Medidas de Seguranca Aula 8

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DISCIPLINA DIREITO PENAL I

2º ANO 2020

UNIDADE 8

MEDIDAS DE SEGURANÇA

A MEDIDA DE SEGURANÇA é uma providência do Estado, fundamentada no jus


puniendi, imposta ao agente inimputável ou semi-imputável que pratica um facto típico
e ilícito, com base no grau de perigosidade do mesmo.

Segundo BECCARIA, Cesare, (2002, p. 50), a Medida de segurança é toda a reacção


criminal, detentiva ou não detentiva, que se liga à prática, pelo agente, de um facto
ilícito típico, tem como pressuposto e princípio de medida a sua perigosidade e visa
finalidades de defesa social ligadas à prevenção especial, seja sob a forma de segurança,
seja sob a forma de ressocialização.

O conceito de perigosidade, de acordo com PALOMBA, Guido Arturo. (2003,   p. 214,)


“ é o conjunto ou as circunstâncias que indicam a possibilidade de alguém praticar ou
tornar a praticar um crime”

Ao falarmos de medidas de segurança em direito penal, estamos a referir naqueles casos


em que a lei determina aos inimputáveis, e os demais que a lei penal preconizar.

As medidas de segurança, como meios de invasão do Estado na esfera de liberdade do


indivíduo, sujeitam-se ao princípio da legalidade e a todos os demais princípios
constitucionais aplicáveis às penas.

A medida de segurança, como intervenção penal, está sujeita ao princípio da legalidade,


só podendo ser imposta quando prevista em lei, diante da prática, por inimputável (ou,
excepcionalmente, por semi-imputável) de fato definido como crime e a periculosidade
do agente. Além disso, é preciso que não ocorra qualquer causa excludente de ilicitude.

NB: A finalidade da medida de segurança seria a adequada reintegração social de um


indivíduo considerado perigoso para a própria sociedade.

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8.1. DIFERENÇAS ENTRE PENA E MEDIDA DE SEGURANÇA

Segundo Cezar Bitencourt, podem ser estabelecidas quatro diferenças básicas entre as
penas e as medidas de segurança:

a) As penas têm carácter retributivo-preventivo, as medidas de segurança, carácter


preventivo;
b) As penas têm como fundamento a culpabilidade, as medidas de segurança, a
perigosidade;
c) As penas são determinadas, as medidas não têm prazo determinado;
d) As penas aplicam-se aos imputáveis e aos semi-imputáveis; as medidas, aos
inimputáveis e, excepcionalmente, aos semi-imputáveis.

8.1.2. REQUISITOS DE MEDIDAS DE SEGURANÇA

A doutrina traz um elenco de três requisitos para a aplicação de medidas de segurança:

a) Prática de facto típico punível significa que não pode haver excludente de
criminalidade ou de culpabilidade (com excreção da inimputabilidade) ou
ausência de provas;
b) Perigosidade do agente trata-se de um juízo de probabilidade de que o agente,
tendo em vista a sua conduta anti-social e anomalia psíquica – voltará a
delinquir. Pode ser presumida (quando o sujeito é inimputável) ou real (quando é
semi-imputável, dependendo de reconhecimento judicial);
c) Ausência de imputabilidade plena o imputável não pode sofrer medida de
segurança, somente pena; apenas os inimputáveis e os semi-imputáveis que
precisarem de especial tratamento preventivo sujeitam-se à medida de
segurança.

Nestes termos o CP no seu ARTIGO 76, trás as seguintes medidas de segurança:

(Medidas de segurança)

São medidas de segurança:

a) O internamento de inimputáveis;

b) O internamento em casa de trabalho ou centros penitenciários abertos;

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c) A liberdade vigiada;

d) A caução de boa conduta;

e) O tratamento ambulatório de inimputáveis;

f) A detenção.

ARTIGO 82 do CP (Aplicação de medidas de segurança)

1. São ainda aplicáveis medidas de segurança:

a) Aos indivíduos suspeitos de adquirirem usualmente ou servirem de intermediários na


aquisição ou venda de objectos furtados, ou produto de crimes, ainda que não tenham
sido condenados por receptadores, se não tiverem cumprido as determinações legais
receptadores;

b) A todos os que tiverem sido condenados por crimes de associação para delinquir ou
por crime cometido por associação para delinquir, quadrilha ou bando organizado.

2. O internamento, nos termos da alínea b) do artigo 76, só poderá ter lugar pela
primeira vez quanto aos indivíduos indicados na alínea b) do n.º 1 do presente artigo.

3. Aos indivíduos indicados na alínea a) do n.º 1 do presente artigo será imposta, pela
primeira vez, a caução de boa conduta ou a liberdade vigiada e, pela segunda, a
liberdade vigiada com caução elevada ao dobro, ou o internamento.

4. Os delinquentes que forem alcoólicos habituais e predispostos pelo alcoolismo para a


prática de crimes, ou abusem de estupefacientes, poderão cumprir a pena em que
tiverem sido condenados e ser internados após esse cumprimento em estabelecimento
especial, em prisão-asilo ou em casa de trabalho ou centros penitenciários abertos por
período de seis meses a três anos.

5. O internamento só pode ser ordenado na sentença que tiver condenado o delinquente.

6. Em relação aos estrangeiros, as medidas de segurança poderão ser substituídas pela


expulsão do território nacional.

7. A aplicação de medidas de segurança que não devam ser impostas em processo penal
conjuntamente com a pena aplicável a qualquer crime ou em consequência de

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inimputabilidade do delinquente, e bem assim a prorrogação e substituição de medidas
de segurança, tem lugar em processo de segurança ou complementar, nos termos da
respectiva legislação processual.

ARTIGO 83

(Alteração do estado de perigosidade)

A alteração do estado de perigosidade, determinante da prorrogação das penas ou da


aplicação de medidas de segurança, tem por efeito a substituição dessas penas ou
medidas de segurança por outras correspondentes à natureza da alteração, nos termos
seguintes:
a) Poderá ser substituída a prorrogação da pena aos delinquentes de difícil
correcção pela prorrogação da pena como anormais perigosos, bem como a
prorrogação da pena de anormais perigosos pela prorrogação da pena como
delinquentes de difícil anterior dos reclusos ou por se demonstrar praticamente
determinado;
b) Pode ser aplicada a medida de segurança da alínea a) do artigo 76 aos
delinquentes a quem tenha sobrevindo anomalia mental durante a execução da
pena, ou aos delinquentes anormais perigosos, nos termos da parte
c) A prorrogação das penas aplicadas a delinquentes de difícil correcção ou
anormais perigosos poderá, nos casos que especialmente o justifiquem, ser
substituída por qualquer das medidas de segurança previstas no artigo 76;
d) As medidas de segurança não privativas de liberdade podem ser reduzidas na sua
duração quando tal redução se mostre conveniente para a readaptação social do
pela sentença condenatória;
e) Poderão, em geral, as medidas de segurança mais graves ser substituídas,
durante a execução, por medidas de segurança menos graves, que se mostrarem
adequadas à readaptação social dos delinquentes.

Texto de apoio elaborado por: Msc Necas Julião Manhice Pá gina 4

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