Capítulo 4: Implantação de Piscicultura em Viveiros Escavados e Tanques-Rede
Capítulo 4: Implantação de Piscicultura em Viveiros Escavados e Tanques-Rede
Capítulo 4: Implantação de Piscicultura em Viveiros Escavados e Tanques-Rede
1. Introdução
109
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
2.1. Clima
110
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
2.4. Topografia
111
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
112
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
quebrar ou rachar, trata-se de textura média (15 a 35% de argila). Argilosos (mais de
35% de argila) permitem a formação da letra “S”. A identificação a campo, contudo, não
exclui a necessidade de se fazer análise em laboratório para a sua exata identificação.
A B
Figura 1. Teste da letra “S” para identificação da textura do solo a campo: (A)
arenoso (menos de 15% de argila); (B) de textura média (15 a 35% de argila);
(C) argiloso (mais de 35% de argila, permite a formação da letra “S”). Fotos:
Jefferson Christofoletti.
113
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
Podem ser utilizadas como fonte de água para piscicultura: rios, córregos,
represas, açudes, minas, poços e até mesmo a captada das chuvas, observando-se
a legislação vigente. Dentre as características das fontes para piscicultura que devem
ser observadas, destacam-se:
114
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
* Muitas espécies de peixes amazônicos que são utilizadas na piscicultura estão adaptadas
a viver em águas com pH mais ácido, além de possuírem órgãos auxiliares para a respiração
em condições de baixos níveis de oxigênio na água.
115
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
Águas de poços e minas, pobres - Aeração antes do uso da água para a incubação de ovos,
em oxigênio e ricas em gás depuração, estocagem de reprodutores, transporte e durante a
carbônico recria e a terminação.
Recomendações Técnicas
2. Dar preferência a terrenos com baixa declividade, para diminuir o custo com movimentação
de terra;
5. Realizar detalhada investigação da vazão, dos parâmetros de qualidade e dos fatores de risco
associados à fonte de água a ser utilizada.
116
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
117
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
importante salientar que viveiros pequenos apresentam maior custo e ocupam maior
área em comparação a maiores, devido à área ocupada pelos taludes. Além disso,
deve-se fazer o possível para padronizar o seu tamanho, a fim de facilitar o manejo de
despesca, povoamento, adubação, calagem etc. A profundidade deve variar entre 1,0 e
1,3 m na parte mais rasa e 1,5 e 1,7 m na mais profunda, de forma que o manejo possa
ser realizado mesmo que o viveiro esteja completamente cheio. Essa profundidade
também contribui para a manutenção da qualidade da água, pois evita a estratificação1
do ambiente aquático, mantendo a qualidade ao longo de toda a coluna d’água.
A B
1
Mais informações sobre a estratificação da água estão no capítulo “Monitoramento e
manejo da qualidade da água”.
2
Mais informações sobre o que ocasiona off-flavor em peixes estão no capítulo
“Despesca e abate de peixes”.
118
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
A B
A vazão (Q) é o volume de água (V, litros ou metros cúbicos) que escoa por
um conduto em um período de tempo (t, segundo ou hora) (Q = V/t). O cálculo da
estimativa de vazão da água é de primordial importância para garantir o sucesso
do empreendimento, haja vista que possibilita dimensionar a área de viveiros e
infraestruturas anexas conforme a disponibilidade de água do local. A vazão aceita
como ideal para dimensionamento de área alagada é de dez litros por segundo por
hectare (10 L/s/ha), ressaltando que a estimativa de vazão deve ser realizada no
período de estiagem, quando os níveis de água nos mananciais se encontram em
suas cotas mínimas.
3
Informações mais detalhadas sobre quarentena estão no capítulo “Princípios básicos
de sanidade de peixes”.
119
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
Exemplo 1:
- Q = 50 L/2,3 s = 21,7 L/s;
120
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
Deve-se medir a área de seção do conduto aberto pelo método dos trapézios
(Figura 6), ou seja, calcular a área da seção em dois pontos distantes dez metros
entre si. Com a média dessas áreas, calcula-se o volume de água na seção do canal
de dez metros. Em seguida, coloca-se o flutuador (boia) na correnteza do canal a
cerca de cinco metros antes da primeira marca para que atinja a mesma velocidade
de deslocamento da água. Basta cronometrar o tempo necessário para que o flutuador
percorra a distância entre as duas marcas para se obter a vazão de água no canal.
121
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
122
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
A B
A B
123
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
Largura da crista (m) 1,8 a 2,0 2,0 a 2,5 2,5 a 3,0 3,0 a 5,0
Borda livre (m) 0,3 a 0,4 0,4 a 0,5 0,5 a 0,6 0,5 a 0,6
Tipo de solo
124
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
A B
S
S E
E
Figura 10. Vista de viveiro vazio (letra E indica a entrada e letra S indica a
saída de água) (A); Vista de viveiro cheio (letra E indica a entrada e letra S
indica a saída de água) (B). Fotos: (A) Fabrício P. Rezende; (B) Giovani T. Bergamin.
O abastecimento da água pode ser feito por canaletas a céu aberto (Figura 11)
com ou sem revestimento, que pode ser em alvenaria, lonas plásticas, cimento pré-
fabricado ou por tubulação subterrânea (Figura 12A), podendo ser em polietileno rígido
(PVC) ou polietileno de alta densidade (PEAD).
A B
Figura 11. Sistema de abastecimento de água por canaleta a céu aberto (A);
Detalhe de corte transversal da canaleta e tubo para abastecimento do viveiro
(B). Foto: Fabrício P. Rezende; Ilustração: Jefferson Christofoletti.
125
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
A B
Figura 12. Sistema de abastecimento de água por tubulação de PVC Ocre (A);
Caixas de inspeção e distribuição de água (B). Fotos: (A) Giovani T. Bergamin; (B)
Fabrício P. Rezende.
126
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
Tabela 4. Diâmetro de tubulação para drenagem de viveiros com diferentes áreas, com
profundidade entre 1,4 m e 1,8 m, considerando três tempos para escoamento 12h,
24h e 36h (Adaptado de Ono et al. (2002)).
127
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
A B
A B
A B
128
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
A B
129
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
A B
130
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
sobre o próprio talude em médio prazo danificará a sua estrutura (Figura 20). A erosão
dos taludes provoca o assoreamento do fundo dos viveiros e, com isso, a necessidade
de gastos com manutenção e reparos.
A B
Figura 18. Viveiro com fundo lamacento (A) e viveiro com camada de cascalho
compactado (B). Fotos: (A) Fabrício P. Rezende; (B) Giovani T. Bergamin.
Figura 19. Talude de viveiros protegido com grama-batatais para evitar erosão.
Foto: Fabrício P. Rezende.
A B
Figura 20. Talude de viveiros sem cobertura vegetal erodido pela chuva (A) e
talude com plantio de grama-batatais em fase inicial de vegetação (B). Fotos:
Fabrício P. Rezende.
131
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
A vegetação preferencial para uso nesse tipo de solo são as gramíneas (Figura
19 e 20B). Deve-se utilizar preferencialmente a grama-batatais (Paspalum notatum), a
capim-bermuda (Cynodon dactylon) ou a grama-esmeralda (Zoysia japonica). A escolha
de qualquer uma das três opções será certa e irá depender da disponibilidade de mudas
na região e do quanto se está disposto a gastar, pois cada grama tem um custo diferente
para formação. O ideal é não utilizar as que sejam de porte médio a grande, que vegetam
muito ou que formam touceiras, uma vez que a manutenção com podas será frequente
(de duas a oito vezes ao ano) o que irá onerar os custos com a manutenção.
Recomendações Técnicas
1. Viveiros para manutenção de matrizes e reprodutores podem ter área entre 250 e 2.000 m²;
2. Para larvicultura, alevinagem e recria, recomenda-se a construção de viveiros com até 1.000 m²;
3. Viveiros para recria e terminação de peixes com tamanho superior a um hectare (10.000 m²)
podem dificultar a despesca e aumentar os custos com mão de obra;
4. Sempre que possível, construir viveiros em formato retangular, na proporção 1:4 em largura
e comprimento;
5. A profundidade dos viveiros deve variar entre 1,0 e 1,3 m na parte mais rasa e 1,5 e 1,7 m na
parte mais profunda, de forma que o manejo dos peixes possa ser realizado mesmo que o viveiro
esteja completamente cheio;
6. Cada viveiro deve possuir sua entrada e saída de água, as quais devem se situar em lados opostos;
8. Cachimbos são recomendados para estruturas de até 2.000 m². Para estruturas maiores,
recomendam-se monges.
132
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
133
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
do seu interior (Figura 21A). A distância entre um tanque-rede e outro deve ser de, no
mínimo, a largura de um tanque-rede (Figura 21B). Evitar a instalação em locais nos
quais o fundo do tanque-rede fique próximo ao fundo da barragem, onde os nutrientes
produzidos são depositados e decompostos, podendo haver produção de compostos
tóxicos para os peixes. A profundidade do local de sua de alocação deve ser igual ou
superior ao dobro da profundidade deste, por exemplo, se o tanque-rede tiver 1,2 m
de altura, a profundidade mínima no local de instalação deverá ser igual a 2,4 m. No
caso de águas levemente eutrofizadas, deve-se evitar a instalação em locais onde a
profundidade seja maior que 3,0 m, essa prática ameniza problemas relacionados à
inversão térmica e consequente queda na qualidade da água devido ao aumento de
gás carbônico e outros gases (metano e sulfídrico), amônia e nitrito e redução nos
níveis de oxigênio dissolvido.
A B
134
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
5. Infraestrutura de tanques-rede
135
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
A B
A B
136
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
A B
137
Piscicultura de água doce - Multiplicando conhecimentos
A B
Figura 25. Sistema de acesso aos tanques-rede por passarela (A) e balsa com
sistema de içamento de tanques-rede (B). Fotos: Adriana F. Lima.
Recomendações Técnicas
1. Para a implantação de tanques-rede, deve-se ter conhecimento dos usos múltiplos da água do
reservatório: utilizar áreas de fácil acesso e tomar medidas de segurança contra roubos;
4. Quanto menor o tamanho do tanque-rede, mais rapidamente ocorre a troca de água em seu
interior, possibilitando a utilização de maiores densidades de estocagem em comparação a
tanques-rede de grande porte. Contudo, os custos com aquisição e manutenção desses tanques-
rede são mais elevados.
GOMES, L.C.; ROUBACH, R.; LOURENÇO, J.N.P.; CHAGAS, E.C. Critérios para seleção de
local para piscicultura em tanque-rede na Amazônia. Manaus: Embrapa Amazônia
Ocidental, 2002. 13p. (Embrapa Amazônia Ocidental - Documentos, n.22).
CASTAGNOLLI, N. Criação de peixes de água doce. Jaboticabal: FUNEP, 1992, 189p.
HUET, M. Tratado de piscicultura. Madrid: Mundi-Prensa, 1978, 745p.
ITAIPU BINACIONAL. Boas práticas de manejo em aquicultura. Toledo: GFM editora, 2006,
108p.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resoluções do CONAMA: resoluções vigentes
publicadas entre setembro de 1984 e janeiro de 2012. Brasília: MMA, 2012, 1126p.
138
Implantação de piscicultura em viveiros escavados e tanques-rede
139