1.2 Movimento de Terra

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UVA – Engenharia Civil – Edifícios I – Notas de aula – Escavações 2021

MOVIMENTO DE TERRA – ESCAVAÇÕES


1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

As propriedades solo variam expressivamente com a profundidade, com a localização e com as condições
ambientais. Um solo argiloso pode perder completamente suas propriedades coesivas quando saturado
durante e após um temporal.
As escavações são executadas em material geralmente heterogêneo e sujeito a instabilidade necessitando,
portanto, de procedimentos e medidas de segurança diate da possibilidade de desmoronamento da escavação
com risco à segurança dos operários e danos materiais.
Antes de iniciar os serviços de escavação, fundação ou desmonte de rochas, certificar-se da existência ou não
de redes de água, de esgoto, tubulação de gás, cabos elétricos e de telefonia enterrados, devendo ser
providenciada a devida proteção, desvio e interrupção, segundo cada caso.
Também é indispensável o levantamento das edificações vizinhas quanto ao tipo de fundações, às cotas de
assentamento, a distância à borda da escavação e das redes de serviços públicos, não só para a determinação
das sobrecargas, como também, no estudo das condições de deslocabilidade e deformabilidade que possam
ser provocadas pela execução da escavação. Os levantamentos devem abranger uma faixa, em relação às
bordas, de pelo menos duas vezes a maior profundidade a ser atingida na escavação. Observar, ainda, a
existência de poços, cacimbão, fossa, sumidouro e similares, ativos ou desativados, e tomar todos os cuidados
e providências quanto a estas interferências.
A área de trabalho deve ser previamente limpa, devendo ser retirados ou escorados solidamente árvores,
rochas, equipamentos, materiais e objetos de qualquer natureza, quando houver risco de comprometimento
de sua estabilidade durante a execução de serviços.
2. CARGAS E CARREGAMENTO
As cargas atuantes são agrupadas em duas categorias:
a) cargas estáticas:
- empuxo lateral do solo;
- cargas provenientes de construções próximas;
- pressão hidrostática;
- acúmulo de material escavado na borda da escavação;
b) cargas dinâmicas:
- tráfego de veículos;
- vibrações de máquinas e equipamentos.
O carregamento é composto pela combinação das cargas atuantes e deve ser observado durante todas as
fases de escavação, bem como todo o processo de reaterro da cava da escavação.

3. PROCEDIMENTOS E MEDIDAS DE SEGURANÇA


Para execução das escavações a céu aberto, serão observadas as condições de segurança e estabilidade dos
taludes. As proteções individuais e coletivas devem prever a adoção de medidas que evitem a ocorrência de
desmoronamento, deslizamento, projeção de materiais e acidentes com explosivos, máquinas e
equipamentos.
Árvores, muros, edificações vizinhas e todas as estruturas que possam ser afetadas pela escavação devem ser
escorados. Devem ser construídas passarelas de largura mínima de 0,80 m, protegidas por guarda-corpos com
altura mínima de 1,20 m, quando houver necessidade de circulação de pessoas sobre as escavações.
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Recomenda-se o monitoramento de todo o processo de escavação, objetivando observar zonas de


instabilização global ou localizada, a formação de trincas, o surgimento de deformações em edificações e
instalações vizinhas e vias públicas.
Nas escavações efetuadas nas proximidades de construções vizinhas deverão ser empregados métodos de
trabalho que assegurem a não ocorrência de perturbações oriundas das escavações.
A circulação de veículos deve obedecer a uma distância mínima de duas vezes a profondidade da escavação
medida a partir da borda do talude.
O tráfego próximo às escavações deve ser desviado e, na sua impossibilidade, a velocidade dos veículos deve
ser reduzida.
Os materiais retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da
profundidade, medida a partir da borda do talude.

As escavações realizadas em vias públicas ou canteiros de obras devem ter sinalização de advertência, inclusive
noturna, e barreira de isolamento em todo o seu perímetro.
Deve ser evitada o acesso e a presença de pessoas estranhas ou não-autorizadas junto aos equipamentos nas
áreas de escavação e cravação de estacas que devem ter sinalização de advertência permanente.
Tubulões, túneis, galerias ou escavações profundas de pequenas dimensões, cuja frente de trabalho não
possibilite perfeito contato visual da atividade e em que exista trabalho individual, o trabalhador deve estar
preso a um cabo-guia que permita, em caso de emergência, a solicitação ao profissional de superfície para o
seu rápido socorro.
O equipamento de descida e içamento de trabalhadores e materiais utilizado na execução de tubulões a céu
aberto deve ser dotado de sistema de segurança com travamento.
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Figura 04 - cabo-guia do trabalhador.


Na execução de poços e tubulões a céu aberto, a exigência de escoramento ou encamisamento fica a critério
do responsável técnico pela execução do serviço, considerando os requisitos de segurança que garantam a
inexistência de risco ao trabalhador.
Em poços e fundações escavadas sob ar comprimido, a integridade dos equipamentos deve ser vistoriada
diariamente e deve haver a manutenção de serviço médico de plantão para casos de socorro de urgência. Deve
ser garantida ao trabalhador a boa qualidade do ar e a comunicação com a equipe de superfície através de
sistema sonoro no interior do poço ou tubulão. Deve ser evitada a utilização de equipamentos acionados por
combustão ou explosão no seu interior.
A iluminação do interior deve ser feita por sistemas estanques à penetração de água e umidade e alimentados
por energia elétrica não superior a 24 volts.
Nos casos de risco de queda de árvores, linhas de transmissão, deslizamento de rochas e objetos de qualquer
natureza, é necessário o escoramento, a amarração ou a retirada dos mesmos, devendo ser feita de maneira
a não acarretar obstruções no fluxo de ações emergenciais.

4. EXECUÇÃO DAS ESCAVAÇÕES


Os serviços de escavação, fundação e desmonte de rochas devem ter responsável técnico legalmente
habilitado. Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25 m devem ter sua estabilidade
garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim, e devem dispor de escadas ou rampas,
colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos
trabalhadores. Os taludes com altura superior a 1,75 m devem ter estabilidade garantida (Fig. 5)

Figura 5 – profundidades de escavações.


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A escavação de tubulões a céu aberto, alargamento ou abertura manual de base e execução de taludes, deve
ser precedida de sondagem ou de estudo geotécnico local para profundidade superior a 3,00 m.
Para garantir a segurança das escavações são executadas obras de contenção ou estabilidade da vala escavada
através da inclinação do terreno escavado.
Para escavações com profundidade superior a 5,00 m é obrigatório o uso de patamares (bermas ou
plataformas), objetivando não só melhorar as condições de estabilidade como também reduzir a velocidade
de escoamento das águas superficiais do talude (Fig. 06). Nos patamares (bermas ou plataformas) devem ter
valetas revestidas para coleta das águas superficiais. As valetas devem conduzir as águas para pontos
preestabelecidos, de onde são esgotadas com a utilização de bombas (Fig 06). Para garantir a segurança das
escavações são executadas obras de contenção ou estabilidade da vala escavada através da inclinação do
terreno escavado (Fig. 06).

Figura 06 – Bermas e taludes.


Quando houver necessidade de se fazer um rebaixamento do nível d’água, deve-se ter cuidado para que não
haja recalque de fundações vizinha provocado pelo carreamento de partículas finas do solo pela água, bem
como pela descompressão do solo (Fig. 07).

Figura 07 – Bomba de rebaixamento de lençol freático, tubulação principal e ponteiras


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5. PROTEÇÃO DAS ESCAVAÇÕES – OBRAS DE CONTENÇÃO


As medidas de proteção das paredes das escavações são adotadas com a finalidade de que, durante a execução
das escavações, não ocorram acidentes que possam ocasionar danos materiais e humanos. As proteções
adotadas são classificadas:
1) Quanto à forma da proteção:
Quanto à forma da proteção das paredes da escavação, para fins desta Norma, são classificadas em três
grupos, a saber:
a) escavação taludada
As escavações são executadas com as paredes em taludes estáveis, podendo ter patamares (bermas ou
plataformas), objetivando somente melhorar as condições de estabilidade dos taludes. A fixação do
ângulo de inclinação dos taludes depende fundamentalmente das condições geotécnicas do solo.
b) escavação protegida
Quando as escavações não permitem ou justifiquem o emprego de taludes, as paredes são protegidas
por cortinas como meio de assegurar a estabilidade das paredes da escavação.
c) escavação mista
Quando na mesma escavação são utilizadas paredes em taludes e paredes protegidas.
2) Quanto à forma dos apoios
Quanto à forma de apoio das cortinas de proteção das escavações, são classificadas em quatro grupos:
a) Cortinas escoradas – Utilizam como apoio elementos estruturais horizontais ou inclinados dentro da área
escavada, denominadas “escoras”.
b) Cortinas ancoradas – Utilizam como apoio elementos estruturais horizontais ou inclinados ancoradas no
terreno através de injeções e protensão-ancoragens.
c) Cortinas chumbadas – Utilizam como apoio elementos estruturais horizontaisou inclinados, ancorados
no terreno através de injeções, não protendidos, atuando passivamente.
d) Cortinas em balanço – Não utilizam apoios, possuem o topo livre. A sua estabilidade é garantida pelo
trecho que fica enterrado no solo abaixo da cota máxima de escavação, ou seja, pela ficha.
3) Quanto à rigidez da cortina
Quanto à rigidez da cortina, para fins desta Norma, são classificadas em:
a) cortinas flexíveis – São aquelas que permitem deformações sem se romperem.
b) cortinas semi-rígidas – São aquelas onde as deformações são limitadas a pequenos valores.
c) cortinas rígidas – São aquelas que não permitem, ou são mínimas, as deformações.
4) Quanto ao tempo de utilização
a) Provisórias: são projetados apenas para servir durante um determinado período da obra. Exemplo:
escoramentos feitos com pranchas e estroncas de madeira.
b) Permanentes: projetados para toda a vida útil da obra.Neste caso, passam de escoramentos para
contenção permanente.
Exemplos: muros de arrimo, cortina de estaca, tirantes, etc...
A execução de contenções, provisórias ou permanentes, é um serviço bastante comum em obras civis,
principalmente quando estas são realizadas em áreas com limitação de espaço, situação geralmente
encontrada em obras urbanas. O empuxo de terra deve ser calculado de acordo com as teorias consagradas
na mecânica dos solos. A verificação da estabilidade das escavações deve atender aos seguintes casos:
a) ruptura localizada do talude;
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b) ruptura geral do conjunto;


c) ruptura de fundo;
d) ruptura hidráulica.
Quando as escavações não permitem ou justifiquem o emprego de taludes, as paredes são protegidas por
cortinas como meio de assegurar a estabilidade das paredes da escavação. As cortinas mais usuais de proteção
das paredes das escavações são dos seguintes tipos:
a) cortinas com peças de proteção horizontal apoiadas em elementos verticais introduzidos no solo, antes da
escavação;
b) cortinas de estacas-pranchas, constituídas pela introdução no solo, antes da escavação, de peças que se
encaixam umas nas outras;
c) cortinas de estacas justapostas, constituídas por estacas executadas uma ao lado da outra, antes da
escavação;
d) cortinas de concreto armado executadas com a utilização de lamas, antes da escavação;
e) cortinas e concreto armado ancoradas, executadas à medida que a escavação vai sendo executada.
5) Quanto aos materiais empregados
1. Contenções de madeira – pranchas, estroncas, etc.
2. Contenções com perfis cravados de madeira – perfis “i”, “u” e “h” usados em associação com pranchas,
estroncas, etc.
3. Contenções com perfis metálicos justapostos (estacas-pranchas) – perfis “i”, “u” e “h”.
4. Contenções com estacas justapostas de concreto;
5. Contenções em parede diafragma de concreto;
6. Contenções com parede de concreto atirantada;
7. Contenção com muro de arrimo de alvenaria de pedra ou concreto ciclópico.
6. OS RISCOS NAS ESCAVAÇÕES A CÉU ABERTO
1. Queda de materiais e de pessoas;
2. Fechamento das paredes do poço;
3. Interferência com redes hidráulicas, elétricas, telefônicas e de gás;
4. Inundação;
5. Eletrocussão;
6. Asfixia.
7. CAUSAS DA RUPTURA OU DESPRENDIMENTO DE SOLO E ROCHAS
1. Operação de máquinas;
2. Sobrecargas nas bordas dos taludes;
3. Execução de talude inadequado;
4. Aumento excessivo da umidade do solo;
5. Vibrações na obra e adjacências;
6. Realização de escavações abaixo do lençol freático;
7. Realização de trabalhos de escavações sob condições meteorológicas adversas;
8. Obstrução de vias públicas;
9. Bombeamento de lençóis freáticos;
10.Falta de espaço suficiente para a operação e movimentação de máquina.

8. ÂNGULO DE TALUDE NATURAL


Entende-se por talude toda superfície inclinada que limita um maciço de solo. Os taludes podem ser naturais
(as encostas) ou artificiais (os cortes e os aterros) (Fig. 08). O ângulo de talude natural (α) é o maior ângulo de
inclinação para um determinado tipo de solo exposto ao tempo, obtido sem instabilidade do maciço.
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Figura 08 – Talude natural.


O valor de α de cada solo, na realidade depende de diversos fatores: condições locais, grau de compactação,
heterogeneidade do solo, permeabilidade da camada superficial, existência de vibrações nas proximidades,
escavações vizinhas, etc.
O ângulo de talude natural dá indicações do limite a partir do qual a escavação deve ser obrigatoriamente ser
escorada ou contida. Sendo desconsiderado seu valor, corre-se o sério risco da ocorrência de escorregamentos
e o soterramento de valas escavadas e operários executando a escavação.
Terraplenagem ou terraplanagem é uma técnica construtiva que visa aplainar e aterrar um terreno.
"Terrapleno", literalmente, significa "terra cheia, cheio de terra". Geralmente esta movimentação de solo tem
o objetivo de atender a um projeto topográfico.
9. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS NO CORTE:

1) Materiais de 1ªcategoria: terra em geral, piçarra ou argila, rochas em decomposição e seixos com
diâmetro máximo de 15cm.
2) Materiais de 2ª categoria: rocha com resistência à penetração mecânica inferior ao do granito.
3) Materiais de 3ª categoria: rochas com resistência à penetração mecânica igual ou superior ao granito.
10. FATOR DE EMPOLAMENTO
O empolamento é o aumento de volume de um material, quando removido de seu estado natural e é
expresso como uma porcentagem do volume no corte.

MATERIAIS %
Argila natural 22
Argila escavada, seca 23
Argila escavada, úmida 25
Argila e cascalho seco 41
Argila e cascalho úmido 11
Rocha 75% rocha e 25% terra 43
decomposta 50% rocha e 50% terra 33
25% rocha e 75% terra 25
Terra natural seca 25
Terra natural úmida 27
Areia 12
Solo superficial 43
Obs.: Quando não se conhece o tipo de solo, considerar o empolamento entre 30 e 40%

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