Naz para Zunguze
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Objectivos
Geral:
Analisar a protecção social em Moçambique;
Específicos:
Conceitualizar a protecção social;
Descrever os tipos de protecção social
Revisão Bibliográfica
Desde os primórdios da sua existência que os homens necessitaram de protecção social e
procuram formas de se protegerem, a si e aos seus dependentes, das adversidades da vida, bem
como de proporcionar um ambiente melhor e seguro para viver. a protecção social começa antes
do inicio da vida, através da necessidade de proteger o indivíduo que vai nascer, continua ao
longo da sua vida e estende-se pela necessidade de proteger os sobreviventes em caso da morte
do indivíduo ou de incapacidade total de prover rendimentos para a sobrevivência da família
como um todo.
Embora este conceito possa representar ideias diferentes para diversas pessoas existe um traço
comum, que é o desejo natural das pessoas, das comunidades e da sociedade em geral, de ter uma
maior protecção social em situações de carência na vida.
A OIT, identifica as seguintes componentes da protecção social:
Sistemas de segurança social, instituídos para concessão de benefícios relacionados com
emprego (pensões, benefícios em dinheiro, seguro social, entre outros);
Sistemas sociais de benefícios universais - beneficiam todos os residentes (concessões
familiares, serviços de saúde pública, garantias para a velhice, etc.);
Sistemas de assistência social – asseguram benefícios para o alívio a pobreza de cidadãos
residentes com necessidades especiais. Estes podem ser em dinheiro e em espécie, e
Sistemas de benefícios privados relacionados com emprego ou benefícios individuais,
como por exemplo abonos de família, seguros de vida, etc..
Mesmo que essas componentes sejam diferentemente concebidas por cada Estado, as funções
básicas da protecção social mantém-se, nomeadamente:
Função de manter uma rede de salvação (rede de protecção social);
Função de manutenção de rendimento e um certo status quo;
Função de expressar a política social do respectivo Estado.
Antes da protecção social se tornar obrigatória, estava ao critério de cada indivíduo e sua família
providenciar uma adequada protecção contra os riscos da vida.
A definição de protecção social apresenta uma dupla dimensão: ampla e restrita. Por protecção
social ampla, entende -se o conjunto de aspectos, directa ou indirectamente, ligados aos direitos
de cidadania, de jure ou de facto, dependentes do quadro institucional (político e jurídico) da
sociedade. Por protecção social restrita, entende -se o conjunto de direitos parciais ou mesmo
privilégios, conferidos a grupos sociais ou profissionais específicos, com o objectivo de prevenir,
mitigar e gerir os efeitos negativos provocados por situações de vulnerabilidade, riscos e/ou
rupturas na segurança humana.
Surgimento e desenvolvimento da protecção social em Moçambique
Em Moçambique foram constituídas estratégias de protecção social diferentes e divergentes, de
acordo com a forma como os direitos cívicos, políticos e sociais foram se constituindo. Na
verdade, como afirmavam Barbalet e Giddens, sociedades diferentes atribuem direitos e deveres
diferentes aos seus cidadãos, porque, não existe qualquer princípio universal que determine
direitos e deveres inalienáveis da cidadania em geral (Barbalet, 1989).
Assim, na primeira etapa, antes da colonização, período descrito por Kassotche (1998), como
sendo período pré colonial, a tarefa de assegurar socialmente as pessoas era baseada no
princípio de solidariedade e ajuda mútua enquadrado nas relações e práticas sociais que, por via
de trocas de bens e serviços, asseguram na sociedade algo do bem-estar e alguma protecção
social (Ariscado, 1995).
Estas relações caracterizam-se por ser de familiaridade, de amizade e vizinhança, em que cada
um pode ajudar o outro na esperança de que amanhã também vai receber ajuda, sem no entanto
precisar de pagar monetariamente. Os moçambicanos adoptaram este princípio ao longo da sua
vida, com o propósito de enfrentar as diferentes formas de riscos sociais que predominam até
hoje nas zonas rurais e urbanas, referenciadas a um grupo de pertença e obedecendo a regras
sociais de cada grupo ou comunidade numa economia de subsistência (Faleiros, 1991).
A segunda etapa ocorreu nos finais do século XIX. Com a colonização introduziram-se novas
formas de trabalho, o trabalho assalariado, particularmente nos zonas urbanas, o que promoveu o
êxodo rural, bem como à dissociação dos indivíduos dos seus grupos de referência, criando-lhes
novas necessidades por passarem a trabalhadores assalariados.
Com a independência nacional em 1975, o Regulamento Ultramarino da Fazenda de 1901 foi
actualizado através do decreto 52/75 de 8 de Fevereiro, tendo sido introduzidas alterações de
acordo com as novas condições dos funcionários do aparelho do Estado. Por exemplo, o tempo
de serviço reduziu de 40 para 35 anos, (Estatuto do Funcionalismo Ultramarino, artigo n.º 430), e
passaram a ser concedidas prestações em caso de acidentes de trabalho, doença, invalidez,
aposentadoria e morte.
Neste período, a situação da protecção social em Moçambique alterou-se completamente. O
Governo de Moçambique independente, caracterizou-se por uma centralização do poder político
e económico, o que implicava a preocupação de organizar e controlar a sociedade. Assim,
introduziu uma política de ocupação (trabalho) para todos, através das empresas e machambas
estatais, ao mesmo que subvencionava diversos serviços para a população, como saúde,
educação, habitação etc.
Extensão da protecção social em Moçambique
Na última década, Moçambique deu passos importantes para a consolidação do sistema de
Protecção Social através da criação de um quadro legal para a Protecção Social Básica e a
implementação de uma Estratégia Nacional de Segurança Social Básica.
Em 2007 foi aprovada a Lei de Protecção Social, Lei n.º 4/2007, e o país passou a obter o apoio
técnico do Programa Conjunto das Nações Unidas para a Protecção Social.
De acordo com a Quarta Avaliação Nacional de Pobreza e Bem-Estar em Moçambique (2016), a
força de trabalho moçambicana ainda está concentrada na agricultura de subsistência e no sector
informal de baixa produtividade. Isso faz com que os níveis de pobreza e vulnerabilidade se
mantenham altos, o que torna necessária a implementação de políticas de protecção social para
garantir a inserção e o bem-estar desses grupos populacionais.
Além disso, até 2016, apenas 15% dos agregados familiares em situação de pobreza e
vulnerabilidade dispunham de cobertura de protecção social básica, de acordo com a
Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Como funciona o sistema
A protecção social é garantida a todos os cidadãos através do Artigo 95.º da Constituição da
República:
1. Todos os cidadãos têm direito à assistência em caso de incapacidade e na velhice.
2. O Estado promove e encoraja a criação de condições para a realização deste direito.
Através da Lei 4/2007, o governo consolidou um quadro legal para a protecção social,
estruturada em três níveis: Básica, Obrigatória e Complementar:
As características do sistema de Protecção Social
Regime não Contributivo: O Programa de Subsídio Social Básico (PSSB) é a prestação com
maiores níveis de cobertura. É caracterizado por um sistema misto de focalização através de um
componente principal de categorização, baseado em variáveis tais como a idade, grau de
deficiência, desnutrição, entre outras, e também de uma categorização por vulnerabilidade
assente na condição de recursos do agregado familiar.
Regime Contributivo: No caso dos trabalhadores por conta de outrem, a entidade empregadora é
responsável pela inscrição destes no INSS. A contribuição está fixada em 7% (4% pagos pelo
empregador e 3% pagos pelo trabalhador) das remunerações e de qualquer valor adicional pago
mensalmente pela empresa ao trabalhador.
Financiamento da Protecção Social
Na Lei do Orçamento do Estado consta, a partir de 2015, a categoria Acção Social e Trabalho,
que inclui as despesas com o MGCAS e as suas Direcções Provinciais e com o INAS e suas
delegações, e com os programas de protecção social básica geridos pelo INAS.
Em 2017, o valor voltou a aumentar, com a alocação total para a acção social a fixar-se em
0,59%. O objectivo definido na Estratégia Nacional de Segurança Social Básica II (ENSSB
2016-2024) é de alocar 2,23% do PIB para a acção social até 2024.
Passos futuros da protecção social em Moçambique
Existe um compromisso governamental com a extensão da protecção social e com a
implementação de um sistema e um piso de protecção social para todos.
Aumentar a eficiência e a eficácia nas áreas de gestão dos processos de inscrição e
pagamento, e de avaliação e monitorização dos programas. O e-INAS, sistema de gestão
da informação do INAS desenvolvido com o apoio da OIT, é um bom exemplo.
Conclusão
Após ter sido conduzida esta pesquisa, chegou-se a conclusão que Antes da protecção social se
tornar obrigatória, estava ao critério de cada indivíduo e sua família providenciar uma adequada
protecção contra os riscos da vida.
A definição de protecção social apresenta uma dupla dimensão: ampla e restrita. Por protecção
social ampla, entende -se o conjunto de aspectos, directa ou indirectamente, ligados aos direitos
de cidadania, de jure ou de facto, dependentes do quadro institucional (político e jurídico) da
sociedade. Por protecção social restrita, entende -se o conjunto de direitos parciais ou mesmo
privilégios, conferidos a grupos sociais ou profissionais específicos, com o objectivo de prevenir,
mitigar e gerir os efeitos negativos provocados por situações de vulnerabilidade, riscos e/ou
rupturas na segurança humana. Na última década, Moçambique deu passos importantes para a
consolidação do sistema de Protecção Social através da criação de um quadro legal para a
Protecção Social Básica e a implementação de uma Estratégia Nacional de Segurança Social
Básica.
Referências Bibliográficas
ARISCADO, João Nunes (1995): Com Mal ou Com Bem, aos Teus te Detém: As
Solidariedades Primárias e os Limites das Sociedade-Previdência, Revista Critica de
Ciências Sociais nº 42
BARBALET, J. M. (1989): A Cidadania, Editorial Estampa, Lisboa
FALEIROS, Vicente de Paula (1986): O Que é Política Social, 5ª Edição, Editora