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BRUNINI CARLOS - A criança de… 61 remédios homeopáticos

Caro leitor,
Acredito que A criança de…seja um livro útil aos profissionais de saúde,
educadores, pais, enfim, todos aqueles que lidam com crianças. Quero lembrar,
entretanto, que qualquer remédio, seja ele alopático ou homeopático, deve ser
utilizado, exclusivamente, quando for indicado através de consulta e prescrição
médicas.

Dr. Carlos Brunini

Aconitum napellus

As crianças de ACONITUM têm desde cedo certas « sacações » que impressionam


os adultos.
Suas brincadeiras giram em torno de amigos invisíveis, tem o tema morte como
assunto, o que faz espécie. São suas as expressões : “Como são as coisas depois
da morte? Como são os anjos? Como é Deus? O que Deus faz? Quando morrer vou
para o céu ? Como o demônio atua?”
Manifestam inquietude, ansiedade, medo e pressentimentos; como as crianças têm
menos bloqueios da Sicose social, dizem aquilo que pesam e que acreditam que
virá a acontecer; assim sendo, a premunição ou clarividência poderão ser
verificadas tanto com fenômenos reais como com flashes de intuição; temerosas
são incapazes de atravessar uma rua sem que alguém lhes dê a mão.
Conheci uma criança ACONITUM que descrevia com detalhes o avô falecido, sem
nunca tê-lo visto ou reconhecido em alguma fotografia. Crianças encrenqueiras,
embirram e criam casos, (avisava que uma tia distante iria chegar, o que parecia
impossível, e acabava chegando mesmo).
São crianças extremamente sensíveis também organicamente, como, por exemplo,
a golpes de ar (levando muitas vezes a paralisia do facial). Fazem fortes
amigdalites por abrir geladeira, pisar descalça em chão frio; suas dores são hiper
valorizadas. Tão sensíveis como se pudessem colocar a morte em troca da vida (a
planta ACONITUM cresce em zonas áridas e desérticas, onde quase não há vida,
cresce em meio à morte).

Alumina

A queixa orgânica mais freqüente é em relação a sua inatividade retal : faz


verdadeiras ginásticas para evacuar – mesmo que seu bolo fecal não seja sólido ou
semi-sólido -, mesmo com grande vontade de evacuar isto só acontecerá depois de
permanecer por muito tempo sentada na bacia; demora também para urinar.
Essa inatividade marcante de musculatura esfincteriana poderá ser transferida
também para as demais musculaturas, ocorrendo hipotonia ou paralisias.
Mentalmente encontraremos também paralisia e debilidade de sua vontade; não
suportam ver sangue.
Normalmente as crianças costumam ser inquietas graças à vitalidade e à energia
próprias desta idade; entretanto, as crianças de ALUMINA são preguiçosas mesmo
nas atividades recreativas agradáveis; para sair da frente da TV é uma verdadeira
luta; pela manhã despertá-las ao banheiro para a toalete matinal é um dos
problemas que a família de ALUMINA encontra.
Em crianças maiores, já adolescentes, onde o grilo de identidade própria é
marcante, ALUMINA passa a ser um remédio que cobre muitas vezes este aspecto
mental, pois ALUMINA tem na sua psora uma confusão com sua própria identidade,
acreditando que aquilo que fez ou acabou de falar foi dito ou feito por outro. Na
verdade assim como alguns adolescentes buscam encontrar a si mesmos, ALUMINA
também não sabe quem é.
Ambra grisea

E um medicamento normalmente colocado pela maioria dos autores como indicado


para velhos misantropos. Também utilizado no tratamento da senilidade precoce,
em que indivíduos jovens se comportam como se fossem verdadeiros velhos. Já
tivemos também a oportunidade de colher bons resultados quando o indicamos
para crianças com traços marcantes de depressão.
Os indivíduos AMBRA são aqueles que têm a sensação de que seu paraíso real a
juventude e a perderam – lembrando aqui que perder a juventude é perder a força,
a inteligência, a alegria de viver, perder o convívio social com as pessoas.
Crianças isoladas no hora do recreio, amarguradas e resmungonas, nada lhes
agrada e muitas vezes nem os dissabores e repreensões aborrecem-nas ; uma vida
sem vibração desde cedo, aos 8 anos parecem já ter 80. A indiferença é um pilar
marcante em seu comportamento. Grande medicamento para o autista pois estes
têm comportamento isolado, fechado e misantropo.
Os familiares se esforçam para agradar e, no entanto, tudo é em vão; um belo
presente, um autorama, uma boneca importada, nada lhes desperta um menor
sorriso, curtem uma de melancolia, quietas num canto.
A risada e o barulho dos demais, a algazarra das outras crianças lhes é intolerável,
ficam chatas, afastam-se dos demais. A música desperta em AMBRA não apenas o
choro, mas também agravará todos os seus sintomas, como a tosse, dores de
cabeça, ouvido, palpitações etc.
Pobre criança de AMBRA, que já na infância perdeu sua juventude.

Anacardium orientale

Tem a forma de um coração (graças à sua forma foi comparada a ele), ao mesmo
tempo em que é uma dicotiledônea; as crianças ANACARDIUM sentem-se divididas
e, portanto, enfraquecidas, fragilizadas, com grande falta de confiança em si
mesmas. Em um momento esta criança é um anjinho e em outros, um capetinha. E
como se seu coração (centro das emoções) recebesse duas vozes de comando, e
isto a divide, enfraquece e a deixa insegura, levando a uma confusão de vontades
(não sabe qual o caminho correto, se perde, se embanana e fica confusa,
embotada, perdendo a confiança em si e nas pessoas).
Isto acarretará sérios problemas de aprendizado e escolaridade, pois estará
presente aqui sua dificuldade em colocar-se sendo irresoluta, acredita estar sendo
sempre perseguida, que os outros a estão ridicularizando.
Com isso reage explosiva e fortemente com manifestações violentas, agressivas e
até perversas. O que surpreende na criança ANACARDIUM são as atitudes de
extrema bondade, intercaladas com maldade.
Um sintoma em criança que sempre me chama atenção, e faz com que se fique
alerto em relação a ANACARDIUM, é que sempre melhora comendo (melhora
mental e orgânica).

Apis mellifica

Nos grandes centros, a estrutura (necessidade) da vida moderna faz com que
algumas crianças precocemente tenham que ingressar em berçários, escolinhas ou
creches, acarretando para a maioria uma dificuldade de adaptação ao convívio
social, sendo que muitas vezes há a necessidade de as mães ficarem junto por
alguns dias até a criança ir se acostumando.
As crianças de APIS são exatamente o contrário : não têm o menor problema em
adaptar-se à turma, curtem desde o início sua vida em comunidade, não vêem a
hora de ir para a escola, torcem para que as férias ou fins de semana acabem a fim
de poderem voltar para seu grupo cumprem, assim, sua identidade com as abelhas,
seres que vivem em sociedade.
Ainda de característico é o “Grito Encefálico”- durante o sono produz gritos
fortíssimos (sem que ocorra nenhum estímulo externo para isso), lembrando o grito
que se dá após uma ferroada.
Tais crianças adoram dançar, são calorentas, e o calor agrava seus sintomas
mentais (vivem se abanando), chegando a ter convulsões de caráter unilateral
(após tomar um banho quente).
Crianças inseguras, que necessitam do apoio do grupo para afirmar-se, sua
turminha é o que mais importa. São afetuosas e ao mesmo tempo extremamente
ciumentas; solícitas nas atividades de casa, curtem ajudar na arrumação (desde
pequenas brincam com uma flanelinha ou vassourinha, brincam de trabalhar).
São hiperalérgicas, apresentando erupções urticariformes, edemas de face e
pálpebra, edema de faringe, sensações de corpo estranho no garganta, rangido de
dentes, doença reumática, encefalites e meningites.

Argentum nitricum

As crianças de ARGENTUM NITRICUM se comportam como supersticiosas tem que


algo caia de um prédio em cima de sua cabeça, temem andar por pontes e que
estas desmoronem enquanto o carro passa. Choram no túnel quando descem a
Serra do Mar, não chegam perto de precipícios para olhar a paisagem, temem que
o elevador vá quebrar com elas dentro (não por prudência sicótica ensinada pelos
adultos, mas por ansiedade psórica de que algo de mal acontecerá.
Tive um caso de consultório em que a criança de 7 anos, morando no 9° andar,
descia e subia a escada várias vezes por dia, mas de maneira alguma entrava num
elevador sozinha.
Vivem em ritmo acelerado, fazem tudo às pressas, talvez por acreditarem que
sempre há algo de mal por acontecer.
E um medicamento sifilítico, graças a isto o caráter obsessivo-fóbico de seus
sintomas mentais.
Mesmos adolescentes ou adultos já esclarecidos terão este comportamento infantil,
chegando a graus extremos de insegurança e medo, quando quererão ser tratados
como bebês, a maturidade é o paraíso perdido de ARGENTUM NITRICUM, sendo o
contrário de AMBRA que perdeu a juventude.
Dessa forma, as crianças/adolescentes ARGENTUM não querem amadurecer,
comportando-se bebezões, graças ao estado de dependência infantil que lhes
protege e conforta; com uma linguagem cheia de tatibi-tati.
Assim como o Nitrato de Prata é usado em Pediatria como colírio em recém-
nascidos, com finalidades anti-sépticas, as crianças ARGENTUM terão como uma de
suas patologias marcantes a conjuntivite com profusa secreção purulenta.
Excessiva granulação das úlceras (o Nitrato de Prata é usado para cauterizar
granulomas umbilicais do bebê), impetigos, verrugas e urticárias.

Arnica montana

Muitas vezes o sintoma orgânico para um Homeopata experimentado, poderá vir a


ser o guia para a exploração de um sintoma mental (daí nunca desprezar o exame
físico).
Ao examinarmos um guri cheio de hematomas, equimoses, arranhões etc.,
devemos ir em busca de sua personalidade e seu temperamento; e se aqui
encontrarmos irritabilidade, mau humor, tristeza, medo, angústia, estaremos diante
de alguém que se sente atropelado pela vida, mesmo que esta vida esteja apenas
começando.
Tais crianças apresentam como característica um exagero em suas manifestações;
assim, uma pequena queda num plano em desnível (mesmo que ainda esteja na
fase de engatinhamento), batendo a cabeça trará manifestações como perda da
consciência, como, levando a família ao desespero e à procura de pronto-socorro.
Pequenos escorregões, que para outros não seriam nada, em ARNICA exacerba a
sintomatologia causando hematomas, entorses, luxações e até mesmo fraturas.
São crianças poliqueixosas, mesmo que não ocorra nenhum desastre; sempre têm
dores, dores ósseas que não conseguem ser justificadas clinicamente por clínicos e
ortopedistas, lembrando a inexplicável dor do crescimento – essa é ARNICA.
Esta sensação de quebradeira constante lhe trará um caráter hipocondríaco (se
você quiser dar um bom presente a uma criança ARNICA, dê-lhe uma caixa de
Band-Aid colorido); demonstram extrema vivacidade são crianças auto-suficientes,
arrojadas, que se acreditam todo-poderosas, nada tendo a aprender com os mais
velhos – são portanto destemidas e se machucam muito por imprudência; não
gostam de serem tocadas (medo psórico de se machucar), rechaçam afagos, beijos
e amor meloso (cheias dos não-me-toques).
Características marcantes:
-espirram muito.
-cabeça quente, corpo frio (Diferencial com BELLADONNA) ;
-sonham que são enterradas vivas.

Arsenicum album

A imagem que o Dr. Bronfman usa para referir-se aos indivíduos que sofrem
“ARSENICUM” é a de um Corcel ou “Mustang” (cavalo não domado). Tal imagem
harmoniza-se precisamente com as crianças inquietas e extravagantes de
ARSENICUM, pois ao mesmo tempo que são inquietas, ansiosas, carregam um ar
brioso, de estirpe.
São crianças afetuosas, ciumentas, porém sentem-se mal-amadas, como se não
fossem queridas pelos seus, fazendo de suas crises asmáticas um resgate delta
falta de afeto. Essas crises ocorrem com respiração sibilante, tosse e expectoração
espumosa, não podem deitar-se pois têm a sensação de sufocação, necessitam
ficar apoiadas em um monte de travesseiros (agonia em geral da 1 às 3 horas da
madrugada).
Mentalmente de interessante encontraremos o medo como característica marcante
de tais crianças, medo principalmente da morte, sendo isto um sintoma chamativo
(medo de morrer de forme). Reativo a isto encontraremos manifestações
interessantes de religiosidade : lêem a Bíblia e se interessam pela vida dos Santos,
rezam a discutem temas religiosos, manifestando vocação clerical.
Mentalmente, ainda, encontraremos crianças avaras, sem generosidade, talvez por
sentirem-se psoricamente com medo de morrer de fome.
A ardência é outro sintoma orgânico importante. A asma poderá também ser
entendida como uma punição aos seus por não lhe darem o afeto merecido, pois eu
lhes asseguro que numa crise destas a família sofre mais que o próprio paciente, o
qual, com todos estes sintomas de sofrimento, sempre me passou mais ansiedade
que infelicidade.
Aurum metallicum

Dificuldade de amar e de demonstrar afeto (difícil demonstrar aquilo que não tem);
você “jamais” ganhará um beijinho de uma criança Ouro, não por arrogância como
uma PLATINA, mas sim por não amar mesmo.
São coléricas, bravas, explosivas, carregando um ódio forte contra os que a
contradizem.
O tema morte encontra sua expressão forte na destrutividade, diferente do
ACONITUM em que a morte não é vista como um traço destrutivo, mas sim por sua
sensibilidade acentuada. Fala de sua morte, brinca de morte (passa catchup para
imitar sangue), imagina como seria o seu enterro, coleciona gravuras sobre morte,
deseja a própria morte, o que assusta seus pais (o tema “suicídio” colocar fim a sua
vida é natural em AURUM).
Ao nos depararmos com crianças de comportamento melancólico, já na primeira
infância, lembrando a depressão e a autodestruição dos psocóticos maníaco-
depressivos, encontraremos em AURUM um grande medicamento para tais crises.
Ocorrendo ainda antecedentes familiares de esquizofrênicos – todas as crianças de
AURUM que diagnostiquei os tinham -, entenderemos como a hereditariedade
miasmática abordada por Hahnemann faz sentido prático, ficando compreensível
como é possível que já desde cedo, quando a vida deveria ser um amontoado de
folguedos e diversões, o nosso pequeno ouro sofre tanto, pois carrega a angústia
miasmática de não ter cumprido seu papel, mergulhando em profunda melancolia
(o ouro deveria servir e ser útil, mas trouxe discórdia).
Grande medicamento para aqueles que trabalham em psicologia/psiquiatria infantil,
sendo esta destrutividade demonstrada organicamente por meio de manifestações
sifilíticas, tais como cáries ósseas, cáries de ossos da face, dores ósseas
importantes sinusites purulentas, abscessos, cáries dentárias, piorréias, orquites,
urina com aspecto leitoso, crianças fracas de aspecto doentio e desnutrido; e dores
articulares.
Aqui é fundamental ressaltar a queixa orgânica, pois é uma ferramenta
importantíssima para ser utilizada no campo psíquico, uma vez que seu mundo
mental nem sempre é abordado espontaneamente pelos pais.

Baryta carbônica

Se tivermos a felicidade de fazer um diagnóstico Simillimum deste paciente, ainda


que um só em toda a vida, já se compensaria todo o esforço para o aprendizado da
homeopatia, pois as mudanças que se operam em tais pacientes, numa fase
extremamente gratificante que é a infância, é sem dúvida uma grande recompensa.
Isto porque tais crianças se verão livres precocemente do estigma de serem
qualificadas como limítrofes e às vezes até retardadas pelo meio em que vivem.
O grilo a ser relacionado aqui é a sua irresolução, gerada por falta de confiança em
si mesmas; temem expor suas idéias por medo do ridículo – assim, sua
escolaridade terá um rendimento baixíssimo, pois, mesmo que compreendam um
assunto, terão sempre medo de se colocar, acabarão por se mostrar mais
ignorantes do que na verdade são.
A mãe de BARYTA confere suas lições, toma o ponto, e a criança sabe, dessa
forma, que está apta para uma prova: mas na hora não escreve nada, pois teme
fracassar, passa o período todo transpirando, remoendo-se em conflito, e não
escreve uma só linha com medo de errar. Daí, por sua “memória fraca”, acaba
sendo taxada de burra pelos colegas – sofre mais ainda, entrando num ciclo
vicioso, tornando-se mais retraída, tímida e fachada, sendo que o seu digno de cura
é: “confiar em si mesmo “ (chega visita, esconde-se embaixo da cama).
Tornam-se complexadas, entram no consultório escondendo-se por detrás das
pernas de seus pais, e a qualquer instante crêem que as pessoas as olham e fazem
deboche de si, o que vem a gerar ainda mais revolta.
Crianças dentuças, roncam durante a noite, respiradores bucais (devido a isso
BARYTA é usada por alguns organicistas no tratamento de hipertrofia de
adenóides), normalmente barrigudas, sonolentas e com humor azedo.

Belladonna

São crianças explosivas, furiosas, que quando contrariadas se tornam coléricas, vão
jogando as coisas que vêem na sua frente, comportam-se como se estivessem «
tomadas » ou fora de si ; quando são impedidas de jogarem as coisas e de socar,
batem com a cabeça no chão, fazem crises de birra e puxam os cabelos, dão fortes
mordidas. Avançam nas pessoas aos menores estímulos contraditórios; entretanto,
apesar deste caráter valente, mostram-se extremamente medrosas diante daquilo
que seria o sobrenatural, temem fantasmas, demônios, ficam impressionadas com
os contos de fadas, e passam noites em claro com medo de bruxa, mula-sem-
cabeça e saci pererê. Pedem para pular a parte que não gostam da história (como o
momento em que a bruxa aparece).
Têm como característica física marcante suas extremidades frias, contrastando com
calor e transpiração quente na cabeça. São crianças que esquentam a cabeça com
freqüência ; de tão medrosas se tornam religiosas, numa troca com o mundo
espiritual que tanto temem. Cleptomaníacas, roubam pequenas bobagens ou
brinquedos de seus amigos. E interessante seu delírio: vêem coisas, acordam à
noite descrevendo demônios e monstros impressionáveis com desenhos da TV; esta
agitação toda é acompanhada de dilatação de pupilas tornando o quadro mais
dramático ainda (sonham com fogo não toleram trepidações.
»Anjos exterminadores » essa expressão define bem a criança de BELLADONNA,
que, apesar de ter uma boa índole, num rompante pode destruir tudo a sua frente.
Organicamente podem apresentar hipertermia, sensação de queimação nos órgãos
adoecidos, alterações de consciência, lembrando nas febres um quadro cérebro-
meníngeo ; edema de glândulas.
Crianças fortes, corpulentas e plectoricas, o que a reforça por sentir-se mais forte.
Forte ao brigar. Já levei dentada de uma menina belladoninha que não queria ser
examinada, e cujo pai quis contê-la à força para que eu pudesse ver as suas
amígdalas.

Bryonia Alba

Caso nos deparemos com uma criança enferma que, ao invés das demais que
procuram o conforto dos seus para ganhar paparicos, mimos e colinho, procura, ao
contrário, ficar só num canto, pede que as demais pessoas saiam do quarto e fica
com a mão segurando a região lesada, devemos ficar bastante atentos, pois com
grande probabilidade estaremos diante de uma criança BRYONIA.
Terá como defesa imobilizar a região dolorida, deitando-se sobre o lado adoecido
conseguindo assim acalmar sue dor- o movimento agrava (contrário
“CHAMOMILLA”); assim como a planta BRYONIA, uma trepadeira que usa suas
gavinhas para fixar-se ao tronco principal.
Numa pneumonia do lado esquerdo, a BRYONIA tosse com a mão segurando esta
parte do corpo. Cumprindo com o papel de trepadeira que se fixa não gosta se sair
de casa a passeios (diferente da misantropia sifilítica por não ser uma acomodação
destrutiva); no dia-a-dia busca o seu sossego, quer ficar em casa em seu quarto,
sem que ninguém lhe perturbe; a imobilidade de física lhe dá uma sensação de
proteção psíquica. Busca sempre o seu cantinho; mesmo que não tenha o seu
próprio quarto num apartamento pequeno, por exemplo, elegerá sempre seu
cantinho. O maior presente que um pai pode dar ao seu filho BRYONIA é seu
próprio quarto.
Quando na anamnese indagamos a esta criança o que faria se tivesse uma varinha
mágica para realizar seus desejos, a resposta é : ter meu quarto, sem precisar
dividir com mais ninguém.
Isto também poderá ser encarado como um comportamento avaro, e na verdade a
avareza vem de necessidade de a trepadeira delimitar seu espaço físico, agarrando-
se com unhas e dentes ao seu território.
Adoecem em viagens; já ouvi muitas vezes os pais dizerem :
”Doutor, viemos para um check-up antes das férias, mas, apesar disso, parece
incrível, todas as vezes que viajamos esta criança adoece!”.
Ficar longe de seu canto traz insegurança à nossa BRYONIA, daí entendermos o
porquê de ficar falando sobre sua casa, de não ver a hora de a viagem de férias
acabar (o que normalmente se espera é o contrário).
Viver na sua, este é o lema dessas crianças.

Bufo rana

A descoberta dos genitais, com sua manipulação trazendo prazer na idade pré-
escolar, é algo perfeitamente conhecido dos psicólogos infantis; entretanto, nas
crianças BUFO a manipulação de seus genitais é muito acentuada, levando à
necessidade de isolar-se dos demais para tal prática, deixando todos os
entretenimentos da idade a fim de ficar fechadas em si, num canto, sem que
alguém a reprima ou a censure, sendo que alcança o grau máximo da masturbação
na infância.
Cumprem assim o papel deste anfíbio, que copula através das almofadas nupciais
encontradas entre os seus dedos (Tem nas suas mãos o instrumento de prazer
sexual).
Este anfíbio também expressa-se através de seu prazer pelos banhos; desde cedo
tais crianças melhoram tomando banho; suas dores, sejam de barriga ouvido,
tosse, etc., melhorarão ao banhar-se, e graças a isto teremos sempre ,nosso
sapinho brincando com a água.
Como sintomatologia marcante teremos crises, epilépticas, tanto de pequeno
quanto de grande mal; somadas muitas vezes à gagueira, demonstrando a
dificuldade que tais crianças apresentam em se fazer entender pelas pessoas
(grande remédio para gagueira na infância, quando acompanhada das demais
características).
A dificuldade maior que BUFO encontra lhe é imposta pela sensação por concepções
de falso moralismo de que manipular seus genitais é pecado, é errado, trazendo-lhe
uma culpa sicótica, que gerará mais insegurança; por este mecanismo terá, como
em BARYTA, um rendimento escolar insatisfatório.
Encontraremos aqui um sintoma importantíssimo, que é o medo de animais,
quando normalmente as crianças têm até um certo tropismo pelos bichinhos.
Ao isolar-se dos demais para mastubar-se, passa a apresentar misantropia,
comportando-se como um velho.
Ao compreendermos e diagnosticarmos um BUFO, caberá ao Homeopata aqui-mais
do que simplesmente dar o remédio e selecionar a potência adequada – o papel de
educador, pedindo compreensão e paciência à família para que não o censure
tanto, pois brevemente tudo estará solucionado com o restabelecimento do seu
fluxo energético.

Calcarea carbonica

Para aqueles que não acreditam que cada um tem seu próprio universo e que o
Homem é apenas fruto de estímulos ambientais, bastaria o exemplo de uma criança
CALCAREA CARBONICA para que esta teoria comportamental viesse abaixo.
Senão, como explicaríamos o fato de uma criança de 3 anos de idade que, ao
ganhar um saco de balas, em vez de chupá-las de uma só vez-como seria de se
esperar devido à gulodice dessa idade – guarda as balas, economiza mesmo que
você assegure que quando acabar irá ganhar mais, desembrulha apenas uma,
chupa um pouquinho e depois volta a embrulhá-la, guardando para depois.
Ou ainda, ao ganhar um dinheirinho de seu padrinho, em vez de gasta-lo com
figurinhas, gibis, chicletes, etc., guarda- o arrumadinho em sua gaveta e tem um
certo prazer ao olhar o dinheiro economizado; quando questionada por que quer
guardar, responde com autoridade (mesmo sem ter sido preparada para isso)
“guardo porque mais tarde posso precisar e daí já tenho”.
Não chupa sorvetes na frente das visitas, para não ter que dividir, espera até elas
irem embora.
Este medo de infortúnio, este pressentimento ruim faz deste policresto um
medicamento forte desde a infância; crianças impressionáveis com desgraças
apresentadas no jornal de TV, falam sobre o assunto não pela com passividade
forte- como em PHOSPHORUS, que sofre pela dor alheia -, mas por medo que o
infortúnio se aproxime de si.
“Pai a África é muito longe? Um leão poderia chegar até aqui e me comer? E se não
parar de chover como no Sul, nossa casa também ficará inundada?”
Esta preocupação demonstra o medo que CALCAREA sofre. Teme ficar pobre, teme
uma desgraça.
São crianças que acumulam também gordura, pois são obesas, lentas, guardam até
suas fezes (obstipadas); cheias de medos, durante a noite; quando tais fantasias
de infortúnio tomam corpo, transpiram muito na cabeça (a fronha, no outro dia,
está toda molhada); têm cãibras nos membros, humor chorão; são egoístas,
friorentas, preguiçosas, obstinadas, pão-duras, e gorduchas-assim se compõe
nossa CALCAREA CARBONICA.

Cannabis indica

Um caso de ambulatório chamou em especial minha atenção para este


medicamento : uma criança de 8 anos que vinha à consulta devido a um eczema de
dobras que muito a estava incomodando nos últimos meses.
Ao ser interrogada, a criança começou a apresentar uma extrema riqueza de
sintomas mentais de uma maneira muito confusa, envolvendo muito o tema
religião, visões de imagens, estrelas cadentes, Jesus Cristo, demônios, dizia ouvir
sons e vozes, sem que houvesse na família qualquer componente religioso-
espiritual forte que pudesse ter impressionado nosso paciente.
Tais sintomas mentais agravaram-se, assim como o eczema, quando a família
tentou matriculá-lo, no ano seguinte, numa escola pública, deixando assim a escola
particular.
Até aqui poderíamos pensar numa PLATINA, cuja arrogância justificaria sua vontade
de persistir na escola particular, por exemplo; entretanto, ao indagarmos o porquê
de sofrer com a mudança de escola, veio a surpreendente resposta:
“Na próxima escola não tem psicólogo para me ajudar se eu precisar”.
CANNABIS teme vir a ficar louco, ter consciência de que sua mente pode ficar
dividida (esquizo + frenos = mente dividida), mesmo aos 8 anos de idade.
Após este fato, ficamos mais atentos à história e observamos uma imensa
variedade de relatos estranhos, insanos, onde a criança troca a ordem das coisas,
não havendo nexo em seu discurso falando com loquacidade de assuntos
“absurdos”.
Ainda para ilustrar, tal paciente tinha medo de nadar no mar ou na piscina, e
sabemos que CANNABIS teme afogar-se.
A evolução foi mais que satisfatória; após 90 dias, no retorno, estava melhor,
inclusive do eczema, e já reiniciava as aulas numa boa.
Cantharis vesicatoria

E o medicamento que não poderá faltar na sua mala de emergência, uma vez que
as crianças CANTHARIS têm suas manifestações extremamente agudas e
fulminantes, acometendo com alta freqüência as vias urinárias.
Entram no consultório aos gritos, desencadeados normalmente por dores violentas
e ardentes no aparelho genito-urinário, ardência de bexiga e/ou uretra com
urgência miccional, que ocorrem antes, durante e depois da micção; crianças
agitadas, não conseguem parar quietas um só instante, chorando de dor, ocorrendo
aqui um quadro completo de sinais e sintomas destes desequilíbrios como anuria,
medo de urinar com vontade de urinar, hematúrias, albuminurias, nefrites, litíases
renais, balamo-postites e orquites; ereções em meninos acompanhadas de dores;
seguram a urina com medo da dor de urinar o que agrava mais ainda o quadro.
Tais manifestações nada mais são do que a violência somatizada em CANTHARIS
para as vias urinárias; seu temperamento é forte, sendo normalmente insolentes,
irritadiças agridem com palavras, xingam e exigem que tudo aconteça na hora,
sendo portanto impacientes.
Apresentam também uma esfera de sensualidade e lascividade não só quando
deliram como quando estão conscientes, o que nos lembra a criança de
HYOSCIAMUS (aqui a violência e a dor farão o diagnóstico diferencial); a
lascividade de CANTHARIS tem caráter masoquista na medida em que ulcera seus
genitais na manipulação, o que agravará mais ainda suas queixas.
Encontraremos nas crianças CANTHARIS queixas do tipo dor em queimaduras no
aparelho digestivo, dores em queimaduras no processo de deglutição, aftas,
eczemas e escoriações de pele.
Devido a sua ardência, divide com ARSENICUM o espaço de medicamento para
queimaduras em acidentes com água fervendo.

Causticum

Quando você estiver diante de uma criança, mesmo que ainda pequena, de colo,
com uma aparência de desprotegida, que mobiliza a família toda em função de si,
toda uma corte para servir sua “majestade a fraqueza”, com um arzinho de coitada,
ATENÇÃO ! você poderá estar diante de um CAUSTICUM e, se não tiver cuidado e
tomar uma boa história clínica acabará diagnosticando PHOSPHORUS ou
PULSATILLA devido ao seu jeito dependente.
A casa de CAUSTICUM será como um quartel onde todos são serviçais a disposição
de “pobrezinha” CAUSTICUM, que ditatorialmente exerce seu poder pela pressão
emocional fazendo todos cúmplices e culpados do seu padecimento. E o general
que dirige não por autoridade mas pelo suborno, deixando os demais sempre com
piedade de si; assim os pais apenas não bastam, CAUSTICUM terá também avós,
madrinhas, vizinhas, babás etc., em volta para servir sua fraqueza; usa de um
discurso de indefensibilidade, e em função disto não quer sarar, pois, por meio de
suas “penas”, exerce um poder mórbido sobre as pessoas.
Lembro-me de uma adolescente de 13 anos que, encontrou sua cura de uma
cefaléia crônica, tratada anteriormente com medicamentos alopáticos analgésicos e
até psicotrópicos questionou : -“E agora, tio Brunini, como ficarei sem minha dor?”.
O medo e a covardia trarão gradualmente manifestações histéricas crônicas como a
paralisia (diferencial com GELSEMIUM, em que o processo é mais agudo); dando
uma conotação mais forte a estas crianças, levando seus pais a buscarem qualquer
coisa para livrá-las de tal sofrimento.
Exploram a sua dor para exercitar o poder sobre os outros, curtem seu sofrimento
não por masoquismo, mas por terem no seu padecimento uma ferramenta, pela
qual, por meio de chantagem, alcançam o que almejam.
Chamomilla

Com certeza que os efeitos “calmantes” desta planta são os mais conhecidos por
todos os pediatras alopatas e homeopatas e mesmo pela população leiga, pois a
similitude entre a hipersensibilidade e agitação de certas crianças desde a lactância,
com a agitação desencadeada pela toxidez desta planta, compõe a sua identidade.
A melhora com o movimento faz com que, de saída, o homeopata fique atento ao
ver uma criança no colo dos pais, que a embalam com certo vigor – e se param
com este movimento por um instante, ela volta aos berros, chorando com forte
intensidade.
Desta forma, uma dor de ouvido, barriga ou mesmo a irritação de uma erupção
dentária melhorarão com o chacoalhar no colo, quando o esperado será, no
momento da dor, a busca de sossego e da imobilização, mas em CHAMOMILLA é ao
contrário.
A família refere que a criança só dorme no colo, ao ser embalada, e que muitas
vezes o pai é obrigado a revezar à noite numa vigília com a mãe, mexendo o cá,
com muito movimento para que seu choro não acorde toda a vizinhança.
Outras vezes usa da tática de colocar no carro e dar voltas no quarteirão para que
CHAMOMILLA sossegue e pegue no sono.
Seu humor é detestável ; cheia de vontades e caprichos, furiosa quando não
atendida, faz crises de birras; a música agrava CHAMOMILLA.
Cursa com cólicas, flatulência, ao exame abdômen distendido timpanismo
aumentado, evacuações esverdeadas.
Nenhuma posição lhe agrada; por isso quer o movimento, demonstrando
insatisfação desde cedo.
Grande medicamento (utilizado em forma de chá até pelos alopatas) para situações
como as descritas/ transtornos por dentição.

Chelidonium majus

Este medicamento, usado em grande escala em baixas potências por berçaristas


com formação homeopática, para icterícia fisiológica do recém nascido (raciocínio
organicista); apresentará sintomas tão peculiares que permitirão desde cedo
compreender seu núcleo mental e reconhecermos um bebê ou uma criancinha de 2
anos como um CHELLIDONIUM.
O humor bilioso, o aspecto brigão, encrenqueiro, o mau humor após as refeições
(mesmo que seja mamadeira), a aversão às brincadeiras – os pais referem que o
CHELLIDONIUM é bravo, nunca ri das brincadeirinhas que lhe são familiares, chora
e faz birra com estranhos, nunca vai no colo daqueles que não conhece, e mesmo
dos conhecidos às vezes também recusa o colo, emburram por pouca coisa.
Crianças magras irritáveis; que se aborrecem com música e cantigas infantis; têm
como órgão de choque seu aparelho digestivo, faces amareladas, com uma
estranha mania de cheirar tudo aquilo que encontram e muitas vezes sentem o
cheiro como desagradável (fecal).
Mau hálito, língua marcada e amarelada-; em virtude dos transtornos digestivos
acompanhados muitas vezes de hipocolia fecal, leva à confusão diagnóstica mesmo
os pediatras mais experientes, que julgam tratar-se de hepatite, o que é afastado
por seu TGO e TGP virem normais (sendo que organicisticamente é usado graças a
sua similitude com a hepatite nesta afecção).
Não raramente encontraremos crianças com este grau de azedume, e aqui é
importante lembrar sempre do nosso bilioso CHELLIDONIUM.

China officinalis
Em crianças, o que mais chama a atenção para o diagnóstico deste medicamento é
a incrível prostração ou desânimo que CHINA apresenta após duas ou três
evacuações líquidas: ficam murchas física e mentalmente, tristes, silenciosas, sem
prazer para nada jururus, jogadinhas no colo de sues pais. E aqui é importante
lembrar; para que tal fato ocorra, não é necessário que haja uma perda hídrica
significativa, ocasionando uma desidratação de segundo ou terceiro grau, basta
perder um pouco de líquido através de vômito ou diarréia para que entrem um
desânimo total, inclusive não respondendo as perguntas que lhe são feitas.
”Há poucas horas ela estava ótima, entretanto, vejam agora como CHINA está
mole” – por este mesmo raciocínio, é um excelente medicamento para situações
agudas de gastroenterites, muitas vezes onde é obrigatório o emprego de soluções
endovenosas para se evitar um choque hipocolêmico, o uso deste medicamento
levantará o moral deste paciente em poucas horas. Devemos sempre estar atentos
a situações de hipersensibilidade a perda de quaisquer líquidos, assim como
hemorragias, uma vez que CHINA é o medicamento mais sensível a perda de
líquidos da matéria médica, pois, no fundo, nestas situações CHINA se sente
“vampirizado” , como se lhe roubassem todas as energias.
A NATRUM MURIATICUM perde o sabor da vida em suas brigas e desafetos; CHINA
não cria desafeto nenhum, mas perde o sabor da vida com seu desânimo físico e
mental nas perdas efetivas de líquidos.
Não busca o consolo ou carinho como uma PULSATILLA, até pelo contrário, tem
aversão a ser tocada, aversão ao consolo; entretanto, melhora seus sintomas
quando recebe um aperto sobre pressão (tal qual os casos hemorrágicos, que
param de sangrar quando é feita uma pressão).
CHINA chora e vomita por carícias.

Cyclamen europaeum

Ao depararmos com uma criança que tem todo o jeitinho de uma PULSATILLA,
entretanto afetivamente nos lembra mais uma SEPIA ou NATRUM MURIATICUM
(esta última fechada em suas mágoas arquivadas na memória), ou SEPIA
(insensível nos seus afetos), deveremos sempre lembrar de uma criança
CYCLAMEN, pois esta tem toda a totalidade de sintomas de uma PULSATILLA
menos seu núcleo carente de afeto. Aqui em CYCLAMEN o eixo “tristeza-culpa” é o
seu ponto marcante. Desta forma, suas lições escolares, seu comportamento são
também irrepreensíveis, mas não motivados por um jogo de conquista e sedução
para conseguir carinhos (PULSATILLA) e sim, por um alto sentimento de dever e
responsabilidade; desta forma, tais crianças não querem consolo, não buscam o
colinho, não são PULSATILLA fria, que faz as coisas certas por medo de ser
perseguida; seu aspecto físico fraco nos lembra SILICEA. Apresentam-se doces,
escrupulosas, sérias, cursando também com sentimento religioso, humor alternante
variável e excentricidade. O maior medo de uma criança CYCLAMEN é o de trovões;
de peculiar tem sua saliva com gosto salgado, deseja limonadas e sardinhas, come
aos poucos, “belisca” o dia inteiro; soluços, náuseas e bocejos freqüentes; coriza
catarral crônica, de cor clara e não irritante, acompanhando muitos espirros
(alterna com períodos de narina ressecada); melhoram ao ar livre.

Coffea cruda

As crianças COFFEA têm peculiaridades interessantíssimas, graças a sua


hipersensibilidade; estarão sempre pelos cantos da casa chorando, reclamando,
inconsoláveis.
A primeira reação que as pessoas têm ao ver uma criança pequena de colo
chorando é agradá-las, pegá-las e é exatamente aí que as coisas pioram, pois não
toleram serem carregadas quando choram por uma dor ou um machucadinho.
Sem dúvida que são as mais sensíveis da matéria médica. Você estará, por
exemplo; brincando com uma bola com sua COFFEAzinha, e, de repente, uma
bolada mais forte na perna é fator desencadeante para disparar num choro como se
um grande desastre tivesse ocorrido; e, na verdade, é assim mesmo que COFFEA
sente, graças a esta sensibilidade exagerada produz choros escandalosos por
pequenos esfolões como se o mundo viesse abaixo.
Do ponto de vista mental, o mesmo acaba ocorrendo: COFFEA ficará “de mal com
você”, ofendida, melindrada sem que você entenda, pois uma pequena observação
pouco feliz será tomada como uma grande ofensa (mudando de humor da “água
para o vinho”).
Entretanto é através da insônia – inexplicada, pois não tem justificativa aparente –
que nossa COFFEA demonstrará uma forte particularidade: pequenos barulhos na
rua, um c=ao que ladra, uma motocicleta, um feixe de luz numa fresta do corredor
estimularão seus sentidos e a farão passar noites acordadas, incomodando seus
familiares, não por medo ou terror noturno, mas por vivenciar em grau maior tais
estímulos.
Grande remédio para dores agudas do lactente como otites, cólicas e dentição
dolorosa.

Colocynthis

A criança COLOCYNTHIS, graças a sua rápida somatização após um processo de


indignação , faz com que seu diagnóstico seja um dos mais precisos e claros-apesar
de toda a dificuldade que se tem em ultrapassar as barreiras do seu mundo mental,
uma vez que a história é geralmente colhida por intermédio de seus pais.
-“Acho que muitas vezes meu filho inventa esta dor de barriga, pois é só receber
um “não” ou ficar contrariado, que se põe furioso, chora e se comprime, parece
uma farsa”.
E importante aqui uma boa tomada do caso, pois COLOCYNTHIS não simula dor,
ela exista realmente, sendo que sua peculiaridade está no fato de que a criança ao
invés de ficar quietinha num canto esperando por algumas gotas analgésicas,
torna-se agitada, dobra as pernas sobre o abdômen, adota a posição em “prece
maometana” e se põe inquieta, xinga, reivindica, colérica com uma braveza
marcante, dando até a impressão de que estaria encenando. Mas a dor de
COLOCYNTHIS deve ser valorizada, pois é real. COLOCYNTHIS sofre devido à
particularidade de ter uma rápida somatização; é o medicamento de somatização
mais rápido da matéria médica.
Tais cólicas poderão ser acompanhadas de vômitos, ou em um grau menor ter
como sintoma apenas o vômito.
Vomitam e se põem coléricas imediatamente, quando são contrariadas (não espere
a cólica para diagnosticar COLOCYNTHIS, o vômito por indignação imediata basta).
Ao contrário de STAPHISAGRIA, que leva a bronca para casa e tem somatização
imediata.

Drosera rotundifolia

Sempre que encontrarmos uma criança gordinha, com uma forme insaciável,
poderemos estar diante de uma DROSERA, plantinha carnívora que vive de boca
aberta aguardando alimento.
O que marca nestas crianças é que a qualidade não tem grande importância, pois
vão devorando tudo aquilo que encontram pela frente, acabam de almoçar em casa
e vão à casa do vizinho com o pretexto de brincar, mas na verdade sabem que
serão convidadas para comer de novo.
Quando encontramos indivíduos adultos desconfiados, cheios de receios,
poderemos interpretar como uma cautela ou prudência em função de frustradas
experiências de vida; entretanto, quando vemos crianças cujo tempo de vida não
justificaria um comportamento deste tipo, uma explicação cabível é seu universo
peculiar, sua psora de “desconfiança”.
São medrosas, do tipo que procura o quarto dos pais à noite dizendo estar com
medo.
Desde cedo as crianças de DROSERA fazem planos, naturalmente sem que alguém
lhes transfira qualquer compromisso vocacional, sonhando com prosperidade; se
você perguntar a uma criança de DROSERA o que gostaria de ser quando crescer,
ficará surpreso ao ver que ela tem planos para um futuro distante, conta como
gostaria que os fatos ocorressem daqui a 20 ou 30 anos, embora, devido ao medo
que sentem de que alguém possa destruir seus planos, se tornem excessivamente
desconfiadas. Tudo necessita de uma explicação convincente, jamais DROSERA se
contenta com uma reposta pobre em argumentos – o porquê “tem que ser rico em
argumentação”.
Tem uma típica sensação de secura com coceira e arranhão em garganta, o que
desencadeia uma tosse laríngica, seca, convulsa, e irritativa; em virtude disso é
usada organicisticamente em quadros coqueluchóides.

Dulcamara

Em nossa experiência, as crianças DULCAMARA foram todas inquietas.


A inquietude é um traço marcante em muitas crianças que sofrem outros
medicamentos da matéria médica, mas em DULCAMARA sua necessidade de
movimento (melhora ao movimento) é muito intensa, inclusive de caráter muitas
vezes nervoso, irritáveis, coléricas, arremessando objetos, o que demonstra grande
impaciência, para instantes depois tornarem se doces (DULCAMARA Doce/Amarga),
nem parecendo as mesmas crianças (diz quem as observa). Da mesma forma como
esta necessidade de movimento demonstra uma insatisfação, uma busca, de uma
definição do seu caráter: ora doce, ora amargo.
De ponto de vista orgânico, tais crianças têm uma semelhança muito grande com
ACONITUM, que também adoece com a mudança do clima; entretanto, em
ACONITUM o que agrava é o frio seco e em DULCAMARA frio úmido.
Desta forma, expressar-se-á mediante processos eruptivos, bronquites,
conjuntivites resfriados, diarréias, com a característica de produzirem muito muco e
catarro, somado à peculiaridade de um frio glacial nos pés (diagnóstico diferencial
com SULPHUR, que tem ardência nos pés).
Este aspecto dos pés gelados, apesar de ser um sintoma menor, alcança grande
importância graças a sua particularidade, chamando a atenção dos pais e sendo
muitas vezes o objeto da consulta.
Diagnóstico diferencial com CHAMOMILLA; que também melhora seus sintomas
orgânicos e mentais com o movimento, mas instantes após não alcança sua doçura,
e com as crianças NUX-VOMICA e STAPHISAGRIA, capazes de atirar coisas por se
sentirem injustiçadas e nunca por indefinição.
Manifestações clínicas como a labirintite, ocorrendo em crianças, teremos aqui
“DULCAMARA” um medicamento com bastante emprego.

Ferrum metallicum

As crianças de FERRUM têm um espírito guerreiro natural, desde cedo brincam de


lutar, imitam os super-heróis da TV (He Man, Iron-Man, Giraia, etc.), e seu
brinquedo predileto é uma espada de plástico.
Um fato peculiar é que, apesar de terem uma debilidade física, com fraqueza,
mucosas descoradas, procuram as brincadeiras de luta, adoram artes marciais,
pedem aos seus pais que os matriculem no Karatê ou judô; paradoxalmente
conscientes de sua fragilidade, ao mesmo tempo em que são valentes temem se
machucar. Em crianças com este temperamento encontraremos aqui dois tipos de
situações:
1. Crianças que apresentam alterações no hemograma, fazendo uma anemia
ferropriva, mesmo tendo taxas adequadas de ferro na comida, demonstrando uma
dificuldade inata de assimilá-lo.
2. Crianças com hemograma normal, ferro-sérico normal, mas que têm um
comportamento orgânico similar ao de um indivíduo anêmico, ou seja, apatia,
desânimo, fraqueza a mucosas descoradas. Aqui lembram também
TUBERCULINUM, mas TUBERCULINUM é covarde, chuta coisas e xinga, não
enfrenta as pessoas, não é combativo.
Outra característica que tais crianças apresentam é uma alternância de apetite
excessivo (CHINA) com inapetência, compartilhando também com CHINA o espaço
de crianças que agravam rapidamente com perda de líquidos – entretanto em
CHINA a agravação é por perda de líquidos em geral e em FERRUM as hemorragias
(mesmo as pequenas hemorragias, como um cortinho no pé) ou mesmo epitaxes
(pequenos sangramentos nasais) trarão grande prostração às crianças, com
agravação de seu estado emocional.

Gelsemium sempervirens

A antecipação é o sintoma chave para o diagnóstico das crianças GELSEMIUM, pois


estas sofrem por antecipação, preocupam-se demais com os fatos, temem uma
desgraça ou que algo muito ruim aconteça, sendo que aquilo que mais marca é
uma “antecipação sem propósito”, diferente por exemplo de nosso
LYCOPODIUMzinho, que, por ter medo que algo de ruim aconteça, coloca seu
despertador para as 4 horas da madrugada e recorda os pontos que poderão cair
no exame do dia seguinte, preparando-se de uma maneira meticulosa.
GELSEMIUM perde sua noite de sono na véspera de um exame escolar, passa a
madrugada sofrendo, acreditando-se já reprovado e, no entanto, nada executa
para fugir ao fracasso, n=ao lê uma folha de seu livro – é uma preocupação que
poderíamos chamar de inútil e sem propósito.
Crianças que adoecem quando o pai perde o emprego, pois temem ema desgraça.
E também uma plante trepadeira, demonstrando uma insegurança constitucional.
São incapazes de se apresentar em público nas festinhas escolares – nestas
situações somatizam agudamente sua histeria tornando-se mudas ou com
paralisias transitórias (histeria de conversão), os músculos não obedecem a sua
vontade, apesar de testarem neurologicamente.
A pior coisa que você pode fazer a uma criança de GELSEMIUM é colocar um
horária marcado; assim se tem duas horas para cumprir uma tarefa, ficará todo o
período incomodada com o relógio e não fará nada.
Do ponto de vista orgânico marcante, temos esta sua agravação ao sol forte,
crianças que voltam da praia no verão com fortes gripes desencadeadas pelo sol
forte.
Quando um garotinho de 5 anos de idade arregalar os olhos após o término da
consulta, com ares de preocupado, franzir as sobrancelhas e lhe perguntar: -
“Doutor, vou ficar bom? Ou meu caso é grave?”, não ria, você possivelmente estará
diante de uma criança que sofre um GELSEMIUM sempervirens.
Graphites

Acredito que “insolência” é a palavra que melhor define as crianças malcriadas de


GRAPHITES, pois, por terem “consciência psórica”, de uma importância secundária,
reagem ao seu complexo de inferioridade sua revolta desde pequeninas com
atitudes e palavras fortes tentando justificar seus fracassos (em BARYTA temos
complexo de inferioridade, mas não temos grosseria).
Alguns sintomas mentais chegam a ser mais observáveis na infância do que na
idade adulta por não ocorrer a hipócrita “verniz sicótica” : a inveja e o ciúme estão
explícitos nas atitudes de GRAPHITES, reclamando que o seu bife é menor que o do
irmão, que suas roupas e brinquedos são piores, por isso não é tão bonito,
chegando a movimentos destrutivos de rasgar e destruir as coisas do outro.
A criança GRAPHITES tem sempre explicações e justificativas prontas para qualquer
situação de fracasso, sempre jogando a culpa numa situação externa: se foi mal na
prova é porque não recebeu de seu professor a dedicação que merecia, caso
contrário o resultado seria diferente; se jogou mal futebol a culpa foi do juiz ou do
seu tênis apertado se tivesse um tênis adequado o resultado seria outro; assim
nosso “Isômero – Diamante” vai vivenciando sua vida biopatográfica desde a
infância dos “se” e “quase”. Crianças desalinhadas, obesas, que melhoram
comendo, friorentas, com erupções secretórias onde o líquido é denso como o mel,
que incrementa seu aspecto ruim.
PERGUNTA: “O que a vida poderia ter feito para este gurizinho de 4 anos carregar
dentro de si tanta mágoa?”
RESPOSTA: “E sua angústia miasmática, seu universo de menos-valia, a sensação
de que por muito pouco a mais chegaria lá; e sabe qual não chegará. E seu adoecer
em GRAPHITES.

Hepar sulphur

Seria mais fácil fazer o diagnóstico de HEPAR SULPHUR se todas as mães dessas
crianças chegassem ao consultório referindo de uma maneira incomum o fato de
seus filhos ficarem brincando de fazer “fogueirinhas”, a tal ponto de elas terem que
esconder as caixas de fósforos, pois ao menor descuido correm o risco de ter a casa
em chamas. Entretanto, HEPAR tem também outros sintomas peculiares que
poderão aparecer desde a infância e que nos auxiliarão a selecionar este
medicamento, mesmo que este sintoma (incendiário) não seja referido.
O senso de perigo não costuma fazer parte do modo de vida de tais crianças, pois
são atrevidas, topando atividades perigosas, não aceitam limites, sendo
imprudentes, e graças a sua impulsividade fazem aquilo que lhes “dá na telha”.
Sua irritabilidade, desde cedo demonstrando ter pavio curto, explodindo por
pequenas coisas (um almoço que atrasa ou um quebra-cabeças que não dá nosso
pequeno HEPAR pegar fogo, ficar mal humorado e violento.
Desta forma encontraremos atos inconseqüentes em relação aos outros, sendo
capazes de em instantes de contrariedade estragar coisas e mesmo machucar
seriamente alguém; nunca permita ou estimule brincadeiras de “luta”, pois o
desastre pode ser irreversível (ferir alguém com armas brancas ou objetos
pontudos). Aqui cabe o diferencial com NUX-VOMICA, e o que destaca é que nestes
sua violência estará marcada por um núcleo de justiça, não é uma violência
gratuita.
Apesar da obesidade não ser um traço forte neste medicamento, as crianças HEPAR
são gulosas, devoram o que vêem na frente e isto acalma a sua ansiedade,
preferem comidas condimentadas, o que é sintoma, pois não é usual vermos
crianças gostando de picles ou pimenta.
As crianças de HEPAR encontram no anoitecer e na noite um adversário,
melhorando o seu humor na presença do Sol (elemento fogo); na luz do dia.
As crianças HEPAR são também as fedidinhas da matéria médica.
Hyoscyamus niger

Por mais liberal que você seja, dificilmente deixará de ficar “PASMO” quando
encontrar uma criança de HYOSCIAMUS; talvez a sua primeira impressão é de que
ela está fazendo tipo, quando na verdade tais crianças ou adolescentes são
naturalmente despudoradas. Meninos que expõe voluntariamente seu pênis e ficam
exibindo-o em público.
Usam de uma linguagem pesada, cheia de gírias, palavrões e obscenidades;
meninas que fazem questão de se vestir com a maior vulgaridade possível,
carregando nas pinturas, expondo partes íntimas no cruzar as pernas, esbanjando
precocemente sensualidade (numa idade onde o esperado é a inocência com certa
ingenuidade, este é porquê do “PASMO”.
Adoram aprender, ou mesmo inventar paródias temperando com malícia as letras
das músicas de TV (e isto já observei em crianças de 4 anos de idade), brincam e
se olham no espelho fazendo de mulher fatal.
Já nos primeiros namoricos encontramos um infundado ciúmes (infundado pelo
descompromisso que tais namoricos deveriam ter), variando desde simples
suspeitas até delírios, fantasiando situações e criando embaraço para todos.
Nunca prometa algo que não possa cumprir a uma HYOSCIAMUS, pois as
conseqüências poderão ser desastrosas (principalmente se este algo estiver ligado
com afeto).
Gostaria de ressaltar duas características importantes : 1) coréia ou “convulsão”
local, tal como estrabismo, entortar um lado de rosto, piscadas seguidas lembrando
“tics nervosos” ; 2) em seus sonhos, ou quando delira, fala sobre uma ocupação
como assuntos escolares que tem que cumprir.

Ignatia amara

O aspecto teatral é marcante nas crianças Ignatia, dando verdadeiros shows


histéricos: desmaiam nas excursões da escola (como um bom histérico, quanto
maior a platéia maior o show), têm crises de paralisias de um braço ou uma perna,
contorcem-se, viram os olhos (melhoram esfregando “vinagre” ou “álcool” nos
punhos).
Têm seu medo exacerbado durante a noite, entretanto não os delírios de
STRAMOMIUM, apenas um medo sem direção, infundado (terror noturno).
A sua excitação freqüentemente vem acompanhada de vômitos : vomitam quando
ansiosas por algo, vômitos da dentição, vômitos nas febres.
O Dr. Hering refere Ignatia como se não houvesse cumprido com um voto, como se
tivesse faltado com sua obrigação, o que nos faz compreender o porquê de certa
“passividade” perante situações desconfortáveis, em que qualquer criança findaria
por revidar. E que nossa Ignacia compra o “desacato” aceitando um castigo ou uma
situação desagradável como uma justiça natural por seu voto não cumprido (até
parece que já estava esperando que tal fato aconteceria).
A sua reação será mais a de somatizar do que tomar realmente uma atitude.
Intelectualmente precoce, vai bem na escola, gosta de dançar; irritada por ruídos,
tem uma expressão facial séria, rosto contraído, um humor lábil, reagindo com
convulsões ou vômitos aos castigos ou repressões (ignatia não só compra a punição
externa como também se autopune ao proceder desta maneira). Se você reprimir
ou bater numa criança Ignatia, saiba que ela encontrará motivos para justificar o
por que está apanhando; mesmo que você não os dê.
Ipecacuanha

Crianças pedantes e depreciativas, com forte espírito crítico, colocam defeito em


tudo, nada lhes agrada: a comida que sua mãe,prepara nunca está do seu gosto,
em um passeio ao circo ou ao teatrinho sempre aparecerão defeitos no comentário
do outro dia; são crianças chatas, implicantes.
Encontraremos outros medicamentos na matéria médica que também têm estas
características; entretanto, o que é peculiar em nossa crítica Ipeca é que ela tenta
convencer os demais de que suas idéias são corretas, necessitando assim do apoio
de seu grupo para consigno; incapazes de realizar melhor, como os “críticos
profissionais” que são apenas teóricos, despeitadamente buscam desdenhar.
As aulas de seus professores nunca serão adequadas, agitam seus colegas e
organizam motins; na verdade, IPECA não sabe bem o que quer, sua insatisfação
interna é transferida vendo nos outros seus próprios defeitos (justifica-se assim
serem desconfiadas, fofoqueiras, caluniadoras e maledicentes).
Psicossomaticamente pensando, entenderemos o porquê de suas náuseas e
vômitos (criança que mais vomita na matéria médica – o vômito é o abortamento
das insatisfações que precisam expulsar de si), vomitam seguidamente chegando
muitas vezes a vomitar sangue; apresentam ainda dores abdominais violentas,
vomitam após contradições, tosses violentas bruscas, sufocantes, sem
expectoração, acompanhadas de vômitos, asmas, hemoptises, epitaxes.

Kalium carbonicum

(KALI)- Mãe! Vou até a padaria comprar chicletes e já volto…..


(Mãe de KALI) – Puxa, filho, como você foi e voltou rápido!
(KALI) – Acabei não indo, desisti
KALI tem grande dificuldade em ir em frente com o que se propõe, em cumprir com
seus objetivos.
As crianças têm um forte antagonismo em relação a si mesmas: em um momento
desejam algo, em outro já não mais; e na verdade não sabem bem o que querem,
sendo assim caprichosas, mal-humoradas, manhosas e cobram muito a atenção de
família; têm sobressaltos freqüentes, sua aflição interna é demonstrada quando
pedem ajuda enquanto dormem, o que não fazem acordadas, ou mesmo sonhando
com pássaros, demonstrando uma vontade enorme de viver em liberdade.
As crianças KALI Carbonicum apresentam uma secreção fortemente pegajosa e
densa, por exemplo: ao assoarem o nariz encontraremos um catarro denso e
filamentoso como uma goma de mascar, sendo que temos bons resultados em
casos de lactentes com mucovisidose.
São crianças friorentas, que organicamente apresentam uma alta incidência de
crises de insuficiência respiratória desencadeadas por broncoespasmo, que ocorrem
na madrugada; seu biotipo é frágil e desprotegido, com ares de doentinho.
Em nossa experiência encontramos uma mãe dominadora (ou alguém que ocupe
este papel) e nosso pacientezinho KALI reage através de sua angustiante falta de
ar; desta forma controla a família que fica a sua disposição numa crise, ao mesmo
tempo que se autopune e sofre os padecimentos desta crise (exercendo assim seu
antagonismo).
Lachesis muta

Um certo grau de egocentrismo é comumente esperado na infância, uma vez que a


falta de senso comum, ainda não exercitado em convívio social, seria a responsável
por isso; entretanto, o egoncentrismo de uma pequena LACHESIS é algo de
notável, acompanhado dos sintomas reativos ao egoísmo, como ciúmes,
autoritarismo, malícia, avareza, orgulho; são crianças críticas e irritáveis.
São “fofoqueiras” , têm uma incontrolável necessidade de enredar fatos
acontecidos, ou situações onde seus irmãos cometeram pequenos delitos
(travessuras ou desobedeceram ordens); mesmo que você peça para guardar um
segredo, nossa cobrinha não agüenta, acaba contando tudo, principalmente se for
algo de malfeito, pois acredita que se valoriza na medida em que deprecia o outro.
LACHESIS tem consciência de que falar mal dos outros não é uma conduta correta,
mas não segura sua língua; quando se dá conta já falou, pode até arrepender-se
um instante depois e tentar consertar (como se uma força mais poderosa a
dominasse e a fizesse falar). Certos assuntos confidenciais da família, a vizinhança
toda tem notícia via LACHESIS.
Conscientes que são de seu veneno, encontraremos crianças que tentam redimir-se
por meio de um sentido religioso, o que contrasta com um comportamento pouco
cristão; as pessoas que carregam em si o veneno temem ser envenenadas, por isso
uma criança LACHESIS é desconfiada dos remédios que toma e ratifica se é preciso
mesmo e para o que serve.
Não toleram roupas justas ou apertadas, abdômen timpânico e dolorido, fezes de
cor escura (ao exame de sangue oculto nas fezes este virá positivo); na respirações
suspirosas (respirações histéricas), na crise de falta de ar joga cobertor e
travesseiros, quer ficar livre para respirar. Tosse seca durante o sono.

Lycopodium clavatum

Ao contrário de criança BARYTA, que se “acomoda” com sua menos-valia, ou de


uma GRAPHITES que na sua revolta apenas ofende e xinga, LYCOPODIUM lida com
sua inferioridade buscando resgatar seu espaço perdido (auto-afirmação).
Desta maneira encontraremos desde bebê uma criança chorona, com ímpetos de
autoritarismo, onde sua vontade vem em primeiro lugar, quer porque quer e não
dará sossego até que consiga o almejado.
Desde cedo demonstrará por meio de jogos e competições, uma irresistível vontade
de vencer, mesmo que tenha de trapacear; se você jogar baralho ou damas com
um LYCOPODIUMzinho e vencer, prepare-se para o mau humor que virá, pois tais
crianças têm um péssimo senso de “esportividade”, recusando o consolo.
A sua forme de liderança aparece desde cedo: se brincar de escolinha,
LYCOPODIUM é o direto; se brincar de circo, LYCOPODIUM é o dono, etc..; e pobre
daqueles que não cumpram as suas ordens, pois LYCOPODIUM vira um verdadeiro
feitor. Entretanto ,se aparecer alguém mais forte no pedaço, ele acovarda-se e
adoece por ciúmes.
No plano de escolaridade encontraremos um pequeno “Caxias”, capaz de sacrificar
suas diversões em troca de horas de estudo – isto porque teme o fracasso, teme
mostrar-se frágil, necessita afirmar-se competente, forte e melhor que os outros.
Na observação de consultório encontrei uma brincadeira se ma permitem dizer,
típica “Lycopodiana”, que é brincar com hominhos ou soldadinhos, em que a criança
arma um verdadeiro palco, dá ordens e comanda seu exército, sua vontade impera,
sendo esta dramatização muito ilustrativa.
Crianças com intestino constipado, obstrução nasal crônica, catarro freqüentemente
presente em cavum, infecções urinárias repetitivas com sedimento acentuado,
desejos alimentares marcados pelos doces.
Lyssinum

Quando você estiver com uma criança previamente diagnosticada STRAMONIUM,


mas o caso não está caminhando bem, (tem os mentais de STRAMONIUM menos
seus delírios), deve pensar numa criança LYSSINIUM, medicamento muitas vezes
pouco discutido, feito de saliva do “cachorro louco” ; desta forma não me arriscaria
muito dizendo que LYSSINIUM é uma STRAMONIUM sem delírios.
Agitadas com superfícies brilhantes, não olham vitrines de lojas para não
observarem sua própria imagem refletida.
Crianças excitadas, insultam, batem, convulsionam, desejos sexuais estranhos
despertados desde cedo, impulsos de jogar coisas pela janela, temem ser mordidas
por cachorros, jogam copos ou vasos no rosto dos outros quando bravas, mordem,
fotofobias, sialloréia intensa, engolem líquidos com dificuldades.
Um sintoma peculiar neste medicamento, é que as crianças LYSSINIUM têm
vontade de urinar ou evacuar quando escutam barulho de água corrente.

Magnesium carbonicum

Estas crianças do ponto de vista mental, são muito parecidas com nossas bem
conhecidas “Calcareas carbonicas”, pois são cheias dos presságios, temores de
infortúnio, de que adoecerão; entretanto, CALCAREA agrava pensando nos seus
problemas e MAGNESIA melhora.
As crianças MAGNESIA querem ganhar balas, lutam e disputam as guloseimas para
comê-las e se não as ganham, roubam (cleptomania); as de CALCAREA ganham
balas e as guardam, com medo de que no futuro lhes façam falta.
As crianças MAGNESIA são portanto, ambiciosas, com um aspecto físico muito
diferente da nossa gorducha CALCAREA, seu biotipo é parecido com
TUBERCULINUM ; crianças pequenas, doentinhas, irritáveis e fedidinhas, sendo que
suas secreções têm cheiro ácido (desde bebês, por mais que as banhem, o mau
cheiro persiste) – aqui cabe lembrar da criança HEPAR SULPHUR, outra fedidinha da
matéria médica.
Crianças friorentas, rejeitam leite, adoram comer carne, seu intestino é preso com
fezes duras que alternam com diarréia espumosa, em que uma parte afunda outra
espumosa sobrenadante; eructos e flatos com odor ácido.
Dores nevrálgicas do lado esquerdo; que as obrigam a sair da cama e andar de lá
para cá; nevralgia do facial.

Medorrhinum

E um grande auxiliar das crianças com dificuldades no aprendizado e disciplina na


escola, crianças desmemoriadas, com esquecimento, com falta de concentração e
inquietude, de tal modo apressadas que ficam sem ar (respiração ofegante),
contrastando com a BARYTA Carbonica que, junto com a falta de concentração e
esquecimento, são extremamente lerdas, lentas em suas atividades mentais e
físicas.
Devido a essa sua aversão ao trabalho mental, o não poder concentrar-se,
deixando suas tarefas escolares sempre para a última hora (sendo malfeitas, sem
préstimo, pois são feitas às pressas), o nosso MEDORRHINUM será um péssimo
aluno, aprendizado nota zero e no comportamento zero também; entretanto, nas
aulas de esportes vai muito bem.
A agitação rouba a oportunidade de MEDORRHINUM fixar o que aprende: você
explica num primeiro momento, ele compreende, pois não é Bradpsíquico, mas em
seguida se distrai e não retém o que foi ensinado; devido a sua intensa mobilidade
física, que não o deixa concentrar-se, esquece o que acabou de ler um instante
depois, pois estará disperso.
Desta forma ocorrerá reativamente: inquietude, impaciência, agitação ao fazer as
coisas, tudo sai com muita pressa, precipitação, não conclui por inteiro suas
tarefas, claro que, assim compreendendo, encontraremos o porquê de seus medos,
tais como: temor da morte, do escuro, de enlouquecer, de algum fracasso ou
desgraça iminente, o da sensação de que alguém atrás de si Ihe cutuca as costas.
Uma característica marcante das crianças de MEDORRHINUM é seu desejo por
bebidas alcoólicas doces, tais como licorzinho, batidinhas, caipirinhas, sendo que a
família refere que muitas vezes tem que deixar o copo fora de alcance, pois
MEDORRHINUM poderá beber tudo em um só gole.
Sensação de areia nos olhos, levando a grande lacrimejamento.

Mercurius solubilis

A impulsividade destas crianças, que rapidamente vão dos 8 aos 80 (como o


termômetro de Mercúrio, que em minutos sobe na sua escala), capazes de cometer
atos desastrosos num rompante, demonstrando um ódio intenso aos que as têm
ofendido, são sintomas marcantes de nossos pequenos MERCURIUS.
AS crianças de MERCURIUS têm um alto grau de destrutividade para consigno
mesmas e para com os outros, pois ao elaborarem idéias suicidas ou fazer planos
de fugir de casa, executam um movimento gerado principalmente pela necessidade
de punirem-se e a seus pais; acreditam que morrendo ou saindo de casa seus pais
sofrerão, pagando por tê-las censurado indevidamente (exercitam dessa forma a
fantasia destrutiva de castigá-los).
Crianças críticas, censuradoras, colocam defeito em tudo; caprichosas, nem bem
conquistam ou ganham o almejado e já não se importam mais (havendo muitas
vezes uma certa apatia, com falta de prazer ou vibração por coisas que às demais
crianças são interessantes); sendo ao mesmo tempo medrosas, temem o escuro e
a noite, acompanhadas de crise de bruxismo, sobressaltos, choro e reviram-se de
um lado para o outro da cama, transpiração noturna viscosa, fétida e abundante;
assim como descrevemos crianças agitadas, cheias de vitalidade, atrapalhando
também sua concentração nos estudos (preguiça cerebral), estas também
apresentam manifestações de indiferença e até uma certa melancolia (crianças que
alternam agitação com desâmino); são inseguras.
Língua marcada pelos dentes, gosta metálico na boca, adenopatias cervicais,
piorréia, amigdalites com dores fortes que impossibilitam a deglutição; otites,
estomatites, diarréia com tenesmo, escrofulose.

Natrum muriaticum

Expressões do tipo: “estou de mal com você”, “agora não sou mais seu amigo”,
“nunca mais brinque comigo”, poderiam ser consideradas não relevantes, pois
fazem parte de um vocabulário que, para a maioria das crianças, não merece ser
levado a sério, uma vez que minutos depois fazem as pazes; entretanto, a mágoa,
o ressentimento estão presentes em nosso NATRUM, que guarda os seus dissabores
e muito tempo depois, quando menos se espera, retoma o assunto, demonstrando
um sintoma mental forte que é “Inconsolável”. Quando você menos espera, crente
que o assunto já foi encerrado, volta o NATRUM: “Lembra-se daquela vez que…”;
outras vezes, não extravasa suas mágoas, curtindo-as sozinho, dentro de um
mundo mental fechado, onde não esquece, faz bico e emburra por pequenas
coisas; tal como o sal que é um conservante, que guarda, armazena, as crianças
NATRUM cuidam muito bem de seus brinquedos e de suas coisas, tudo é bem
conservado, sempre em perfeito estado, gostam de colecionar coisas (tampinhas de
garrafa, latinhas de cerveja) e guardam numa caixinha “Bobagens” que lhe trazem
recordações (papel de bala, cartãozinho de natal, convite de aniversário), assim
como conservam e guardam suas frustrações afetivas – sua dificuldade maior
sempre e colocá-las para fora, uma vez que não verbalizam suas frustrações.
Pele seca, enrugada, magros, fracos, desajeitados, deixam cair as coisas das mãos;
demoram a aprender a andar e a falar, demonstrando um atraso no
desenvolvimento; soma-se a isso um irresistível desejo de comer sal puro, com
uma coriza clara e constante, secura na boca e uma sede insaciável; vivem
reclamando de fraqueza.
Pela manhã, fazer nosso NATRUM sair da cama para ir à escola é uma luta, fica
rolando de um lado para o outro, com uma preguiça acentuada: cochila cinco
minutos, acorda, cochila mais cinco minutos, com grande desânimo ao despertar.

Nitricum acidum

Poderíamos, para efeito de compreensão das crianças NITRI-ACIDUM, dizer que são
um NATRUM MURIATICUM que vão às vias de fato, uma vez que também são
ressentidas, guardam suas mágoas, vivem pensando nos acontecimentos passados
desagradáveis; entretanto, o nosso NATRUM guarda dentro de si seus dissabores,
não esquece, enquanto NITRI-ACIDUM vai além disto, pois, afora o fato de não
esquecer, também não perdoa e articula uma maneira de ir à desforra; são crianças
vingativas.
Numa discussão, um fato que o desagrada fará NATRUM padecer em silêncio;
NITRI-ACIDUM dá o troco, não leva dissabores sem revide, diferente de nossa
indignada STAPHYSAGRIA, que leva o desaforo para casa.
O mesmo vizinho, que por implicância não permite que a bola que caiu no seu
jardim seja devolvida, não perderá por esperar – tão logo seja possível terá um
vidro de sua janela quebrado por uma pedra; ou um professor que o reprova num
exame encontrará os pneus vazios ou a lataria de seu carro arranhada.
Pequenas contradições despertarão na mente ativa destas crianças uma resposta
imediata, sendo o exemplo das crianças vingativas da matéria médica, capazes de
maldades, mas sempre com um propósito de desforra, diferindo aqui de
STRAMONIUM, cujos atos inconseqüentes não têm o propósito de revide.
Esta sensação psíquica de ter sido atingido é representada fisicamente pela
sensação de ter uma lasca de madeira enfiada na carne, não importa a região
acometida (sendo utilizado por muitos como auxiliar na expulsão de corpos
estranhos, prática esta também empregada com o medicamento SILICEA), úlceras
de comissuras, assaduras de dobras, intertrigos, quielites, assaduras em cantos de
pálpebras.
E um grande auxiliar em dermatites amoniacais do recém-nascido.
Sua prisão de ventre lembra ALUMINA, entretanto não ocorre hipotonia de
musculatura retal, mas sim como se suas fezes estivessem coladas ao reto, tendo
também ulcerações de ânus.
As crianças NITRI-ACIDUM apresentarão com freqüência fissuras, ou feridas
ulceradas, crônicas, que sangram ao menor contato.
Nux vomica

Crianças nervosas, coléricas, irritadas diante de pequenos obstáculos: se começam


a armar um quebra-cabeças e não dá certo, jogam e chutam todas as peças; se
vão abotoar uma camisa e encontram dificuldade, arrancam os botões.
Extremamente impulsivas, chegando com boa freqüência a tomar atitudes de
violência; extremamente mal-humoradas pela manhã, seu temperamento é aquilo
que chamaríamos de “crianças nervosas”, insatisfeitas muitas vezes pelo alto grau
de exigência consigno e com o outro.
Nosso pequeno NUX-VOMICA tem um senso de justiça muito acentuado, não
tolerando injustiças contra si ou aquelas que ocorrem ao seu redor; graças a isto
teremos crianças implicantes, que vivem apontando aos outros as suas falhas ou
erros, e por serem hipersensíveis acabam mostrando aos berros e às vezes até à
força, caracterizando seu caráter violento. Sendo, portanto, “as donas da verdade”,
não conhecem outro ponto de vista que não o seu próprio, não tolerando ser
contrariadas de nenhuma maneira.
Já fiz diagnósticos de NUX-VOMICA quando presenciei uma mãe tentando tirar a
roupa de seu filho de 3 anos de idade a contragosto: ocorreu uma modificação
muito forte em seu comportamento, em que a criança batia, xingava com
irritabilidade e agressividade típicas de NUX.
Seu senso de justiça é tão forte que ele chega intrometer-se em brigas de seus
pais, renfrentando seu próprio pai se julgar que este está errado (mesmo em
crianças pequenas).
Assim tudo em NUX é forte; suas reações, bem como os seus desejos alimentares –
desde cedo gostam de comidas e molhos picantes e se a família não ficar atenta até
de bebidas alcoólicas.
Desejo freqüente e ineficaz de evacuar, evacuam só um pouquinho depois de muito
esforço; distensão abdominal após a comida, desabotoam a roupa.

Opium

Crianças desligadas, você precisa chamar pelo seu nome várias vezes para que
respondam, pois estarão viajando em seus pensamentos; são sonhadoras,
mentalmente vão a lugares e situações muito além da realidade, sendo um
excelente medicamento para crianças ou adolescentes com dificuldade de
concentração nas atividades escolares, uma dose. (30 CH de OPIUM as trará a
realidade).
Crianças mentirosas, o que é compreensível, uma vez que devido a serem
sonhadoras vivem uma realidade especial; portanto, as suas repostas estarão de
acordo com sua particular visão do mundo; este lado sonhador também justificará
suas frustrações ao ver que seu mundo não corresponde a realidade.
Tanto orgânica como mentalmente tais crianças apresentam uma “anestesia”
natural; situações onde se espera que sinta dores, OPIUM nada refere- muitas
vezes o dentista trabalhará nesta criança sem precisar anestesiar, ou ela conviverá
dias com uma fratura sem sentir dores, indo ao médico mais por inchaço ou
impotência funcional, e daí, sim, ao raio x surpreendentemente encontra-se uma
fratura; assim como mentalmente não se aborrecem ou se deprimem com coisas
desagradáveis, OPIUM não está nem aí, sendo indiferente ao gozo, seu prazer está
nos seus sonhos e fantasias.
Você se surpreenderá ao dar um brinquedo um outro personagem, dando-lhe uma
nova, nova personalidade, adaptando-o ao seu mundo de fantasias (assim um
caminhãozinho poderá fazer o papel de um castelo).
Seus castelos e fantasias nem sempre são agradáveis : poderão aqui ocorrer
monstros, bruxos, ratos, dragões, escorpiões, tendo verdadeiras alucinações, com
sonambulismo ou não, o que assusta os pais.
Suores quentes com extremidades frias, retenção de fezes e urina, crianças com
medo de animais. Crianças com aspecto envelhecido.

Palladium metallicum

-“Dança lambada para o Titio Brunini ver…3


-“Canta para o doutor ver…”
-“Recita ….Imita agora…”
E lá vai o nosso palladiuzinho, alimentado pela vaidade de seus pais, mostrar o seu
showzinho particular, roubando 90% do tempo normal de uma consulta ao fazer
seu espetáculo; entretanto, prepare-se para aplaudir com entusiasmo elogiar, pedir
bis por mais medíocre que seja a apresentação, pois caso contrário despertará
grande antipatia e um sentimento de rejeição neste pequeno “artista” (uma outra
alternativa é medicá-lo imediatamente com PALLADIUM). E o que faz com que uma
criança desde cedo tenha uma forte vontade de aparecer? De ser estrela?
Sonha em cantar na TV, sua diversão predileta é um microfone e passar horas
cantando e dançando no corredor do apartamento, crendo-se talentosa; quando
isso não acontece, ou seja, quando as pessoas não mortifica-se; estando
extremamente preocupada com sua reputações, quer toda atenção e
reconhecimento sobre si; você deverá observar tudo no seu artista, como é
habilidoso com a bola, como é bonito, como é afinado, como é inteligente…;
narcisista e vaidoso, faz tudo para aparecer: canta na frente do espelho, muda de
penteado “n” vezes ao dia.
Hemorragias intestinais, gastroenterites ou asmas, otites, cefaléias, dores
articulares, principalmente após vexações ou situações em que estas crianças não
receberam a atenções de que se sentiam merecedores.

Petroleum

A mania de brincar de gira-gira, fazendo de seu corpo um pião, acarretando com


isto uma sensação inebriante com tonturas, ou mesmo segurar a respiração até
“quase” desmaiar (ou desmaiar) – estas são “brincadeiras” comuns nas crianças
que sofrem PETROLEUM. Isto demonstra a dificuldades que tais crianças têm em se
conter, em obedecer a limites, quando iniciam determinada situações não
conseguem parar, vão girando até cair no chão. Falta, portanto determinação para
impor seus limites. Desta forma, encontraremos crianças indolentes, sem
entusiasmo, desanimadas, fracas e covardes, embotadas, ao mesmo tempo que em
outra polaridade (em outro momento miasmático) poderão se apresentar como
valentonas e briguentas.
São crianças “orais” apresentam uma compulsiva vontade de ter algo na boca e de
comer, não conseguem pôr fim a sua fome, acordam de madrugada para comer,
sendo ao mesmo tempo um grande medicamento para aquelas vomitadoras –
quando sujeitas a movimentos, por exemplo uma curta voltinha de carro, lá está
nossa “PETROLEzinha” devolvendo tudo o que gulosamente havia ingerido (fazem
também diarréia ao viajarem de carro).
Apresentam-se com manifestações herpéticas em mucosas e genitais, vesículas
com um líquido fino e aquoso (e aqui fazemos diagnóstico diferencial com as
crianças GRAPHITES, cujo líquido é denso como o mel).
Phosphorus

São crianças do tipo “mãezona” ou “paizão”.


Graças a sua postura paternalista estarão não só protegendo e cuidando dos irmãos
menores, mas também farão o mesmo com os maiores; cuidam de seus pais ( se
sua mãe adoece, tomam ares de determinada, lhe trarão chazinho no quarto); isto
tudo pelo seu lado protetor e compassivo. São crianças envolvidas, preocupadas
com todos os problemas que a rodeiam, e procuram de certa forma, ajudar dentro
de suas limitações.
Jamais maltrate qualquer animal na presença de Crianças PHOSPHORUS, mesmo
que seja um camundongo, pois são extremamente apegadas aos bichinhos; se
encontram na rua cachorros ou gatos doentes, trazem-nos para casa a fim de
tratá-los (o adulto PHOSPHORUS é um sério candidato à Sociedade Protetora dos
Animais).
A necessidade de companhia é outro traço marcante, sente-se muito mal se
precisar ficar só; se ao voltar das aulas a casa estiver vazia, PHOSPHORUS, vai à
vizinhança, telefona para seus amigos ou, em último caso, liga a TV em alto
volume, enquanto brinca com outra coisa, pois o aparelho ligado lhe dá a sensação
de não sozinha.
São crianças curiosas, perguntam por tudo quando vão a algum ambiente
desconhecido: por quê? , para quê? Onde fica? Quem fez? Etc. São afetuosas, e
aqui lembramos a PULSATILLA usa do afeto como investimento para ganhar mais
afeto ainda (juros afetivos).
Tais crianças têm capricho em suas lições, desenham muito bem, têm facilidade ao
aprendizado de música ou algum instrumento musical, pois possuem um lado
artístico; imitam e interpretam seus heróis de TV, sua sensibilidade também é
marcante em nível de paranormalidade, sendo que muitas vezes são relatadas
pelos pais situações interessantes de clarividência, telepatia.
Seu biotipo é de crianças esbeltas, fatigáveis, que melhoram após comer
(principalmente salgados e condimentados); ingerindo grande quantidade de água
gelada.
Friorentas, suportam mal o calor na cabeça, rosto pálido, olhos fundos rodeados de
olheiras azuladas, muito coceguentos.

Phytolacca decandra

O que marca as crianças PHYTOLACA é uma irresistível necessidade de apertar os


dentes ou de morder coisas duras- isto é evidentemente esperado nos primeiros
meses da vida “fase oral” , entretanto esta crianças vão mais longe, mesmo mais
crescidas têm a “mania” de morder coisas duras (seus lápis e canetas estarão
sempre roídos nas pontas), melhoram seus sintomas mentais mordendo, e você
escutará muitas vezes a família de tais pacientes referindo com estranheza :
-“Doutor,quando ela fica nervosa, se joga no chão e morde o pé da mesa”- neste
momento você certamente poderá dizer : Muito prazer, querida PHYTOLACA, é uma
satisfação ter o “ roedor da matéria médica” em consulta.
PHYTOLACA melhora também seu orgânico mordendo, aliviando suas diarréias,
cólicas, dores de cabeça, aftas dores musculares, dispnéias, etc.
Seu lado despudorado, em que arranca suas roupas na frente de todos, é diferente
de uma jovenzinha de HYOSCYAMUS, pois esta última quer esbanjar sensualidade;
no caso da PHYTOLACA, este seu aspecto é motivado por um descaso, uma
indiferença em relação a todos que estão a sua volta; não se importa com a
presença dos demais, e se tiver calor em público vai retirando a roupa conforme
sua comodidade.
PHYTOLACA tem uma atuação importante em gânglios ; desta forma,
encontraremos com boa freqüência amígdalas hipertrofiadas, parotidite,
hipertrofiados em região cervical e virilha, bem como nódulos em glândula
mamária, desde a infância, em ambos os sexos.

Platinum metallicum

A jovenzinha de 4 anos, todos os dias às 7:10 h da manhã, recebe a seguinte


ordem:
-“Daniela, diga bom-dia para o seu Oscar” (o porteiro do edifício onde moral) – e a
pequena PLATINA passa reto, sem abrir a boca, sem olhar para os lados, como se
ele não existisse, tamanha a insignificância ou pequena relevância desta situação.
Tais crianças apresentarão uma grande dificuldade em se relacionar com as
demais, achando enfadonhas as brincadeiras e jogos com seus amiguinhos na
escola; até mesmo em sua casa, olham seus pais e irmãos de cima para baixo, com
ares de superioridade.
No consultório, o médico lhe estende a mão ou se aproxima para dar um beijinho e
nada acontece: nossa PLATINA está numa esfera muito maior para apertar a mão
de um simples ser terráqueo (PLATINA tem ilusão de que não é deste mundo).
Um elemento importante que muito auxilia o diagnostico é a religiosidade: tais
crianças falam e se interessam pelas coisas sagradas, criando rapidamente
intimidade com a beatitude.
Encontraremos também, desde cedo, um forte interesse e procura pelo sexo, tanto
em relação a masturbação quanto à hetero ou homossexualidade; sendo que aqui
extrapolam os jogos sexuais normais para a idade, onde existe mais uma busca e
descoberta dos genitais.
PLATINA é lasciva, desde cedo sendo capaz de atitudes que deixam os adultos
“PASMOS”; crianças pequenas com sexualidade (acima de tudo homossexualidade)
precocemente despertada.

Psorinum

Compõe, junto com COFFEA, CHAMOMILLA, STRAMONIUM, IGNATIA E


STAPHYSAGRIA, o time das crianças que “enchem” durante a noite, tornando
intolerável a noite dos outros; a criança, PSORINUM revira-se na cama, anda pela
casa, vai à cozinha de madrugada “assaltar” a geladeira, e com isso melhora seu
humor, acende lâmpadas, resolve ligar a TV por estar sem sono de madrugada, faz
barulhos incomodando (quando bebês, fazem o tipo chorão, nenhuma posição os
acalma, demonstrando uma inquietude, uma coceira mental).
Estas crianças têm a “desesperança” como outro sintoma mental forte, acham que
não vão curar-se mesmo que o médico insista que seu caso está caminhando bem.
Dr. Bronfman refere: “Quando estão com ataques de asma, dramatizam sua
desesperança, ficam deitadas com os braços separados do corpo. Parecem
crucificadas e esta posição melhora a dispnéia”.
Crianças pessimistas, com complexo de inferioridade, não fazem planos e nem
teorizam como a genial “sulphur” , pois enxergam um futuro negativo; reagem
muito mal a qualquer tipo de tratamento (menos ao seu remédio homeopático de
fundo).
Crianças frágeis, eczematosas, escrofulosas, fracas, flutuam dentro de suas roupas,
seus corpos exalam mau cheiro, pela seca, fissurada, seu aspecto fraco confunde-
se com SILICEA; entretanto, a SILICEA é limpinha e PSORINUM é sujinho (por este
aspecto, por não gostarem de banhos, nos lembram SULPHUR). São crianças
constipadas e parecem gostar de não evacuar, tendo um “prazer” em guardar suas
fezes, pois nestas circunstâncias melhoram os seus sintomas mentais; esta
constipação, quanto mais dias durar mais flatos produz, sendo que seu odor é
característico de ovos podres; fazem diarréias fétidas; pioram cortando o cabelo
(lembrando aqui BELLADONNA).

Pulsatilla pratensis

O afeto é o tema principal desta crianças, sendo que neste aspecto são de uma
fome insaciável; por mais carinho que uma criança PULSATILLA receba, sempre
acreditará que não é o suficiente, quer mais, adoece por não receber todo o carinho
que acredita ser merecedora, e se você não cobri-la de atenções sente-se infeliz,
abandonada com um alto grau de sensibilidade afetiva.
-“Papai,me dá um beijo, um mais, outro… mil beijos…, agora me pega no colo,
aperta mais, só mais um pouco..”
Desta forma, com uma necessidade tão marcante de apor, nossa PULSATILLA terá
grandes dificuldades em partilhar seu mundo afetivo, uma vez que é ciumenta e
egoísta; entretanto, se para receber carinhos é importante que tenha um padrão de
comportamento louvável, então a vemos desde cedo amável, organizada,
prestativa, asseada, com uma linguagem cheia dos diminituvos (“mamãezinha
queridinha do meu coraçãozinho”), , pois acredita que por meio desta sedução de
palavras e comportamento conquistará aquilo que mais busca; “afeto” (cobra mais
afeto do que dá, investe 1% para receber 100%).
Uma criança PULSATILLA ajuda a tomar conta dos irmãos menores não pelo
aspecto protetor, como uma PHOSPHORUS; mas sim para melhorar seu conceito
entre os pais, ganhando mais amor com isso; ajuda a mãe nas atividades da casa
pelo mesmo motivo; enfim, esta criança deixará você com vontade de pegá-la no
colo e levá-la para casa, graças ao charme e polidez com que se apresentam.
Não toleram ambientes fechados, ficam se abanando, hiperalérgicas, tendo muitas
vezes o aparelho respiratório como alvo de choque; seu hálito é forte (lembrando o
mau hálito das crianças de CHELLIDONIUM); consciente desse mau hálito, chupam
balinhas de hortelã, com corrimentos nasais e vaginais presentes.

Rhus toxicodendron

São crianças inquietas e bisbilhoteiras, com uma inata mania de supervisionar


(quando a professora necessita sair da sala de aula por alguns minutos, RHUS é a
voluntária que ficará tomando conta para que a ordem seja mantida); em sua casa
fiscalizam se as coisas andam em ordem, se não falta nada, vão à cozinha ver
como caminha o almoço, destampam as panelas, conferem compras de
supermercados, enfim, xereteiam tudo. Sendo desta forma, também ditatoriais,
mas não pelo grito com um LYCOPODIUM ou um VERATRUM, ou pela chantagem
como um CAUSTICUM – ao exercer esta fiscalização e gerenciamento tais crianças
se tornam “ditadoras pelo controle”.
São crianças desconfiadas, mesmo que você assegure que está tudo em ordem
acabam conferindo o que foi dito ou falado. Assim, encontrarmos sintomas mentais
como: ansiedade pelo futuro, transtornos por antecipação, ansiedade no escuro,
ansiedade com medo, assustadiço por bagatelas transtornos por susto, sensação de
que uma desgraça poderá ocorrer, erros escrevendo, caótico.
Fica bem claro a falta de domínio e insegurança interna que tais crianças
apresentam; como não se controlam, controlam os outros, sendo mais fácil lidar
com situações externas do que com seu mundo interior ( ato equivocado).
Crianças que terão herpes com freqüência, gosto pútrido e mau hálito matinal,
dores articulares, inflamações em tendões e aponeuroses, que agravam com o
reforço e o frio, e, ao contrário de BRYONIA, pioram deitando sobre o lado
acometido.
Sepia officinalis

A indiferença, que nada mais é do que o sintoma inverso da compassividade,


encontra nas crianças que sofrem SEPIA sua expressão máxima; não têm afeição
pelos seus familiares, sendo que isto fica bem evidente na infância, onde a
carapaça sicótica da hipocrisia ainda não teve tempo para se desenvolver,
mostrando-se como é sem “fazer tipo” ; encontraremos este medicamento ainda
virgem das influências do meio ambiente.
Em situações pressupostamente dramáticas, em que o mundo deveria desabar para
todos, SEPIA estará distante (como a morte da vovozinha querido por todos os
netos, ou o desaparecimento do cãozinho de estimação da família, ou mesmo se
sua babá é demitida), o que levaria uma outra criança ao sofrimento e até a
adoecer- nossa (o) pequena (o) SEPIA, chega a assustar os demais com sua frieza
e falta de envolvimento, como se nada tivesse ocorrido; não por superioridade ou
arrogância, como uma PLATINA, mas por sua alienação, no seu mundo o afeto
inexiste.
Por que teria que chorar? Por que as pessoas me cobram? Por que teria que ser
diferente? E assim SEPIA começa a se sicotizar – sofre por não sofrer, e aqui a tinta
SEPIA adquire uma tonalidade escura, deixando-a embotada na visão do Eu e do
Mundo – desagradáveis e embotadas) podendo viver a partir de então papéis que
representará com dificuldades na sua vida futura.
Crianças tristes, choram quando interrogadas, irritáveis com aversão as consolo,
ruídos e música.
Seu aspecto é terroso, amarelado em volta do nariz e da boca, com pigmentos ao
redor dos olhos, transpiram muito nas axilas, mãos e pernas; friorentas, preferem
ambientes fechados e quentes; suas dores caminham para a barriga e daí para a
virilha; melhoram com as tempestades, ventanias, trovoadas e chuvas fortes.
Adoram brincar na chuva e na enxurrada.
”Pobre SEPIA que desde a infância não consegue amar”.

Silicea terra

Sem dúvida que a queixa que mais traz esta criança ao consultório está na
preocupação dos seus familiares com sua magreza, sua dificuldade em ganhar
peso, seu baixo desenvolvimento corporal, pois tais crianças têm uma deficiência
inata em assimilar os alimentos, mesmo aquelas que são muito bem cuidadas por
famílias esclarecidas, diferenciadas economicamente, onde encontram uma dieta
bem balanceada.
Entretanto, a sua fragilidade não está restrita apenas ao aspecto orgânico,
psicologicamente sentem-se fragilizadas com falta de confiança em si mesmas,
portanto inseguras, tímidas, covardes, incapazes de tomar as mínimas decisões
sem que alguém as apóie (ficam na dúvida se devem tomar fanta ou guaraná e
consultam seus pais sobre isso); humor chorão, não revidam aos ataques de seus
colegas e sofrem.
Uma criança PULSATILLA pode, no jogo da sedução de querer afeto, demonstrar
fraqueza para ser paparicada, mas SILICEA não está atrás do afeto e sim de
segurança, chegando mesmo a agravar-se com o consolo.
São obstinadas, ao mesmo tempo que doces; têm um medo psórico de alfinetes ou
objetos pontudos, ao mesmo tempo que os conta e guarda (talvez para se proteger
deles, sintoma paradoxal).
Grande sensibilidade ao frio, falta de calor vital, transpiram muito e com odor forte,
com a peculiaridade de agravar seu mental quando suprimem a transpiração.
Transpiram muito, necessitam de uma toalhinha para enxugar as mãos enquanto
fazem suas tarefas escolares.
Escrofulosas, supurativas, feridas na pele, impetigos, amigdalites e otites
purulentas, abscessos nas mais diferentes regiões do corpo, acnes precocemente,
antes da puberdade.
Dormem em posição fetal, têm sono inquieto, agitado, pesadelos, rechaçam o leite
materno quando lactentes e têm desejos de comer coisas estranhas como terra,
areia giz, massa de pintura; têm intestino constipado.

Spongia tosta

Geralmente as ansiedades, temores, sustos, enfim, situações que demonstram um


desequilíbrio psíquico de uma criança encontrarão nas vias respiratórias ou
aparelhos digestivos(por meio de bronquites, asmas ou diarréias) suas expressões
somáticas; entretanto quando encontramos crianças com manifestações de queixas
cardíacas – tais como dispnéias, dores no peito, palpitações, sensação de opressão,
inclusive com medo da morte – numa determinada faixa etária em que exceto nas
cardiopatias congênitas a presença de moléstias do coração é raríssima,
desenvolvendo assim um quadro ansioso conhecido como “neurose cardíaca”, com
grande chance de acertar você estará diante de uma criança SPONGIA.
Tais crianças reagem sempre com taquicardias aos pequenos estímulos, tanto a
surpresas agradáveis quanto a temores ou sustos; seus familiares levam na à
consulta, pois temem que estas possam vir a apresentar um colapso cardíaco (as
crianças SPONGIA chegam a dizer que temem morrer do coração).
Numa primeira consulta, em que a confiança médico-paciente ainda não está bem
estabelecida, uma criança SPONGIA amedrontada se apresentará ansiosa e com o
coraçãozinho batendo aceleradamente, sendo aqui importante primeiro adquirir a
confiança da criança e deixá-la à vontade, explicando tudo calmamente, pois
SPONGIA cobra atenção.
Em consultório observei também uma carência afetiva em todas as SPONGIAS que
examinei, o que fica claro na medida em que compreendemos o coração como
centro dos afetos.
Medicamento para tosses secas e rebeldes com uma sensação de ardência em
laringe; acordam com sensação de sufocação, tosse violenta, muita agitação com
dispnéia e ansiedade

Sulphur

A genialidade, criatividade, espírito inventivo é o que mais chama atenção nestas


crianças. Desde muito cedo criam, inventam suas próprias brincadeiras,
transformam objetos em brinquedos com algumas tampinhas de garrafa, pauzinhos
de sorvete, tampinhas de caneta, caixas de fósforos vazias, etc..constroem seu
mundo encantado. Não perca seu tempo nem gaste seu dinheiro dando-lhes um
brinquedo sofisticado a pilha com controle remoto, pois estas crianças se
desencantarão rapidamente dele; quando muito ofereça-lhes um Lego, que dará
asas a sua criatividade.
Mesmo que as mamães sejam vaidosas de seus filhos, zelando sempre pela
arrumação de suas roupas, nosso SULPHURzinho estará sempre em desalinho:
-“Doutor, parece mentira, mas há pouco dei-lhe um banho e o deixei arrumadinho,
e veja agora sua aparência suja e desarrumada…Quem não conhece vai pensar que
não conhece vai pensar que não tem mãe para cuidar”.
Tais crianças não conseguem manter suas coisas em ordem, seus cadernos
escolares são cheios de orelhas, sujos, rabiscados, as folhas dos livros se soltam,
seu quarto é bagunçado , largam restos de lugar da casa em que ele ande, você
reconhecerá que passou um SULPHUR. A hora do banho de SULPHUR é uma novela
policial, em que é necessário capturá-lo à força em seus pequenos esconderijos (vai
ao banho chorando, mas depois que entra não quer sair mais). Tais crianças
interessam-se pelas coisas filosóficas e religiosas, questionam o sentido da vida,
criam “porquês” com tais temas e desenvolvem idéias próprias.
Desejo marcado por doces, se der chance comem só a sobremesa, é preciso insistir
para que se sirvam do trivial.
Necessidade de ar livre, ambientes frescos, ardência marcante pelo corpo,
principalmente nos pés, que descobrem enquanto dormem, (mesmo em dias frios,
vivem com os pés descalços).
Mesmo quando bebês seus gases são de odor forte, lembrando ovos podres, com
diarréias explosivas, fétidas, muitas vezes não lhes dando tempo de segurar e
sujando roupas.

Staphysagria

São 2 horas da manhã, toca o telefone. De outro lado da linha, o pai da Andréia diz
estar muito preocupado, pois sua filha, de 5 anos começou a chorar há duas horas,
está nervosíssima, talvez alguma dor, alguma coisa de grave?…
Nossa pequena STAPHYSAGRIA é a típica criança que leva o desaforo para casa. No
caso de Andrei, ela tinha sido repreendida pela tia da escolinha, quando na verdade
quem estava fazendo bagunça era o menino de carteira ao lado; na madrugada,
indignada, passa a somatizar dores e chora.
O senso de injustiça de STAPHYSAGRIA está sempre voltado ao ultraje de sua
pessoa.
As crianças STAPHYSAGRIA trazem um mental marcado por grande nobreza e
dignidade, sendo que engolem a vontade de revidar, como se nada tivesse
ocorrido, para depois tardiamente apresentarem uma indignação com cólera
reprimida. Aqui, a expressão “o que vem de baixo não me atinge”, cabe direitinho
para nossa STAPHYSAGRIA, que demonstra não se importar com a fato, mas depois
arrepende-se por não ter respondido à altura; então adoece, sofre, somatiza,
chora, esperneia, sapateia, bate portas, joga coisas.
São crianças irritáveis e de mau humor, com aparente vitalidade. Masturbação na
infância; carentes de calor vital; seus dentes cariam precocemente (lembrando aqui
as crianças AURUM METALICUM); abdômen globoso com cólicas e parasitose; bebês
quer choram por objetos que acabaram de jogar (jogam a chupeta no chão e
choram até que a mãe pegue e lave, depois joga novamente e chora…).
E o remédio indicado organicamente em pós- operatórios por feridas cortantes,
tanto para auxiliar na cicatrização como para aliviar mentalmente o trauma
emocional do ato cirúrgico.

Stramonium

As crianças STRAMONIUM são naturalmente perversas em suas brincadeiras,


cometendo atos maldosos, como deixar um caco de vidro sobre o assento de seu
colega de sala de aula, ou mesmo judiando de animais domésticos; acordam à
noite com os olhos estalados, dizem coisas absurdas, têm visões infernais, falam
línguas estrangeiras ou sons incompreensíveis, crêem ver espíritos e conversam
com eles ou muitas vezes dizem estar tomadas por eles, gritam, choram alto, isto
acarretará um grande pânico em seus pais, levando até os mais incrédulos a
procurarem benzedores, mediuns, sacerdotes, etc. temos em STRAMONIUM um
grande medicamento para manifestações deste tipo, sendo que reagem muito bem
já nas primeiras horas após tê-lo ministrado.
Nos delírios, tais crianças apresentam um aspecto furioso, selvagem, com ausência
de dor. Tive um caso de consultório com fratura de 1/3 Distal de Ulna direita, em
que uma criança de 9 anos se machucou ao bater seu antebraço sobre um móvel
(quando tentava espancar seu irmão mais velho), sendo que as dores apareceram
somente horas depois.
Desde cedo demonstram desrespeito pelas coisas sagradas, blasfemam, fazem
paródias com músicas sacras, ao mesmo tempo em que buscam um sentido
religioso para sua vida, o que na infância é significativo (sintoma paradoxal).
STRAMONIUM têm desde cedo manifestações exóticas. São crianças medrosas
temem, o escuro, olhar-se no espelho, o barulho de água corrente.
Têm a sensação de que são perseguidas por monstros ou animais que saíram das
entranhas da terra. Bruxismo, incontinência urinária, língua seca, secreções fétidas.

Tarentula hispanica

Crianças com uma inquietude acentuada, mesmo quando estão paradas têm a
necessidade de agitar os seus membros (pelo menos um deles), produzindo um
movimento compassado como se estivessem acompanhando mentalmente uma
melodia. Nossa pequena “criança aranha” é a grande dançarina da matéria médica,
sendo sensível à música, o que a tranqüiliza e melhora todos os seus sintomas,
sejam eles de ordem orgânica ou mental.
Crianças irritadas, dotadas de grande força física, ameaçam até mesmo os adultos:
“Vou te bater”!
Sofrem de insônia, acordam irritadas depois de um pequeno sono, e passam o dia
vivendo o motivo do sonho. Se TARENTULA sonhar que você ou alguém lhe fez
algum mal, passará o resto do dia com bronca desta pessoa (sonhos vívidos).
Tais crianças não toleram contradições, sendo vingativas, com um caráter
rancoroso; devido a isso articulam maneiras de ir à desforra, o que acontecerá
muitas vezes com pequenas armadilhas, como colocar uma casca de banana no
meio do caminho ou puxar a cadeira no momento em que alguém for se sentar (a
aranha arma sua teia).
Seus desejos alimentares são peculiares, como comer areia, alimentos crus,
comidas fortes e picantes; faz parte, junto com BUFO, PLATINA, STAPHYSAGRIA,
HYOSCYAMUS, dos medicamentos, em que desde a infância exista um despertar
precoce da sexualidade.
Divide com SPONGIA a espaço da “neurose cardíaca” na infância; entretanto,
SPONGIA não melhora com dança e tem seus sintomas cárdio-respiratórios mais
marcantes.
Urina vermelho-escuro com sedimento arenoso (diferencial com LYCOPODIUM),
divide com APIS o espaço de medicamento para reumatismo na infância; são
crianças laboriosas e desobedientes.

Thuja occidentalis

Quando, durante uma consulta, você fizer a tradicional pergunta:


-“Como seu filho é com suas coisas?” e obtiver a resposta:
“Viva esquecendo, é uma criança confusa, não sabe onde guardou suas coisas”,
devemos estar atentos, pois são sintomas importantes de nossa confusa THUJA
OCIDENTALIS.
Do ponto de vista prático, e isto já pode ser observado desde os primeiros meses
de vida, a criança THUJA é quem mais sofre transtornos (tanto físicos como
ansiedades) após aplicações de vacinas (sendo inclusive indicada por muitos
homeopatas organicistas como preventiva dos efeitos colaterais que as vacinas
ocasionam). Ainda de característica física, tais crianças terão uma hiperprodução de
verrugas em qualquer região do corpo; em relação aos meninos têm jato duplo de
urina.
E interessante como na mais tenra idade já esboçam sintomas de culpa (e o núcleo
miasmático de THUJA é a culpa) , sem que necessariamente observável no seu
apuro em fazer as coisas, pois vivem apressadas, ao mesmo tempo que
desenvolvem manias religiosas (anistiar sua culpa), acendem velas, fazem orações,
colecionam santinhos, se benzem com o sinal-da-cruz por nada.
Do ponto de vista das ilusões encontraremos algumas interessantes, como a de ter
um cão na barriga, da fragilidade de seu corpo, de que o mesmo é de vidro e
poderá partir-se (devido a isto têm aversão ao toque: você muitas vezes não
conseguirá achar em uma criança de 3 anos o sintoma “ilusão de que é de vidro ou
fraco”, mas dificilmente conseguirá colocar esta criança no seu colo, o que
indiretamente indica que teme ser machucada ou quebrada).
Pobre THUJA tão cheia de culpas, por nada.

Tuberculinum bovinum Kent

Quando recebermos no consultório uma criança com um “resfriado incurável”, que


toda semana apresenta os mesmos sintomas e a família diz já não saber mais o
que fazer, é o momento de pensar neste medicamento.
São crianças de aspecto frágil, doentinhas” (consistência tísica); nelas, até as
coisas corriqueiras e banais do dia-a-dia findam complicando, como diarréias,
amigdalites, otites, etc. (enfim, o arroz e feijão do consultório).
Vivem cansadas, sem energia (ficam energizadas só quando bravas), com uma
magreza constante, apesar de seu bom apetite; quando mais comem mais
emagrecem; um pequeno golpe de ar frio, uma friagem e pronto, adoecem
(melhoram em ambientes quentes).
Quando nervosas, são teimosas, “cabeça dura”, não aceitam ordens e nem limites,
jogam as coisas que vêem na frente, tornam-se mais inquietas do que já são,
nenhuma posição está na frente e chegam a dirigir esta agressividade a si mesmo,
batendo com a cabeça na parede ou arrancado os cabelos; irritáveis e intratáveis
durante o exame médico, alternam : melhora do humor/com piora do quadro
clínico; quando “saram” do resfriado crônico ficam melancólicas e desanimadas,
têm uma fadiga mental crônica chega a ser interessante como seres pequeninos e
frágeis são capazes de armar cenas tão fortes, criam ânimo só na hora de aprontar
enguiço, aborrecem-se por pouca coisa. Mal-humoradas.
Crianças com medo de cachorro (CHINA, BELLADONNA, LYSSINIUM, CAUSTICUM,
CALCAREA CARBONICA, PULSATILLA, STRAMONIUM); gostam de comer balas,
docinhos, pudins, manjares, sendo exigentes em relação ao modo como gostam
que a mesa seja posta, com sutilezas; apreciam pratos bem elaborados (banan-
split, taças de sorvetes).
Uma característica marcante é a diarréia matinal, que as obriga a sair da cama
(crianças menores evacuam no lençol ou fralda pela manhã).

Veratrum album

”Se eu não for o rei, não brinco mais”.


Demonstram desde muito cedo sua grandeza, sendo que esta importância
exagerada que se dão confere-lhes uma inadequada permissividade, pois ao
soberano tudo é possível; desta forma, são egocêntricas, acreditam serem donas
do mundo, apossam-se de brinquedos e objetos de seus amiguinhos com a
naturalidade de uma majestade déspota, à qual tudo pertence.
Este caráter poderia ser justificado numa família em que a criança é o único filho,
único neto, único sobrinho, etc. e com isso não aprenderia a partilhar com os
outros, o que reforçaria ainda mais este lado doentio de nosso VERATRUM.
Entretanto, muitas vezes o encontramos reinando entre seus irmãos, longe de uma
igualdade de condições onde a partilha seria obrigatória, mas não para VERATRUM
: tudo é seu. Esta criança adoece quando é o aniversário do seu irmão e não é ela o
“rei da festa”, (aqui, inadequadamente seus pais e parentes sentem-se, muitas
vezes, na obrigação de presenteá-la, e na hora do bolo assopra as velas no lugar
ou na frente do aniversariante. Seu reinado não tem fronteiras e não tolera limites,
sendo que muitas vezes somatiza diarréias fortíssimas nestas ocasiões se não
recebe a reverência de que se sente merecedora. São crianças insatisfeitas, parece
que nada está bom, sempre existe algo ou algum brinquedo melhor do que que
lhes foi dado.
Mesmo em famílias onde a prática religiosa não é acentuada, encontraremos
crianças com forte sentimento religioso não dormem sem fazer suas orações,
agravam seus sintomas à noite, têm o hábito de comer “caca” do nariz, chegam a
comer suas fezes, acordam gritando, rasgam a roupa de cama, jogam o travesseiro
e por minutos não reconhecem nada.
Fome intensa, desejam frutas, coisas ácidas e bebem muita água gelada, desânimo
com sensação de frio gelado pelo corpo.

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