Agrg No Agrg No Agravo em Recurso Especial #2027796 - RJ (2021/0392022-5) Relator: Ministro Joel Ilan Paciornik
Agrg No Agrg No Agravo em Recurso Especial #2027796 - RJ (2021/0392022-5) Relator: Ministro Joel Ilan Paciornik
Agrg No Agrg No Agravo em Recurso Especial #2027796 - RJ (2021/0392022-5) Relator: Ministro Joel Ilan Paciornik
(2021/0392022-5)
EMENTA
ACÓRDÃO
EMENTA
RELATÓRIO
VOTO
Por seu turno, não se vislumbra violação ao art. 41 do CPP, eis que, em se
tratando de organização criminosa, crime cometido por pluralidade de agentes, não se
exige a descrição pormenorizada dos fatos, bastando que a denúncia implique os
acusados em fatos criminosos delimitados de modo a permitir o exercício da ampla
defesa e do contraditório, ficando as nuances para apuração no decorrer da instrução
criminal. Precedentes (grifos nossos):
Por sua vez, também não verificada a falta de justa causa pelo TJ, diante dos
elementos já produzidos, notadamente naqueles relacionados ao vereador GILMAR
LELIS. Destarte, conclusão diversa esbarra no óbice da Súmula n. 7 do STJ.
Precedentes (grifos nossos):
Sobre o terceiro tópico, violação aos artigos 69 e 333, caput, ambos do CP, o TJ
fez constar o seguinte no julgamento dos embargos de declaração (grifos nossos):
Extrai-se do trecho acima que foram narrados três atos de corrupção, embora
para o mesmo fim. Aqui, justificada a denúncia pelos três atos, pois a corrupção ativa
prescinde de resultado naturalístico, sendo crime formal que se consuma no momento
do oferecimento. Precedentes (grifos nossos):
PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO
HABEAS CORPUS. CORRUPÇÃO ATIVA. CRIME
FORMAL. EVENTUAIS IRREGULARIDADES NO
INQUÉRITO POLICIAL. AUSÊNCIA DE CONTAMINAÇÃO
DA AÇÃO PENAL. INFORMAÇÃO SOBRE O DIREITO DE
PERMANECER EM SILÊNCIO. NULIDADE RELATIVA.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Supostas irregularidades ocorridas na fase de
inquérito policial não têm o condão de contaminar a ação
penal.
2. Eventual irregularidade na informação acerca do
direito de permanecer em silêncio é causa de nulidade
relativa, cujo reconhecimento depende da comprovação do
prejuízo, o que não ocorreu no presente caso.
3. O delito de corrupção ativa, por se tratar de
crime formal, prescinde da efetiva obtenção da
indevida vantagem para sua consumação.
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC n. 703.604/PE, relator Ministro João
Otávio de Noronha, Quinta Turma, DJe de 13/5/2022).
Sobre o quarto tópico, violação aos artigos 158-A, 158-B, 158-C, 158-D, 158-E,
315, § 2º, e 564, III, "d", todos do CPP, o TJ registrou o seguinte no julgamento dos
embargos de declaração (grifos nossos):
Finalmente, sobre o quinto tópico, violação ao art. 157 do CPP, bem como ao
art. 8º-A, § 4º, da Lei n. 9.296/96, o TJ consignou o seguinte no julgamento dos
embargos de declaração (grifos nossos):
"Por derradeiro, a inferência do Embargante de
que a captação ambiental por um dos interlocutores
sem a anuência dos demais passou a ser proibida com
o advento da Lei nº 13.964/19, superando a
jurisprudência até então existente sobre o tema, é
puramente especulativa.
A Lei 13.964/19 ("Pacote Anticrime"), que inseriu
novos dispositivos na Lei nº 9.296/96, em momento
algum tratou da hipótese – gravação ambiental feita
por um dos interlocutores sem conhecimento do outro
– salvo para afirmar que não constitui crime, o que
permite a conclusão de que tal meio de prova
permanece lícito.
A exegese continua sendo a mesma que se formou
na jurisprudência antes do advento da Lei 13.964/19: o que
não se encontra acobertada pelo sigilo, a demandar
reserva de jurisdição, é a interceptação da comunicação,
ou seja, a captação por terceiro, que se intromete
furtivamente e toma conhecimento do teor de comunicação
alheia.
No ponto, vale reproduzir dos novos
dispositivos introduzidos na Lei nº 9.296/96:
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá
ser autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade
policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de
sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando:
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e
igualmente eficazes; e
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e
participação em infrações criminais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas.
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o
local e a forma de instalação do dispositivo de captação
ambiental. (Incluído pela Lei13.964/2019)
§ 2º A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá
ser realizada, quando necessária, por meio de operação policial
disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos
do inciso XI do caput do art. 5º da Constituição Federal.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15
(quinze) dias, renovável por decisão judicial por iguais períodos,
se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando
presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada.
(Incluído pela Lei 13.964/2019)
§ 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores
sem o prévio conhecimento da autoridade policial ou do
Ministério Público poderá ser utilizada, em matéria de
defesa, quando demonstrada a integridade da gravação.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as
regras previstas na legislação específica para a interceptação
telefônica e telemática.
E, o art. 8º-A, § 4º, da Lei n. 9.296/96, em uma interpretação literal, permite "
A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da
autoridade policial ou do Ministério Público poderá ser utilizada, em matéria de defesa,
quando demonstrada a integridade da gravação", ou seja, tem como uma das
condições o uso em matéria de defesa.
Sendo assim, embora quando do recebimento da denúncia a referida restrição
ao uso da captação ambiental não estivesse em vigor no mundo jurídico, certo é que no
julgamento dos embargos de declaração já estava, de modo que poderia ensejar
conclusão diversa, o que não ocorreu, como visto. Destarte, não é caso de alterar o
conteúdo do acórdão que recebeu a denúncia.
Quanto ao acórdão que julgou os embargos de declaração, embora o TJ tenha
asseverado que a Lei n. 9.296/96 não tratou da hipótese de "captação
ambiental gravação ambiental feita por um dos interlocutores sem conhecimento do
outro - salvo para afirmar que não constitui crime", não há prejuízo no tocante ao
recebimento da denúncia, ante a presença de justa causa com base também no
depoimento do vereador que fez a captação ambiental. Cita-se trecho do acórdão que
recebeu a denúncia (grifos nossos):
AgRg no AgRg no
Número Registro: 2021/0392022-5 AREsp 2.027.796 /
RJ
MATÉRIA CRIMINAL
Relator
Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOÃO PEDRO DE SABOIA BANDEIRA DE MELLO FILHO
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : RODRIGO DRABLE COSTA
ADVOGADOS : RAPHAEL FERREIRA DE MATTOS - RJ091172
TYAGO DINIZ VAZQUEZ - PE021495
FLÁVIO MIRZA MADURO - RJ104104
RODRIGO MONTEIRO MARTINS - RJ119843
CAIO HIROSHI PRESTRELO BABA - PE034318
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CORRÉU : JORGE RICARDO DA SILVA
CORRÉU : ZELIO RESENDE BARBOSA
CORRÉU : PAULO AFONSO SALES MOREIRA DA SILVA
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes previstos na Lei da Organização Criminosa - Promoção,
constituição, financiamento ou integração de Organização Criminosa
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : RODRIGO DRABLE COSTA
ADVOGADOS : RAPHAEL FERREIRA DE MATTOS - RJ091172
TYAGO DINIZ VAZQUEZ - PE021495
FLÁVIO MIRZA MADURO - RJ104104
RODRIGO MONTEIRO MARTINS - RJ119843
CAIO HIROSHI PRESTRELO BABA - PE034318
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental."
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Ribeiro Dantas
votaram com o Sr. Ministro Relator.