Como Aumentar A Concentração e A Memoria

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Olá, Amigos!

Escrevi recentemente um artigo sobre "concentração e memorização", a pedido do pessoal da Folha


Dirigida (abração para a Carol, Érica e Malu!), e resolvi compartilhá-lo aqui também com vocês! Ok?

Segue o texto:

COMO AUMENTAR A CONCENTRAÇÃO E A MEMÓRIA

Já são quase sete da noite, e sua cabeça dói. Nem podia ser diferente, depois de um dia como
aquele... Na empresa, problemas e cobranças do chefe, desde cedo. Estresse. Encerra o expediente e
começa o trânsito engarrafado. Duas horas de congestionamento. Essa fila não anda? Suas costas
doem. Você está tenso. Finalmente, consegue chegar em casa.

Imediatamente, como quem troca um chip de computador, seus pensamentos se voltam agora em
outra direção: Preciso começar os estudos! Afinal de contas, você é um batalhador nato! Já assumiu
sua condição de concurseiro! Precisa ser aprovado o quanto antes, pois sonha em melhorar o seu
salário e a qualidade de vida da sua família.

O fato é que, naquele mesmo ritmo acelerado em que entrou em casa, você simplesmente se sentou
à mesa, abriu aleatoriamente um livro de Direito e começou a estudar. Mal havia chegado à segunda
página, e reparou que – misteriosamente – não se lembrava do que havia lido nos cinco últimos
parágrafos. Não se deu por vencido. Voltou ao ponto em que havia se desconcentrado e retomou a
leitura.

Sua cabeça ainda doía. As buzinas do trânsito pareciam ainda ressoar em seus ouvidos, e suas costas
pesavam toneladas. Após quase três horas ininterruptas de estudo, e de incontáveis acessos de
desconcentração, seu poder de assimilação se esvaíra por completo.

Você, Leitor, já se deparou alguma vez com uma situação semelhante a esta?

Se for o caso, meus parabéns! Minhas mais sinceras felicitações! Por quê? Porque você demonstrou
coragem, determinação, obstinação! Qualidades inerentes aos que querem vencer!

Infelizmente, estes atributos raros não estão sendo utilizados de modo apropriado. Em outras
palavras, a qualidade do seu estudo está prejudicada, o que implica falta de rendimento, baixo
aprendizado, cansaço mental, físico e emocional. Em uma palavra: desgaste.

As consequências desta prática de estudo, a médio prazo, podem ser desastrosas, e levá-lo até a
desacreditar em sua própria capacidade de enfrentar um concurso com sucesso.

Agora a boa notícia: há décadas que estudiosos das mais diversas áreas – professores, pedagogos,
psicólogos, médicos – aprofundam-se na questão do aprendizado. Incontáveis pesquisas foram e
continuam sendo realizadas, no sentido de descobrir os mecanismos que podem levar uma pessoa a
conseguir otimizar seus níveis de concentração e de memorização, durante uma sessão de estudo.

E muito já foi descoberto! Nas linhas seguintes, convido o Leitor, humildemente, a despojar-se de
conceitos pré-concebidos, e a fazer-se criança novamente. Por que isso? Por uma razão interessante:
as técnicas que apresentarei a seguir, a fim de potencializar a qualidade de seu estudo, são de uma
simplicidade tal, que é bem possível que você, se não estiver imbuído de um espírito lúdico, sequer
se disponha a pô-las em prática. A criança acredita no que é simples, porque ela vê as coisas com
simplicidade. Vamos tentar fazer isso! Pode ser? Ótimo!
E já que voltamos à infância, que tal brincarmos do jogo dos sete erros? Vamos tentar localizar os
equívocos que a pessoa do início do texto cometeu, e que a levaram a uma noite de estudos pouco
proveitosa. À medida que os identificarmos, apontaremos as técnicas – ou soluções – indicadas a
corrigi-los! Ok? Vamos lá! Quem consegue encontrar os sete erros?

1º Erro) Ele esqueceu que havia uma família para abraçar!

Ora, o sujeito passou o dia inteiro fora lidando muitas vezes com pessoas estranhas, que não lhe têm
afeto, estima, apreço. O ser humano é feito de sentimentos! Ele precisa se sentir amado e acolhido,
ao menos quando chega em casa! É importante que ele abrace os seus filhos, brinque um instante
com eles, sorria junto, olhe em seus olhos! Isso o irá fazer sentir-se até mais motivado para os
estudos! Um carinho da esposa ou do marido também é bem-vindo nesta hora. Claro! Se não
existirem filhos ou cônjuge, abrace seus pais, ou seus irmãos. Se não houver ninguém, abrace o seu
cachorro. E se não houver cachorro, compre um. Pode ser também um gato, um periquito, um
papagaio... O concurseiro não pode se esquecer jamais de que também é gente!

Após esta chegada propriamente dita, convém que você se lembre da sua respiração! É
impressionante como ninguém, afora os monges tibetanos, pensa na respiração. Mas você vai pensar
nela. Durante o banho e a refeição leve que devem se seguir, você vai tentar manter um ritmo
constante de respiração um pouco mais profunda, e com isso você já vai se preparando,
paulatinamente, para cumprir o próximo passo e evitar o erro que veremos na seqüência.

É chegado, enfim, o momento de se lançar ao conhecimento! Então não esqueça de avisar a todos de
casa: Agora eu não estou para ninguém! Peça que anotem os recados e que não o interrompam.

2º Erro) Ele se esqueceu de inicializar o cérebro para os estudos!

Um dos erros mais comuns, e talvez o mais grave deles! Quando você liga o computador, já consegue
sair imediatamente trabalhando com ele? Claro que não! Tem que esperar alguns instantes, até que
a máquina seja inicializada! Naqueles momentos, os programas do seu micro estão se preparando
para começar os trabalhos!

Neste sentido, assim também é o seu cérebro! Quando você chegou em casa, em alto grau de
agitação, seu cérebro funcionava em ondas beta. Traduzindo: ele estava em alvoroço, quase
fervilhando. Um grande pesquisador do cérebro, o Dr. Lozanov, búlgaro, demonstrou que, neste
estado de inquietação mental, não se atinge mais que 25% do nível de concentração possível em
uma leitura ou estudo.

Aqui está a grande descoberta: é preciso preparar o cérebro para a atividade intelectual. E como se
faz isso? Por meio de uma breve sessão de relaxamento. É muito simples: você irá sentar-se
preferencialmente em uma poltrona, o mais confortavelmente possível, e durante cinco a dez
minutos, ouvirá um pouco de música clássica. Mozart, Vivaldi e Bach são os mais indicados. Enquanto
isso, você estará de olhos fechados, concentrando- se na sua respiração, e tentando mantê-la
profunda e constante. Continue respirando, respirando, respirando. Se quiser, pode ainda repetir
baixinho esta ordem: Relaxe, relaxe, relaxe... Quando sentir que a música o envolveu e que você já
saiu, de fato, daquela agitação inicial, então podemos dizer: seu cérebro foi inicializado. Somente
agora você está pronto para começar os estudos!

A técnica aqui apresentada é de origem científica. É inacreditável como algo tão simples poderá
revolucionar positivamente o seu aprendizado! Após este relaxamento, diz o Dr. Lozanov, você será
capaz de alcançar níveis de concentração de 95% ou mais.
3º Erro) Ele se esqueceu de preparar a mesa de estudos!

Suponhamos que naquela noite o nosso amigo resolveu estudar o Direito Constitucional. Para tanto,
começou a leitura com apenas um livro sobre a mesa. Ocorre que ele possui três bons livros desta
disciplina, além de uma boa apostila e da própria Constituição Federal.

Ora, ninguém vai à guerra sem levar todas as armas! Embora você julgue que só vai precisar de um
livro, ponha todos eles (daquela disciplina) sobre a mesa. É bem possível que resolva complementar
sua leitura com algum outro autor. E se não o encontrar ali, à sua frente, isso implicará interrupção!
Um prejuízo de, no mínimo, quinze minutos, até que seu cérebro volte a atingir o mesmo estado de
concentração de antes.

O mesmo ocorre com quem esquece de pôr uma jarra de água bem próximo. É só começar o estudo
e é uma sede desgraçada! Sem água por perto, a interrupção é certa. E interrupção, já sabemos, é
inimiga mortal da concentração!

4º Erro) Ele se esqueceu de fazer os resumos de estudo!

Nós vimos que aquele rapaz apenas lia. O estudo que consiste da mera leitura não é propício a uma
boa memorização. Comprovadamente, já se sabe da existência da seguinte escala: quem lê e
sublinha as frases cruciais do texto memoriza mais que aquele que apenas lê; quem lê e sublinha
com marcadores coloridos memoriza mais que quem apenas lê e sublinha de uma cor só; quem lê,
sublinha colorido e faz um resumo da essência do que leu memoriza mais que todos os outros!

E a memorização tanto se prolongará mais pelo tempo – e isso é deveras desejável – quanto mais
forem criativos aqueles resumos! Usar fichas é muitíssimo interessante! Mas pode ser com folhas de
caderno também. Não vamos complicar! Convém apenas que eles, os resumos, sejam bastante
coloridos, cheios de símbolos e abreviaturas. Nada de frases compridas. Nada muito linear. Circule as
palavras. Puxe setas ligando uma idéia à outra.

E o que é muito importante: não encha demais a sua ficha, ou a sua folha de caderno. Uma ficha-
resumo (ou folha-resumo) é como um telegrama. Ninguém vai dizer: Mamãe, finalmente, após todos
esses meses, eu irei visitá-la. Vou tomar o trem das onze e só devo chegar aí amanhã, de manhãzinha
cedo, no crepúsculo matutino. Nada disso! Você dirá apenas: Mãe, tomo café amanhã aí. Pronto!
Resumo prolixo não é resumo!

E resumo bem feito é sinônimo de boa memorização!

5º Erro) Ele se esqueceu de cronometrar o tempo!

Vocês repararam que o sujeito estudou três horas, ininterruptamente! Cometeu um crime contra seu
cérebro! O estudo correto precisa ser, necessariamente, intercalado. Como funciona? Assim: você
chegou para estudar, e já cumpriu a sessão de relaxamento que aprendemos há pouco. No instante
em que você vai começar o estudo, verifique que horas são e marque o tempo. Não é conveniente
que seu estudo se prolongue por mais de cinquenta minutos ou uma hora.

Se você estiver atento, perceberá que seu rendimento sofrerá uma queda, após aquela primeira hora
de estudo. A leitura não continuará fluindo, como estava até então. O que terá havido? O motor
esquentou! Só isso! E a solução é simples e única: é preciso fazer um intervalo.

Cuidado: está parada não pode se estender por mais de quinze minutos. Muita gente divide a hora
em 50 minutos para o estudo e 10 para o intervalo. Pode ser feito!

Agora o mais importante de tudo: naqueles minutos de intervalo, você precisa se retirar do local do
estudo. Se for um quarto, saia dele e feche a porta! É crucial que você abandone o ambiente em que
estava estudando. Somente assim, mandará ao cérebro a mensagem de que ele já pode descansar
um pouco, e se refazer.

Essa técnica é absolutamente essencial para uma boa memorização dos conteúdos!

6º Erro) Ele se esqueceu de fazer a caminhada!

Vimos que o infeliz rapaz tem uma vida por demais atarefada. É só trabalho, estresse,
aborrecimentos. Ora, como se pode esperar que uma pessoa assim consiga ter um estudo
prodigioso?

Não se pode esperar um bom rendimento intelectual, se o indivíduo se sente mal fisicamente.

Ademais, o cérebro humano – e todas as nossas células – são movidas a oxigênio! É preciso oxigenar
o cérebro, para dar-lhe boas condições de trabalho!

Um senhor de memória prodigiosa, digo, de memória muito bem treinada, chamado Dominic
O’Brien, várias vezes campeão mundial de memorização, revela que fazia sempre uma corrida de dez
quilômetros, na véspera destas grandes competições que participava. Ele mesmo também confessa
que, antes de começar a treinar sua memória, era incapaz de memorizar até um número de telefone!

Estudos recentes mostraram que uma simples caminhada de quarenta minutos, durante três vezes
na semana, pode aumentar em até 15% a capacidade de aprendizado nos estudos.

Quem faz caminhada, ou qualquer outro exercício aeróbico, está contribuindo com sua atividade de
memorização, muito além do que possa imaginar!

7º Erro) Ele se esqueceu de programar as revisões!

O último erro é sempre o mais difícil de ser detectado. Perceberam que o livro de Direito, lá em cima,
foi escolhido aleatoriamente. Se a matéria do estudo foi escolhida de forma aleatória, isso
demonstra que não existe uma programação! Não existe um planejamento! E quem não programa os
estudos não pode também, consequentemente, programar as necessárias revisões!

O amigo Leitor acaso lembra como se desenvolve o binômio (a+b)^2? Lembra? Assim: (a+b)^2=a^2+
2ab+b^2. O nome disso é produto notável. Um assunto normalmente estudado lá pelos idos da
sétima série. E como se explica que você, após todos esses anos, ainda se lembre disso? Muito
simples: em sua vida estudantil, você repetiu este desenvolvimento dezenas de vezes. Talvez
centenas. Houve um dado momento, entre todas essas incontáveis repetições, em que seu cérebro,
se falasse, teria dito assim: É... parece que esse tal de produto notável é mesmo importante! Toda
hora eu preciso estar procurando ele aqui no armário. Melhor eu colocá-lo logo em um lugar bem
visível, para não ter trabalho e nem perder tempo procurando da próxima vez!

É exatamente assim que funciona! Se você fizer revisões programadas, estará informando ao seu
cérebro – e à sua memória – que aquele assunto é de suma importância. E que precisa ser muito
bem guardado, e em lugar de destaque!

Quem revisa os seus resumos com frequência está se mostrando grande amigo da sua própria
memória!

É isso! Muito ainda havia a ser escrito acerca deste tema, por ser inesgotável. Todavia, faço votos
que esse breve texto possa ajudá-lo a evitar alguns descaminhos, e a encontrar soluções que o
conduzam ao sucesso nos concursos, e na vida! Boa sorte!

Sérgio Carvalho

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