As Figuras de Linguagem
As Figuras de Linguagem
As Figuras de Linguagem
• Figuras semânticas
• 1. Metáfora
• 2. Símile ou Comparação
• 3. Analogia
• 4. Metonímia
• 5. Perífrase
• 6. Sinestesia
• 7. Hipérbole
• 8. Catacrese
• 9. Eufemismo
• 10. Pleonasmo
• 11. Anáfora
• 12. Ambiguidade ou Anfibologia
• 13. Antonomásia
• 14. Alegoria
• 15. Simbologia
• Figuras de pensamento
• 23. Antítese
• 24. Paradoxo
• 25. Gradação ou Clímax
• 26. Personificação ou Prosopopeia
• 27. Ironia
• 28. Apóstrofe
• 29. Alusão
• 30. Quiasmo
• Figuras sonoras
• 31. Cacofonia
• 32. Onomatopeia
• 33. Aliteração
• 34. Assonância
• 35. Paronomásia
Figuras semânticas
1. Metáfora
“Deixe a meta do poeta, não discuta / Deixe a sua meta fora da disputa / Meta
dentro e fora, lata absoluta / Deixe-a simplesmente metáfora” (Metáfora —
Gilberto Gil)
A metáfora é, provavelmente, a figura de linguagem que mais utilizamos
no nosso dia a dia. Ela se baseia em uma comparação implícita, sem o
elemento comparativo (“como” ou “tal qual”, por exemplo), em que uma
característica de determinada coisa é atribuída ao elemento metaforizado.
Por exemplo, se dizemos que “Maria Rita é uma flor”, nosso cérebro já tem
mecanismos para compreender que o que queremos dizer é que ela é
delicada, perfumada, bonita etc., e não que ela seja literalmente uma flor.
Se você está escrevendo sobre novas tecnologias, por que não contar com
metáforas referentes a objetivos tecnológicos? Dessa forma, seu leitor
ficará mais preso ao tema proposto e sua produção lhe parecerá mais
atraente e bem escrita.
Mas tenha cuidado, pois há mais de uma possibilidade de interpretação da
metáfora, já que a identificação entre os dois elementos em comum pode
ficar por conta do leitor. Portanto, procure esclarecer ao máximo o que
você quer dizer quando usar esse recurso.
2. Símile ou Comparação
“Te ver e não te querer (…) / É como mergulhar no rio / E não se molhar / É
como não morrer de frio / No gelo polar” (Te Ver — Samuel Rosa, Lelo Zaneti e
Chico Amaral)
Como a símile é mais objetiva que a metáfora, ela é uma opção mais
segura para ser utilizada em textos com uma linguagem mais séria. Além
disso, a relação de similaridade (daí o nome “símile”!) entre os vocábulos
pode ser uma carta na manga na hora de convencer o leitor do seu ponto
de vista.
3. Analogia
A analogia também é uma espécie de comparação, mas, nesse caso, feita
por meio de uma correspondência entre duas entidades distintas. O termo
também é utilizado no Direito e na Biologia.
“Da ponta de cada galho, como um enorme figo púrpura, um futuro maravilhoso
acenava e cintilava. Um desses figos era um lar feliz com marido e filhos, outro
era uma poeta famosa, outro, uma professora brilhante, outro era Ê Gê, a
fantástica editora, outro era feito de viagens à Europa, África e América do Sul,
outro era Constantin e Sócrates e Átila e um monte de amantes com nomes
estranhos e profissões excêntricas, outro era uma campeã olímpica de remo, e
acima desses figos havia muitos outros que eu não conseguia enxergar. Me vi
sentada embaixo da árvore, morrendo de fome, simplesmente porque não
conseguia decidir com qual figo eu ficaria. Eu queria todos eles, mas escolher
um significava perder todo o resto, e enquanto eu ficava ali sentada, incapaz de
tomar uma decisão, os figos começaram a encolher e ficar pretos e, um por um,
desabaram no chão aos meus pés.”
Para a web, usar analogias pode ser eficiente quando você quer simplificar
o assunto abordado. Caso ele seja muito complexo, é só fazer uma
analogia com algo mais simples que o leitor entenderá mais facilmente e
seu texto se enriquecerá.
4. Metonímia
“E no Nordeste tudo em paz / Só mesmo morto eu descanso / Mas o sangue anda
solto / (…) / Terceiro mundo, se for / Piada no exterior / Mas o Brasil vai ficar
rico” (Que País é Esse? — Renato Russo)
A metonímia é mais uma figura de linguagem que tem a ver com
semelhanças. Ela ocorre quando um único nome é citado para representar
um todo referente a ele. Por exemplo, é comum dizermos frases como
“Adoro ler Clarice Lispector” ou, ainda mais comum, “bebi um copo de
leite”.
No primeiro caso, o que eu adoro ler são os livros escritos pela autora
Clarice Lispector, e não a pessoa dela em si. No segundo caso, ocorre o
mesmo: o que eu bebi foi o conteúdo (leite) que estava dentro do copo, e
não o objeto copo propriamente dito.
6. Sinestesia
“Palavras não são más / palavras não são quentes / palavras são iguais / sendo
diferentes” (Palavras — Sérgio Britto e Marcelo Fromer)
É uma figura de linguagem bastante utilizada na arte, principalmente em
músicas e poesias, uma vez que ela trabalha com a mistura de dois ou
mais sentidos humanos (olfato, paladar, audição, visão e tato).
7. Hipérbole
“Por você eu largo tudo / Vou mendigar, roubar, matar / Até nas coisas mais
banais / Pra mim é tudo ou nunca mais” (Exagerado — Cazuza)
Ao contrário do eufemismo, a hipérbole serve para exaltar uma ideia, com
o objetivo de causar maior impacto e entusiasmo. Ela é muito usada em
nosso cotidiano, como na expressão “Estou morta de fome”, em que a
intenção é enfatizar propositalmente o quanto estamos precisando comer.
8. Catacrese
“Me ame devagarinho / Sem fazer nenhum esforço / Tô doido por seu carinho /
Pra sentir aquele gosto / Que você tem na maçã do rosto / Que você tem na maçã
do seu rosto” (Maçã do Rosto — Djavan)
A catacrese é o nome que utilizamos para algo que não tem um nome
próprio. Em outras palavras, pegamos um termo que já existe e o
“emprestamos” para alguma outra coisa. Assim, o substantivo representa
dois significados diferentes, que não têm associação.
9. Eufemismo
“Dar à luz a uma criança / é iluminar os seus dias / dividir suas tristezas / somar
suas alegrias / é ser o próprio calor / naquelas noites mais frias” (Dar à Luz —
Bráulio Bessa)
O recurso do eufemismo é utilizado quando se deseja dar um tom mais
leve para uma expressão — ou seja, é diretamente oposto à hipérbole. O
significado permanece, mas a frase se torna menos direta, pesada,
negativa ou depreciativa. “Fulano descansou em paz” é um ótimo exemplo
de eufemismo muito utilizado.
10. Pleonasmo
“Vamos fugir / Pra outro lugar, baby!” (Vamos Fugir — Skank)
O pleonasmo ocorre quando se repete uma palavra ou expressão na
mesma frase com o mesmo significado. Do ponto de vista da gramática,
ele é considerado um vício de linguagem (deixando a frase redundante).
Entretanto, na literatura, costuma ser usado para dar ênfase.
11. Anáfora
“É preciso amor / Pra poder pulsar / É preciso paz pra poder sorrir / É preciso
a chuva para florir” (Tocando em Frente — Almir Sater)
É um recurso utilizado para dar mais ênfase à mensagem, por meio da
repetição de palavras. Ela acontece de forma sucessiva no começo das
frases, versos ou períodos.
12. Ambiguidade ou Anfibologia
“Um primo contou ao outro que sua mãe estava doente.”
Ambiguidade é uma figura de linguagem muito utilizada no meio artístico,
de forma poética e literária. Porém, em textos técnicos e redações ela é
considerada um vício (e deve ser evitada). Ela ocorre quando uma frase
fica com duplo sentido, confundindo a interpretação.
13. Antonomásia
“A ‘Dama de Ferro’ despertou admiração e ódio.” (Época Negócios)
Trata-se de um tipo de metonímia. Nesse caso, ocorre a substituição de
um nome de pessoa por um conjunto de palavras que a caracteriza.
Quando a substituição é de um nome comum ou lugar, o recurso utilizado
é a perífrase.
14. Alegoria
“A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo
soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e
o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos
comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é
excelente…” (Dom Casmurro — Machado de Assis)
É usada de forma retórica, a fim de ampliar o significado de uma palavra
(ou oração). Ela ajuda a transmitir um (ou mais) sentidos do texto, além do
literal.
15. Simbologia
“A pomba branca simboliza a paz.”
O conceito é bem simples: trata-se do uso de simbologias para indicar
alguma coisa.
Figuras sintáticas (ou de construção)
De modo geral, esses recursos são utilizados em textos da web para dar
maior fluidez ao texto, ao mesmo tempo que realçam a informação
passada, deixando a escrita levemente mais rebuscada, mas sem perder
a informalidade necessária nessas situações.
16. Elipse
“A tarde talvez fosse azul, / não houvesse tantos desejos” (Poema de Sete Faces
— Carlos Drummond de Andrade)
A elipse consiste na omissão de um termo sem que a frase tenha seu
sentido alterado. Por exemplo, na frase “(eu) Quero (receber) mais
respeito”, os termos em parênteses podem ser omitidos sem que o sentido
da frase seja alterado.
17. Zeugma
“O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro /
Meu tataravô, baiano” (Paratodos — Chico Buarque)
O zeugma é basicamente o mesmo que a elipse, com a diferença de que
ele é específico para omitir nomes ou verbos citados anteriormente — por
exemplo, quando dizemos “Eu prefiro literatura, ele, linguística”, e
deixamos de repetir o verbo “preferir”.
18. Silepse
“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos, os modernos.” (Machado de
Assis)
A silepse é quando há concordância com uma ideia, e não com uma
palavra — ou seja, ela é feita com um elemento implícito. Pode ocorrer nos
seguintes âmbitos: de gênero, de número e de pessoa.
20. Polissíndeto
“E o olhar estaria ansioso esperando / E a cabeça ao sabor da mágoa
balançada / E o coração fugindo e o coração voltando / E os minutos
passando e os minutos passando…” (Olhar para Trás — Vinícius de Moraes)
Essa figura de linguagem é a repetição de conectivos ligando termos
da oração ou períodos. Normalmente, as conjunções coordenativas são
repetidas, entre elas, o “e” é a mais comum.
Nem sempre esse recurso pode ser utilizado na redação para web,
considerando que a repetição desnecessária pode deixar o texto
cansativo.
21. Assíndeto
“Tem que ser selado, registrado, carimbado / Avaliado, rotulado se quiser voar!
/ Se quiser voar / Pra Lua: a taxa é alta / Pro Sol: identidade / Mas já pro seu
foguete viajar pelo universo / É preciso meu carimbo dando o sim / Sim, sim,
sim” (Carimbador Maluco — Raul Seixas)
Ocorre quando um conectivo é excluído da frase (como o “e”), a fim de
trazer uma sequência de informações. Geralmente, é substituído por uma
vírgula. É o contrário do que ocorre com o polissíndeto.
22. Anacoluto
“Umas carabinas que guardava atrás do guarda-roupa, a gente brincava com
elas, de tão imprestáveis.” (José Lins do Rego)
Trata-se de uma alteração na estrutura da frase, a qual é interrompida por
algum elemento inserido de forma “solta”. Alguns estudiosos defendem
que o anacoluto é um erro gramatical.
Figuras de pensamento
23. Antítese
“Não existiria som se não / Houvesse o silêncio / Não haveria luz se não / Fosse
a escuridão / A vida é mesmo assim / Dia e noite, não e sim” (Certas Coisas —
Lulu Santos)
O uso de palavras com sentidos opostos é outro possível recurso para
fortalecer o discurso e deixar um ponto de vista ainda mais claro. A
antítese é, justamente, o contraste que ocorre quando os termos estão
bem próximos e acentuam a expressividade do período.
Curiosamente, a antítese é marco da escrita barroca, tida como a arte do
contraste, mas ainda tem espaço na escrita atual, principalmente no
contexto digital. O contraste, além de enfatizar o sentido das palavras,
esclarece que a divergência entre elas é o que garante, de certa forma, o
argumento colocado.
24. Paradoxo
“Se você quiser me prender, vai ter que saber me soltar” (Tiranizar — Caetano
Veloso)
O termo, formado pelo prefixo “para”, que indica “contrário a”, e o sufixo
“doxa”, que quer dizer “opinião”, é consagrado pelos filósofos e seus
sentidos vão além do uso na escrita.
28. Apóstrofe
“Oh! Deus, perdoe este pobre coitado / Que de joelhos rezou um bocado /
Pedindo pra chuva cair sem parar” (Súplica Cearense — Luiz Gonzaga)
Trata-se da figura utilizada para invocação ou chamamento. Também é
usada para indicar surpresa, indignação ou outro sentimento. Um exemplo
muito comum é a expressão “minha Nossa Senhora!”, usada quando
alguém se espanta com algo.
29. Alusão
“Eles estavam apaixonados como Romeu e Julieta.”
A alusão é um recurso utilizado para fazer referência ou citação,
relacionando uma ideia a outra — o que pode ocorrer de forma explícita ou
não. Ao fazer referência a um acontecimento, pessoas, personagens ou
outros trabalhos, a alusão ajuda no entendimento da ideia que se deseja
passar.
30. Quiasmo
“Cheguei. Chegaste / Tu vinhas fatigada e triste / e triste e fatigado eu vinha.”
(No Meio do Caminho — Olavo Bilac)
O quiasmo ocorre quando existe um cruzamento de palavras (ou
expressões), fazendo com que elas se repitam. Geralmente é usado para
enfatizar algum feito. Um bom exemplo de como ele é usado no dia a dia:
“Ele quase não sai. Vai de casa para o trabalho, do trabalho para casa.”.
Figuras sonoras
31. Cacofonia
“Alma minha gentil, que te partiste / Tão cedo desta vida descontente, / Repousa
lá no Céu eternamente, / E viva eu cá na terra sempre triste” (Luís de Camões)
Na cacofonia, a junção de duas palavras (as últimas sílabas de uma + as
sílabas iniciais da outra) pode tornar o som diferente e criar um novo
significado — ela é percebida ao falar, com o som fazendo parecer algo
diferente do que realmente foi dito.
Nos versos acima, a cacofonia acontece logo no início: “alma minha“. Veja
alguns exemplos de cacofonia que podemos produzir até mesmo sem
perceber no dia a a dia:
32. Onomatopeia
“Passa, tempo, tic-tac / Tic-tac, passa, hora / Chega logo, tic-tac / Tic-tac, e vai-
te embora” (O Relógio — Vinícius de Moraes)
A onomatopeia é um recurso utilizado com o objetivo de reproduzir um
barulho, som ou ruído. É muito usada em histórias. No trecho do poema
acima, a onomatopeia “tic-tac” se refere ao barulho que o relógio faz.
33. Aliteração
“Lá vem o pato / Pata aqui, pata acolá / Lá vem o pato / Para ver o que é que
há” (O Pato — Vinícius de Moraes)
Aliteração é quando se faz a repetição do som de uma consoante na
mesma frase. É usada para dar ênfase ao texto e para criar trava-línguas.
Ela tem a sonoridade como base, o que ajuda a ditar o ritmo.
34. Assonância
A assonância é parecida com a aliteração, mas ocorre quando existe a
repetição da vogal tônica ou de sílabas com as mesmas consoantes e
vogais distintas. Como no exemplo a seguir, em que há repetição das
mesmas consoantes com vogais diferentes:
35. Paronomásia
“Enquanto é tão cedo / Tão cedo / Enquanto for… um berço meu / Enquanto
for… um terço meu / Serás vida… bem-vinda / Serás viva… bem viva / Em mim”
(Realejo — O Teatro Mágico)
Consiste no uso de palavras iguais ou com sons semelhantes, mas que
têm sentidos diferentes. Um exemplo de como ela é utilizada no cotidiano
é o velho provérbio “quem casa, quer casa”, no qual a mesma palavra diz
respeito ao casamento e à moradia.
Fontes:
https://comunidade.rockcontent.com/figuras-de-linguagem/