JCFreitas Parte2

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CONSTRUÇÃO E MONTAGEM DE

DUTOS TERRESTRES

SULGAS – 2013

2ª parte

João Carlos de Freitas


Carlos A. C. Manzano
Revestimento externo anticorrosivo
Antes da aplicação do revestimento anticorrosivo deverá
ser realizada a preparação superficial da região a ser
revestida, realizando a remoção de óxidos e sujeiras
através de métodos mecânicos: jateamento ou lixamento.
Revestimento externo anticorrosivo
Atualmente no Brasil são mais utilizados os seguintes
métodos:
a) manta termo-contrátil de polietileno;
b) fita de polietileno;
c) pintura a base de epóxi.

Manta Termo-contrátil Fita Plástica Pintura Epoxi


Abertura e preparação da vala
A abertura da vala, destinada a acomodar a tubulação
soldada para a sua cobertura (enterramento), pode ser
realizada logo após a abertura de pista ou imediatamente
antes do abaixamento e cobertura da coluna soldada.
Abertura e preparação da vala

A largura no fundo da vala deve ser tal que permita uma folga para
facilitar o posicionamento da operação de abaixamento.
A profundidade deve ser determinada em função da cobertura
desejada, conforme padrões constantes das normas
internacionais e nacionais.
Abertura e preparação da vala
Para oleodutos, pelos padrões da norma ASME B 31.4, devem ser
respeitados os seguintes valores mínimos de cobertura:

Para terrenos Para terrenos


Tipo de Área não rochosos rochosos
(em metros) (em metros)
Industrial,
comercial 0,90 0,60
ou residencial
Cruzamentos de
1,20 0,45
rios e riachos
Canais de
drenagem em
0,90 0,60
estradas e
rodovias
Quaisquer outras
0,75 0,45
áreas
Abertura e preparação da vala
Para gasodutos, pelos padrões da norma ABNT NBR 12712, devem ser
respeitados os seguintes valores mínimos de cobertura:

Para terrenos Para terrenos


Classe de não rochosos rochosos
Locação
(em metros) (em metros)

1 0,75 0,45

2 0,90 0,45

3e4 0,90 0,60

Sob canaletas
de drenagem em 0,90 0,60
rodovias e ferrovias
Abertura e preparação da vala

Todas as irregularidades existentes no fundo e


laterais da vala devem ser removidas, de forma
a garantir o apoio contínuo do duto e evitar
possíveis danos mecânicos nos tubos ou em
seu revestimento.
Abertura e preparação da vala
Em caso de abertura de vala em terreno rochoso, as pontas de
rocha ou matacões devem ser cortadas, no mínimo, 20 cm
abaixo da geratriz inferior da tubulação, depois desta estar
instalada no fundo da vala, ou ser aplicado revestimento nas
paredes e fundo da vala, de forma a garantir a regularidade da
seção da vala e integridade do duto.

Desmonte mecânico Preparação para desmonte com explosivos


Abertura e preparação da vala
Quando houver pessoas, animais, plantações, construções ou
instalações que possam ser atingidas pelo material
arremessado na realização da detonação, deverão ser
adotadas medidas extras de segurança, tais como: isolamento
e evacuação da área, sinal sonoro, instalação de tapumes e
preenchimento da vala com material macio (abafamento).
Abaixamento e Cobertura
O abaixamento dos tubos na vala deve ser precedido por exame das
condições dos tubos, do revestimento e da vala, visando:
- localizar defeitos ou danos nos tubos e no revestimento;
- verificar a condição de limpeza interna da tubulação;
- verificar as condições do fundo da vala e das suas paredes laterais.
Abaixamento e Cobertura

Nos trechos alagados utiliza-se o revestimento dos


tubos com jaqueta de concreto, que além de dotá-los de
peso extra para combater a flutuação, lhes confere
resistência mecânica adicional, evitando danos
mecânicos e tensionamento da coluna.
Abaixamento e Cobertura
Em terrenos com ocorrência de rochas, o abaixamento deve ser
precedido da utilização de meios adequados de proteção mecânica, de
forma isolada ou combinada:
- revestimento do fundo da vala com camada de solo isento de
pedras, na espessura mínima de 20 cm;
- uso de apoios de sacos de areia ou de solo selecionado,
espaçados a cada 3 m, no máximo;
- envolvimento dos tubos com jaqueta de concreto de proteção
mecânica;
- outros métodos desde que seja assegurada a integridade do
revestimento anticorrosivo e do próprio tubo, ao longo de sua vida útil
estimada no projeto.
Abaixamento e Cobertura
A pega e movimentação da coluna de tubos para o
abaixamento dentro da vala utilizam pontos de içamento
com cintas de lona de alta resistência à tração ou
carrinhos com roletes revestidos de material macio, para
evitar danos mecânicos aos tubos.

Cinta de lona reforçada Carrinho com roletes


Abaixamento e Cobertura

Em trechos onde houver o paralelismo com


outros dutos protegidos catodicamente, a
cobertura deve ser precedida da interligação
elétrica entre os dutos, de forma a se obter o
equilíbrio do sistema e a proteção do novo
duto.
Abaixamento e Cobertura

Imediatamente após o abaixamento da coluna


e antes da cobertura, realiza-se o geo-
referenciamento das juntas soldadas e a
medição “in loco” dos exatos valores da
cobertura alcançada. Estas informações são
então encaminhadas à equipe de projeto, que
as introduzirá na documentação “conforme o
construído”.
Abaixamento e Cobertura

Em regiões urbanas ou
industriais utiliza-se sinalização
enterrada composta por telas de
segurança com fita de aviso,
instaladas sobre placa de
concreto para proteção mecânica
do duto, devido a maior
probabilidade de ocorrência de
escavações futuras por terceiros,
que possam vir alcançar e
danificar o duto.
Abaixamento e Cobertura
Todo o material retirado durante a escavação da vala deve ser
recolocado na vala na atividade de cobertura. Caso o material local
seja considerado inadequado para o preenchimento da vala, como
no caso de terreno rochoso, realiza-se a importação de material mais
adequado de outro local, denominado “material de jazida”.

Cobertura com solo local Cobertura com “material de jazida”


Abaixamento e Cobertura
Abaixamento e Cobertura

Exatamente sobre o eixo da vala é deixada uma


sobrecobertura de terreno, denominada “leira”, a fim de
compensar possíveis acomodações do material, exceto
nos seguintes casos, em que é necessária a compactação
do material depositado na vala:
- regiões cultivadas e/ou irrigadas ;
- obstrução da drenagem da pista;
- ruas, estradas, acostamentos, pátios de ferrovias,
trilhos, caminhos e passagens de qualquer natureza.
Cruzamentos e Travessias

Por convenção denomina-se “cruzamento” à passagem


de um determinado duto por outros dutos, linhas de
transmissão, cabos de energia elétrica, telefonia ou
fibra ótica, adutoras, rodovias, ferrovias, etc.

Denomina-se “travessia” quando esta passagem é


realizada por cursos d’água em geral ou áreas
alagadas.
Cruzamentos e Travessias

A construtora do duto deve elaborar projeto


construtivo, que deve atender às limitações e
restrições dos órgãos responsáveis pela operação
e/ou regulamentação do meio atravessado, os quais
deverão aprovar o referido projeto, antes da sua
execução.
Cruzamentos e Travessias
Para os cruzamentos com estradas, ferrovias e rodovias, utiliza-
se a técnica de cravação de um tubo camisa, de maior diâmetro
que o gasoduto ou oleoduto, através de uma perfuração
horizontal realizada a partir das laterais da via, de tal maneira a
não impedir a sua utilização durante todo o processo de
construção do duto.
Cruzamentos e Travessias

Nos cruzamentos com linhas de transmissão de energia elétrica,


são observadas as seguintes recomendações adicionais:
- aterramento de tubos, equipamentos ou veículos, sempre
que houver proximidade com linhas de transmissão elétricas;
- o afastamento entre o duto e os cabos de aterramento
existentes da linha de transmissão deve ser, no mínimo, de 3 m;
- deve ser providenciado o remanejamento de cabo contra-
peso (aterramento) que estejam sobre a pista do duto;
- deve ser evitada a utilização de explosivos nas
proximidades de linhas de transmissão.
Cruzamentos e Travessias
Cruzamentos e Travessias

Nos cruzamentos com outras


tubulações ou cabos
enterrados, a regra geral é que
a passagem do novo duto deve
ser sempre realizada por
debaixo das instalações pré-
existentes, devendo ser
tomadas todas as medidas de
segurança necessárias para
que sejam evitados acidentes e
danos àquelas instalações.
Cruzamentos e Travessias
Para a travessia de cursos d`água a técnica mais empregada é a
escavação do leito e margens, com a instalação do chamado
“cavalote”, que nada mais é do que um trecho do duto com curvas
verticais em ambas as margens, revestido em concreto.
O cavalote é construído previamente em terra e posicionado
perpendicularmente ao curso d’água, para posteriormente ser
puxado para o leito do curso d’água.
Cruzamentos e Travessias
A escavação dos leitos e margens traz como inconveniente
um impacto ambiental pontual e temporário no local das
escavações, sendo necessária uma atividade de restauração
das margens, iniciada imediatamente após concluídos os
trabalhos da instalação do cavalote.
Cruzamentos e Travessias

Furo Direcional

HK GDK
Sinalização

Para possibilitar visibilidade


da faixa de dutos, é instalada
a seguintes sinalização:
- marcos delimitadores;
- marcos quilométricos;
- placas de sinalização.
Sinalização
Sinalização
FAIXA
FAIXA
DE DE
DOMÍNIO
DOM ÍNIO
DO DUTO
DO DUTO

PLACAS DE
DUTO
DUTO SINALIZAÇÃO
AÉREA

FAIXA DE
FAIXA DE
DOMÍNIO FAIXA DE
DADOMÍNIO ROLAMENTO
DA
RODOVIA
RODOVIA

MARCOS MARCOS
LOCALIZADORESÇDE DELIMITADORES
DUTOS DE FAIXA

Proteção e restauração da pista
Os serviços de proteção e restauração da faixa de domínio visam:
a) garantia de segurança para a pista e para o duto;
b) restauração das propriedades de terceiros;
c) minimização dos impactos causados ao meio ambiente.
Proteção e restauração da pista
Os serviços constam basicamente:
- restauração definitiva das instalações danificadas;
- execução de drenagem superficial;
- proteção vegetal das áreas sujeitas a erosão.
Teste Hidrostático
A realização de um teste hidrostático é uma das formas de
verificar a integridade de um duto, previamente à sua entrada
em operação, atendendo aos critérios da norma API RP 1110.

Para sua realização:


- toda a extensão da linha a ser testada deve estar
completamente cheia de água;
- cobertura executada;
- pressões de teste em qualquer ponto do trecho testado
devem estar limitadas aos valores máximo e mínimo
indicados no projeto.
Teste Hidrostático
O sistema de bombeamento deve conter tanque pulmão e
filtros, tanto na coleta, como antes da injeção da água no duto.

A água a ser utilizada deve ser previamente analisada,


devendo obedecer parâmetros que impeçam a corrosão da
parede metálica da tubulação.
Teste Hidrostático
Os instrumentos necessários para execução do teste, devem
ser acompanhados de seus respectivos certificados de
aferição e calibração.
Teste Hidrostático
Os pontos de captação e descarte da água devem ser informados
e previamente aprovados pelas autoridades ambientais, sendo
controlados e monitorados visando não prejudicar o uso do
corpo d’água por terceiros.
Teste Hidrostático

O teste hidrostático é realizado em etapas, constando


normalmente de: limpeza, enchimento, estabilização,
teste de resistência e teste de estanqueidade.
Teste Hidrostático
O teste de resistência mecânica tem como objetivo verificar a
capacidade do duto resistir aos níveis de tensão impostos
pela pressurização.

A pressão mínima de teste deve ser estabelecida de acordo


com as normas ASME B 31.4 para oleodutos e ASME B 31.8
para gasodutos. A máxima pressão de teste não deve
provocar tensão circunferencial superior àquela provocada
pelo teste realizado em fábrica.

O teste hidrostático de resistência mecânica é considerado


aprovado, quando após um período contínuo de 4 horas a
pressão de teste se mantiver dentro dos limites de ± 0,5 %.
Teste Hidrostático
O teste de estanqueidade, visa comprovar a inexistência de
pequenos vazamentos no duto ou trecho de duto, ou defeitos
passantes em juntas soldadas.

O duto ou trecho de duto é considerado aprovado quando a


variação na pressão entre início e término do teste puder ser
justificada por cálculos de efeito térmico, após um período
contínuo de 24 horas à pressão de teste.

É então emitido um relatório abrangente e detalhado do Teste


Hidrostático, contendo todos os registros gerados.
Inspeção dimensional interna do duto
Após a conclusão do teste hidrostático, é realizada a passagem de “pig”
geométrico, em toda a extensão do duto, com a finalidade de verificar
variações ocorridas no diâmetro interno da tubulação depois de abaixada
e coberta.

BJ OPTIC
PW
MFL
com
Inspeção dimensional interna do duto

O resultado destas verificações é então interpretado,


caracterizando as irregularidades detectadas, sendo
consideradas como inaceitáveis:
a) ovalizações superiores a 5%;
b) mossas;
c) reduções no diâmetro, concentradoras de tensão;
d) reduções no diâmetro em soldas.
Condicionamento

Condicionamento das instalações são todas as


atividades necessárias para, após o término dos
serviços de construção e montagem do duto, colocá-lo
em condições de ser pré-operado com o produto
previsto.

Em geral, podemos dizer que um duto é considerado


como condicionado, estando com seu interior limpo,
seco e inertizado.
Condicionamento

É a seguinte a sequência de atividades para o


condicionamento de oleodutos e gasodutos:

- Esvaziamento;
- Pré-Secagem;
- Limpeza Final;
- Secagem;
- Montagem de Complementos;
- Inertização.
Condicionamento
Condicionamento
A secagem consiste na operação de eliminação da umidade do ar
existente no interior do duto, com o emprego de ar seco ou gás
inerte (nitrogênio). Ela será considerada concluída quando o ponto
de orvalho, medido no lançador, no recebedor e em todas as
válvulas de bloqueio, atingir os valores abaixo:
a) gasodutos sem revestimento interno: -20 °C (1 atm);
b) gasodutos com revestimento interno: 0 °C (1 atm);
c) oleodutos: 0 °C (1 atm).
Condicionamento

Os lançadores, recebedores de “pigs’, válvulas de


bloqueio e demais complementos somente devem ser
instalados após a realização da limpeza final e secagem,
a fim de preservá-los da ação negativa das eventuais
impurezas existentes no interior do duto.

Estes complementos geralmente são pré-fabricados em


canteiro de obras, e transportados para a faixa em
“kits”, de modo a minimizar a atividade de montagem
em campo.
Montagem de Complementos
Condicionamento

A última etapa do condicionamento será a inertização


do sistema, geralmente realizada através da injeção de
nitrogênio no interior do duto, retirando o ar até então
existente em seu interior.
Inspeção do revestimento externo anticorrosivo
após a cobertura
Com o duto já enterrado, é executado um levantamento de falhas do
revestimento externo anticorrosivo através da injeção de corrente
alternada ou contínua na tubulação, normalmente utilizando-se os pontos
de teste existentes da proteção catódica, medindo e mapeando a corrente
que flui pela tubulação e os gradientes de tensão estabelecidos nos locais
onde existem defeitos no revestimento.
Emissão de documentação “Conforme
Construído”
Durante a execução dos serviços de construção, montagem e
testes, as informações constantes do projeto básico são
atualizadas pela equipe de projeto, baseadas nas informações
geradas em campo, sendo condensadas em documentos
“conforme construído” (“As Built”) das instalações.
Curso de Engenharia de Dutos
PUC - SULGAS
2013

Obrigado pela atenção

João Carlos de Freitas

[email protected]

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