Dos Crimes Contra A Vida - Art. 121 A 128 Do CP: Fernando CAPEZ Homicídio

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Dos crimes contra a vida - art.

121 a 128 do CP

 Fernando CAPEZ
Homicídio
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Participação em suicídio ou automutilação
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Infanticídio
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Aborto
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 Victor Eduardo Rios Gonçalves


Homicídio
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Participação em suicídio ou automutilação
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Infanticídio
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Aborto
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


Considerando que o Direito Penal é valorativo, ou seja, estabelece uma escala de valores acerca dos bens
jurídicos, a vida é assim considerada o mais valioso dos bens de que dispõe o ser humano, razão pela qual
merece especial proteção por parte da lei.
Assim sendo, a lei protege a vida desde a concepção, ou melhor dizendo, a norma protege o bem jurídico vida
de qualquer agressão, seja de forma intrauterina, quanto extrauterina.
Dessarte, temos assim:
Art. 121 – homicídio
Art. 122 – participação em suicídio ou automutilação
Art. 123 – infanticídio
Art. 124 a 126 – aborto.
Necessário dizer, que os crimes contra a vida, são todos julgados pelo Tribunal Popular do Júri, com
exceção do homicídio culposo e na participação na automutilação.

“studium, nam liber trulla levior est”


Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP
Homicídio simples

Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - por motivo fútil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Feminicídio

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição:

VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:

IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:

I - violência doméstica e familiar;

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de:

I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade;

II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.

Homicídio culposo

§ 3º Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de um a três anos.

Aumento de pena

§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária.

§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou
por grupo de extermínio.

§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;

II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física
ou mental;

III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;

IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP
Homicídio simples – art. 121, caput
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão de 6 a 20 anos.
Tipicidade – consiste no ato de tirar a vida de alguém.
Bem jurídico – a vida humana extrauterina
Sujeito ativo – qualquer pessoa CRIME COMUM
Sujeito passivo – qualquer pessoa nascida viva
Elemento subjetivo – Dolo direto, vontade livre e consciente de eliminar a vida humana alheia; Dolo indireto,
previsibilidade de resultado lesivo e aceitação da ocorrência deste resultado.
Consumação – com a morte da vítima
Tentativa – é possível, desde que presentes 3 elementos: 1 – que exista prova inequívoca de que o agente queria
matar a vítima; 2 – que tenha havido início de execução do homicídio; 3 – que o resultado não tenha ocorrido
por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Omissão – Na modalidade omissão imprópria
Execução – crime de forma livre
Concurso de pessoas – trata-se de crime de concurso eventual
Classificação doutrinária – quanto a objetividade jurídica, crime simples e de dano; quanto ao sujeito ativo,
crime comum e de concurso eventual; quanto aos meios de execução, crime de forma livre, comissivo ou
omissivo; quanto ao momento consumativo, crime material e instantâneo de efeitos permanentes; quanto ao
elemento subjetivo – crime doloso.
Competência para julgamento – Tribunal popular do júri.

Homicídio privilegiado – Art. 121, § 1°


Art. 121. § 1° - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob
o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.
Relevante valor social – Relaciona-se aos interesses da vida em comum (sociedade). O agente supõe que, ao
matar a vítima, beneficiará a coletividade.
Relevante valor moral – Relaciona-se a um interesse pessoal ou particular do indivíduo, aprovados pela moral
média.
Violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima – Provocação é aquela capaz de justificar a
cólera, a ira, a indignação, a repulsa deve ser IMEDIATA.

Homicídio qualificado – art. 121, § 2°, I a IX


As qualificadoras se classificam em:
1. Quanto aos motivos – paga, promessa de recompensa ou por outro motivo torpe; motivo fútil; e
integrantes das forças armadas ou policiais, no exercício ou em razão da função;
2. Quanto ao meio empregado – veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,
ou de que possa resultar perigo comum ou com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido;

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3. Quanto ao método de execução – traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;
4. Por conexão – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime;
5. Em razão da condição do sexo feminino – feminicídio;
6. Em razão da idade da vítima – menor de 14 anos.

Art. 121, § 2º, I Paga: o dinheiro é adiantado


Mediante paga, promessa de Promessa: a recompensa vem depois do “serviço”
recompensa ou por outro motivo
Obs.: É irrelevante o recebimento da recompensa, e esta não precisa ser
torpe
necessariamente em dinheiro, mas deve estar relacionada com prestação
econômica.
É crime de concurso necessário
Torpe: É o motivo desprezível, abjeto, repugnante, imoral.
Obs.: é circunstância subjetiva, portanto, incomunicável
É o chamado homicídio mercenário

Art. 121, § 2º, II É o insignificante, de pequena importância, corresponde a uma reação


desproporcional do agente a uma ação ou omissão da vítima.
Motivo fútil
Obs.: é circunstância subjetiva, portanto, incomunicável

Art. 121, § 2º, III Veneno – substância química ou biológica que introduzida no
organismo, pode causar a morte.
Emprego de:
Fogo – a qualificadora consiste no “emprego” de fogo.
veneno,
Explosivo – a qualificadora consiste no “emprego” de explosivo com o
fogo,
fim de provocar a morte da vítima.
explosivo,
Asfixia – consiste no impedimento da função respiratória.
asfixia,
Tortura – quando o agente utiliza um meio de execução que sujeita de
tortura ou outro forma longa e gradativa a vítima a graves sofrimentos físicos ou
meio insidioso mentais, antes de causar a morte.

meio cruel Meio insidioso é o que utiliza da fraude ou clandestinidade.

ou que possa causar perigo Meio cruel é o que impõe sofrimento físico ou moral grave, embora
comum breves.
Perigo comum é o que expõe perigo à coletividade. Além de causar a
morte de quem pretendia, o meio tem o potencial de causar situação de
risco à vida ou integridade corporal de um número elevado e
indeterminado de pessoas. O meio empregado pelo agente, tem o
potencial de causar situação de risco à vida ou integridade corporal
de número elevado e indeterminado de pessoas
Obs.: são circunstâncias objetivas, portanto comunicáveis
O comportamento criminoso demonstra maior reprovação, não
pelos motivos em si, mas pelo meio de realização, insidioso, cruel ou
que cause perigo comum.

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP

Art. 121, § 2º, IV Traição: é o ataque súbito, a surpresa inesperada.


Traição Obs.: na traição, há uma prévia relação de confiança entre o agente e a
vítima.
Emboscada
Emboscada: Tocaia, exige premeditação.
Dissimulação
Dissimulação: Disfarce, ocultando sua prévia intenção, empregando
Recursos que dificultem ou
algum expediente fraudulento para ludibriar a vítima.
tornem impossível a defesa do
ofendido Recurso que dificultem ou tornem impossível a defesa da vítima. Basta
que a vítima tenha dificultada sua capacidade de defesa para a
incidência da qualificadora.
Obs.: com exceção da traição, as demais são objetivas, portanto,
comunicáveis.

Art. 121, § 2º, V Homicídio por conexão – há a existência de um vínculo entre o


homicídio e o outro crime, porque, este só foi cometido em razão
Para assegurar a execução,
daquele.
a ocultação,
* para assegurar a execução.
a impunidade ou
* para assegurar a ocultação.
vantagem de outro crime
* para assegurar a impunidade. O primeiro crime já é conhecido, sendo
o objetivo do agente evitar a punição por esse crime.
* para assegurar a vantagem de outro crime. O agente visa com o
homicídio, assegurar a posse do produto, preço ou proveito do crime
anterior.
Obs.: é circunstância subjetiva, portanto, incomunicável

Art. 121, § 2º, VI Art. 121, § 2ºA: Considera-se que há razões de condição de sexo
feminino quando o crime envolve:
Contra mulher por razões da
condição de sexo feminino I – violência doméstica e familiar contra mulher
Violência doméstica ou familiar contra a mulher, é toda e qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que causa morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, no âmbito da
unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto.
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Nesses casos, a vítima pode ser até mesmo uma mulher desconhecida do
agente.
O feminicídio é a expressão fatal das diversas violências que podem
atingir as mulheres em sociedades marcadas pela desigualdade de
poder entre os gêneros, por construções históricas, culturais,
econômicas, políticas e sociais discriminatórias.
Obs.: sujeito passivo só pode ser mulher.
Conceito de feminicídio: Consiste no ódio, desprezo ou repulsa ao
gênero feminino e às características a ele associadas, sejam
mulheres ou meninas.
Obs.: a circunstância subjetiva, portanto, incomunicável.

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP

Art. 121, § 2º, VII Sujeitos passivos:


Contra autoridade ou agente * Membros das forças armadas
descrito nos arts. 142 e 144 da CF
* polícia federal
Integrantes do sistema prisional e
* polícia rodoviária federal
força nacional de segurança
pública, no exercício da função * Polícia ferroviária federal
ou em decorrência dela, ou contra * polícia civil
seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até 3º grau * polícia militar e bombeiros militares
em razão dessa função. * integrantes do sistema prisional
* integrantes da força nacional de segurança pública
* cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até o 3º grau dos
acima
* guardas municipais (art. 144 da CF)
* agentes de segurança viária (art. 144 da CF)
Obs: deve haver nexo entre a motivação do crime e a função exercida
pelos agentes listados acima (no exercício da função ou em
decorrência dela)
Obs.: agentes aposentados e parentes por afinidade são excluídos por
ausência de previsão legal
Obs.: é circunstância subjetiva, portanto, incomunicável

Art. 121, § 2º, VIII Armas de uso restrito – São as armas de fogo automáticas e as
semiautomáticas ou de repetição que sejam:
Com emprego de arma de fogo de
uso restrito ou proibido I – não portáteis – aquelas que por sua dimensão e peso não podem ser
transportadas por um único homem;
II – de porte cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum,
atinja na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e
duzentas libras/pé ou mil seiscentos e vinte joules – armas de fogo de
tamanho e peso reduzido que podem ser transportadas em um coldre e
disparadas por um indivíduo com somente uma das mãos.
III – portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de
munição comum, atinja na saída do cano de prova, energia cinética
superior a mil e duzentas libras/pé ou mil seiscentos e vinte joules –
armas de fogo cujo peso e dimensões permitem que seja conduzida e
transportada por um único homem, mas não podem ser transportadas em
um coldre, exigindo em condições normais, ambas as mãos para
poderem ser disparadas.
Armas de uso proibido – São as armas de fogo automáticas e as
semiautomáticas ou de repetição que sejam:
I – as armas de fogo assim classificadas em acordos e tratados
internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja
signatária;
II – as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos
inofensivos;

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP

Obs.: é circunstância objetiva, portanto, comunicável

Art. 121, § 2º, IX Qualificadora objetiva, o agente deve saber ser a vítima menor de
quatorze anos de idade para incidência da qualificadora.
Contra menor de 14 anos
Obs.: é circunstância objetiva, portanto, comunicável

Observação importante
Com relação ao homicídio qualificado-privilegiado, admite-se, desde que a qualificadora seja objetiva, ou seja,
relativa aos meios e modos de execução do crime.
Desse modo, deixa o homicídio qualificado de ser considerado crime hediondo.

Homicídio culposo – art. 121, § 3°


art. 121, § 3° - Se o homicídio é culposo:
Pena – detenção de um a três anos
Conceito: A culpa é a desobediência do dever de cuidado objetivo, com resultado não querido. No homicídio
culposo, o agente não quer e não assume o risco de provocar a morte, mas a ela dá causa por imprudência,
negligência ou imperícia.
Imprudência – é uma ação perigosa, insensata, afoita, que expõe a risco outras pessoas.
Negligência – é uma ausência de precaução quando o caso impunha uma ação preventiva para evitar o
resultado. Há uma inércia uma indiferença do agente, que, podendo tomar as cautelas, não o faz por descaso.
Imperícia – É a demonstração de incapacidade ou de falta de conhecimento técnico na realização de arte,
profissão ou ofício, que dá causa a um resultado lesivo. Pressupõe a qualificação ou habilitação para a
realização do ato.

Causas de aumento de pena aplicáveis ao homicídio culposo – art. 121, § 4° (1ª parte)
Art. 121, § 4º – No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências de seu ato, ou foge para evitar a prisão em
flagrante.
* Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: pelo desleixo, se pune com a pena maior.
Diferente da imperícia, o agente tem o necessário conhecimento para o exercício de sua ocupação, mas não o
utiliza adequadamente.
* Omissão de socorro ou não procura diminuir as consequências do seu ato: o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, prioriza a solidariedade nas relações sociais e a majorante só incide quando o agente
possui condições de realizar a conduta exigida, sem comprometer a preservação de sua vida ou integridade
física.
* Fuga para evitar o flagrante: foge para evitar ser preso, busca essa causa de aumento facilitar a ação do
poder público diante do crime, bem como estimular o auxílio às vítimas.

Causas de aumento de pena aplicáveis ao homicídio doloso – art. 121, § 4º (2ª parte) e § 6º
Art. 121, § 4º - ...Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço se o crime é praticado contra
pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos.

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP
Art. 121, § 6º - A pena é aumentada de um terço até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
* Crime praticado contra menor de 14 ou maior de 60 anos: Causa de aumento objetiva: sabendo o réu que a
vítima é menor de 14 ou maior de 60 anos, aplica-se a mesma, e nesse caso, deixa-se de aplicar a agravante
genérica do art.61, II, “h”.
* Crime praticado por milícia privada, sob pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo
de extermínio: milícia privada: grupo paramilitar organizado por particulares com finalidades de segurança
pública, já grupo de extermínio: é o agrupamento de pessoas voltado a eliminar seres humanos por razões
variadas;

Perdão judicial – art. 121, § 5°


Art. 121, § 5º. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária.
Causa de extinção da punibilidade que só pode ser concedido na sentença e não precisa ser aceito pela vítima.
Exige-se um insuportável abalo físico ou emocional do agente e exige a existência de um vínculo afetivo prévio
entre os envolvidos.

Causas de aumento de pena aplicáveis ao feminicídio – art. 121, § 7º


Art. 121, § 7º - A pena do feminicídio será aumentada de um terço até a metade se o crime for praticado:
I – durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto;
II – contra pessoa menor de quatorze anos, maior de sessenta anos, com deficiência ou portadora de
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do
art. 22 da lei 11340/06.
* Durante a gestação ou nos 3 meses posteriores ao parto: Verificada a ocorrência do feminicídio, a
constatação da majorante (objetiva) se dá por qualquer documento dotado de fé pública que ateste a gravidez ou
o prazo a contar do parto, bem como necessária a constatação da consciência do agente desse estado.
* Contra pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos com deficiência ou portadora de doenças degenerativas
que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental: Verificada a ocorrência do
feminicídio, a constatação da majorante (objetiva) de qualquer dessas circunstâncias, desde que verificada a
consciência do agente de que pratica a conduta contra essas pessoas nessas condições.
* Na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima: Verificada a ocorrência do
feminicídio, a majorante se aplica quando o mesmo for praticado ante a presença física ou virtual dos
descendentes ou ascendentes da vítima.
* Em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput, do art.
22 da lei 11340/06: São elas: a) suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão
competente; b) afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima; c) proibição de
determinadas condutas: I - proibição aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o
limite mínimo de distância entre estes e o agressor; II - proibição de contato com a ofendida, seus familiares e
testemunhas por qualquer meio de comunicação; III - proibição de frequentar determinados lugares a fim de
preservar a integridade física e psicológica da ofendida.

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP
Participação em suicídio ou automutilação
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste
Código:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

§ 3º A pena é duplicada:

I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.

§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.

§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.

§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste
Código.

Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio
material para que o faça:
Pena – reclusão, de 6 meses a 2 anos.
Tipicidade: Consiste em concorrer para o suicídio ou automutilação alheia.
Induzir: criar a ideia.
Instigar: reforçar a ideia.
Auxiliar: fornecer os meios.
No induzimento, é o agente quem sugere o suicídio ou a automutilação à vítima, que ainda não havia cogitado
esse ato, enquanto na instigação, ela já estava pensando em ceifar a própria vida ou em se autolesionar, e o
agente, ciente disso, a estimula a fazê-lo.
Bem jurídico: A vida humana extrauterina (quando o resultado visado for o suicídio de outrem) e da
integridade física (quando visada a automutilação).
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, desde que capaz de entendimento.
Elemento subjetivo: Dolo, no sentido de a vítima cometer suicídio ou de se automutilar;
Consumação: Por se tratar de crime formal, a consumação ocorre com o mero ato de induzimento, instigação
ou auxílio. Assim, ainda que a vítima não realize o ato suicida ou a automutilação, ou ainda que o realize, mas
sofra somente lesões leves, o crime está consumado. Se sofrer lesão corporal grave ou gravíssima, ou mesmo
vier a falecer, o delito então é qualificado.
Tentativa: É possível.
Execução: Crime de forma livre.
Concurso de pessoas: Crime de concurso eventual.
Competência para julgamento: Tribunal do júri quanto a participação em suicídio e Juízo comum quanto a
participação em automutilação.

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP
Causas especiais de aumento
Art. 122, § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º A pena é duplicada:
I – se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede
social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste
Código.
Pelo resultado: § 1º: Aumenta-se a pena para 01 a 03 anos
* Se resulta lesão corporal de natureza grave;
São lesões corporais de natureza grave, conforme o § 1º do artigo 129 do CP, se resulta:
I – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV – aceleração de parto:
* Se resulta lesão corporal de natureza gravíssima;
São lesões corporais de natureza gravíssima, conforme o § 2º do artigo 129 do CP, se resulta:
I – Incapacidade permanente para o trabalho;
II – enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto.
Pelo resultado: § 2°: Aumenta-se a pena para 02 a 06 anos
* Se resulta morte;
Pelo motivo, pela idade e pela capacidade de resistência: § 3º: A pena é duplicada:
* Se o motivo é egoístico: elemento subjetivo transparecido com o propósito de obter uma vantagem pessoal.

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP
* Se o motivo é torpe: é o motivo desprezível, abjeto, repugnante.
* Se o motivo é fútil: é o insignificante, de pequena importância, corresponde a uma reação desproporcional do
agente a uma ação omissão da vítima;
* Se a vítima é menor (entre 14 e 18 anos);
* Se a vítima tem diminuída por qualquer causa a capacidade de resistência (seja por enfermidade física ou
mental, embriaguez parcial).
Pelo modo: § 4º: A pena é aumentada até o dobro.
* Se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
Pela atividade: § 5º: A pena é aumentada em metade.
* Se o sujeito ativo é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
Pela consequência: § 6º: Se resulta lesão corporal gravíssima, e a vítima é menor de 14 anos ou por contra
quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou não
possa oferecer resistência por qualquer meio, responde o agente pelo crime previsto no art. 129, § 2º do CP
Pela consequência: § 7º: Se resulta morte, e a vítima é menor de 14 anos, ou por contra quem, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou não possa oferecer
resistência por qualquer meio, responde o agente pelo crime previsto no art. 121, caput, do CP
Observações: Roleta russa: os sobreviventes responderão por participação em suicídio; Pacto de morte:
participantes ministram veneno um ao outro, o sobrevivente responde por homicídio;

PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO PARTICIPAÇÃO EM AUTOMUTILAÇÃO

VÍTIMA MAIOR E CAPAZ VÍTIMA MAIOR E CAPAZ

Não sofre qualquer lesão ou sofre lesão leve Não sofre qualquer lesão ou sofre lesão leve
Art. 122, caput, devendo a natureza da lesão ser Art. 122, caput, devendo a natureza da lesão ser
considerada na fixação da pena-base considerada na fixação da pena-base

Sofre lesão grave ou gravíssima Sofre lesão grave ou gravíssima


Art. 122, § 1º, CP Art. 122, § 1º, CP

Morre Morre (culposa)


Art. 122, § 2º, CP Art. 122, § 2º, CP

VÍTIMA É MENOR (entre 14 e 18 anos) ou TEM VÍTIMA É MENOR (entre 14 e 18 anos) ou TEM
DIMINUÍDA, POR QUALQUER CAUSA, A DIMINUÍDA, POR QUALQUER CAUSA, A
CAPACIDADE DE RESISTÊNCIA CAPACIDADE DE RESISTÊNCIA

Não sofre qualquer lesão ou sofre lesão leve Não sofre qualquer lesão ou sofre lesão leve
Art. 122, caput, c/c § 3º Art. 122, caput, c/c § 3º

Sofre lesão grave ou gravíssima Sofre lesão grave ou gravíssima


Art. 122, § 1º, c/c § 3º Art. 122, § 1º, c/c § 3º

Morre Morre

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP

Art. 122, § 2º, c/c § 3º Art. 122, § 2º, c/c § 3º

VÍTIMA É MENOR DE 14 ANOS OU CONTRA VÍTIMA É MENOR DE 14 ANOS OU CONTRA


QUEM, POR ENFERMIDADE OU QUEM, POR ENFERMIDADE OU
DEFICIÊNCIA MENTAL, NÃO TEM O DEFICIÊNCIA MENTAL, NÃO TEM O
NECESSÁRIO DISCERNIMENTO PARA A NECESSÁRIO DISCERNIMENTO PARA A
PRÁTICA DO ATO, OU QUE, POR PRÁTICA DO ATO, OU QUE, POR
QUALQUER OUTRA CAUSA, NÃO PODE QUALQUER OUTRA CAUSA, NÃO PODE
OFERECER RESISTÊNCIA OFERECER RESISTÊNCIA

Não sofre qualquer lesão ou sofre lesão leve Não sofre qualquer lesão ou sofre lesão leve
art. 122, caput, c/c § 3º (divergência doutrinária – Art. 122, caput, c/c § 3º
entendimento de que há homicídio tentado)

Sofre lesão grave Sofre lesão grave


Art. 122, § 1º, c/c § 3º (divergência sendo a vítima Art. 122, § 1º, c/c § 3º
incapaz, entendimento de que há homicídio tentado)

Sofre lesão gravíssima Sofre lesão gravíssima


Nos termos do art. 122, § 6º, aplica-se o tipo e as Nos termos do art. 122, § 6º, aplica-se o tipo e as
penas do art. 129, § 2º (divergência – entendimento penas do art. 129, § 2º do CP
de que há homicídio tentado)

Morre Morre
Nos termos do art. 122, § 7º, aplicam-se o tipo e as Nos termos do art. 122, § 7º, aplicam-se o tipo e as
penas do art. 121 do CP penas do art. 121 do CP (divergência – as penas
devem ser do art. 129, § 3º do CP. Não existe
automutilação quando a vítima é incapaz.)

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP
Infanticídio

Art. 123 – Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:

Pena – detenção, de dois a seis anos.

Generalidades: Trata-se de uma modalidade especial de homicídio, que é praticado levando-se em


consideração certas particularidades do sujeito ativo, que age sob influência do estado puerperal em um
determinado espaço de tempo, pois o crime deve ser praticado durante o parto ou logo após.
Tipicidade: Morte (de forma livre - asfixiar) ato de tirar a vida de alguém, revestido de circunstâncias
especiais. Estado puerperal, que vem a ser a perturbação psíquica sofrida pela mãe decorrente do parto e que
pode levar a impulsos homicidas, também deve ser apurada no caso concreto. Deve ser praticado durante o parto
ou logo após, essa circunstância deve ser apurada no caso concreto (se antes do parto é aborto se não se
verificar, pelo menos, logo após, será homicídio).
Bem jurídico: A vida humana extrauterina
Sujeito ativo: Apenas a mãe (crime próprio), mas admite a coautoria e a participação, desde que a mãe realize
ao menos um ato executório.
Sujeito passivo: O nascente ou o recém-nascido
Elemento subjetivo: Dolo
Consumação: Ocorre com a morte da vítima, posto tratar-se de crime material.
Tentativa: É perfeitamente possível, posto tratar-se de crime plurissubsistente.
Omissão: Pode ser praticado na modalidade omissiva imprópria
Execução: Crime de forma livre, pode ser realizado por qualquer meio executório capaz de gerar o resultado.
Concurso de pessoas: É possível, posto ser o estado puerperal elementar do crime, esta, se conhecida, se
comunica.
Competência para julgamento: Tribunal do Júri
Observações: Reconhecido o infanticídio, não deve incidir a agravante do art. 61, II, “e” do CP; Se a
parturiente estiver inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento, será tratada como inimputável.

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP

Aborto
Modalidades: autoaborto ou aborto com o consentimento da gestante; Aborto provocado por terceiro sem
o consentimento da gestante; Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante; e Aborto
necessário.
Conceito: Aborto é a interrupção da gravidez com a consequente morte do produto da concepção.
Tipicidade: Interrupção da vida intrauterina
Bem jurídico: A vida humana intrauterina
Sujeito ativo: A gestante (art. 124) e qualquer pessoa (art. 125 e 126)
Sujeito passivo: O produto da concepção (feto ou embrião) e a mãe (art. 125)
Elemento subjetivo: Dolo
Consumação: Ocorre com a morte do produto da concepção.
Tentativa: É possível em todas as figuras de aborto criminoso.
Omissão: Pode ocorrer na modalidade omissiva própria
Execução: Crime de forma livre
Concurso de pessoas: Em regra, crime de concurso eventual
Competência para julgamento: Tribunal do Júri

Autoaborto ou aborto praticado com o consentimento da gestante – art. 124

Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

Pena – detenção de um a três anos

Autoaborto (1ª parte): O autoaborto é realizado pela própria gestante, com ou sem a participação de terceiros.
É crime de mão própria, devendo ser praticado pela própria gestante, admitindo participação.
Aborto consentido (2ª parte): A gestante não pratica as manobras abortivas, mas permite que terceiro o faça. É
crime de concurso necessário, também admitindo participação.

Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante – art. 125

Art. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante

Pena – reclusão, de três a dez anos.

Modalidades da falta de consentimento: Falta de consentimento real – quando há emprego de violência,


fraude ou grave ameaça. Falta de consentimento presumida – quando há incapacidade de consentimento da
vítima, seja por ser menor de 14 anos, alienada ou débil mental.
Sujeitos: O feto e a gestante são vítimas, sendo que qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo

Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante – art. 126

Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante.

Pena – reclusão, de um a quatro anos.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o
consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.

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Dos crimes contra a vida - art. 121 a 128 do CP
Observação: O consentimento deve existir durante toda a manobra abortiva. Trata-se de exceção à teoria
unitária, sendo que a gestante responde pelo artigo 124 e o terceiro que pratica a manobra responde pelo artigo
126.
Sujeitos: Ativo pode ser qualquer pessoa.
Consentimento válido: O consentimento, para que seja válido, deve ter sido obtido de forma livre e
espontânea. Por isso, o parágrafo único do art. 126 estabelece que se o consentimento for dado por menor de
quatorze anos, o mesmo não é válido posto considerar este menor, incapaz de compreender o aspecto ilícito do
fato, o mesmo se aplica quando a gestante é alienada ou débil mental. Se o consentimento for obtido por meio
de violência, grave ameaça ou fraude, retira-se da gestante a liberdade de deliberar sobre a conduta delitiva.

Causa especial de aumento de pena – art. 127

Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados
para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Trata-se de duas causas de aumento, uma em razão da lesão grave e outra em razão do evento morte.
É tipicamente um crime preterdoloso, em que existe dolo no antecedente (aborto) e culpa no consequente (no
resultado lesão ou morte)
Somente se aplica aos crimes previstos nos artigos 125 e 126.

Aborto permitido ou legal – art. 128

Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:

I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Aborto necessário ou terapêutico: Se não há outro meio de salvar a vida da gestante – nesse caso o médico
poderá realizar o aborto independentemente de autorização judicial ou do consentimento da gestante;
Aborto sentimental, humanitário ou ético: Gravidez resultante de estupro (recomendação do Ministério da
Saúde – registro do BO no caso do SUS), bem como é imprescindível o prévio consentimento da gestante, não
podendo ser realizado por quem não tenha a qualidade de médico.
Observações: Deve haver comprovação de que a mulher esteja grávida de feto/embrião/óvulo vivo, sob pena de
ocorrer crime impossível;
Se ocorrer a gravidez molar ou extrauterina, é atípico o fato.
Aborto em caso de anencefalia (malformação do tubo neural, a caracterizar-se pela ausência parcial do
encéfalo e do crânio, resultante de defeito no fechamento do tubo neural durante o desenvolvimento
embrionário) – o abortamento neste caso, foi considerada atípica e independe de autorização judicial, bastando
o consentimento da gestante, desde que acompanhado de laudo de constatação da ausência dos hemisférios
cerebrais, do cerebelo, além da presença de um tronco cerebral rudimentar ou ainda, a inexistência parcial ou
total do crânio.

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