Ética No Trabalho Psicopedagógico
Ética No Trabalho Psicopedagógico
Ética No Trabalho Psicopedagógico
8.3 Casa, árvore e pessoa – Htp (house, tree and person) ...................... 25
2
8.5 Jogo Psicopedagógico ....................................................................... 26
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 42
3
1 PSICOPEDAGOGIA: PROCESSO HISTÓRICO, AMBIENTES E TÉCNICAS DE
ATUAÇÃO
Fonte: msalx.revistaescola.abril.com.br
5
O curso na Faculdade de Psicopedagogia, segundo a autora, passou por três
momentos no que diz respeito ao plano de estudo. Primeiramente em 1956, 1958 e
1961 o curso apresentava destaque na formação filosófica e psicológica, com funda-
mentos biológicos. Em 1963, 1964 e 1969 enfatizou a influência da Psicologia Expe-
rimental, com uma formação instrumental, aumentando a duração do curso de três
para quatro anos. Em 1978 criou-se a licenciatura, valorizando a atuação clínica do
profissional, o que prolongou o curso para cinco anos.
Foram criados os Centros de Saúde Mental em Buenos Aires, na década de
70, onde os psicopedagogos realizavam diagnósticos e tratamento. Foi identificado
que os após o tratamento os pacientes já não possuíam mais os problemas de apren-
dizagem, porém ocorreu um deslocamento de sintoma, sendo que após o período
apresentaram outros distúrbios de personalidade. Assim, os psicopedagogos argenti-
nos passaram a incluir a Psicanálise em sua prática, incluindo o olhar e a escuta clí-
nica em seu trabalho.
Fonte: msalx.revistaescola.abril.com.br
6
Entretanto, para Feitosa, Prette e Matos (2007), o termo distúrbios de apren-
dizagem pode ser empregado apenas em alguns casos mais severos, em que há no-
tável comprometimento neurológico, como por exemplo, lesão cerebral por trauma-
tismo.
É importante ressaltar que inicialmente os problemas de aprendizagem foram
estudados e tratados pela medicina, e ainda recentemente os médicos são os primei-
ros profissionais a serem procurados em casos de aprendizagem.
Fonte;www.bahiana.edu.br
7
Atualmente há uma maior preocupação com a Psicopedagogia em seu as-
pecto preventivo, que está diretamente relacionado com a Escola. Inicialmente seu
maior foco era na questão clínica.
Com relação ao diagnóstico psicopedagógico, na Argentina há alguns testes
que podem ser utilizados pelos psicopedagogos que aqui no Brasil não são permitidos
para uso desses profissionais, exceto se tiver formação em Psicologia. No Brasil al-
guns desses testes são usados exclusivamente pelos psicólogos, como por exemplo,
as provas de inteligência Wisc.
Fonte:static.wixstatic.com
8
convênios de assistência médica e sistemas públicos de saúde e educação” (ABPP,
[20--]).
Entretanto, para Sass (2003) os problemas que envolvem a Educação não
podem ser resolvidos apenas com a regulamentação da profissão do psicopedagogo.
Para o autor,
Fonte: www.see.ac.gov.br
9
Ainda nesse aspecto, Martins e Figueiredo (2011), afirmam que em geral
pode-se ouvir nas escolas a utilização dos alunos como estratégia de responsabili-
dade por seu fracasso escolar.
10
Fonte:www.guamareemdia.com
11
Fonte:www.riobranco.org.br
14
3 TRABALHO CLÍNICO
15
Nesse aspecto, a tendência é enxergar a dificuldade de aprendizagem como uma re-
percussão de outro problema na dimensão afetiva da criança, que reflete na esfera
intelectual. Deste modo há a hipótese de que “tratando-se os aspectos afetivos da
criança, ocorrerá uma repercussão nos aspectos cognitivos, o que nem sempre ocorre
a curto prazo” (SOUZA, 2000, p. 124).
Conforme a autora, primeiramente o tratamento provoca uma desorganização
geral da criança, e posteriormente promove melhoras. No atendimento clínico é im-
portante que haja um trabalho multidisciplinar para a realização do diagnóstico para
que ocorra uma intervenção adequada ao problema da criança. É interessante que se
tenha a possibilidade de discussão dos atendimentos com outros profissionais, pois
isso permitirá melhor esclarecimento das ideias bem como a ampliação das alternati-
vas de atividades a serem desenvolvidas (SOUZA, 2000).
Segundo Rubinstein (2000), o trabalho de um psicopedagogo é como o de um
“detetive”, pois busca pistas, e as seleciona, podendo as mesmas ser falsas ou até
irrelevantes. Entretanto, a meta fundamental é investigar o processo todo da aprendi-
zagem, considerando todos os fatores que o envolve para entender como a dificuldade
de aprendizagem se constitui.
Assim, o psicopedagogo realizará sua atuação a fim de levantar hipóteses
para a elaboração de um diagnóstico. Para isso, conforme Rubinstein (2000) o profis-
sional pode utilizar alguns instrumentos como entrevistas com a família e com o pró-
prio sujeito, contato com a escola e com outros profissionais, e uma devolutiva.
16
Procura-se observar através de suas falas se os pais acreditam que exista
alguma limitação na criança ou se acreditam que o filho seja capaz de aprender; qual
o significado do sintoma para a família; o que eles esperam com a intervenção do
terapeuta, sendo que alguns pais desejam saber se o filho pode aprender ou se ele
não o quer; observar o relacionamento dos pais entre si, bem como sua relação com
o filho.
Já no segundo momento da entrevista, será realizada uma busca de informa-
ções que possam levar à compreensão do problema de aprendizagem. Tais informa-
ções sobre a vida do sujeito buscam conhecer desde as aprendizagens mais preco-
ces, como o controle dos esfíncteres, por exemplo, até as mais formais acadêmicas.
Além disso, devem-se pesquisar os aspectos relacionados a doenças, desenvolvi-
mento, interesse pelo conhecimento, escolaridade, traumas, entre outros (RUBINS-
TEIN, 2000).
4.4 Devolutiva
5 TRABALHO INSTITUCIONAL
18
espaço físico e psíquico da aprendizagem. Nesse aspecto são analisados os proces-
sos didático-metodológicos bem como a dinâmica da instituição. Vale ressaltar que a
atuação em instituições não se restringe apenas em escolas, mas pode ocorrer em
hospitais e empresas. Além disso, essa atuação tem um caráter clínico, pois realiza
um diagnóstico institucional e propõe intervenções pertinentes, ou seja, requer a in-
vestigação e a intervenção (características da abordagem clínica).
Na atuação do psicopedagogo em escolas entende-se que o profissional deve
19
O trabalho preventivo é um dos focos da Psicopedagogia. Bossa (2000) des-
taca três níveis de prevenção. No primeiro nível, o objetivo principal consiste em dimi-
nuir os problemas de aprendizagem, evitando que se multipliquem, o que envolve
questões didático-metodológicas, formação e orientação aos docentes, bem como o
aconselhamento aos pais. O segundo nível tem por objetivo a diminuição e tratamento
dos problemas instalados. Para isso, é realizado um diagnóstico e a partir disso são
elaborados planos de intervenção para que os transtornos não se repitam. O terceiro
nível consiste na busca de eliminar os transtornos. Embora este nível seja realizado
através de um procedimento clínico, o caráter preventivo permanece, pois, deste
modo, ocorre a prevenção do surgimento de outros transtornos.
Para Cavicchia (2000), um dos maiores desafios do psicopedagogo na insti-
tuição é investigar, analisar e colocar em prática as novas propostas para que os edu-
cadores possam estabelecer relações mais maduras e conscientes com os alunos e
com a equipe escolar.
A escola, segundo Soares e Sena (2012), não consegue ainda lidar com as
dificuldades de aprendizagem e ao mesmo tempo construir uma proposta de interven-
ção que supere os problemas de aprendizagem. Daí a importância de haver o Psico-
pedagogo Institucional, que irá analisar, identificar os problemas e tentar solucioná-
los. Seu papel consiste em “refletir sobre as ações pedagógicas e suas interferências
no processo de aprendizagem do aluno” (SOARES; SENA, 2012, p. 5).
Fini (2000) aponta que cabe ao professor estar atento para avaliar sua atua-
ção quando um grupo de alunos comete o mesmo tipo de erro ou até quando apenas
um ou dois alunos apresentam dificuldades.
Nesse sentido, o professor deve analisar cada criança de forma individual, a
fim de adequar os conteúdos segundo a necessidade de cada aluno. O aluno pode
ser considerado como quem apresenta dificuldade de aprendizagem, mas muitas ve-
zes o que não permite que ele aprenda é o modo pelo qual o professor ensina. O
professor precisa ter consciência de que, às vezes, sua prática não está adequada,
ou seja, não está atingindo o aluno como deveria, o que requer mudanças nas estra-
tégias de ensino do professor (SOARES; SENA, 2012).
Assim, a Psicopedagogia dedica-se
21
Esta avaliação leva em conta o desempenho da criança na realização de
modo qualitativo, considerando os fatores emocionais que podem alterar sua execu-
ção.
22
A observação de tais aspectos conduz ao “primeiro sistema de hipótese, o
qual estará formado pelos sintomas (com seus indicadores) e certas ideias de quais
são as causas atuais que o provocam” (VISCA, 1987, p. 74).
Além disso, segundo Bossa (2000), o psicopedagogo pode observar os ca-
dernos e informes da escola em relação ao aluno, sendo possível conhecer sua situ-
ação de escolaridade, bem como perceber e avaliar também a postura da família e
sua participação no processo de aprendizagem.
23
7 TESTE DE APERCEPÇÃO INFANTIL – CAT (CHILDREN APPERCEPTION
TEST)
24
8.1 Desenho da Família
Este é um teste de fácil aplicação: pede-se que o sujeito desenhe uma família.
Para interpretá-lo é necessário conhecer as leis da projeção, pois “através desse de-
senho se pode apreciar a percepção que o sujeito tem de si mesmo em relação aos
outros no núcleo familiar” (BOSSA, 2000, p. 46).
Nesta prova se revelam dois tipos de conflito que predominam na infância:
rivalidade entre irmãos e conflitos edípicos.
A partir deste desenho é possível observar qual a imagem corporal que o su-
jeito tem de si. Primeiramente pede-se que ele desenhe uma pessoa e em seguida
que desenhe outra do sexo oposto ao desenhado anteriormente.
Observa-se, por exemplo, o tamanho dos desenhos, posição na página, gra-
fismo, uso de roupas, posição dos braços, tratamento dado ao fundo e ao chão
(ANASTASI, 1977, p. 609, apud BOSSA, 2000, p. 46). Também podem ser analisados
o uso de detalhes nas roupas, retoques, correções, entre outros.
Esse teste foi criado por John N. Buck, em 1948, a fim de compreender as-
pectos da personalidade do sujeito e seu modo de interagir com o ambiente e com
outras pessoas. É indicado para maiores de oito anos de idade e propõe que o sujeito
faça os três desenhos sequenciais – casa, árvore, e pessoa – que devem ser dese-
nhados em folhas separadas, com o uso de um lápis e borracha (BORSA, 2010). É
mais utilizado por psicólogos.
Vale ressaltar que a aplicação do teste exige um bom conhecimento técnico
e teórico do profissional, e a sua interpretação se dá nos aspectos de proporção, de-
talhes, qualidade da linha, utilização das cores, entre outros.
25
desenho. Além disso, oferece um protocolo com uma lista de conceitos inter-
pretativos para cada desenho, associados a possíveis características psico-
patológicas da personalidade (BORSA, 2010, p. 151).
Esses testes são utilizados para indicar como o sujeito compõe suas funções
motoras. Para avaliar a estruturação temporal, segundo Bossa (2000), são utilizadas
as Provas de Estruturas Rítmicas, que foram elaboradas por Stambak enquanto in-
vestigava sobre dislexia.
Essas provas se dividem em três itens: Tempo Espontâneo, que analisa o
desempenho do sujeito em uma atividade motora simples; Reprodução de Estruturas
Rítmicas, na qual em uma dificuldade crescente é avaliada a capacidade de apreen-
são imediata de estruturas organizadas; Compreensão do Simbolismo das Estruturas
Rítmicas e Sua Reprodução, em que “se avalia as relações entre a possibilidade de
compreensão de um simbolismo (função intelectual) e a reprodução da estrutura rít-
mica no plano perceptivo-motor” (BOSSA, 2000, p. 47).
Jogar não significa apenas uma simples brincadeira sem sentido, pelo contrá-
rio, trata-se de um momento muito importante na vida das crianças. O jogo torna-se
um auxílio psicopedagógico, auxiliando no desenvolvimento do relacionamento em
grupo e da autonomia (KAAM; RUBIO, 2013; PETTY; PASSOS, 2000).
Conforme apontam Petty e Passos (2000), a criança pode brincar livremente
até o momento em que ela entra na escola. Ao ingressar no primeiro ano do ensino
fundamental ela já é cobrada de alguns compromissos com os conteúdos escolares.
“Esse tom severo e pesado que a escola dá ao estudo faz com que a criança encare
o conhecimento dos adultos como algo muito difícil, complicado, quase inatingível”
(PETTY; PASSOS, 2000, p. 163).
De acordo com Kaam e Rubio (2013), o jogo proporciona a oportunidade de
o aluno buscar e verificar os resultados, raciocinar sobre o conteúdo, colocando-o em
um momento lúdico e preparando-o para a solução de problemas cotidianos. Para as
autoras,
26
A educação lúdica contribui para o desenvolvimento da criança, na qual a par-
ticipação educacional promove a criatividade e interação, valorizando a linguagem
oral. Dessa forma, os jogos intelectuais como o quebra-cabeça, jogo da memória,
amarelinha não podem ser descartados no âmbito escolar, pois esses jogos auxiliam
no desenvolvimento e na alfabetização do infante (KAAM; RUBIO, 2013, p. 7).
Cabe ao profissional investigar o modo que a criança pensa, para que possa
ajudá-la na compreensão dos conteúdos escolares e superar as dificuldades. Para
que isso ocorra de modo eficaz, é importante que a proposta do jogo esteja de acordo
com a capacidade da criança, ou seja, nem muito além nem muito aquém de seus
limites, para que não fique desinteressante nem se torne uma obrigação (PETTY;
PASSOS, 2000).
De acordo com Kaam e Rubio (2013), o jogo pode auxiliar na diminuição da
ansiedade, ajudando a criança a perceber a importância do tempo para realizar uma
determinada tarefa ou quando o educador mostra que o processo percorrido para ob-
ter o resultado também é importante, e não apenas o resultado em si.
Através de atividades lúdicas a criança pode ter mais liberdade para criar e
construir seu conhecimento, desenvolvendo assim suas habilidades. Ao colocar o
aluno em tarefas que necessitam do uso de “estratégias, planejamento e exigem an-
tecipação para resolvê-las, o educador está, consequentemente estimulando o seu
raciocínio – lógico” (KAAM; RUBIO, 2013, p. 8), algo essencial para uma aprendiza-
gem significativa.
Ainda segundo as autoras, o jogo é um instrumento eficiente para o diagnós-
tico e tratamento de dificuldades de aprendizagem, pois quando o sujeito não desen-
volve sua aptidão de jogar, aponta sua dificuldade em construir seu conhecimento, e
assim requer estímulos e tempo para que proporcione sua ampliação de conheci-
mento social, afetivo, cognitivo e emocional.
O erro pode ser visto como uma possível resposta que está de acordo com o
nível de desenvolvimento no qual a criança se encontra. Os jogos possibilitam que a
criança exercite sua identificação dos erros e tente evitá-los. Assim, é interessante
que quando a criança perde, ela se sinta desafiada a jogar novamente, lembrando-se
das boas jogadas e buscando outras estratégias de vencer, eliminando as más joga-
das (PETTY; PASSOS, 2000).
27
De acordo com Bossa (2000), em uma perspectiva psicanalista, os jogos orais
como os de fazer comidinha simbolizam as possibilidades que a criança tem em dar
e receber amor. No que se refere às questões de aprendizagem, há uma relação entre
a incorporação e o processo de aprendizagem.
Conforme a autora, todos esses jogos tomados como referência ao campo da
aprendizagem dizem de como a criança aprende, que coisas aprende, qual o signifi-
cado do aprender, como ela se defende do objeto do conhecimento e que operações
mentais utiliza no jogo (BOSSA, 2000, p. 112).
Para Kaam e Rubio (2013), ao brincar a criança constrói sua aprendizagem a
partir de sua interação com o novo elemento. Assim, “o psicopedagogo proporciona o
desenvolvimento do cognitivo buscando a evolução do prazer para a aquisição de
novos saberes” (KAAM; RUBIO, 2013, p. 10).
28
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento, relaci-
onada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre os processos
de aprendizagem e as suas dificuldades.
Parágrafo 2º
A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em diferentes
âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o institucional e
o clínico.
Artigo 2º
A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza métodos, ins-
trumentos e recursos próprios para compreensão do processo de aprendizagem, ca-
bíveis na intervenção.
Artigo 3º
A atividade psicopedagógica tem como objetivos:
a) Promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão
escolar e social;
b) Compreender e propor ações frente às dificuldades de aprendizagem;
c) Realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia;
d) Mediar conflitos relacionados aos processos de aprendizagem.
Artigo 4º
O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, refletir e elaborar a
organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde no que
concerne às questões psicopedagógicas.
Capítulo II – Da formação
Artigo 5º
A formação do psicopedagogo se dá em curso de graduação e/ou em curso
de pós-graduação – especialização “lato sensu” em Psicopedagogia -, ministrados em
estabelecimentos de ensino devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos
competentes, de acordo com a legislação em vigor.
Capítulo III – Do exercício das atividades psicopedagógicas
Artigo 6º
Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais gra-
duados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização “lato sensu” - e os
profissionais com direitos adquiridos anteriormente à exigência de titulação acadêmica
29
e reconhecidos pela ABPp. É indispensável ao psicopedagogo submeter-se à super-
visão psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal.
Parágrafo 1º
O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus serviços,
deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp e os princípios deste
Código de Ética.
Parágrafo 2º
Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus res-
ponsáveis legais e o profissional, a fim de que:
a) Representem justa contribuição pelos serviços prestados, conside-
rando condições socioeconômicas da região, natureza da assistência
prestada e tempo despendido;
b) Assegurem a qualidade dos serviços prestados.
Artigo 7º
O psicopedagogo está obrigado a respeitar o sigilo profissional, protegendo a
confidencialidade dos dados obtidos em decorrência do exercício de sua atividade e
não revelando fatos que possam comprometer a intimidade das pessoas, grupos e
instituições sob seu atendimento.
Parágrafo 1º
Não se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente a especialistas
e/ou instituições, comprometidos com o atendido e/ou com o atendimento.
Parágrafo 2º
O psicopedagogo não revelará como testemunha, fatos de que tenha conhe-
cimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante
autoridade judicial.
Artigo 8º
Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, me-
diante concordância do próprio avaliado ou de seu representante legal.
Artigo 9º
Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos cujo acesso não
será franqueado a pessoas estranhas ao caso.
Artigo 10
30
O psicopedagogo procurará desenvolver e manter boas relações com os com-
ponentes de diferentes categorias profissionais, observando para esse fim, o seguinte:
a) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhe são reservadas;
b) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especiali-
zação, encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para
o atendimento.
Capítulo IV – Das responsabilidades
Artigo 11
São deveres do psicopedagogo:
a) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos
que tratem da aprendizagem humana;
b) Desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito,
pela atitude crítica e pela cooperação com outros profissionais;
a) Assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos
parâmetros da competência psicopedagógica;
b) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia;
c) Responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornece definição clara
do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de do-
cumento pertinente;
d) Preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título
de exemplos e estudos de casos;
e) Manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a harmonia
da classe e a manutenção do conceito público.
Capítulo V – Dos instrumentos
Artigo 12
São instrumentos da Psicopedagogia aqueles que servem ao seu objeto de
estudo – a aprendizagem. Sua escolha decorrerá de formação profissional e compe-
tência técnica, sendo vetado o uso de procedimentos, técnicas e recursos não reco-
nhecidos como psicopedagógicos.
Capítulo VI – Das publicações científicas
Artigo 13
Na publicação de trabalhos científicos deverão ser observadas as seguintes
normas:
31
a) as discordâncias ou críticas deverão ser dirigidas à matéria em discus-
são e não ao seu autor;
b) em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase
aos autores e seguir normas científicas vigentes de publicação. Em ne-
nhum caso o psicopedagogo se valerá da posição hierárquica para fa-
zer publicar, em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua
orientação;
c) em todo trabalho científico devem ser indicadas as referências biblio-
gráficas utilizadas, bem como esclarecidas as ideias, descobertas e as
ilustrações extraídas de cada autor, de acordo com normas e técnicas
científicas vigentes.
Capítulo VII – Da publicidade profissional
Artigo 14
Ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo com
exatidão e honestidade.
Capítulo VIII- Dos honorários
Artigo 15
O psicopedagogo, ao fixar seus honorários, deverá considerar como parâme-
tros básicos as condições socioeconômicas da região, a natureza da assistência pres-
tada e o tempo despendido.
Capítulo IX – Da observância e cumprimento do Código de Ética
Artigo 16
Cabe ao psicopedagogo cumprir este Código de Ética.
Parágrafo único
Constitui infração ética:
a) Utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua;
b) Permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas psicopedagógi-
cas;
c) Fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática psico-
pedagógica;
d) Encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si;
e) Receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por serviços
psicopedagógicos que não tenha efetivamente realizado;
32
f) Assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por tercei-
ros, ou solicitar que outros profissionais assinem seus procedimentos.
Artigo 17
Cabe ao Conselho Nacional da ABPp zelar, orientar pela fiel observância dos
princípios éticos da classe e advertir infrações se necessário.
Artigo 18
O presente Código de Ética poderá ser alterado por proposta do Conselho
Nacional da ABPp, devendo ser aprovado em Assembleia Geral.
Capítulo X – Das disposições gerais
Artigo 19
O Código de Ética tem seu cumprimento recomendado pelos Conselhos Na-
cional e Estaduais da ABPp.
O presente Código de Ética foi elaborado pelo Conselho Nacional da ABPp
do biênio 1991/1992, reformulado pelo Conselho Nacional do biênio 1995/1996, passa
por nova reformulação feita pelas Comissões de Ética triênios 2008/2010 e
2011/2013, submetida para discussão e aprovado em Assembleia Geral em 05 de
novembro de 2011.
O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assem-
bleia Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em
12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no biê-
nio 95/96 sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembleia Geral do III Congresso Bra-
sileiro de Psicopedagogia, da ABPp, da qual resultou a presente redação.
Assim sendo, o psicopedagogo deve ser um profissional que tem conheci-
mentos multidisciplinares, pois em um processo de avaliação diagnóstica, é necessá-
rio estabelecer e interpretar dados em várias áreas. O conhecimento dessas áreas
fará com que o profissional compreenda o quadro diagnóstico do aprendente e favo-
recerá a escolha da metodologia mais adequada, ou seja, o processo corretor, com
vista a superação das inadequações do aprendente.
É necessário ressaltar também que a atualização profissional é imperiosa,
uma vez que trabalhando com tantas áreas, a descoberta e a produção do conheci-
mento é bastante acelerada.
No que diz respeito à Pedagogia, a relação que se pode estabelecer com a
Psicopedagogia, é que ela representa uma das colunas de sustentação do emergente
33
campo de conhecimento, assim como igual importância, tem a Psicologia e outras
áreas de conhecimento que o permeiam.
A Psicopedagogia nasceu, especialmente, da necessidade de compreensão
e atendimento às pessoas com dificuldades e distúrbios de aprendizagem e ao longo
de sua estruturação, veio e vem adquirindo novas perspectivas.
10 COMPETÊNCIA DO PSICOPEDAGOGO
Sara Paín, utiliza também um quatérnio para explicar as vias pelas quais os
seres humanos acedem ao “Conhecimento“. Estas quatro estruturas permitirão ao
bebê captar o conhecimento, para reproduzir-se como humano, para ser. São elas:
O organismo - substrato biológico;
O corpo - lugar da identidade;
Estruturas cognitivas- inteligência
34
Estrutura simbólica - função semiótica (sinais, signos e símbolos)
35
por o sujeito nas melhores condições possíveis, a fim de que este atue e venha a se
curar.
Terapeuta é também aquele que honra, e que, portanto, é responsável por
uma ética subjacente à sua atividade. Neste sentido, os terapeutas são também filó-
sofos, porque estão sempre em busca da verdade que se encontra por detrás das
aparências. O homem é seu livro de estudos e ele ama o Homem e a sabedoria que
dele se origina. Isso pode parecer uma utopia, para muitos, mas, utopia não é o irre-
alizável, mas o irrealizado! Deste modo, podemos fazer uma leitura da descrição dos
terapeutas, como algo semelhante ao mito fundador, original, de todas as terapêuti-
cas.
A psicopedagogia é uma forma de terapia. Daí não haver a distinção, como
lembra Alícia, entre psicopedagogia institucional e clínica. Todo trabalho psi é clínico
seja realizado numa instituição ou entre as quatro paredes de um consultório. Clínica
é a nossa atitude de respeito pelas vivências do outro, de disponibilidade perante seus
sofrimentos, de olhar e de escuta além das aparências que nos são expostas.
O psicopedagogo é um terapeuta que trabalha com esta característica básica
do ser humano que é a aprendizagem
Fílon define os terapeutas como aqueles que cuidavam do corpo, das imagens
e dos arquétipos que o animam, do desejo e do Outro.
Vejamos o que eu penso que ele queria dizer com isto e como podemos es-
tabelecer uma relação deste quatérnio, com a competência do psicopedagogo:
Cuidar do corpo: não o corpo compreendido como organismo. Lembremo-
nos de Sara Pain e da distinção que ela traça entre estas duas estruturas. O corpo de
que cuidamos é aquele transversalizado pelo desejo, um corpo animado (ânima -
aquilo que anima, que dá o movimento). Não um corpo objeto, mas um corpo sujeito,
que “fala “. Cuidar do corpo é prestar atenção ao sopro que o anima e que possibilita
a aprendizagem. É preciso um movimento para que ocorra aprendizagem. Caberá ao
terapeuta a função de dialogar com este corpo, desatando os nós que se colocam
como impelidos a vida e à inteligência criativa.
Cuidar do Ser: uma escuta e um olhar dirigida para aquele que É, ou seja,
para aquilo que não se apresenta como doentio e mortal. Cuidar do ser é não estar
voltado primeiramente para a doença ou para o doente, mas para aquilo que se acha
fora do alcance da doença e que mantém o sujeito vivo. É olhar em primeiro lugar para
36
aquilo que vai bem, para o ponto de luz que pode dissipar as trevas. É cuidar no
homem aquilo que escapa ao homem, abrindo espaços para modificações, para mu-
danças, um espaço onde o homem possa se recolher e descansar, encontrando seus
próprios caminhos para aprender. Não é ensinar, é possibilitar aprendizagens.
Cuidar do desejo: uma palavra que ocorre muitas vezes na obra de Fílon é
“Equilíbrio”. Cuidar do desejo é não percorrer um caminho de excessos, mas um ca-
minho do meio. O desejo é o do Outro e o meu. No trabalho psicopedagógico não
existe professor e aluno, mas ensinante e aprendente que interagem sem possuírem
papéis fixos ou predeterminados. Não se trata de querer a todo custo fazer compre-
ender, querer que o outro compartilhe as nossas mais íntimas convicções. Isso de
nada serve e denota uma vontade de poder. Melhor é respeitar o do outro como se
respeita o seu próprio ritmo. Cuidar do desejo é atentar para as próprias necessida-
des, é procurar supervisão e terapia para a melhoria de nossa escuta e de nosso olhar,
que se direciona tanto para o outro como para nós mesmos.
Cuidar do outro: A verdade é a condição da alegria, e, por isso, é necessário,
ver com clareza. Isso supões sair das projeções, que não nos deixam ver o que é. É
preciso” por entre parêntesis”. Isso significa olhar para uma pessoa, um aconteci-
mento e não projetar sobre isto nossos temores e desejos, todas as nossas lembran-
ças. É deixar de lado o próprio ponto de vista e os seus condicionamentos, ver as
coisas a partir delas mesmas, em sua “ outridade. O olhar do terapeuta não deve ser
claro apenas no sentido de lúcido, mas também no sentido de esclarecedor. Diante
de um olhar assim, a pessoa não se sente julgada, nem menosprezada, mas aceita,
e esta aceitação é a condição necessária para que se inicie o caminho de cura. Ad-
quirir um olhar esclarecedor, para o terapeuta, é adquirir a humildade é relativizar o
“eu“.
A competência do psicopedagogo está, portanto, na difícil tarefa de pôr em
articulação teoria e prática. Não existe psicopedagogo enquanto o “fazer “ não se ini-
cia. Não existe Psicopedagogia sem a busca da verdade que está inscrita no conhe-
cimento de si e do outro e na criação de novos conhecimentos.
É necessária uma integração também entre os saberes científicos, a fim de
que a competência do psicopedagogo seja sentida: epistemológico - especificidades
dos conhecimentos saberes científicos: metodológico -encontrar respostas pessoais
aos conhecimentos em questão pedagógico - transmissão dos conhecimentos.
37
Escolher a psicopedagogia como terapia, fazer-se terapeuta é assumir a res-
ponsabilidade por uma formação contínua e cada vez mais aprofundada nas questões
humanas, é assumir a responsabilidade por uma atividade que implica um saber in-
terdisciplinar e eclético, sem sectarismos de qualquer espécie, é estar aberto para as
mudanças.
11 PROJETO LEI
O Psicopedagogo:
Possibilita intervenção visando à solução dos problemas de aprendi-
zagem tendo como enfoque o aprendiz ou a instituição no ensino pú-
blico ou privado.
Realiza o diagnóstico e intervenção psicopedagógica, utilizando méto-
dos, instrumentos e técnicas próprias da Psicopedagogia;
Atua na prevenção dos problemas de aprendizagem
Desenvolve pesquisas e estudos científicos relacionados ao processo
de aprendizagem e seus problemas;
Oferece assessoria psicopedagógica aos trabalhos realizados em es-
paços institucionais, inclusive no ensino superior;
Orienta, coordena e supervisiona cursos de especialização de psico-
pedagogia, em nível de pós-graduação, expedidos por instituições ou
escolas devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da le-
gislação vigente.
38
12 O QUE O PSICOPEDAGOGO OBSERVA NO INDIVÍDUO
39
13 A REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EM PSICOPEDAGO-
GIA1
2 Este texto foi originalmente escrito pelo Conselho Nacional da Associação Brasileira de Psi-
copedagogia, em setembro/1997. Foi revisado pela Comissão de Divulgação, triênio 2002/2004, em
agosto/2002.
Reformulado pela Comissão de Formação e Regulamentação,
triênio 2014/2016, em março/2016.
41
BIBLIOGRAFIA
PETTY, A. L.; PASSOS, N. C. Algumas reflexões sobre jogos de regras. In: SISTO,
F. F. et al. (Org.). Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. 5. ed. Petrópolis:
Vozes, 2000. Cap. 7, p. 127-139.
43