Construo de barragens de terra

1. Introduo
As

barragens

convencionais

so

estruturas

trapezoidais

construdas

transversalmente aos vales e ao fluxo de um curso dgua, de tal forma que permita a
formao de um reservatrio artificial, so utilizadas basicamente para a acumulao de
gua. Dependendo do material de construo, as barragens podem ser classificadas em
dois grandes grupos, barragens de concreto e barragens convencionais de terra e/ou
enrocamento.
As barragens de terra e/ou enrocamento so aquelas construdas com materiais
naturais tais como argilas, siltes e areias ou com materiais produzidos artificialmente
tais como britas e enrocamentos. Estas so construdas, via de regra, com materiais
oriundos de reas de emprstimo, devidamente selecionadas, que so transportados,
lanados e compactados, com equipamentos especiais, sob rigoroso processo de
controle executivo.
Sua construo deve seguir critrios tcnicos adequados, que resultaro em uma
barragem eficiente, segura, sem riscos de rompimentos, dentro das normas de
preservao do meio ambiente e visando atender a diversas situaes. Deve-se ter
impermeabilidade suficiente para que no haja perda excessiva de gua atravs de seu
corpo, design de forma a garantir sua estabilidade, parmetro de jusante que garanta
longevidade sob a ao das condies climatricas locais, dispositivos na fundao que
ajudem a impedir a percolao da gua, bem como uma drenagem eficaz que proteja a
barragem das subpresses.
Em resumo, neste tipo de obras, o corpo da barragem constitudo por um
ncleo de material argiloso de caracterstica impermevel, formada por solos e filtros
em material granular, dois macios estabilizantes situados a montante e a jusante do
ncleo que pretendem garantir a estabilidade do corpo, um conjunto de drenos e filtros
que visam dotar a barragem de zonas de escoamento da gua que circula por infiltrao
e reduzir os riscos de fendilhamento, uma proteo do talude de montante que est sob o
efeito direto da ao da gua, uma proteo do talude de jusante conta a ao da gua e
do vento e, alm disso, um proteo no talude de montante a ao erosiva das ondas que

se formam no reservatrio. Uma barragem de terra normalmente apresenta mais de

cinquenta por cento de material permevel compactado ou descarregado.
As barragens de terra podem ser construdas recorrendo inteiramente, ou quase
por inteiro, a apenas um tipo de material de aterro, nesse caso ela denominada
barragem homognea. Geralmente ocorre quando a altura da barragem relativamente
baixa e nas zonas de emprstimo est disponvel apenas um material que impermevel
agua. Ou, no caso em que denominada barragem zoneada, construda por diferentes
materiais em diferentes regies do aterro. Nestes casos, comum que sejam construdas
por materiais impermeveis para o ncleo e por outros materiais para os macios
estabilizadores. uma soluo vlida quando nos locais de emprstimo no se encontra
quantidade suficiente de materiais impermeveis agua. A opo de construo de
barragens zoneadas , no geral, mais econmica e de mais fcil execuo.
O perodo ideal para construir uma barragem de terra no incio do perodo seco
e no do chuvoso, pois, quando o perodo das chuvas chegar, a barragem j dever estar
bem consolidada. Tambm, no perodo seco, o solo utilizado na construo do macio
estar mais mido, o que permite obter uma melhor compactao deste.
Os materiais necessrios para a construo so vrios e devem estar localizados
o mais prximo possvel do local da barragem, evitando maiores custos. Esses materiais
so solos, para os diques de terra; rocha, para diques de enrocamento e proteo dos
taludes; agregado, para concreto, que inclui areia, cascalho natural e pedra britada e
areia, para filtros e concretos.
O processo de construo de uma barragem subsequente ao processo de
projeto e ocorre sempre aps execuo de vrias pesquisas preliminares capazes de
definir um local adequado para sua implantao, o melhor tipo de barragem a ser
utilizada, alm de estimativas mais exatas de quantidades que forneam os dados
necessrios para realizar o projeto.

Seo barragem de terra

2. Principais atividades que fazem parte da construo de uma barragem de
terra
A seguir sero listadas as principais atividades que fazem parte da execuo de
uma barragem de terra.
2.1 Marcao do local de construo
Imediatamente antes do incio da construo, para evitar limpezas de solo
desnecessrias e a perda de estacas e de marcos de referncia, feita a marcao do
local de construo.
Estacas devero ser instaladas nas extremidades do aterro e a cada variao de
elevao. Para cada variao em elevao, uma estaca correspondente (estaca par)
dever ser estabelecida com nvel ou GPS no lado oposto do vale, ainda no eixo. A cada
estaca no eixo do aterro, so calculadas as distncias das estacas de p de montante e de
jusante, colocadas em ngulos retos.
No caso em que se percam as estacas de levantamento originais, o eixo da
barragem dever ser de novo estabelecido com estacas de referncia adicionais e em
nmero substancial, instaladas nas extremidades do eixo, a uma boa distncia de onde
ocorrer a construo. Se os marcos de referncia originais no forem satisfatrios,

outros devero ser estabelecidos num local permanente e a uma distncia de fcil
referncia.
A no ser que seja uma barragem muito pequena, aconselhvel permitir uma
margem extra de dez por cento na altura do aterro para futuro assentamento. Se isto no
for feito nesta fase, o processo poder tornar-se fastidioso e lento, dado que as estacas
tero de ser deslocadas desde a estaca do p ou eixo, a todos as cotas de construo.
Para barragens muito pequenas, com menos de 5 m de altura, normal adicionar
uma margem de assentamento ao topo do aterro no final da construo. Se o ncleo for
central e tem a mesma largura do coroamento ou crista/soleira, as estacas serviro esta
dupla funo. No lado do vertedouro, as estacas so postas onde comea e acaba o corte
e estacas adicionais so colocadas em arco ao longo dos lados do canal do vertedouro.
desejvel um intervalo de 15 m entre estacas e cada uma deve indicar a profundidade de
escavao necessria, fazendo nota do declive dentro do prprio vertedouro
(normalmente 1:400), necessrio para levar a vazo para fora do muro-guia e do sop do
aterro. Quando todas as estacas tiverem sido colocadas, e estiver feito um croquis da
posio das estacas, todas as ramificaes do projeto podem ser discutidas com o cliente
e/ou o operador de mquinas para que qualquer risco de erro e mal entendidos sejam
minimizados e maximizadas a utilizao e eficincia do equipamento.

GPS geodsico para marcao de terreno

2.2 Limpeza e preparao do local

Recomenda-se efetuar rigorosa limpeza no local onde ser assentado o macio,

na rea de emprstimo, bem como na rea a ser inundada pelo reservatrio. Devem-se
retirar rvores, arbustos, e todo material orgnico existente nos referidos locais. Uma
vez removidas as rvores, normalmente mo, a p niveladora poder ser usada para
remover cerca de 100 mm da camada superficial do solo que poder ser deixada num
local do qual mais tarde possa ser retirada e usada para cobrir o aterro concludo ou
outras reas afetadas pela obra.
As reas de emprstimo devero ter sido demarcadas, de acordo com a sua
utilidade, algum tempo antes do incio da construo com, se possvel, anlises de
amostras do solo feitas por um laboratrio local. Para barragens menores, uma avaliao
visual ou uma avaliao fsica superficial poder ser suficiente.
Embora seja desejvel que as reas de emprstimo se situem dentro da rea
proposta para o reservatrio, deve-se ter o cuidado de assegurar que camadas
permeveis no so expostas pela remoo de solo impermevel acima, dado que este
processo, se levado a cabo perto do aterro, poderia levar mais tarde a problemas de
percolao. Tambm, no se devero fazer escavaes a menos de 10 m do p do aterro.
O solo escavado da rea de emprstimo dever ser frequentemente monitorado
para verificar que a sua qualidade e teor de humidade no mudaram e que ainda
apropriado para ser utilizado no aterro. O ncleo e a trincheira de vedao requerem
argila de boa qualidade, o macio de jusante materiais mais grosseiros e de menor
qualidade e o macio de montante solo argiloso com alguma impermeabilidade. A
compactao do ncleo e da trincheira de vedao importante e a compactao
necessria em todas as seces varia de local para local de acordo com a qualidade do
solo. Geralmente, solos mais secos e com menor percentagem de argila requerem mais
compactao e vice-versa. Solos com cerca de 20-30 por cento de argila so ideais
como material de ncleo e aqueles com menor percentagem de argila, para o macio de
montante.

Limpeza do local com escavadeira/ remoo de vegetao

Limpeza de local com escavadeira

Limpeza de local com escavadeira

2.3 Encecadeira
A enceradeira funciona como uma pequena barragem e deve ser construda na
fase de estiagem, de forma a permitir que, no incio do perodo chuvoso, esta estrutura
sirva como barreira ocorrncia de possveis inundaes ou de proteo adicional nos
casos de galgamento da pr-ensecadeira.

Ensecadeira
2.4 Assentamento
A barragem deve ser assentada sobre solo estvel, isto , no sujeito a
deslizamentos e a grandes acomodaes provocadas pelo peso do aterro. Deve-se evitar
o assentamento sobre lajeiros de pedra a vista ou a uma pequena profundidade. A
infiltrao da gua do reservatrio acarreta escoamento entre o aterro e o lajeiro de
pedra, o que compromete, seriamente, e estabilidade do aterro. A tendncia normal
ocorrer deslizamento do aterro em razo de sua frgil soldadura s pedras lisas dos
lajeiros.
As avaliaes da textura, consistncia e resistncia do material so fundamentais
para caracterizao do material a ser utilizado como base para as fundaes e constituir
o macio de terra da barragem. Em pequenas barragens, a caracterizao dos solos em
laboratrio pode ser feita por anlise da distribuio das fraes granulomtricas, da
permeabilidade do material e o ensaio de Proctor.

A coleta do solo para avaliao da qualidade e a estimativa da quantidade podem

ser realizadas por tradagem, trincheiras ou sondagem. Investigaes com furos de trado
constituem o processo mais simples, rpido e econmico para investigaes
preliminares das condies geolgicas subsuperficiais, obteno de amostras
deformadas em pesquisas de reas de emprstimo, determinao do nvel das guas e
indicao de mudanas nos tipos de materiais atravessados;
medida que a barragem assenta, a crista/soleira dever ficar perto da
horizontal. importante verificar isto por inspeo em intervalos de poucos meses
durante os primeiros anos de funcionamento para assegurar que no se verifica sobre
assentamento ou assentamento desigual. Se isto ocorrer, sero necessrias medidas de
remediao, como enchimento com solo superficial e vegetao normalmente, para
restaurar o coroamento ou crista/soleira ao seu nvel de projeto. Caso sejam utilizados
solos de menor qualidade ou mais grosseiros, poder ser necessrio dar uma margem
para assentamento maior do que a prevista na fase de projeto. Na maioria dos casos este
aumento no dever ser maior do que 15 por cento no total.
2.5 Preparo da fundao e das ombreiras
O tratamento da fundao de uma barragem de terra fundamentalmente
assegurado pela execuo de uma cortina de conteno e consolidao, com vista a
melhorar as caractersticas geotcnicas do macio na sua zona mais superficial, e uma
cortina de impermeabilizao, com o objetivo de diminuir a percolao de fluxos
atravs da fundao da barragem, reduzindo desta forma as perdas por infiltrao, bem
como os riscos de eroso das zonas mais alteradas e decompostas dos terrenos de
fundao, e dos materiais de preenchimento de fraturas.
O tratamento de conteno e consolidao realizado a partir da superfcie do
terreno antes de se executar o saneamento, a fim de possibilitar dispor, de uma
contrapresso adicional, de forma a prevenir a fraturao hidrulica do macio, e
permitir ainda que durante o saneamento se avalie a penetrao e eficcia do tratamento.
O tratamento consiste na execuo de vrios furos inclinados executados do exterior
para o interior, e posterior injeo nesses furos de caldas base de cimento. Em alguns
furos so executados ensaios de permeabilidade, a fim de obter informao hidrulica
do macio.

Perfurao para instalao da manobra para obturao dos furos e injeo de

calda de cimento

Misturador Duplo horizontal para preparo da calda de cimento para consolidao

da Barragem

Obturador duplo tipo "Chifre de Bode" para injeo da calda de cimento

Estes trabalhos estendem-se ao longo de todo o desenvolvimento longitudinal da

barragem, e devem ser iniciados o mais rapidamente possvel, dado que condicionam o
incio da execuo do corpo da barragem.
A realizao de sondagens, necessria na fase de seleo do local de construo
da barragem, possibilitar o desenho do perfil da seo transversal da rea, que indicar
a profundidade do ncleo impermevel. A sondagem poder ser feita por tradagem,
sondagem a percusso, abertura de trincheiras ou por meio de ensaios de resistncia do
solo. Sempre que possvel, a trincheira dever ser construda sob toda a base do macio
e abrangendo uma profundidade at a rocha ou estrato impermevel. O equipamento
mais apropriado a retroescavadeira ou escavadeira hidrulica.
2.6 Construo de vertedouros

Vertedouros naturais so geralmente a melhor opo para uma barragem de terra,

mas frequentemente ser necessrio um certo grau de escavao para obter a necessria
inclinao de projeto. Em todos os casos, o movimento de maquinaria sobre a rea do
vertedouro dever ser minimizado para evitar sobrecompactao do solo, provocando
trilhos, que mais tarde pode levar a eroso, e destruindo a cobertura de vegetao. Onde
seja necessria uma escavao, esta dever ser mantida ao mnimo e, a no ser que seja
inevitvel, no dever envolver a remoo total do solo superficial. Se isto ocorrer, ser
necessrio escavar mais profundamente, sendo a profundidade adicional necessria,
porque solo de boa qualidade e cobertura vegetal tero de ser instalados logo que se
obtenha o perfil desejado. Qualquer escavao de grande volume em vertedouros dever
ser feita numa altura em que o material escavado, se adequado, possa ser includo
juntamente com o material trazido para a construo do aterro ou reservado para o
enchimento de reas de emprstimo. Volumes menores de material do corte podem
normalmente ser includos nos muros-guia.
Vertedouros em pedra so normalmente necessrios onde no h alternativa
seno descarregar por sobre uma parte central da barragem. Para a maioria das
barragens agrcolas a estrutura de descarga central pode ser uma soleira de gravidade
fundada sobre rocha e construda de pedra ou concreto ou, se fundada em material
menos rgido, pode ser construda com muros de cada lado para trancar o vertedouro na
barragem de terra. A descarga deve ser feita sobre rocha ou para dentro de um
dissipador de energia (uma bacia de dissipao) e feita proviso adequada jusante para
combater qualquer risco de eroso no leito. Em casos extremos poder ser necessria a
correo do rio atravs do uso de canais de enrocamento de pedra ou concreto e gabies.
Para barragens maiores, dever ser procurado um parecer em engenharia civil para
assegurar a estabilidade da estrutura central de descarga.

Vertedouro
2.7 Execuo de drenagem interna, galerias de injees, galeria de
drenagem, poo de bombeamento, descarregador de cheias e canal
de restituio.
Em obras de grandes dimenses e em que as caractersticas geotcnicas de
fundao o justifiquem, estas estruturas normalmente fazem parte das tarefas a executar.
O sistema de drenagem interna de uma barragem de terra geralmente
constitudo de um tapete drenante e um filtro em chamin. Os tapetes drenantes,
geralmente ficam apoiados sobre a superfcie de fundao e so constitudos de camadas
mltiplas de materiais, com elevada permeabilidade, para permitir o escoamento das
guas drenadas atravs da fundao e do macio de barragem. Quando a superfcie da
fundao horizontal, ou pouco inclinada, o tapete construdo em camadas e
compactado por meio de rolos vibratrios ou tratores de esteira, imediatamente aps
intensa irrigao.

Construo de dreno de fundo

Tapete drenante
Quando a fundao mais inclinada (ombreira) a construo do tapete drenante
conduzida juntamente com o aterro, em pequenos lances, sendo a sua compactao
feita por meio de rolo pneumtico ou placa vibratria. Os filtros em chamin podem ser
verticais ou inclinados e geralmente so constitudos de um nico material, na maioria
das barragens, de areia natural. Sua espessura da ondem de 1 metro, geralmente
estabelecida em funo da mnima dimenso requerida para a sua construo.
Pode ser construdo em camadas finas, de espessura igual a uma ou duas vezes a
espessura do aterro, lanadas antes e compactadas juntamente com as camadas deste,
atravs do rolo vibratrio ou pneumtico; ou pode ser construdo aps o aterro ter
atingido certa espessura (1 a 2 metros), por escavao deste e substituio por material
de filtro, sendo compactado em camadas por meio de placa vibratria. No primeiro caso
o consumo do material de filtro maior, pois a geometria final do filtro construdo fica
constituda de sees trapezoidais superpostas, de altura igual espessura da camada e a
largura no topo igual dimenso mnima do projeto. Para a construo dessas camadas
so utilizados equipamentos, que preenchidos por material de filtro e puxados por um
trator fazem o lanamento da camada com espessura e largura desejada. No segundo
caso, quando o filtro inclinado, tambm h necessidade de maior consumo de material,
para se observar a dimenso mnima do projeto. Quanto maior a espessura do aterro
escavado para substituio, maior o excesso de consumo de material de filtro.
2.8 Instalao de equipamentos de observao e leitura.
O fornecimento e a montagem do equipamento de observao e leitura como
inclinmetros, piezmetros, clulas de presso neutra, marcas superficiais, etc. numa
barragem de terra so em geral executados por empresas especialistas contratadas.

Inclinmetro

Piezmetro
2.9 Construo do aterro
O ncleo de uma barragem de terra pode ser construdo vertical no centro da
barragem ou inclinado descentralizado. A primeira opo prefervel por proporcionar
maior contato de presso entre o ncleo e a fundao, o que, alm de impedir
infiltraes, melhora o comportamento da barragem diante da eventualidade de

ocorrncia de sismos. Entretanto, um ncleo inclinado descentrado permite que a parte

inferior do aterro seja executada em primeiro lugar e o ncleo posteriormente,
reduzindo assim a possibilidade de ocorrncia de fraturas hidrulicas.

A construo do ncleo a parte mais importante de qualquer aterro, por isso

necessrio grande cuidado na escavao, enchimento e utilizao de material. A largura
e a profundidade devero ter sido decididas na fase de projeto. A largura (2 m no
mnimo) depender frequentemente do equipamento utilizado na escavao e tambm
do tamanho da barragem. A profundidade mnima necessria depender das condies
do local, mas em todas as escavaes a trincheira de vedao dever ser levada at
encontrar material impermevel de boa qualidade tal como argila ou rocha slida ou at
a um mnimo de trs-quartos da altura do coroamento ou crista/soleira da barragem.
Se a rocha encontrada geralmente boa, admissvel encher rachas ou fissuras
com argila compactada ou argamassa, desde que possam ser completamente limpas e
localizveis para assegurar que mais tarde no se desenvolvero canais de infiltrao.
Se uma camada impermevel suficientemente espessa no for alcanada e a
profundidade da trincheira tiver de ser 0,75H, a escavao da trincheira de vedao
pode parar apenas se o material encontrado no for de natureza grosseira ou gravilha,

como frequente em leitos fluviais. Se for encontrado material permevel vital que a
trincheira de vedao seja levada atravs dele at a uma profundidade suficiente para
encontrar material mais impermevel. Antes do aterro, a escavao dever ser
controlada para assegurar que as condies acima so respeitadas.
Cortar caminho nesta fase pode custar caro mais tarde e a infiltrao atravs do
aterro pode tornar-se excessiva se no forem respeitadas as profundidades e o material
correto. normalmente vantajoso tomar mais cuidado e levar um pouco mais de tempo
na escavao do ncleo. Outros requisitos tais como ensecadeiras, compactao
especial, equipamento de drenagem e disposies de segurana na trincheira devero ser
considerados antes do incio da escavao para permitir que o trabalho seja executado
eficientemente. Uma avaliao das condies do local na fase de projeto, por exemplo,
para determinar nveis de guas subterrneas, permitir que tais requisitos especiais
sejam includos nas estimativas de custos.
Material de formigueiro e Vertisolos (cracking clays) no so recomendveis
para enchimento do ncleo, mas se o primeiro for usado dever ser tratado
quimicamente e em todos os casos mantidos, tanto quanto possvel, abaixo das seces
superficiais do ncleo (que devero manter-se molhadas durante todo o ano).
Uma vez que a trincheira de vedao tenha atingido o nvel do solo, o aterro
poder ser construdo. Se necessrio, e normalmente por causa de limitaes de tempo,
poder ser prudente construir a trincheira de vedao algum tempo antes do resto da
barragem, de preferncia durante a estao seca anterior assegurando-se que os
trabalhos so protegidos da eroso. O aterro pode prosseguir com monitorizao
cuidadosa e continuada dos tipos de solo a serem usados para verificar que o tipo de
solo correto colocado na seo apropriada. O ncleo continuado atravs do centro da
parede medida que as outras sees so colocadas. Por causa da largura envolvida,
poder no ser possvel realizar uma compactao manual e tero de ser usados outros
mtodos. Como j mencionado, nenhuma camada dever exceder a espessura
recomendada e, se o trator/p de arrasto em operao no for capaz de manter tal
padro, poder ser necessria uma niveladora ou trabalhadores com ps.
Aps o enchimento da trincheira inicia-se o levantamento do macio de terra,
lembrando que, caso o material do ncleo seja diferente do resto do corpo da barragem,

o enchimento por camadas deve respeitar os limites para deposio de cada material.
Antes do lanamento da primeira camada de solo, tornam-se necessrios o revolvimento
(arao) e umedecimento da camada-base antes de sua compactao, com objetivo de
proporcionar maior liga com a camada superior. O aterro, que se constituir no corpo da
barragem, dever ser feito colocando-se camadas finas de 15 a 20 cm de solo e com
aplicao de gua ao solo at que seja alcanado o contedo de umidade adequado (nem
muito seco nem muito encharcado) para se atingir a compactao mxima do aterro. A
densidade de solo recomendada para pequenas barragens de 1,5 a 1,7 g/cm3.
O melhor solo argiloso dever ser usado e compactado em camadas no mais
espessas do que 75-100 mm (50-75 mm) em todo o comprimento da trincheira. Apesar
de que a compactao pode ser conseguida seguindo um trajeto irregular (se so usados
tratores, encha os pneus com gua), poder ser mais desejvel usar trabalho braal e
dispositivos de calcamento (so normalmente suficientes maas de madeira com 75-100
mm de dimetro), ou equipamento rebocado (onde camadas mais espessas so
admissveis), para obter os altos nveis de compactao necessrios. Para ncleos mais
largos, rolos p-de-carneiro, ou rolos vibradores podero ser mais economicos. Tanques
de gua (cisternas) ou equipamento de rega podero ser teis e ajudar na compactao.
A remoo de solo das reas de emprstimo poder ser ajudada por ripagem ou
regando as reas envolvidas (evite regar demasiado o que poderia levar a problemas de
trao). Este ltimo especialmente desejvel para o ncleo e seco montante onde o
solo, se usado molhado, ser mais facilmente compactvel.
Em fases determinadas pelo responsvel pelo projeto, o aterro medida que for
sendo construdo dever ser examinado para verificar se os taludes esto em
conformidade com os limites do projeto. Se houver qualquer variao, sero necessrias
medidas de remediao: Se os taludes so muito planos, pode ser construda uma
banqueta de aterro para permitir uma inclinao geral mais prxima do projeto. Se os
taludes so demasiado inclinados, a retificao mais difcil, pois, antes que a terra
possa ser colocada para aplanar os taludes, so necessrias chavetas na face j existente
para reduzir a formao de superfcies escorregadias entre o material novo e o velho.
Neste ltimo caso, apesar de que o talude possa ser corrigido desta maneira, a
estabilidade da barragem nunca ser to boa como o que deveria ser, pois difcil obter
os mesmos nveis de compactao e coeso como os da estrutura original.

 melhor, portanto, evitar tais problemas com uma cuidadosa e frequente

monitorao das estruturas medida que vo tomando forma, especialmente no incio
do trabalho quando operadores e outros trabalhadores esto mais propensos a fazer
erros. Moldes e estacas podero ajudar nesta fase com os moldes cortados nos ngulos
certos para serem aplicados ao talude com nvel de bolha de ar ou fio-de-prumo para
indicar a horizontal ou vertical.
Quando o aterro estiver altura correta dever ser vistoriado para verificar em
particular se o coroamento ou crista/soleira foi construdo ligeiramente convexo com
mais solo colocado no centro onde ter lugar um maior assentamento. O coroamento ou
crista/soleira dever ter uma ligeira inclinao (transversal) para o lado montante do
aterro para permitir a drenagem segura da gua da chuva para o reservatrio em vez de
para o talude de jusante. Durante os prximos meses, e finalmente depois de um ano, o
aterro dever ser novamente monitorizado para avaliar o assentamento e para permitir
colocar solo em qualquer seo que assente a nvel inferior ao da horizontal. O
vertedouro dever ser monitorizado para verificar que a inclinao prevista no projeto
foi respeitada. Se ocorrem grandes cheias, ou se esperado que ocorram, poder ser
necessrio o enrocamento de pedra arrumada ou concretagem da base do aterro e de um
ou dos dois lados do canal do vertedouro, para reduzir o risco de eroso.
muito importante que uma boa cobertura vegetal, preferivelmente do tipo
rastejante, seja instalada no aterro e no vertedouro antes da possibilidade de ocorrerem
chuvas fortes. Ou seja, se possvel deve-se construir a maior parte do vertedouro antes
do trabalho do aterro propriamente dito comear, de forma ideal no fim da precedente
estao das chuvas quando haver disponibilidade de gua para o estabelecimento da
vegetao.
De qualquer forma, as ltimas camadas de solo a serem colocadas no aterro, e
em qualquer das sees cortadas do vertedouro, devero ser de solo superficial de boa
qualidade de forma a estimular um rpido e denso crescimento da vegetao. Rega e
estrumao podero ser benficas. Para minimizar a eroso causada por pessoas e
animais, o aterro dever ser vedado e, em alguns casos, devero ser previstas passagens
especiais protegidas para gados de forma a manter os animais fora de reas sensveis. Se
ocorrer eroso, principalmente nas fases iniciais, muito tempo e trabalho podero ser
poupados com uma rpida ao de remediao. Depois de uma chuvada tempestuosa a

barragem deve ser inspecionada e todos os sulcos e ravinas (vooroca, booroca)

devero ser tapados e replantados com vegetao antes que a situao piore. Onde a
cobertura com solo e vegetao so difceis de implantar, a colocao de torres nos
buracos que se formem e a cobertura do solo superficial e da vegetao com uma rede,
podero ajudar a regenerar o coberto.
A rocha sobre a qual ser construdo o aterro ter de ser slida em todo o seu
comprimento (fendas de menores dimenses devero ser identificadas, limpas e cheias
com concreto) e ser de largura suficiente para fornecer uma boa base para a parede.
melhor se a largura da rocha for maior do que a largura da base, mas isto no
absolutamente necessrio para que seja construda uma barragem bem sucedida.
Alguma pesquisa ser necessria para averiguar se a rocha se estende para uma
profundidade suficientemente grande para servir como trincheira de vedao
infiltrao que possa ocorrer. Uma vez considerada satisfatria, a rocha dever ser limpa
de material resultante de intemperismo e materiais soltos. Uma parede chave baixa e
larga ento construda ao longo do comprimento da barragem (normalmente na ou
perto da linha central/eixo) com dimenses mnimas de 0,6 m de largura e 0,4 m de
altura. Imediatamente antes dos tijolos, colocada pedra ou concreto, a fundao de
rocha preparada com uma aguada de cimento (uma mistura fraca de cimento e gua
para formar uma textura cremosa) para ajudar a fixao. Se houver equipamento
disponvel, ser til utilizar buchas de fixao/chumbadores ou a abertura duma
trincheira na rocha. A parede chave no dever ser 100 por cento slida, mas dever ter,
a intervalos regulares, pequenos espaos, ou tubos que permitiro a passagem de gua
de infiltrao atravs dela sem significantemente afetar as suas capacidades estruturais.
O ncleo central do aterro deve estar ao lado e em cima desta parede chave e
normalmente necessrio colocar as camadas iniciais manualmente, em cada lado da
parede, at espessura projetada. Seguindo os procedimentos normais, o melhor solo
argiloso disponvel dever ser usado e disposto em camadas, 50-75 mm de espessura e
bem compactado, molhando-o, batendo com um mao e/ou rolando. Uma vez que o
ncleo tenha atingido o nvel acima da parede chave, a colocao pode ser continuada
com a ajuda de maquinaria e a construo do aterro pode prosseguir como j foi
delineado. Alternativamente, o ncleo pode ser colocado em primeiro lugar a uma altura
superior a 0,5 m e, em seguida, uma seco central de 0,6 m de largura escavada a partir
da para a rocha e a parede chave construda dentro desta trincheira. Se o assentamento

do aterro susceptvel de ser significativo ou duma natureza que possa causar

rachaduras na parede chave (assentamento diferencial pode levar uma estrutura rgida a
deformar-se a tal ponto que ocorrem fraturas), aconselhada alguma forma de reforo
para fortalecer a estrutura. Uma rede de vedao ou um ferro de reforo colocado na
parede normalmente suficiente.
Se no esto disponveis bons solos argilosos, um aterro pode ser construdo em
segurana, se forem feitas certas modificaes ao projeto. O ncleo deve ser colocado
usando o material mais impermevel. Pode ser considerada a utilizao de material de
formigueiro, mas apenas como ltima hiptese e dever ser tratado antes e durante o
aterro. Vertisolos (cracking clays) ou argila expandida tambm podero ser usadas, mas
aconselhvel mistur-las com solo grosseiro, pois tudo o que necessrio num
material de ncleo que tenha argila suficiente para aderir e tornar a massa tanto quanto
possvel plstica e impermevel. Se provvel que esse material venha a ser usado, o
dono da barragem dever ser avisado de que no dever deixar o aterro secar ou encher
demasiado depressa, e que dever ser mantido o mais cheio possvel. O prprio aterro
dever ser projetado com uma inclinao a mais economicamente pequena possvel,
mas no mais inclinado do que 1:2 para a face de jusante e 1:2,25 ou 2,5 para a de
montante. Como de costume, o material mais grosseiro dever ser aplicado na face
jusante do ncleo.
As transies entre enrocamento e aterros so construdas com tcnicas
semelhantes s utilizadas na execuo dos filtros em chamin, em camadas
concomitantes, apoiadas sobre a face do aterro ou do enrocamento. Junto s transies
importante que o enrocamento contenha certo teor de pedras midas e finas, e que seja
empalhado com a lmina do trator movimentando-se no sentido em que se afasta da
transio, conduzindo as pedras maiores para longe desta. Os materiais de transio so
compactados com rolos pneumticos ou vibratrios, tomando-se cuidado especial para
que o aterro adjacente transio no fique sem compactao.
Os projetos de rip-rap prevem a incluso de uma ou mais camadas de transio
entre as pedras e o aterro. As camadas de transio do rip-rap so lanadas depois de
certa espessura de aterro. Toda terra solta sobre a face do talude raspada por um trator
de lmina e espalhada na superfcie do aterro. A seguir so lanadas as camadas de
transio do rip-rap. Quando se dispe de enrocamento bem graduado pode-se construir

o rip- rap sem as camadas de transio, adotando-se uma tcnica de espalhar o

enrocamento de cima para baixo, com a lmina do trator abaixada, que vai
gradativamente sendo levantada, medida que o trator vai descendo pela superfcie da
latitude. Assim, consegue-se fazer com que o material mais fino fique em contato com o
aterro, que servir de transio para as pedras grandes a serem lanadas no prximo
lance de construo do rip-rap.
No contato entre o aterro e as estruturas de concreto, para a compactao do
aterro junto s superfcies de concreto so geralmente utilizados soquetes manuais.
Quando essas superfcies so contnuas pode-se executar a compactao por meio de
rolos pneumticos, fazendo-se com que os pneus passem o mais prximo possvel do
concreto, com o rolo movimentando-se paralelamente linha de contato. Constitui boa
prtica de projeto prever uma ligeira inclinao da superfcie do concreto, por exemplo,
1:10 (H:V) , o que facilita a compactao do contato, alm de minimizar problemas de
deslocamento do aterro, que seriam provocados por deformaes oriundas do recalque
da macio

Compactao em umidade tima

2.10

Acabamento do aterro principal

No acabamento do aterro principal, dever ser dada ao coroamento ou

crista/soleira uma pequena inclinao para o reservatrio para ajudar o escoamento e
manter a seo de montante do aterro menos sujeita a eroso. Dever ser evitada a
acumulao de gua sobre e dentro do macio de jusante. Arrumao, trabalhos de
acabamento e outros trabalhos menores podem, com frequncia, ser deixados para o
agricultor/dono da barragem/comunidade local em vez de ser feita pelo empreiteiro da
obra. Estas atividades so demasiado caras, principalmente se for necessrio o uso de

equipamento pesado. Entre os trabalhos de acabamento mencionados esto os trabalhos

a seguir:
a) Plantao de vegetao;
b) Enrocamento de pedra do vertedouro (reas de baixa queda pluviomtrica);
c) Acabamento da descarga de escoamento percolante (trickle flows) e tubos de
despejo;
d) Escavao dos drenos de percolao;
e) Vedao, fertilizao e rega das reas plantadas;
f) Enrocamento de pedra dos muros-guia e aterro;
g) Concretagem de reas com alto risco de eroso.
E por ltimo, se so necessrios instrumentos de medida no vertedouro, ou
indicadores de profundidade nas descargas ou reservatrio, estes devero ser instalados
nesta altura (quando no podero ser danificados pelo trfego associado com a
construo). Da mesma forma, letreiros e todos os avisos relativos segurana devero
ser considerados nesta altura.
Nos ltimos dez anos observou-se um grande progresso nos projetos de
barragem de enrocamento com face de concreto (membranas de concreto na face de
montante do enrocamento), com acrscimo do uso desse tipo de barramento, que
tambm passou a ser adotado nas barragens com altura superior a 100 metros. Essa
difuso ocorreu graas ao desenvolvimento das tcnicas de construo de enrocamentos
compactados, das trincheiras de vedao e dos dispositivos de impermeabilizao das
juntas de lajes.
A barragem de Foz do Areia, da COPEL, recentemente concluda no Rio Iguau
um exemplo dos mais importantes desse tipo de obra. Para minimizar os problemas de
recalques, o enrocamento na zona sobrejacente laje de concreto construdo com
rocha s, lanada e compactada em camadas de pequena espessura. Entre o enrocamento
e a laje so constitudas camadas de transio, de granulometria adequada, que so

compactadas por meio de rolos vibratrios, movimentando-se sobre os taludes por meio
de um sistema de cabos e guinchos. A laje de concreto, com cerca de 30 cm no topo e
espessura crescendo na ordem de 0,3 % com a profundidade, constituda em painis,
com formas deslizantes, preferencialmente sem juntas horizontais. A junta que merece
maiores atenes a situada prximo s ombreiras (junta perimetral), onde so
introduzidos veda junta dupla e enchimentos especiais, onde os recalques diferenciais
so mais acentuados.

3. Casos Especiais
3.1 Barragens Construdas com Trator de Esteira
Apesar de no serem recomendadas como estruturas slidas e duradouras, as
barragens construdas com trator de esteira podem proporcionar formas baratas e teis
de armazenar pequenas quantidades de gua para criadouros de gado, irrigao,
piscicultura, rega de hortas e usos domsticos. No aconselhvel utilizao de
tratores de esteira para por uma parede de terra de p atravs de um curso de gua.
Uma barragem corretamente construda com trator de esteira dever obedecer
aos requisitos abaixo: Altura mxima 4 m. Largura mnima da base (para estes 4 m de
altura) de 20 m e incluindo uma largura do coroamento ou crista/soleira de 3 m. A rea
de fundao dever ser limpa de todo o material orgnico e de solo superficial at a uma
profundidade mxima de 150 mm. A fundao dever ser bem compactada e dever ter
trincheiras de vedao escavadas se for necessrio. Material de terraplanagem dever
ser empurrado por trator de esteira, apenas do lado do reservatrio, e espalhado sobre
todo o comprimento da barragem em camadas at, no mximo, 150 mm de espessura
(melhor se menos). Cada uma das camadas dever ser compactada utilizando os
melhores meios disponveis (gado, trator com pneus cheios de gua, manualmente
usando maos, etc.) Os taludes laterais no devero ser mais inclinados do que 1:2 e
melhor, se menos.
sempre necessrio um vertedouro para estas barragens a no ser que se espere
que encham por infiltrao ou diretamente da gua da chuva. Um pequeno tubo,
instalado numa trincheira num dos lados da barragem e a uma altura adequada (0,5 a 1

m abaixo da cota mxima), dever ser suficiente a no ser que o fluxo de gua seja alto.
Neste ltimo caso, poder ser necessrio um vertedouro de emergncia numa das
margens. importante que este vertedouro seja absolutamente horizontal no aterro e
que a base do aterro e o p da barragem sejam protegidos da eroso por enrocamento
lanado (rip-rap) ou enrocamento de pedra arrumada ou gabies. A fixao destes
aterros a pedregulhos ou formigueiros no recomendada, pois muito provvel que os
pedregulhos deem fraca ancoragem e tenham problemas de infiltrao e os formigueiros
levaro a que as trmitas (cupim, salal, muchm) entrem na barragem causando
grandes problemas depois de alguns anos.
A manuteno uma questo contnua com barragens construdas com trator de
esteira, mas com inspeo regular, especialmente depois de grandes chuvadas ou cheias,
isto poder ser mantido a um mnimo. Se for essencial o fornecimento de gua durante o
perodo seco, ou se as taxas de evaporao so altas, poder valer a pena escavao da
parte mais profunda do reservatrio para obter uma profundidade total de quatro ou
mais metros. De qualquer maneira, para reduzir os riscos de pr em perigo a
estabilidade da barragem, a escavao no dever ter lugar a menos de 10 m do p de
montante da barragem e bem afastada de qualquer seco do vertedouro.
3.2 Barragens em reas de baixa pluviosidade
Onde, por causa da baixa pluviosidade, no seja possvel estabelecer e manter
uma cobertura vegetal no vertedouro e aterro, devero ser tomadas outras medidas para
evitar a eroso. O vertedouro dever ter enrocamento de pedra em toda a sua extenso,
com pedras grandes, bem assentes e travadas, e com o eixo maior de cada pedra a 90
em relao superfcie do solo. Todos os espaos entre pedras devero ser preenchidos
com solo e plantados com a vegetao rastejante apropriada. O aterro propriamente dito
tambm poder ter enrocamento de pedra, mas, como isto costuma ser caro, poder ser
mais prtico fazer um enrocamento de pedra arrumada ou um enrocamento lanado (riprap), de tamanho apropriado e bem assente, em reas de alto risco tais como as
extremidades do aterro e reas com probabilidade de serem afetadas pela ao das ondas
e, em seguida, colocar pedra solta e rocha no resto do aterro.
Para facilitar este trabalho, poder ser necessrio, na fase de projeto, adoptar
taludes com menor inclinao. Sempre que possvel, deve ser aconselhada a rega dos

vertedouro e do aterro antes da poca das chuvas para estimular o crescimento da

vegetao entre as pedras. De novo, necessria a inspeo regular e manuteno deste
tipo de barragens para maximizar a sua vida til e minimizar os trabalhos de reparao.
Quando o aterro estiver concludo e as principais descargas e drenos instalados,
a barragem pode ento ser concluda. muito importante que os muros-guia ao longo
dos lados do vertedouro estejam bem cobertos com vegetao e protegidos atravs de
outras medidas de preveno de eroso antes de pr o vertedouro em funcionamento.
Chuvas num aterro no protegido podem, no mnimo, causar pequenos sulcos e ravinas
e, no pior dos casos, destruir toda a estrutura. Portanto, quando a maior parte dos
movimentos de terras de maior escala e outros trabalhos estiverem terminados, de vital
importncia no negligenciar os pequenos toques de acabamento que, se adiados,
podem pr em risco muito ou mesmo todo o trabalho j feito. Mesmo quando as obras
de acabamento foram feitas corretamente, e na altura certa, so comuns os pequenos
problemas com eroso e assentamento. Por causa disto, um programa de inspeo e
manuteno regular tem que ser promovido para assegurar que no aparecero perigos
maiores. O restante do local no dever ser ignorado. reas utilizadas para
armazenagem, alojamento ou acesso e estacionamento para ativos fixos tangveis
devero ser restaurados tanto quanto possvel para as suas condies originais. Solo
superficial e vegetao reservados no incio dos trabalhos podem ser espalhados nestas
reas para permitir que a vegetao se restabelea e sejam minimizados os riscos de
eroso do solo exposto. reas de emprstimo e outras reas usadas para escavar
materiais devem tambm ser restabelecidas o mais possvel, utilizando restos ou
materiais no usados e, em seguida, replantados a no ser que possam ser convertidas
em lagoas de armazenamento de gua.
Os muros-guia so necessrios ao longo de um ou dos dois lados do vertedouro
para manter a gua de cheia longe do p e do macio de jusante do aterro e dentro do
canal. Os muros-guia so frequentemente construdos sem ncleo, mas frequentemente
usam os mesmos declives que o aterro principal. No entanto, o projeto pode variar de
acordo com as condies do local e a largura e a altura do coroamento ou crista/soleira
pode ser reduzida se necessrio.
Durante a construo, dever ser tomado cuidado para no trespassar o
vertedouro e no dever ser removida nenhuma terra do leito do canal para este muro a

no ser que seja necessrio cortar para formar o vertedouro. Poder ser aconselhvel
concreto ou enrocamento de pedra arrumada no final do aterro principal e ao longo dos
lados internos dos muros-guia.
3.2 Impactos ambientais oriundos na etapa de construo
Quanto aos impactos oriundos na etapa de construo, estes devero ser
identificados para que sejam propostas medidas de controle, as quais comporo o Plano
de Manejo Ambiental da Construo PMAC. Seu objetivo dotar os diversos atores
envolvidos na implantao das obras - projetistas, construtoras, fornecedores de
materiais e equipamentos, fiscais das obras e equipes de gesto ambiental - de um
instrumento que sintetize, de forma prtica e objetiva, os procedimentos que devem
nortear as atividades de construo, visando evitar, minimizar, mitigar e controlar os
impactos

ambientais,

previamente

identificados

ou

no,

decorrentes

do

empreendimento.
O PMAC um documento que consolida critrios, recomendaes, tcnicas e
prticas correntes que so empregadas no Brasil e no exterior, devidamente adaptadas s
condies particulares de cada empreendimento, com vistas a evitar ou minimizar os
impactos negativos identificados nos estudos ambientais do empreendimento.
3.3 Processo de construo da Barragem Monjolinho

A seguir sero apresentados detalhes referentes construo da Barragem

Monjolinho, localizada em Santa Catarina. O primeiro passo do processo de construo
foi limpeza e remoo de toda a matria orgnica encontrada na rea destinada
construo. Com a antiga barragem existente no local deveria ser aproveitada no talude
de jusante, suas superfcies foram escarificadas, para possibilitar melhor ligao e maior
atrito com a terra colocada sobre a mesma e destinada a aumentar suas dimenses.
Prximo ao talude de montante da antiga barragem e paralelamente ao eixo longitudinal
da mesma foi aberta a vala de fundao, at que o fundo desta chegasse a atingir solo
firme.
A cortina de vedao, destinada a reduzir as perdas de gua por infiltrao
atravs do macio de terra, estendeu-se desde o fundo da valeta at a parte superior, ou
crista do aterro. Para que se tornasse possvel o emprego de mquinas na construo da
fundao esta foi feita com 4,40 m de largura at o ponto em que a quantidade de gua
aflorada aconselhou reduo dessa largura. Sua profundidade, que oscilou entre 2,5 e
3,0 m, foi estabelecida atravs de sondagens do terreno, por meio de trado.
O aproveitamento da antiga barragem, motivado exclusivamente por questes
econmicas, acarretou bastante dificuldade ao desenvolvimento inicial dos trabalhos.
A construo do aterro, inclusive do ncleo central, foi feita em camadas de terra
de pequena espessura (0,25 a 0,30 m) e compactada por soquetes manuais e mecnicos.
A escavao e o transporte de terra para a construo foi feita com auxlio de
"Buldozers" e "Scrapers". O ncleo central antes de receber a compactao foi
umedecido com soluo impermeabilizante.

Ao se instalar a tubulao destinada ao esgotamento da barragem teve-se o

cuidado de construir, de espao a espao, em volta dos tubos, anis irregulares de
concreto, com a finalidade de quebrar a regularidade da superfcie de contato entre o
tubo de concreto e a terra do macio, dificultando assim as infiltraes ao longo dessa
superfcie de unio entre os dois materiais.
Ao construir o extravasor ou "ladro", cuidou-se de quebrar a regularidade da
superfcie de contato entre as paredes do extravasor e o solo da barragem, construindose, de espao a espao, salincias de concreto nas paredes do extravasor que estejam em
contato com a terra. A proteo do talude de jusante foi feita pelo plantio de grama
batatais. Na parte superior da barragem foi plantada erva cidreira. A proteo do talude
de montante com pedras, e a abertura de drenos "do p" sero feitos oportunamente.
Em trs pontos localizados no talude de jusante foi determinada a posio da
linha de saturao. A altura atingida pela gua no interior desses buracos determinou
pontos da linha de saturao. A ligao dos diversos pontos obtidos determinou
aproximadamente a posio da linha de saturao no interior do macio.