçom.
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Resposta Comentada
a) Gerência de A&B, gerência de restaurante e gerência da cozinha.
b) Veja a Figura 10.3 e tente reproduzi-la.
c) Assegurar a higiene, a limpeza das vestimentas e o asseio pessoal.

Elaboraração de cardápio

Um cardápio não é apenas uma mera listagem de pratos


para a escolha do cliente – planejar cardápios exige técnica e
arte. São necessários, para quem planeja:
• Conhecimentos culinários.
Para que o cardápio apresente variedades de forma de cocção Cocção
ou cozimento, riqueza de combinações entre pratos e guarnições, Ato ou efeito de cozer;
cozimento.
usando uma seleção de pratos com originalidade.

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• Conhecimento de serviços de restaurante


Há certos pratos que exigem talheres e mise-en-place es-
peciais e o restaurante pode não estar aparelhado para este ser-
viço ou, ainda, nem mesmo o pessoal pode estar treinado para
tal serviço.
• Análise de vendas
É outro ponto importante para a composição de um cardá-
pio, principalmente na hora de atualização, pois ela reflete quais
foram as preferências da clientela em relação ao que o restauran-
te oferece e, mais ainda, indica quais os pratos mais rentáveis,
quais os pratos que devem ser mais trabalhados e aqueles que
devem ser retirados do cardápio.
• Análise da clientela
Para quem vou vender? Quem vem ao meu restaurante, o
que deseja comer? Como posso fidelizar essa clientela? É uma
clientela habitual ou ela se renova?

Planejando e executando a confecção de um bom


cardápio

Planejar cardápios é também uma arte, pois harmonizar to-


dos esses elementos não é tarefa fácil, implicando também uma
certa sensibilidade para Alimentos e Bebidas. Alguns aspectos
são pouco observados antes da impressão gráfica.
1º – Definição do tipo de cardápio
Qual a forma? Tamanho? Terá capa e encarte?

2º – Definição do tipo de papel


As pessoas que vão a um restaurante normalmente estão
em seu momento de lazer; o cardápio deve ser algo agradável no
manuseio, deve dar a sensação de prazer e delicadeza; um papel
áspero é contraindicado.

3º – Definição quanto à plastificação


O grande problema é a atualização de preços, mas sem
plastificação a vida do cardápio pode ser breve.

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4º – Definição do tipo de cor


O cardápio faz parte do restaurante; portanto, sua cor de-
verá ter alguma relação com a decoração do ambiente. Quantas
cores são usadas na impressão? Com duas cores o preço sobe.
Uma sugestão é que se use o papel de cor e a impressão em
preto ou em uma tonalidade mais escura que a cor do papel; o in-
verso neste último caso deverá ser sempre evitado. Desta forma,
teremos a impressão de um cardápio a duas cores.

5º – Definição do tipo de letra


Deve-se levar em consideração a luminosidade do restau-
rante; o tamanho e o tipo são importantes. Letras góticas são
mais difíceis de serem lidas, por exemplo.

6º – Definição sobre ilustrações


Que tipo de ilustração o cardápio comporta? Aqui é neces-
sário ter bom gosto e senso estético.

7º – Distribuição dos pratos no cardápio


Este aspecto, bastante negligenciado, é de suma impor-
tância, pois a posição do prato no cardápio reflete seu nível de
vendas. Pesquisas revelam que há uma zona nobre no cardápio
e outra secundária. A zona nobre seria o centro e o lado superior
direito. Portanto, aqueles pratos que mais se quer vender devem
ser listados neste local.

8º – Definição da lista de preços


O que vender? Quais as preferências da minha clientela?

9º – Elaboração de uma “boneca”


Quem planeja um cardápio deve fazer um modelo, também
chamado de boneca, por mais rudimentar que seja. Isso facilita o
trabalho de quem vai executar os serviços de arte final, para que
sua ideia seja claramente entendida sem problemas de comuni-
cação, evitando assim a perda de tempo e dinheiro.

10º – Acompanhamento na execução da arte-final


Deve haver uma revisão minuciosa de texto, conferência
de tamanho, corte, dobra e tonalidade de cor. A arte final só deve

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ser aprovada se for levada ao restaurante para conferência de


cor, visibilidade, clareza de leitura à luz ambiente.

11º – Acompanhamento de execução na gráfica


A primeira prova é importante para uma ideia de como
será o cardápio e só depois de aprovada o processo de tiragem
poderá ter continuidade.
O aspecto externo do cardápio, sua forma, cor, tipo de le-
tra, plastificação etc. são importantes; porém, devemos ressaltar
os cuidados com o aspecto interno, isto é, a relação dos pratos
apresentados no cardápio. Quais serão os cuidados e preocupa-
ções que devem nortear o gerente de A&B para que opte por
incluir no cardápio este ou aquele prato? Por vezes, um cardápio
rodado, colocado no restaurante com muitas falhas compromete
a imagem do mesmo.

12º – Receituário
No dia a dia encontramos receitas nos livros, revistas,
jornais e até, quem sabe, temos aqueles pratos tradicionais ca-
seiros, com receitas especiais de nossas avós. Pois bem, esses
pratos devem ser testados e, se aprovados, passados para fichas
técnicas e de custo para que, quando necessário, sem perda de
tempo, o gerente de Alimentos e Bebidas possa ter à sua frente
um número considerável de receitas para sua escolha.

13º – Estatísticas de vendas


Elas são o retrato do que a clientela do restaurante procu-
ra. São elementos essenciais para atualização do cardápio.

14º – Pesquisa de mercado


Quais são as tendências atuais e futuras do mercado con-
sumidor? O que oferecer no restaurante? Quais são os modismos
(cozinha vegetariana, indiana, chinesa, japonesa, brasileira etc)?

15º – Pesquisa de novos pratos


Por que não utilizar a criatividade de seu chefe de cozinha?
Por que não pesquisar novos ingredientes? Por que não tentar mis-
turar frutas típicas com carnes, aves e peixes? Por que não ousar?

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16º – Mercado abastecedor


Para determinado prato precisa-se de determinado ingre-
diente. É fácil e barato encontrá-lo no mercado? Neste momen-
to, infelizmente, surgem improvisações, que vão depor contra a
imagem do restaurante.

17º – Custo
A seleção de um prato está diretamente ligada à relação
custo X contribuição marginal do prato, isto é, qual o lucro que
este traz para o restaurante.

18º – Sazonalidade
Quais os pratos da época? Na sua estação eles são os me-
lhores e custam mais barato. Por que oferecer uma torta de figos
fora da estação? Será mais trabalhoso encontrar os figos, serão
mais caros e sua qualidade deixará a desejar, ou então deverá ser
usado figo em conserva.

19º – Ofertas do mercado


O que a concorrência oferece para o mercado consumidor?
Devo seguir a tendência?

20º – Planejar para um período


O cardápio envelhece. Deve ser atualizado sempre a cada
seis meses ou no máximo anualmente. Devem permanecer ape-
nas os pratos mais vendidos.

21º – Ordem clássica do cardápio


Dependendo da classe e do tipo do restaurante, a ordem
clássica é imprescindível, sobretudo se for um restaurante que
se proponha a servir cozinha francesa.

22º – Variedade de formas de cocção


Um cardápio deve apresentar uma boa variedade de for-
mas de cocção, permitindo ao cliente um amplo leque de esco-
lha. Por exemplo, o item carnes deve apresentar pratos grelha-
dos, cozidos, braseados, fritos etc.

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23º – Variedades de guarnições


É importante que haja uma variedade de guarnições. É ne-
cessário ser criativo e sair da batata frita, arroz e farofa, estar
atento sempre aos pratos típicos que têm guarnições clássicas
tradicionais.

24º – Variedade de cores


As pessoas comem primeiro com os olhos; portanto, devem-
se levar em consideração a apresentação do prato e a variedade
de cores. Os legumes, além de leves e nutritivos, trazem cores
ao prato.

25º – Renovação e atualização constantes


A clientela percebe a preocupação na busca de novidades
para ela. Claro que os pratos considerados estrelas ou especia-
lidades da casa e os mais vendidos não devem ser alterados e
devem permanecer sempre no cardápio.

26º – Humor
Cuidado com o humor, sobretudo em relação ao nome dos
pratos e na sua descrição. Este aspecto está intimamente ligado
à clientela que frequenta o restaurante.

27º – Descrição
Os pratos devem ser clara e sucintamente descritos. Ao
escolher um prato, o cliente não é obrigado a saber que filé de
peixe à florentina terá espinafre como guarnição, ou que suflê
Dubarry leva necessariamente couve-flor. Em muitos restauran-
tes, esta tarefa de explicar a composição do prato cabe ao maître
ou ao garçom, mas isso deve ser cuidadosamente pensado, pois
exige, além de um bom treinamento de pessoal, uma boa demo-
ra na escolha do prato por parte do cliente.
Um cuidado muito grande deve ser tomado quanto à orto-
grafia usada no cardápio. Pratos estrangeiros devem necessaria-
mente ser descritos, levando-se em consideração a grafia correta
do nome do prato, como acentuação e gênero das palavras. Por
exemplo, a palavra creme, em francês, é feminina; portanto, o
nome do creme também deverá estar no feminino.

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28º – Seriedade e profissionalismo


Só deve ser vendido aquilo que é produzido. As improvisa-
ções nesta área são comuns e afetam a imagem do restaurante.
Por exemplo: um Coq au vin Chambertin deverá ser feito com
vinho Chambertin (um vinho de Borgonha, França), claro que im-
portado; portanto, de custo inviável. Caso se use outro vinho, na-
cional, mesmo que de primeira linha, não se deverá denominá-lo
Chambertin. O hoteleiro ou o restaurador deverá denominar este
prato coq au vin. Coq au vin
É um nome francês que
29º – Menus significa que a galinha foi
Na composição de cardápios para jantares em grupos ou even- cozida no vinho.

tos, quando o cardápio for previamente combinado, deve-se evitar:


• a repetição de formas de cocção – um prato assado de
entrada e um prato assado como prato principal;
• a repetição de ingredientes – creme de leite no prato prin-
cipal, creme chantilly na sobremesa, massa de entrada e torta de
sobremesa.
• o pleonasmo – creme de queijo gorgonzola: gorgonzola
já indica que a guarnição do creme é queijo; portanto, apenas
creme Gorgonzola seria o ideal para ser usado.
• o uso inadequado das cores – ter cuidado com as cores
dos alimentos dos pratos na sequência do jantar.

30º – No menu do dia


• Pular linhas entre os serviços, mas manter o intervalo pa-
drão quando houver mais de um produto no mesmo prato.
• Separar os diferentes serviços por linhas tracejadas ou
estreladas.
• Terminar o menu pela sobremesa.
• O preço do menu deve vir à esquerda, no alto.
O cardápio é a vitrine de seu restaurante; portanto, tenha
uma preocupação extra quanto a sua elaboração. Existem diver-
sos tipos de cardápios; eles devem estar dentro do conceito do
restaurante e refletir a imagem da empresa.

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Figura 10.5: Sorvete.


Fonte: Acervo do autor.

A Figura 10.5 mostra um prato servindo sorvetes em variadas


formas. Ela demonstra como a criatividade e a aplicação de técnicas
de elaboração de cardápios pode modificar um produto no serviço.

Atividade

Atende ao Objetivo 3
2. Neste último item, você viu que o cardápio é um instrumento
de venda fundamental para o sucesso do restaurante. Imagine
que você foi chamado para uma entrevista de trabalho. Na oca-
sião, foi pedido que você escrevesse um pequeno texto sobre a
elaboração de um cardápio. O que você deveria fazer? Indique
cinco itens importantes e justifique o fato de serem importantes.
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Resposta Comentada
Conhecimentos culinários: Para que o cardápio apresente variedades
de forma de cocção ou cozimento, riqueza de combinações entre pra-
tos e guarnições, usando uma seleção de pratos com originalidade.

Conhecimento de serviços de restaurante: Há certos pratos que exi-


gem talheres e mise-en-place especiais e o restaurante pode não
estar aparelhado para este serviço ou, ainda, nem mesmo o pessoal
pode estar treinado para tanto.

Análise de vendas: É outro ponto importante para a composição de


um cardápio, principalmente na hora de atualização, pois ela reflete
quais foram as preferências da clientela em relação ao que o restau-
rante oferece e, mais ainda, indica quais os pratos mais rentáveis,
quais os pratos que devem ser mais trabalhados e aqueles que de-
vem ser retirados do cardápio.

Análise da clientela: Para quem vou vender? Quem vem ao meu res-
taurante quer comer o quê? Como posso criar um hábito nesta clien-
tela? É uma clientela habitual ou ela se renova?

Conclusão

É importante explorar mais os conteúdos técnicos do de-


partamento de A&B, pois estamos lidando com um setor comple-
xo e muito importante na cadeia de valor do produto hoteleiro.
Assuntos como serviço de quarto, copa, bar, dentre outros
pontos de vendas de alimentos e bebidas, não foram explorados
devido ao seu extenso conteúdo.
No entanto, as áreas que produzem e fornecem os produ-
tos e serviços de A&B para outros setores foram descritas e são
as áreas centrais de todo o departamento.

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Assim, o que precisamos é entender sobre o fluxo de pro-


dutos e serviços em todo o departamento, desde a compra dos
insumos até a venda ao cliente. Por isso, a aula destaca os três
profissionais mais importantes no departamento. Assim, acre-
ditamos que um bom gerenciamento do processo irá aumentar
a qualidade do serviços fornecidos pelo departamento e conse-
quentemente contribuirá ao agregar valor ao produto do hotel.

Atividade Final

Atende aos Objetivos 1, 2 e 3


Para oferecer um serviço com qualidade você deve conhecer
bem o funcionamento do departamento de Alimentos e Bebidas.
Imagine que você trabalha em um hotel e foi promovido para a
gerência de Alimentos e Bebidas. Sendo assim, você deverá des-
crever a função dos três principais profissionais do departamen-
to e, em seguida, montar um programa de revisão de cardápios.
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Resposta Comentada
Você deverá descrever as principais funções do gerente, maître e
chefe de cozinha. Para a revisão de cardápios sugere-se que você es-
colha um cardápio de um restaurante e faça uma análise de acordo
com os critérios vistos na aula. É preciso que você anexe o cardápio
escolhido à atividade.

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Resumo
Existem algumas estratégias que o departamento de Alimentos e
Bebidas utiliza para realizar suas atividades e fornecer outros ser-
viços para o hotel. Apesar de ser uma área complexa, este setor é
fundamental para agregar valor ao produto fornecido pelo hotel.
O restaurante é o cartão de visita do departamento de A&B, sendo
seu funcionamento de extremo valor para o produto do hotel.
É importante que você faça um passeio pela criação do restaurante
moderno até chegar à formação da brigada e suas responsabilida-
des. Neste caso, é preciso que se observe a importância da postura
profissional e da mise-en-place de salão e mesa.
Lembre-se, ainda, de que o cardápio é o principal componente de
venda do departamento. Além de uma lista de pratos, ele é um
instrumento de venda fundamental no restaurante.

Informação sobre a próxima aula

Na próxima aula, você irá conhecer a composição da cozi-


nha do hotel. Nela você poderá conhecer como funciona a área
de produção de alimentos.

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