Universidade Estácio de Sá Dayse Seabra: Violência Contra A Mulher
Universidade Estácio de Sá Dayse Seabra: Violência Contra A Mulher
Universidade Estácio de Sá Dayse Seabra: Violência Contra A Mulher
DAYSE SEABRA
Petrópolis
2021
Quando o Brasil foi colonizado, pelos europeus, os mesmos se mudaram para
o país com suas famílias, em uma tentativa de evitar que outros povos colonizassem
o local. E junto com eles, trouxeram toda a rotina e tradição europeia, e isso incluía,
o comportamento patriarcal e fundamentalista com as mulheres. A história de
agressões, estupros ou assassinatos, infelizmente, não são novidades para as
mulheres, embora existam algumas conquistas em relação a isto, como a Lei Maria
da Penha, que vem sofrendo constantes alterações ao longo dos anos, em busca de
melhorar sua eficácia.
A legislação para proteger as mulheres que se encontram em situação de
violência gira em torno da Lei Maria da Penha, que atende parte da Constituição que
promete coibir a violência contra a mulher. Através desta lei a legislação prevê
assistência e proteção as mulheres vítimas de violência.
De acordo com o Ministério Público, o surgimento desta lei remete a história de
Maria da Penha Maia Fernandes, nascida no Ceará, vítima de duas tentativas de
assassinato pelo seu marido em 1983, resultando em um quadro de paraplegia. Por
15 anos Maria da Penha não teve seu caso resolvido e nem seu marido
responsabilizado, a mesma com ajuda do Centro pela Justiça e o Direito
Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos
Direitos da Mulher (CLADEM), conseguiu que a Comissão Intramericana de Direitos
Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Sendo que em 2002 o Ceará foi condenado por omissão e negligência pela
Corte Interamericana de Direitos Humanos, e em 2006, atendendo as
recomendações realizadas pela Corte ao Brasil, foi criada a Lei 11.340/06, chamada
de Lei Maria da Penha, representando reparação histórica. A lei foi criada visando
coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
A lei Maria da penha foi um dos maiores marcos legislativos em relação a
violência contra a mulher, antes desta não se existia proteção legislativa de
prevenção ou combate a este tipo de violência. Além disso, houve marcos
importantes de mudanças dentro da própria Lei Maria da Penha, como é o
acréscimo da Lei13.505/17 trazendo preferência de o atendimento ser realizado por
policiais e demais profissionais do sexo feminino. A Lei 13.641/18 que tipifica como
crime o descumprimento de medidas protetivas, com reclusão de 3 meses a 2 anos.
A lei 13.772/18 que criminaliza o desrespeito a intimidade da mulher, fazendo
registro de conteúdo não autorizado, como fotos.
Além da lei já citada, a legislação brasileira protege as mulheres em situação
de violência de outras formas, como a Lei Carolina Dieckmann, de número
12.737/12, que gira em torno dos crimes cibernéticos, classificando como crime a
invasão de computadores ou dispositivos móveis, que resulte em obtenção,
divulgação, destruição de dados. A lei foi criada após a atriz sofrer um ataque
hacking e ter fotos íntimas divulgadas sem sua autorização.
Outra lei que protege as mulheres é a Lei do Minuto Seguinte, de número
12.845/13, oferecendo garantias a vítimas de violência sexual, como atendimento de
urgência pelo SUS, amparo psicológico, exames preventivos, além de garantir o
atendimento sem a obrigatoriedade da vítima realizar um boletim de ocorrência.
Outra lei é a Lei Joanna Maranhão, de número 12.650/15 aumentando o
prazo de prescrição do crime de abuso sexual, sendo que agora a prescrição só
conta a partir do momento que a vítima completou 18 anos, e o prazo para denúncia
é de 20 anos. Essa lei é em referencia a uma nadadora que foi abusada
sexualmente quando tinha apenas 9 anos de idade.
A lei do feminicídio, de número 13.104/15, trata sobre o caso em que a mulher
é assassinada ou vítima de violência por decorrência de seu próprio gênero,
considerando um crime hediondo com pena de até 30 anos de reclusão.
Dentre os telefones úteis para a mulher vítima de violência, tem-se o 180, que
é a Central de Atendimento à Mulher, que é responsável por prestar escuta e
acolhida qualificada a tais mulheres, fornecendo informações sobre os direitos das
mulheres, locais de atendimento mais próximos, o serviço é gratuito e funciona 24
horas. Já para casos emergenciais deve-se utilizar o 190, em que qualquer pessoa
pode realizar o episódio doméstica, como vizinhos ou conhecidos, existe também o
aplicativo Direitos Humanos do Brasil aonde é possível registrar denúncias de direito
e/ou violência contra mulheres e também crianças, idosos pessoas com deficiência e
outros através de um chat com total sigilo, aonde será gerado um protocolo para
acompanhamento no número 180 ou 100.
Diante do que foi visto, percebo a importância de uma legislação viva, em
constante movimento que se molde a demandas socias, pois existem as formas de
violência que já foram entendidas como tal e as novas formas de violência que não
podem deixar de ser punidas pela Lei, como no caso dos crimes cibernéticos que
poderíamos dizer que é algo mais novo que gera uma nova demanda de atenção,
também entendo que cada caso deveria ser analisado de forma única, pois quando
temos que encaixa-los em certa lei, muitas vezes uma situação de violência inédita
pode ficar impune e gerar outras e só depois que a situação ficar realmente
alarmante ser tratada com a seriedade cabível e muitas das vezes pode ser tarde.
Ao meu ver ainda temos muito que avançar, principalmente em relação as
medidas de prevenção, pude notar que as leis de amparo a mulher em situação de
violência oferecem amparo após a violência ser consumada.
Entendo também que há necessidade de uma visão mais abrangente, não
apenas punir o agressor, este por sua vez quando afastado da vítima pode fazer
outras vítimas, por mais que tenhamos certa ojeriza destes atos de violência
precisamos entender que o agressor também precisa de amparo psicológico com a
finalidade de não repetir este tipo de comportamento, também é preciso acolher
psicologicamente e socialmente essas mulheres, seja com qualificação para o
mercado de trabalho e reinserção no mesmo para que possam ter autonomia
financeira, apoio psicológico, opção de moradia fora da casa do agressor, fazer
palestras nas escolas, acompanhamento psicológico para os filhos que viram suas
mães serem vítimas de violência entre outras ações que em minha opinião devem
ser conjuntas desde a conscientização nas escolas e sociedade de modo geral, até
a uma acolhida abrangente que faça a vítima se sentir novamente forte e segura e
também acompanhamento de todas as partes envolvidas no episódio de violência,
seja este cometido de qualquer forma ou por qualquer um.
É triste notar como no Brasil os casos de violência contra a mulher que já são
elevados, aumentaram ainda mais durante a pandemia do COVID-19, a violência
patriarcal está tão enraizada na sociedade, que a partir do momento que maridos
tiveram de passar mais tempo com suas mulheres em casa, passaram a agredi-las e
também outras formas de violência que parte de outras formas não somente dos
parceiros amorosos também chama a atenção. Percebe-se que a luta das mulheres,
aparentemente, não terá fim tão cedo.
REFERÊNCIAS
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12845.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12650.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13104.htm