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Caro leitor,
Acredito que A criança de…seja um livro útil aos profissionais de saúde,
educadores, pais, enfim, todos aqueles que lidam com crianças. Quero lembrar,
entretanto, que qualquer remédio, seja ele alopático ou homeopático, deve ser
utilizado, exclusivamente, quando for indicado através de consulta e prescrição
médicas.
Aconitum napellus
Alumina
Anacardium orientale
Tem a forma de um coração (graças à sua forma foi comparada a ele), ao mesmo
tempo em que é uma dicotiledônea; as crianças ANACARDIUM sentem-se divididas
e, portanto, enfraquecidas, fragilizadas, com grande falta de confiança em si
mesmas. Em um momento esta criança é um anjinho e em outros, um capetinha. E
como se seu coração (centro das emoções) recebesse duas vozes de comando, e
isto a divide, enfraquece e a deixa insegura, levando a uma confusão de vontades
(não sabe qual o caminho correto, se perde, se embanana e fica confusa,
embotada, perdendo a confiança em si e nas pessoas).
Isto acarretará sérios problemas de aprendizado e escolaridade, pois estará
presente aqui sua dificuldade em colocar-se sendo irresoluta, acredita estar sendo
sempre perseguida, que os outros a estão ridicularizando.
Com isso reage explosiva e fortemente com manifestações violentas, agressivas e
até perversas. O que surpreende na criança ANACARDIUM são as atitudes de
extrema bondade, intercaladas com maldade.
Um sintoma em criança que sempre me chama atenção, e faz com que se fique
alerto em relação a ANACARDIUM, é que sempre melhora comendo (melhora
mental e orgânica).
Apis mellifica
Nos grandes centros, a estrutura (necessidade) da vida moderna faz com que
algumas crianças precocemente tenham que ingressar em berçários, escolinhas ou
creches, acarretando para a maioria uma dificuldade de adaptação ao convívio
social, sendo que muitas vezes há a necessidade de as mães ficarem junto por
alguns dias até a criança ir se acostumando.
As crianças de APIS são exatamente o contrário : não têm o menor problema em
adaptar-se à turma, curtem desde o início sua vida em comunidade, não vêem a
hora de ir para a escola, torcem para que as férias ou fins de semana acabem a fim
de poderem voltar para seu grupo cumprem, assim, sua identidade com as abelhas,
seres que vivem em sociedade.
Ainda de característico é o “Grito Encefálico”- durante o sono produz gritos
fortíssimos (sem que ocorra nenhum estímulo externo para isso), lembrando o grito
que se dá após uma ferroada.
Tais crianças adoram dançar, são calorentas, e o calor agrava seus sintomas
mentais (vivem se abanando), chegando a ter convulsões de caráter unilateral
(após tomar um banho quente).
Crianças inseguras, que necessitam do apoio do grupo para afirmar-se, sua
turminha é o que mais importa. São afetuosas e ao mesmo tempo extremamente
ciumentas; solícitas nas atividades de casa, curtem ajudar na arrumação (desde
pequenas brincam com uma flanelinha ou vassourinha, brincam de trabalhar).
São hiperalérgicas, apresentando erupções urticariformes, edemas de face e
pálpebra, edema de faringe, sensações de corpo estranho no garganta, rangido de
dentes, doença reumática, encefalites e meningites.
Argentum nitricum
Arnica montana
Arsenicum album
A imagem que o Dr. Bronfman usa para referir-se aos indivíduos que sofrem
“ARSENICUM” é a de um Corcel ou “Mustang” (cavalo não domado). Tal imagem
harmoniza-se precisamente com as crianças inquietas e extravagantes de
ARSENICUM, pois ao mesmo tempo que são inquietas, ansiosas, carregam um ar
brioso, de estirpe.
São crianças afetuosas, ciumentas, porém sentem-se mal-amadas, como se não
fossem queridas pelos seus, fazendo de suas crises asmáticas um resgate delta
falta de afeto. Essas crises ocorrem com respiração sibilante, tosse e expectoração
espumosa, não podem deitar-se pois têm a sensação de sufocação, necessitam
ficar apoiadas em um monte de travesseiros (agonia em geral da 1 às 3 horas da
madrugada).
Mentalmente de interessante encontraremos o medo como característica marcante
de tais crianças, medo principalmente da morte, sendo isto um sintoma chamativo
(medo de morrer de forme). Reativo a isto encontraremos manifestações
interessantes de religiosidade : lêem a Bíblia e se interessam pela vida dos Santos,
rezam a discutem temas religiosos, manifestando vocação clerical.
Mentalmente, ainda, encontraremos crianças avaras, sem generosidade, talvez por
sentirem-se psoricamente com medo de morrer de fome.
A ardência é outro sintoma orgânico importante. A asma poderá também ser
entendida como uma punição aos seus por não lhe darem o afeto merecido, pois eu
lhes asseguro que numa crise destas a família sofre mais que o próprio paciente, o
qual, com todos estes sintomas de sofrimento, sempre me passou mais ansiedade
que infelicidade.
Aurum metallicum
Dificuldade de amar e de demonstrar afeto (difícil demonstrar aquilo que não tem);
você “jamais” ganhará um beijinho de uma criança Ouro, não por arrogância como
uma PLATINA, mas sim por não amar mesmo.
São coléricas, bravas, explosivas, carregando um ódio forte contra os que a
contradizem.
O tema morte encontra sua expressão forte na destrutividade, diferente do
ACONITUM em que a morte não é vista como um traço destrutivo, mas sim por sua
sensibilidade acentuada. Fala de sua morte, brinca de morte (passa catchup para
imitar sangue), imagina como seria o seu enterro, coleciona gravuras sobre morte,
deseja a própria morte, o que assusta seus pais (o tema “suicídio” colocar fim a sua
vida é natural em AURUM).
Ao nos depararmos com crianças de comportamento melancólico, já na primeira
infância, lembrando a depressão e a autodestruição dos psocóticos maníaco-
depressivos, encontraremos em AURUM um grande medicamento para tais crises.
Ocorrendo ainda antecedentes familiares de esquizofrênicos – todas as crianças de
AURUM que diagnostiquei os tinham -, entenderemos como a hereditariedade
miasmática abordada por Hahnemann faz sentido prático, ficando compreensível
como é possível que já desde cedo, quando a vida deveria ser um amontoado de
folguedos e diversões, o nosso pequeno ouro sofre tanto, pois carrega a angústia
miasmática de não ter cumprido seu papel, mergulhando em profunda melancolia
(o ouro deveria servir e ser útil, mas trouxe discórdia).
Grande medicamento para aqueles que trabalham em psicologia/psiquiatria infantil,
sendo esta destrutividade demonstrada organicamente por meio de manifestações
sifilíticas, tais como cáries ósseas, cáries de ossos da face, dores ósseas
importantes sinusites purulentas, abscessos, cáries dentárias, piorréias, orquites,
urina com aspecto leitoso, crianças fracas de aspecto doentio e desnutrido; e dores
articulares.
Aqui é fundamental ressaltar a queixa orgânica, pois é uma ferramenta
importantíssima para ser utilizada no campo psíquico, uma vez que seu mundo
mental nem sempre é abordado espontaneamente pelos pais.
Baryta carbônica
Belladonna
São crianças explosivas, furiosas, que quando contrariadas se tornam coléricas, vão
jogando as coisas que vêem na sua frente, comportam-se como se estivessem «
tomadas » ou fora de si ; quando são impedidas de jogarem as coisas e de socar,
batem com a cabeça no chão, fazem crises de birra e puxam os cabelos, dão fortes
mordidas. Avançam nas pessoas aos menores estímulos contraditórios; entretanto,
apesar deste caráter valente, mostram-se extremamente medrosas diante daquilo
que seria o sobrenatural, temem fantasmas, demônios, ficam impressionadas com
os contos de fadas, e passam noites em claro com medo de bruxa, mula-sem-
cabeça e saci pererê. Pedem para pular a parte que não gostam da história (como o
momento em que a bruxa aparece).
Têm como característica física marcante suas extremidades frias, contrastando com
calor e transpiração quente na cabeça. São crianças que esquentam a cabeça com
freqüência ; de tão medrosas se tornam religiosas, numa troca com o mundo
espiritual que tanto temem. Cleptomaníacas, roubam pequenas bobagens ou
brinquedos de seus amigos. E interessante seu delírio: vêem coisas, acordam à
noite descrevendo demônios e monstros impressionáveis com desenhos da TV; esta
agitação toda é acompanhada de dilatação de pupilas tornando o quadro mais
dramático ainda (sonham com fogo não toleram trepidações.
»Anjos exterminadores » essa expressão define bem a criança de BELLADONNA,
que, apesar de ter uma boa índole, num rompante pode destruir tudo a sua frente.
Organicamente podem apresentar hipertermia, sensação de queimação nos órgãos
adoecidos, alterações de consciência, lembrando nas febres um quadro cérebro-
meníngeo ; edema de glândulas.
Crianças fortes, corpulentas e plectoricas, o que a reforça por sentir-se mais forte.
Forte ao brigar. Já levei dentada de uma menina belladoninha que não queria ser
examinada, e cujo pai quis contê-la à força para que eu pudesse ver as suas
amígdalas.
Bryonia Alba
Caso nos deparemos com uma criança enferma que, ao invés das demais que
procuram o conforto dos seus para ganhar paparicos, mimos e colinho, procura, ao
contrário, ficar só num canto, pede que as demais pessoas saiam do quarto e fica
com a mão segurando a região lesada, devemos ficar bastante atentos, pois com
grande probabilidade estaremos diante de uma criança BRYONIA.
Terá como defesa imobilizar a região dolorida, deitando-se sobre o lado adoecido
conseguindo assim acalmar sue dor- o movimento agrava (contrário
“CHAMOMILLA”); assim como a planta BRYONIA, uma trepadeira que usa suas
gavinhas para fixar-se ao tronco principal.
Numa pneumonia do lado esquerdo, a BRYONIA tosse com a mão segurando esta
parte do corpo. Cumprindo com o papel de trepadeira que se fixa não gosta se sair
de casa a passeios (diferente da misantropia sifilítica por não ser uma acomodação
destrutiva); no dia-a-dia busca o seu sossego, quer ficar em casa em seu quarto,
sem que ninguém lhe perturbe; a imobilidade de física lhe dá uma sensação de
proteção psíquica. Busca sempre o seu cantinho; mesmo que não tenha o seu
próprio quarto num apartamento pequeno, por exemplo, elegerá sempre seu
cantinho. O maior presente que um pai pode dar ao seu filho BRYONIA é seu
próprio quarto.
Quando na anamnese indagamos a esta criança o que faria se tivesse uma varinha
mágica para realizar seus desejos, a resposta é : ter meu quarto, sem precisar
dividir com mais ninguém.
Isto também poderá ser encarado como um comportamento avaro, e na verdade a
avareza vem de necessidade de a trepadeira delimitar seu espaço físico, agarrando-
se com unhas e dentes ao seu território.
Adoecem em viagens; já ouvi muitas vezes os pais dizerem :
”Doutor, viemos para um check-up antes das férias, mas, apesar disso, parece
incrível, todas as vezes que viajamos esta criança adoece!”.
Ficar longe de seu canto traz insegurança à nossa BRYONIA, daí entendermos o
porquê de ficar falando sobre sua casa, de não ver a hora de a viagem de férias
acabar (o que normalmente se espera é o contrário).
Viver na sua, este é o lema dessas crianças.
Bufo rana
A descoberta dos genitais, com sua manipulação trazendo prazer na idade pré-
escolar, é algo perfeitamente conhecido dos psicólogos infantis; entretanto, nas
crianças BUFO a manipulação de seus genitais é muito acentuada, levando à
necessidade de isolar-se dos demais para tal prática, deixando todos os
entretenimentos da idade a fim de ficar fechadas em si, num canto, sem que
alguém a reprima ou a censure, sendo que alcança o grau máximo da masturbação
na infância.
Cumprem assim o papel deste anfíbio, que copula através das almofadas nupciais
encontradas entre os seus dedos (Tem nas suas mãos o instrumento de prazer
sexual).
Este anfíbio também expressa-se através de seu prazer pelos banhos; desde cedo
tais crianças melhoram tomando banho; suas dores, sejam de barriga ouvido,
tosse, etc., melhorarão ao banhar-se, e graças a isto teremos sempre ,nosso
sapinho brincando com a água.
Como sintomatologia marcante teremos crises, epilépticas, tanto de pequeno
quanto de grande mal; somadas muitas vezes à gagueira, demonstrando a
dificuldade que tais crianças apresentam em se fazer entender pelas pessoas
(grande remédio para gagueira na infância, quando acompanhada das demais
características).
A dificuldade maior que BUFO encontra lhe é imposta pela sensação por concepções
de falso moralismo de que manipular seus genitais é pecado, é errado, trazendo-lhe
uma culpa sicótica, que gerará mais insegurança; por este mecanismo terá, como
em BARYTA, um rendimento escolar insatisfatório.
Encontraremos aqui um sintoma importantíssimo, que é o medo de animais,
quando normalmente as crianças têm até um certo tropismo pelos bichinhos.
Ao isolar-se dos demais para mastubar-se, passa a apresentar misantropia,
comportando-se como um velho.
Ao compreendermos e diagnosticarmos um BUFO, caberá ao Homeopata aqui-mais
do que simplesmente dar o remédio e selecionar a potência adequada – o papel de
educador, pedindo compreensão e paciência à família para que não o censure
tanto, pois brevemente tudo estará solucionado com o restabelecimento do seu
fluxo energético.
Calcarea carbonica
Para aqueles que não acreditam que cada um tem seu próprio universo e que o
Homem é apenas fruto de estímulos ambientais, bastaria o exemplo de uma criança
CALCAREA CARBONICA para que esta teoria comportamental viesse abaixo.
Senão, como explicaríamos o fato de uma criança de 3 anos de idade que, ao
ganhar um saco de balas, em vez de chupá-las de uma só vez-como seria de se
esperar devido à gulodice dessa idade – guarda as balas, economiza mesmo que
você assegure que quando acabar irá ganhar mais, desembrulha apenas uma,
chupa um pouquinho e depois volta a embrulhá-la, guardando para depois.
Ou ainda, ao ganhar um dinheirinho de seu padrinho, em vez de gasta-lo com
figurinhas, gibis, chicletes, etc., guarda- o arrumadinho em sua gaveta e tem um
certo prazer ao olhar o dinheiro economizado; quando questionada por que quer
guardar, responde com autoridade (mesmo sem ter sido preparada para isso)
“guardo porque mais tarde posso precisar e daí já tenho”.
Não chupa sorvetes na frente das visitas, para não ter que dividir, espera até elas
irem embora.
Este medo de infortúnio, este pressentimento ruim faz deste policresto um
medicamento forte desde a infância; crianças impressionáveis com desgraças
apresentadas no jornal de TV, falam sobre o assunto não pela com passividade
forte- como em PHOSPHORUS, que sofre pela dor alheia -, mas por medo que o
infortúnio se aproxime de si.
“Pai a África é muito longe? Um leão poderia chegar até aqui e me comer? E se não
parar de chover como no Sul, nossa casa também ficará inundada?”
Esta preocupação demonstra o medo que CALCAREA sofre. Teme ficar pobre, teme
uma desgraça.
São crianças que acumulam também gordura, pois são obesas, lentas, guardam até
suas fezes (obstipadas); cheias de medos, durante a noite; quando tais fantasias
de infortúnio tomam corpo, transpiram muito na cabeça (a fronha, no outro dia,
está toda molhada); têm cãibras nos membros, humor chorão; são egoístas,
friorentas, preguiçosas, obstinadas, pão-duras, e gorduchas-assim se compõe
nossa CALCAREA CARBONICA.
Cannabis indica
E o medicamento que não poderá faltar na sua mala de emergência, uma vez que
as crianças CANTHARIS têm suas manifestações extremamente agudas e
fulminantes, acometendo com alta freqüência as vias urinárias.
Entram no consultório aos gritos, desencadeados normalmente por dores violentas
e ardentes no aparelho genito-urinário, ardência de bexiga e/ou uretra com
urgência miccional, que ocorrem antes, durante e depois da micção; crianças
agitadas, não conseguem parar quietas um só instante, chorando de dor, ocorrendo
aqui um quadro completo de sinais e sintomas destes desequilíbrios como anuria,
medo de urinar com vontade de urinar, hematúrias, albuminurias, nefrites, litíases
renais, balamo-postites e orquites; ereções em meninos acompanhadas de dores;
seguram a urina com medo da dor de urinar o que agrava mais ainda o quadro.
Tais manifestações nada mais são do que a violência somatizada em CANTHARIS
para as vias urinárias; seu temperamento é forte, sendo normalmente insolentes,
irritadiças agridem com palavras, xingam e exigem que tudo aconteça na hora,
sendo portanto impacientes.
Apresentam também uma esfera de sensualidade e lascividade não só quando
deliram como quando estão conscientes, o que nos lembra a criança de
HYOSCIAMUS (aqui a violência e a dor farão o diagnóstico diferencial); a
lascividade de CANTHARIS tem caráter masoquista na medida em que ulcera seus
genitais na manipulação, o que agravará mais ainda suas queixas.
Encontraremos nas crianças CANTHARIS queixas do tipo dor em queimaduras no
aparelho digestivo, dores em queimaduras no processo de deglutição, aftas,
eczemas e escoriações de pele.
Devido a sua ardência, divide com ARSENICUM o espaço de medicamento para
queimaduras em acidentes com água fervendo.
Causticum
Quando você estiver diante de uma criança, mesmo que ainda pequena, de colo,
com uma aparência de desprotegida, que mobiliza a família toda em função de si,
toda uma corte para servir sua “majestade a fraqueza”, com um arzinho de coitada,
ATENÇÃO ! você poderá estar diante de um CAUSTICUM e, se não tiver cuidado e
tomar uma boa história clínica acabará diagnosticando PHOSPHORUS ou
PULSATILLA devido ao seu jeito dependente.
A casa de CAUSTICUM será como um quartel onde todos são serviçais a disposição
de “pobrezinha” CAUSTICUM, que ditatorialmente exerce seu poder pela pressão
emocional fazendo todos cúmplices e culpados do seu padecimento. E o general
que dirige não por autoridade mas pelo suborno, deixando os demais sempre com
piedade de si; assim os pais apenas não bastam, CAUSTICUM terá também avós,
madrinhas, vizinhas, babás etc., em volta para servir sua fraqueza; usa de um
discurso de indefensibilidade, e em função disto não quer sarar, pois, por meio de
suas “penas”, exerce um poder mórbido sobre as pessoas.
Lembro-me de uma adolescente de 13 anos que, encontrou sua cura de uma
cefaléia crônica, tratada anteriormente com medicamentos alopáticos analgésicos e
até psicotrópicos questionou : -“E agora, tio Brunini, como ficarei sem minha dor?”.
O medo e a covardia trarão gradualmente manifestações histéricas crônicas como a
paralisia (diferencial com GELSEMIUM, em que o processo é mais agudo); dando
uma conotação mais forte a estas crianças, levando seus pais a buscarem qualquer
coisa para livrá-las de tal sofrimento.
Exploram a sua dor para exercitar o poder sobre os outros, curtem seu sofrimento
não por masoquismo, mas por terem no seu padecimento uma ferramenta, pela
qual, por meio de chantagem, alcançam o que almejam.
Chamomilla
Com certeza que os efeitos “calmantes” desta planta são os mais conhecidos por
todos os pediatras alopatas e homeopatas e mesmo pela população leiga, pois a
similitude entre a hipersensibilidade e agitação de certas crianças desde a lactância,
com a agitação desencadeada pela toxidez desta planta, compõe a sua identidade.
A melhora com o movimento faz com que, de saída, o homeopata fique atento ao
ver uma criança no colo dos pais, que a embalam com certo vigor – e se param
com este movimento por um instante, ela volta aos berros, chorando com forte
intensidade.
Desta forma, uma dor de ouvido, barriga ou mesmo a irritação de uma erupção
dentária melhorarão com o chacoalhar no colo, quando o esperado será, no
momento da dor, a busca de sossego e da imobilização, mas em CHAMOMILLA é ao
contrário.
A família refere que a criança só dorme no colo, ao ser embalada, e que muitas
vezes o pai é obrigado a revezar à noite numa vigília com a mãe, mexendo o cá,
com muito movimento para que seu choro não acorde toda a vizinhança.
Outras vezes usa da tática de colocar no carro e dar voltas no quarteirão para que
CHAMOMILLA sossegue e pegue no sono.
Seu humor é detestável ; cheia de vontades e caprichos, furiosa quando não
atendida, faz crises de birras; a música agrava CHAMOMILLA.
Cursa com cólicas, flatulência, ao exame abdômen distendido timpanismo
aumentado, evacuações esverdeadas.
Nenhuma posição lhe agrada; por isso quer o movimento, demonstrando
insatisfação desde cedo.
Grande medicamento (utilizado em forma de chá até pelos alopatas) para situações
como as descritas/ transtornos por dentição.
Chelidonium majus
China officinalis
Em crianças, o que mais chama a atenção para o diagnóstico deste medicamento é
a incrível prostração ou desânimo que CHINA apresenta após duas ou três
evacuações líquidas: ficam murchas física e mentalmente, tristes, silenciosas, sem
prazer para nada jururus, jogadinhas no colo de sues pais. E aqui é importante
lembrar; para que tal fato ocorra, não é necessário que haja uma perda hídrica
significativa, ocasionando uma desidratação de segundo ou terceiro grau, basta
perder um pouco de líquido através de vômito ou diarréia para que entrem um
desânimo total, inclusive não respondendo as perguntas que lhe são feitas.
”Há poucas horas ela estava ótima, entretanto, vejam agora como CHINA está
mole” – por este mesmo raciocínio, é um excelente medicamento para situações
agudas de gastroenterites, muitas vezes onde é obrigatório o emprego de soluções
endovenosas para se evitar um choque hipocolêmico, o uso deste medicamento
levantará o moral deste paciente em poucas horas. Devemos sempre estar atentos
a situações de hipersensibilidade a perda de quaisquer líquidos, assim como
hemorragias, uma vez que CHINA é o medicamento mais sensível a perda de
líquidos da matéria médica, pois, no fundo, nestas situações CHINA se sente
“vampirizado” , como se lhe roubassem todas as energias.
A NATRUM MURIATICUM perde o sabor da vida em suas brigas e desafetos; CHINA
não cria desafeto nenhum, mas perde o sabor da vida com seu desânimo físico e
mental nas perdas efetivas de líquidos.
Não busca o consolo ou carinho como uma PULSATILLA, até pelo contrário, tem
aversão a ser tocada, aversão ao consolo; entretanto, melhora seus sintomas
quando recebe um aperto sobre pressão (tal qual os casos hemorrágicos, que
param de sangrar quando é feita uma pressão).
CHINA chora e vomita por carícias.
Cyclamen europaeum
Ao depararmos com uma criança que tem todo o jeitinho de uma PULSATILLA,
entretanto afetivamente nos lembra mais uma SEPIA ou NATRUM MURIATICUM
(esta última fechada em suas mágoas arquivadas na memória), ou SEPIA
(insensível nos seus afetos), deveremos sempre lembrar de uma criança
CYCLAMEN, pois esta tem toda a totalidade de sintomas de uma PULSATILLA
menos seu núcleo carente de afeto. Aqui em CYCLAMEN o eixo “tristeza-culpa” é o
seu ponto marcante. Desta forma, suas lições escolares, seu comportamento são
também irrepreensíveis, mas não motivados por um jogo de conquista e sedução
para conseguir carinhos (PULSATILLA) e sim, por um alto sentimento de dever e
responsabilidade; desta forma, tais crianças não querem consolo, não buscam o
colinho, não são PULSATILLA fria, que faz as coisas certas por medo de ser
perseguida; seu aspecto físico fraco nos lembra SILICEA. Apresentam-se doces,
escrupulosas, sérias, cursando também com sentimento religioso, humor alternante
variável e excentricidade. O maior medo de uma criança CYCLAMEN é o de trovões;
de peculiar tem sua saliva com gosto salgado, deseja limonadas e sardinhas, come
aos poucos, “belisca” o dia inteiro; soluços, náuseas e bocejos freqüentes; coriza
catarral crônica, de cor clara e não irritante, acompanhando muitos espirros
(alterna com períodos de narina ressecada); melhoram ao ar livre.
Coffea cruda
Colocynthis
Drosera rotundifolia
Sempre que encontrarmos uma criança gordinha, com uma forme insaciável,
poderemos estar diante de uma DROSERA, plantinha carnívora que vive de boca
aberta aguardando alimento.
O que marca nestas crianças é que a qualidade não tem grande importância, pois
vão devorando tudo aquilo que encontram pela frente, acabam de almoçar em casa
e vão à casa do vizinho com o pretexto de brincar, mas na verdade sabem que
serão convidadas para comer de novo.
Quando encontramos indivíduos adultos desconfiados, cheios de receios,
poderemos interpretar como uma cautela ou prudência em função de frustradas
experiências de vida; entretanto, quando vemos crianças cujo tempo de vida não
justificaria um comportamento deste tipo, uma explicação cabível é seu universo
peculiar, sua psora de “desconfiança”.
São medrosas, do tipo que procura o quarto dos pais à noite dizendo estar com
medo.
Desde cedo as crianças de DROSERA fazem planos, naturalmente sem que alguém
lhes transfira qualquer compromisso vocacional, sonhando com prosperidade; se
você perguntar a uma criança de DROSERA o que gostaria de ser quando crescer,
ficará surpreso ao ver que ela tem planos para um futuro distante, conta como
gostaria que os fatos ocorressem daqui a 20 ou 30 anos, embora, devido ao medo
que sentem de que alguém possa destruir seus planos, se tornem excessivamente
desconfiadas. Tudo necessita de uma explicação convincente, jamais DROSERA se
contenta com uma reposta pobre em argumentos – o porquê “tem que ser rico em
argumentação”.
Tem uma típica sensação de secura com coceira e arranhão em garganta, o que
desencadeia uma tosse laríngica, seca, convulsa, e irritativa; em virtude disso é
usada organicisticamente em quadros coqueluchóides.
Dulcamara
Ferrum metallicum
Gelsemium sempervirens
Hepar sulphur
Seria mais fácil fazer o diagnóstico de HEPAR SULPHUR se todas as mães dessas
crianças chegassem ao consultório referindo de uma maneira incomum o fato de
seus filhos ficarem brincando de fazer “fogueirinhas”, a tal ponto de elas terem que
esconder as caixas de fósforos, pois ao menor descuido correm o risco de ter a casa
em chamas. Entretanto, HEPAR tem também outros sintomas peculiares que
poderão aparecer desde a infância e que nos auxiliarão a selecionar este
medicamento, mesmo que este sintoma (incendiário) não seja referido.
O senso de perigo não costuma fazer parte do modo de vida de tais crianças, pois
são atrevidas, topando atividades perigosas, não aceitam limites, sendo
imprudentes, e graças a sua impulsividade fazem aquilo que lhes “dá na telha”.
Sua irritabilidade, desde cedo demonstrando ter pavio curto, explodindo por
pequenas coisas (um almoço que atrasa ou um quebra-cabeças que não dá nosso
pequeno HEPAR pegar fogo, ficar mal humorado e violento.
Desta forma encontraremos atos inconseqüentes em relação aos outros, sendo
capazes de em instantes de contrariedade estragar coisas e mesmo machucar
seriamente alguém; nunca permita ou estimule brincadeiras de “luta”, pois o
desastre pode ser irreversível (ferir alguém com armas brancas ou objetos
pontudos). Aqui cabe o diferencial com NUX-VOMICA, e o que destaca é que nestes
sua violência estará marcada por um núcleo de justiça, não é uma violência
gratuita.
Apesar da obesidade não ser um traço forte neste medicamento, as crianças HEPAR
são gulosas, devoram o que vêem na frente e isto acalma a sua ansiedade,
preferem comidas condimentadas, o que é sintoma, pois não é usual vermos
crianças gostando de picles ou pimenta.
As crianças de HEPAR encontram no anoitecer e na noite um adversário,
melhorando o seu humor na presença do Sol (elemento fogo); na luz do dia.
As crianças HEPAR são também as fedidinhas da matéria médica.
Hyoscyamus niger
Por mais liberal que você seja, dificilmente deixará de ficar “PASMO” quando
encontrar uma criança de HYOSCIAMUS; talvez a sua primeira impressão é de que
ela está fazendo tipo, quando na verdade tais crianças ou adolescentes são
naturalmente despudoradas. Meninos que expõe voluntariamente seu pênis e ficam
exibindo-o em público.
Usam de uma linguagem pesada, cheia de gírias, palavrões e obscenidades;
meninas que fazem questão de se vestir com a maior vulgaridade possível,
carregando nas pinturas, expondo partes íntimas no cruzar as pernas, esbanjando
precocemente sensualidade (numa idade onde o esperado é a inocência com certa
ingenuidade, este é porquê do “PASMO”.
Adoram aprender, ou mesmo inventar paródias temperando com malícia as letras
das músicas de TV (e isto já observei em crianças de 4 anos de idade), brincam e
se olham no espelho fazendo de mulher fatal.
Já nos primeiros namoricos encontramos um infundado ciúmes (infundado pelo
descompromisso que tais namoricos deveriam ter), variando desde simples
suspeitas até delírios, fantasiando situações e criando embaraço para todos.
Nunca prometa algo que não possa cumprir a uma HYOSCIAMUS, pois as
conseqüências poderão ser desastrosas (principalmente se este algo estiver ligado
com afeto).
Gostaria de ressaltar duas características importantes : 1) coréia ou “convulsão”
local, tal como estrabismo, entortar um lado de rosto, piscadas seguidas lembrando
“tics nervosos” ; 2) em seus sonhos, ou quando delira, fala sobre uma ocupação
como assuntos escolares que tem que cumprir.
Ignatia amara
Kalium carbonicum
Lycopodium clavatum
Magnesium carbonicum
Estas crianças do ponto de vista mental, são muito parecidas com nossas bem
conhecidas “Calcareas carbonicas”, pois são cheias dos presságios, temores de
infortúnio, de que adoecerão; entretanto, CALCAREA agrava pensando nos seus
problemas e MAGNESIA melhora.
As crianças MAGNESIA querem ganhar balas, lutam e disputam as guloseimas para
comê-las e se não as ganham, roubam (cleptomania); as de CALCAREA ganham
balas e as guardam, com medo de que no futuro lhes façam falta.
As crianças MAGNESIA são portanto, ambiciosas, com um aspecto físico muito
diferente da nossa gorducha CALCAREA, seu biotipo é parecido com
TUBERCULINUM ; crianças pequenas, doentinhas, irritáveis e fedidinhas, sendo que
suas secreções têm cheiro ácido (desde bebês, por mais que as banhem, o mau
cheiro persiste) – aqui cabe lembrar da criança HEPAR SULPHUR, outra fedidinha da
matéria médica.
Crianças friorentas, rejeitam leite, adoram comer carne, seu intestino é preso com
fezes duras que alternam com diarréia espumosa, em que uma parte afunda outra
espumosa sobrenadante; eructos e flatos com odor ácido.
Dores nevrálgicas do lado esquerdo; que as obrigam a sair da cama e andar de lá
para cá; nevralgia do facial.
Medorrhinum
Mercurius solubilis
Natrum muriaticum
Expressões do tipo: “estou de mal com você”, “agora não sou mais seu amigo”,
“nunca mais brinque comigo”, poderiam ser consideradas não relevantes, pois
fazem parte de um vocabulário que, para a maioria das crianças, não merece ser
levado a sério, uma vez que minutos depois fazem as pazes; entretanto, a mágoa,
o ressentimento estão presentes em nosso NATRUM, que guarda os seus dissabores
e muito tempo depois, quando menos se espera, retoma o assunto, demonstrando
um sintoma mental forte que é “Inconsolável”. Quando você menos espera, crente
que o assunto já foi encerrado, volta o NATRUM: “Lembra-se daquela vez que…”;
outras vezes, não extravasa suas mágoas, curtindo-as sozinho, dentro de um
mundo mental fechado, onde não esquece, faz bico e emburra por pequenas
coisas; tal como o sal que é um conservante, que guarda, armazena, as crianças
NATRUM cuidam muito bem de seus brinquedos e de suas coisas, tudo é bem
conservado, sempre em perfeito estado, gostam de colecionar coisas (tampinhas de
garrafa, latinhas de cerveja) e guardam numa caixinha “Bobagens” que lhe trazem
recordações (papel de bala, cartãozinho de natal, convite de aniversário), assim
como conservam e guardam suas frustrações afetivas – sua dificuldade maior
sempre e colocá-las para fora, uma vez que não verbalizam suas frustrações.
Pele seca, enrugada, magros, fracos, desajeitados, deixam cair as coisas das mãos;
demoram a aprender a andar e a falar, demonstrando um atraso no
desenvolvimento; soma-se a isso um irresistível desejo de comer sal puro, com
uma coriza clara e constante, secura na boca e uma sede insaciável; vivem
reclamando de fraqueza.
Pela manhã, fazer nosso NATRUM sair da cama para ir à escola é uma luta, fica
rolando de um lado para o outro, com uma preguiça acentuada: cochila cinco
minutos, acorda, cochila mais cinco minutos, com grande desânimo ao despertar.
Nitricum acidum
Poderíamos, para efeito de compreensão das crianças NITRI-ACIDUM, dizer que são
um NATRUM MURIATICUM que vão às vias de fato, uma vez que também são
ressentidas, guardam suas mágoas, vivem pensando nos acontecimentos passados
desagradáveis; entretanto, o nosso NATRUM guarda dentro de si seus dissabores,
não esquece, enquanto NITRI-ACIDUM vai além disto, pois, afora o fato de não
esquecer, também não perdoa e articula uma maneira de ir à desforra; são crianças
vingativas.
Numa discussão, um fato que o desagrada fará NATRUM padecer em silêncio;
NITRI-ACIDUM dá o troco, não leva dissabores sem revide, diferente de nossa
indignada STAPHYSAGRIA, que leva o desaforo para casa.
O mesmo vizinho, que por implicância não permite que a bola que caiu no seu
jardim seja devolvida, não perderá por esperar – tão logo seja possível terá um
vidro de sua janela quebrado por uma pedra; ou um professor que o reprova num
exame encontrará os pneus vazios ou a lataria de seu carro arranhada.
Pequenas contradições despertarão na mente ativa destas crianças uma resposta
imediata, sendo o exemplo das crianças vingativas da matéria médica, capazes de
maldades, mas sempre com um propósito de desforra, diferindo aqui de
STRAMONIUM, cujos atos inconseqüentes não têm o propósito de revide.
Esta sensação psíquica de ter sido atingido é representada fisicamente pela
sensação de ter uma lasca de madeira enfiada na carne, não importa a região
acometida (sendo utilizado por muitos como auxiliar na expulsão de corpos
estranhos, prática esta também empregada com o medicamento SILICEA), úlceras
de comissuras, assaduras de dobras, intertrigos, quielites, assaduras em cantos de
pálpebras.
E um grande auxiliar em dermatites amoniacais do recém-nascido.
Sua prisão de ventre lembra ALUMINA, entretanto não ocorre hipotonia de
musculatura retal, mas sim como se suas fezes estivessem coladas ao reto, tendo
também ulcerações de ânus.
As crianças NITRI-ACIDUM apresentarão com freqüência fissuras, ou feridas
ulceradas, crônicas, que sangram ao menor contato.
Nux vomica
Opium
Crianças desligadas, você precisa chamar pelo seu nome várias vezes para que
respondam, pois estarão viajando em seus pensamentos; são sonhadoras,
mentalmente vão a lugares e situações muito além da realidade, sendo um
excelente medicamento para crianças ou adolescentes com dificuldade de
concentração nas atividades escolares, uma dose. (30 CH de OPIUM as trará a
realidade).
Crianças mentirosas, o que é compreensível, uma vez que devido a serem
sonhadoras vivem uma realidade especial; portanto, as suas repostas estarão de
acordo com sua particular visão do mundo; este lado sonhador também justificará
suas frustrações ao ver que seu mundo não corresponde a realidade.
Tanto orgânica como mentalmente tais crianças apresentam uma “anestesia”
natural; situações onde se espera que sinta dores, OPIUM nada refere- muitas
vezes o dentista trabalhará nesta criança sem precisar anestesiar, ou ela conviverá
dias com uma fratura sem sentir dores, indo ao médico mais por inchaço ou
impotência funcional, e daí, sim, ao raio x surpreendentemente encontra-se uma
fratura; assim como mentalmente não se aborrecem ou se deprimem com coisas
desagradáveis, OPIUM não está nem aí, sendo indiferente ao gozo, seu prazer está
nos seus sonhos e fantasias.
Você se surpreenderá ao dar um brinquedo um outro personagem, dando-lhe uma
nova, nova personalidade, adaptando-o ao seu mundo de fantasias (assim um
caminhãozinho poderá fazer o papel de um castelo).
Seus castelos e fantasias nem sempre são agradáveis : poderão aqui ocorrer
monstros, bruxos, ratos, dragões, escorpiões, tendo verdadeiras alucinações, com
sonambulismo ou não, o que assusta os pais.
Suores quentes com extremidades frias, retenção de fezes e urina, crianças com
medo de animais. Crianças com aspecto envelhecido.
Palladium metallicum
Petroleum
Phytolacca decandra
Platinum metallicum
Psorinum
Pulsatilla pratensis
O afeto é o tema principal desta crianças, sendo que neste aspecto são de uma
fome insaciável; por mais carinho que uma criança PULSATILLA receba, sempre
acreditará que não é o suficiente, quer mais, adoece por não receber todo o carinho
que acredita ser merecedora, e se você não cobri-la de atenções sente-se infeliz,
abandonada com um alto grau de sensibilidade afetiva.
-“Papai,me dá um beijo, um mais, outro… mil beijos…, agora me pega no colo,
aperta mais, só mais um pouco..”
Desta forma, com uma necessidade tão marcante de apor, nossa PULSATILLA terá
grandes dificuldades em partilhar seu mundo afetivo, uma vez que é ciumenta e
egoísta; entretanto, se para receber carinhos é importante que tenha um padrão de
comportamento louvável, então a vemos desde cedo amável, organizada,
prestativa, asseada, com uma linguagem cheia dos diminituvos (“mamãezinha
queridinha do meu coraçãozinho”), , pois acredita que por meio desta sedução de
palavras e comportamento conquistará aquilo que mais busca; “afeto” (cobra mais
afeto do que dá, investe 1% para receber 100%).
Uma criança PULSATILLA ajuda a tomar conta dos irmãos menores não pelo
aspecto protetor, como uma PHOSPHORUS; mas sim para melhorar seu conceito
entre os pais, ganhando mais amor com isso; ajuda a mãe nas atividades da casa
pelo mesmo motivo; enfim, esta criança deixará você com vontade de pegá-la no
colo e levá-la para casa, graças ao charme e polidez com que se apresentam.
Não toleram ambientes fechados, ficam se abanando, hiperalérgicas, tendo muitas
vezes o aparelho respiratório como alvo de choque; seu hálito é forte (lembrando o
mau hálito das crianças de CHELLIDONIUM); consciente desse mau hálito, chupam
balinhas de hortelã, com corrimentos nasais e vaginais presentes.
Rhus toxicodendron
Silicea terra
Sem dúvida que a queixa que mais traz esta criança ao consultório está na
preocupação dos seus familiares com sua magreza, sua dificuldade em ganhar
peso, seu baixo desenvolvimento corporal, pois tais crianças têm uma deficiência
inata em assimilar os alimentos, mesmo aquelas que são muito bem cuidadas por
famílias esclarecidas, diferenciadas economicamente, onde encontram uma dieta
bem balanceada.
Entretanto, a sua fragilidade não está restrita apenas ao aspecto orgânico,
psicologicamente sentem-se fragilizadas com falta de confiança em si mesmas,
portanto inseguras, tímidas, covardes, incapazes de tomar as mínimas decisões
sem que alguém as apóie (ficam na dúvida se devem tomar fanta ou guaraná e
consultam seus pais sobre isso); humor chorão, não revidam aos ataques de seus
colegas e sofrem.
Uma criança PULSATILLA pode, no jogo da sedução de querer afeto, demonstrar
fraqueza para ser paparicada, mas SILICEA não está atrás do afeto e sim de
segurança, chegando mesmo a agravar-se com o consolo.
São obstinadas, ao mesmo tempo que doces; têm um medo psórico de alfinetes ou
objetos pontudos, ao mesmo tempo que os conta e guarda (talvez para se proteger
deles, sintoma paradoxal).
Grande sensibilidade ao frio, falta de calor vital, transpiram muito e com odor forte,
com a peculiaridade de agravar seu mental quando suprimem a transpiração.
Transpiram muito, necessitam de uma toalhinha para enxugar as mãos enquanto
fazem suas tarefas escolares.
Escrofulosas, supurativas, feridas na pele, impetigos, amigdalites e otites
purulentas, abscessos nas mais diferentes regiões do corpo, acnes precocemente,
antes da puberdade.
Dormem em posição fetal, têm sono inquieto, agitado, pesadelos, rechaçam o leite
materno quando lactentes e têm desejos de comer coisas estranhas como terra,
areia giz, massa de pintura; têm intestino constipado.
Spongia tosta
Sulphur
Staphysagria
São 2 horas da manhã, toca o telefone. De outro lado da linha, o pai da Andréia diz
estar muito preocupado, pois sua filha, de 5 anos começou a chorar há duas horas,
está nervosíssima, talvez alguma dor, alguma coisa de grave?…
Nossa pequena STAPHYSAGRIA é a típica criança que leva o desaforo para casa. No
caso de Andrei, ela tinha sido repreendida pela tia da escolinha, quando na verdade
quem estava fazendo bagunça era o menino de carteira ao lado; na madrugada,
indignada, passa a somatizar dores e chora.
O senso de injustiça de STAPHYSAGRIA está sempre voltado ao ultraje de sua
pessoa.
As crianças STAPHYSAGRIA trazem um mental marcado por grande nobreza e
dignidade, sendo que engolem a vontade de revidar, como se nada tivesse
ocorrido, para depois tardiamente apresentarem uma indignação com cólera
reprimida. Aqui, a expressão “o que vem de baixo não me atinge”, cabe direitinho
para nossa STAPHYSAGRIA, que demonstra não se importar com a fato, mas depois
arrepende-se por não ter respondido à altura; então adoece, sofre, somatiza,
chora, esperneia, sapateia, bate portas, joga coisas.
São crianças irritáveis e de mau humor, com aparente vitalidade. Masturbação na
infância; carentes de calor vital; seus dentes cariam precocemente (lembrando aqui
as crianças AURUM METALICUM); abdômen globoso com cólicas e parasitose; bebês
quer choram por objetos que acabaram de jogar (jogam a chupeta no chão e
choram até que a mãe pegue e lave, depois joga novamente e chora…).
E o remédio indicado organicamente em pós- operatórios por feridas cortantes,
tanto para auxiliar na cicatrização como para aliviar mentalmente o trauma
emocional do ato cirúrgico.
Stramonium
Tarentula hispanica
Crianças com uma inquietude acentuada, mesmo quando estão paradas têm a
necessidade de agitar os seus membros (pelo menos um deles), produzindo um
movimento compassado como se estivessem acompanhando mentalmente uma
melodia. Nossa pequena “criança aranha” é a grande dançarina da matéria médica,
sendo sensível à música, o que a tranqüiliza e melhora todos os seus sintomas,
sejam eles de ordem orgânica ou mental.
Crianças irritadas, dotadas de grande força física, ameaçam até mesmo os adultos:
“Vou te bater”!
Sofrem de insônia, acordam irritadas depois de um pequeno sono, e passam o dia
vivendo o motivo do sonho. Se TARENTULA sonhar que você ou alguém lhe fez
algum mal, passará o resto do dia com bronca desta pessoa (sonhos vívidos).
Tais crianças não toleram contradições, sendo vingativas, com um caráter
rancoroso; devido a isso articulam maneiras de ir à desforra, o que acontecerá
muitas vezes com pequenas armadilhas, como colocar uma casca de banana no
meio do caminho ou puxar a cadeira no momento em que alguém for se sentar (a
aranha arma sua teia).
Seus desejos alimentares são peculiares, como comer areia, alimentos crus,
comidas fortes e picantes; faz parte, junto com BUFO, PLATINA, STAPHYSAGRIA,
HYOSCYAMUS, dos medicamentos, em que desde a infância exista um despertar
precoce da sexualidade.
Divide com SPONGIA a espaço da “neurose cardíaca” na infância; entretanto,
SPONGIA não melhora com dança e tem seus sintomas cárdio-respiratórios mais
marcantes.
Urina vermelho-escuro com sedimento arenoso (diferencial com LYCOPODIUM),
divide com APIS o espaço de medicamento para reumatismo na infância; são
crianças laboriosas e desobedientes.
Thuja occidentalis
Veratrum album