CAPÍTULO 6 Ansiedade Psiquiatria Essencial
CAPÍTULO 6 Ansiedade Psiquiatria Essencial
CAPÍTULO 6 Ansiedade Psiquiatria Essencial
Capítulo 6
TRANSTORNOS ANSIOSOS
Fabiele Maidel Fritzen
Cristiana Nicoli de Mattos
SINAIS E SINTOMAS
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
CLASSIFICAÇÃO
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
hipnóticos.
n Transtornos Psiquiátricos: Depressão, Psicose, Uso ou abstinência de
Ataques de pânico são crises súbitas com múltiplos sintomas e sinais de hipe-
ratividade autonômica, sensação de mal estar e perigo iminente (muitas vezes definido
88
pelo paciente como “medo de ficar louco” ou como “sensação de morte iminente”),
atingindo seu pico em cerca de 10 minutos. Podem ser situacionais ou espontâneos.
O ataque situacional, em geral, é precedido por ansiedade antecipatória
crescente, ligada à expectativa de sentir-se mal em um determinado contexto. Essa
ansiedade antecipatória pode ser acompanhada de sinais e sintomas somáticos, que
ocorrem de forma gradual e flutuante até que o indivíduo entre na situação temida.
Há, então, uma brusca elevação na intensidade das manifestações autonômicas e o
cortejo de outros sintomas somáticos e psíquicos que podem, ou não, levar ao com-
portamento desadaptativo de congelamento, fuga, ou busca de ajuda (por exemplo
indo a um pronto-socorro) .
O ataque situacional, por sua vez, ocorre sem que haja estímulo para isto, e é
portanto, imprevisível, podendo ocorrer inclusive durante o sono.
Uma crise de pânico pode ser desencadeada também por fatores orgânicos. É
importante investigar uso de drogas, remédios para emagrecer, cafeína, e considerar
os diagnósticos diferenciais já citados neste capítulo.
No Transtorno de Pânico usualmente há a repetição de episódios de pânico
espontâneos e autolimitados, nos quais o indivíduo vive ansiedade intensa e incapa-
citante, comumente associada com múltiplos sintomas de hiperatividade autonômica
(como taquicardia, dispneia, tremor, sudorese, dores torácicas, sensações de asfixia,
tonturas), sentimentos de irrealidade (despersonalização ou desrealização)e parestesias
(decorrente da hiperventilação). Devido ao grande desconforto, o indivíduo passa a
ter medo da repetição dos sintomas desenvolvendo uma ansiedade antecipatória em
relação à ocorrência de novas crises e o temor de passar mal em determinado local ou
contexto. Esta ansiedade antecipatória pode servir de gatilho para nova crise (agora,
situacional). Com isto, pode se desenvolver uma esquiva fóbica e/ou agorafobia,
mesmo após a ocorrência de uma única crise espontânea.
Atualmente o critério numérico das crises de pânico não é mais usado, e passou-
-se a considerar o impacto que as crises (mesmo que tenha sido somente uma) têm
na vida do indivíduo. Isso porque a frequência de crises não é um bom marcador de
gravidade do transtorno, já que a evitação de situações ansiogênicas (esquiva fóbica)
pode reduzi-la e a esquiva costuma agravar o comprometimento funcional do pa-
ciente.Para avaliar a gravidade, é importante que se avalie a ansiedade antecipatória,
a esquiva agorafóbica, a hipocondria e o impacto funcional.
As crises de pânico não podem ser decorrentes de outro transtorno mental,
como restritos a situações sociais temidas (como na fobia social) ou circunscritas a
objetos ou situações temidos (como na fobia específica), em resposta a obsessões
(como no transtorno obsessivo-compulsivo) ou a lembranças de eventos traumáticos
(como no transtorno de estresse pós-traumático) [1]
Atualmente as hipóteses etiológicas para o transtorno de pânico convergem
para uma ativação inadequada dos sistemas de reação e defesa com hiperatividade
dos sistemas de alerta, aversão e detecção de perigo, mediada principalmente por
noradrenalina e serotonina. Essa ativação estaria ligada à vulnerabilidade genética e
à estrutura cognitiva dos pacientes.
Psiquiatria – O essencial 89
Critérios Diagnósticos:
DSM-5
Ataque de Pânico
Um período distinto de intenso temor ou desconforto, no qual quatro (ou mais) dos
seguintes sintomas desenvolveram-se abruptamente e alcançaram um pico em minutos:
Quando ocorre menos do que 4 sintomas, pode-se falar em ataque de pânico com
sintomas limitados ( “ameaça de crise”). Com o início do tratamento, é comum ocorrer
uma redução dos ataques completos e o aumento das crises limitadas.
90
Transtorno de Pânico
Tratamento:
FOBIAS
FOBIA SOCIAL
Critérios Diagnósticos:
DSM-5
A. Medo marcante ou ansiedade sobre uma ou mais situações sociais, nas quais o in-
divíduo é exposto ao julgamento de outras pessoas, por exemplo em interações sociais
(conversar, conhecer novas pessoas), ser observado (comer, beber, escrever na frente
de outras pessoas) ou ter uma performance na frente de outras pessoas (por exemplo
em uma apresentação)
B. O indivíduo teme agir de forma inadequada ou demonstrar ansiedade
C. As situações sociais quase sempre provocam medo e ansiedade. NOTA: em crianças,
a ansiedade pode ser demonstrada por choro, dificuldade por falar, ataques de raiva,
tentar se esconder ou congelamento
D. As situações sociais são evitadas ou enfrentadas com intenso medo ou ansiedade
E. O medo ou ansiedade é fora de proporção para o real perigo, levando em consideração
o contexto sociocultural do indivíduo
F. O medo, ansiedade ou evitação é persistente, tipicamente durando 6 meses ou mais
G. O medo, ansiedade ou evitação causa desconforto e prejuízo significante no funcio-
namento social, ocupacional e outras áreas importantes de funcionamento
H. O medo, ansiedade e evitação não é atribuído aos efeitos fisiológicos de uma subs-
tância (p. ex medicação ou drogas de abuso) ou por uma condição clínica
I. O medo, ansiedade ou evitação não é melhor explicado pelos sintomas de outro
transtorno mental, como por exemplo transtorno do pânico, dismorfofobia, autismo
J. Se outra condição clínica está presente (p.ex. doença de Parkinson, obesidade,
cicatrizes desfigurantes), o medo, ansiedade e evitação é claramente não relacionado
ou excessivo.
Especificar se:
circunscrita à performance: o medo é restrito a falar ou fazer uma performance em
público
ou generalizada
Psiquiatria – O essencial 93
Tratamento:
AGORAFOBIA
Critérios Diagnósticos:
DSM-5
FOBIAS ESPECÍFICAS
Critérios Diagnósticos:
DSM-5
NOTA: em crianças, o medo ou ansiedade podem ser expressos por choro, ataques
de raiva, congelamento ou comportamento de agarrar-se a alguém
ANSIEDADE GENERALIZADA
Diagnóstico:
DSM-5
Tratamento
Critérios diagnósticos:
DSM-5
Os critérios são válidos somente para adultos, adolescentes e crianças acima de 6 anos
de idade
A. Exposição a um evento traumático (morte, violência sexual ou grave ferimento, reais ou
ameaçadores, com ameaça à integridade física do indivíduo) no qual os pelo menos um
dos seguintes quesitos estiverem presentes:
1. A pessoa vivenciou diretamente o evento traumático
2. A pessoa testemunhou o evento traumático atingindo outra pessoa
3. A pessoa foi confrontada com eventos traumáticos que ocorreram a pessoas da família ou
amigo próximo. No caso de morte ou risco de vida, o evento deve ter sido violento ou acidental
4, Vivência de repetida e extrema exposição a situações aversivas, com detalhamento dos
eventos traumáticos (p.ex. policiais ou paramédicos) Nota: não inclui exposição pela mídia,
televisão, fotos ou filmes, exceto se a exposição faz parte do trabalho da pessoa
B. Presença de pelo menos 9 dos seguinte sintomas, de qualquer uma das 5 categorias
listadas abaixo:
Sintomas intrusivos
1. Recordações involuntárias, recorrentes e intrusivas do evento, incluindo imagens, pensa-
mentos ou percepções;
2. Sonhos aflitivos e recorrentes com o evento;
3. Reações dissociativas: agir ou sentir como se o evento traumático estivesse ocorrendo
novamente (inclui um sentimento de revivência da experiência, ilusões, alucinações eepisódios
de flashbacks dissociativos);
Psiquiatria – O essencial 99
Critérios diagnósticos:
DSM-5
5. Dificuldade em concentrar-se;
6. Dificuldade em conciliar ou manter o sono;
F. A duração da perturbação (sintomas dos critérios B, C, D e E) é superior a 1 mês.
G. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcio-
namento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida doindivíduo.
H. O distúrbio não é atribuído a efeitos fisiológicos de substância (p.ex. álcool ou medi-
cação) ou outra condição médica geral
Especificar:
Com sintomas dissociativos:
1. Despersonalização
2. Desrealização
De resposta tardia: quando preenche os critérios diagnósticos somente após 6 meses
do evento traumático
Tratamento
TRANSTORNOS DE AJUSTAMENTO
O desenvolvimento de sintomas emocionais ou comportamentais significati-
vos em resposta a um ou mais estressores psicossociais identificáveis caracterizam o
transtorno de ajustamento. Os sintomas devem desenvolver-se dentro de um período
de 3 meses (segundo os critérios do DSM) ou 1 mês (segundo os critérios da CID-10)
após o início do estressor ou dos estressores, com um acentuado sofrimento ou um
prejuízo significativo no funcionamento social, ocupacional ou acadêmico. Em geral
são referidos sintomas depressivos, como insônia, angústia, isolamento social, fadiga,
baixa autoestima, pessimismo, hostilidade e anedonia. Em crianças e adolescentes
predominam irritação e problemas no convívio social.
A comorbidade com abuso de substâncias é frequente.
O estressor pode ser um período de adaptação a uma mudança existencial
importante ou a um acontecimento estressante (p.ex., fim de um relacionamento
romântico, morte, separações, desemprego). Os estressores podem ser recorrentes
ou contínuos (p.ex., violência urbana).
Os estressores podem afetar um único indivíduo, toda uma família, um gru-
po maior ou uma comunidade. Podem estar relacionados a eventos vitais, como o
ingresso na escola, deixar a casa paterna, casar-se, tornar-se pai/mãe, aposentadoria.
O diagnóstico diferencial se dá principalmente com quadros de distimia e
episódios depressivos. É importante lembrar que eventos vitais estressantes podem
desencadear uma piora de quadro depressivo prévio.
O prognóstico é bom, com melhora após tempo variável. Entretanto, quando
o fator estressante é prolongado ou repetido, principalmente na adolescência, o prog-
nóstico é pior, com maior chance de ocorrência de quadros depressivos no futuro.
Critérios diagnósticos:
DSM-5
Critérios diagnósticos:
DSM-5
REFERÊNCIAS