Maquiavel
Maquiavel
Maquiavel
Capítulos do livro
1. De quantas espécies são os
principados e como são adquiridos
2. Os principados hereditários
3. Os principados mistos
4. A razão pela qual o reino de Dario
III, ocupado por Alexandre, não se
rebelou contra seus sucessores
após a morte deste
5. De que modo devem-se governar as
cidades ou os principados que,
antes da conquista, possuíam leis
próprias
6. Os principados conquistados com
as próprias armas e qualidades
pessoais
7. Os principados novos conquistados
com as armas e virtudes de outrem
8. Dos que conquistaram o principado
através do crime
9. O principado civil
10. Como medir as forças de todos os
principados
11. Os principados eclesiásticos
12. Os tipos de milícias e os soldados
mercenários
13. Os exércitos auxiliares, mistos e
próprios
14. Os deveres do príncipe com suas
tropas
15. As qualidades pelas quais os
homens, sobretudo os príncipes,
são louvados ou vituperados
16. A generosidade e a parcimônia
17. A crueldade e a clemência: se é
melhor ser amado do que temido,
ou o contrário
18. Os príncipes e a palavra dada
19. Como evitar o desprezo e o ódio
20. Se as fortalezas e muitas outras
coisas cotidianas usadas pelos
príncipes sejam úteis ou inúteis
21. Como um príncipe deve agir para
ser estimado
22. Dos secretários que acompanham o
príncipe
23. Como evitar os aduladores
24. Porque os príncipes da Itália
perderam seus Estados.
25. Quanto pode a fortuna influenciar
as coisas humanas e como se pode
resistir a ela.
26. Exortação para retomar a Itália e
libertá-la dos bárbaros
Síntese
Entre 1502 e 1503, Maquiavel exerceu o
cargo de embaixador junto a César
Bórgia, estadista sem escrúpulos e
capitão das forças dos Estados
Pontifícios. Dominava o governo papal e
usava todos os meios para conquistar
novas terras e estender o domínio da
família Bórgia na Itália. Os cinco meses
como embaixador junto a César Bórgia o
encheu de admiração.
A virtude política no
Príncipe
Para compreender a forma com que
Nicolau Maquiavel trabalha com o
conceito de virtù, e a sua relação com a
vida política, é necessário compreender
primeiro o que ela não é, de acordo com
a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos,
embebidos de uma tradição clássica,
como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se
dissociava, também, de uma
preconceção política: A necessidade
(daquele que deseja possuir essa arte)
ser "virtuoso", podendo entender o
"virtuoso" como àquele que se esforça
para atingir o grau mais alto de
excelência de acordo com os padrões
defendidos pela tradição humanista: um
bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é
defendida uma educação correta para os
príncipes, e que a prática continua da
virtú colocaria o homem a caminho da
sabedoria.[4] Durante o Renascimento,
essa tradição era perpetuada por meio
dos autores espelhos, isto é, autores que,
através dos estudos humanistas,
resgatavam o ideal clássico da arte de
governar, com isso resgatando, também,
um ideal de virtude – onde essa seria o
fundamento político de todo e qualquer
governo.[5] Tais autores escreviam livros
que aconselhavam os governantes a
seguirem um modelo paradigmático,
onde a conceção da virtude moral não se
dissociava da virtude política para o
exercício da arte de governar. Todavia, a
postura de Maquiavel não somente
configura um marco, por se distanciar
dessa tradição (e ao mesmo tempo
criticá-la), mas por dar luz a uma nova
compreensão a respeito da virtude
política. Maquiavel tratará do paradoxo
do governante que pretende manter o
poder: Como manter sempre uma auto-
imagem virtuosa, ou agir sempre
virtuosamente, ao passo que, agir,
sempre de forma virtuosa, pode vir a
prejudicar à manutenção do poder? Em
outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se
em ser virtuoso e, concomitantemente,
tendo em vista se manter no poder?
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a
dissociação dicotômica da virtù política
em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de
virtudes moralmente dignificantes, para o
exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspetiva se dilui. Isso se
dá pois o homem está inserido em uma
ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o
microcosmo de uma parte do todo, onde
a natureza rege, ou controla, essa ordem
a qual ele mesmo não criou, mas que, de
algum modo, o modela.[6]
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de
governo: o Principado (governado por
somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa).
Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase
que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro
capítulo da obra, no qual também são
apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes
novamente divididos em inteiramente
novos ou anexados).
Referências
1. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de
2009). «Cesar Borgia» (https://web.a
rchive.org/web/20120122120311/ht
tp://www.storiain.net/arret/num60/ar
tic6.htm) (em italiano). Storia in
Network. Consultado em 10 de
dezembro de 2010. Arquivado do
original (http://www.storiain.net/arre
t/num60/artic6.htm) em 22 de
janeiro de 2012
2. Weffort, Francisco; Sadek, Maria
Tereza (2001). «Nicolau Maquiavel: o
cidadão sem 'fortuna', o intelectual
de 'virtù' ». Os clássicos da política, v.
1. São Paulo: Ática. pp. 14–17
3. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis
brasileiros: notas sobre leituras de
Maquiavel no Brasil» (https://www.ac
ademia.edu/37254665/Maquiav%C
3%A9is_brasileiros_notas_sobre_leit
uras_de_Maquiavel_no_Brasil) .
Tomo (33)
4. Skinner,Quentin. As fundações do
pensamento político
moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 111.
5. Skinner,Quentin. As fundações do
pensamento político
moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
6. Strauss,Leo. Uma introdução à
filosofia política. É realizações
editora, São Paulo:2016. p97
7. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe,
tradução de Antonio Cauccio-
caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
2011. p75
8. Strauss,Leo.Uma introdução à
filosofia política.É realizações
editora, São Paulo, 2016. p98
9. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe,
tradução de Antonio Cauccio-
Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
2011.p80
10. Chevallier, Jean-Jacques (1982).
História do pensamento político,
tomo 1. Rio de Janeiro: Zahar.
pp. 265–266
Ligações externas
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