1215-Article Text-2339-1-10-20200110
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Abstract: The present work analyzes the peculiarity of the expressions of conservatism in the
formation of the Social Service course of the State University of Paraíba (UEPB), during the military
dictatorship, through the appreciation of the Works of Conclusion of Course (TCCs). Of the main
substrates, we can highlight: expressive reference to the confessional writings; moralization of the
social issue.
Keywords: Social servisse. Conservatism. Formation.
1. INTRODUÇÃO
1
Professor com formação em Serviço Social, Universidade Estadual da Paraíba, E-mail:
[email protected].
2
Estudante de Graduação, Universidade Estadual da Paraíba, E-mail: [email protected].
3
Estudante de Graduação, Universidade Estadual da Paraíba, E-mail: [email protected].
4
Estudante de Graduação, Universidade Estadual da Paraíba, E-mail: [email protected].
2
com expressivo conteúdo religioso, a exemplo “(...) das virtudes morais; da fé católica; do
plano de salvação; da relação entre profissão e vocação, dos deveres do assistente social
católico(...), do testemunho cristão do assistente social; da orientação pré-matrimonial e
social, etc.”(FONSECA, ET.AL, 2014, p.289).
Essas observações podem ser evidenciadas nos TCC‟s pesquisados, sobretudo, nas
referências à concepção de família amparada pelos escritos confessionais, a exemplo de
escritos bíblicos (livro de gênesis-1,27-28), bem como, nas afirmações de que "(...) a
proteção de valores fundamentais e a garantia dos vínculos familiares (...) a defesa da
integridade familiar (...) deve ser estimulada pela Igreja e pelo Governo (1966, p.14).
Também na afirmação: “(...) era muito comum ouvir-se, antes de se tomar qualquer
decisão, referente aos problemas da comunidade, frases como: (...) a senhora tem razão,
mas a gente precisa conversar com o Frei (...) ele é o cabeça daqui" (1964, p.37), pode-se
observar a expressividade da dimensão religiosa na condução da vida social.
Ainda nessa direção, um outro TCC - ao descrever sobre o Serviço Social junto à
crianças e adolescentes ou “menores” que cometeram algum ato infracional – deixa ainda
mais evidente essa relação umbilical da formação com a Igreja Católica. Ao afirmar que,
cabe ao “Serviço Social contribuir para o desenvolvimento da personalidade do menor e
ingressá-lo nas atividades sócio econômicas, afastando-o das fileiras da marginalização"
(1976, p. 47). Nesse sentido, uma das principais ações do assistente social, para atingir tal
finalidade, seria a “motivação para o Cristianismo” (1976, p.98), uma vez que, os usuários
adolescentes de uma determinada instituição não possuíam alguns dos “passaportes
necessários” para o “reino de Deus”, como o sacramento do batismo e a celebração da
primeira eucaristia.
A ênfase na defesa da família, para além dos postulados religiosos, constitui um dos
principais traços do conservadorismo. Para o “pai dos conservadores”, as famílias
constituem a base moral da sociedade, uma vez que “(...) tomamos nossas leis
fundamentais no seio das nossas famílias” (BURKE APUD NETTO, 2011, p.66). Nesse
sentido, cabe destacar a seguinte citação impressa em dos TCCs dos anos de 1970:
(...) família - composta de pai, mãe e filho - é o meio natural da criança onde se
desenvolve mais harmoniosamente (...) delas as crianças receberão as boas e más
influências que moldarão os seus hábitos; (...) a ausência de crianças problemas, só
acontecerá se houver no lar compreensão entre os pais, num ambiente onde reine o
amor, carinho e justiça, e se a vida que levarem for sempre norteada para o caminho
reto (1973, p.45 – grifo nosso).
intermediários, capazes de, junto com a família, mediar a relação entre indivíduos e
sociedade”, no caminho da “harmonia orgânica da sociedade”.
“Harmonia”, “coesão” e “integração” são expressões que desaguam na vala do
discurso febril do “ajustamento”, reveladores da matriz teórica do Positivismo na sua
versão estrutural-funcionalista. Nessa direção, tem-se a seguinte citação encontrada, nos
TCCs dos anos de 1970: “hoje, mais do que antes, notamos relevância quanto ao número
de crianças desajustadas, que perambulam pelas ruas, adquirindo vícios e hábitos
perniciosos. Está provado que tais atitudes têm como fator a desorganização familiar”
(1973, p.23). Também na afirmação, “a família é considerada a unidade fundamental, por
sua vez, responsável, em grande escala, pelo ajustamento e recuperação do cliente" (1976
p. 6), observa-se a centralidade da família no “ajustamento” da classe trabalhadora à
dinâmica capitalista.
No interior dessa concepção abstrata de família, que permeou o Serviço Social,
debita-se à mulher a “missão do cuidado” para manutenção de “lares estruturados”, traço
identificado no seguinte TCC, ao enfatizar que: “(...) quanto mais mulheres aperfeiçoadas e
conscientes de suas responsabilidades, mais lares sólidos e bem formados, mais famílias
felizes, mais comunidades desenvolvidas.” (1970, p.14)
Essa observação, a nível nacional, também é identificada nos primeiros TCCs das
primeiras escolas de Serviço Social em São Paulo e Rio de Janeiro, conforme estudos de
Iamamoto e Carvalho (2005, p. 172), expresso na afirmação de que “(...) a mulher é feita
para compreender e ajudar. Dotada de grande paciência, ocupa-se eficazmente de seres
fracos, das crianças, dos doentes. A sensibilidade torna amável e compassiva (...)”. Ainda
nessa direção, de uma concepção patriarcal da mulher (operária) na ordem do capital, um
determinado TCC reforça que “[...] o problema da mãe operária é, de certo modo, grave,
devido ao seu afastamento durante determinadas horas do dia, pois ficam prejudicadas a
casa, os filhos, e, principalmente, o esposo [...]” (1960, p. 05).
3. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
______. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64.
15ed. São Paulo: Cortez, 2010.