O Paleozoico Da Bacia de Jatoba, Pernambuco: Perrnissao Ornplement A Ca o
O Paleozoico Da Bacia de Jatoba, Pernambuco: Perrnissao Ornplement A Ca o
O Paleozoico Da Bacia de Jatoba, Pernambuco: Perrnissao Ornplement A Ca o
POl'
PAULO M. C. BARRETTO ( *)
30' 30'
o CIO&.DE
;":; SE.flI"A
CONTATO OaOl..OIlICO
.:jJ =
Fig. no 1 - B acia de Jatoba, Looaliaacao.
- - ._- - - - - - - - ---.
Foto nO 1 - Diacla s am ento colunar na Formacao Foto no 2 - A Serr-a do Man ari vista pela face
Manari, ao s uI de Mana ri Velho. Perna mb u co (B acia SuI, mostrando a repeticao par f'a lha d a F'ormaeao
d e J'atoba, fota do autor). Manari cujos sedimentos estao em primeiro plano
a direita. Na chapad a central t em os a Formacao
Inaja. (Bacia de J'utoba, foto d o uut o r) ,
Formacao Manari - comp os t a pOI' are- Formaoao Ilhas - cons ti tuid a p or are-
n itos grossos, reldspaticos, estratificados cor- nitos verrnelhos, fo rmando a lguns morros n o
relacionaveis com a Formaca o Se rra Grande ce n t r o sui da bacia.
do Maranhao. Formacao Sao Sebastlao - Cretaceo,
co ns ti t uida pOI' arenitos fin os e folhelhos a re -
Formacao Inaja - co ns ti t uid a de areni-
nosos vermelhos.
tos siltitos e folhelhos cor rela cionaveis com a
Formacao Pimenteiras e parte da Formacao S edimentos da Serra Negra - do T er-
Cabecas. ciario, calcar io cin za e a r enit os a rroxeados .
32 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, N Q1, 1968
,
COLUNA ESTRATIGRAFICA GERAL DA BACIA DE JATOBA
PlIOC£NO
<! :.::::~_: tr-.::.:' ArelOS, bloeos d e cren ito , blo eos de quort zo
g l'l'..& :.:.:: Sed imentos do Serra Neljro : orenito gronul , g r o s's a vi o idceo , tr ldvet ,
.. V~:~:::'-"; : , '. estratlfi c ccec obliquo , rnurto c oulfnico . Seixos mol orredondo dos .
~ ...,. ;....- . Colcor; 0 e sbrcnquiccdo , fossilifero,lominodo . Morga .
3 Folhtlhos omorelodos fossi I(feros .
_ _. . ' Formacao SOo Sebostioo : orenitos avermelhadas -castanho$,Qronulo~Oo
: : .. . : grasselro a mid io , ct css tticccoo boo, frjove i s ,
~
o
==-=--?
. . . .
Folhelhos cm zc omarelados, orenosos, fossil ifero com restos de pe ixes .
o
1,-'·' '.,
8•
•
- - - -- Folhelhos vermelhos.
-- . ....
Formocao Ilhos : arenito Ijronulocoo fino, leitos grosseiros e conglomera-
ncos , fridveis, es tr o tittcccec oblfquo, bem ctos s rfico do.fetospc n co .
o
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'""I-
W Folhe lhos overmelhados, fisseis .
0:
U
Formocoo Serai : ore ruto gronulocOo medio 0 f ino, amorelodo ,pouco mi-
co ceo, muito bem arredondodo, bem compo clodo com modeiro sil icifi-
co da .
~
en
For mo cflo Alionco : folhe lhos morron- choco late J vermelho, si lt ito ver de
en su bo r dmo do . Folhelhos flsse,s, ealciferos t os siuf er os .
' 0:« ~ E - - -
..,::> Cclc cr l 0 c rnz o e sbrcnquiccdc em blocos, to s sru't eru .f n terco tcc o es de are -
I ~~-= nito Ijronuiocaa m e dr o 0 f ino.
u
t Formocoo Moxoto (Poleozorco o)-Arenlto e sbrcnqu tccdo , qronutcc do fino
a media . (ntercolo~oes de folhelhos vermelhos e siltito s.
~
:....=:.:-,:. Formocao Ibimirim (Po leo zorco C)-Folhelhos cinz c escuro, densos, mi c d >
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FormocOo Monorl (Poleozdico A )-Arenitos t! conglomerados cor crem e 0
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Figura 3
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34 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, NQ 1, 1968
As direcoes tect6nicas sao duas, corres- As amostras dos facies «Ar enito Felspa-
pondentes a duas fases tectonicas distintas, tieo» e «Ar enit o Lages» da Formacao Inaja
uma N 70 E e a outra mais moderna N 45° W. exibem, estruturas irregulares, as vezes cru-
A principal falha visivel e a falha de Ibimi- zadas, rna classificacao, camadas argiIosas
rim, que limita a bacia ao Norte, colo cando misturadas com outras grossas e cascalhoass,
o embasamento em contato com os sedimen- indicando condicoes turbulentas de sedimen-
tos da Formacao Sao Sebastiao. ta~ao, aguas rasas, costeiras, deltaicas.
A,>lcJSTRAS 251 P18 P19 P21 P28 P 1 P 2 P J P 5 P4V P 4 P20 5 J 2 1 94 9C 9E lOB 100 19 18 16C 16B lJP 1£1:\
Wl!I.rdlt8 x
4p1lt1ta x x x x x x x x x x x x x x x • x
Rutilo x x x
Crandallita x x x x
Ziroio X x x x x x x
11meD1 ta x x x
Hemn. t1 te. x x x x x
TurMl1na x x x x x x x x
Ill1ta x
Prancollta x x x •
Sagen1ta x x
F81dspatoB x x x x x x x x
Monazlta X x x
MUBCov1 ta x x x x x x x x x x x x x x • x x x
Quartc1 to x x
BioUta x x
Clorita x x x x x x x x x x
Granada x x x
Noponita x
" P20S 10" 20" 5" 8" 2" 1" 2" - - l~ lJ:< - 10" - -
Os resultados obtidos na analise dos fos- minerto normal (fosforitos) urn teor de 22%
fatos em 208 amostras da Formacao Inaja de P "05' os fosfatos de Jatoba constituem
sao : uma ocorrencia pobre.
N ode amostras 'I'eor de
ESTRATIGRAFIA
'70 p "O" medio % eU"Os
29 0 0,003
Formacao Manari - Esta formacao foi
11 ± 5 0,030
em parte mapeada e descrita pelos geologos
5 7 0 ,052
0. S. Raulino e N. C. Cenachi (1964) da Pe-
7 ± 10 0,082
trobras sob a denorninacao de «U nida de A
1 > 30 0,320
do Paleozoico», portanto sem de signacao
formal. A partir de 1964, trabalhando em
Total 53
mapeamento de detalhe, adotamos, nos rela-
1 3 0,004 torios internos da C.N.E.N., as denorninacoes
3 11 0,054 de Formacao Manari e Formacao Inaja para
5 20 0,135 os sedimentos inferiores da coluna estratigra-
1 30 0,160 fica da bacia de .Iatoba. E stas denominacoas
passaram a ser usadas fora da CNEN sem
Total 10 entretanto terem sido caracterizados os se-
dimentos a elas atribuidos .
43 o Com a com unic acao feita por J. N. Vil-
47 3 laca e L . C. S. Surcan (1966 ) no XX Con-
24 5 gresso de Geologia realizado em Vitoria, es-
11 7-8 0,125 tas denominacoes tornaram-se amplamente
8 10-12 0,180 divulgadas. Assim e que P . G. 0. Braum
12 15-20 0 ,200 (1966) utiliza a denorninacao Formacao Ina-
ja, mas, para designar os sedimentos da base
Total 145 do paleozoico, utiliza a denorninacao Forma-
~ao Tacaratu, sem contudo, caracteriza-Ia
Nota-se claramente que os teor es em formalmente de acordo com 0 c6digo de no-
fosforos e uranio (equivalente) estao em re- menclatura estratigraftca.
lacao direta. POl' out r o lado, nao se revelou Propom os aqui designa-Ia formalmente
nenhuma a ssociacao regular entre fosfatos e de «F or m a cao Manari», pols, na Serra do
oxldo de ferro. COnsiderando-se para urn Manari, urn dos pontos mais altos da bacia,
P. M. C. BARRETTO - a Paleozoico da Bacia de ... 37
SEQAO TIPO I
. ,. .
;
. 9 - Arenito med io, vermelho-tijolo, friavel , mal clas-
sificado, pouco feldspat.ico, cimento ferruginoso,
100m • homogerieo, (lam manchas castanhas (pintalgado) ,
E
It)
0 0m 8 - Arenito medlo, creme-r6seo, pouco rriavel, mal
classificado, pouco cimento, com estratirtcacao
obliqua.
E
0
0 0,
sirtcacao media, muito feldspatico, com fina es-
tratifica!:ao obliqua, com intensa Iimorrit.izacao na
itc( base.
zc( 1
..,.. 0 3 - Arenito fino, r6seo ate alaranjado, com pequenos
~ If')
• 0 0f fd ... pantos vermelhos, friavel, classtricacao media,
0
10(
0-
l oj
'"
::l
reldspattco, micaceo.
b£
ct E G)Offd
:E 50m ~ 2 - Conglomerado medio, (lam niveis grosseiros (sei-
I[ CD
E xos ate 2cm), creme-amarelado, frlavel, mal c1as-
t.
sificado, feldspatico, com estrattricacgo obliqua.
t: 0C9~I.O
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~5m
1 0 v,.
boeo.
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t-
SERRA DO $ACU
M""ta'1"1O 01 l",,~.
38 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, N" 1, 1968
ocorre magnifica secao vertical. Esta serra sura e calculada em 250-300 m aproximada-
originou-se da grande falha de igual nome, mente. Estimou-se a espessura desta forma-
que nivelou 0 embasamento com a Formacao gao com base em varias colunas estratigra-
Alianca. ficas, feitas em diversos pontos da area onde
Foram feitas diversas secoes verticals, ela aflora e correlacionando-se estas colu-
pr6ximas a Moxot6, Inaja, Manari Velho, Ser- nas de acordo com 0 mapeamento e com a
ra do Quiri-d'Alho e antiga usina de Forga natureza das camadas. A precisao da esti-
de Petrolandia. mativa para a espessura e limitada pela
A denominacao de Formacao Manari e grande variacao lateral das camadas que di-
aqui atribuida it sequencia arenosa, continen- ficulta a correlacao, bern como a presenca de
tal, macica que recobre 0 embasamento (fig. falhas e cobertura de areia. A sondagem da
n- 4). 0 contato superior com a Formacao Petrobras em Ibimirim, com 2.862 m, nao
Inaja e gradual e feito atraves do primeiro atingiu 0 embasamento, tendo sido interrom-
nivel de siltitos e argtlitos, correspondentes pidos os trabalhos sem ser attngida a For-
it primeira transgressao marinha. macae Manari. Em Inaja foram perfurados
aproximadamente 380 m de paleoz6ico.
Litologia - E bastante mon6tona, cons-
tituida exelusivarnente de arenitos, conglome- Origem e ambiente de sedimentacao
rados e lentes de caulim. 0 conglomerado A presenca de material grosse abundante, a
basal e grosso, porem nao possue seixos com variacao rapida do mergulho e direcao das
diametros maio res que 2 em. Ocorre em toda estratificacoes obliquas, tipo torrencial, e va-
a extensao do contato com uma espessura riacoes laterais bruscas, indicam uma sedi-
aproximada de 1 m, podendo oeasionalmente mentagao sob condicoes de chuvas pesadas,
atingir 2 m. Possui cor creme, seixos sub- ambiente de planicie de inundacao, depositos
arredondados e arredondados de quartzo, lacustre-fluviais. Tarnbem as lentes mostram
feldspato; cimento argiloso, bern compactado, uma vartacao na sedimentacao, com 0 pre-
ocasionalmente friavel. enchimento quase sempre por argila dos bu-
Acima temos conglomerados medics cons- racos e fendas. Tudo indica uma sedimenta-
tituidos de seixos predominantemente quart- gao rapida em planos de inundacao. Os sedi-
zozos, arenitos grosses, medics, f'inos, de cor mentos da Formacao Manari sao constitui-
variando de vermelho-ferruginosa, roseo-ama- dos de material elastica e granulacao grossa,
relada, cinza ate esbranquicada. Apresentam com estratittcacao nitida. A anglosidade dos
estratificacao cruzada, Ieitos horizontais; graos de quartzo e a presenca de feldspatos
muito feldspaticos ate caulinicos, ocasional- com arestas frescas sugerem que a fonte dos
mente arc6sicos, bastante micaceos, predomi- sedimentos nao se achava multo distante.
nantemente mal selecionados com raras ca- Ja no fim da deposicao da Formacao
madas bern selecionadas, bern compactados, Manari predominam arenites mais finos e
coerentes ate muito friaveis. provavelmente 0 ambiente sedimentologico ja
Possui lentes, especialmente de material se aproximava do marinho com a constante
grosso. Foram verificados alguns provaveis subsidencia da bacia.
canais fluviais de pequenas dimensoes, mar-
cas de ondas, nodules de argila e diversas Rela!:Oes Estratigraficas 0 contato
zonas silicificadas. inferior com 0 embasamento e discordante e
feito atraves do conglomerado basal. 0 con-
Distribui~o e Expressao Topografica - tato superior com a Formacao Inaja e gra-
A presence da Formacao Manari e predomi- dativo ou as vezes POl' falha, e marcado se-
nante na parte SeW, no centro da bacia, gundo a convencao estabelecida anteriormen-
constituindo a Serra Manari (foto nv 1) e prd- te, isto e, onde aparece 0 primeiro nivel de
ximo it cidade de Moxot6. Esta Formacao siltito ou argilito e arenitos finos. A conti-
constitui as maiores serras e morros da re- nuidade desse contato e muito dificil de ser
gtao, escarpas muito abruptas, forman do urn notado no campo.
capeamento sobre 0 granito. A serra do Ma-
nari e 0 ponto mais alto da Formacao. Idade e Correlacao - Ate agora nao fo-
ram encontrados f6sseis na Formacao Mana-
Espessura e Area - Medindo-se os mer- ri. Sua datacao e deduzida pelas relacoes
gulhos na superficie, da ordem de 6 9 a 10 9 e estrattgrartcas com os sedimentos da Forma-
tomando-se a area de afloramento, a espes- gao Inaja, do mesodevoniano. Sua idade po-
P. M. C. BARRETTO - a Paleoz6ico da Bacia de . . . 39
SECAO- TIPO-:Ir,
FORMA~AO INAJA
-
- -
~ FALH A GRANULOMETRIA
t ..X~'Ui
..<
H "ARENITO
e s trctiticocdo
LAGES"
cruzado .
- Arenito fino, claro, ho-
!~~ HI 1\ l
de ondas e prs to s de vermes, rn rc r o ves tr ct i Hco crio
e mo s covrto .
~ :-::-..:..
- . -. -
- .- -
~f\1 G "SILTITO CACIMBA"
V Siltito
siltito mais
fino, cinza, com lentes intercaladas
grosseiro e arenito multo fino .
de
\
E "ARENITO CACIMBA" -
Arenlto muito fino,
rose o a esbranqui -
Co do , hornoqeneo , m icdce o , fricvel com mo rcas de on-
das e fossilrtero.
F - intercalacoo de arenito muito fino, cor de cho-
colate, com bastante moscovrto nos pion. de. estrat.
e mur to fossl lffero,
"
'
... . '
c
. '. ' .: . "ARENITO FELDSPATICO"
.. "
" ,' . Arenito medio , esbranquicado ou arrouxeado, mi-
..
,",
c d c eo com es tro ttficucdo cruzada e feldspaticp .
. ',
0 · · ·
.. ' "
+~
"
". .' . ' .
B "SILT/TO BASAL"Siltito qr o sse l r o crn -
8m. z 0 , com rentes interca -
ladas de arenito muito fino, laminado,cam mar-
t
cos de ondas e rno s c o vrt o nos pianos de estra-
:::~:~~
.: ' .; .
"
t ificacllo .
"
A " FORM A CAo MANAR I" -
Arenito grosselro, bem
I 23.. 5 6 7 es trc nficcdu .corn ',10-
SeQ . O .A . Say . .
r i o cdo lateral para conglamerada.
FAZ. DOS NUNES
MUN. DE TARACARATU -PE
F igura 6
40 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, N? 1, 1968
deria ser eodevoniana, uma vez que os f6s- Fazenda dos Nunes, distante 25 km de Pe-
seis da Formacao Inaja sao datados como do trolandia, ao lado direito da estrada federal
Devoniano inferior a rnedio, A identidade Ii- PetroHl.ndia-Ibimirim. Neste ultimo local foi
tol6gica com os sedimentos da Formacao Ser- estabelecida a seeao tipo II (fig. nv 5).
ra Grande na bacia Maranhao sugeriria a ida- Os siltitos basais sao expostos de uma
de siluriana. Correlaciona-se tambem com maneira magnifica ao Norte da Fazenda Tou-
as camadas paleoz6icas mapeadas na bacia ro, pr6ximo ao leito do riacho dos Coites e
de Tucano Norte (Sta. Brigida). Litologtca- proximo a cidade de Moxot6.
mente e semelhante a parte inferior das ca- Dos sedimentos do Paleozoico, esta for-
madas da Formacao Batinga, de Sergipe. macao e a melhor estudada devido a dissemi-
nacao geoquimica de uranio que ela encerra.
Rela9llo Sedimentol6gica - Como foi es- Sua petrografia, mineralogia e sedimentologia
tabelecido que 0 contato entre a Formacao foram exaustivamente estudadas em labora-
Manari e Formacao Inaja seria tracado onde t6rio. 'I'ambem as condicoes de sedimentacao
ocorrem os prirneiros siltitos e arenitos finos, e direcao das correntes, a atitude e espessura
s6 existe material classico, e portanto a re- dos facies foram controlados por inumeras
lac;ao arenito-folhelho tende para 0 infinito. sondagens a percursao feitas com Wagon-
Drills e sondagens rotativas com recuperacao
FORMAQAO INAJA - Foi em parte ma- de testemunhos. Somerite durante 1965-66 fo-
peada a descrita por O. S. Raulino e N. C. ram perfuradas 4.040 m de sedimentos per-
Cenachi (1964) sob a designacao informal de tencentes a essa formacao.
«Unidade B do Paleoz6ico».
Depois de estuda-Ia em todos os seus fa- Litologia - Constituida com predominan-
cies e mapea-Ia em toda a bacia propomos cia de arenitos finos, siltitos e folhelhos, ocor-
aqui a designacao formal de Formacao Inaja. rendo em menor quantidade arenitos grossos.
Trata-se da formacao paleozoica mais inte- Os arenitos sao de cor vermelho-ferruginosa,
ressante devido a sua litologia e fauna. violaceos, creme-amarelado e branco; granu-
lacao grosseira ate multo fina, bem compac-
Essa denominacao e atribuida a sequen-
tado, bem selecionado quando fino e rna se-
cia de folhelhos, siltitos e arenitos finos que
Iecao quando grosso; micaceo (rnuscovita j ,
ocorrem na parte media dos sedimentos de-
em planes ou distribuida na matriz, lamina-
vonianos da bacia .Iatoba,
do ou nao: estr'atif'icacao cruzada abundan te,
As melhores exposicoes dessa formacao inclusive micro-estratificac;5es (foto nv 10),
estao no vale do Rio Moxot6 ao lado da ci- ocasionalmente arc6sico, fossilifero.
dade de Inaja, pr6ximo ao cemiterto da Fa- Os siltitos sao amarelados, violaceos ro-
zenda Caraibeiras, na cidade de Moxot6, na sas e esverdeados, apresentam ccncrecoes li-
moniticas, intercalacoes de argilito, quase
sempre micaceo e fissil (bem laminadoj .
urn ambiente de aguas rasas, possivelmente ferior com a Formacao Manari e feito gra-
epicontinental, com ligeiras recorrencias do dualmente com a passagem de urn arenito
mar, ocasionando a deposicao de sedimentos medic, bern cJassificado, cinza-branco a ala-
mais propriamente marinhos como sao os sil- ranjado, bastante f'rtavel, quase sem cimento,
titos das bases dos ciclos (com maiores ex- com graos de quartzo limpido arredondados
tens5es em areas continuas, homogeneas, etc.) da Formacao Manari, ao primeiro nivel de
mudando gradualmente para 0 topo ate atin- siltito da Formacao Inaja. 0 contato supe-
gil' sedimentos continentais (com granuloma- rior e fe ito atraves de uma discordancia an-
tria mais grosseira, heterogeneo, descontinuo, gular (regional) com a Formacao Alianca,
com grande varlacao lateral, etc.). Em sub-superf'icie 0 contato com a Formacao
Ibimirim e concordante.
Distrfbuieao e expressao topograflca
Ocorre ao longo de toda borda sul reapare- Idade e correlacoes - Inicialmente a
cerido na parte nordeste e estreitando-se para idade atribuida a esses sedimentos foi Pre-
sudoeste, 0 que the confere a configuraqao de Alianca pela posieao estratigrafica. Posterior-
«Y» com a Serra de Manari no centro. mente, com 0 mapeamento de superficie, fo-
Topograficamente constitui-se em peque- ram encontrados gaster6podos Bellerophon-
nos morros em cuja base, quase sempre, en- tideos, alguns especimes de lamelibranquios
contramos urn siltito, e em planicies geral- pter6ides e Nuculites indicando uma idade
mente encobertas pOI' areia. Os pequenos mor- devoniana.
ros sao originados pOI' falhamentos locats A Formacao Inaja e correlacionada com
protegidos no topo pOI' uma camada de are- a Formacao Pimenteiras do Maranhao.
nito limonitizado . Entretanto, a fei<;ao geral,
Ramo sedimentol6gica - A razao areni-
e de uma topografia pouco ondulada, de semi-
to-folhelho e igual a 3,00. A presenca de
-planicie.
sedimentos nao clasaicos e desprezivel.
Espessura e area - A espessura media
da Formacao Inaja, estimada em perfis rea- FORMA(JAO IBIMIRIM - Esta unidade
Iizados e na correlacao das vartas colunas Iitoestratigrafica nao aparece jamais em su-
estabelecidas, e de aproximadamente 200 m . perficie tendo sido identificada na sondagem
A sua espessura e muito variavel devido a de Ibimirim, concluida pela Petrobras em
variacoes laterais e presenca de falhas, sendo marco de 1963. A sequencia arenosa encon-
em geral rna is espessas na parte central e trada acima da Formacao Inaja passou a ser
diminuindo para a borda sul da bacia. Foram conhecida como Unidade C do Paleozoico.
medidas espessuras variando entre 140 e Anteriormente os geologos da Petrobras
185m. havlam mapeado nas margens do Rio Sao
Francisco, proximo a cidade de Pet.rolandia,
Origem e ambiente de sedimentaeao -
cinco unidades paleozoicas que receberam as
A maior parte desses sedimentos foi deposi-
designacoes de «U n ida des A, B , C, D, E ».
tada em mar epicontinental, ambiente de
Foi verificado, mais tarde, que as unida-
aguas rasas, evidenciado pela fauna encon-
des C, D, E, constituiam, naquela regiao,
trada (7 e 22) e pelas marcas de ondas, A
apenas uma repeticao, pOI' falha, das unida-
parte inferior, constituida de material mais
des A e B.
fino, indica sedimentacao rnais calma. 0 sil-
Assim, quando na sondagem de Ibimirim
tito superior e bastante carbonatico. Uma
apareceram sedimentos do Paleozoico dife-
plataforma estavel, com pouca subsidencia
rentes daqueles conhecidos em superficie, eles
seria 0 ambiente indicado, ocorrendo suces-
foram designados como unidades C e D.
sivas flutuacoes epirogeneticas, com tenden-
As cordenadas da sondagem sao 80 38' 10"
cia gradual para dominacao e estabelecimen-
latitude sul e 37040' 05" longitude oeste. Esta
to de ambiente marinho, sendo que a fonte
situado a uma altitude de 470 m tendo sido
do material teria sido a Formacao Manari
perfurado no total de 2.862 m .
erodida em suas partes menos resistentes.
Sugerimos aqui a designacao formal de
Os f6sseis encontrados pela Petrobras
Formacao Ibimirim, nome da cidade e muni-
sao todos marinhos e a presenca dos niveis
cipio onde foi realizada a sondagem, para a
de folhelhos e siltitos indicam urn ambiente
sequencia de arenitos medios com raras inter-
de sedimentacao calmo, com flutuacoes.
calacoes de folhelhos acima da Formacao Ina-
Rela~oes estratigrlificas - 0 contato in- ja conforms secao tipo III (fig. 6).
·P . M. C. BARRETTO - a Paleoz6ico da Bacia de ... 43
S E C () ES -
TETMO N9 19
TETMO NQ 20
TIPOs III E IV
RESISTlVIDADE
Arenlto esbrQ~ I fmo/mt fino, boo clossil , fr,ia've'. bocporos , colcil IT clorit, mll: Oc
GDI.
:. '. " , Ortoquarllito, melomorf eNo esverd .clcro,med I.gros m! duro
d~ ~,~:~ TETMO N9 21 Aren euertrose,esbrcnq Ima/mt l,flo, Iechodo
" .::",.:...;.'":
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SONDAGEM DE IBIMIRIM (Petrobr'. 1M .t-I-PE \ 1963
110 P[RFll Dr SONDAGE'M FORAM /NO/CAOA$ P£lO AurOR A$ $[c6[$ - r/pos II I - IV
44 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 17, N o 1, 1968
Eo-Jurassico nao houve se dim en taca o a lgu- tambern parte da Formacao Inaja . Dai en-
rna , ocorren do apenas 0 re t rabalhamento do con t ra mos a t ua lmen te a Formacao Inaja em
material ja depositado, evidenciado pel a dis- contata com a Formacao Alianca.
cordancia ex istente entre 0 Paleozoico e Me- Com 0 nivelamento entre as bacias de
sozoico. Neste hiato da sedimentacao levan- Tucano e Jatoba restituido, inicia-se entao
t ou-se 0 Arco de Sao Francisco separando a uma segunda fase de subsidencia dando ori-
bacia de .Iatoba da bacia de Tu cano, ate en - gem, outra ve z, a uma ba cia, onde , sob con -
t a o ligadas, disp ondo os sed imentos da ba cia di eoes de a m bient e calma de a g uas profun-
de .Iatoba de tal fo rma qu e um a forte er osa o das f oram depositados no jurassico os fo -
destruiu a s Formacoes Ibimirim e Moxoto e lhelhos c cal ca rios da Formacao Alianca,
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