Política Regional Na Amazônia: A PNDR Ii: Capítulo 3
Política Regional Na Amazônia: A PNDR Ii: Capítulo 3
Política Regional Na Amazônia: A PNDR Ii: Capítulo 3
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste capítulo é debater amplos aspectos da Política Nacional de
Desenvolvimento Regional (PNDR) na Amazônia Legal,1 e se os objetivos, as
estratégias e os princípios elencados na proposta da fase II da PNDR conversam
com os desafios, o financiamento e a sua coordenação, bem como com o Plano
Amazônia Sustentável (PAS).
As ações estatais para a Amazônia são realizadas desde os anos 1940 (Trindade,
2014), atingindo seu ápice nas décadas de 1960 e 1970 e entrando em declínio a
partir da década de 1980 com a crise do Estado brasileiro. Isso desestruturou órgãos
de desenvolvimento, como a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
(Sudam) e o Banco da Amazônia S.A. Entretanto, a partir da década de 2000, é
verificado um esforço de retorno das políticas de desenvolvimento regional (PDRs),
e uma das tentativas de reformulação desse planejamento é a PNDR.
As principais alterações da PNDR em relação ao passado são: sua abrangência
nacional, não apenas no Norte e no Nordeste; a criação das tipologias de alta renda,
dinâmica, estagnada e baixa renda; de mesorregiões diferenciadas; da Câmara de
Políticas de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional (CPDR); além de
recriação das superintendências regionais.
Segundo Silva (2015), a PNDR buscou sair dos modelos tradicionais de
planejamento regional, marcados por estruturas de cima para baixo (top-down),
as quais estão calcadas nos grandes investimentos apoiados por incentivos fiscais
e gerenciados pelas superintendências regionais. Segundo vários autores citados
em Silva (2015), um dos avanços teórico-metodológicos mais significativos foi a
adoção de uma “abordagem multiescalar” (Silva, 2015, p. 14) na política.
A PNDR foi instituída pelo Decreto no 6.047/20072 com dois objetivos: i) redução
das desigualdades de nível de vida entre as regiões brasileiras; e ii) promoção da
1. A Amazônia Legal foi definida pela Lei no 1.806/1953 e compreende os estados de Pará, Amapá, Rondônia, Roraima,
Amazonas, Acre, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão (até o meridiano 44o).
2. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/D6047.htm>.
100 | Desenvolvimento Regional no Brasil: políticas, estratégias e perspectivas
2 OS OBJETIVOS E OS DESAFIOS
Os objetivos da PNDR II são abrangentes, e pretende-se discorrer, nesta seção,
sobre a sua relação com processos existentes na Amazônia Legal.
têm números melhores, ao passo que, dos 100 menores IVS do Brasil, 55 estão
no Maranhão. Além disso, os Índices de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDHMs) de todos os estados amazônicos são inferiores comparados aos valores
do restante do Brasil, o que reforça a necessidade de uma convergência inter e
intrarregional, como na PNDR II, e de uma redução das desigualdades sociais,
como no PAS.
FIGURA 1
IVS do Brasil (2010)
0.000 - 0.200
0.201 - 0.300
0.301 - 0.400
0.401 - 0.500
0.501 - 1
Sem dados
fora da região amazônica se mantém por volta de 3 milhões desde 2006, enquanto
a população total cresce a uma taxa normal. Isso quer dizer que a migração de
forâneos à região ocorre menos que no passado.
Da população de nascidos no local, Amapá e Roraima tem níveis de escolaridade
(nível médio e superior) maiores, quando não próximos à taxa brasileira, e mais
pessoas vivem em faixas de rendimento superiores. Por outro lado, o Maranhão tem
20% de taxa de analfabetismo para pessoas acima de 15 anos e grande contingente
vivendo em faixas de rendimento entre meio e 1 salário mínimo.
No geral da Amazônia, o número de pessoas vivendo com faixas menores de
renda é grande e superior ao Brasil, porém, mesmo sendo pobre, essa população
sobrevive do seu trabalho. A taxa brasileira da renda proveniente do trabalho é de
74%, enquanto a maioria dos estados amazônicos chega a níveis próximos de 80%.
O que se quer dizer é que já existe uma população de amazônidas formada e em
ascensão para iniciativas na dimensão econômica, mas ao mesmo tempo demandante
de serviços públicos na dimensão social. A região não é mais uma fronteira de
ocupação, e garantir a competitividade regional e a geração de emprego e renda a
patamares superiores é um objetivo real, embora não haja decréscimo populacional.
revendendo para o Brasil, principalmente São Paulo. Isso faz com que a economia
manauara seja mais sensível às oscilações do mercado nacional, com bruscas quedas
na taxa de crescimento da produção industrial. Em 2012, o índice de atividade
industrial do Amazonas caiu -2,4%, quando tinha subido 10,5% em 2010. Além
disso, a concorrência com produtores chineses pelo mercado interno também
causa essa sensibilidade.
Por outro lado, a agropecuária e os grãos são extensões da dinâmica do
Centro-Oeste e estão localizados na macrorregião do povoamento adensado.
Os grãos de alta produtividade e intensivos em capital produzidos no Mato
Grosso possuem ampla participação na balança comercial brasileira e pressionam
investimentos logísticos para escoamento da produção, como a ferrovia Norte-Sul,
o asfaltamento da BR-163 e a hidrovia Tocantins-Araguaia.
No entanto, são grandes as questões quanto aos impactos ambientais e sociais
desses investimentos, principalmente o avanço do desmatamento para a Amazônia
Central, na direção de Santarém e do sudeste do Amazonas. Destaca-se que o
Mato Grosso tem forte participação em commodities, como o Pará, porém, seus
indicadores sociais são mais elevados, mostrando a diferença entre a mineração e
os grãos, apesar de ambos terem forte presença na agropecuária.
Estados como Rondônia, Tocantins e, mais recentemente, Maranhão vêm
aumentando sua produção de grãos, todavia, ainda não chegaram aos mesmos
patamares sociais e de produção do Mato Grosso, principalmente o Maranhão. Este
tem a segunda maior população da Amazônia Legal, com boa parte dela vivendo
nas zonas rurais, mas com baixo valor adicionado pela agropecuária. Ademais,
podem ser vistas oportunidades para agropecuária em parte de Roraima, Amapá e
Marajó, por suas extensas savanas que não pressionam a floresta densa, embora a
questão fundiária seja um grande desafio a ser enfrentado nessas áreas.
Outra atividade bem presente na Amazônia é o comércio, serviços e
administração pública. Amapá e Roraima têm mais de 80% do valor adicionado no
setor de serviços, concentrado em áreas urbanas, só perdendo para a administração
pública como maior empregador. O funcionalismo é forte, e as rendas derivadas
desse setor podem servir como demanda para serviços de mais alta qualidade. Da
mesma forma, boa parte do Acre tem o comércio e os serviços como principais
atividades, porém é ali que começam a surgir serviços florestais rentáveis que
precisam ser estimulados, assim como novas oportunidades nas áreas de fronteira
com a Bolívia e o Peru (Becker, 2009).
Política Regional na Amazônia: a PNDR II | 107
saneamento básico causaria efeitos nas dimensões citadas por Sen (1999), afastando
o “inferno verde” tão difundido na literatura.
GRÁFICO 1
Valor dos desembolsos na Amazônia Legal (2014)
(Em R$ milhões)
47.311
24.977
9.061
4.793
2.202 3.077 3.074
127
Fonte: Brasil (2015c); Banco da Amazônia (2015), Sudam (2016a); dados do Portal da Transparência, disponível em: <goo.gl/
pxYnKU>; estatísticas por região, estado e porte da empresa do BNDES, disponível em: <goo.gl/a4Vp3O>; e contas anuais
do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi) da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Elaboração do autor.
Notas: 1 Previsão dos gastos tributários pela Receita Federal do Brasil (RFB).
2
Valor liberado com fim da vigência em 2014.
3
Investimentos na rubrica despesas orçamentárias pagas no Finanças do Brasil (Finbra) 2014.
Política Regional na Amazônia: a PNDR II | 109
3.1 FNO
No que tange aos instrumentos explícitos, o FNO é o instrumento com maior
capilaridade, abrangendo setores em todos os municípios da região Norte. Ele
é gerenciado pelo Banco da Amazônia com algumas competências da Sudam,
e, segundo seu relatório de atividades, teve desembolso de R$ 4,7 bilhões em
2014, divididos em vários programas: o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf ), o Programa de Financiamento do Desenvolvimento
Sustentável da Amazônia (Amazônia Sustentável), o Plano Agricultura de Baixa
Emissão de Carbono (ABC), orientado para a redução da emissão de gases de
efeito estufa na agricultura, o Programa de Financiamento para Manutenção e
Recuperação da Biodiversidade Amazônica (Biodiversidade), e os programas de
financiamento a micro e pequenas empresas e empreendedor individual.
O Pronaf abrange doze linhas. Em 2014, o número de contratações
correspondeu a 30.330, somando R$ 695 milhões, com destaque para a linha
de crédito Mais Alimentos no Pará e na Rondônia. No Programa Amazônia
Sustentável, o maior de todos, a agropecuária é a maior demandante de recursos
(R$ 1,7 bilhão), alocados principalmente em Tocantins, Rondônia e Pará. De forma
similar ocorre no Plano ABC, que contratou R$ 611 milhões, do qual metade foi
para o Tocantins, mesmo que o maior número de operações seja no Pará (8.734).
No setor rural, 75% das operações estão entre R$ 1 mil e R$ 35 mil, reflexo
do crédito aos “pronafianos”. No entanto, os valores contratados entre R$ 200 mil
e R$ 10 milhões concentram 55% dos valores, refletindo o setor agropecuário do
Pará, de Rondônia e do Tocantins.
No setor não rural, comércio e serviços (R$ 1,01 bilhão) e indústria (R$ 1,07
bilhão) são os maiores contratantes no Amazônia Sustentável, principalmente no
Amazonas e no Pará. Vale ressaltar que, das 44 contratações acima de R$ 10 milhões,
20 estão no munícipio de Manaus. Para os micro e pequenos empreendedores,
os programas de financiamento a micro e pequenas empresas e empreendedor
individual apresentam valores similares ao Pronaf, R$ 600 milhões, mas o número
de operações é bem menor: 1.795. O comércio e os serviços são relevantes nessa
linha (R$ 414 milhões), porém ainda existem dificuldades para contratações ao
empreendedor individual (R$ 6 milhões).
O número de contratações no setor não rural chega a mais de 5 mil, pulverizado
entre faixas de R$ 1 mil e R$ 1 milhão (93%), principalmente no comércio e nos
serviços. No entanto, existem grandes contratações entre R$ 20 milhões e R$ 100
milhões, o que caracteriza um maior volume para maiores empreendimentos, como
a indústria (Banco da Amazônia, 2015, p. 87-88).
110 | Desenvolvimento Regional no Brasil: políticas, estratégias e perspectivas
3.2 FDA
O outro instrumento, o FDA, é destinado para grandes investimentos em
infraestrutura, assim como foi o Fundo de Investimentos da Amazônia (Finam)
no passado. Segundo o relatório de gestão do FDA, foi desembolsado R$ 127
milhões em 2014, o menor valor entre todos os instrumentos analisados, quando
foi orçado R$ 1,390 bilhão. A razão para isso são as dificuldades na sua aplicação.
Seus recursos são provenientes majoritariamente de dotações do Orçamento
Geral da União (OGU)7 e financiavam principalmente investimentos no setor
3.4 BNDES
Na mesma linha dos instrumentos explícitos de financiamento aos setores produtivos,
o BNDES, segundo seu sítio eletrônico, desembolsou R$ 24,9 bilhões na Amazônia
Legal em 2014.10 Se levada em consideração apenas a região Norte, foram R$ 14
bilhões destinados majoritariamente para as grandes empresas. Este perfil de
empréstimos está muito relacionado ao financiamento das obras do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no
Pará, e as de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia.
Fazendo um comparativo com 2012, último ano em que os desembolsos
por setor foram regionalizados, os gastos com infraestrutura na região Norte
corresponderam a 63% dos R$ 13 bilhões investidos, dos quais os principais estados
atendidos foram Pará e Rondônia. Se incluídos o Mato Grosso e o Maranhão,
o primeiro é o único em que os desembolsos com agropecuária ultrapassaram a
infraestrutura (BNDES, 2013, p. 195).
Com base nessas informações, nota-se um papel bem claro do BNDES na
região: financiar os grandes projetos de infraestrutura. Ele engloba investimentos
que o FNO não tem recursos suficientes para financiar. Nessa decomposição de
papéis dos fundos, o BNDES complementa o FDA, por este ainda ser frágil. O
FNO, do outro lado, supre sua função de prover crédito aos pequenos produtores
rurais e não rurais, mas também entra suplementarmente nos grandes investimentos.
Ainda no âmbito do BNDES, há o Fundo Amazônia, não para financiar
projetos produtivos, mas, sim, investimentos não reembolsáveis provenientes de
doações internacionais em ações de combate ao desmatamento e uso sustentável
das florestas, podendo financiar 20% de seus recursos em outros biomas. No sítio
eletrônico do fundo, de 2008 a 2015, já foram desembolsados R$ 518 milhões,
contemplando oitenta projetos direcionados para o terceiro setor, a União, os
10. Soma dos desembolsos nos estados da região Norte, mais o Maranhão e o Mato Grosso. Estatísticas por região,
estado e porte da empresa do BNDES, disponível em: <goo.gl/a4Vp3O>.
Política Regional na Amazônia: a PNDR II | 113
3.5 Convênios
Os desdobramentos da crise fiscal dos anos 1980 e o maior controle sobre as
finanças públicas subnacionais após meados dos anos 1990 (Lopreato, 2002)
criaram uma lacuna no financiamento aos entes públicos, em geral, e à política
regional, em particular. A PNDR não aprovou o FNDR para financiar consórcios de
municípios, prefeituras e estados, de forma que, no seu lugar, surgem os convênios
como importante fonte de financiamento dos entes públicos, que têm, por sua vez,
contratos com os ministérios ou emendas parlamentares como fonte.
Na Amazônia, foram assinados 2.416 convênios que equivaleram a R$ 3,077
bilhões liberados em convênios com fim de vigência em 2014.11 Maranhão, Acre,
Amapá e Tocantins tiveram liberados mais de R$ 500 mil cada, e o maior número
de convênios esteve no Maranhão, em Rondônia, no Mato Grosso e no Pará, com
mais de 320 cada. Na relação convênio-valores, o estado do Amapá é aquele que
recebeu o maior aporte de recursos (R$ 4,4 milhões por convênio).
No total de recursos liberados dos convênios com fim da vigência em 2014,
os municípios são os mais beneficiados, porém, se vistos os maiores convênios, os
três maiores destinos são os estados. O Ministério dos Transportes, por meio do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), liberou recursos
de R$ 460 milhões para o governo do Amapá para a construção de uma rodovia
entre Ferreira Gomes e Calçoene, e R$ 246 milhões para o governo do Acre para
asfaltamento e modernização de um trecho da BR-364 entre o município de Sena
Madureira e o rio Macapá. Ressalta-se que a maioria dos convênios é oriunda
de editais do governo federal em programas nacionais, sem perspectiva regional,
causando concorrência entre os entes.
No âmbito da PNDR, o Ministério da Integração liberou R$ 437 milhões
em 133 convênios, o que o fez ser o segundo ministério em número de convênios
11. Dados do Portal da Transparência, disponível em: <goo.gl/pxYnKU>. Acesso em: 10 out. 2016.
114 | Desenvolvimento Regional no Brasil: políticas, estratégias e perspectivas
FIGURA 2
SNDR
MAPA 1
Municípios-alvo para o eixo ordenamento fundiário e territorial do MMA
fase do processo, e ela foi bastante difundida em décadas anteriores. Na segunda fase, a
manutenção dos empreendimentos e a articulação com prefeituras e governos estaduais
são importantes para o alcance dos objetivos da política.
Ao fim da etapa de implantação são pagos royalties às municipalidades, de
forma a ajudar na gestão das externalidades produzidas pelos empreendimentos,
como os fluxos migratórios e o aumento da demanda social. Exemplos não faltam
no Pará, como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte em Altamira, a de Tucuruí, a
mina de ferro em Parauapebas, a de bauxita em Oriximiná e Juruti, a siderúrgica em
Marabá, entre outros na Amazônia. Nesta fase, o desafio é manter as externalidades
positivas, como o aumento da arrecadação e consolidação do emprego e renda, e
combater as negativas, como o aumento do fluxo migratório desordenado.
Os empreendimentos atraem fluxo de mercadorias e pessoas, havendo, assim,
a necessidade de os órgãos gestores da PNDR II atentarem para a articulação de
investimentos menores que atendam às demandas urbanas e rurais ocasionadas
pela implantação da política. Porém, este tipo de ação vai além dos instrumentos
explícitos, que agem no campo econômico, sendo necessária a criação ou modificação
dos instrumentos para financiar entes subnacionais – que detêm uma gama de
competências estabelecidas pela Constituição de 1988, mas insuficientes recursos
disponíveis –, recorrendo em boa parte aos convênios com os ministérios ou
relativos a emendas parlamentares para financiar investimentos.
Essa é uma contradição na PNDR II, pois, de um lado, tem-se um instrumento
com dificuldade de aplicação, que é o FDA, e, de outro, existem entes subfinanciados
para cumprir com alguns dos objetivos da política, como os estados e municípios.
Assim, a coordenação da PNDR na Amazônia deve necessariamente passar por um
fortalecimento da questão regional e das instituições responsáveis por realizá-la, entre
elas a Sudam. Isso é importante para melhor articular os instrumentos econômicos
disponíveis com as ações na dimensão social, na qual outros entes têm competência
constitucional. A separação entre dimensão econômica e social é importante no
reenquadramento dos instrumentos explícitos da PNDR, pois se deve escolher
se atuarão só para iniciativa privada, como é hoje, ou se serão destinados para
entes públicos, em substituição aos convênios que hoje financiam fortemente os
investimentos subnacionais. Entretanto, isso diz respeito a decisões estratégicas do
governo federal e à abordagem da política regional enquanto prioridade no Brasil.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O capítulo tentou refletir sobre amplos aspectos da PNDR II na Amazônia Legal,
apesar de a lei que a institui ainda não ter sido aprovada. Buscou-se debater se
os objetivos, as estratégias e os princípios elencados no Projeto de Lei do Senado
122 | Desenvolvimento Regional no Brasil: políticas, estratégias e perspectivas
nem introduz ou reforça a dimensão territorial nas ações dos ministérios e nos
PPAs, o que deixa os investimentos na região difusos e espalhados pelas instituições.
Na Amazônia, o papel de coordenador regional da PNDR, também definida
pelo PAS, seria da Sudam, que agiria transversalmente entre empresas, estados e
municípios, tendo como paradigma o PRDA. Ele funcionaria como definição do
espaço da política regional entre os níveis estadual, municipal e federal, dando a ela
uma espécie de cobertor para sua atuação. Entretanto, pela fragilidade institucional
da Sudam desde sua recriação, o Banco da Amazônia agregou várias tarefas e hoje
é a instituição mais transversal entre aquelas que atuam com o desenvolvimento
regional na Amazônia Legal, pela sua atuação com o FNO.
Da mesma maneira, para que a gestão da PNDR tenha êxito é necessário
articular os instrumentos explícitos, que atuam na dimensão econômica, com
os implícitos, que atuam na dimensão econômica e social, mas estão fora das
instituições envolvidas na PNDR II. Ou até mesmo reformular os explícitos, como
é o caso do FDA, que poderia financiar entes governamentais.
Assim, o capítulo conclui pela urgência da aprovação da lei da PNDR II com
o intuito de dar parâmetros objetivos para as ações em nível regional, o qual as
políticas nacionais e estaduais têm dificuldade de alcançar.
REFERÊNCIAS
ALVES, A. M.; ROCHA NETO; J. M. A nova Política Nacional de Desenvolvimento
Regional – PNDR II: entre a perspectiva de inovação e a persistência de desafios.
Revista Política e Planejamento Regional, v. 1, n. 2, p. 311-338, 2014.
BANCO DA AMAZÔNIA. Relatórios de atividades FNO 2014. Belém: Banco
da Amazônia, 2015.
BECKER, B. Amazônia: geopolítica na virada do III milênio. Rio de Janeiro:
Garamond, 2009.
BNDES – BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
E SOCIAL. Relatório de gestão do exercício 2012. Rio de Janeiro: BNDES, 2013.
BRANDÃO, C. Transversalidade, multiescalaridade e os desafios da legitimação
das políticas regionais no Brasil. In: RANDOLPH, R.; TAVARES, H. M. (Org.).
Política e planejamento regional no Brasil: uma coletânea. Brasília: Movimento,
2013. p. 32-40.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Plano Amazônia Sustentável. Brasília:
MMA, 2008. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sca/_arquivos/
plano_amazonia_sustentavel.pdf>. Acesso em: 3 fev. 2016.
124 | Desenvolvimento Regional no Brasil: políticas, estratégias e perspectivas
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contas
nacionais: contas regionais 2012. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. 55 p.
______. Produto interno bruto (PIB) dos municípios 2010-2013. Rio de
Janeiro: IBGE, 2015. 68 p.
MONTEIRO NETO, A. Políticas de desenvolvimento, território e pacto federativo:
avanços e limitações no quadro atual (2000/2012). Revista Política e Planejamento
Regional, v. 2, n. 1, p. 19-38, 2015.