Estudo Mulheres Empreendedoras
Estudo Mulheres Empreendedoras
Estudo Mulheres Empreendedoras
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Sumário
1. Introdução 2
2. Estrutura do estudo 5
6. Referências 19
7. Informações 20
1. Introdução
Motivação e escopo
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Estrutura do estudo
A análise do financiamento para mulheres empreendedoras pode ser efetuada a
partir de duas dimensões:
Acesso a crédito
Na dimensão qualitativa, temos várias pesquisas que abordam o tema, utilizando perguntas
similares para homens e mulheres que empreendem.
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EM RELAÇÃO A CRÉDITO MULHERES GERAL
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Reprodução de gráficos da página 92 e 93 do Relatório de Cidadania Financeira
PARA REFLETIR
Os dados indicam que a disparidade por gênero se torna
significativa em maiores faixas de renda e no total da
carteira de crédito.
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"As instituições financeiras e os
bancos não precisam
necessariamente mudar seus
produtos para atender melhor as
" Pesquisas mostram que as mulheres; o que precisam é mudar
mulheres são clientes leais e que a formar de fazer esses produtos
precisam de informações completas chegarem até as mulheres através
para decidir tomar crédito para seus de uma abordagem comercial
negócios. A construção de diferenciada que considere o ciclo
estratégias apropriadas para o de vida da mulher, sua dupla
atendimento e apoio a mulheres jornada, suas características, e que
empreendedoras representa uma inclui escuta ativa, venda
enorme oportunidade para as consultiva e apoio técnico ao
instituições financeiras." negócio dela por parte dos bancos.
Consequentemente, as mulheres
Jimena Serrano Pardo, Oficial de se sentirão mais empoderadas para
Gênero, Diversidad e Inclusión – buscar e negociar o crédito que
IDB Invest elas precisam, e por sua vez, o
crédito concedido se tornará mais
impactante e transformador para as
empreendedoras e seus negócios.
Isso é chave para aumentar a
concessão de crédito para
empresas lideradas por mulheres."
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Além dos objetivos próprios deste estudo, o mapa é uma ferramenta de apoio às
empreendedoras, facilitando a busca de capital ao dar visibilidade e apresentar
diferentes possibilidades por estágio e geografia. Capital para mulheres em
vulnerabilidade é distinto de capital para startups, e um negócio presente na região
norte dificilmente conseguirá crédito de uma instituição que só está presente na Região
Sul, por exemplo.
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Os critérios para inclusão de um projeto no mapa foram:
O mapa não pode ser considerado uma listagem completa de opções de acesso a
capital, nem uma validação ou recomendação de qualquer programa, visto que não
foram efetuadas avaliações de qualidade ou pertinência deles. Deve ser considerado um
levantamento exploratório, a ser complementado.
Onde estão?
As 44 organizações listadas no mapa encontram-se em 16 estados brasileiros,
abarcando todas as regiões do país.
A única região que tem iniciativas em todos os seus Estados é o Sudeste. A cobertura
das demais regiões encontra-se entre 67% na região Sul e 43% na região Norte.
Os estados sem organizações listadas são Acre, Amapá, Bahia, Maranhão, Mato Grosso
do Sul, Pará, Rio Grande do Norte, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe, além do Distrito
Federal.
Centro-Oeste
4%
Norte
13% Nordeste
26%
PRESENÇA
EM TODOS
OS ESTADOS?
Sudeste
35%
Sul
12%
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Quais os tipos de organizações?
Entre as iniciativas levantadas, temos 24 lideradas por organizações públicas e 20 por
organizações privadas.
A grande maioria das iniciativas tem como foco a concessão de crédito, com apenas
14% oferecendo capital via participação acionária nas empresas investidas e 7%
oferecem fundos não reembolsáveis para mulheres empreendedoras.
Capital de fomento 1
Cartão de crédito 0
Crowdfunding 1
Edital 2
Emprestimo/financiamento 26
Incubadoras e aceleradoras 0
Microcrédito 9
Crédito Pessoal 0
Venture Capital 5
Em que estágio?
A categorização do estágio ou porte das empresas atendidas pelas iniciativas é
desafiadora, visto que os critérios de participação nos programas não seguem
exatamente a classificação em microempresa, empresa de pequeno médio ou grande
porte.
De toda forma, vemos que uma parte expressiva das iniciativas se descreve como
operações de microcrédito, com valores de empréstimo entre R$ 1 mil e R$ 25 mil.
Informal
2%
Média Empresa
5%
Microempresa
Pequena 59%
Empresa
34%
Grande Empresa 0%
Startup 0%
ESTÁGIO / PORTE
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A participação por porte de empresa, na carteira de empréstimos para Pessoa Jurídica no
Brasil, traz uma distribuição distinta da que vemos em nosso levantamento de produtos
direcionados para empreendedoras.
Embora nosso estudo não seja exaustivo, vemos uma desproporção significativa, com mais de
60% das iniciativas mapeadas sendo destinadas ao microcrédito.
iniciativas
BR - Movimento Black Money BR - Fundo Dona de Mim
Nordeste - CrediAmigo Delas BR - Sicredi Campos Gerais
exclusivas
PB - Empreender Mulher RS - Microcrédito Mulher
PE - Instituto Banco Palmas PR - Banco da Mulher Paranaense
PE - Linha de credito no ambito do Retomada
PI - Fomento Mulher para mulheres MT - Desenvolve MT - Mulher Empreendedora
CE - Mulher empreendedora - Fortaleza
Sul - BRDE Empreendedoras do Sul MG - Empreendedoras de Minas
RS - Mulheres Empreendedoras
PR - Banco da Mulher Paranaense
SP - Accredito
SP - Empreenda Mulher Investimento Anjo
SP - Banco do Povo (SP) e Venture Capital
RJ - Elas em foco
ES - Linha de Crédito para Mulheres BR - Black Win
MG - Empreendedoras de Minas BR - Sororité
AM - Credito Rosa BR - We Impact
RR - Potencializando mulheres BR - We Ventures
TO - Mulher FomenTO BR - EquWOW Ventures
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O Banco Perola é uma associação de crédito que leva recursos para pessoas com
dificuldade de acesso a capital, no sistema financeiro tradicional, e queiram montar seu
negócio. Criado em 2009 por Alessandra França como um negócio social, inclui apoio e
educação financeira para que a captação e uso de recursos pelos empreendedores seja
mais eficaz e sustentável. O Perola opera diferentes instrumentos de crédito, a maioria
sem distinção de gênero entre os empreendedores. Em 2020, começou a gerir o Dona
de Mim, um fundo de crédito idealizado por mulheres do Grupo Mulheres do Brasil com
o objetivo único de impulsionar microempreendedoras individuais (MEI) especialmente
impactadas pela crise econômica e social provocada pela pandemia do vírus covid-19.
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Embora ainda seja prematuro efetuar uma análise estatística de resultados e indicadores
entre os fundos gerais e o fundo específico para mulheres, a soma dos dois anos de
operação do Dona de Mim aliados aos quase quinze anos operando com microcrédito
para empreendedores traz uma série de percepções em relação a diferenças entre
homens e mulheres na lida com a tomada de crédito.
Iniciativas como o Fundo Dona de Mim tendem a mitigar esses problemas, apoiando em
todo o processo, mas trazendo com isso um custo de operação maior. Outra percepção
na operação do Perola é que, quanto maior e mais estruturado é o instrumento de
crédito, mais este é buscado e obtido por homens.
O Estímulo 2020 é um fundo social que oferece apoio financeiro e capacitação para
pequenos empreendedores. Também nasceu durante a pandemia do covid, em maio de
2020, e, assim como o Fundo Dona de Mim, se mantem ativo e com o propósito de
perenidade como opção de crédito para negócios. A oferta é efetuada indistintamente
para empreendedores e empreendedoras, possibilitando a análise de comportamentos
de tomada de crédito e da jornada da empresa pós-acesso ao capital segregadas por
gênero ao longo dos próximos anos. Mais de 53% das empresas impactadas pelo
Estímulo tem participação feminina, com quase 23% sendo exclusivamente lideradas por
empreendedoras. O que já aparece é uma diferença na taxa de inadimplência menor
entre as mulheres, em média 7,4% para homens e 6% para empresas com participação
feminina, em todos os perfis de crédito medidos por score. Por outro lado, a solicitação
de crédito é desproporcionalmente efetuada por homens, com as mulheres liderando
40% dos pedidos quando temos 53% das empresas com participação feminina.
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Falta de garantias financeiras - muitas mulheres são responsáveis pela gestão
financeira da família, mas não tem propriedade de ativos que possam ser usados
como garantia para um empréstimo;
Estes pontos são consistentes com as barreiras mapeadas por Auguste e Galetto, e
citadas no estudo Caracterização das MPMEs brasileiras e os entraves do acesso ao
crédito sob a perspectiva de gênero (BID, pg 37)
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Potenciais soluções
– recomendações
Os desafios para destravar o acesso a capital para mulheres são diversos. Existem
fatores institucionais, econômico-financeiros e psicológicos-sociais que precisam ser
endereçados. Diferentes momentos na jornada empreendedora demandam ênfases
distintos. Enquanto, mulheres de baixa renda ou da base da pirâmide precisam de
inclusão digital e financeira e orientação básica relativa à organização de seus negócios,
mulheres empreendedoras com negócios em crescimento podem se beneficiar de
modelos de score atualizados e que incluam novas dimensões comportamentais de
análise.
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ORGANIZAÇÕES DE FOMENTO E GOVERNOS
- USO DE CAPITAL CATALÍTICO OU FILANTROPICO:
Investimento com capital catalítico ou filantrópico em organizações da sociedade civil,
que tenham como foco a capacitação financeira e em negócios para mulheres, quando
associadas a concessão de crédito ou financiamento para mulheres em situação de
vulnerabilidade social, da base da pirâmide e em estágio inicial como empreendedoras.
A inserção de programas de apoio e capacitação diretamente no custo das
organizações financeiras não é viável e poderia levar a um aumento de taxa de juros ou
outros custos repassados diretamente as empreendedoras.
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Um dos grandes desafios das mulheres empreendedoras é acesso a capital /
recursos financeiros o que muitas vezes é questão de vida ou morte para os
negócios. Ter um estudo como este que mostra as barreiras culturais, sociais e
sistêmicas é fundamental para mudarmos esta realidade . Importante destacar
que as mulheres já representam metade dos pequenos negócios no Brasil e são
uma força econômica e social importante, as pesquisas mostram que quando
uma mulher dá certo, ela investe em melhorar o bem estar da família, a
educação dos filhos e criam um ciclo positivo no entorno onde elas vivem.
"Se ter o seu próprio negócio não é tarefa fácil para ninguém, quando se é
mulher os desafios são ainda maiores. Para muitas mulheres, empreender é
autonomia e liberdade. Uma jornada que vai além dos ganhos financeiros. No
Brasil, o segmento bancário oferece serviços de baixa qualidade e custos
muito elevados, e isso acaba prejudicando ainda mais as mulheres, que já não
são priorizadas em políticas públicas. Ao apoiar este estudo da Rede Mulher
Empreendedora, a Cora busca compreender o caminho que as
empreendedoras brasileiras enfrentam à frente de seus negócios e reforça seu
compromisso em simplificar a vida financeira e ser a parceira de gestão das
PMEs."
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Referências
Gestão e desafios das mulheres empreendedoras, Sistema CNDL e Sebrae, 2022
Rodrigo Pereira Porto, Karina Azar Barros, Flávia Carvalho de Moraes e Silva, Luciana
Portilho, Caracterização das MPMEs brasileiras e os entraves do acesso ao crédito sob a
perspectiva de gênero, BID 2022
Hal Salzman, Signe-Mary McKernan, Nancy Pindus and Rosa Maria Castañeda, Capital
Access for Women: Profile and Analysis of U.S. Best Practice Programs, THE URBAN
INSTITUTE, 2006
BRAZIL GENDER ENTREPRENEURSHIP AND INVESTMENT REPORT, Girls who venture, 2018
Michael S. Barr, Minority and Women Entrepreneurs:Building Capital, Networks, and Skills,
2015
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Informações
Maria Rita Spina Bueno
Atua em Conselhos de Organizações ligadas ao ecossistema empreendedor, como Anjos
do Brasil, Artemísia e Rede Mulher Empreendedora. Profundamente conectada aos temas
de Diversidade e Investimento de Impacto, fundou em 2013 o MIA – Mulheres Investidoras
Anjo, movimento no qual promove a maior participação feminina no investimento em
startups. É cofundadora e Conselheira do Dínamo, movimento que atua na formulação de
políticas públicas para empreendedorismo e investimento em startups, além de participar
de diversos Comitês governamentais ligados ao tema. Ministra cursos de investimento e
inovação na pós-graduação da FGV e é membro da Comissão de Startups do IBGC.
Graduada e Mestre em filosofia pela FFLCH-USP, Maria Rita possui mais de 35 anos de
anos de experiência profissional, com sua carreira tendo sido construída nas áreas de
finanças e operações de empresas familiares e como Diretora Executiva da Anjos do Brasil
por 11 anos.
Sobre a RME
Primeira e maior rede de apoio a empreendedoras do Brasil, a Rede Mulher
Empreendedora – RME existe desde 2010 e já impactou mais de 10 milhões de pessoas.
Criada pela empreendedora social, Ana Fontes, visa apoiar as mulheres na busca por
autonomia econômica e geração de renda, por meio de capacitações, conteúdo
qualificado, conexões, mentorias, acesso ao mercado via marketplace, programas de
aceleração e acesso a capital.
A RME promove eventos anuais como a Mansão das Empreendedoras e o Fórum RME;
eventos mensais como Café com Empreendedoras e Mentorias; também conta com um
programa de aceleração, o RME Acelera, cursos intensivos para quem quer empreender,
trilhas de conhecimento online e o programa RME Conecta, que faz a ponte entre negócios
de mulheres com grandes empresas para negociação e fornecimento B2B. Em 2017, Ana
Fontes resolveu ampliar seus objetivos e criou o Instituto Rede Mulher Empreendedora,
focado na capacitação de mulheres em situação de vulnerabilidade.
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Sobre a Cora
A fintech, que hoje já conta com mais de 950 mil clientes em todos os estados do Brasil, foi
criada em 2019 e é uma instituição financeira registrada pelo Banco Central do Brasil sob o
número 403. A Cora conta com a participação e apoio de alguns dos mais importantes
fundos de investimento em empresas de tecnologia do país e do mundo, incluindo Kaszek,
Ribbit Capital, GreenOaks, Tiger Global, QED e Tencent.
Eixos de Atuação: Geração de Renda: Estudar cada vez mais como podemos contribuir
para a geração de renda para mulheres no Brasil; Empreendedorismo Feminino: Realizar
pesquisas que tragam informações sobre a situação das mulheres que lideram seus
negócios; Direito das Mulheres: Acompanhar e dar visibilidade aos direitos e garantias
respaldados por lei.
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Elaboração: Maria Rita Spina Bueno
Colaboração: Ana Fonte e Célia Kano
Produção gráfica: Debora Oliveira
Realização: Apoio:
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