35 Figuras de Linguagem

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35 Figuras de Linguagem: o guia COMPLETO


com as principais figuras
Redator Rock Content

As Figuras de Linguagem são recursos da Língua Portuguesa


que criam novos significados para as expressões, ao trabalhar
com o sentido conotativo em vez do literal.

1. Metáfora

“Deixe a meta do poeta, não discuta / Deixe a sua meta fora da


disputa / Meta dentro e fora, lata absoluta / Deixe-a
simplesmente metáfora” (Metáfora — Gilberto Gil)
A metáfora é, provavelmente, a figura de linguagem que mais
utilizamos no nosso dia a dia. Ela se baseia em uma
comparação implícita, sem o elemento comparativo (“como” ou
“tal qual”, por exemplo), em que uma característica de
determinada coisa é atribuída ao elemento metaforizado.

Consiste em usar a palavra referente a essa coisa no lugar da


característica propriamente dita, depreendendo uma relação de
semelhança que, por termos uma linguagem flexível e
complexa, conseguimos entender.
Por exemplo, se dizemos que “Maria Rita é uma flor”, nosso
cérebro já tem mecanismos para compreender que o que
queremos dizer é que ela é delicada, perfumada, bonita etc., e
não que ela seja literalmente uma flor.
2. Símile ou Comparação

“Te ver e não te querer (…) / É como mergulhar no rio / E não


se molhar / É como não morrer de frio / No gelo polar” (Te Ver
— Samuel Rosa, Lelo Zaneti e Chico Amaral)
A símile é, assim como a metáfora, uma figura de comparação
— mas, dessa vez, explícita. Como assim?
A metáfora é mais subjetiva, pois sugere implicitamente uma
ligação entre dois seres ou entidades diferentes a partir de uma
característica em comum, enquanto a símile apenas aponta que
existe uma semelhança específica e objetiva entre os dois
elementos comparados.

Retomando o exemplo que trouxemos quando explicamos a


metáfora, uma símile seria “Maria Rita é bela como uma flor” ou
“Maria Rita é cheirosa, assim como uma flor” — dessa forma,
ressaltamos o determinado atributo que queremos comparar e
trazemos um elemento comparativo (“como”, “que nem”, “assim
como”, “tal qual”).
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3. Analogia

A analogia também é uma espécie de comparação, mas, nesse


caso, feita por meio de uma correspondência entre duas
entidades distintas. O termo também é utilizado no Direito e na
Biologia.

Na escrita, a analogia pode ocorrer quando o autor quer


estabelecer uma aproximação equivalente entre elementos por
meio do sentido figurado e dos conectivos de comparação.
Por exemplo, em um trecho do romance “A Redoma de Vidro”,
a autora Sylvia Plath faz uma analogia entre a abundância de
opções que temos para escolher o que faremos da vida e uma
árvore cheia de figos:

“Da ponta de cada galho, como um enorme figo púrpura, um


futuro maravilhoso acenava e cintilava. Um desses figos era um
lar feliz com marido e filhos, outro era uma poeta famosa, outro,
uma professora brilhante, outro era Ê Gê, a fantástica editora,
outro era feito de viagens à Europa, África e América do Sul,
outro era Constantin e Sócrates e Átila e um monte de amantes
com nomes estranhos e profissões excêntricas, outro era uma
campeã olímpica de remo, e acima desses figos havia muitos
outros que eu não conseguia enxergar. Me vi sentada embaixo
da árvore, morrendo de fome, simplesmente porque não
conseguia decidir com qual figo eu ficaria. Eu queria todos eles,
mas escolher um significava perder todo o resto, e enquanto eu
ficava ali sentada, incapaz de tomar uma decisão, os figos
começaram a encolher e ficar pretos e, um por um, desabaram
no chão aos meus pés.”

4. Metonímia

“E no Nordeste tudo em paz / Só mesmo morto eu descanso /


Mas o sangue anda solto / (…) / Terceiro mundo, se for / Piada
no exterior / Mas o Brasil vai ficar rico” (Que País é Esse? —
Renato Russo)

A metonímia é mais uma figura de linguagem que tem a ver


com semelhanças. Ela ocorre quando um único nome é citado
para representar um todo referente a ele. Por exemplo, é
comum dizermos frases como “Adoro ler Clarice Lispector” ou,
ainda mais comum, “bebi um copo de leite”.

No primeiro caso, o que eu adoro ler são os livros escritos pela


autora Clarice Lispector, e não a pessoa dela em si. No
segundo caso, ocorre o mesmo: o que eu bebi foi o conteúdo
(leite) que estava dentro do copo, e não o objeto copo
propriamente dito.
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5. Perífrase

“Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade


maravilhosa / Coração do meu Brasil” (Cidade Maravilhosa —
André Filho)

A perífrase acontece quando um nome ou termo é substituído


por alguma característica marcante sua ou por algum fato que o
tenha tornado célebre.
Por exemplo, quando falamos no “rei da selva”, estamos
falando do leão. Da mesma forma, podemos nos referir à capital
francesa como “Cidade Luz” e ao Rio São Francisco como
“Velho Chico”. Já no caso de pessoas, essa substituição tem o
nome de antonomásia (para saber mais, veja o item 13).
Essa figura de linguagem difere da metáfora, uma vez que a
expressão usada para substituição refere-se unicamente ao
termo original, de modo que ele é facilmente identificado.

6. Sinestesia

“Palavras não são más / palavras não são quentes / palavras


são iguais / sendo diferentes” (Palavras — Sérgio Britto e
Marcelo Fromer)

É uma figura de linguagem bastante utilizada na arte,


principalmente em músicas e poesias, uma vez que ela trabalha
com a mistura de dois ou mais sentidos humanos (olfato,
paladar, audição, visão e tato).

Na frase “Um silêncio amargo invadiu a sala”, há um tipo de


gosto (paladar) servindo de adjetivo para o silêncio (audição),
por exemplo.

7. Hipérbole

“Por você eu largo tudo / Vou mendigar, roubar, matar / Até nas
coisas mais banais / Pra mim é tudo ou nunca mais”
(Exagerado — Cazuza)

Ao contrário do eufemismo, a hipérbole serve para exaltar uma


ideia, com o objetivo de causar maior impacto e entusiasmo.
Ela é muito usada em nosso cotidiano, como na expressão
“Estou morta de fome”, em que a intenção é enfatizar
propositalmente o quanto estamos precisando comer.
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8. Catacrese

“Me ame devagarinho / Sem fazer nenhum esforço / Tô doido


por seu carinho / Pra sentir aquele gosto / Que você tem na
maçã do rosto / Que você tem na maçã do seu rosto” (Maçã do
Rosto — Djavan)
A catacrese é o nome que utilizamos para algo que não tem um
nome próprio. Em outras palavras, pegamos um termo que já
existe e o “emprestamos” para alguma outra coisa. Assim, o
substantivo representa dois significados diferentes, que não têm
associação.

Maçã do rosto, pé da mesa e asa da xícara são alguns dos


exemplos de catacrese muito utilizados no dia a dia.

9. Eufemismo

“Dar à luz a uma criança / é iluminar os seus dias / dividir suas


tristezas / somar suas alegrias / é ser o próprio calor / naquelas
noites mais frias” (Dar à Luz — Bráulio Bessa)

O recurso do eufemismo é utilizado quando se deseja dar um


tom mais leve para uma expressão — ou seja, é diretamente
oposto à hipérbole. O significado permanece, mas a frase se
torna menos direta, pesada, negativa ou depreciativa. “Fulano
descansou em paz” é um ótimo exemplo de eufemismo muito
utilizado.

10. Pleonasmo

“Vamos fugir / Pra outro lugar, baby!” (Vamos Fugir — Skank)

O pleonasmo ocorre quando se repete uma palavra ou


expressão na mesma frase com o mesmo significado. Do ponto
de vista da gramática, ele é considerado um vício de linguagem
(deixando a frase redundante). Entretanto, na literatura,
costuma ser usado para dar ênfase.

11. Anáfora

“É preciso amor / Pra poder pulsar / É preciso paz pra poder


sorrir / É preciso a chuva para florir” (Tocando em Frente —
Almir Sater)

É um recurso utilizado para dar mais ênfase à mensagem, por


meio da repetição de palavras. Ela acontece de forma
sucessiva no começo das frases, versos ou períodos.
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12. Ambiguidade ou Anfibologia

“Um primo contou ao outro que sua mãe estava doente.”


Ambiguidade é uma figura de linguagem muito utilizada no meio
artístico, de forma poética e literária. Porém, em textos técnicos
e redações ela é considerada um vício (e deve ser evitada).
Ela ocorre quando uma frase fica com duplo sentido, confundindo a
interpretação.

13. Antonomásia

“A ‘Dama de Ferro’ despertou admiração e ódio.” (Época


Negócios)

Trata-se de um tipo de metonímia. Nesse caso, ocorre a


substituição de um nome de pessoa por um conjunto de
palavras que a caracteriza. Quando a substituição é de um
nome comum ou lugar, o recurso utilizado é a perífrase.
Por exemplo, quando falamos “rei do futebol”, no Brasil, nos
referimos ao jogador Pelé. Essa figura de linguagem difere da
metáfora, uma vez que a expressão usada para substituição
refere-se unicamente ao termo original, de modo que ele é
facilmente identificado.

A antonomásia também pode ser utilizada para eliminar


repetições e tornar o texto mais rico — e, assim como a
perífrase, deve trazer termos que sejam conhecidos pelo
público, de modo a não prejudicar a compreensão.

14. Alegoria

“A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono


lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários,
quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor,
em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há
coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é excelente…”
(Dom Casmurro — Machado de Assis)

É usada de forma retórica, a fim de ampliar o significado de


uma palavra (ou oração). Ela ajuda a transmitir um (ou mais)
sentidos do texto, além do literal.

15. Simbologia

“A pomba branca simboliza a paz.”

O conceito é bem simples: trata-se do uso de simbologias para


indicar alguma coisa.
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Figuras sintáticas (ou de construção)

16. Elipse

“A tarde talvez fosse azul, / não houvesse tantos desejos”


(Poema de Sete Faces — Carlos Drummond de Andrade)
A elipse consiste na omissão de um termo sem que a frase
tenha seu sentido alterado. Por exemplo, na frase “(eu) Quero
(receber) mais respeito”, os termos em parênteses podem ser
omitidos sem que o sentido da frase seja alterado.

17. Zeugma

“O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu


bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano” (Paratodos — Chico
Buarque)

O zeugma é basicamente o mesmo que a elipse, com a


diferença de que ele é específico para omitir nomes
ou verbos citados anteriormente — por exemplo, quando
dizemos “Eu prefiro literatura, ele, linguística”, e deixamos de
repetir o verbo “preferir”.

18. Silepse

“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos, os modernos.”


(Machado de Assis)

A silepse é quando há concordância com uma ideia, e não com


uma palavra — ou seja, ela é feita com um elemento implícito.
Pode ocorrer nos seguintes âmbitos: de gênero, de número e
de pessoa.

No exemplo “O casal se atrasou, estavam se arrumando”,


temos uma silepse de número. A princípio, a frase parece estar
errada — já que o verbo “estar” deveria vir no singular, para
concordar com “casal” —, mas não se preocupe, essa
construção é permitida.

19. Hipérbato ou Inversão

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo


heroico o brado retumbante” (Hino Nacional — Joaquim Osório
Duque Estrada)

O hipérbato é um recurso de inversão da ordem direta da frase


(sujeito-verbo-objeto-complementos). Um exemplo de inversão
está na frase “Dorme tranquila a menina” — a ordem natural
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seria “A menina dorme tranquila”.

Quando a inversão é muito violenta, recebe o nome de sínquise


e, quando é especificamente da posição do adjetivo, se chama
hipálage.

20. Polissíndeto

“E o olhar estaria ansioso esperando / E a cabeça ao sabor da


mágoa balançada / E o coração fugindo e o coração voltando
/ E os minutos passando e os minutos passando…” (Olhar para
Trás — Vinícius de Moraes)

Essa figura de linguagem é a repetição de conectivos ligando


termos da oração ou períodos. Normalmente, as conjunções
coordenativas são repetidas, entre elas, o “e” é a mais comum.

21. Assíndeto

“Tem que ser selado, registrado, carimbado / Avaliado, rotulado


se quiser voar! / Se quiser voar / Pra Lua: a taxa é alta / Pro
Sol: identidade / Mas já pro seu foguete viajar pelo universo / É
preciso meu carimbo dando o sim / Sim, sim, sim” (Carimbador
Maluco — Raul Seixas)

Ocorre quando um conectivo é excluído da frase (como o “e”), a


fim de trazer uma sequência de informações. Geralmente, é
substituído por uma vírgula. É o contrário do que ocorre com o
polissíndeto.

22. Anacoluto

“Umas carabinas que guardava atrás do guarda-roupa, a gente


brincava com elas, de tão imprestáveis.” (José Lins do Rego)
Trata-se de uma alteração na estrutura da frase, a qual é
interrompida por algum elemento inserido de forma “solta”.

Alguns estudiosos defendem que o anacoluto é um erro


gramatical.

Figuras de pensamento

23. Antítese

“Não existiria som se não / Houvesse o silêncio / Não haveria


luz se não / Fosse a escuridão / A vida é mesmo assim / Dia e
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noite, não e sim” (Certas Coisas — Lulu Santos)

O uso de palavras com sentidos opostos é outro possível


recurso para fortalecer o discurso e deixar um ponto de vista
ainda mais claro. A antítese é, justamente, o contraste que
ocorre quando os termos estão bem próximos e acentuam a
expressividade do período.

Curiosamente, a antítese é marco da escrita barroca, tida como


a arte do contraste, mas ainda tem espaço na escrita atual,
principalmente no contexto digital. O contraste, além de
enfatizar o sentido das palavras, esclarece que a divergência
entre elas é o que garante, de certa forma, o argumento
colocado.

24. Paradoxo

“Se você quiser me prender, vai ter que saber me soltar”


(Tiranizar — Caetano Veloso)

O termo, formado pelo prefixo “para”, que indica “contrário a”, e


o sufixo “doxa”, que quer dizer “opinião”, é consagrado pelos
filósofos e seus sentidos vão além do uso na escrita.
Apesar de ser parecido com a antítese, o paradoxo é uma
figura de linguagem usada para transmitir sentidos opostos em
uma mesma construção sintática. As duas ideias devem estar
na mesma frase para expressar essa contradição lógica e,
geralmente, estão lado a lado.

No exemplo acima, o paradoxo é produzido pela oposição


lógica das palavras “prender” e “soltar”. Outros bons exemplos
são: “O riso é uma coisa séria”, “O melhor improviso é aquele
que é mais bem preparado” e “(O amor) é ferida que dói e não
se sente”, de Luís de Camões.

25. Gradação ou Clímax

“Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de
luz, outros ensanguentados.” (Ocidentais — Machado de Assis)

Ao pensarmos na apresentação de ideias, a gradação é uma


figura de linguagem que propõe a organização das palavras de
acordo com a progressão — ascendente ou descendente —
dos conceitos. O clímax é obtido com a gradação ascendente,
enquanto o anticlímax é a organização de forma contrária.

26. Personificação ou Prosopopeia

“As casas espiam os homens / Que correm atrás das mulheres”


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(Poema de Sete Faces — Carlos Drummond de Andrade)

Personificar é atribuir características humanas e qualidades a


objetos inanimados e irracionais. Também parece pouco usual,
mas acontece mais do que imaginamos. É comum conceder
sentimentos, ações, sensações e gestos físicos e de fala a
objetos.
No trecho do poema, a prosopopeia é percebida no ato de dar
ação à casa, que teria a qualidade de espiar os homens.

27. Ironia

“Moça linda bem tratada, / três séculos de família, / burra como


uma porta: um amor!” (Moça Linda Bem Tratada — Mário de
Andrade)

Na ironia, o interlocutor diz uma coisa, mas o significado é


outro. Ela é muito conhecida e utilizada no dia a dia, mas ainda
pode gerar certa confusão — principalmente na língua escrita.
É utilizada para se expressar de forma sarcástica ou bem humorada,
além de servir como disfarce ou dissimulação.

28. Apóstrofe

“Oh! Deus, perdoe este pobre coitado / Que de joelhos rezou


um bocado / Pedindo pra chuva cair sem parar” (Súplica
Cearense — Luiz Gonzaga)

Trata-se da figura utilizada para invocação ou chamamento.


Também é usada para indicar surpresa, indignação ou outro
sentimento. Um exemplo muito comum é a expressão “minha
Nossa Senhora!”, usada quando alguém se espanta com algo.

29. Alusão

“Eles estavam apaixonados como Romeu e Julieta.”

A alusão é um recurso utilizado para fazer referência ou


citação, relacionando uma ideia a outra — o que pode ocorrer
de forma explícita ou não. Ao fazer referência a um
acontecimento, pessoas, personagens ou outros trabalhos, a
alusão ajuda no entendimento da ideia que se deseja passar.
No caso do exemplo acima, o objetivo é explicar tamanha
paixão que uma pessoa sente pela outra.

30. Quiasmo

“Cheguei. Chegaste / Tu vinhas fatigada e triste / e triste e


fatigado eu vinha.” (No Meio do Caminho — Olavo Bilac)
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O quiasmo ocorre quando existe um cruzamento de palavras


(ou expressões), fazendo com que elas se repitam. Geralmente
é usado para enfatizar algum feito. Um bom exemplo de como
ele é usado no dia a dia: “Ele quase não sai. Vai de casa para o
trabalho, do trabalho para casa.”.

Figuras sonoras

31. Cacofonia

“Alma minha gentil, que te partiste / Tão cedo desta vida


descontente, / Repousa lá no Céu eternamente, / E viva eu cá
na terra sempre triste” (Luís de Camões)

Na cacofonia, a junção de duas palavras (as últimas sílabas de


uma + as sílabas iniciais da outra) pode tornar o som diferente e
criar um novo significado — ela é percebida ao falar, com o som
fazendo parecer algo diferente do que realmente foi dito.

Nos versos acima, a cacofonia acontece logo no início: “alma


minha“. Veja alguns exemplos de cacofonia que podemos
produzir até mesmo sem perceber no dia a a dia:
“eu beijei a boca dela“ (cadela);
“a prova valia 5 pontos, um por cada acerto” (porcada);
“ela tinha uma saia longa” (latinha);
“vou te dar uma mão nessa tarefa” (mamão).

32. Onomatopeia

“Passa, tempo, tic-tac / Tic-tac, passa, hora / Chega logo, tictac


/ Tic-tac, e vai-te embora” (O Relógio — Vinícius de Moraes)

A onomatopeia é um recurso utilizado com o objetivo de


reproduzir um barulho, som ou ruído. É muito usada em
histórias. No trecho do poema acima, a onomatopeia “tic-tac” se
refere ao barulho que o relógio faz.

33. Aliteração

“Lá vem o pato / Pata aqui, pata acolá / Lá vem o pato / Para
ver o que é que há” (O Pato — Vinícius de Moraes)

Aliteração é quando se faz a repetição do som de uma


consoante na mesma frase. É usada para dar ênfase ao texto e
para criar trava-línguas. Ela tem a sonoridade como base, o que
ajuda a ditar o ritmo.

Exemplos bem conhecidos de aliteração:


“o rato roeu a roupa do rei de Roma”;
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“quem com ferro fere, com ferro será ferido”.

34. Assonância

A assonância é parecida com a aliteração, mas ocorre quando


existe a repetição da vogal tônica ou de sílabas com as
mesmas consoantes e vogais distintas. Como no exemplo a
seguir, em que há repetição das mesmas consoantes com
vogais diferentes:

“É a moda / da menina muda / da menina trombuda / que muda


de modos / e dá medo” (Moda da Menina Trombuda — Cecília
Meireles)

Apesar de não estarem restritos à oralidade, os recursos


sonoros em textos escritos podem complicar um pouco mais a
compreensão do texto, por isso, não são tão aproveitados.

35. Paronomásia

“Enquanto é tão cedo / Tão cedo / Enquanto for…


um berço meu / Enquanto for… um terço meu / Serás vida…
bem-vinda / Serás viva… bem viva / Em mim” (Realejo — O
Teatro Mágico)

Consiste no uso de palavras iguais ou com sons semelhantes,


mas que têm sentidos diferentes. Um exemplo de como ela é
utilizada no cotidiano é o velho provérbio “quem casa, quer
casa”, no qual a mesma palavra diz respeito ao casamento e à
moradia.

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