Técnicas Fisioterapêuticas para Correção DA Diástase ABDOMINAL: Revisão Bibliográfica
Técnicas Fisioterapêuticas para Correção DA Diástase ABDOMINAL: Revisão Bibliográfica
Técnicas Fisioterapêuticas para Correção DA Diástase ABDOMINAL: Revisão Bibliográfica
RESUMO
A diástase abdominal é uma alteração fisiológica que ocorre no corpo da mulher devido a gestação e o pós-parto,
ocasionando em alterações biomecânicas e que podem acarretar uma separação dos músculos reto abdominais,
sendo sua função estabilizar a pelve e a coluna vertebral. A fisioterapia desempenha um papel muito importante,
promovendo um estímulo principalmente da musculatura abdominal e pélvica para melhora do tônus muscular em
pacientes pós-parto. O presente artigo teve como objetivo mapear na literatura científica quais técnicas
fisioterapêuticas são utilizadas para tratamento de diástase abdominal. A pesquisa tem caráter de revisão
bibliográfica, sendo realizado buscas na base de dados Scielo e Google Acadêmico, utilizando as seguintes
palavras-chaves: fisioterapia, puerpério, diástase abdominal. Podemos concluir que a diástase do musculo reto
abdominal pode vir a desencadear várias disfunções sendo assim de função do fisioterapeuta acompanhar essa
puérpera, podendo corrigir a disfunção, utilizando de recursos que foram eficazes na correção da musculatura de
reto abdominal.
Palavras-chave: Fisioterapia. Puerpério. Diástase abdominal.
INTRODUÇÃO
No decorrer da vida a mulher passa por muitas alterações fisiológicas, mas as mudanças
mais intensas ocorrem na gestação e no pós-parto, também chamado de puerpério, causadas por
hormônios que são necessários na gestação. Logo que o bebê nasce se normaliza ao longo do
pós-parto. Os hormônios referidos são indispensáveis para o desenvolvimento uterino e nos
tecidos conjuntivos (VASCONCELOS et al., 2017).
Podemos também observar alterações biomecânicas tais como, o crescimento do útero,
reorganização dos órgãos intra-abdominal, mudanças no eixo de equilíbrio, o que gera aumento
da lordose da coluna vertebral, o afastamento da base de sustentação, anteriorização da pelve,
frouxidão ligamentar, o que pode acarretar uma das alterações significativas na mulher a
separação dos músculos reto abdominais, apresentada como diástase do músculo reto
abdominal (DMRA) (VASCONCELOS et al.,2017).
A diástase abdominal é o afastamento da musculatura do abdome e de todo tecido
conjuntivo que ocorre na maioria das vezes devido à gestação, provocando principalmente a
flacidez e dor lombar. Sua localização é muito comum na região umbilical, podendo existir
também supra umbilical e infra umbilical (COITINHO et al., 2019).
Os músculos do abdome têm função de estabilizar a pelve e a coluna vertebral, quanto
mais fraca estiver essa musculatura maior instabilidade articular a gestante irá apresentar,
sobrecarregando a estrutura osteomioarticular. No terceiro trimestre da gestação é nítido a
presença do afastamento do músculo reto abdominal variando de 2 a 10 cm e diminuindo no
Trabalho de Curso apresentado a Faculdade UNA, como requisito parcial para a integralização do curso de
Fisioterapia, sob orientação da professora Esp. Ana Carolina Mesquita do Nascimento.
puerpério tardio (HERPICH; MARTINS; FERNANDES, 2018).
Portanto, exercícios de fortalecimento do abdômen devem ser realizados tanto no
período de pré-natal ou pós-natal para prevenir e melhorar a diástase (SOUZA; FEITOSA;
LOURENZI, 2017).
A fisioterapia desempenha um papel muito importante na diástase abdominal,
promovendo um estímulo da musculatura, principalmente abdominal e pélvica, para melhora
dos tônus musculares da paciente pós-parto. Através de programas de exercícios, que são
realizados individualmente e adaptados de acordo com cada da paciente, a fisioterapia
proporciona uma melhora significativa na recuperação da paciente no período pós-parto
(MESQUITA; MACHADO; ANDRADE, 1999).
A atuação da fisioterapia na saúde da mulher especificamente na obstetrícia tem tido
cada vez mais relevância, a busca por atendimento adequado e qualificado vem acompanhado
dos obstáculos que encontra durante o puerpério justificando a realização deste estudo,
proporcionando uma análise de técnicas realizadas no tratamento da diástase abdominal (RETT
et al.,2008).
O presente artigo teve como objetivo mapear na literatura científica quais técnicas
fisioterapêuticas são utilizadas para tratamento de diástase abdominal.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O quadro abaixo apresenta os artigos originais selecionados para esta produção.
Quadro 1. Mapeamento de resultados da busca de artigos científicos.
AUTOR/
ANO/ TÍTULO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADO
REVISTA
Tipo de estudo:
longitudinal e aleatório
População: 50 puérperas
Grupo controle: n = 25
Técnica: avaliação e
Fisiotera mensuração da diástase (6
pia para Constatar se a horas e 18 horas após o No período de 18 horas pós-
Mesquita, Redução intervenção parto) Grupo de tratamento parto, o grupo controle
Machado, da fisioterapêutica n = 25 Técnica: mesma apresentou uma redução da
Andrade, 2000 Diástase no puerpério avaliação e mensuração diástase de 5,4% e o grupo de
Revista dos imediato é capaz Protocolo de atendimento tratamento de 12,5%, em
Brasileira de Músculos de contribuir fisioterapêutico: 6 e 18 relação à primeira medida (6
ginecologia e Retos para a redução horas horas após o parto), (p<0,001,
obstetrícia Abdomin da diástase mais Foram realizadas técnicas com intervalo de confiança de
ais no precocemente de manobras de reeducação 99%).
Pós-Parto funcional respiratória;
exercícios para estimulação
dos músculos abdominais e
pélvicos; exercício de
contração isométrica dos
músculos abdominais.
Mensurar a
DMRA em
Diástase
puérperas, na A multiparidade foi o que
dos
Maternidade do apresentou uma maior relação
músculos
Hospital ao aumento de DMRA,
Lima, 2009 retos Tipo de estudo:
Satélite, e quando comparada ao grupo
Revista abdomin transversal, observacional
correlacionar primigestas/secundigestas (p =
Fisioterapia ais em População: amostra de 30
com paridade, 0,003). A média da DMRA em
Brasil puérperas puérperas.
idade da sedentárias foi de 3,7 cm e
na fase
puérpera, peso para as não sedentárias foi de
hospitala
do recém- 2,8 cm (p < 0,05)
r
nascido (RN) e
sedentarismo
Exercício
s de Tipo de estudo:
Retratar os
fortaleci levantamento bibliográfico Foi realizada uma investigação
resultados da
mento Ano de publicação: entre focada em apresentar e discutir
prática de
para o os anos de 1999 a 2018 os achados da literatura
exercícios
músculo Seleção: 38 trabalhos referentes às principais causas
Urbano et al., físicos baseados
reto iniciais da DMRA, retratando os
2019 no
abdomin Técnica: exercícios de resultados positivos
Rev Ciên fortalecimento
al como fortalecimento, ginástica equivalentes a prática de
Saúde da musculatura
tratament abdominal hipopressiva, exercícios físicos com base no
abdominal
o da Pilates fortalecimento da musculatura
visando redução
diástase abdominal visando redução ou
ou reversão da
pós- mesmo reversão desse quadro
DMRA
gestacion
al
Fonte: os autores.
O quadro abaixo apresenta os artigos de revisão bibliográfica selecionados para esta produção.
Quadro 2. Mapeamento de resultados da busca de artigos científicos de revisão literária.
AUTOR/
ANO/ TÍTULO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADO
REVISTA
Foram encontrados 20
artigos, dos quais 07
apresentavam
Tipo de estudo: revisão de características para serem
literatura com o tema incluídos no trabalho.
proposto no período de Entre os artigos
abril a maio de 2017, onde incluídos, 05 estudos
foram analisados estudos utilizavam a
Souza, Identificar quais
publicados entre os anos de cinesioterapia por meio
Feitosa, Intervenção as intervenções
2000 a 2016, nas bases de de exercícios de
Lourenzi, fisioterapêutica fisioterapêuticas
dados PUBMED, educação respiratória
2017 no tratamento utilizadas mais
MEDLINE, LILACS, diafragmática, contração
Cadernos da diástase comumente no
Scielo e PEDro. Foram dos músculos
de abdominal pós- tratamento da
excluídos estudos que não abdominais, estimulação
Graduação parto: uma diástase do
especificaram o tipo de dos músculos pélvicos e
ciências revisão de músculo reto
intervenção movimentos de flexão
biológicas e literatura abdominal no
fisioterapêutica utilizada e anterior do tronco,
saúde período pós-parto
que não permitiram o abdução de ombros e
acesso ao texto completo e flexão de cotovelos. A
incluídos os artigos do tipo eletroestimulação e a
ensaio clínico, em língua ginástica abdominal
inglesa e portuguesa. hipopressiva também
mostraram resultados
favoráveis no tratamento
da DMRA
O presente estudo
Efeito do tem como A amostra foi
método pilates objetivo foco Tipo de estudo: constituída por 12
Bom-Fim
no tratamento apresentar os observacional participantes que
2018
de mulheres resultados do População: 12 pacientes apresentaram a mediana
Revista Uni
com diástase do protocolo de Técnica: exercícios de de período pós-
America
músculo reto atendimento fortalecimento, Pilates gestacional de 8,5 meses
abdominal baseado no (± 7.4)
método Pilates
Observou-se prevalência
de DMRA em 63,3% das
gestantes, correlações
Tipo de estudo: Estudo positivas entre IMC e
transversal, de caráter DMRA, CA e DMRA,
Rodrigues Aspectos
observacional. CA e dor lombar e
et al., físicos, dor Verificar a
População: Foram DMRA e dor lombar das
2021 lombar e associação entre a
incluídas primigestas, de gestantes. O IMC
Revista diástase DMRA, aspectos
18 e 40 anos, com influenciou
Brasileira abdominal em físicos e dor
acompanhamento negativamente na
de Revisão gestantes lombar.
obstétrico DMRA. Conclusão: Este
de Saúde
Ano: de agosto de 2016 a estudo permite inferir
abril de 2017. que existe associação
entre a tríade DMRA,
aspectos físicos e dor
lombar em primigestas.
De acordo com os estudos feitos para realização desse artigo, podemos observar a
prevalência de duas técnicas eficazes no tratamento da diástase do músculo reto abdominal que
são, os exercícios respiratórios hipopressivos e a cinesioterapia associada a ativação da
musculatura de reto abdominal.
Os exercícios respiratórios ou ginástica hipopressiva consiste em uma reeducação da
respiração ativando a musculatura do reto abdominal, uma inspiração e expiração profunda
esvaziando todo pulmão e logo em seguida realiza a sucção do abdômen como se fosse colar a
cicatriz umbilical nas costas mantendo esse estado de apneia pelo tempo de 10 segundos em
seguida será realizada uma inspiração curta e uma expiração soltando todo o ar e contraindo
musculatura (MESQUITA; MACHADO; ANDRADE, 1999).
Dentre as técnicas de cinesioterapia são utilizados:
Exercício de ponte que consiste em deitar de costa, esticar as pernas, em seguida elevar
o quadril e fazer a contração de glúteos e abdômen, formando assim uma ponte (SOUZA;
FEITOSA; LOURENZI, 2017).
Exercícios de estimulação dos músculos abdominais e pélvicos, paciente deitada sob o
leito, em decúbito dorsal, com um travesseiro entre os joelhos, realiza o movimento de
contração da musculatura de interno de coxa, como se fosse fechar as pernas, em seguida realize
a ativação da musculatura pélvica e abdominal realizando uma contração isométrica do assoalho
pélvico (SOUZA; FEITOSA; LOURENZI, 2017).
Também são apresentados como recursos terapêuticos as técnicas de Pilates, que são
exercícios utilizados para melhora da consciência corporal, força e equilíbrio. Inicialmente são
realizados exercícios em posições mais tranquilas e leves e que exigem muita concentração para
realização do mesmo permitindo aproveitar o máximo que conseguir (VASCONCELOS et al.,
2017).
O método Pilates é um programa de exercícios que melhora a postura e que visa o
fortalecimento da musculatura de reto abdominal prevenindo a diástase abdominal (COITINHO
et al., 2019).
O tratamento fisioterapêutico para DMRA tem como objetivo minimizar os riscos das
alterações biomecânicas, como o aparecimento de uma hérnia umbilical, problemas de dores
lombar e a recuperação dos músculos reto abdominais, sendo assim os exercícios citados acima
apresenta relevância visto gerarem fortalecimento de toda a musculatura de reto abdominais e
a musculatura do assoalho pélvico combatendo a incontinência urinária e fecal que é muito
relatada em pacientes portadoras de DMRA.
Foi possível identificar com a busca literária e os artigos encontrados que os exercícios
utilizados para tratamento da diástase do músculo reto abdominal são eficazes, pois fazem com
que as pacientes adquiram consciência corporal através da ativação da musculatura abdominal
não só no consultório mas também em casa melhorando assim a eficácia do tratamento já
realizado, pois visa o fortalecimento da musculatura de reto abdominal através da ativação do
mesmo, proporcionando assim o reposicionamento das fibras musculares e dos órgãos internos,
pois os exercícios alinham dentro da cavidade abdominal e fecham a musculatura para que haja
uma sustentação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo apresentou uma discussão a respeito da diástase do musculo reto
abdominal sendo causada por fatores advindos de uma gestação sendo elas, as alterações que o
corpo da mulher sofre ao longo do processo sendo ela hormonais, químicas, físicas e biológicas.
Os resultados desse trabalho apontam que a predominância de DMRA em puérperas nos
primeiros dias após o parto e é muito pouco evidenciada pelos profissionais de saúde, não sendo
trago ao conhecimento da puérpera, sendo assim podemos concluir que ainda há poucos dados
a respeito do assunto e ainda estudos muito recentes sobre o mesmo.
Sabendo que a diástase do musculo reto abdominal pode vir a desencadear outras
disfunções como as dores lombares, hérnias umbilicais e a própria fraqueza da parede
abdominal, a inatividade da puérpera nesse primeiro momento podem desencadear todos esses
fatores, sendo o profissional fisioterapeuta competente para acompanhar essa puérpera nessa
situação clínica em que se encontra podendo corrigir a disfunção, utilizando de recursos que
foram eficazes na correção do mesmo como foi observado na pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES, Fábio S.; VALENTIN, Ericka Christine. Tratamento da flacidez e diástase do reto-
abdominal no puerpério de parto normal com o uso de eletroestimulação muscular com
corrente de média frequência–estudo de caso. Rev Bras Fisioter Dermato-Funcional, v. 1, n.
1, p. 1-8, 2002.
COITINHO, Larissa Maria Ferreira et al. Eficiência dos tratamentos fisioterapêuticos para a
diástase do músculo reto abdominal no puerpério: uma revisão integrativa. Revista
Eletrônica de Ciências Humanas, Saúde e Tecnologia, v. 8, n. 1, p. 38-50, 2019.
LEITE, Ana Cristina da Nóbrega Marinho Torres; ARAÚJO, Kathlyn Kamoly Barbosa
Cavalcanti. Diástase dos retos abdominais em puérperas e sua relação com variáveis
obstétricas. Fisioterapia em Movimento, v. 25, n. 2, p. 389-397, 2012.
LIMA, Andréa Conceição Gomes. Diástase dos músculos retos abdominais em puérperas na
fase hospitalar. Fisioterapia Brasil, v. 10, n. 5, p. 333-338, 2009.
RETT, Mariana Tirolli et al. Atendimento de puérperas pela fisioterapia em uma maternidade
pública humanizada. Fisioterapia e pesquisa, v. 15, n. 4, p. 361-366, 2008.
RODRIGUES, Letícia da Silva et al. Aspectos físicos, dor lombar e diástase abdominal em
gestantes. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 1, p. 1502-1517, 2021.
URBANO, Fernando Alves et al. Exercícios de fortalecimento para o músculo reto abdominal
como tratamento da diástase pós-gestacional. Revista Ciência e Saúde On-line, v. 4, n. 1,
2019.