2012 Francisco Lucio Da Silva Beltrao
2012 Francisco Lucio Da Silva Beltrao
2012 Francisco Lucio Da Silva Beltrao
INSTITUTO DE BIOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOSSANIDADE
E BIOTECNOLOGIA APLICADA
DISSERTAÇÃO
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOSSANIDADE E
BIOTECNOLOGIA APLICADA
e Co-orientação da Professora
a
Dr . Elen de Lima Aguiar Menezes
Seropédica, RJ
Agosto de 2012
i
UFRRJ / Biblioteca Central / Divisão de Processamentos Técnicos
Ficha catalográfica
595.736
B453o Beltrão, Francisco Lúcio da Silva, 1986 -
T Ocorrência e preferência alimentar de térmitas
(Insecta: Isoptera) associados a espécies
florestais exóticas em condições naturais de
Seropédica, RJ / Francisco Lúcio da Silva Beltrão
– 2012.
50 f.: il.
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”.
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOSSANIDADE E BIOTECNOLOGIA
APLICADA
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências,
no Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade e Biotecnologia Aplicada, Área de
Concentração em Entomologia Aplicada.
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________________________
Eurípedes Barsanulfo Menezes. Ph.D. UFRRJ
(Orientador)
____________________________________________________
Vinícius Siqueira Gazal e Silva. Dr. UFRRJ/PRODOC-CAPES
____________________________________________________
Maria Lúcia França Teixeira Moscatelli. Dr. Jardim Botânico RJ
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela vida e minhas conquistas, e pelos fracassos, que
me ajudaram em minha evolução espiritual e continuar na busca de meus objetivos.
À Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), particularmente ao Instituto
de Biologia, pela oportunidade oferecida para a realização do Programa de Pós-Graduação em
Fitossanidade e Biotecnologia Aplicada (PPGFBA), ao qual por sua vez, agradeço pela
oportunidade de cursar o mestrado e concluir esse trabalho.
À UFRRJ, Embrapa Agrobiologia e a Pesagro-Rio que, por meio de convênio,
mantêm a Fazendinha Agroecológica km 47, onde parte desse trabalho foi desenvolvida.
À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior) pela
concessão da bolsa de estudo durante o meu mestrado para realização do curso.
Ao meu orientador Dr. Eurípedes Barsanulfo Menezes (UFRRJ/IB/DEnF/CIMP), pela
orientação desde minha graduação, confiança, ensinamentos e amizade.
A minha co-orientadora, Dra. Elen de Lima Aguiar Menezes
(UFRRJ/IB/DEnF/CIMP), pela paciência, apoio e valiosa contribuição na revisão desse
trabalho.
Ao bolsista de pós-doutorado (PRODOC/CAPES) do PPGFBA, Vinícius Siqueira
Gazal e Silva, pela valiosa ajuda na revisão desse trabalho e na análise estatística dos dados,
sem a qual não seria possível concretizar esse trabalho;
Ao pesquisador Dr. José Guilherme Marinho Guerra (Embrapa Agrobiologia,
Seropédica, RJ), pelo incentivo e autorização para o desenvolvimento de parte desse trabalho
na Fazendinha Agroecológica Km 47.
Aos professores do PPGFBA por toda contribuição ao meu conhecimento.
Ao Prof. Dr. Reginaldo Constantino (UnB, Brasília, DF) pela identificação dos
térmitas do gênero Nasutitermes.
Ao secretário do PPGFBA, Roberto Tadeu Souza de Oliveira, por me dar suporte no
que foi preciso.
Aos colegas do PPGFBA pela convivência e amizade ao longo desses dois anos de
duração do curso.
Ao Francisco Medeiros de Lima, meu amigo mais conhecido por seu apelido Segundo,
por toda ajuda durante o experimento.
Aos meus pais pelo incentivo e força nessa caminhada.
A minha noiva Jessica Mendes de Oliveira por todo apoio, companheirismo e
dedicação.
iv
RESUMO
A degradação da madeira ocorre devido a fatores químicos, físicos e/ou biológicos, neste
último se encontram os térmitas, por se alimentarem basicamente de celulose, que é um dos
principais constituintes da madeira. Diante do potencial de dano desses insetos ao
madeiramento, é imprescindível estudar a atratividade e a preferência alimentar destes às mais
variadas espécies de madeira, para compreender melhor seus hábitos e assim aperfeiçoar os
métodos de prevenção e controle. Esse estudo objetivou analisar se madeira de cinco espécies
florestais exóticas (Corymbia citriodora, Eucalyptus cloeziana, Eucalyptus saligna,
Eucalyptus urograndis, e Pinus elliottii) é forrageada por térmitas ao longo do tempo em três
ambientes com diferentes ações antrópicas no município de Seropédica, RJ; se há preferência de
ataque às madeiras dessas espécies nessas condições ambientais e de tempo, e se o nível de
antropização influencia a distribuição das espécies de térmitas. Duas áreas estavam dentro do
campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (monocultivo de eucalipto e
remanescente de Mata Atlântica), e outra na Fazenda Agroecológica do Km 47 (área ao redor
de edificação). Foram confeccionadas estacas de madeira (2x2x25 cm) que serviram como
corpos de prova, as quais foram enterradas no solo em cada área experimental, sendo
avaliadas em três épocas de exposição a campo (90, 120 e 150 dias após a instalação das
estacas), com oito repetições/espécie florestal/época. Foi aferido o peso inicial e a densidade
da madeira de cada estaca antes de serem dispostas no campo. Para determinar pontos de
atividade termítica nas áreas, foram enterradas no solo iscas de rolo de papelão cartonado para
atração dos térmitas. Os pontos onde as iscas apresentaram ataque de térmitas serviram como
pontos centrais para a instalação das estacas de madeira, que assumiram uma posição radial,
formando um circulo de estacas. Após cada época de exposição, as estacas foram retiradas do
campo e pesadas para determinação preferência alimentar dos térmitas com base na taxa de
consumo das estacas. Os resultados obtidos revelaram a ocorrência de três espécies de
térmitas (uma espécie por área), uma exótica: Coptotermes gestroi (Wasmann)
(Rhinotermitidae), que ocorreu na área ao redor de edificação, e duas nativas: Heterotermes
tenuis (Hagen) (Rhinotermitidae), que estava presente no eucaliptal, e Nasutitermes cf.
itapocuensis (Holmgren) (Termitidae) que ocorreu na floresta. C. gestroi e H. tenuis
apresentaram uma maior atratividade/frequência de ataque para as estacas de P. elliottii (83%
e 63%, respectivamente), enquanto N. cf. itapocuensis apresentou maior ocorrência/frequência
de ataque em E. cloeziana (79%). As taxas médias de consumo das estacas por C. gestroi e H.
tenuis entre as cinco espécies florestais foram semelhantes. N. cf. itapocuensis revelou
preferência alimentar significativa por E. cloeziana (4,32±1,19g) em relação a de P. elliottii
(0,18±0,10g). Observou-se que a baixa densidade da madeira influenciou a
ocorrência/frequência de ataque de C. gestroi e H. tenuis por P. elliottii, enquanto N. cf.
itapocuensis não foi influenciado por essa característica da madeira. Entretanto, não houve
relação entre a preferência alimentar/consumo e a densidade média da madeira para C. gestroi
e H. tenuis, já N. cf. itapocuensis preferiu madeiras de média densidade.
v
ABSTRACT
The degradation of the wood occurs because of chemical, physical and biological factors, in
the latter are the termites, which due to feed primarily on cellulose, which is a major
constituent of the wood. In front of the potential damage of these insects to the timber, it is
essential to study their attractiveness and feeding preferences to various wooden species, in
order to better understand their habits and so to improve the prevention and control methods.
This study aimed to analyze if wood of the five exotic forest species (Corymbia citriodora,
Eucalyptus cloeziana, Eucalyptus saligna, Eucalyptus urograndis, and Pinus elliottii) is
forage by termites throughout the time in three environments with different anthropic actions
in the municipality of Seropedica, RJ; if there is preference of attack to wood of these species
in this environmental and time conditions, and if the anthropization level influence the
distribution of the termite species. Two areas were inside the campus of the Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (monoculture of eucalypt and fragment of Mata Atlantica),
and other in the Fazenda Agroecológica do Km 47 (area around the edification). Wooden
stakes (2x2x25 cm) were made as test samples, which were buried on the ground at each
experimental area, and evaluated at three times of exposition in the field (90, 120 and 150
days after the installation of the stakes), with eight replicates/forest specie/time. The initial
weight and the wooden density of each stake were determined before they were set up in the
field. To determine the points of termite activity in the areas, baits of cardboard carton were
buried on the ground in order to attract the termites. The points where the baits present attack
of termites served as central point for installation of the wooden stakes, which were disposed
in a radial position, forming a circle of the stakes. After each exposure time the wooden stakes
were collected and weighed to determine the feeding preference of the termites based on the
consumption rate of the stakes. The obtained results showed the occurrence of three species of
termites (a specie per area), an exotic: Coptotermes gestroi (Wasmann) (Rhinotermitidae),
which occurs in the area around the edification, and two natives: Heterotermes tenuis (Hagen)
(Rhinotermitidae), which was present at the eucalypt plantation, and Nasutitermes cf.
itapocuensis (Holmgren) (Termitidae) which occurs in the forest. C. gestroi and H. tenuis
showed more attractiveness/frequency of attack to wooden stakes of P. elliottii (83% and
63%, respectively), while N. cf. itapocuensis had highest occurrence/frequency of attack to E.
cloeziana (79%). The average consumption rates of the stakes by C. gestroi and H. tenuis
among the five forest species were similar. N. cf. itapocuensis showed sinficant feeding
preference to E.cloeziana (4.32±1.19g) compared to P. elliottii (0.18±0.10g).It was observed
that the low density of the wood influenced the occurrence/frequency of C. gestroi and H.
tenuis to P. elliottii, while N. cf. itapocuensis was not influenced by this characteristic of the
wood. However, there was no relationship between the feeding preferenceconsumption and
the mean density of the wood to C. gestroi and H. tenuis, but N. cf. itapocuensis preferred
woods of medium density.
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 10. Isca Termitrap aberta atacada por térmitas subterrâneos com presença de
operárias....................................................................................................................................14
Figura 11. Corpos-de-prova identificados das cinco espécies florestais avaliadas. Vermelho:
Eucalyptus urograndis, amarelo: Eucalyptus cloeziana, azul: Eucalyptus saligna, prata:
Corymbia citriodora, sem cor: Pinus elliottii...........................................................................15
Figura 14. Estacas de cada espécie florestal enterradas ao redor do ponto de atividade
termítica (área delimitada pelo círculo tracejado em amarelo) após remoção das iscas de
papelão......................................................................................................................................17
Figura 16. Frequência de ataque às estacas de madeira por térmitas em cada área
experimental, independente da espécie florestal (N=120 estacas por área experimental,
totalizando 360 estacas)............................................................................................................19
Figura 17. Frequência de ocorrência dos térmitas nas estacas de madeira de cada espécie
florestal avaliada nas três épocas de avaliação (N=72 estacas por espécie florestal)...............21
vii
Figura 18. Frequência de ataque de Nasutitermes cf. itapocuensis às estacas de madeira de
cada espécie florestal na área da Floresta no total das três épocas de avaliação (N=24 estacas
por espécie florestal).................................................................................................................22
Figura 24. Exemplo de danos causados pelos térmitas às estacas de madeira de diferentes
espécies florestais (Eucalyptus urograndis, Corymbia citriodora, Eucalyptus cloeziana,
Eucalyptus saligna e Pinus elliottii, da esquerda para direita)..................................................26
viii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3. Frequência de ataque às estacas de madeira por térmitas em cada área experimental,
em cada época exposição (N=40 estacas por época)................................................................21
Tabela 4. Efeito de diferentes épocas de exposição das estacas de madeira de espécies dos
gêneros Corymbia e Eucalyptus e Pinus elliotti no consumo (em grama) por térmitas em três
áreas experimentais...................................................................................................................27
ix
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................1
2 REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................................................2
2.1 Térmitas (Insecta: Isoptera) ..............................................................................................2
2.2 Térmitas Subterrâneos ......................................................................................................4
2.3 Térmitas Arborícolas do Gênero Nasutitermes. ...............................................................5
2.4 Aspectos Gerais das Essências Florestais Avaliadas ........................................................6
2.4.1 Corymbia citriodora Hill & Johnson .........................................................................8
2.4.2 Eucalyptus cloeziana F. Muell. ..................................................................................8
2.4.3 Eucalyptus saligna Smith...........................................................................................9
2.4.4 Eucalyptus urograndis (híbrido) ................................................................................9
2.4.5 Pinus elliottii Engelm...............................................................................................10
2.5 Danos Causados Pelos Térmitas às Madeiras.................................................................10
3 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................12
3.1 Áreas de Estudo ..............................................................................................................12
3.2 Teste Preliminar: Pontos de Atividade de Forrageamento de Térmitas .........................13
3.3 Obtenção e Marcação dos Corpos-de-Prova...................................................................14
3.4 Determinação da Densidade das Madeiras .....................................................................15
3.5 Experimentos ..................................................................................................................16
3.5.1 Experimento 1: ocorrência de infestação dos térmitas ............................................18
3.5.2 Experimento 2: preferência alimentar dos térmitas..................................................18
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................................19
4.1 Densidade Média das Estacas de Madeira ......................................................................19
4.2 Ocorrência de Infestação por Térmitas...........................................................................19
4.3 Preferência Alimentar dos Térmitas ...............................................................................26
5 CONCLUSÕES .....................................................................................................................29
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................30
x
1 INTRODUÇÃO
1
2 REVISÃO DE LITERATURA
2
colônia de origem em um determinado período do ano, coincidindo com o início da estação
chuvosa. São conhecidos vulgarmente como “aleluias” ou “siriris”. Nessas castas, as quatro
asas são idênticas, resultando, assim, o nome da Ordem (do grego, ísos = igual e pterón = asa)
(COSTA LIMA, 1938). Após a revoada, os reprodutores primários perdem as asas, e casais
são formados para fundação de novos ninhos para abrigar a novas colônias. A partir daí, o
macho passa ser chamado de rei, e a fêmea de rainha, ou simplesmente casal real, os quais só
se acasalam após a construção da câmara nupcial. Após a cópula, a rainha sofre a hipertrofia
de seu abdome, fenômeno conhecido como fisogastria, que corresponde ao crescimento do
abdome em função do desenvolvimento do aparelho reprodutor. A rainha é então chamada de
fisogástrica. A fisogastria é leve na família Kalotermitidae, mas é acentuada entre as famílias
Termitidae e Rhinotermitidae (COSTA LIMA, 1938; COSTA LEONARDO, 2002). É
exemplo extraordinário ocorre com a rainha do cupim africano Bellicositermes bellicosus
(Smeathman), cujo abdome apresenta 8 cm de comprimento no fim de dois anos, podendo
atingir até 15 cm nos espécimes mais desenvolvidos, representando cerca de 1.500 a 2.000
vezes o volume do resto do corpo e de 2.000 a 20.000 vezes o volume corpóreo de um
operário dessa espécie (COSTA LIMA, 1938).
O rei e a rainha (casal real primário) permanecem juntos durante todas suas vidas, que
pode viver por muitos anos, variando entre 15 e 50 anos, principalmente em Termitidae. Eles
podem ser substituídos por reprodutores secundários (suplementares, principalmente quando a
capacidade reprodutiva da rainha primária diminuiu, ou reprodutores de substituição, no caso
de morte) (COSTA LIMA, 1938; COSTA LEONARDO, 2002).
Os térmitas são capazes de construir ninhos de diferentes formas: sobre árvores, postes
ou mourões, na superfície do solo, inteiramente subterrâneos ou dentro da madeira. Para
Bennett et al. (1996), o desenvolvimento de uma colônia de térmitas depende de condições
ambientais específicas. Para os térmitas de solo (ou subterrâneo), ambientes que apresentam o
solo úmido podem oferecer condições adequadas, já que todos os indivíduos necessitam de
um alto grau de umidade para sua sobrevivência, por possuírem um corpo que desidrata com
muita facilidade quando são expostos ao ar livre. O tipo de solo é um fator que tem um grande
efeito sobre a colônia, ela prefere terrenos arenosos a terrenos argilosos. No geral, são
adaptáveis a vários tipos de solo. Os térmitas da família Kalotermitidae são considerados
primitivos e compreendem os denominados “cupins de madeira seca”. Eles vivem em
colônias pequenas e fazem comumente seus “ninhos” na madeira seca com baixo teor de
umidade (10% a 12%), consistindo de câmaras e túneis escavados na própria madeira. Esses
térmitas usam muito pouca água, sendo parte dela obtida da umidade da própria madeira e
outra parte vem da água de metabolismo.
A celulose é um importante componente da parede celular dos vegetais e fonte básica
alimentar dos térmitas xilófagos, é formada por ligações b-glucosídicas. Este tipo de ligação
proporciona à molécula de celulose uma estrutura espacial linear, que forma fibras insolúveis
em água. Tais fibras não são digeridas por animais que não apresentam enzimas para quebrar
as ligações β, a exceção de animais herbívoros que possuem bactérias e protozoários
simbióticos que digerem a celulose em seus aparelhos digestivos, a exemplo dos térmitas
(YAMIM, 1980; MEDEIROS, 2004). Levando em consideração o simbionte que tem o papel
de auxiliar a digestão da celulose, os térmitas podem ser classificados de duas formas: cupins
superiores, aquelas espécies que se associam com bactérias ou fungos, sendo considerados os
mais evoluídos (representados pelos indivíduos da família Termitidae), e cupins denominados
como inferiores, são os que fazem associação com protozoários flagelados (representados
pelas demais famílias). Todas as espécies de Kalotermitidae e Rhinotermitidae e
aproximadamente 1/3 das espécies de Termitidae (variando de um ecossistema para outro) são
xilófagas (YAMIM, 1980; MEDEIROS, 2004; COSTA-LEONARDO, 2002).
3
Os térmitas xilófagos são capazes de exibir preferência alimentar por determinadas
espécies de madeira, isso ocorre devido a propriedades físico-químicas como a densidade,
umidade, dureza e concentração de nutrientes, resinas e metabólitos secundários (PRICE,
1984). A compreensão do processo de seleção da fonte de alimento por térmitas exige o
conhecimento dos mecanismos responsáveis pela repelência ou atração de um estimulo
alimentar, sendo que essas duas ações participam do processo de recrutamento de térmitas à
fonte alimentar (SUOJA et al., 1999). A atração é definida como a ação que provoca
movimentos orientados em direção ao estímulo, e a repelência é o inverso (KENNEDY, 1978;
MATTHEWS & MATTHEWS, 1978). Entre as propriedades químicas das madeiras, os
metabólitos secundários têm sido indicados como responsáveis pela repelência ou atração de
certas espécies de térmitas (WOLCOTT, 1957; WOOD, 1978; CARTER et al., 1983).
4
espécies brasileiras: H. assu Constantino, H. crinitus (Emerson), H. longiceps (Snyder), H.
sulcatus Matheus e H. tenuis (CONSTANTINO, 1998, 1999, 2002a).
O C. gestroi é nativo do sudoeste da Ásia e Indonésia e foi introduzido no Brasil em
1923 (GAY, 1967; ARAUJO, 1970; MARICONI, 1986; SU et al., 1997). É considerado uma
das piores pragas em área urbana no Rio de Janeiro e em São Paulo (ZORZENON &
POTENZA, 1998; BICALHO, 2000). Apesar de ser considerado a principal espécie em áreas
urbanas na região sudeste do Brasil, Fontes e Araujo (1999) consideram que pouco é
conhecido sobre sua biologia. Segundo Constantino (1999), sua distribuição não é bem
conhecida no Brasil, mas provavelmente ocorre em outras regiões brasileiras.
O C. gestroi é conhecido como “cupim de solo” ou “cupim subterrâneo”, porém o
ataque dessa espécie também pode ocorrer em andares mais altos de prédios, onde podem ser
vistas revoadas Sua colônia pode ser policálica, que ocupa vários ninhos, vários deles
desprovidos de reprodutores, chamados de ninhos secundários ou subsidiários, que são
frequentemente encontrados nas construções, inclusive com presença de jovens. Os ninhos
secundários são facilmente eliminados, porém o mesmo não ocorre com a colônia primária
porque é raramente encontrada, sendo este aspecto da biologia dessa espécie um problema de
difícil erradicação (ZORZENON & POTENZA, 1998; COSTA-LEONARDO, 2002).
O H. tenuis é um térmita nativo, podendo ser observado em quase toda região
Neotropical, ataca troncos em decomposição, papéis e podendo também ser encontrado sob a
casca de troncos. Em locais úmidos, vivem em madeiras processadas, cercas e pedaços de
madeira no solo. Alimentam-se também de troncos apodrecidos de mamoeiro, colmos de
milho caídos no chão e partes mortas de videira e danificam cana-de-açúcar. No Brasil, há
registros de sua ocorrência no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul e São Paulo. É uma espécie considerada praga em ambientes agrícolas no Brasil,
entretanto também é encontrada em ambientes urbanos, atacando fontes celulósicas
empregadas nas edificações, constrói ninhos subterrâneos, que são compostos por uma densa
rede de galerias e não por ninhos individualizados (MARICONI, 1986; COSTA-
LEONARDO, 2002).
5
térmitas da luz e dessecação (STUART, 1969; THORNE, 1982; THORNE & HAVERTY,
2000).
O forrageamento dos indivíduos se inicia pelos soldados em grupos de 2-5 saem do
ninho em várias direções e quando uma fonte de alimento é encontrada, o soldado retorna ao
ninho pressionando o abdome contra o substrato com o qual deixa uma trilha de feromônio
que irá recrutar novos soldados. Após o retorno dos soldados recrutados, começa a segunda
fase do forrageamento, na qual são recrutados os primeiros operários. Mais tarde acontece o
recrutamento em massa de operários (TRANIELLO, 1981; COSTA-LEONARDO, 2002).
Nos últimos anos têm-se intensificado as pesquisas sobre o uso de madeira de florestas
plantadas no Brasil, principalmente com espécies dos gêneros Eucalyptus L'Héritier e Pinus
L. para produção de madeira. Espécies até então consideradas secundárias e de utilidade
específica para a produção de aglomerados, energia, chapas de fibra e celulose, passaram a
assumir grande importância no suprimento do déficit de madeiras tradicionalmente utilizadas
pela indústria. Essa importância surgiu com a escassez de matéria-prima no sul e com os altos
custos da madeira proveniente do norte do país, além das restrições dos mercados
internacionais a produtos oriundos de florestas tropicais (MATOS, 1996).
Segundo Ponce (1995), a tendência mundial é a produção de madeira a partir de
florestas plantadas ou regeneradas, o que possibilitaria ao Brasil, que possui uma
eucaliptocultura das mais produtivas, avançadas e competitivas do mundo, desenvolver uma
nova indústria madeireira com base em florestas de rápido crescimento e curtas rotações.
O gênero Eucalyptus engloba aproximadamente 800 espécies, sendo muitas delas
utilizadas em cultivos comerciais destinados aos mais variados usos, como: postes e moirões,
óleos essenciais, madeira para serraria, construção civil e indústria de móveis, carvão vegetal
e celulose, produção de papel, entre outros (DOUROJEAMI, 2004).
Eucalyptus é o gênero florestal mais plantado no mundo, com mais de 17,8 milhões de
hectares. Dentre os países com as maiores áreas reflorestadas, destaca-se a Índia com 8
milhões de hectares, seguido do Brasil com aproximadamente 4,8 milhões hectares plantados
(ABRAF, 2012).
No ranking dos principais produtores mundiais de Eucalyptus, encontram-se Brasil,
Índia, África do Sul, Portugal, Angola, Espanha e China (GONZÁLEZ, 2002). No Brasil, a
eucaliptocultura é intensiva e baseada em florestas clonais formadas com material de alta
produtividade (MORA & GARCIA, 2000).
O Brasil é visto atualmente como um dos principais países em relação à área de
plantações florestais com espécies, híbridos e clones de Eucalyptus, destinadas principalmente
à produção de celulose, papel, chapas de fibra e carvão vegetal (MORA & GARCIA, 2000).
Atualmente, o gênero Eucalyptus possui grande importância para o agronegócio
florestal brasileiro, tendo cerca de 4% de participação no PIB nacional, levando em conta
todas as cadeias produtivas em que ele participa. Provavelmente foi introduzido no Brasil em
1965, no Rio Grande do Sul, através de sementes trazidas do Uruguai (MARTINI, 2004).
Atualmente, 74,8% dos 6,5 milhões de hectares ocupados com florestas plantadas no Brasil,
são de eucalipto (ABRAF, 2012).
Originário da Austrália, o gênero Eucalyptus é pertencente à família Myrtaceae e
possui cerca de 500 espécies descritas, muitas subespécies e alguns híbridos naturais
(BROOKER & KLEINIG, 1990). Dentre as diversas espécies, apenas E. urophylla S. T.
Blake e E. deglupta Blume não são originárias da Austrália (RUY et al., 2001).
6
De acordo com Pryor (1976), o gênero Eucalyptus está subdividido taxonomicamente
em oito subgêneros informais. O subgênero Symphyomyrtus contém a maioria das espécies
cultivadas no mundo, dentre elas se destacam: Eucalyptus grandis Hill (ex Maiden),
Eucalyptus camaldulensis Dehn, Eucalyptus tereticornis Smith, Eucalyptus globulus Labill,
Eucalyptus urophylla S.T. Blake, Eucalyptus viminalis Labill, Eucalyptus saligna Smith.
O cultivo de Eucalyptus no Brasil é intensivo e baseado principalmente em florestas
clonais formadas com material de alta produtividade média (MORA & GARCIA, 2000). Nos
anos 80, a clonagem impulsionou um grande avanço no setor florestal no país, permitindo a
formação de plantios homogêneos de alta produtividade e resistentes a doenças (ALFENAS et
al., 2004).
Espécies de Eucalyptus vêm sendo plantadas em escala comercial por apresentar
características que favorecem esse plantio, como rápido crescimento, alta produção de
celulose e resistência às adversidades das condições ambientais e às doenças (SANTOS,
2001). Outros fatores que impulsionaram o aumento de plantações comerciais de Eucalpyptus
em várias partes do mundo, como o baixo custo e o curto período de corte, além de fornecer
fibra e polpa de madeira de alta qualidade (HO et al., 1998).
O gênero Pinus, pertencente à família Pinaceae, é composto por plantas lenhosas,
arbóreas em sua maioria e com alturas que variam de 3 a 50 metros. Possuem tronco reto,
mais ou menos cilíndrico, a copa em forma de cone e as folhas em forma de acículas,
agrupadas em fascículos. Seu cerne apresenta a madeira na coloração que varia do amarelo-
claro ao alaranjado ou castanho avermelhado e a massa específica da sua madeira varia de 400
a 520 kg.m-³ (LIMA et al., 1988 apud MORAIS et al., 2005). No Brasil, a área plantada com
Pinus é menor do que a de Eucaliptus, representado 25,2% dos 6,5 milhões de florestas
plantadas com essas duas espécies florestais (ABRAF, 2012).
As espécies de Pinus introduzidas no Brasil são originadas, principalmente, dos
Estados Unidos, apesar de inicialmente elas serem oriundas da Europa. Ocorrem naturalmente
na América do Norte, na América Central, no norte da Europa e na Ásia (LIMA et al., 1988
apud MORAIS et al., 2005).
Várias espécies de Pinus vêm sendo introduzidas no Brasil há mais de um século para
variadas finalidades (SHIMIZU, 2009). As primeiras introduções noticiadas foram de Pinus
canariensis Smith, proveniente das Ilhas Canárias, no Rio Grande do Sul, em torno de 1880
(MEDRADO, 2005).
Os primeiros ensaios de introdução do Pinus na silvicultura tiveram início por volta de
1936, com espécies europeias. Devido à má adaptação ao nosso clima, esses ensaios não
foram bem sucedidos. Já em 1948, o Serviço Florestal do Estado de São Paulo, introduziu
para ensaios, as espécies americanas Pinus elliottii Engelm e Pinus taeda L., que se
destacaram pela facilidade de manejo no seu cultivo, rápido crescimento e reprodução intensa
no Sul e Sudeste do Brasil. Hoje, P. taeda é utilizado na produção de matéria-prima para as
indústrias de celulose e papel, enquanto P. elliottii é usado para madeira serrada e extração de
resina (SHIMIZU, 2009).
Nas últimas três décadas, o uso e aplicação da madeira do gênero Pinus cresceu,
transformando-a em matéria-prima fundamental para movimentar um setor produtivo de
relevante importância para a economia brasileira. A área plantada com o gênero Pinus na
região Sul do Brasil, soma 1.060.050 hectares, o que corresponde a 57,6% da área total de
cultivo de Pinus em todo território brasileiro. É importante ressaltar que na região sul a área
total plantada com o gênero Pinus representa 1,74% de todo o seu território (SIQUEIRA,
2003).
7
2.4.1 Corymbia citriodora Hill & Johnson
Eucalyptus citriodora Hooker foi uma espécie do subgênero Corymbia Hill &
Johnson, mas as plantas do gênero Symphyomyrtus (Schauer) Brooker (a maioria das espécies
de eucaliptos) não conseguiam se cruzar com as de Corymbia, indicando existir diferenças na
reprodução desses grupos. Por essa razão, parte dos taxonomistas se interessaram em separar
esses subgêneros e rearranjar as espécies. Dessa forma, uma revisão foi feita nos anos 90,
reformulando-se a classificação antiga de Pryor e Johnson (FOELKEL, 2012). Segundo esse
autor, Ken Hill e Laurie Johnson em seu trabalho publicado em 1995 enfatizavam as
diferenças entre as espécies de Corymbia e Eucalyptus e apresentou 113 espécies de
Corymbia, sendo as mais conhecidas: C. citriodora, C. maculata, C. ficifolia, C. ptychocarpa
e C. torelliana.
C. citriodora é originário da Austrália e da Indonésia, foi introduzido no Brasil em
1825 como planta ornamental. Em 1903, iniciou-se sua utilização para fins econômicos,
quando sua madeira (Figura 1) passou a ser empregada na produção de dormentes ferroviários
e lenha para alimentar as locomotivas da época (GALANTI, 1987). Sua madeira é muito
utilizada para: construções, estruturas, caixotaria, postes, dormentes, mourões, lenha e carvão
(FERREIRA, 1979).
No Brasil, é encontrado em todas as regiões, destaca-se pelo seu extenso cultivo desde
o Rio Grande do Sul até a região amazônica e por ser um dos maiores produtores de óleo
essencial (XAVIER, 1993).
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8
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Figura 2. Aspecto da madeira de Eucalyptus cloeziana.
E. saligna apresenta sua área natural na Austrália, ocupando uma faixa costeira
extensa, porém descontínua e fragmentada. Na região subtropical norte, os povoamentos
naturais ocorrem apenas nas montanhas em razão de não suportarem o clima quente e a seca
dos locais de baixa altitude. No Brasil, desenvolvem-se melhor nas regiões localizadas nos
Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo (GONZAGA, 1983).
As características da madeira (Figura 3) a tornam indicada para: laminação, móveis,
estruturas, caixotaria, postes, escoras, mourões, celulose e carvão. Apresenta susceptibilidade
às geadas severas, tolera fogo baixo e tem alta capacidade de regeneração por brotação das
cepas (FERREIRA, 1979).
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9
silvicultura, possibilitando a obtenção de um material mais homogêneo e com qualidades de
madeira desejáveis.
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10
disso, tornou-se um dos materiais mais utilizados na construção civil. Todavia, com seu uso
crescente e indiscriminado ao longo dos anos, reduziram drasticamente as florestas nativas
das regiões Sul e Sudeste, sendo então necessária a utilização de madeiras alternativas,
oriundas de reflorestamento, principalmente as espécies dos gêneros Eucalytpus e Pinus,
porém essas espécies de madeiras de reflorestamento são altamente susceptíveis à demanda
biológica (PINHEIRO, 2001).
Segundo Oliveira et al. (1986), as condições de temperatura, aeração e umidade da
madeira são fatores importantes na determinação dos microrganismos aptos a colonizá-la e
decompô-la, e tem marcante influência na velocidade de decomposição. A madeira não é
decomposta se o teor de umidade estiver abaixo de um nível critico, normalmente em torno de
30%, ou seja, ligeiramente acima do ponto de saturação das fibras. Faz parte de conhecimento
popular que diferentes espécies de madeira apresentam durabilidades bastante distintas.
Segundo Lepage et al. (1986), em virtude de sua natureza, a madeira está sujeita à
ação de agentes degradadores principalmente de origem biológica, como os térmitas, os
fungos e as brocas.
Madeiras de diversas espécies florestais podem apresentar durabilidades bem distintas.
Há numerosos e inter-relacionados fatores intrínsecos e extrínsecos à madeira, que afetam o
seu consumo pelos térmitas. Dentre esses fatores podemos citar a espécie florestal e a dureza
da madeira, a presença de substâncias tóxicas, inibidores ou deterrentes de alimentação, a
presença ou ausência de fungos e seu grau de decomposição à madeira e o conteúdo de
umidade da madeira e do solo (SMYTHE & CARTER,1970; CARTER & SMYTHE, 1974;
ESENTHER, 1977; NAGNAN & CLEMENT, 1990).
Para Lenz (1983) algumas madeiras são menos susceptíveis ao ataque de térmitas.
Alguns extrativos químicos e seus análogos sintéticos são limitantes a ação de algumas
espécies de térmitas e várias pesquisas estão em andamento para determinar a durabilidade
natural da madeira. Espécies de madeiras menos susceptíveis existem em áreas forrageadas
por térmitas e poucas estão sendo usadas pelo homem, por serem raras. Nenhuma madeira é
100% imune ao ataque de térmitas, pois, a decomposição por fungos, bactérias e outros
organismos podem iniciar a decomposição, o que permite a ação desses térmitas.
Scheffrahn (1991) identificou alguns compostos anti-térmitas de várias espécies
florestais classificadas como menos susceptíveis ao ataque de térmitas, sendo os terpenóides o
grupo predominante entre essas substâncias, seguido das quinonas e tecnoquinonas.
Os térmitas são mundialmente reconhecidos pelos danos e prejuízos causados em
certos plantios, edificações e construções que empreguem quaisquer materiais de origem
vegetal, pelas espécies que podem ser consideradas como pragas, apesar de serem poucas se
comparadas às quase três mil espécies que compõem a ordem (ZORZENON & POTENZA,
1998).
Eles possuem uma alta capacidade de destruir e danificar o madeiramento de
construções, postes de linhas de transmissão de eletricidade, mourões de cerca e dormentes,
comprometendo a segurança destas. No âmbito doméstico atacam portas, batentes, assoalhos
e muitas outras peças de madeira em uso (BERTI FILHO, 1993). São capazes de causar a
destruição o sistema radicular e/ou anelamento do caule causando danos que normalmente só
são notados no momento do corte para a colheita da madeira, podendo levar as espécies
florestais à morte. Algumas espécies de térmitas podem ocasionar prejuízos consideráveis na
implantação de florestas, podendo atingir 80% de mortalidade das essências florestais
(WILCKEN & RAETANO, 1995).
11
3 MATERIAL E MÉTODOS
12
Figura 7. Remanescente de Mata Atlântica do Instituto de Floresta da UFRRJ. Seropédica, RJ
(2012).
Este teste foi realizado para detectar pontos de atividade termítica de forrageamento
dentro de cada área experimental através do uso de iscas de papelão corrugado do tipo
Termitrap® (ALMEIDA & ALVES, 1995). Essas iscas consistiram, cada uma, de um rolo de
papelão de 100 cm de comprimento, com 15 cm de altura e 8 cm de diâmetro (Figura 8).
13
Foram confeccionadas 250 iscas, as quais foram totalmente enterradas aleatoriamente
no solo em cada área, com o auxílio de uma furadeira (Stihl®). As iscas ficaram expostas ao
ataque de térmitas durante 60 dias. Após este período, as iscas foram desenterradas para
verificar a ocorrência de infestação por esses insetos (Figuras 9 e 10). Os pontos de onde
foram removidas iscas com atividade de forrageamento de térmitas serviram como ponto
central para a instalação dos corpos de prova que foram usados para avaliar a ocorrência e a
preferências de térmitas por madeiras exóticas. Dos 250 pontos com as iscas de papelão,
obteve-se 24 pontos de atividade termítica em cada uma das três áreas de experimental
(Eucaliptal, Floresta e Fazendinha), totalizando 72 pontos de atividade termítica.
Figura 10. Isca Termitrap aberta atacada por térmitas subterrâneos com presença de
operárias.
14
hibrida de Eucalyptus grandis X Eucalyptus urophylla), Eucalyptus cloeziana F. Muell.,
Corymbia citriodora Hill & Johnson (Eucalyptus citriodora Hook), e Eucalyptus saligna
Smith].
As amostras de madeira dos gêneros Corymbia e Eucalyptus foram obtidas no
município de Duartina, SP, e as amostras de Pinus elliottii obtidas no município de
Seropédica, RJ.
As estacas de madeira, com exceção das estacas de P. elliottii, foram numeradas e
pintadas com tinta óleo de cores distintas, em uma das extremidades, de acordo com a espécie
de madeira, para favorecer a identificação dessas no campo (Figura 11).
Figura 11. Corpos-de-prova identificados das cinco espécies florestais avaliadas. Vermelho:
Eucalyptus urograndis, amarelo: Eucalyptus cloeziana, azul: Eucalyptus saligna, prata:
Corymbia citriodora, sem cor: Pinus elliottii.
15
Após obtenção do volume, as estacas foram separadas de acordo com as respectivas
espécies, formando cinco grupos, que foram colocados separados em estufa à 100°C, por 24
horas, baseado na metodologia de Lenz & Zi-Rang (1985). Posteriormente, tais grupos de
estacas foram colocados separados em um dessecador durante 30 minutos e, logo após, as
estacas pesadas individualmente em balança eletrônica semi-analítica para obtenção do peso
seco (Figura 13). A densidade média foi determinada pela equação D = P/V, onde: D =
densidade média (g.cm-3); P = peso médio seco (g) e V = volume médio (cm3).
3.5 Experimentos
16
Figura 14. Estacas de cada espécie florestal enterradas ao redor do ponto de atividade
termítica (área delimitada pelo círculo tracejado em amarelo) após remoção das iscas de
papelão.
17
grupos de cinco estacas (uma estaca por espécie florestal) para cada época, portanto, oito
estaca de cada espécie vegetal para cada época de avaliação.
O delineamento experimental adotado foi o de parcela sub-sub dividida (PSSD),
onde cada área de estudo representou uma parcela, cada época de avaliação uma sub-parcela
e cada espécie de madeira uma sub-sub parcela.
Em cada área experimental, as estacas de madeira das cinco espécies florestais foram
desenterradas, em cada época de avalição, para observar a presença de espécimes de térmitas
vivos.
Na ocorrência de estacas infestadas por térmitas, espécimes (particularmente soldados e
operárias) foram coletados e armazenados em frascos de vidro contendo álcool hidratado a 80%
e transportados para o laboratório para identificação específica. Essa identificação foi feita sob
microscópio estereoscópio com aumento de 63 vezes com base na chave para identificação de
térmitas que ocorrem no Brasil (CONSTANTINO, 1999).
A atratividade foi medida pela frequência de estacas infestadas pelos térmitas em
relação ao total de estacas enterradas para cada espécie florestal avaliada.
A comparação dos dados relacionados à frequência de ocorrência de térmitas nas estacas
das diferentes espécies florestais foi efetuada mediante o teste de Qui-quadrado. O nível de
probabilidade a partir do qual uma comparação foi considerada significativa foi igual ao nível
de probabilidade de risco de 5% dividido pelo número de comparações, ou seja, p<0,01.
O consumo da madeira das estacas foi usado para avaliar a preferência alimentar dos
térmitas. O consumo de madeira das estacas de cada espécie florestal foi calculado mediante
diferença de massa seca antes das estacas serem enterradas e após cada período de avaliação
das estacas (90, 120 e 150 dias após serem enterradas). A massa seca de cada estaca de
madeira foi determinada em balança de precisão.
Os dados de consumo foram analisados mediante ANOVA e as médias comparadas
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
18
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a tabela de classes de densidade proposta por Melo et al. (1990)
(Tabela 1), a madeira das espécies florestais avaliadas foram assim classificadas: leve para
Pinus elliottii (0,418 g.cm-3), média para Eucalyptus urograndis (0,582 g.cm-3), Eucalyptus
cloeziana (0,512 g.cm-3) e Eucalyptus saligna (0,581 g.cm-3), e pesada para Corymbia
citriodora (0,887 g.cm-3). Foelkel et al. (1971), utilizando o métodos do máximo teor de
umidade para determinação da densidade básica da madeira de coníferas e folhosas, a partir
de cavacos de madeira, observaram que densidade da madeira de P. elliottii e E. saligna foi de
0,316 e 0,460 g.cm-3, respectivamente, valores relativamente inferiores aos encontrados no
presente estudo. Com base na classificação de Melo et al. (1990), os resultados de Foelkel et
al. (1971) classificariam ambas as madeira de P. elliottii e E. saligna como leves, portanto,
divergindo em parte os resultados obtidos no presente estudo. Sturion et al. (1987)
determinaram a densidade básica média da madeira de 12 espécies de Eucalyptus, encontrado
os seguintes valores para E. cloeziana e C .(como Eucalyptus) citriodora: 0,689 e 0,715 g.cm-
3
, respectivamente, mantendo-as nas classificações de média e pesada de Melo et al. (1990),
conforme observado no presente estudo. COSTA (2011) avaliou a qualidade da madeira do
híbrido E. urograndis, a qual obteve uma densidade básica de 0,56±0,028 g.cm-3, portanto,
confirmando se tratar de uma madeira de densidade média.
Do total de 360 estacas de madeira inspecionadas, 50% (181) estavam infestadas por
térmitas. No geral, três espécies de térmitas foram identificadas, duas da família
Rhinotermitidae, sendo uma exótica (Coptoterems gestroi) e uma nativa (Heterotermes
tenuis) e uma espécie nativa da família Termitidae [Nasutitermes cf. itapocuensis
(Holmgren)], a qual foi depositada na coleção da UnB (registro 9011) (Figura 16).
Floresta
Nasutitermes cf. itapocuensis
80
a itapocuensis
Frequência de ataque (%)
Coptotermes
Fazendinha gestroi
70
60 Heterotermes tenuis
Eucaliptal
b
50
40 c
30
20
10
0
Floresta Fazendinha Eucaliptal
Área experimental
Figura 16. Frequência de ataque às estacas de madeira por térmitas em cada área
experimental, independente da espécie florestal (N=120 estacas por área experimental,
totalizando 360 estacas).
19
Esses resultados indicam que os três gêneros observados na região onde foi
desenvolvido o estudo, são bem adaptados às condições ambientais locais, condizendo com
estudos realizados por Araujo (1970) e Constantino (1999; 2001) que citam que os três
gêneros são endêmicos da região Neotropical.
No entanto, as infestações de térmitas nas distintas áreas experimentais ocorreram de
forma específica, ou seja, cada área apresentou ocorrência de infestação de apenas uma das
três espécies de térmita encontradas. Dessa forma, as áreas experimentais Floresta, Eucaliptal
e Fazendinha apresentaram infestações por N. cf. itapocuensis, H. tenuis e C. gestroi,
respectivamente. A infestação das estacas de madeira enterradas na Floresta por térmitas do
gênero Nasutitermes certamente é devido ao fato de ser uma espécie nativa das florestas
brasileiras (CONSTANTINO, 1999; 2000a). H. tenuis é considerada praga de eucalipto
(Constantino, 202b), podendo explicar a ocorrência desse térmita no plantio C. citriodora da
área experimental em Seropédica (RJ). C. gestroi é uma espécie exótica, nativa da Ásia, tendo
sido introduzida no Brasil no início do século 20, sendo considerada uma praga urbana de
grande importância devido aos danos causados às construções urbanas (ARAUJO, 1958;
COSTA-LEONARDO, 2002). Dessa forma, o ataque das estacas enterradas na periferia do
galpão da Fazendinha indica que essa construção possa estar infestada por esse térmita.
A espécie mais frequente foi C. gestroi (teste de χ2 =5,27; d.f.=1; p<0,05), sendo
registrada em 67% das estacas de madeiras, N. cf. itapocuensis infestou 50% das estacas e H.
tenuis (34%) foi a espécie menos encontrada (Figura 16). Tal resultado sugere que as
operárias de N. cf. itapocuensis e C. gestroi, quando comparadas com as de H. tenius,
apresentam uma maior eficiência de busca por fontes de alimento no ambiente. Por sua vez,
isso pode ser também explicado pela densidade populacional nas colônias desses térmitas.
Segundo estudos de Arab et al. (2005), a estimativa da população de forrageiros de colônias
de C. gestroi variou de 0,57 a 1,99 milhões de indivíduos, enquanto que para H. tenuis variou
de 0,20 a 1,37 milhões de indivíduos. De acordo com Lima & Costa-Leonardo (2006), C.
gestroi é mais agressivo e possui forrageamento mais eficiente quando comparado a H. tenuis.
De maneira geral, a ocorrência de térmitas foi similar nas distintas épocas de
avaliação (Tabela 2), sugerindo que as iscas de papelão cartonado usadas para a avaliação da
atividade termítica das áreas experimentais, instaladas 60 dias antes dos corpos de prova,
possibilitaram o recrutamento dos térmitas, que se mantiveram em atividade nas áreas por até
150 dias após a instalação dos corpos de prova.
90 56 47% (a)
120 58 48% (a)
150 67 56% (a)
20
Tabela 3. Frequência de ataque às estacas de madeira por térmitas em cada área experimental,
em cada época exposição (N=40 estacas por época).
Época de exposição Frequência de estacas atacadas1
(dias) Floresta2 Fazendinha3 Eucaliptal4
90 63% (a) 58% (b) 20% (b)
120 43% (b) 65% (b) 38% (a)
150 45% (b) 78% (a) 45% (a)
1
Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste Qui-quadrado a
p<0,01.
2
Nasutitermes cf. itapocuensis, 3Coptotermes gestroi; 4Heterotermes tenius.
70
a
Ocorrencia de térmitas (%)
60 a
a a
50
40 b
30
20
10
0
Corymbia Eucalyptus Eucalyptus Eucalyptus Pinus elliottii
citriodora saligna cloeziana urograndis
Espécies Florestal
Figura 17. Frequência de ocorrência dos térmitas nas estacas de madeira de cada espécie
florestal avaliada nas três épocas de avaliação (N=72 estacas por espécie florestal).
21
atratividade também pode ser explicada devido a E. urograndis provavelmente possuir um
maior teor de extrativos químicos que agem como repelentes e/ou substâncias tóxicas aos
térmitas ou aos seus simbiontes na madeira de eucalipto (HILLIS & YAZAKI, 1973;
TISSEVERASINGHE & JAYATILLEKE, 1973; SCHEFFRAHN, 1991; CORNELIUS et al.,
1995, ABREU & SILVA, 2000).
Quanto ao comportamento dos térmitas em cada área experimental, observa-se que
na Floresta, a ocorrência de N. cf. itapocuensis foi mais frequente na madeira da espécie E.
cloeziana (79%) do que nas madeiras de C. citriodora (63%), E. saligna (58%), E. urograndis
(33%) e de P. elliottii (17%) (Figura 18), a qual apresentou a menor frequência de ocorrência
(teste de χ2 =5,46; d.f.=4; p<0,05), apesar de ser a madeira de menor densidade, o que deveria
favorecer ao ataque, pois a madeira seria mais facilmente desestruturada.
90
a
Ocorrência de N. cf. itapocuensis (%)
80
70 b
b
60
50
40 c
30
d
20
10
0
Eucalyptus Corymbia Eucalyptus saligna Eucalyptus Pinus elliottii
cloeziana citriodora urograndis
Espécies Florestal
Figura 18. Frequência de ataque de Nasutitermes cf. itapocuensis às estacas de madeira de
cada espécie florestal na área da Floresta no total das três épocas de avaliação (N=24 estacas
por espécie florestal).
22
100 Eucalyptus cloeziana
90 120 150
Época (dias)
No entanto aos 120 dias de exposição das estacas no campo, a ocorrência de N. cf.
itapocuensis tornou-se predominante nas madeiras de E. cloezina (88%) em relação as
madeiras de C. citriodora (63%), E. saligna (50%) e E. urograndis (13%) e de P. elliottii
(0%) (teste de χ2 =15,57; d.f.=4; p<0,001). Aos 150 dias, as madeiras de E. cloezina (75%)
mantiveram-se como as com maior frequência de ocorrência de N. cf. itapocuensis frente às
de C. citriodora (50%), E. saligna (50%) e E. urograndis (25%) e de P. elliottii (25%) (teste
de χ2 =12,29; d.f.=4; p<0,001), reforçando sua maior atratividade por E. cloezina e menor por
P. elliottii. Esse resultado ressalva que os mecanismos de reconhecimento e localização de
fontes alimentares por térmitas do gênero Nautitermes são desencadeados de forma
predominante por estímulos químicos da madeira (ARAUJO, 1970).
Na área da Fazendinha, C. gestroi ocorreu com maior frequência nas madeiras de P.
elliottii (83%) do que nas de E. cloeziana (67%), C. citriodora (54%) e nas de E. urograndis
(54%) (teste de χ2 =18,17; d.f.=4; p<0,001) (Figura 20). No entanto, as madeiras de E. saligna
(75%) apresentaram uma frequência de ocorrência por C. gestroi similar as verificadas em P.
elliottii e nas madeiras de C. citriodora, E. cloeziana e E. urograndis.
90 a
Ocorrência de C. gestroi (%)
80 ab
b
70
60 b b
50
40
30
20
10
0
Pinus elliottii Eucalyptus Eucalyptus Corymbia Eucalyptus
saligna cloeziana citriodora urograndis
Espécie florestal
100
a a a a a
Ocorrência de C. gestroi (%)
90
80 a b
70 a a b Eucalyptus cloeziana
60 a b c Corymbia citriodora
50 Eucalyptus saligna
40 b c
Eucalyptus urograndis
30 Pinus elliottii
20
10
0
90 120 150
Época (dias)
24
saligna (21%) (teste de χ2 =16,85; d.f.=4; p<0,001), as quais apresentaram frequência similar
de ocorrência (Figura 22).
Este resultado corrobora com os obtidos em estudos por Peralta et al. (2003), que
avaliou três espécies de Eucalyptus e uma de Pinus sp. e relatou em seu estudo, que do total
de amostras infestadas por Heterotermes longiceps (Snyder), a maior parte foi de Pinus sp.
A frequência de ocorrência de H. tenuis nas madeiras enterradas no Eucaliptal após 90
dias foi maior nas madeiras de E. cloeziana (50%) e de P. elliottii (36%) do que nas de C.
citriodora (13%) (teste de χ2 =29,23; d.f.=4; p<0,001) (Figura 23).
100
a
90
Ocorrência de H. tenius (%)
80
70 a a b Eucalyptus cloeziana
60 a Corymbia citriodora
50 Eucalyptus saligna
b b
40 Eucalyptus urograndis
30 c c c c
Pinus elliottii
20 c
10 d d d
0
90 120 150
Época (dias)
Figura 24. Exemplo de danos causados pelos térmitas às estacas de madeira de diferentes
espécies florestais (Eucalyptus urograndis, Corymbia citriodora, Eucalyptus cloeziana,
Eucalyptus saligna e Pinus elliottii, da esquerda para direita).
26
alcançou o máximo de 50,02 ± 5,8g. No entanto, Pêgas (2007) revelaram em seus estudos que
não houve diferença entre a taxa de consumo de estacas de Eucaliptus urophylla e P. elliotti
por C. gestroi, igualmente observado no presente estudo para outras espécies de eucalipto.
Tabela 4. Efeito de diferentes épocas de exposição das estacas de madeira de espécies dos
gêneros Corymbia e Eucalyptus e Pinus elliotti no consumo (em grama) por térmitas em três
áreas experimentais.
Consumo da madeira (g) (média±EP)
Espécie
Área/Térmita Média
florestal 90 dias 120 dias 150 dias
geral
C. citriodora 4,56±2,66 a 3,44±1,91 a 2,86±1,60a 3,62±1,17ab
27
estacas de madeiras de espécies florestais exóticas, demonstrando a capacidade de adaptação
alimentar.
Souza et al. (2009) observaram que C. gestroi foi capaz de consumir no máximo
3,75g, 11,75g e 15,25g de madeira de Pinus sp. aos 90, 180 e 270 dias de exposição,
respectivamente, em área residencial no município de Seropédica, RJ, valores relativamente
superiores aos obtidos no presente estudo, porém, os autores não identificaram a espécie de
Pinus, além de que as estacas permaneceram expostas por mais tempo no campo nas duas
últimas avaliações.
A preferência alimentar de C. gestroi e H. tenuis pode não ser influenciada de forma
predominante pela densidade da madeira, resultado também observado em estudos realizados
por Trevisan & Carvalho (2005), que ao estudar a resistência natural da madeira de quatro
essências arbóreas a C. gestroi, observaram que a densidade não inibe o ataque a diferentes
espécies florestais, já que, entre as espécies estudadas, a madeira que apresentou a maior
perda de massa, foi justamente a que possuía a segunda maior densidade, enquanto que a
menos atacada foi a que possuía menor densidade, confrontando resultados obtidos por
Bustamante & Martius (1998), que ao estudarem, em laboratório a preferência alimentar de
térmitas xilófagos, afirmaram que a madeira de baixa densidade exibiu maior preferência.
Entre as cinco espécies de madeira enterradas na área da Floresta, devido ao consumo
de uma maior biomassa celulósica, N. cf. itapocuensis exibiu preferência alimentar por E.
cloeziana (4,32 ± 1,19g) em relação a de P. elliottii (0,18 ± 0,10g) (F4, 105=2,75; P<0,05). Paes
& Vital (2000) e Paes et al. (2007) também observaram que térmitas do gênero Nasutitermes
consomem pouco a madeira de Pinus sp. e atribuíram este fato a falta de hábito dos mesmos,
uma vez que a madeiras dessa espécie florestal é pouco empregada em situações onde ocorre
com frequência o ataque desses térmitas. O resultado obtido neste experimento revela que N.
cf. itapocuensis preferiu uma espécie considerada de densidade média, corroborando com
estudos realizados por Gazal et al. (2010), que observaram N. corniger exibindo preferência
alimentar por E. grandis, que também é considerada uma espécie de densidade média.
28
5 CONCLUSÕES
29
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Agropecuário, v.12, p.50-58, 1986.
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operaciones de control de plagas. 4.ed. Universidad de Pardue. EEUU, 1996. 510p.
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residencial. 90p. 2000. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Entomologia) - Universidade
Federal de Lavras.
BIGNELL, D. E.; EGGLETON, P. Termites in ecosystems. In: ABE, T.; BIGNELL, D. E.;
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