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Uniedusul Editora
Copyright dos Autores
Editor Chefe: Prof. Me. Welington Junior Jorge
Diagramação e Edição de Arte: Uniedusul
Conselho Editorial:
Barbara Simone Saatkamp
José Raphael Batista Freire
Jossiani Augusta Honório Dias
Maísa Kelly Nodari
Martina Galli - Univ. da Tuscia Itália
Matheus Ribeiro de Oliveira Wolowski - UEM
Melina Quintero Santos - Colômbia
Melissa Eleonora del Pilar Garrido Llanos - Chile
Michael Hiromii Zampronioo Miyazaki
Miron Biazus Leal
Natalia Moreno Varela - Chile
Pierre -Erick Bruny - Haiti
Raul F. Belucio Nogueira - Itália
Renata Torri Saldanha Coelho
Ulises Nelson Medina Álvarez - Chile
Xhlonipa Ndimande - Moçambique
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de
responsabilidade exclusiva dos autores.
Permitido fazer download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos
aos autores, mas sem de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
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Apresentação
CAPÍTULO 01............................................................................................................07
A INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL SOCIAL COM BITCOIN NA SOCIEDADE
LIMITADA E A EVENTUAL AÇÃO DE EXECUÇÃO
Kenny Mateus Yamada Barbosa
Prof. Dr.Rodrigo Róger Saldanha
CAPÍTULO 02............................................................................................................30
AMPLIANDO AS CATEGORIAS DE BENS NO DIREITO BRASILEIRO: O BEM
DIGITAL COMO UMA NOVA CATEGORIA DE BEM E SEUS REFLEXOS NO
DIREITO SUCESSÓRIO
Ana Luisa Pereira de Melo Tratch
Prof. Dr. Rodrigo Róger Saldanha
CAPÍTULO 03............................................................................................................59
AS VIOLAÇÕES DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE E O CORPO ELETRÔNICO
DE STEFANO RODOTÀ
Jaqueline Da Silva Paulichi
Valeria Silva Galdino Cardin
CAPÍTULO 04............................................................................................................69
ALTERNATIVAS PARA EVITAR A CONFUSÃO PATRIMONIAL EM EMPRESAS
FAMILIARES DE SOCIEDADE LIMITADA
Andressa Karina Pfeffer Gallio
Carolina Romancini Tasca
CAPÍTULO 05............................................................................................................91
A LIBERDADE DO SUJEITO E A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO E DO CONSUMO
Alessandro Severino Valler Zenni
Andressa Sechi Marra
Zulmar Antônio Fachin
CAPÍTULO 06..........................................................................................................105
GOVERNANÇA E COMPLIANCE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA COMO
MECANISMOS DE COMBATE A CORRUPÇÃO
Jossiani Augusta Honório Dias
CAPÍTULO 07..........................................................................................................120
A POSSIBILIDADE DE EMITIR DEBÊNTURES PELAS SOCIEDADES
CONTRATUAIS BRASILEIRAS
Vinicius Busiquia Pinheiro
José Raphael Batista Freire
Capítulo 01
A INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL SOCIAL COM
BITCOIN NA SOCIEDADE LIMITADA E A EVENTUAL
AÇÃO DE EXECUÇÃO
ABSTRACT: Along with technological evolution, business relationships have also adapted
innovations to facilitate business. Doubt was then raised as to the possibility of paying in the
share capital of a private limited company with bitcoins. For corporate transactions and
payment of capital to be possible, a legal analysis of the legal nature, the legal provision, and
its patrimonial effects are required. Based on this premise, we seek to analyze whether it is
possible to pay in companies' share capital with bitcoins, as well as their characteristics,
reflections on corporate law, and even the effects on attachment acts. Thus, the methodology
used was qualitative through bibliographic research through specialized magazines and
classic works on the subject, as well as comparative legislation, which made it possible to scale
the qualitative extension of the results, the method of approach being the hypothetical
deductive, using It is based on the documentary investigative technique with the use of current
1
Graduando do Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
2
Professor Universitário na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Doutorando em Ciências
Jurídicas pela Unicesumar (2019-2022). Mestre e Doutor em Ciências Jurídicas pela Unicesumar
Especialista em Direito Administrativo pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo (2021-
2022). Especialista em Educação Ambiental pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM (2014-
2015). Especialista em Ciências Penais pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2012 - 2013).
Avaliador do Ministério da Educação para o Curso de Direito (INEP/MEC - 2018 - atualmente). Tem
experiência na docência, coordenação de cursos de graduação e pós-graduação (2013 - atualmente),
atualmente dedicando-se exclusivamente à Pontifícia Universidade Católica do Paraná, é Advogado e
atua na Advocacia Empresarial.
1 INTRODUÇÃO
Ou seja, em havendo algum sócio que não tenha integralizado a sua parte no
capital social da empresa, todos os demais sócios terão a obrigação de arcar
solidariamente pelo restante não integralizado na sociedade.
O acordo de cotistas, deve ser publicado nas juntas comerciais a fim de dar
publicidade para a sociedade conforme dispõe o inciso, II do artigo 32 da Lei nº
8.934/1994, onde prevê o “arquivamento de qualquer ato que interesse ao empresário
ou à sociedade empresária”.
Por fim tratando-se da administração da sociedade, Borba (2022, p.124)
esclarece que a gestão da sociedade cabe aos administradores nomeados no contrato
social ou em ato separado. Serão aptos para o cargo, pessoas naturais ou pessoas
jurídicas conforme art. 1.060 do Código Civil. A sociedade poderá ter administradores
não sócios, no entanto, enquanto não integralizado a totalidade do capital social, a
nomeação será aceita quando realizada em unanimidade dos sócios.
O contrato social definirá o: (I) capital social da empresa; (II) número de cotas
superior a duas; (III) valor de cada cota e (IV) a titularidade das cotas.
Como se extrai do Manual de Registro de Sociedade Limitadas (2022), o capital
social poderá ser integralizado de forma imediata ou futura, exceto quando tratando
de não ser efetuado a integralização do capital social em data estipulada, este, poderá
Para Swan (2015) o bitcoin é uma moeda virtual que utiliza da criptografia para
realizar transações de pagamento online onde são confirmados os registros de fundos
sem a necessidade de um banco central.
Até o ano de 2008 as transações entre as pessoas deveriam estritamente,
depender de um terceiro intermediário para que elas fossem efetivadas. Conforme
ensina Ulrich (2013) nas transações tradicionais com moedas fiduciárias, para que um
agente consiga enviar valores para outro, deverá um terceiro intermediador registrar
os saldos existentes nas respectivas contas.
Ou seja, na economia tradicional com moedas tradicionais, é preciso que
empresas intermediadoras confirmem as transações e debitem da conta pagadora, e
que consequentemente creditem os valores na conta recebedora.
A diferença entre as moedas tradicionais e as criptomoedas são principalmente
o fato de serem controlada por um mecanismo descentralizado e criptografado
conhecido como a função hash (ALBUQUERQUE e CALLADO, 2015, p. 4).
A função hash é uma:
Assis e Peixoto (2021) alertam que a alta volatilidade dos preços das
criptomoedas podem trazer dificuldade quanto a mensuração do valor real a ser
estipulado no momento da integralização. Ainda devido à alta variação é importante a
“ponderação que se faz mandatória é acerca da efetividade quanto à segurança
jurídica e consistência econômica que se presta o capital social constituído — integral
ou parcialmente — por criptoativos frente a terceiros e seus stakeholders”.
Deste modo nos casos em que o valor do capital social venha a diminuir devido
à alta variação de preço da criptomoeda, os sócios deverão compensar o valor das
cotas para fins de preservar o valor do capital social da empresa. (ZAMBÃO, 2019, p.
45)
Neste sentido o Banco Central se manifestou em seu comunicado n° 25.306,
alertando aos detentores das moedas virtuais da seguinte forma:
8 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BAIÃO, Renata Barros Souto Maior. Considerações sobre penhora judicial de bitcoins e
sugestões de medidas para sua efetivação. In: LINKEDIN. Linkedin Corporation, 2018.
Disponívelem: https://www.linkedin.com/pulse/considera%C3%A7%C3%B5es-sobre-
penhora-judicial-de-bitcoins-e-renata/?originalSubdomain=pt. Acesso em: 05 nov. 2022.
BORBA, J.E. T. Direito Societário. São Paulo Grupo GEN, 2022. 9786559772810.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559772810/.
Acesso em: 19 set. 2022
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9, 1998, p. 13-14. Disponível em:
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rce/article/viewFile/44634/43358. Acesso
em: 14 out 2022.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito
Civil. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
FAZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 20 ed. São Paulo: Atlas,
2019.
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REFLEXOS JURÍDICOS EM UM COMÉRCIO GLOBALIZADO. Administração de
Empresas em Revista, Curitiba, v. 1, ed. 12, p. 117-135, 2017. Disponível em:
http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/admrevista/article/view/2413. Acesso em:
19 out. 2022.
GUIMARÃES, Daiane Costa; CRUZ, Cleide Mara Barbosa da; MIRANDA, Sabino
Lima de; RUSSO, Suzana Leitão. PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE A SOCIEDADE
5.0. SISTEMA DE CONFERÊNCIAS APOIADAS PELA API, 10th International
Symposium on Technological Innovation, [S. l.], p. 82-91, 4 dez. 2019. Disponível
em: http://www.api.org.br/conferences/index.php/ISTI2019/ISTI2019/paper/view/918.
Acesso em: 30 maio 2022.
ULRICH, F. Bitcoin - A Moeda na Era Digital. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises
Brasil, 2014.
RESUMO: O mundo digital encontra-se cada dia mais difundido em nossa sociedade, por
consequência há o surgimento de novos direitos, como os bens digitais e a herança digital.
Assim, tem-se como exemplo de bens digitais, as contas de jogos e as contas de milhagens
aéreas. Contudo, a ausência de regulamentação acerca desses novos direitos, acarreta o
aumento da insegurança jurídica no direito brasileiro, bem como demonstra lesar o direito
fundamental à herança. Dessarte, por meio do método hipotético-dedutivo e através da
pesquisa bibliográfica, o presente artigo busca analisar as categorias de bens, quanto a
tangibilidade, no direito brasileiro e apresentar o bem digital como uma nova categoria,
observando seus reflexos no direito sucessório. Por fim, conclui-se que o ordenamento
brasileiro necessita contundentemente regulamentar, mediante lei específica, os bens digitais
e seus impactos no sucessórios.
Palavras-chave: Bens digitais. Herança digital. Contas de jogos. Contas de milhagens.
ABSTRACT: The digital world is becoming increasingly widespread in our society, and as a
result, new rights are appearing, such as digital assets and digital inheritance. Examples of
digital assets include gaming accounts and airline mileage accounts. However, the lack of
regulation of these new rights leads to increased legal uncertainty in Brazilian law, as well as
to a violation of the fundamental right to inheritance. Therefore, with the hypothetical-deductive
method and through bibliographical research, this article looks to analyses the categories of
assets, in terms of tangibility, in Brazilian law and to present the digital asset as a new category,
seeing its consequences in succession law. Finally, we conclude that the Brazilian legal system
needs to regulate, through specific law, digital assets, and their impact on succession law.
Keywords: Digital assets. Digital inheritance. Gaming accounts. Mileage accounts.
3
Graduanda do Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
4
Professor Universitário na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Doutorando em Ciências
Jurídicas pela Unicesumar (2019-2022). Mestre e Doutor em Ciências Jurídicas pela Unicesumar
Especialista em Direito Administrativo pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo (2021-
2022). Especialista em Educação Ambiental pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM (2014-
2015). Especialista em Ciências Penais pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2012 - 2013).
Avaliador do Ministério da Educação para o Curso de Direito (INEP/MEC - 2018 - atualmente). Tem
experiência na docência, coordenação de cursos de graduação e pós-graduação (2013 - atualmente),
atualmente dedicando-se exclusivamente à Pontifícia Universidade Católica do Paraná, é Advogado e
atua na Advocacia Empresarial.
5
O Estado e o mercado são a mãe e o pai do indivíduo, e o indivíduo só pode sobreviver graças a eles.
O mercado nos fornece trabalho, seguro-saúde e uma aposentadoria. Se quisermos estudar uma
profissão, as escolas do governo estão lá para nos ensinar. Se quisermos abrir um negócio, o banco
nos empresta dinheiro. Se quisermos construir uma casa, uma empreiteira a constrói e o banco nos
concede um financiamento, em alguns casos subsidiado ou garantido pelo Estado. Se a violência
irromper, a polícia nos protege. Se ficarmos doentes por alguns dias, nosso seguro-saúde toma conta
de nós. Se ficarmos debilitados durante meses, serviços sociais nacionais intervêm. (HARARI, 2015,
p. 414.)
6
Jacques Ellul atribui a esse termo, e a várias tecnologias e sistemas tecnológicos específicos que
eram aspectos desafiadores da então recente “revolução da informação”. (BAUMAN, 2013, p. 56).
7
“a sociedade da informação não é um modismo. Representa uma profunda mudança na organização
da sociedade e da economia, havendo quem a considere um novo paradigma técnico-económico”.
(TAKAHASHi, 2000, p. 05-06).
8
(...) o antigo princípio segundo o qual a aquisição do saber é indissolúvel da formação do espírito, e
mesmo da pessoa, cai e cairá cada vez mais em desuso. Esta relação entre fornecedores e usuários
do conhecimento e o próprio conhecimento tende e tenderá a assumir a forma que os produtores e os
consumidores de mercadorias têm com estas últimas, ou seja, a forma de valor. O saber é e será
produzido para ser vendido, e ele é e será consumido para ser valorizado numa nova produção: nos
dois casos, para ser trocado. (LYOTARD, 1986. p. 5).
9
No fim do segundo milênio da Era Cristã, vários acontecimentos de importância histórica
transformaram o cenário social da vida humana. Uma revolução tecnológica concentrada nas
tecnologias da informação começou a remodelar a base material da sociedade em ritmo acelerado
Economias por todo mundo passaram a manter interdependência global, apresentando uma nova
forma de relação entre a economia, o Estado e a sociedade em um sistema de geometria variável.
(CASTELLS, 2010, p. 39).
10
O significado de "informação" é tomado num sentido muito mais amplo e refere-se também a
procedimentos mecânicos. O som de uma buzina, a mensagem automática da próxima estação do
metrô, a campainha de um despertador, o panorama do noticiário na TV, o alto-falante do
supermercado, as oscilações da Bolsa, a previsão do tempo... tudo isso são informações, e poderíamos
continuar a lista infinitamente. (KURZ, 2002).
11
Por sociedade ou “era pós-industrial” se compreende a que a economia se baseia na produção de
serviços, ao invés da manufatura ou indústria. Na sociedade pós-industrial, a maior parte a riqueza
provém dos setores terciário (serviços) e quaternário (pesquisa e desenvolvimento). Por outro lado, as
atividades do setor primário (atividades extrativas) e secundário (transformação de matérias-primas em
bens de consumo) tornam-se menos relevantes para a economia. (LUCCI, 2008, p. 200).
12
A sociedade global da informação está se desenvolvendo a uma velocidade estonteante. A
convergência entre telecomunicações, multimídia e tecnologias de informação e comunicação (TICs)
está determinando novos produtos e serviços, assim como maneiras de conduzir negócios e comércio
[...] Esse processo dinâmico promete uma mudança fundamental em todos os aspectos de nossas
vidas, incluindo disseminação do conhecimento, interação social, práticas econômicas e de negócios,
engajamento político, meios de comunicação, educação, saúde, lazer e entretenimento. (BARBOSA,
2003).
Os bens são coisas, porém nem todas as coisas são bens. As coisas são o
gênero do qual os bens são espécies. As coisas abrangem tudo quanto existe
na natureza, exceto a pessoa, mas como “bens” só se consideram as coisas
existentes que proporcionam ao homem uma utilidade, sendo suscetíveis de
apropriação, constituindo, então, o seu patrimônio. (DINIZ, 2012, p. 178)
Portanto, coisas são tudo que não é humano, já bens são coisas com algum
interesse econômico e/ou jurídico (TARTUCE, 2022, p. 350). Destarte, os bens podem
ser classificados quanto à tangibilidade, mobilidade, fungibilidade, consuntibilidade,
divisibilidade e individualidade.
Conquanto, para a finalidade deste artigo, especificar-se-á apenas quanto à
tangibilidade dos bens, vez que os bens digitais seriam uma nova subdivisão. Neste
sentido, no que se refere a tangibilidade, ainda que esta não esteja incluída
expressamente no Código Civil de 2002, atualmente, os bens são divididos em
materiais ou imateriais.
Os bens corpóreos são coisas que têm existência material, como uma casa,
um terreno, uma joia, um livro. Os bens incorpóreos não têm existência
tangível e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm
sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto ou contra outra pessoa,
apresentando valor econômico, tais como: os direitos, reais, obrigacionais,
autorais. (DINIZ, 2012, p. 279).
“[...] embora as relações jurídicas possam ter como objeto tanto bens
corpóreos quanto incorpóreos, [...] somente os primeiros podem ser objeto de
contrato de compra e venda, enquanto os bens imateriais somente se
transferem por contrato de cessão, bem como não podem, em teoria
tradicional, ser adquiridos por usucapião, nem ser objeto de tradição (uma
vez que esta implica a entrega da coisa)” (GAGLIANO; FILHO, 2003, p. 265).
Sendo assim, por analogia, bem como por ausência de vocabulário legal
adequado, far-se-á uso do termo “bens digitais”.
Assim, definir o que são bens digitais é de elevada importância, não apenas
para determinar qual imposto deve incidir sobre o bem digital ou para fins de
estabelecer o comércio eletrônico, mas também para outras áreas do direito, como o
direito sucessório (LARA, 2016, p. 19).
13
“digital assets” are defined widely and not exclusively to include a range of intangible information
goods associated with the online or digital world, including: social network profiles (on platforms such
as Facebook, Twitter, Google+ or LinkedIn); e-mails, tweets, databases, etc.; in-game virtual assets
(e.g., items bought, found or built in worlds such as Second Life, World of Warcraft, Lineage.); digitised
text, image, music or sound (e.g., video, film and e-book files); passwords to various accounts
associated with the provision of digital goods and services, either as buyer, user or trader (e.g., to eBay,
Amazon, Facebook, YouTube.); domain names; two- or three-dimensional personality related images
or icons (such as user icons on LiveJournal or avatars in Second Life); and the myriad of digital assets
emerging as commodities capable of being assigned worth (e.g., “zero day exploits” or bugs in software
which antagonists can exploit).
14
Todos os direitos e a titularidade no e para o Serviço (incluindo sem limitação quaisquer contas de
usuários, títulos, código de computador, temas, objetos, personagens, nomes de personagens,
histórias, diálogos, frases de efeito, localizações, conceitos, trabalho artístico, animações, sons, efeitos
áudios-visuais, métodos de operação, direitos morais e qualquer documentação relacionada, "applets,”
transcrições de salas de bate-papo, informações sobre o perfil do personagem, gravações de jogos)
são de propriedade da Blizzard ou de seus licenciadores. O Jogo e o Serviço são protegidos pelas leis
dos Estados Unidos e internacionais, e podem conter determinados materiais licenciados, sobre os
quais os licenciadores da Blizzard podem obrigar seus direitos no caso de qualquer violação deste
Contrato. (BLIZZARD ENTERTAINMENT INC. 2022.)
E o pior ainda está por vir, se eventualmente o “jogador” dono da conta morre,
a Blizzard® pode, se entende necessário, vender o jogo para streamings, e até mesmo
por valor vultosos, indo totalmente contrário ao conceito de propriedade digital.
Diante do exposto, nota-se a urgente necessidade de tutela sobre os bens
digitais no direito brasileiro, a fim de resguardar os direitos dos detentores destes bens
e também de seus herdeiros, visto que na atualidade os contratos de jogos sequer
15
DIREITO DO CONSUMIDOR. DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. IRRESIGNAÇÃO
MANEJADA SOB A ÉGIDE DO NCPC. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.
REGULAMENTO DE PLANO DE BENEFÍCIO. PROGRAMA TAM FIDELIDADE. VIOLAÇÃO AO
DISPOSTO NO ART. 1.022 DO NCPC. INEXISTÊNCIA. CLÁUSULA 1.8 DO REGULAMENTO DO
MENCIONADO PROGRAMA. CONTRATO DE ADESÃO. ART. 51 DO CDC. NECESSIDADE DE
DEMONSTRAÇÃO DA ABUSIVIDADE OU DESVANTAGEM EXAGERADA. INEXISTÊNCIA.
CONTRATO UNILATERAL E BENÉFICO. CONSUMIDOR QUE SÓ TEM BENEFÍCIOS. OBRIGAÇÃO
INTUITO PERSONAE. AUSÊNCIA DE CONTRAPRESTAÇÃO PECUNIÁRIA PARA A AQUISIÇÃO
DIRETA DOS PONTOS BÔNUS. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. ART. 114 DO CC/02.
CONSUMIDOR QUE PODE OPTAR POR NÃO ADERIR AO PLANO DE BENEFÍCIOS E, MESMO
ASSIM, UTILIZAR O SERVIÇO E ADQUIRIR OS PRODUTOS OFERTADOS PELA TAM E SEUS
PARCEIROS. VALIDADE DA CLÁUSULA QUE PROÍBE A TRANSFERÊNCIA DOS PONTOS BÔNUS
POR ATO CAUSA MORTIS. VERBA HONORÁRIA. MODIFICAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 85, §
2º, DO NCPC. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Aplica-se o NCPC a este recurso ante os termos
do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recursos
interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de
2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2. Não há que
se falar em negativa de prestação jurisdicional (violação do art. 1.022 do NCPC), quando a
fundamentação adotada pelo Tribunal Estadual é apta, clara e suficiente para dirimir integralmente a
controvérsia que lhe foi apresentada. 3. Inexistindo ilegalidade intrínseca, nos termos do art. 51, IV do
CDC, as cláusulas constantes de contrato de adesão só serão declaradas nulas quando estabelecerem
obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada,
ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade. 4. Deve ser considerado como contrato unilateral
e benéfico a adesão ao Plano de Benefícios que dispensa contraprestação pecuniária do seu
beneficiário e que prevê responsabilidade somente ao seu instituidor. Entendimento doutrinário. 5. Os
contratos benéficos, que por sua natureza são intuito personae, devem ser interpretados
restritivamente, consoante disposto no art. 114 do CC/02. 6. Recurso especial provido. (STJ – Resp
1.878.651/SP 2019/0072171-3, Relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma. Data de Julgamento:
04/10/2022, Data de Publicação DJe 07/10/2022)
16
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência
com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal,
ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência
com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais.
Poucas pessoas se perguntam o que vão fazer com seus e-mails, textos,
fotos, músicas, vídeos e demais arquivos espalhados pela internet. O que
fazer com uma biblioteca inteira de livros digitais comprados na Amazon ou
uma coleção de músicas adquiridas no iTunes? (LARA. 2016, p.14).
O acervo digital deixado não só pode como deve constar da lista de bens que
serão repartidos, havendo a necessidade – inclusive – de auferir o valor
econômico desses bens, principalmente se eles forem objeto de testamento.
O patrimônio digital deixado pelo falecido pode representar um valor
econômico de tal maneira que venha a interferir na legítima reservada aos
herdeiros necessários, isto é, pode significar mais de 50% de todo o
patrimônio. Assim, sendo o de cujus dono de um grande site na internet, por
exemplo, site este que continua gerando lucro mesmo após a sua morte,
estes valores podem representar mais da metade de todo o patrimônio
deixado, ficando os herdeiros necessários prejudicados em seu direito à
legítima. (LIMA, 2013, p.57).
Inobstante, perfaz expor a existência de projetos que leis que versam sobre a
herança digital, sendo um dos principais o Projeto de Lei 3051/2020, proposto pelo
deputado Gilberto Abrano, junto dele estão apensos os projetos de leis 410/2021,
1144/2021, 1689/2021, 2664/2021 e 703/2022.
O projeto de lei de Abrano pretende alterar a Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil
da Internet), a fim de incluir o artigo 10-A, o qual irá dispor acerca da destinação de
contas de aplicações de internet após a morte de seu titular. Assim, explica o
deputado:
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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LARA, Moisés Fagundes. Herança Digital. Porto Alegre: Edição do Autor, 2016.
LÔBO, Paulo. Direito civil: Sucessões. 4 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. v.
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MENDES, Laura Schertel Ferreira; FRITZ, Karina Nunes. Case report: Corte alemã
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MORAIS, José Luis Bolzan. Conexões: estado, direito e tecnologia. Vitória: FDV
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PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Direito Civil: Parte Geral. 13 ed. São Paulo: Saraiva,
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 27 ed. Rio de Janeiro:
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RODRIK, Dani. A Globalização foi longe demais?. São Paulo: UNESP, 2011.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Lei de introdução e parte geral. 18 ed. Rio de
Janeiro: Forense Ltda., 2022. v. 1.
RESUMO: Neste artigo será analisada a definição de “corpo eletrônico” como meio de
projeção da personalidade ambiente digital e a sua proteção quanto aos direitos da
personalidade do usuário no ciberespaço. Para tanto, o artigo inicia a sua abordagem
analisando os fenômenos da contemporaneidade que levaram à definição do corpo eletrônico
como projeção da personalidade humana no ciberespaço. Justifica-se a presente pesquisa
pelas novas tecnologias digitais que propiciam a inserção de dados pessoais nas redes e a
captação dos dados pelos grandes conglomerados da internet. Objetiva-se apresentar o corpo
eletrônico e a necessidade de tutela da personalidade no ciberespaço. Utilizou-se nesta
pesquisa o método dedutivo, por meio da técnica de pesquisa em livros e artigos científicos
que tratam do tema.
Palavras-chave: Corpo eletrônico. Direitos da personalidade. ciberespaço. Internet
ABSTRACT: In this article, the definition of “electronic body” as a means of projecting the
personality of the digital environment and its protection regarding the rights of the user's
personality in cyberspace will be analyzed. Therefore, the article begins its approach by
analyzing the contemporary phenomena that led to the definition of the electronic body as a
projection of the human personality in cyberspace. The present research is justified by the new
digital technologies that provide the insertion of personal data in the networks and the capture
of data by the large internet conglomerates. The objective is to present the electronic body and
the need to protect the personality in cyberspace. The deductive method was used in this
research, through the technique of research in books and scientific articles that deal with the
subject.
Keywords: Electronic body. Personality rights. cyberspace. Internet
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este artigo aborda a teoria do “corpo eletrônico” definida por Stefano Rodotà
em suas análises sobre a confluência entre o direito e a tecnologia. A pesquisa se
justifica ante a atual conjectura da realidade virtual, do Metaverso, e das formas de
projeção da personalidade humana para o âmbito digital. A hipótese inicial trata do
reconhecimento do corpo eletrônico como projeção da personalidade da pessoa
1
Doutoranda em Ciências Jurídicas pela Unicesumar. Mestre em Ciências Jurídicas. Advogada.
Professora. E-mail [email protected].
2
Pós-doutora em Direito pela Universidade de Lisboa; Doutora e mestre em Direito das Relações
Sociais pela PUC-SP; Professora da UEM e da Unicesumar; Pesquisadora pelo ICETI. Advogada no
Paraná. [email protected]
3
Empresas que atuam no ramo de captação e mineração de dados na internet.
4
No original em espanhol: “En la dinámica de las relaciones sociales y también en la percepción de
uno mismo, la verdadera realidad es la definida por el conjunto de las informaciones que nos afectan,
organizadas electrónicamente. Este es el cuerpo que nos sitúa en el mundo“ (RODOTÀ, 2014, p. 150).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS.
BECK, Ulrich. A metamorfose do mundo: novos conceitos para uma nova realidade.
Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
HARARI, Yuval Noah. 21 Lições para o século 21. trad. Paulo Geiger. São Paulo:
Companhia das Letras, 2018.
LEVY, Pierre. Cibercultura. Trad: Carlos Irineu Costa. 34. São Paulo: 1999.
PAULICHI, Jaqueline Silva; CARDIN, Valéria Silva Galdino. Das formas de inteligência
artificial e os impactos nos padrões de consumo e a proteção dos direitos da
personalidade. Revista Meritum, Belo Horizonte, vol. 15, n. 4, p. 228-245, 2020. DOI:
https://doi.org/10.46560/meritum.v15i4.7954. Disponível em:
http://revista.fumec.br/index.php/meritum/issue/view/417. Acesso em: 04 ago. 2022
SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. Trad. Moreira Daniel Miranda. São
Paulo: Edipro, 2019.
SIBILIA, Paula. O homem pós-orgânico: A alquimia dos corpos e das almas à luz
das tecnologias digitais. 2 ed. Rio de Janeiro: 2015.
ABSTRACT: This research has as its object of study family businesses of limited
partnerships and the consequences of the lack of organization that can lead to
patrimonial confusion. Among the existing extrajudicial mechanisms to avoid these
consequences, the analysis of the social contract, the partners' agreement and the
implementation of corporate governance was chosen, which aim to avoid the
judicialization of conflicts, in order to guarantee the longevity of family businesses. The
approach is scientific and involves the inductive method. The methodological path will
be based on qualitative research through document analysis. Theoretical categories are:
limited society; tools for organizing, managing and preventing conflicts; how to
implement the tools in companies and the benefits of the mechanisms in family business
limitedpartnerships.
KEY-WORDS: family conflict; asset management; business societies;
1 INTRODUÇÃO
1
Mestre em Serviço Social e Direitos Humanos pela Universidade do Oeste do Paraná –
UNIOESTE, especialista; Docente da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/
PR; Advogada no Paraná; E-mail: [email protected]
2
Pós Graduanda em Direito das Famílias e Sucessões pela Pontifícia Universidade Católica do
Estado do Paraná (PUCPR); Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do
Estado do Paraná (PUCPR); E-mail: [email protected]
2 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
2 SOCIEDADE LIMITADA
3
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 3.708, de 10 de janeiro de 1919 – Regula a
constituição de sociedades por quotas, de responsabilidade limitada. Brasília, DF: Planalto,
1919. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d3708.htm. Acesso
em: 02 out. 2021.
4
Affectio societatis é a vontade firme de os sócios unirem-se, por comungarem de idênticos
interesses, manterem-se coesos, motivados por propósitos comuns, e colaborarem, de forma
consciente, na consecução do objeto social da sociedade. LOBO, Sociedades Limitadas. Rio de
Janeiro, Forense, 2004, v.1, p. 51.
5
Ho-shi Ryokan: a empresa familiar de 1300 anos! FBFE, 22 out. 2015. Disponível em:
http://blog.fbfe.com.br/sucessao-familiar/ho-shi-ryokan-a-empresa-familiar-de-1300-anos/.
Acessoem: 24 out. 2021.
Porque quando não deu certo com o executivo, nós trocamos. Agora
vai fazer isso com alguém da familia, não dá. É um sócio... A posição
é ambígua, nós sentamos em dupla cadeira. (Revista Brasileira de
Gestão de Negócios, vol. 14, núm. 43, abril-junio, OLIVEIRA;
ALBUQUERQUE; PEREIRA, 2012, p.14).
5 GOVERNANÇA CORPORATIVA
6
VELLOSO, Carlos; BEBER, Andriei; BASSO, Bruno; MÜLLER, Carl; WESSLING, Léia; VIANA,
Paulo. Protocolo Familiar: o instrumento para apoiar a família empresária. IBGC, 13 set. 2021.
Disponivel em: https://ibgc.org.br/blog/protocolo-familiar-instrumento-familia-empresaria. Acesso
em:08 set. 2021.
6 CONTRATO SOCIAL
Além disso, o contrato social deve ser levado até a Junta Comercial do
Estado, local em que será registrado e passará a ter validade jurídica. O referido
instrumento prevê todas as obrigações de cada sócio dentro da empresa, ou
seja, qual a responsabilidade de cada um, suas obrigações e direitos, também
regula a relação entre os sócios, o pró-labore, a distribuição de lucros e
resultados, isto é, toda e qualquer regulamentação referente à empresa deve
constar no instrumento. Há também a necessidade de assinatura de todos os
sócios, o que significa dizer que todos compactuam com as disposições ali
acordadas e que se comprometem a segui-las.
Pois bem, ao analisarmos o artigo supramencionado, especificamente em
seu inciso VII, há a obrigatoriedade de dispor, no contrato social sobre a forma
que será realizada a distribuição dos lucros, a fim de evitar que haja um
desequilíbrio nas receitas da empresa.
À vista disso, uma das causas geradoras da confusão patrimonial é
justamente a arbitrariedade sobre o pagamento do pró-labore dos sócios, o qual
em algumas situações se confunde até mesmo com a distribuição de lucros e
resultados, além da confusão patrimonial da pessoa física com a jurídica quando
do pagamento de despesas pessoais com a conta da empresa.
O art. 1.071 do Código Civil informa que o pró-labore constitui na
remuneração do sócio pelo seu trabalho, ou seja, pela função desempenhada
dentroda empresa, seja ela qual for, entretanto, cabe ressaltar que nem todo
sócio faz jus ao recebimento do pró-labore, uma vez que, existem sócios que
não desempenham função nenhuma dentro da empresa. Outrossim, este será
equivalente ao valor que um funcionário externo receberia para desempenhar a
mesma função e nada tem a ver com a quantia de quotas que cada sócio possui
dentro da empresa.
De maneira exemplificativa, A e B são sócios, cada um com 50% das
7 ACORDO DE SÓCIOS
7
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da
sociedade simples.
Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada
pelasnormas da sociedade anônima (BRASIL, 2002).
8
Art. 608. Até a data da resolução, integram o valor devido ao ex-sócio, ao espólio ou aos
sucessores a participação nos lucros ou os juros sobre o capital próprio declarados pela
sociedade e, se for o caso, a remuneração como administrador.
Parágrafo único. Após a data da resolução, o ex-sócio, o espólio ou os sucessores terão direito
apenas à correção monetária dos valores apurados e aos juros contratuais ou legais (BRASIL,
2015).
9
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-
se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa
causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sócios optar pela
dissolução da sociedade (BRASIL, 2002).
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CAMERA, F.; ARAUJO, Luis Cesar G. de. Análise dos Aspectos Teóricos
relacionados à Governança Corporativa que podem contribuir para a
sobrevivência das pequenas e médias empresas familiares brasileiras.
BeloHorizonte: ANPAD 5; ENEO, 2008.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito civil: teoria geral.
Riode Janeiro: Editora Lumen Juris, 2009.
LODI, João Bosco. A empresa familiar. 4 ed. São Paulo: Ed. Pioneira, 1993.
RESUMO: O artigo propôs uma discussão crítica para entender de que forma o sujeito é
influenciado pelas transformações do mundo moderno e como se constitui através delas,
sobretudo a partir da lógica mercadológica do consumo e circulação infinitos. Indaga-se a
sociedade como geradora do mal-estar na civilização e sua contribuição para a perda do
sentido de vida livre do indivíduo assujeitado. O tempo que está se apresenta agressivo e
impiedoso, que somente dá passagem para os que podem consumir, erigindo à condição de
excluídos todos os sujeitos que potencialmente não acompanham a fluidez da vida e da
objetificação da lógica do consumo, cujo signo da vida é espetacularizado. O espetáculo é
imagético e distanciado da realidade, do que decorre a corrupção da ética moderna e a criação
de uma estética impermanente. Fez-se uso, para o intento, do método indutivo, bem como
teórico-reflexivo e dialógico. A metodologia presente é a de revisão bibliográfica, somada à
profunda reflexão acerca da modernidade.
PALAVRAS-CHAVE: Modernidade. Consumo. Liberdade. Assujeitamento.
ABSTRACT: In the space of modernity, this article proposed a critical discussion to understand
how the subject is influenced by the transformations of the modern world and how he is
constituted through them, especially from the marketing logic of infinite consumption and
circulation. Society is questioned as the generator of malaise in civilization and its contribution
to the loss of the sense of free life of the individual concerned. The time that is presenting itself
as aggressive and merciless, which only gives way to those who can consume, erecting to the
condition of excluded all the subjects who potentially do not accompany the flow of life and the
objectification of the logic of consumption, whose sign of life is spectacularized. The spectacle
is imaginative and detached from reality, from which the corruption of modern ethics and the
creation of an impermanent aesthetics result.
KEYWORDS: Modernity. Consumption. Freedom.
1
Doutoranda em Direito na Universidade Cesumar - Unicesumar. Bolsista Capes/Prosup. Mestre em
Direito pelo Universidade Cesumar - Unicesumar (2018). Especialista em Direito Processual Civil
Contemporâneo (Damásio Educacional/PR).
2
Possui graduação em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (1991), mestrado em Direito
Negocial com área específica em Trabalho e Processo do Trabalho pela Universidade Estadual de
Londrina (1997) e doutorado em Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(2004). Pós-Doutor na Universidade de Lisboa. Atualmente é professor concursado titular em Direito e
Processo do Trabalho na Universidade Estadual de Maringá, Professor da Faculdade de Ciências
Sociais Aplicadas de Cascavel Univel, professor titular - Faculdades Maringá, professor da União de
Faculdades Metropolitana de Maringá, professor T-40 do Centro Universitário de Maringá.
3
Doutor em Direito Constitucional (UFPR). Mestre em Direito (UEL). Mestre em Ciência Política (UEL).
Professor no Programa de Doutorado e Mestrado em Ciência Jurídica na Universidade Cesumar -
Unicesumar, na UEL e Coordenador do Mestrado em "Direito, Sociedade e Tecnologias". Membro eleito
da Academia Paranaense de Letras Jurídicas. Presidente do IDCC - Instituto de Direito Constitucional
e Cidadania. Pesquisador do ICETI.
Guy Debord (1997, 238p), afirma em sua obra A Sociedade do Espetáculo que
uma teoria crítica não se altera, a menos que sejam alteradas as condições gerais
sobre as quais ela foi construída. Idealizada em 1967, a proposta autoral é revelar
crítica e ponderadamente ao autor a perda da qualidade da vida fomentada pela
mercadorização do mundo, ou, sua proletarização. (Debord, 1997, p. 09).
Historicamente, embora o presente ensaio seja construído no espaço da
modernidade, especialmente nas décadas de 30 e 40 do século XX, a queda do Muro
de Berlim significou a erosão de sinais democráticos. A partir de então, a
modernização da produção, o domínio da técnica e a embrionária – não menos feroz
- dominação pela mídia provocaram intenso alvoroço na organização da vida e da
própria economia política, elevando o Mercado como agente de manutenção do poder
e preterindo o homem como grande espectador do mundo ocidental.
Isso porque, a revolução industrial, a divisão setorizada do trabalho e a
produção em massa para satisfação do mercado mundial elegeram a mercadoria
como o elemento forte que passou a ocupar o corpo social. A economia política tem
sua gênese aqui, como a dominação técnica do saber científico voltado ao acúmulo.
Em que pese a intenção de perturbar a sociedade espetacular em sua obra,
Debord se dedicou a demonstrar de forma incômoda e indigesta a sublimação do
espetáculo, da representatividade do mundo e da vida, somada ao falseamento da
noção que o indivíduo tinha de si e da sociedade que o entorna. A imensa acumulação
de espetáculos (Debord, 1997, p. 13) denuncia a inversão concreta da vida, num
movimento de autonomização do daquilo que não é vivo, ou melhor, da imagem.
Verticalizando o contexto imagético do espetáculo, é possível que especule
sobre seu significado: ele é, na mesma medida, projeto e resultado do modo de
produção existente. A alienação enquanto produto se intensifica e concretiza a partir
da multiplicação do poder dominador das publicidades e do consumo direto,
massificado e irresponsável de tudo que a propaganda possa induzir. Por isso, se
pode dizer que o espetáculo é o todo que se tornou a vida em sociedade a partir da
modernidade, o seu modelo atual de vida. (Debord, 1997, p. 15).
4
O que resta ao sujeito “produzido” pela hipermodernidade é sua “neoindividualidade” exacerbada, em
que o “eu” e o “ter” se sobrepõem ao “nós” e ao “viver”, seja pela busca de um sentimento hedonista
de autossatisfação pessoal, seja pela necessidade psicológica de diferenciação, ou mesmo
pertencimento social. (Verbicaro; Ataíde, 2018).
5
Para Étienne, só existe uma prisão possível: aquela que você mesmo construiu e cuja porta, por
estranho deleite, você fechou. Saiba sempre que toda servidão é voluntária. Sua liberdade é sua, e
você pode entregá-la a qualquer um que desejar. Os tiranos agradecem.". BOETIE, 2017, 80p. (prefácio
de Leandro Karnal).
REFERÊNCIAS
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Trad. Estela dos Santos Abreu. Rio
de Janeiro: Contraponto, 1997.
RESUMO: Ao se analisar a corrupção e suas mais variadas formas de atuação, não é difícil
constatar que essa é uma prática frequente no nosso país, principalmente nas esferas do
poder público, e que muitas vezes consiste na obtenção de lucros e vantagens indevidas
oriundas de negociatas escusas, por onde se vai o dinheiro público. A intenção muitas vezes
também é de índole eminentemente pessoal, contudo a na grande maioria das vezes muitos
são os envolvidos e “beneficiados”, inclusive entes privados e pessoas físicas. Tal prática fere
a nossa Constituição e os princípios da Administração pública, uma vez que ofende e
corrompe o que devia ser deveras resguardado que seria o bom uso do dinheiro público, até
por que é um recurso que é provido pela sociedade quando paga seus impostos. A nossa
liberdade fica restrita a escolha de representantes que vão administrar esses recursos, e essa
é a essência e o ápice do exercício da democracia, entretanto falhas estruturais no sistema
político e no sistema jurídico nos leva a eleger representantes incapacitados e até mal-
intencionados. Nesse contexto, defende-se a idea de que, quando um cidadão acaba sendo
uma vítima de suas escolhas, e muitas vezes quando vota não estará expressando a sua real
vontade, mas sim a vontade daquele que vai corromper e perpetuar o sistema, violando, desse
modo, o espírito democrático. Modelos de boas práticas tem sido sugerido para
implementação de práticas que visam controlar e fiscalizar as práticas administrativas, bem
como implantar regras e sistemas de boas práticas e gestões que buscam melhorar a
eficiência das práticas regulatórias. Depois de árduo processo investigativo, em que pese a
escassez literária sobre a matéria, pretende-se com o presente trabalho explicitar que apesar
dos atos de corrupção, já existem meios a fim de estancar o mau uso do dinheiro público por
meio dos atos ilícitos que vem sendo cometidos.
PALAVRAS-CHAVE: Compliance; Corrupção; Governança.
ABSTRACT: When analyzing corruption and its various forms of action, it is not difficult to see
that this is a common practice in our country, especially in the spheres of public power, and
often consists in obtaining undue profits and advantages from sham negotiations. , where the
public money goes. The intention is often also of an eminently personal nature, but the vast
majority of the time are those involved and “benefited”, including private entities and
individuals. Such practice violates our Constitution and the principles of public administration,
since it offends and corrupts what should be very well guarded that would be the proper use
of public money, even because it is a resource that is provided by society when it pays its
taxes. Our freedom is restricted to the choice of representatives who will manage these
resources, and that is the essence and the pinnacle of the exercise of democracy, but structural
failures in the political system and the legal system lead us to elect disabled and even malicious
representatives. In this context, the idea is defended that when a citizen ends up being a victim
of his choices, and often when he votes he will not be expressing his real will, but the will of
1
Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Direito pela FADISP - Faculdade Autônoma de
São Paulo. Mestre em Ciências Jurídicas com ênfase em Direitos da Personalidade pelo Centro
Universitário de Maringá. Pós Graduada em Direito Público Material pela Universidade Gama Filho-RJ.
Pós Graduada em Direito Aplicado Lato Sensu, pela Escola da Magistratura do Paraná. Possui
Graduação em Direito. Membro do Órgão Colegiado da Faculdade Santa Maria da Glória. Atualmente
é Professora de Direito Constitucional da Faculdade Santa Maria da Glória de Maringá-PR. Advogada
- Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito de Família e Tributário.
1 INTRODUÇÃO
2 OS IMPACTOS DA CORRUPÇÃO
2
DE CAMPOS, Patrícia Toledo. Comentários à Lei n. 12.846/2013-Lei Anticorrupção. Revista Digital
de Direito Administrativo da USP (RDDA), v. 2, n. 1, 2014. p.174. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/rdda/article/view/80943/ pdf_10. Acesso em: 08 jul. 2020.
Apesar de não ser muito disseminado, nos últimos tempos o compliance tem
ocupado mais espaço na esfera privada, principalmente, as que mantém relações
contratuais com a administração pública.
O termo compliance quer dizer “estar de acordo ou em conformidade com
regras e instruções”, e ainda mais comprometido com a boa fé, e ainda mais com o
compromisso com a obediência s imposições e integridade. Além disso essa
modalidade tem o condão de assegurar o monitoramento do engajamento dos
envolvidos na prática das condutas disciplinadas. Podendo-se citar vários benefícios
com relação a esse tipo de gestão, ficando bem evidente a eficiência, produtividade,
e vantagens competitivas.
O termo corrupção é um conceito que comporta pelo senso comum inúmeros
desdobramentos e “traduções”, sendo assim, uma série de condutas são taxadas de
corruptas. A palavra corrupção vem do latim corruptio, e significa “ato ou efeito de
corromper ou de se corromper” 4, o que nos leva a crer em ideias de depravação,
suborno, sendo essa uma prática muito antiga, a qual inclusive remota ao princípio
das relações humanas.
Em tempo, Fernando Filgueiras5 nos esclarece que:
3
DE CAMPOS, Patrícia Toledo. Comentários à Lei n. 12.846/2013-Lei Anticorrupção. Revista Digital
de Direito Administrativo da USP (RDDA), v. 2, n. 1, 2014. p.174. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/rdda/article/view/80943/pdf_10. Acesso em: 08 jul. 2020.
4
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em:
https://dicionario.priberam.org/corrup%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 08 out. 2020.
5
FILGUEIRAS, Fernando. Marcos teóricos da corrupção. In: AVRITZER, Leonardo; BIGNOTTO,
Newton; GUIMARÃES, Juarez; STARLING, Heloisa Maria Murgel. Corrupção: ensaios e críticas. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2008, p. 11.
6
BOBBIO, Norberto; MATTEUCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 11 ed.
Brasília: Editora Universidade de Brasília; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000, p. 845.
7
MACIEL, Moises. Tribunais de Contas e o Direito Fundamental ao Bom Governo. Belo Horizonte:
Fórum, 2019. p.33.
8
WILLEMAN, Marianna Montebello. Accontability democrático e o desenho institucional dos
Tribunais de Contas no Brasil. Belo Horizonte: Fórum, 2017. p. 41.
9
CARDOSO, Débora Motta. Criminal compliance na perspectiva da lavagem de dinheiro. São
Paulo: Liberars, 2015, p.195.
10
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 13 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2016, p. 217.
11
MASSARUTTI, Eduardo Augusto de Souza; ROSOLEN, André Vinícius. A boa governança como
um princípio geral anticorrupção e o direito fundamental a uma boa administração pública.
Conpedi. Curitiba. 2016. Disponível em:
https://www.conpedi.org.br/publicacoes/02q8agmu/z15hvb59/SVI8obCH33N1w9n5.pdf. Acesso em:
08 jul. 2020, p. 230.
12
FACHIN, Zulmar. Curso de direito constitucional. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 406.
13
SÁ, Antonio Lopes de. Ética profissional. 4 ed. São Paulo: Altas, 2001, p. 146.
14
MUJALLI, Walter Brasil. Administração pública: servidor público, serviço público. v. 1. Campinas:
Brookseller, 1997, p. 113.
15
TENA, Lucimara Plaza; SILVA, Nilson Tadeu Reis Campos. A corrupção analisada sob a ótica do
bloco de proteção jurídica ao interesse público. Conpedi. Curitiba. 2016. Disponível em:
https://www.conpedi.org.br/publicacoes/02q8agmu/e997f5vh/84NCymnpYP0rF8W5.pdf. Acesso em:
08 jul. 2020, p. 89-90.
16
COSTA, Paulo Nogueira da. O tribunal de Contas e a Boa Governança: contributo para uma
reforma do controlo financeiro externo em Portugal. 2012. Disponível em:
https://www.conpedi.org.br/publicacoes/02q8agmu/z15hvb59/SVI8obCH33N1w9n5.pdf. Acesso em:
08 jul. 2020, p. 169.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em que pese ser notória a corrupção instaurada nas instituições do nosso país,
e mesmo sabendo que uma cultura dessa magnitude não possa ser mudada a tempo
recorde, não se pode deixar de olvidar que alguns passos ainda que pequenos já
estão sendo dados no combate a prática lesiva da corrupção.
As operações policiais em conjunto com a atuação investigativa do Ministério
Público, esta inclusive por muito tempo tendo sido alvo de severas críticas, mas que
depois restou chancelada pelo judiciário, tem gerado alguns resultados, ainda que
tímidos ao nosso ver.
O que realmente pode se apontar é que a sociedade tem deixado seu estado
de letargia e aceitação e se inclinado a ações de cobrança e apuração, inclusive com
algumas cobranças incisivas e de forma direta aos corruptores do sistema, como bem
tem sido anunciado nas mídias e redes sociais.
A cultura da impunidade ao que se mostra tem deixado de ser a regra, haja
vista que a lei punitiva tem alcançado patamares nunca antes imagináveis, elevando-
se até a alta cúpula governamental, e até instigando a confecção de leis, como a da
ficha limpa, que visa promover uma a retirada desses indivíduos do poder público.
Surge ainda como aliado as gestões de boas práticas e a instalação de uma
cultura de boa-fé e marcos regulatórios, como é o caso do Compliance, que buscam
regras éticas e de cumprimento legal das normas estabelecidas.
Óbvio que deverá existir adequações quando ao seu uso na esfera pública,
mas isso reestabelecerá a confiança e credibilidade das funções públicas. bem como
deixará claro, acessíveis e sempre lembradas as regras e instruções para o manejo
da administração pública, bem como seus recursos.
Ainda não há na legislação específica que determine o uso de uma gestão
baseada em compliance, entretanto, está se apresentando uma série de legislações
REFERÊNCIAS FINAIS
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 13 ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2016.
SÁ, Antonio Lopes de. Ética profissional. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2001.
TENA, Lucimara Plaza; SILVA, Nilson Tadeu Reis Campos. A corrupção analisada
sob a ótica do bloco de proteção jurídica ao interesse público. Conpedi. Curitiba.
2016. Disponível em:
https://www.conpedi.org.br/publicacoes/02q8agmu/e997f5vh/84NCymnpYP0rF8W5.
pdf. Acesso em: 08 jul. 2020.
ABSTRACT: Debentures are long-traded securities around the world, basically always
with the intention of financing major developments, both in the public sector historically
user of these securities, as well as in the private sector, especially in Brazil by business
corporations. This research seeks to delimit the formation of business, contractual and
embodied companies in Brazil, also punctuating the structuring of securities
debentures, through its historical period of creation and its structuring in the Brazilian
legal system, together a parallel is drawn between commercial notes in order to finally
analyze the hypotheses and facts inherent in the issuance of debentures contractual
companies in the face of legal and regulatory provisions for the raising of funds from
contractual companies form of majority of companies constitution in numbers actually.
The method used for the present research was the hypothetical deductive based on
Brazilian doctrines, normative instructions, brazilian laws and projects law.
Key words: contractual companies; debentures; company law.
1
Graduando em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná; E-mail:
[email protected]
2
Doutorando em Direito pela Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo. Professor de Direito
51
O lapso temporal entre o início das debêntures no Brasil e seu elevado volume
de negociações dos dias atuais fez com que o ordenamento jurídico se adaptasse
para garantir títulos atrativos e seguros ao mercado. Com isto, juntamente com a
criação da Comissão de Valores Mobiliares vieram suas instruções regulamentadoras,
dispositivos sem força de lei, haja vista que não atacam proibições ou permissões,
mas que organizam a forma que a lei será efetivada.
Dentre os mais variados períodos de desenvolvimento das debêntures alguns
pontos tiveram mais relevância no seu desenvolvimento nos moldes que hoje se
encontram, dentre estes a lei que criou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
merece um destaque especial.
A lei número 6.385 criou a CVM em 7 de dezembro de 1976, com isto o início
ao mercado de capitais se consolidou de vez no Brasil, haja vista que, anteriormente
a sua criação não havia nenhum órgão específico para controle e segurança do
mercado de capitais.
Com caráter de autarquia federal tem estreita ligação as questões de controle
de mercado, principalmente no sentido de evitar fraudes nas negociações de valores
mobiliários como informam os canais oficiais do governo federal. Tendo nascido com
esse intuito, a CVM passou a emitir instruções normativas sobre os mais variados
Para que um título mobiliário, como qualquer outro produto, tenha um alto
volume de negociações existem alguns pontos que precisam necessariamente
fazerem frente na negociação, dentre estes o primeiro a ser discutido é a garantia.
A debênture, embora seja um título amplamente negociado como outros títulos
mobiliários no Brasil se sobressai quando, conforme previsão do artigo 59, inciso III
da lei 6.404/76 são oferecidas com garantias, reais ou flutuantes, o que as coloca a
Art. 45. A nota comercial, valor mobiliário de que trata o inciso VI do caput do art.
2º da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, é título de crédito não conversível
em ações, de livre negociação, representativo de promessa de pagamento em
dinheiro, emitido exclusivamente sob a forma escritural por meio de instituições
autorizadas a prestar o serviço de escrituração pela Comissão de Valores
Mobiliários.
Art. 46. Podem emitir a nota comercial as sociedades anônimas, as sociedades
limitadas e as sociedades cooperativas (BRASIL, 2021).
Essa proibição não é, de forma alguma, consenso entre aqueles que operam o
direito ou o próprio mercado de capitais, considerando como outra grande
possibilidade o que se regulamenta na instrução normativa da CVM n°480/09 em seu
artigo 33, que expõe a possibilidade de oferta pública de cédulas de crédito bancário
e notas comerciais por sociedades limitadas e anônimas.
Ainda, se faz necessário observar a medida provisória 1040/2021, convertida
na lei 14.195/2021 que sedimentou a possibilidade de emissão de notas comerciais
por sociedades limitadas, também consideradas valores mobiliários, conclusão
convalidada com a interpretação literal do texto legal.
Assim, o principal contraponto ao que disciplinou Juliano Pinheiro surge da
inexistência de proibição legal, tendo apenas como uma liberalidade interpretativa dos
cartórios que seriam os responsáveis por realizarem o registro das debêntures
provenientes das sociedades limitadas de grande porte, que não encontram outro
óbice se não essa neste quesito (AMARAL, 2016, p. 173).
Neste sentido, vale observar decisões cartorárias tomadas, ou seja, atos em
que as juntas comerciais indeferiram o registro de debêntures emitidas por sociedades
limitadas. Nesse sentido, já houve requerimento de tal registro nas juntas do Rio de
Janeiro e São Paulo, grande epicentro das relações de mercado, contudo, nas duas
ocasiões, o registro foi negado com base no que disciplinou Juliano Pinheiro na
citação direita supra (AMARAL, 2016, p. 170).
Imperioso destacar a evolução da matéria sob os olhos do legislador brasileiro.
Segundo informações colhidas no site do Senado Federal, tramita na casa legislativa
desde o ano de 2013 o projeto de um novo código comercial (n° 487), de autoria do
então senador Renan Calheiros com exposições e supervisão habitual de Fabio Ulhoa
Coelho, onde, nesse projeto, se insere o seguinte: “Art. 309. A sociedade limitada
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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