O documento discute um estudo sobre o abandono de crianças e adolescentes no Brasil. O estudo encontrou que (1) as famílias e profissionais estão em situação de abandono, (2) a rede de atendimento está fragmentada e abandonada, e (3) as crianças acabam sofrendo novos abandonos devido à alta rotatividade de cuidadores.
O documento discute um estudo sobre o abandono de crianças e adolescentes no Brasil. O estudo encontrou que (1) as famílias e profissionais estão em situação de abandono, (2) a rede de atendimento está fragmentada e abandonada, e (3) as crianças acabam sofrendo novos abandonos devido à alta rotatividade de cuidadores.
O documento discute um estudo sobre o abandono de crianças e adolescentes no Brasil. O estudo encontrou que (1) as famílias e profissionais estão em situação de abandono, (2) a rede de atendimento está fragmentada e abandonada, e (3) as crianças acabam sofrendo novos abandonos devido à alta rotatividade de cuidadores.
O documento discute um estudo sobre o abandono de crianças e adolescentes no Brasil. O estudo encontrou que (1) as famílias e profissionais estão em situação de abandono, (2) a rede de atendimento está fragmentada e abandonada, e (3) as crianças acabam sofrendo novos abandonos devido à alta rotatividade de cuidadores.
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O ciclo recursivo do abandono
Juliana Fernandes Pereira e Liana Fortunato Costa
2004
Resumo
Pereira e Costa (2004) realizaram um estudo em que se investigou a
articulação entre a Justiça e abrigo no encaminhamento dos casos de crianças e adolescentes institucionalizados que aguardavam colocação em família substituta. As principais conclusões evidenciaram a situação de abandono das famílias de origem e profissionais que atuam na área; a fragmentação das ações e abandono da rede de atendimento; a presença do abandono na história pessoal das mães-sociais e o sofrimento psíquico no desempenho da função; e a reedição do abandono para crianças e adolescentes em virtude da alta rotatividade de cuidadoras.
4.4 - Estado, Instituições e Sociedade: o Abandono da Rede de
Atendimento aos Direitos da Criança e do Adolescente
5 – Considerações Finais
Gostaríamos de ressaltar, para concluir, as três principais conseqüências
do processo de fragmentação e abandono da rede de atendimento, identificadas a partir da investigação: a) a ausência de alternativas à institucionalização; b) as dificuldades para trabalhar com a reintegração familiar; c) e, finalmente, as dificuldades para trabalhar com a colocação de crianças maiores e adolescentes em lares substitutos.
O efeito mais grave do quadro observado é a continuidade do “abrigo
depósito” — a exemplo da Roda dos Expostos — no qual crianças tornam-se adolescentes abandonados pela família, pelo Estado e pela sociedade. Em última instância, sofrendo as tensões do ciclo de abandono vivido nos diferentes níveis do sistema de atendimento, estão, portanto, a criança e o adolescente que, diariamente, enfrentam a ruptura dos laços afetivos construídos na instituição e a ação do tempo, que diminui substancialmente as possibilidades de retorno à família de origem ou encaminhamento para um lar substituto. Dessa maneira, como explica Enriquez (1991, 77), o modelo real pode diferir substancialmente “do arcabouço estrutural criado para lhes dar vida”, ou seja, “Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta” (Art. 19) (ECA) e, ainda, “o abrigo é medida provisória e excepcional” (Art. 101, § único).
A principal contribuição da investigação se refere à necessidade de
ultrapassarmos a visão reducionista do abandono — como relacionado apenas à díade família/criança ou adolescente — para se atingir uma visão mais complexa e contextualizada do fenômeno. Desse modo, o mesmo não deve ser visto apenas sob a ótica das relações familiares, mas compreendido como um processo co-construído, do qual participam também o contexto social, institucional, jurídico, econômico, político e cultural brasileiro. É notável a situação de vulnerabilidade das famílias e de crianças e adolescentes abrigados quando a rede de atendimento não consegue responder à demanda que deu origem à intervenção da Justiça.
A ausência de uma política de atendimento profícua, de órgãos e
profissionais qualificados que possam atender às prerrogativas do ECA dificulta, assim, a realização de um trabalho eficaz, seja de reintegração familiar ou de encaminhamento para lar substituto. Tais aspectos contribuem substancialmente para que se instale um processo gradativo de um abandono co-construído, que priva crianças e adolescentes institucionalizados do direito à convivência familiar. Desse modo, o próprio modelo de tratamento do abandono em nossa realidade acaba contribuindo para a instalação de um ciclo recursivo do abandono que re-vitimiza crianças e adolescentes, transformando-os nos “Filhos do Abrigo”, como outrora definiu Beloto.