Armando Pambo - Constituicao Do Tribunal Arbitral - Julaw
Armando Pambo - Constituicao Do Tribunal Arbitral - Julaw
Armando Pambo - Constituicao Do Tribunal Arbitral - Julaw
Autor
Armando Buengo Pambo1.
1
Advogado | E-mail: [email protected]
Agradecimentos.
al. – alínea.
art. – artigo.
Arts. – artigos.
CC – Código Civil.
Internacional.
n.º - número.
Introdução.
1.1. Enquadramento.
para a nomeação?
Para o melhor entendimento do presente artigo, vamos fazer uma breve abordagem
sobre o conceito da arbitragem de seguida vamos tratar sobre o que especificamente
abordaremos relativamente à constituição do tribunal arbitral. A arbitragem é um meio de
solução de controvérsias alternativo ao processo estatal, fundada na vontade das partes de
submeter um conflito à decisão de um árbitro ou de um tribunal arbitral. A decisão desse
árbitro ou do tribunal deve ser cumprida pelas partes.
Caso as partes optem pela solução de conflitos por via arbitral, devem inserir no
contrato a cláusula compromissória, que consiste na convenção da qual as partes se
comprometem a utilizar a arbitragem para solucionar os possíveis conflitos advindos
daquela obrigação. A arbitragem é um modo jurisdicional de resolução de controvérsias
em que a decisão é confiada a particulares. Na arbitragem voluntária, esta alternativa
baseia-se num acordo das partes: a convenção de arbitragem ou cláusula compromissória.
4
1. Constituição do Tribunal Arbitral.
1.1. Enquadramento.
A maior parte dos sistemas têm como base fundamental o princípio da autonomia
da vontade em matéria de composição do tribunal arbitral. Nos termos do artigo 6.º da
LAV as partes podem fixar o número de árbitros na convenção de arbitragem ou em escrito
posterior por elas assinado. O tribunal pode ser constituído por um único árbitro ou por
vários árbitros e se na convenção de arbitragem não for mencionada a questão da
constituição dos árbitros ou omitirem, o tribunal será composto por três árbitros conforme
consagrada no n.º 2 do art. 6.º da LAV e n.º 2 do artigo 10.º da Lei – Modelo da CNUDCI.
As leis francesas e brasileiras são omissas no tange aos números dos árbitros e as
leis inglesa (art. 15/3 da Lei de Arbitragem de 1996) e dos Estados Unidos (art. 5.º da Lei
Federal de Arbitragem) determinam que o tribunal será constituído com um árbitro único.
Os regulamentos dos principais centros de arbitragem institucionalizada também
estabelecem a regra do árbitro único, mas permitem ao centro a designação de três árbitros
se a importância do litígio ou o conjunto das circunstâncias do caso o justificarem.
5
constituição do tribunal, com fundamento na violação do princípio da igualdade, em acção
de anulação.
A lei suíça, por seu turno, admite que uma das partes “recuse” o tribunal arbitral se
uma das partes tiver exercido uma influência preponderante na designação dos seus
membros; a consequência da “recusa” é a constituição do tribunal segundo as regras legais
supletivas (art. 19.º do concordat sur l'aribitrage). Este preceito suscita duas dúvidas. Por
um lado, a questão de saber se o não exercício desta faculdade preclude o direito de
impugnar a decisão arbitral com fundamento na irregularidade na constituição do tribunal.
Parece que a resposta deve ser negativa, sem prejuízo da preclusão no caso de a parte ter
feito alegações sobre o fundo da causa sem formular uma reserva com respeito a esse vício.
Por outro lado, a dúvida sobre a aplicabilidade deste preceito na arbitragem internacional.
6
de designar um número superior de árbitros. O princípio da igualdade das partes na
composição do tribunal arbitral é, por conseguinte, de ordem pública.
Geralmente, na falta de acordo em contrário, cada uma das partes deve nomear um
árbitro, a menos que acordem em que cada uma delas indique mais um em número igual,
cabendo os árbitros assim designados a escolha do árbitro que deve completar a
constituição do tribunal.
Nos termos da LAV, a parte que pretende instaurar a arbitragem deve notificar a
parte contrária por carta registada com aviso de recepção e deve indicar a convenção de
arbitragem e precisar o objecto do litígio e se tal não resultar já da convenção arbitragem
artigo (13.º da LAV). Esta notificação equivale à citação ou notificação judicial, por isso,
quando exprima a intenção de exercer um direito, constituí um acto interruptivo da
7
prescrição (Art. 324.º/2 CC). Contudo, quando a convenção de arbitragem assuma a forma
de compromisso arbitral, a própria celebração do compromisso interrompe a prescrição
(art. 324,º/1 CC)
3.a) Quais são os princípios de que o Tribunal Estadual deve tomar para a nomeação?
A lei angolana (Lei de Arbitragem Voluntária – LAV) não faz menção a essa
questão, por outro lado o artigo 11.º/5 da Lei – Modelo da CNUDCI contém directrizes
sobre a nomeação de árbitros pelo Tribunal Estadual, pelo que devem ser tidas em conta
pelo Presidente do Tribunal Provincial: atende às qualificações dos árbitros exigidos pelo
acordo das partes e tudo aquilo que for relevante para garantir a nomeação de um árbitro
independente e imparcial; quando se trate da nomeação de um árbitro único ou de um
terceiro árbitro em litígios entre as partes de nacionalidades diferentes ter igualmente em
consideração o facto de que poderá ser desejável a nomeação de um árbitro de terceira
nacionalidade.
Nos termos do (art.8.º da LAV) diz que cito “Podem ser designados árbitros as
pessoas singulares que estejam em pelo gozo e exercício da sua capacidade civil”. Fim de
citação.
8
A maior parte dos sistemas não estabelecem qualquer limitação com respeito à
nacionalidade dos árbitros. Todavia, os regulamentos dos principais centros de arbitragem
determinam que o árbitro único ou presidente do tribunal deve ter uma nacionalidade
diferente das partes, a menos que as partes tenham uma nacionalidade comum. No nosso
caso a LAV não estabelece qualquer limitação com respeito à nacionalidade dos árbitros,
quer na arbitragem interna quer internacional.
A legitimidade para requerer esta nomeação cabe às partes e não aos árbitros. Só
as partes são reputadas ter interesse no prosseguimento da acção arbitral. Importa realçar
a possibilidade de se verificar uma dupla intervenção provocada do tribunal estadual.
Tal acontecerá quando um dos árbitros de parte for anteriormente nomeado pelo
Presidente do Tribunal Provincial competente, e que este seja outra vez solicitado pela
parte interessada para nomear o presidente do tribunal arbitral.
O árbitro designado escusa-se ou tendo sido designado sem ser consultado não
intervém no processo de constituição do tribunal arbitral. Se o encargo para exercer a
9
função de árbitro tiver sido aceite, só é admissível a escusa fundada em causa
superveniente que impossibilite o designado de exercer a função. Caso contrário, o árbitro
que se escusa incorre em responsabilidade civil.
Uma vez que ninguém pode ser obrigado a actuar como árbitro, se não for
previamente consultado pela parte que o nomeou, o silêncio da pessoa designada não pode
valer como aceitação. Contudo, tal silêncio terá por efeito estender o prazo de constituição
do tribunal arbitral.
Quanto à deontologia dos árbitros, estes devem no exercício das suas funções de
composição de conflitos, mostrar-se dignos da honra e responsabilidades inerentes, não
podendo representar nem agir no interesse das partes obrigando-se a decidir com
independência, imparcialidade, lealdade e boa-fé e a contribuir para a garantia de um
processo célere e justo, cf. art.15.º da LAV.
No caso de árbitro nomeado só por uma parte ou por terceiro oferece dúvida se
deve entender-se que, com base numa relação de representação, se estabelece um contrato
de árbitro com ambas as partes, ou se o árbitro estabelece com a parte ou partes que não
intervieram na sua designação uma relação obrigacional. Certo é que a violação dos
deveres que daí resultam fundamenta responsabilidade contratual. Embora os árbitros
11
incorrem em responsabilidade contratual em caso de violação dos seus deveres, importa
evitar que através da acção de responsabilidade contra os árbitros se possa colocar
directamente em causa o conteúdo da decisão.
É exactamente a falta desse pode de soberania dos tribunais arbitrais que envolve
controvérsias referentes à arbitrabilidade de medidas cautelares, quando decretada, na falta
do cumprimento voluntário da parte faltará ao árbitro/tribunal arbitral para efectivar tais
medidas, havendo necessidade de se recorrer ao tribunal judiciário, para a execução. Com
efeito, torna-se necessário a colaboração do tribunal judicial pra garantir a efectividade das
mesmas, mediante o uso do poder de império que lhe é inerente.
13
obsta que as partes emitam procurações forenses a favor de pessoas não habilitadas para o
efeito, quando seja obrigatória a constituição de advogados, nestes casos, o procurador
deverá substabelecer a um advogado, os poderes que lhe foram conferidos.
Sendo livre a constituição de advogado, o árbitro não pode, pois, impor às partes a
constituição de advogados, salvo se estas tiverem acordado nesse sentido. Por vezes, por
razões de bom senso e de utilidade prática, é lógico que sempre que o litígio envolver
questões jurídicas ou a sua resolução tiver um determinado enquadramento jurídico é
elementar a necessidade de constituição de advogado.
Conclusão.
14
No decurso do presente artigo, chegamos a seguinte conclusão, no que tange às
matérias tratadas. É chegado o momento param em síntese, esboçar o mais relevante.
Nos dias de hoje, as pessoas têm maior acesso aos bens, a actividade económica
tornou-se mais complexa e sofisticada nas múltiplas formas, na sociedade angolana e no
mundo. Ora, a consequência imediata de tudo isto mostrou a incapacidade da justiça
organizada e administrada pelo Estado para acompanhar as necessidades das resoluções
dos litígios emergentes.
Bibliografia.
15
CORREIA, FERNANDES BARTOLOMEU, Arbitragem Voluntária como Meio
Extrajudicial de Resolução de Conflitos em Angola, Almedina, 2014.
16