Superando Distancias

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SUPERANDO DISTÂNCIAS, REALIZANDO APROXIMAÇÕES: ESTRATÉGIAS DE

CAPACITAÇÃO DOS AGENTES DE ENSINO PARA ATUAÇÃO NO NOVO


CENÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Rio de Janeiro/RJ/Abril/2018

CARLOS EDUARDO DO AMARAL NUNES - CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO


EXÉRCITO - [email protected]

CLÁUDIA RÖDEL BOSAIPO SALES DA SILVA - CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


DO EXÉRCITO - [email protected]

SANDRA NASCIMENTO DA HORA - CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO


EXÉRCITO - [email protected]

Tipo: Relato de Experiência Inovadora (EI)

Categoria: Estratégias e Políticas

Setor Educacional: Educação Corporativa

Resumo: O presente trabalho apresenta um recorte da proposta de capacitação


destinada aos agentes de ensino que atuam na educação a distância do Exército
Brasileiro, tendo em vista o atual cenário de transformações por que passa a
sociedade e, consequentemente, impacta a formação do profissional militar em seus
diversos níveis e diferentes modalidades. Nesse contexto, a educação a distância
recebe atenção especial com a criação, no ano de 2015, do Centro de Educação a
Distância do Exército (CEADEx), organização militar responsável pela gestão técnico-
pedagógica dos cursos, estágios e programas em EAD na Força. A Diretriz de
Educação e Cultura do Exército, publicada em novembro de 2015, delineia os novos
caminhos para a educação, com uma perspectiva de mudança até 2022, e torna
imprescindível a preparação das escolas para a introdução de práticas educacionais
inovadoras, com o emprego de modernas metodologias pedagógicas em suas
atividades presenciais e a distância. Sob esse enfoque, o CEADEx entende que, para
atuação nesse novo cenário, é necessário pesquisa e preparação contínua dos
profissionais que atuam como gestores, professores, tutores ou produtores de
conteúdos educacionais e, visando ao atendimento dessa demanda, está
desenvolvendo um projeto de capacitação para que agentes de ensino da EAD do
Exército Brasileiro atuem com melhor desenvoltura no ambiente virtual de
aprendizagem utilizado pela Força, bem como sejam capacitados e incentivados a
utilizarem estratégias de autoria na elaboração de recursos didáticos que promovam
a dinamização da sala de aula da educação online.

Palavras-chaves: capacitação; educação a distância; Exército Brasileiro


1. Introdução
O Centro de Educação a Distância do Exército (CEADEx) é uma organização militar
que foi criada em julho de 2015, com a finalidade de promover, no âmbito do Exército
Brasileiro (EB), a implantação da nova sistemática de funcionamento das atividades
de ensino e aprendizagem, na modalidade de educação a distância (EAD), elencadas
pelo Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx). Em sua Diretriz de
Implantação, aprovada pela Portaria Nº 308-EME, de 23 de novembro de 2015, foram
estabelecidas as principais missões que o Centro deverá cumprir, dentre as quais
destacam-se: compor um centro de referência em EAD, responsável por acompanhar
e difundir a evolução dessa modalidade; capacitar, por meio de estágios setoriais,
agentes de ensino do Sistema de Educação e Cultura do Exército para atuarem com
a EAD; colaborar com as Diretorias/Centros, Estabelecimentos de Ensino (Estb Ens)
subordinados e Centros de Instrução, com a manutenção dos padrões de qualidade
da modalidade de educação a distância (BRASIL, 2015). No rol de suas atribuições
previstas, encontrava-se, também, o desenvolvimento de um novo ambiente virtual de
aprendizagem e de um novo portal de educação, tendo em vista a necessidade de
autonomia e geração de identidade própria para o ambiente de cursos e estágios do
Exército Brasileiro.
A Diretriz de Educação e Cultura do Exército, publicada em 2015, traz em, seu
arcabouço orientações voltadas aos diferentes órgãos relacionados à educação e ao
processo de transformação do Exército. No documento, destaca-se que “a Tecnologia
da Informação e Comunicação (TIC) estará presente em todas as atividades e,
alinhada com a capacitação continuada dos docentes, se constituirá como um dos
principais elementos de inovação das metodologias do ensino”. Em fevereiro de 2018,
é publicada a nova Diretriz do Chefe do Departamento de Educação e Cultura do
Exército, que chama a atenção para os aspectos que envolvem a expansão de
práticas educacionais inovadoras e do emprego dos fundamentos de autoria e tutoria
nos processos pedagógicos, a fim de promover a dinamização da EAD.
No intuito de atender às expectativas elencadas pelo escalão superior, registradas
nos documentos norteadores do processo pedagógico publicados em 2015 e 2018, a
equipe do CEADEX tem trabalhado continuamente para a consolidação de sua
imagem como centro de referência na orientação técnico-pedagógica e no
acompanhamento das atividades dos Estb Ens do EB; bem como na difusão da
modalidade e na capacitação de agentes de ensino das escolas e centros de instrução
das diferentes regiões do país, desenvolvendo ações e estratégias de aproximação
de seu público-alvo às novas exigências impostas pelo avanço das tecnologias de
informação e comunicação e seu emprego no ambiente educacional.

2. Objetivos
Apresentar as ações realizadas pelo Centro de Educação a Distância do Exército, no
período de 2016 a 2018, como estratégias de aproximação e capacitação destinadas
aos agentes de ensino que atuam na EAD do Exército Brasileiro.
3. As teorias que sustentam as práticas
A equipe do CEADEx, de formação multidisciplinar, tem consciência de que toda ação
pedagógica deve ser subsidiada por pesquisas e teorias que orientem a análise, o
planejamento, o desenvolvimento, a implementação e a avaliação das práticas
realizadas. Nesse sentido, trabalha constantemente em busca de soluções para
desafios que permeiam a prática pedagógica dos agentes de ensino da educação a
distância do Exército Brasileiro.
Frente ao desafio da formação do educador para transitar no ambiente digital,
trazemos uma contribuição de Behar, Primo & Leite (2005), a fim de promover uma
reflexão acerca das mudanças provenientes desse novo modo de fazer educação:
Atualmente, pode-se dizer que há uma crise paradigmática na educação,
sobretudo no que se refere ao advento das tecnologias digitais e, mais
especificamente, dos ambientes virtuais de aprendizagem. Essas mudanças
paradigmáticas devem-se à necessidade de uma renovação diante de novos
perfis de sujeitos a serem preparados para o mercado de trabalho, novos
métodos de pensamento, novas ferramentas, menos lineares e mais
hipermidiáticas ou hipertextuais, focalizando um novo caminho para a
aprendizagem, com ênfase não mais no produto, e sim no processo.

Por entender que a inclusão da tecnologia na escola não se resume a questões de


infraestrutura e que um dos desafios está na capacitação docente para a adoção de
novas práticas, destacamos que:
Um dos grandes desafios que os professores brasileiros enfrentam está na
necessidade de saber lidar pedagogicamente com alunos e situações
extremas: dos alunos que já possuem conhecimentos avançados e acesso
pleno às últimas inovações tecnológicas aos que se encontram em plena
exclusão tecnológica; das instituições de ensino equipadas com as mais
modernas tecnologias digitais aos espaços educacionais precários e com
recursos mínimos para o exercício da função docente. O desafio maior, no
entanto, ainda se encontra na própria formação profissional para enfrentar
esses e tantos outros problemas. (KENSKI, 2008)
Não há dúvidas de que as tecnologias devem fazer parte da nova realidade que se
impõe às escolas militares, como previsto na Diretriz de Educação e Cultura do
Exército 2016-2022, a qual orienta que:
A inovação na área de Educação e Cultura será atendida em pontos-chave e
eixos constitutivos do processo ensino-aprendizagem, entre os quais podem
ser destacados: a flexibilização e o dinamismo curricular; a introdução de
novas práticas metodológicas; a exploração das potencialidades da
Tecnologia da Informação e Comunicação; a revisão dos conceitos sobre
avaliação do aprendizado; a reavaliação do papel do docente, bem como a
sua adequada atualização profissional e a revisão da infraestrutura de apoio
ao ensino. (BRASIL, 2015)
O novo saber-fazer em Educação pressupõe uma forma diferente de atuação
pedagógica, em que o espaço da sala de aula presencial ou virtual e as práticas de
interação devem ser tratados de maneira diferente da estabelecida no processo
tradicional. Novas competências passam a fazer parte do processo que não deve ser
encarado como uma mera transposição do presencial para o virtual. A esse respeito,
Palloff & Pratt (2013) afirmam que:
muitos docentes têm pouca, ou nenhuma, ideia sobre o que envolve o ensino
online, o veem como não sendo diferente da sala de aula tradicional [...] Na
sala de aula online, descobrem que não podem contar com a sua expertise
disciplinar nem com a confiança que depositam naquilo que sempre fizeram
para ajudá-los a fazer a transição.
Outro desafio que se impõe às novas formas de atuação e interação no ambiente
online relaciona-se à elaboração dos materiais a serem utilizados nesse espaço de
interação. De acordo com Munhoz (2013), a EAD considera a “importância do material
didático, por ser a primeira forma de preencher a lacuna dos encontros presenciais,
que neles têm uma das áreas de custo mais elevado que exige diálogo, interação e
flexibilidade”. E é nesse contexto que trazemos a importância dos fundamentos da
autoria, previstos na Diretriz do Chefe do Departamento de Educação e Cultura do
Exército 2018, que estabelece como orientação “compreeender os fundamentos e o
papel da tutoria e da autoria na Educação a Distância para a melhoria das dinâmicas
dos cursos online” (BRASIL, 2018).
A fim de suprir essa lacuna, entendemos que a formação continuada, conforme afirma
Libâneo (2008), “é condição para a aprendizagem permanente e para o
desenvolvimento pessoal, cultural e profissional de professores e especialistas”.
Sobre essa necessidade, Christov (2009) enfatiza que:
A educação continuada se faz necessária pela própria natureza do saber e
do fazer humanos como práticas que se transformam constantemente. A
realidade muda e o saber que construímos sobre ela precisa ser revisto e
ampliado sempre. Dessa forma, um programa de educação continuada se faz
necessário para atualizarmos nossos conhecimentos, principalmente para
analisarmos as mudanças que ocorrem em nossa prática, bem como para
atribuirmos direções esperadas a essas mudanças.

A integração de desafios voltados à prática docente, à autoria e ao emprego de novas


tecnologias de informação e comunicação deve ser uma preocupação constante dos
agentes condutores da EAD no Exército Brasileiro, em seus diferentes níveis de
atuação. Sob esse aspecto, é válido ratificar que a pesquisa e a implementação de
diferentes estratégias são itens fundamentais à melhoria do processo.

4. Superando distâncias, realizando aproximações


No intuito de bem cumprir as missões que lhe foram delegadas, o Centro de Educação
a Distância do Exército iniciou em 2016 uma série de ações voltadas à troca de
experiências, à orientação, à capacitação e outras práticas inerentes à organização
militar responsável pela EAD no EB. Com o objetivo de superar as distâncias físicas,
tecnológicas e pedagógicas, bem como realizar aproximações com o público-alvo,
com o qual trabalharia efetivamente a partir de 2017, e com outras instituições que
trabalham com EAD no Brasil, o CEADEx realizou as práticas a seguir.
4.1 Visitas a Estabelecimentos de Ensino

Durante o ano de 2016, foram realizadas reuniões com estabelecimentos de ensino


que possuíam cursos ou estágios em EAD sob a sua responsabilidade, a fim de coletar
dados e fornecer subsídios à equipe de desenvolvimento de tecnologia da informação
para proceder à modelagem tanto do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) como
do sistema acadêmico integrado à plataforma Moodle.
Naquele ano, ainda, e em 2017, foram realizadas visitas pela equipe pedagógica do
Centro a Estb Ens situados fora da guarnição do RJ, com o intuito de conhecer as
realidades e necessidades dos agentes de ensino para execução da EAD, a fim de
traçar estratégias de capacitação para atuação no AVA desenvolvido pela equipe de
produção.

4.2 Desenvolvimento do Ambiente Virtual de Aprendizagem institucional


Para viabilizar a execução da ação destinada ao desenvolvimento do ambiente virtual
de aprendizagem a ser utilizado pelo Exército, foi realizada aproximação com os Estb
Ens, no intuito de explorar suas rotinas e metodologia de trabalho relativas à EAD,
obtendo-se inicialmente o mapeamento daqueles processos. Ou seja, houve a
estruturação e a compreensão dos métodos práticos executados pelas escolas, e
partir disso, a junção das informações necessárias à construção da programação
destas rotinas, de tal forma que possibilitasse as integrações do AVA com as
funcionalidades acadêmicas e administrativas. Procurou-se, ainda, enfatizar o “olhar”
educacional, disponibilizando uma plataforma atualizada para que sempre novos
recursos de aprendizagem pudessem ser explorados, a fim de potencializar a
aprendizagem dos cursos e estágios pelo corpo discente.
Com o arcabouço teórico estruturado, foi realizada um proposta prática para o
desenvolvimento do sistema de informação inovador, estudando-se um algorítimo
onde poderiam se agregar modernas tecnologias, a fim de atender aos requisitos
básicos e comuns aos estabelecimentos de ensino. A cada funcionalidade
programada, desejava-se executar análises comparativas e críticas sobre o novo
módulo disponibilizado no sistema.

Para conceber o objetivo desejado sobre as análises comparativas das


funcionalidades programadas, constatou-se que este sistema deveria ser modular, ou
seja, programar uma funcionalidade específica e disponibilizá-la na estrutura do
sistema.
A referência bibliográfica que serviu de base às ações de desenvolvimento foi a Teoria
Geral dos Sistemas, considerando premissas que, segundo Chiavenato (2010) são:
sistemas existem dentro de sistemas; os sistemas são abertos; as funções de um
sistema dependem de sua estrutura. Tais premissas influenciaram o conceito de
solução da estruturação do sistema acadêmico, o formato de análise, adoção da
linguagem de programação, tecnologias utilizadas e banco de dados adotado.
No intuito de realizar aproximações com as mais modernas práticas pedagógicas e
compor um Centro de referência na modalidade EAD, uma importante vertente é a
atualização da tecnologia empregada na plataforma de Educação a Distância. Para
tal, uma das ações voltadas à esta questão é o rigoroso acompanhamento das
versões concernentes ao ambiente virtual de aprendizagem que armazena mais de
100 cursos EAD da Instituição. Nesse sentido, a equipe de tecnologia da informação
realizou estudos, no que tange à cópia fiel do sistema no ambiente de produção para
um ambiente específico e isolado contendo o moodle na versão 3.4, sendo necessário
verificar a aceitação dos plugins existentes, assim como a escolha de templates
referentes à nova versão da plataforma para sua posterior customização e design
com a identidade institucional da Força. Tais ações promoveram a integração das
equipes multidisciplinares do Centro, responsáveis pelas ações de tecnologia,
educação e pesquisa.
A partir da dinâmica de programação modular percebeu-se a importância do conjunto
de dados a serem fornecidos como insumo, a fim de se obter a informação tratada
pelo sistema e o completo atendimento aos agentes de ensino das escolas. Quanto
mais lapidada fosse a informação final, esta poderia ser utilizada para tomada de
decisão, visando ao perfeito domínio dos processos administrativo e acadêmico,
assim como insumos para o trabalho de informações relacionadas à gestão da EAD
no tocante aos cursos e estágios executados sob esta modalidade.

4.3. Capacitação Moodle

O Centro de Educação a Distância do Exército utiliza o Ambiente virtual de


aprendizagem EBAula, desenvolvido a partir do Moodle 3.0 e que pode ser acessado
pelo endereço http://www.portaldeeducacao.eb.mil.br/. Este AVA permite a interação,
cooperação e colaboração entre seus usuários, além de sua abrangência territorial
ser extremamente necessária para a capacitação da Força Terrestre.
Devido a sua fase de implantação, houve a necessidade de capacitação continuada
dos agentes de ensino do Exército na utilização das novas ferramentas e melhoria
das práticas pedagógicas até então utilizadas nos cursos online.
De acordo com MORAN (2014), o professor deixa de ser um mero transmissor de
conteúdos e passa a atuar como mediador, facilitador, gestor e mobilizador do
processo de ensino e aprendizagem.
A educação será mais complexa, porque cada vez mais sai do espaço físico
da sala de aula para muitos espaços presenciais e virtuais; porque tende a
modificar a figura do professor como centro da informação para que incorpore
novos papéis como os de mediador, de facilitador, de gestor, de mobilizador.
Desfocalizará o professor para incorporar o conceito de que todos
aprendemos juntos, de que a inteligência é mais e mais coletiva, com
múltiplas fontes de informação. (MORAN, 2014).
Com esta incumbência, o CEADEx, em 2016, começou a desenvolver uma
capacitação presencial para os agentes de ensino da própria OM e dos
Estabelecimento de Ensino do Exército. Inicialmente, a capacitação foi dividida em
Moodle Básico e Moodle Intermediário, com três dias para cada nível. Após a
realização dessa primeira capacitação, foi apurado, através de pesquisas qualitativas,
que as aulas ficariam mais dinâmicas com a junção dos níveis básico e intermediário
em uma única capacitação e inserção de um módulo sobre práticas pedagógicas
voltadas para EAD, que visa melhorar a utilização das ferramentas disponíveis no AVA
para o desenvolvimento de novos cursos.
Estes ajustes foram incluídos e, a partir de 2017, a capacitação passou a ter um
formato de quatro jornadas presenciais, divididos em quatro momentos sequenciais.
No primeiro momento, é apresentado o ambiente virtual de aprendizagem do Exército
e as ferramentas básicas para montagem da sala de aula virtual. No segundo
momento, o aluno tem contato com práticas pedagógicas voltadas para melhoria da
organização do curso, atuação do tutor e avaliação dos alunos. No terceiro momento,
é disponibilizada uma atividade em que os alunos são separados em duplas e cada
um deve montar o seu curso online. Já no último momento, um dos alunos da dupla
atua como tutor e o outro como aluno e vice-versa, identificando, na prática, os
possíveis erros a serem corrigidos e melhorias que devem ser realizadas.
As atividades didáticas foram desenvolvidas com foco no aluno, o que nos remete a
afirmação de Rogers (1983) de que a educação deverá ter sempre como objetivo o
desenvolvimento das pessoas, pois:
Neste clima de promoção do crescimento, a aprendizagem tende a ser mais
profunda, processar-se mais rapidamente e ser mais penetrante na vida e no
comportamento dos alunos do que a aprendizagem realizada na sala de aula
tradicional. Isso se dá porque a direção é auto-escolhida, a aprendizagem é
autoiniciada e as pessoas estão empenhadas no processo de uma forma
global, com sentimentos e paixões tanto quanto com o intelecto. (ROGERS,
1983)
Importante salientar que as aulas são extremamente colaborativas, nas quais o aluno
se coloca como tutor e vive na prática as dificuldades que seus futuros alunos terão
ao realizarem um curso a distância. Percebe a importância da elaboração de uma sala
de aula organizada, utilização de uma linguagem dialógica e objetiva, além de
orientações precisas e em tempo hábil.
É indispensável que o docente saiba trabalhar o conhecimento com autonomia e,
sobretudo, humanizá-lo frente aos desafios da realidade. Diante disso,
o professor precisa, antes de tudo, aprender bem e, portanto, levar o aluno a
aprender bem. O fenômeno da aprendizagem é uma qualidade tipicamente
humana que compreende a qualidade formal, isto é, o conhecimento e
cognição, bem como a qualidade política, quer dizer ideologia e ética do
conhecimento. Entre ambas, estabelece-se não só uma relação necessária,
mas ao mesmo tempo uma hierarquia, já que a primeira é o meio, enquanto
a segunda é o fim (DEMO, 1998).
Pode parecer um paradoxo, o Centro de Educação a Distância realizar capacitações
presenciais, mas, neste momento de implantação do Centro foi identificado ser
fundamental criar uma aproximação com os agentes de ensino das diversas
Organizações Militares do Exército, espalhadas por todo território brasileiro, visando
identificar as lacunas de aprendizagem, o nível de conhecimento que eles possuíam,
e assim, criar uma padronização de procedimentos visando sempre à qualidade da
EAD na Força.

4.4 Jornada de EAD presencial e virtual


Como uma das estratégias de capacitação adotadas em 2017, o Centro de Educação
a Distância do Exército promoveu, em junho desse ano, o seu primeiro evento
científico, a X Jornada de Educação a Distância.
Nesse momento, cabe explicar que o evento era conduzido por outro estabelecimento
de ensino até 2016, o que, por questões de tradição e identidade, gerou a necessidade
de dar prosseguimento à numeração das edições realizadas; o que significa dizer que
apesar de ter sido a primeira organizada pelo CEADEx, constituía-se como a décima
no âmbito do Departamento de Educação e Cultura do Exército.
No intuito de superar as distâncias existentes entre os Estb Ens EB espalhados por
todo o território nacional e permitir a participação de agentes de ensino que estão fora
da guarnição do Rio de Janeiro; bem como realizar aproximações com a comunidade
acadêmica e com profissionais que desenvolvem pesquisas e conteúdos educacionais
para EAD, o Centro adotou um modelo híbrido para a apresentação das palestras
durante o evento: presencial e virtual; o que vai ao encontro da Diretriz de Educação
e Cultura do Exército 2016-2022, no tocante ao fato de que:
Será essencial o papel da Educação a Distância (EAD), como instrumento
para a capacitação continuada dos integrantes da Força. O uso de
metodologias adequadas, aliado ao emprego de TIC, possibilitará a
capacitação do profissional militar de forma progressiva, econômica e efetiva,
sem afastá-lo, por muito tempo, de suas funções na organização militar (OM)
na qual esteja servindo (BRASIL, 2015).
Na etapa presencial, realizada em um auditório com capacidade para 130 pessoas,
foram apresentadas reflexões trazidas por 3 palestrantes de notório saber na área de
Educação a Distância no Brasil. Na etapa virtual, limitada a 160 participantes e
conduzida em ambiente customizado no Moodle, foram disponibilizados 16 vídeos
produzidos por profissionais possuidores de grande bagagem de conhecimento em
áreas específicas de atuação, distribuídos em quatro eixos temáticos, a saber:
institucional, com a participação da Marinha, Exército, Força Aérea, Polícia Militar RJ
e Corpo de Bombeiros RJ; produção de material didático para EAD; métodos e
tecnologias para EAD; e tendências para EAD. As discussões foram promovidas por
meio da interação nos fóruns mediados por profissionais do CEADEx e palestrantes
voluntários.
A etapa virtual possibilitou ampliar os horizontes de atuação do CEADEx, permitindo
a participação de militares e civis de diversos estados brasileiros na estratégia de
capacitação e formação continuada desenvolvida pelo Centro, cumprindo, desta
forma, uma das orientações previstas na Diretriz de Educação e Cultura do Exército
2016-2022:
A capacitação continuada será imperativa para a manutenção da efetividade
do profissional militar. Será consolidada por meio de ações implementadas
pela Instituição para melhor preparar seus profissionais, ao longo de toda a
carreira, para a ocupação de cargos e desempenho de funções específicas,
bem como mantê-los atualizados em relação à realidade complexa e
dinâmica que será vivenciada pelo Exército Brasileiro na Era do
Conhecimento (BRASIL, 2015).
Sob esse enfoque, o CEADEx entende que cumpre sua missão no processo de
capacitação docente, focando na capacitação dos profissionais que atuam na EAD do
EB.
4.5 Videoconferência
Com o objetivo de implementar mais uma estratégia de superar distâncias e realizar
aproximações com os Estb Ens EB, o CEADEx promoveu no ano de 2017, duas
videoconferências, uma por semestre. A atividade foi conduzida pelo Chefe do Centro
e teve a representação das divisões que trabalham diretamente com questões
relacionadas à EAD. Em relação à participação dos Estb Ens, estavam representadas
organizações militares de Brasília, Campinas, Salvador, Cruz Alta, Taubaté, Santa
Maria, Manaus e Rio de Janeiro. É importante registrar a participação de
representantes do Departamento de Educação e Cultura do Exército na atividade.

Os tópicos tratados foram distribuídos pela Chefia e Divisões da seguinte forma:


apresentação do futuro Chefe do CEADEx; desenvolvimento das atividades no ano
de 2017; visitas aos Estb Ens; 2018: ano do incremento da qualidade; Jornada de
EAD; equipe de EAD dos Estb Ens; abertura de cursos e estágios; acompanhamento
da dinâmica no AVA; capacitação Moodle; comunicação com os Estb Ens; melhoria,
refinamento e robustez do sistema; teste do Moodle; servidor de homologação;
relatórios necessários; oficinas pedagógicas; estágio de autoria; pesquisa em
Educação e Tecnologias.

Com essa atividade, o CEADEx teve a oportunidade de refletir com o Departamento


e os Estb Ens sobre o desenvolvimento das atividades no primeiro ano de efetiva
produção no novo Ambiente Virtual de Aprendizagem desenvolvido pelo Centro.

5. Considerações finais

Em seu período de implantação, que se estende até o final de 2019, o Centro de


Educação a Distância do Exército tem buscado sua consolidação e reconhecimento
como organização militar responsável pela orientação técnico-pedagógica da EAD no
Exército Brasileiro. Para isso, desenvolve ações de acompanhamento, orientação,
capacitação e assessoramento que se refletem em práticas pedagógicas inovadoras,
com o desenvolvimento de diferentes estratégias de capacitação, com o emprego de
tecnologias de informação e comunicação.
No desempenho de suas funções, os profissionais do CEADEx buscam contribuir para
a efetivação do processo ensino e aprendizagem, pesquisando e refletindo,
constantemente, sobre as mudanças na sociedade e na formação militar.
No sentido de ampliar o horizonte de sua missão voltada ao preparo de recursos
humanos para atuação em EAD, está avançando em seu nível de atuação, até então
voltado à gestão e atuação no ambiente virtual de aprendizagem, o que dá conta do
previsto na Diretriz do Chefe do DECEx, no tocante à qualidade da tutoria; passando
a considerar, também, outro aspecto previsto na Diretriz, o da autoria, sendo
considerado como requisito de qualidade para a produção de material para EAD.
Sob essa perspectiva, o CEADEx não poupa esforços para a melhoria contínua da
EAD no Exército, preparando para oferta, ainda neste ano, de capacitações voltadas
à produção de material. E, ainda, encontra-se em construção um estúdio, com
capacidade de atender às demandas internas do Centro e das OMs que desejarem
elaborar videoaulas e produzir materiais digitais para seus cursos a distância ou
presenciais.
Tais iniciativas são frutos das atividades de planejamento das equipes responsáveis
pela orientação pedagógica, infraestrutura tecnológica e pesquisa de novas
tecnologias e metodologias para EAD, com foco contínuo na qualidade para as
atividades em EAD.

6. Referências

BRASIL. Estado-Maior do Exército. Diretriz para Implantação do Centro de


Educação a Distância do Exército (EB20D-01.026). Brasília, 2015.
_____. Estado-Maior do Exército. Diretriz de Educação e Cultura do Exército 2016-
2022 (EB20D-01.031). Brasília, 2015.
_____. Departamento de Educação e Cultura do Exército. Diretriz do Chefe do
Departamento de Educação e Cultura do Exército 2018. Rio de Janeiro, 2018.
Chiavenato, I. Introdução à Teoria geral da Administração. 8ª edição. Rio de
Janeiro: Editora Elsevier, 2011.
CHRISTOV, L. H. S. Educação continuada: função essencial do coordenador
pedagógico. In: GUIMARÃES, A. A.; MATE, C.H.; BRUNO, E. B. G. et al. O
coordenador pedagógico e a educação continuada. 8. ed. São Paulo: Edições Loyola,
2009.
DEMO, P. Questões para a teleducação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
KENSKI, V. M. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas:
Papirus, 2007.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5ª ed. Goiânia:
MF Livros, 2008.
MORAN, J. M. Perspectivas (virtuais) para a educação. Mundo virtual, Cadernos
Adenauer IV, nº 6. Rio de Janeiro, Fundação Konrad Adenauer, abril, páginas 31-45,
2004.
PALLOFF, R; PRATT, K. Lições da sala de aula virtual. 2ª ed. Porto Alegre: Penso,
2015.
ROGERS, C. Um Jeito de ser. 3ª ed. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária,
1983.

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