Seletividade

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TEA & ABA: estratégias para reduzir seletividade alimentar

Book · July 2021

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Marcio Borges Moreira


Centro Universitário de Brasília
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Silva & Moreira (2021)

TEA & ABA: estratégias para reduzir seletividade alimentar


1a edição | ISBN:  978-65-993434-3-8

Larissa Dafne Vieira da Silva

Márcio Borges Moreira

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Silva & Moreira (2021)

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Sobre os autores

Márcio Borges Moreira (@marcioborgesmoreira)


Doutor em Ciências do Comportamento pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em
Psicologia e Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Professor
da graduação e do mestrado em Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB).
Diretor do Instituto Walden4. Co-autor do livro Princípios Básicos de Análise do
Comportamento (Artmed) e de outros livros, capítulos e artigos cientí cos com temas
relacionados à Análise do Comportamento.

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Conheça outras obras de Márcio Moreira


Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Moreira & Medeiros (2019)

https://www.amazon.com.br/Princ%C3%ADpios-B%C3%A1sicos-An%C3%A1lise-do-
Comportamento/dp/8582715153

Análise do Comportamento Aplicada (ABA): o reforçamento. Moreira (2019)

https://play.google.com/store/books/details?id=JfZ5DwAAQBAJ

Uma história de aprendizagem operante. Moreira e de Carvalho (2017)

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text&ie=UTF8&qid=1491504508&sr=1-
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"Em casa de ferreiro, espeto de pau": o ensino da Análise Experimental do Comportamento.


Moreira (2004)

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452004000100008

O conceito de motivação na psicologia. Todorov e Moreira (2005)

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Algumas considerações sobre o responder relacional. Moreira, Todorov e Nalini (2006)

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452006000200007

Psicologia, comportamento, processos e interações. Todorov e Moreira (2009)

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79722009000300011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

Comportamento supersticioso: implicações para o estudo do comportamento operante.


Moreira (2009)

https://www.researchgate.net/publication/267821792

Emergência de classes de equivalência após separação e recombinação dos estímulos


compostos utilizados no treino. Moreira e Hanna (2014)

https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/1922

Arranjo de estímulos em treino discriminativo simples com compostos e emergência de


classes de estímulos equivalentes. Moreira, Oliveira e Hanna (2017)

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2017000100019

Efeitos da marcação de elementos de conjuntos sobre a contagem em tarefas de


discriminação condicional. Bandeira, Faria e Moreira (2020)

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Larissa Dafne Vieira da Silva (@larissadafne7)


Psicóloga formada pelo Centro Universitário de Brasília.

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Sumário

TEA & ABA: estratégias para reduzir seletividade alimentar 1


Editora do Instituto Walden4 5
Sobre os autores 7
Resumo 14
Abstract 15
Autismo e alimentação 16
Seletividade alimentar 27
Manuais didáticos 37
Moldagem de resposta para melhorar a aceitação de alimentos para
crianças com autismo: efeitos de conjuntos de alimentos pequenos
e grandes 45
O uso de apresentações simultâneas para aumentar o consumo de
vegetais por uma criança com autismo moderadamente seletiva 51
Comparação entre reforço diferencial e reforço não contingente
para tratar a seletividade alimentar em uma criança com autismo 57
Uso parental de extinção de fuga e reforço diferencial para tratar a
seletividade alimentar 62
Avaliação da sequência de instrução de alta probabilidade para
aumentar a aceitação de alimentos com um adolescente com
autismo 66

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Uma avaliação de apresentação simultânea e reforço diferencial


com custo de resposta para redução de empacotamento 70
Os efeitos da contingências de modelação no tratamento da
seletividade alimentar em crianças com autismo 74
Uma comparação de tratamentos com reforços simultâneos e com
atraso para seletividade alimentar 79
Intervenção para a seletividade alimentar em um ambiente escolar
especializado: estímulo, reforço e esvanecimento da demanda,
implementados pelo professor com um aluno adolescente com
autismo 82
Uso de reforços individualizados e exposição hierárquica para
aumentar a flexibilidade alimentar em crianças com transtornos do
espectro do autismo 87
Seletividade alimentar e comportamento problemático em crianças
com de ciências de desenvolvimento 93
Esvanecimento de líquido para estabelecer o consumo de leite, por
um criança com autismo 99
Aumentando a aceitação de alimentos e reduzindo comportamentos
desa adores em uma menina de quatro anos com autismo 103
Usando alimentos de alta probabilidade para aumentar a aceitação
de alimentos de baixa probabilidade 108
Utilizando manipulações antecedentes e reforço no tratamento da
seletividade alimentar por textura 113
Discussão 118
Referências 120
Lista de ilustrações 124

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Resumo
A seletividade alimentar é um comportamento característico de pessoas diagnosticadas com
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e tornou-se objeto de estudo por vários autores,
pois caracteriza-se por uma dieta restritiva que pode trazer consequências para o
desenvolvimento. Inúmeros artigos cientí cos em língua inglesa trazem intervenções que
podem diminuir a frequência desse comportamento, porém a quantidade de estudos em
português é muito menor e a linguagem utilizada nas pesquisas, di culta a reprodução
destes estudos por pro ssionais com conhecimento básico da análise de comportamento.
Portanto, os objetivos do presente livro foram: a) identi car as principais estratégias
analítico-comportamentais para o tratamento da seletividade alimentar e da recusa de
alimentos. b) identi car e extrair dessas pesquisas elementos para elaboração de um
manual didático sobre intervenções para o tratamento da  seletividade alimentar e da recusa
de alimentos. Para isso foi realizado o levantamento de revisões sistemáticas ou
metanálises para análise e seleção de pesquisas que apresentem intervenções
comportamentais. Após a leitura desses artigos foram elaboradas descrições breves,
selecionando os tipos de intervenções, os procedimentos para aplicação das mesmas e
apresentação dos resultados obtidos.

Palavras-chave: seletividade alimentar; autismo; intervenções comportamentais; análise do


comportamento aplicada (ABA).

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Silva & Moreira (2021)

Abstract
Food selectivity is a characteristic behavior of people diagnosed with Autism Spectrum
Disorder (ASD) and has become the object of study by several authors, as it is
characterized by a restrictive diet that can have consequences for development. Numerous
scienti c articles in English provide interventions that can reduce the frequency of this
behavior, but the number of studies in Portuguese is much smaller and the language used in
research makes it di icult for professionals with basic knowledge of behavior analysis to
reproduce these studies. Therefore, the objectives of this book were: a) to identify the main
behavioral-analytic strategies for the treatment of food selectivity and food refusal. b)
identify and extract from these research elements for the elaboration of a didactic manual on
interventions for the treatment of food selectivity and food refusal. For this, a survey of
systematic reviews or meta-analyses was carried out to analyze and select studies that
present behavioral interventions. After reading these articles, brief descriptions were
prepared, selecting the types of interventions, the procedures for applying them and
presenting the results obtained.

Keywords: food selectivity; autism; behavioral interventions; applied behavior analysis


(ABA).

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Autismo e alimentação
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) se caracteriza por alterações/atrasos no
 desenvolvimento neurológico do indivíduo ao longo de sua vida, é identi cado na primeira
infância e está relacionada a prejuízos na comunicação e no relacionamento com outras
pessoas (Hahler & Elsabbagh, 2015). Segundo Hahler e Elsabbagh, na última década, o TEA
foi se tornando protagonista de muitas discussões e, portanto, mais reconhecido pela
população do mundo inteiro. Os pais e pro ssionais de todo o mundo apresentam
semelhanças ao relatarem suas experiências e incertezas após o diagnóstico de uma criança
autista.

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Segundo Hahler e Elsabbagh (2015), no ano de 2010 o levantamento realizado estimou que
aproximadamente 52 milhões de pessoas haviam sido diagnosticadas com autismo. Já em
2012 cerca de 1% a 2% tinham o diagnóstico de algum tipo de autismo, em perspectiva
global. Há um aumento considerável no diagnóstico do TEA, que pode ser justi cado pelo
aumento da conscientização a respeito do assunto, amplitude nos critérios diagnósticos e
aprimoramento das medidas que identi cam esse transtorno.

O autismo é o mais conhecido dentre a categoria de Transtornos Invasivos do


Desenvolvimento. Tem como principais características para o diagnóstico, dé cits no
desenvolvimento em habilidades sociais, comunicativas e cognitivas (de Carvalho et al.,
2012). Klin (2006) ressaltou que, além das características citadas anteriormente, crianças
diagnosticadas com TEA podem apresentar distúrbio do sono e também alimentares. Ainda
segundo Klin, os distúrbios alimentares surgem por meio da aversão ao consumo de
determinados alimentos, seja por sua textura, cor ou odor.  Silva et al. (2009) apontaram a
necessidade de avaliações médicas que vão além do diagnóstico baseado no
comportamento, pois os distúrbios alimentares podem estar relacionados também a
 comorbidades. Este assunto será abordado em mais detalhes na próxima seção.

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Buie (2013) ressaltou que considerações a respeito da relação entre a alimentação, mais
especi camente o consumo do glúten, e a causa do autismo e outras condições
neuropsiquiátricas vêm se destacando desde o primeiro diagnóstico do TEA. O autor
informou que muitas pesquisas buscam avaliar relações comportamentais com hábitos
alimentares de crianças autistas. Porém, esses estudos não possuem métodos que
demonstram uma correlação positiva entre o consumo de glúten e uma piora nos
comportamentos estereotipados. Além disso, alertou que é preciso cuidado ao defender que
pessoas com diagnóstico de TEA geralmente possuem intolerância ao glúten ou a caseína.
Existem diferenças entre a intolerância, a alergia e a di culdade em digerir determinados
alimentos, fatores que, segundo o autor, não são tomados como base para estabelecer
resultados estatisticamente relevantes nas pesquisas já realizadas.

Kral, Eriksen, Souders e Pinto-Martin  (2013) a rmaram que cuidadores de crianças com
diagnóstico de TEA enfrentam di culdades no quesito da alimentação, pois a maioria de
crianças que recebem esse diagnóstico também apresentam resistência em incluir
alimentos novos a sua dieta. Junto à di culdade na ingestão de novos alimentos, os pais e
cuidadores de crianças com diagnóstico de TEA trouxeram questões que envolvem queixas
relacionadas a problemas gastrointestinais. Dentre essas queixas estão dores estomacais,
diarréia, prisão de ventre, entre outras. Os autores defendem que esses sintomas podem
ser relacionados aos medicamentos ingeridos por algumas crianças autistas com
comportamentos desadaptativos graves, pois os medicamentos podem desencadear efeitos
colaterais semelhantes aos relatados anteriormente, como desconfortos abdominais, entre
outros problemas gastrointestinais.

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Kral et al. (2013) apontaram que as pessoas diagnosticadas com TEA são classi cadas como
“muito exigentes” no que se refere à alimentação; costumam preferir alimentos com textura
parecida a de um purê e apresentam uma dieta mais restrita, quando comparada a outras
pessoas com desenvolvimento típico. Esses fatores são de signi cativa relevância pois, ao
restringir a ingestão de variados alimentos, sejam por sua textura, odor ou cor, crianças
com autismo podem desenvolver de ciências nutricionais que desencadeiam dé cits no
desenvolvimento e no crescimento.

Além das condições citadas anteriormente, Kral et al. (2013) descreveram fatores como a
alteração da flora intestinal que podem estar diretamente relacionados ao aumento
exacerbado na ingestão de antibióticos. Kral et al. destacaram uma correlação positiva entre
o grau do autismo e os desconfortos abdominais relatados por crianças e seus cuidadores.
Ainda segundo os autores, alguns cuidadores têm adotado dietas mais restritivas com
relação a ingestão de glúten e a caseína com o objetivo de diminuir os problemas intestinais
e também por acreditarem que esse tipo de dieta pode diminuir comportamentos
característicos do autismo. Porém, segundo Kral et al., não existem pesquisas
experimentais que comprovem que essas restrições são e cientes na diminuição dos
desconfortos abdominais e também na alteração de comportamentos.

Alguns pesquisadores têm avaliado o efeito de diferentes dietas sobre   comportamentos


característicos do TEA. Whiteley, Rodgers, Savery, e Shattock (1999), por exemplo,
realizaram uma pesquisa com objetivo de veri car o efeito a curto prazo de uma dieta sem
glúten em crianças com TEA, visando diminuir a frequência de comportamentos
indesejados. Participaram da pesquisa 22 crianças, sendo 19 meninos. O grupo controle foi
composto por 6 crianças, sendo 5 meninos, que não passaram por nenhuma intervenção
alimentar.

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O procedimento utilizado por Whiteley et al. (1999) foi explicar aos pais sobre uma dieta
sem glúten e apresentação de alimentos alternativos, ressaltando a importância de manter
uma dieta restritiva durante o período da pesquisa. Para recolher as informações, foram
utilizados questionários, testes psicométricos, pesquisa de satisfação dos pais e análises
urinárias, com o objetivo de veri car quais as alterações causadas após a intervenção na
dieta das crianças.

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Os principais resultados encontrado por Whiteley et al. (1999 ) foram que, de acordo com a
observação de pais e professores, após três meses de início da dieta, as crianças
apresentaram diminuição em comportamentos característicos do autismo, como melhora na
comunicação verbal, diminuição do comportamento de autoagressão, além da diminuição na
frequência de comportamentos hiperativos e impulsivos. Porém, os resultados não
apresentam relevância signi cativa ao serem avaliados estatisticamente. Dentre os
problemas metodológicos que não possibilitam a generalização dos dados obtidos,
encontram-se uma amostra pequena de participantes, a influência que os pais podem
exercer nos resultados, pois estão intimamente relacionados com o objeto de estudo. Além
disso, os relatos de melhorias no comportamento não foram identi cados de forma
heterogênea em todos os participantes, portanto os resultados podem ser influenciados por
gênero, idade, desenvolvimento e educação.

Elder et al.,  (2006) realizaram uma pesquisa similar à pesquisa de Whiteley et al. (1999). No
entanto, Elder et al. utilizaram outras ferramentas com o objetivo de diminuir os problemas
metodológicos comumente encontrados em pesquisas semelhantes. Participaram da
pesquisa 15 crianças com diagnóstico de TEA, sendo 12 meninos. Elder et al. utilizaram um
procedimento duplo-cego como estratégia para que os observadores e os pais dos
participantes não pudessem influenciar os resultados, tendo em vista que estabelecem
relações muito próximas com as crianças. Além  disso, Elder et al. dividiram o grupo de
participantes de forma randomizada para a distribuição da dieta sem glúten e sem caseína,
com a função de que uma parte dos participantes cassem com um placebo e a outra
estivesse seguindo uma dieta mais restritiva.

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Os resultados relatados por Elder et al. (2006) indicaram alguma melhora em determinados
comportamentos característicos do autismo, porém de forma individual e em pequena
quantidade. Com relação aos resultados do grupo como um todo, não foram encontrados
dados estatisticamente signi cativos, fator justi cado pelos autores por se tratar de uma
amostra muito heterogênea. Portanto, Elder et al. ressaltaram que há necessidade de
realizar outras pesquisas com uma amostra maior e buscando soluções para os problemas
metodológicos encontrados em sua pesquisa.

A despeito da discussão se alimentação está ou não relacionada à causa de certos


comportamentos, há extensa literatura mostrando problemas relacionados à aceitação de
novos alimentos seja por sua textura, cor e odor. Por esse motivo, várias pesquisas têm
buscado encontrar métodos que colaborem para a inserção de novos alimentos na dieta de
crianças com TEA.

Schreck, Williams, e Smith (2004) compararam comportamentos alimentares de crianças


com e sem diagnóstico de TEA. Participaram da pesquisa 472 cuidadores de crianças com
diagnóstico de TEA e cuidadores de crianças com desenvolvimento típico, sendo 298 do
grupo controle e 138 do grupo autismo. O estudo teve como objetivo avaliar se autistas
possuem uma alimentação mais restritiva quando comparados às pessoas com
desenvolvimento típico. Além disso, foram comparados os tipos de alimentos consumidos
pela família das crianças, visando avaliar se as mesmas acompanhavam a dieta seguida
pelos lhos.

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Os dados da pesquisa de Schreck et al. (2004) foram coletados por meio do preenchimento
de questionários que levantaram informações a respeito dos comportamentos e
preferências alimentares infantil. Além de uma escala de classi cação de autismo, com o
objetivo de distinguir as crianças consideradas típicas e das crianças com TEA. Um
questionário de história pessoal foi utilizado para levantar mais dados a respeito dos
diagnósticos recebidos até o momento de vida atual da criança.

Os resultados relatados por Schreck et al. (2004) indicaram que as crianças com TEA
possuem mais restrições alimentares que as crianças típicas. Entre os fatores identi cados,
as crianças com TEA tendem a recusar mais alimentos do que as do grupo controle, seja
pela textura, cor ou formato da apresentação. Além disso, os dados apontaram que as
famílias consomem uma variabilidade semelhante à de grupos de alimentos, portanto a
restrição alimentar dos autistas não teria relação com uma apresentação menor na
variabilidade de alimentos. Ou seja, a condição de seletividade alimentar não tem relação
direta com uma dieta restrita seguida pelos familiares das crianças, tendo em vista que os
familiares consomem uma alta variedade de alimentos e estes são oferecidos regularmente
às crianças.   Schreck et al. sugeriram que novas pesquisas sejam realizadas buscando
solucionar problemas metodológicos de sua pesquisa como, por exemplo, o processo de
seleção das famílias e a quantidade de participantes com TEA, que pode indicar uma
tendência por selecionar mais crianças com esse transtorno, quando comparado ao número
de participantes com desenvolvimento típico.

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Hubbard, Anderson, Curtin, Must, e Bandini (2014) realizaram uma pesquisa cujos
resultados corroboram os resultados encontrados por Schreck et al. (2004). A pesquisa
realizada por Hubbard et al. (2014) contou com a participação de crianças 53 com TEA e  58
com desenvolvimento típico, na faixa etária de 3 a 11 anos.  O procedimento para coleta de
dados foi a realização de entrevistas com os pais das crianças, após eles terem respondido
um questionário demográ co/médico. Nas entrevistas, eram feitas perguntas a respeito da
alimentação e também sobre a recusa de alimentos por parte das crianças.

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Os resultados encontrados por Hubbard et al. (2014) apontaram que crianças com
diagnóstico de TEA tendem a recusar mais alimentos que crianças com desenvolvimento
típico, tendo como base as especi cações textura, sabor, odor, marca e mistura de
alimentos. Já nas especi cações de temperatura, cor e alimentos tocando outros, os
resultados foram semelhantes entre os dois grupos.

Hubbard et al. (2014) apresentaram como limitação deste estudo o fato de os dados serem
baseados apenas em relatos dos pais das crianças. Por esse motivo, os relatos podem
sofrer influências da percepção individual dos pais, nos casos em que os lhos não são
capazes de comunicar-se. Além disso, a recusa de determinados alimentos pode ser
justi cada por inúmeras características, seja por sua cor, textura ou sabor, condição que
não pode ser completamente avaliada pelo método utilizado ao longo dessa pesquisa.

O número de pesquisas voltadas para a dieta de crianças com autismo e a influência das
restrições alimentares em comportamentos característicos da TEA tem aumentado
consideravelmente nos últimos anos. Além destes fatores, alguns autores têm abordado
também a seletividade alimentar, que surge como principal característica para a recusa de
alimentos. Esse assunto será em detalhes ao longo deste livro.

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Seletividade alimentar
Matson e Fodstad (2009) de niram seletividade alimentar como um comportamento atípico,
característico de pessoas com diagnóstico de TEA, para a seleção de alimentos com base
em sua textura ou tipo. Os autores a rmaram que esse comportamento estereotipado
mantido nos hábitos alimentares, pode sofrer influências de comorbidades, alterações
biológicas e fatores ambientais. Matson e Fodstad ressaltam a importância de de nir
melhor os problemas relacionados à alimentação de pessoas com TEA e defendem que as
pesquisas nessa área são de extrema relevância.

Dentre as pesquisas realizadas, destaca-se a de Ahearn et al. (2001), que demonstraram


empiricamente a seletividade alimentar de crianças diagnosticadas com TEA. Participaram
da pesquisa 30 crianças, sendo 22 do sexo masculino, com faixa etária entre 3 e 14 anos. O
procedimento utilizado nesta pesquisa foi a apresentação de alimentos em texturas e
tamanhos variados, com o objetivo de avaliar se a forma como o alimento era apresentado,
seria capaz de interferir na aceitação ou recusa da criança para ingeri-lo.

Os resultados relatados por Ahearn et al. (2001) indicaram que existem três padrões
distintos apresentados pelos participantes ao entrarem em contato com os alimentos. O
primeiro é a aceitação geral de alimentos, recusa total e seletividade por tipo ou textura do
alimento. Dezessete participantes apresentaram aceitação seletiva pelo tipo ou textura,
indicando que a forma como o alimento é oferecido para a criança interfere na sua aceitação
ou recusa.

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Ahearn et al. (2001) ressaltaram que os resultados precisam ser avaliados de forma
ponderada, pois algumas crianças recusaram alimentos que costumavam aceitar em casa
devido à apresentação diferente da habitual. Além disso, não possuíam um grupo de
crianças com desenvolvimento típico para que os dados fossem comparados entre outros
tipos de participantes. Portanto, para novas replicações, caberia desenvolver melhorias na
metodologia, para que os resultados pudessem representar mais crianças com o mesmo
diagnóstico.

Dentre os estudos que apresentaram intervenções, os autores Matson e Fodstad


(2009) trouxeram exemplos de pesquisas que buscaram aprimorar técnicas para diminuir
comportamentos-problema relacionados à seletividade alimentar. Em sua maioria,
utilizaram-se da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) para propor estratégias que
ajudem as crianças com diagnóstico de TEA a incluírem uma maior variedade de alimentos
em sua dieta. Exemplos de intervenções semelhantes às citadas por esses autores serão
abordados na próxima seção.

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Estratégias de intervenção
Alguns artigos relatam intervenções com crianças que apresentavam seletividade alimentar.
Essas intervenções geralmente são realizadas por meio de treinamentos com os pais, para
que estes tenham capacidade de apresentar novos alimentos e diminuir a frequência de
rejeição na inserção de uma dieta mais variada. Nesta seção serão apresentados alguns
exemplos de estudos empíricos realizados neste sentido.

Seiverling et al. (2012) ressaltaram a importância de incluir os pais e cuidadores de crianças


com TEA no treinamento de habilidades comportamentais. Tendo em vista que os pais são
responsáveis por oferecer a alimentação para esses indivíduos e, portanto, desempenham
influência sobre a ingestão de alimentos. Com isso, Seiverling et al. destacaram como
objetivo de sua pesquisa avaliar o efeito do treinamento de habilidades comportamentais,
implementado por pais de crianças com autismo, com o intuito de intervir na seletividade
alimentar de seus lhos. Os autores indicaram como objetivo adicional operacionalizar essa
intervenção para que a mesma seja utilizada por mais cuidadores.

Participaram da pesquisa de Seiverling et al. (2012) três meninos com idades de quatro, oito
e cinco anos e suas respectivas mães. Antônio (Tommy, no artigo) tinha quatro anos e sua
mãe era dona de casa. Luiz (Lance, no artigo) tinha oito anos e sua mãe era professora da
educação especial. João (Noah, no artigo) tinha cinco anos e sua mãe também era dona de
casa. As sessões eram realizadas durante o jantar e todas foram lmadas visando melhorar
a coleta de dados. O procedimento, de maneira geral,   constituiu-se em apresentar o
alimento e solicitar que a criança desse uma pequena mordida, engolindo-o sem cuspir ou
retirar-se da mesa. Após realizar essa etapa, a criança era autorizada a sair da mesa pelo
prazo de três minutos. Ao retornar, deveria cumprir a tarefa de consumir uma porção
maior do alimento. Essas sessões foram denominadas de paladar. Após cumprir 10 sessões
da etapa paladar a criança passava para a etapa denominada de sonda, durante 10 minutos,
na qual eram apresentados alimentos diferentes daqueles da etapa anterior, visando avaliar
se a criança aceitaria consumir aquele alimento. Nessa etapa não havia a obrigatoriedade do
alimento ser consumido.

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Seiverling et al. (2012) buscaram, em uma primeira etapa, conhecer os alimentos


consumidos pela família e a criança, por meio de uma lista com 86 itens entregue para as
mães dos participantes. Após avaliar a lista, mães e pesquisadores selecionaram alimentos-
alvo que eram consumidos pela família, porém eram recusados pelas crianças. Na segunda
etapa, denominada de sessões de paladar/degustação da linha de base, os pesquisadores
entregavam a instrução escrita da tarefa de solicitar que a criança consumisse uma pequena
porção de determinados alimentos. Elas foram orientadas para que não oferecessem
alimentos para as crianças duas horas antes e depois das sessões de paladar/degustação. A
última etapa de linha de base, denominada de sessões de sonda, apresentou um modelo
semelhante ao citado anteriormente, porém a instrução entregue solicitava que a criança
consumisse alimentos diferentes dos utilizados nas etapas anteriores. O pós-treino foi
realizado da mesma forma da linha de base. O acompanhamento realizado após o
tratamento solicitou que as mães continuassem realizando as atividades em casa e sem a
presença dos pesquisadores. Após algumas semanas depois Seiverling et al. retornaram o
contato com as famílias e solicitaram que as mães avaliassem a aceitabilidade do tratamento
e o resultado no comportamento dos participantes.

Os resultados de Seiverling et al. (2012) indicam que incluir os pais e cuidadores por meio
da modelagem das fases de paladar, sonda e o acompanhamento, têm influenciado os
resultados da pesquisa. A mãe do Antônio executou as etapas de forma adequada em 40%
das sessões de paladar, e 85% nas sessões de sonda. A mãe de Luiz obteve acerto de 44%
nas sessões de paladar, na linha de base, e 86% nas sessões de sonda. A mãe de João obteve
acertos em 29% nas sessões de paladar e 70% nas sessões de sonda. Os resultados
apresentados indicaram comparações entre as etapas de linha de base das sessões de
paladar e sonda. Portanto, indicam que o desempenho das mães foi evoluindo conforme a
pesquisa ia avançando.

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Silva & Moreira (2021)

Os resultados relativos aos comportamentos das crianças, na pesquisa de Seiverling et al.


(2012), foram ilustrados em grá cos. Na etapa de linha de base, todos os três meninos
recusaram todos os alimentos oferecidos e apresentaram comportamentos disruptivos em
todas as tentativas. Os dados apresentados a seguir correspondem aos números obtidos na
etapa do pós treino. Antônio apresentou uma variabilidade de resposta de 40% a 80% na
aceitação de alimentos oferecidos nesta etapa. Com relação aos comportamentos
disruptivos, apresentou uma diminuição de 60% a quase zero, nas mesmas condições. Luiz
iniciou essa etapa apresentando comportamentos disruptivos em 20% das sessões, porém a
variação indica que ao longo da etapa esse comportamentos foram reduzidos a próximo de
zero. Com relação a aceitação houve variação entre 80 e 100%. João apresentou, nas
primeiras sessões, aceitação igual a zero, porém ao longo do processo alcançou 80%. Os
comportamentos disruptivos estavam presentes em 100% das apresentações de alimentos e
diminuíram para 20% nas sessões. Esses dados indicam que o método utilizado por
Seiverling et al., alcançaram  o objetivo indicado, de diminuir a seletividade alimentar e
também a diminuição de comportamentos disruptivos. Uma limitação ressaltada pelos
pesquisadores foi o tempo de aplicação que durante a fase sonda indicou diferença
signi cativa entre os participantes.

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Silva & Moreira (2021)

Allison et al. (2012) também buscaram intervenções para o tratamento da seletividade


alimentar. Em sua pesquisa, compararam a intervenção com extinção de fuga e reforço não
contingente versus extinção de fuga e reforço diferencial, tendo como objetivo veri car
quais das duas intervenções diminuiria a frequência de comportamentos-problema, como a
agressividade e respostas emocionais como o choro.

Participou da pesquisa, de Allison et al. (2012), um menino de três anos, diagnosticado com
autismo, que foi encaminhado por conta da seletividade alimentar. As sessões foram
realizadas por psicólogos treinados em uma centro de tratamento para autistas. Na sala das
sessões, o participante tinha acesso a alimentos e talheres, além de em algumas etapas
serem disponibilizados brinquedos de sua preferência.

Os procedimentos utilizados por Allison et al. (2012) foram análises funcionais dos
comportamentos do participante, realizadas em duas condições: a de controle e a de fuga,
visando avaliar qual das duas mantêm os comportamentos-problema. Na condição de fuga o
psicólogo apresentava uma pequena porção de comida, caso a criança apresentasse
comportamento de fuga, o alimento era retirado e apresentado novamente após o término
do comportamento problema. Durante a condição de controle, nenhuma consequência foi
apresentada caso a criança respondesse com comportamento problema, além de ter acesso
aos brinquedos preferidos, selecionados anteriormente, e recebeu a atenção do terapeuta.
Foram realizadas de cinco a 10 sessões por dia, variando em duas ou três vezes na semana.
A comida era apresentada em uma colher pequena com uma porção do alimento de 30 em
30 segundos em um prazo de cinco minutos. Durante essa etapa, os observadores
anotavam a latência até o consumo, comportamentos-problema, verbalizações negativas e
aceitação. Após 30 segundos que o participante colocou a comida na boca, o psicólogo
veri cava se a mesma havia sido engolida. Em caso a rmativo respondia com “bom” e em
caso negativo emitia o aviso “engolir”.

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Silva & Moreira (2021)

Os resultados de Allison et al. (2012) indicam que o participante apresentou mais


comportamentos-problemas nas condições de fuga, quando comparada às condições de
controle, durante as análises funcionais. Os dados indicaram que na linha de base o
participante recusava todos os pedaços de comida oferecidos. Ao inserir o reforço
diferencial combinado à extinção de fuga, o participante aceitou 100% dos alimentos
oferecidos. Mesmo resultado encontrado com a utilização do reforço não contingente
combinado com a extinção de fuga. Os comportamentos-problema diminuíram a frequência
de 20 a 5 na escala por minuto, ao longo das sessões. As vocalizações negativas também
diminuíram de frequência, de 40% a 10% nas sessões.

Segundo Allison et al. (2012), as duas formas de intervir na seletividade alimentar funcionam
e atingem o objetivo, portanto cabe aos cuidadores escolherem qual a intervenção a ser
utilizada. No caso da pesquisa, a mãe do participante optou por usar o reforço não
contingente com a extinção de fuga, pois segundo os pesquisadores, esse modelo é mais
fácil de ser replicado pelos cuidadores em casa. Segundo relato dos pais da criança, a opção
de reforço não contingente, apresentando os brinquedos preferidos da criança, parece ser
mais “agradável” para a situação.  Um fator limitante indicado pelos pesquisadores é não
testar a extinção de fuga separada do reforço não contingente, portanto não foram capazes
de   diferenciar qual dos dois fatores exercem maior influência sobre a seletividade
alimentar.

Turner et al. (2020) também realizaram uma pesquisa com o objetivo de encontrar uma
forma de intervenção que fosse menos restritiva e intrusiva. Participaram da pesquisa dois
meninos. Bruno (Brian, no artigo) 6 anos, diagnosticado com TEA, apresentava seletividade
alimentar, tinha preferência por alimentos crocantes e doces. Carlos (Carl, no artigo)
também com 6 anos, diagnosticado com TEA, preferia alimentos crocantes e
constantemente consumia alimentos ricos em amido. As sessões foram realizadas na
clínica, na qual as crianças já faziam atividades regulares. Todas as sessões foram gravadas
e alguns dados foram levantados por meio de questionários aplicados aos cuidadores.

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Silva & Moreira (2021)

Antes de iniciar a pesquisa de Turner et al. (2020), os participantes passaram por uma
etapa, denominada triagem, na qual apresentavam 18 alimentos para as crianças. Todas as
etapas da pesquisa iniciaram informando à criança que lhe apresentariam alguns alimentos
novos e solicitando que as mesmas respondessem se gostariam de participar dessa
atividade. A criança deveria indicar qual dos alimentos mais lhe interessava. Ao apresentar
o alimento, pequenas porções eram colocadas em frente aos participantes e o pesquisador
dizia “experimente”, caso a criança realizasse o que foi pedido, seu comportamento era
reforçado verbalmente, com “bom trabalho”. Caso a criança não emitisse o comportamento
esperado, o pesquisador esperava 10 segundos, prosseguindo para outra apresentação com
um alimento novo. Além de ser reforçado ao atender o pedido do pesquisador, o
comportamento de permanecer sentado e outros comportamentos alvo desejados por
Turner et al., também foram reforçados. Alimentos não preferidos pelas crianças, foram
incluídos nas etapas de intervenções, visando aumentar a aceitação de novos alimentos,
além dos já consumidos. A linha de base seguiu o procedimento idêntico aos da etapa de
triagem, o único fator diferente se deu na apresentação dos alimentos, que nesta etapa
foram apresentados em grupos de três, tanto do conjunto maior quanto do conjunto menor.

Turner et al. (2020) realizaram duas sessões por dia, cada uma delas com uma condição. As
condições foram divididas em duas, um conjunto menor composto por 3 alimentos e outro
conjunto maior composto por 15 alimentos. Essa divisão em duas condições tem como
objetivo avaliar qual das intervenções tem efeito sobre o comportamento da seletividade
alimentar. Nas sessões que eram utilizadas o conjunto menor, foram apresentadas três
porções dos mesmos alimentos ao longo de toda a pesquisa. Já nas sessões em que a
condição era o conjunto maior, os 15 alimentos foram divididos em cinco grupos de três,
sendo apresentados de forma randomizada.

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Silva & Moreira (2021)

Turner et al. (2020) estabeleceram alguns critérios para garantir que os participantes
estivessem diminuindo a seletividade alimentar, conforme iam prosseguindo nas atividades.
O primeiro critério relaciona-se com uma gradual apresentação ao alimento, à exemplo, os
pesquisadores solicitaram o toque, o paladar e a lambida, durante 3 a 4 sessões
consecutivas. Quando o participante respondesse de forma correta a 100% das instruções
durante o prazo estabelecido na pesquisa, prosseguia para etapas na qual deveria morder e
consumir o alimento. Ao responder de forma correta em três sessões consecutivas, para a
instrução “comer”, o pesquisador passou a apresentar no lugar de uma porção do mesmo
alimento,  duas a três porções. O critério para a conclusão da etapa “comer” foi o consumo
total de 10 porções do alimento apresentadas durante três sessões consecutivas.

Os resultados de Turner et al. (2020) indicaram que na linha de base os dois participantes
recusaram todas as solicitações de tocar no alimento, colocar na boca, lamber e tocar o
alimento na boca. Conforme as sessões de intervenção eram realizadas, os meninos
passaram a oscilar entre 10% a 100% de atendimento às solicitações. Durante essa primeira
etapa, os participantes não consumiram os alimentos, pois ainda estavam realizando
aproximações sucessivas. Na etapa dois, retornaram a linha de base, porém agora recebiam
instruções verbais  indicando que consumissem  o alimento apresentado. Durante a linha de
base, as crianças consumiram entre 1 a 2 pedaços ao longo de dez sessões. Ao iniciarem a
intervenção, Bruno e Carlos passaram a consumir mais pedaços durante as sessões
variando 1 a 10, conforme a intervenção acontecia.  

Esses resultados apresentados por Turner et al. (2020) indicam que a modelagem utilizando
dois grupos de alimentos, de tamanhos variados, pode contribuir para a diminuição do
comportamento de seletividade alimentar. Os autores destacaram que algumas condições
devem ser observadas em seus resultados. A pesquisa não avaliou se a aceitação de outros
alimentos foi generalizada para contextos diferentes do estudado. Algumas condições
tiveram que ser alteradas para que um dos participantes não considerasse aquela interação
com o alimento tão aversiva - episódio de vômito. Apenas um dos participantes consumiu
uma variedade signi cativa de alimentos, tendo em vista que o outro apresentava certa
demora para atender a instruções e cou restrito aos alimentos do conjunto menor.

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Silva & Moreira (2021)

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Silva & Moreira (2021)

Manuais didáticos
Conforme ilustrado pelas pesquisas aqui apresentadas, a seletividade alimentar de pessoas
com TEA tem ganhado destaque e vários autores apresentam procedimentos efetivos
descritos em artigos cientí cos. Porém, cabe ressaltar que a linguagem utilizada nesses
artigos não é acessível aos pro ssionais, que possuem conhecimento básico sobre a análise
do comportamento. Além disso, a maioria das publicações estão em inglês, condição que
di culta a aplicação das técnicas por pro ssionais que não dominam essa língua. A seguir,
serão apresentados alguns exemplos de materiais didáticos e suas características
principais.

Dentre os manuais didáticos publicados recentemente, será apresentado um breve resumo


de uma cartilha escrita por pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida (USF). Essa
cartilha é indicada a pais e cuidadores de crianças com diagnóstico de TEA  e apresenta
estratégias para a diminuição de comportamentos aversivos durante a apresentação de
novos alimentos.

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Silva & Moreira (2021)

O Centro de Autismo e De ciências Relacionadas à Faculdade de Ciências


Comportamentais e Comunitárias da USF (Center for Autism & Related Disabilities at USF
College of Behavioral & Community Sciences University of South Florida), publicou uma
cartilha com o objetivo de ensinar estratégias práticas que possam ser aplicadas pelos pais
ou cuidadores em casa. Essa cartilha possui uma introdução, na qual os autores apresentam
informações gerais sobre a alimentação, recusa de alimentos, as consequências que uma
dieta restrita pode acarretar e quais as intervenções para diminuição da seletividade
alimentar. Os autores ressaltaram a importância de buscar pro ssionais que possam avaliar
a criança e descartar de ciências que justi quem a recusa de alimentos. Em seguida,
relacionam a e cácia de utilizar reforço positivo para a diminuição de comportamentos
aversivos nos momentos das refeições.  

Os pesquisadores indicaram alguns passos que podem contribuir para a aceitação de novos
alimentos. Como ponto de partida, os pais devem fazer uma lista com a dieta seguida pela
criança para, em seguida, selecionar quais comidas são recusadas, de nindo quais
comportamentos aversivos serão alvo das intervenções. Cabe destacar que uma das
estratégias descritas na cartilha, indica apresentar alimentos que possuem cor, textura ou
sabor, semelhante aos de preferência da criança. Além disso, falam sobre a importância da
cautela ao apresentar “alimentos surpresa”, tendo em vista que uma das características
principais do TEA é a di culdade em lidar com mudanças bruscas na rotina.

Considerando essa di culdade em lidar com as mudanças, a cartilha destaca a


“dessensibilização” (aspas utilizadas pelos autores) como um fator importante na
apresentação da comida. Os autores utilizam esse termo para caracterizar uma
aproximação gradual da criança ao alimento, na qual o cuidador deve deixar a comida no
mesmo ambiente em que a criança e ir aproximando-os de forma gradual. Dessa forma,
espera-se que a criança se acostume ao cheiro, à cor e ao formato. Após essas etapas,
solicita-se o toque, uma lambida e assim sucessivamente até alcançar o objetivo nal que é
efetivamente consumir o alimento.

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Silva & Moreira (2021)

Outra estratégia indicada na cartilha relaciona-se com os horários em que devem ser
realizadas as atividades. Os autores da cartilha publicada pelo Centro de Autismo e
De ciências Relacionadas à Faculdade de Ciências Comportamentais e Comunitárias da
USF (Center for Autism & Related Disabilities at USF College of Behavioral & Community
Sciences University of South Florida) a rmam que no início deve se manter uma rotina e
que as atividades envolvendo os novos alimentos não devem ser realizadas junto às
refeições. Portanto, essas estratégias incentivam brincadeiras e atividades de lazer que
envolvam a comida, visando a diminuição do estresse e de comportamentos aversivos
durante as refeições. Os pesquisadores nalizam a cartilha reiterando a importância do
consumo de uma dieta balanceada e indicando a busca por pro ssionais especializados na
área, para contribuir com a seleção dos alimentos a serem inseridos nos cardápios das
crianças.

Cabe ressaltar que a cartilha trata de assuntos relacionados à alimentação de maneira muito
breve, portanto não poderia ser utilizada como manual por pro ssionais que não possuem
conhecimento aprofundado na área. Além disso, não indicam outras opções de
intervenções, tendo em vista que o processo pode variar com cada participante e podem
exigir o uso de novas estratégias para alcançar o resultado esperado.

Com relação às produções de manuais didáticos brasileiros voltados para os pro ssionais,
destaca-se o livro “Passo a passo, seu caminho: guia curricular para o ensino de habilidades
básicas.” escrito por Windholz em 1988. Este livro apresenta estratégias para o ensino de
habilidades necessárias para o desenvolvimento da criança, englobando também a
alimentação. Porém diferente da cartilha citada nos parágrafos anteriores, é destinada a
crianças típicas e também atípicas.

Windholz  (1988) inicia o livro ressaltando a importância do desenvolvimento de estratégias


que contribuam para o ensino de habilidades básicas para crianças com necessidades
especiais, tendo em vista que ao se tornarem adultos(as)  precisam ser independentes e
capazes de realizar atividades cotidianas, seja em casa ou na escola. A autora realizou
análises do repertório comportamental de crianças com síndrome de Down e TEA, com o
objetivo de criar estratégias que contribuíssem para a realização de atividades
ocupacionais.

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Silva & Moreira (2021)

Ao longo do trabalho, Windholz (1988) traz vários relatos de famílias que buscaram ajuda
para o desenvolvimento de habilidades básicas em suas crianças, algumas com problemas
na alimentação, seja por di culdades motoras ou comportamentais. A autora ressalta que é
preciso avaliar quais intervenções serão e cazes em cada caso, por isso a importância da
análise do repertório comportamental. Com linguagem de fácil compreensão a autora traz
esquemas de estratégias e como elas podem ser aplicadas.

Windholz (1988) demonstra intervenções lúdicas, por exemplo: solicitar que a criança
alimente  uma boneca, imitar os comportamentos dos outros ao seu redor e organizar a
mesa para o momento da refeição (colocando toalha/guardanapo, separando talheres
conforme a necessidade da criança). Esses passos podem servir como um treinamento para
que a criança consiga se alimentar com o mínimo de ajuda possível. A autora relata como o
aprendizado dessas atividades desencadeia o desenvolvimento de outras habilidades e
contribui para a diminuição de comportamentos indesejados.

Apesar de ensinar estratégias que melhoram a alimentação, Windholz (1988) não trata
especi camente da seletividade alimentar. Portanto ressalta-se a importância do
aprofundamento nessa área, contribuindo para o desenvolvimento das pessoas com TEA e
também para os pro ssionais que buscam intervenções para esses casos.

Neste sentido, o presente livro foi elaborado com dois objetivos: 1) identi car as principais
estratégias analítico-comportamentais para o tratamento da seletividade alimentar e da
recusa de alimentos; e 2) identi car e extrair dessas pesquisas elementos para elaboração
de um manual didático sobre intervenções para o tratamento da seletividade alimentar e da
recusa de alimentos de crianças com diagnóstico de TEA.

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Silva & Moreira (2021)

Seleção do artigo de revisão sistemática ou metanálise


A seleção dos artigos nos quais foram buscadas as informações para elaboração do
material didático, com intervenções para a diminuição na frequência do comportamento de
seletividade alimentar, foi realizada pesquisando metanálises ou revisões sistemáticas mais
recentes sobre o tema. Essa busca foi realizada nas plataformas PubMed, Lilacs, Redalyc e
Scielo. Foram utilizados os seguintes conjuntos de termos em cada plataforma ltrando pelo
campo todos os campos: a) systematic review food selectivity autism; b) meta-analysis food
selectivity autism;; d) systematic AND review AND food OR feeding, , ltrando por ano a
2016, 2019, 2020.

Após o levantamento das informações, foram removidas as publicações duplicadas. Em


seguida foram analisados os títulos e resumos com o objetivo de executar os critérios de
inclusão e exclusão. Os critérios de inclusão foram: (1) procedimento de ensino da análise
do comportamento, (2) seletividade/recusa alimentar e (3) participantes com Transtorno do
Espectro do Autismo. Como critérios de exclusão: (1) a condição dos (as) participantes
possuírem outros comportamentos alimentares e (2) a exclusão por título que não
contemple os critérios de inclusão. O artigo mais recente que contemplou esses critérios foi
A Systematic Synthesis of Behavioral Interventions for Food Selectivity of Children with
Autism Spectrum Disorders (Uma síntese sistemática de intervenções comportamentais
para a seletividade alimentar de crianças com transtornos do espectro do autismo), escrito
por Silbaugh, Penrod, Whelan, et al. em 2016.

Seleção dos artigos a serem analisados


Após a seleção do artigo de revisão, foram analisados os artigos mais recentes para a
extração das informações que tenham utilizado um dos procedimentos abaixo (Chawner et
al., 2019, Tabela 3):

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Silva & Moreira (2021)

1. Extinção de fuga (EE):


1. Não remoção da colher (nrs);
2.  Orientação Física;
3.  Reforço diferencial do comportamento alternativo (DRA);
4.  Reforço não contingente (NCR);
5.  Horários de atraso;
2. Com base na exposição:

1.  Dessensibilização sistemática (SysD);


2. Estímulo/textura, desvanecimento das porções e da demanda;
3. Apresentação simultânea;
4. Utilizar novos alimentos semelhantes aos previamente aceitos;
5. Modelagem;
6. Sequências de alta probabilidade;
7. Escolha de alimentos;
8. Acesso a comida preferida;
3. Métodos familiares e ambientais;

1. Psicoeducação;
2. Treinamento dos pais;
3. Planos de refeições;
4. Suporte Comportamental Positivo (PBS);
5. Intervenções ambientais;        

Elaboração das descrições didáticas


Após a seleção dos artigos, foi realizado a leitura e o levantamento de informações para
veri cação e extração dos seguintes tópicos:

1. Referência bibliográ ca.

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Silva & Moreira (2021)

2. Dados dos participantes:

1. Idade;
2. Diagnósticos;
3. Repertório comportamental (e.g., fala, não fala);
4. Dados dos pais/cuidadores (quando houvesse);
3. De nição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração.

4. Objetivo da pesquisa.

5. Objetivo da intervenção.

6. Nomes dos procedimentos de ensino utilizados:

1. DRA;
2.  DRO;
3. Extinção de fuga;
4. Reforço não contingente;
5. Reforço diferencial;
6. Modelagem;
7. Resultados da análise funcional (quando houvesse).

8. Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).

9. Descrição da intervenção.

10. Resultados:

        a. Número de sessões;

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Silva & Moreira (2021)

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

Quando havia mais de um participante, foi selecionado apenas o participante cujos dados
foram relatados primeiro (ou do participante que tivesse diagnóstico de TEA).

Os próximos capítulos apresentam os resultados desta busca e descrição de pesquisas que


apresentam procedimentos para reduzir a seletividade alimentar.

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Silva & Moreira (2021)

Moldagem de resposta para melhorar a aceitação de alimentos


para crianças com autismo: efeitos de conjuntos de alimentos
pequenos e grandes

Referência bibliográfica
Turner, V. R., Ledford, J. R., Lord, A. K., & Harbin, E. R. (2020). Response shaping to
improve food acceptance for children with autism: E ects of small and large food sets.
Research in Developmental Disabilities, 98, 103574.

Dados do participante
Nome ( ctício): Bruno (Brian, no artigo)

Idade: 6 anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Comportamentos: seletividade alimentar, preferência por alimentos crocantes e doces.

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Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Os dados foram coletados por meio de lmagens das sessões. Os dados avaliados, visando
veri car o efeito da intervenção, foram: as tentativas com respostas corretas, a quantidade
de porções consumidas e a quantidade geral de alimentos com os quais os participantes
interagiram. Os comportamentos tocar, provar, lamber e comer foram aplicados para os
dois conjuntos de alimentos. Para o participante Bruno, o comportamento “lamber”, teve
como critério colocar a comida na boca, tendo em vista que em fases iniciais a instrução
“lamber” resultou em comportamentos-problema.

O participante passou por mais níveis nas fases iniciais, pois não obteve sucesso na
instrução “comer”. Portanto, a criança colocar o alimento na boca e permanecer por um
prazo determinado foi considerado um processo gradual de aproximação dos alimentos,
visando atingir o objetivo que era comer o alimento.

Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi veri car se uma intervenção, utilizando dois conjuntos de
alimentos, através da modelagem de comportamento, poderiam ser menos restritivas e
invasivas para a diminuição na frequência do comportamento da seletividade alimentar.
Cada conjunto denominado como menor (composto por três alimentos diferentes) e maior
(composto por 15 alimentos variados), tiveram os alimentos selecionados por meio de uma
lista respondida aos responsáveis dos participantes.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi aumentar o consumo de alimentos.         

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Modelagem.

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Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


Na etapa da linha de base, o pesquisador apresentava três alimentos do conjunto menor e
três, selecionados aleatoriamente, do grupo maior. Nessa etapa, o participante foi
apresentado a cada alimento, com a possibilidade de escolher com qual gostaria de
trabalhar ao longo da sessão e possuía 10 chances para envolver-se em comportamentos de
aceitação como tocar, lamber, cheirar e comer o alimento selecionado.

Antes de cada sessão o pesquisador veri cou o consentimento da criança em participar do


estudo, através de expressões como “Hoje vamos praticar novos alimentos!”. Nos casos em
que o participante se retirasse da mesa ou respondesse de forma negativa, o pesquisador
aguardava por 10 segundos e repetia a frase.  

Descrição da intervenção
Antes de iniciar a pesquisa, o participante passou por uma triagem, na qual 18 alimentos
eram apresentados para a criança. A criança deveria indicar qual dos alimentos mais lhe
interessava. Ao apresentar o alimento, pequenas porções eram colocadas em frente ao
participante e o pesquisador dizia “experimente”. Caso a criança realizasse o que foi pedido,
seu comportamento era reforçado verbalmente com expressões como “bom trabalho”. Caso
a criança não emitisse o comportamento esperado, o pesquisador esperava 10 segundos,
prosseguindo para outra apresentação com um alimento novo. Alimentos não preferidos
pelas crianças foram incluídos nas etapas de intervenções visando aumentar a aceitação de
novos alimentos. A linha de base seguiu o procedimento idêntico aos da etapa de triagem,
porém a apresentação dos alimentos era em grupos menores, o que diferencia da etapa de
triagem.

Foram realizadas duas sessões por dia, cada uma  delas com um conjunto de alimentos de
cada grupo. Nas sessões que eram utilizadas o conjunto menor, foram apresentadas três
porções dos mesmos alimentos ao longo de toda a pesquisa. Já nas sessões em que a
condição era o conjunto maior, os 15 alimentos foram divididos em cinco grupos de três,
sendo apresentados de forma randomizada.

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Alguns critérios foram estabelecidos para garantir que os participantes estivessem


diminuindo a seletividade alimentar, conforme iam prosseguindo nas atividades. O primeiro
critério relaciona-se com uma gradual apresentação ao alimento, à exemplo, os
pesquisadores solicitavam  o toque, o paladar e a lambida, durante 3 a 4 sessões
consecutivas. Quando o participante respondia de forma correta a 100% das instruções
durante o prazo estabelecido na pesquisa, prosseguia para etapas na qual deveria morder e
consumir o alimento. Ao responder de forma correta em três sessões consecutivas, para a
instrução “comer”, o pesquisador passou a apresentar no lugar de uma porção do mesmo
alimento,  duas a três. O critério para a conclusão da etapa “comer”, foi o consumo total de
10 porções do alimento apresentado durante três sessões consecutivas.

Resultados
a. Número de sessões;

Os pesquisadores realizaram aproximadamente 65 sessões até a conclusão do estudo.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

Os resultados indicaram que na linha de base o participante recusou todas as solicitações


de tocar no alimento, colocar na boca, lamber e tocar o alimento na boca. Conforme as
sessões de intervenção ia acontecendo o garoto passou a oscilar de 10% a 100% de
correspondência nas solicitações. Durante essa primeira etapa, o participante não consumiu
os alimentos, pois ainda estava realizando aproximações sucessivas. Na etapa dois
retornou a linha de base, porém agora recebeu instruções verbais   indicando que
consumisse o alimento apresentado. Durante a linha de base, a criança consumiu entre 1 a 2
pedaços, ao longo de dez sessões. Ao iniciar a intervenção Bruno passou a consumir mais
pedaços durante as sessões, variando de 1 a 10, conforme a intervenção acontecia.

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O uso de apresentações simultâneas para aumentar o consumo


de vegetais por uma criança com autismo moderadamente
seletiva

Referência bibliográfica
Ahearn,W. H. (2003). Using simultaneous presentation to increase vegetable

consumption in a mildly selective child with autism. Journal of Applied Behavior Analysis,
36, 361–365. doi:10.1901/jaba.2003.36-361.

Dados do participante
Nome ( ctício): Fernando (Fred, no artigo)

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Silva & Moreira (2021)

Idade: 14 anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) associado a um quadro profundo


de retardo mental.

Comportamentos: seletividade alimentar leve direcionada ao consumo de vegetais.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Os fatores avaliados, buscando veri car o efeito da intervenção, foram o consumo dos
vegetais cenoura, milho e brócolis sem adição de condimentos e o consumo desses vegetais
com a adição de condimentos. Considerou-se o consumo do alimento, quando o
participante colocava a porção de uma mordida (aproximadamente 0,25 polegadas) na boca
no prazo estabelecido de até 5 segundos após a apresentação do mesmo. Os dados foram
coletados por meio de lmagens das sessões.

Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi veri car o efeito da apresentação simultânea de alimentos não
preferidos e especiarias sem reforçadores. O autor utilizou uma avaliação de preferência,
visando demonstrar os condimentos preferidos para a aplicação do método de apresentação
simultânea. Posteriormente, foi avaliado o efeito  do condicionamento sabor-sabor, o qual
indica que a cor, a textura e o sabor de um alimento preferido podem resultar em
preferência condicional de um alimento não preferido, ou seja, o emparelhamento entre os
alimentos podem contribuir para um consumo menos restritivo utilizando-se um projeto de
retirada.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi aumentar o consumo de vegetais.

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Silva & Moreira (2021)

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Apresentação simultânea.

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


Em condição anterior à linha de base, oito condimentos (ketchup, mostarda, mostarda
picante, mostarda com mel, molho barbecue, molho ranch, molho italiano cremoso e molho
italiano) foram avaliados por meio da preferência de estímulos pareados, visando analisar
quais condimentos eram preferidos pelo participantes. Os molhos selecionados, conforme a
preferência de Fernando, foram ketchup, molho barbecue e molho italiano.

Na linha de base, o pesquisador apresentava a porção do alimento em uma colher e


Fernando tinha o prazo de 5 s para iniciar a manipulação. Caso o participante não iniciasse
a manipulação nesse período, a porção do vegetal era retirada sem consequências para esse
comportamento. Já nas situações em que Fernando manipulou o alimento antes dos 5 s,
eram dados mais 5 s para que ele o consumisse.

Foi adotado o delineamento de linha de base múltipla nas apresentações dos alimentos com
e sem condimentos, buscando avaliar a aceitação do participante nas condições de linha de
base e de apresentação simultânea. Os condimentos foram apresentados em três condições
distintas.

Descrição da intervenção
Em situação anterior à pesquisa relatada, Fernando passou por uma avaliação alimentar que
buscava veri car hábitos alimentares de crianças com autismo. Ao longo desta avaliação o
participante consumiu frutas, proteínas e amido, recusando todos os vegetais. Os
pro ssionais que o acompanharam ao longo dessa pesquisa indicaram que Fernando
sempre solicitava outros alimentos após terminar suas refeições e também pedia
condimentos, sendo observado que consumia alguns desses condimentos puros, sem
misturá-los a outros alimentos.

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Silva & Moreira (2021)

Na etapa de linha de base, o participante foi posicionado em uma cadeira próximo a uma
mesa e, à sua frente, o pesquisador apresentava uma colher com pequenas porções
(aproximadamente 0,25 polegadas) dos vegetais, cenoura, brócolis e milho, separadamente.
Fernando tinha até 5 s para iniciar a manipulação do alimento. Caso isso não ocorresse, a
colher era retirada da mesa e apresentada novamente após 30 s. Já nas tentativas em que ele
manipulou o alimento antes dos 5 s, eram fornecidos mais 5 s para que o mesmo
consumisse o vegetal. Os vegetais foram apresentados em cinco tentativas consecutivas
cada, seguindo a ordem de cenoura, brócolis e milho, completando 15 testes ao longo da
sessão.

Os dados analisados foram compostos pela quantidade de mordidas, ou seja, quantas vezes
o participante consumiu o vegetal entre os 5 s a 10 s disponíveis para responder a instrução
“dê uma mordida” que foi apresentada simultaneamente com os alimentos. Nas situações em
que o participante solicitava outros alimentos, era redirecionado de forma neutra com a
expressão “Talvez possamos fazer isso mais tarde”.

As etapas de linha de base e apresentação simultâneas foram idênticas, ressaltando apenas


que na segunda etapa o alimento era apresentado com uma quantidade de condimentos. O
pesquisador indica que o vegetal não foi completamente coberto pelo molho, tendo em vista
que esse fator poderia influenciar o consumo, pois estaria camuflando algumas
propriedades características do alimento. Durante as etapas da pesquisa não houve
consequências para os comportamentos alimentares do participante. Cada vegetal foi
apresentado simultaneamente a um condimento por vez.

Resultados
a. Número de sessões;

Foram realizadas aproximadamente 40 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

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Silva & Moreira (2021)

Os resultados indicaram que na etapa de linha de base, na qual os alimentos foram


apresentados sem a adição de condimentos, Fernando não consumiu nenhum alimento,
exceto na sessão 2 na qual comeu a primeira porção de cenoura. Ao apresentar cada item
alimentar com ketchup, o participante aumentou sua aceitação para 100%, porém na
segunda condição com o mesmo molho, Fernando aceitou apenas as duas primeiras
porções de cenoura e passou a recusar todas as outras porções seguintes, ainda na mesma
condição. Já nas etapas posteriores, o participante passou a consumir 100% das porções de
vegetais oferecidas junto aos condimentos: molho barbecue e molho para salada.

Após a pesquisa, o participante foi ensinado a combinar as imagens dos condimentos com
os condimentos, visando ampliar sua comunicação. Antes das refeições Fernando recebia
um quadro com imagens de três condimentos, para que escolhesse qual era o preferido.
Assim, após a sua escolha, o molho era adicionado aos seus vegetais. Após um ano da
pesquisa, dados sobre a dieta de Fernando foram coletados e percebeu-se que ele ainda
consumia vegetais com condimentos.

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Silva & Moreira (2021)

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Silva & Moreira (2021)

Comparação entre reforço diferencial e reforço não contingente


para tratar a seletividade alimentar em uma criança com
autismo

Referência bibliográfica
Allison, J.,Wilder, D. A., Chong, I., Lugo, A., Pike, J., & Rudy, N. (2012). A

comparison of di erential reinforcement and noncontingent reinforcement to treat food


selectivity in a child with autism. Journal of Applied Behavior Analysis, 45, 613–617.
doi:10.1901/jaba.2012.45-613.

Dados do participante
Nome ( ctício): Carlos (Cam, no artigo)

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Silva & Moreira (2021)

Idade: 3 anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Os pesquisadores registraram a aceitação do alimento, o tempo para aceitação da mordida,
comportamentos-problema e a duração das vocalizações negativas relacionadas à
apresentação da comida. A frequência de comportamentos-problema foram registradas
quando (a)o participante virava a cabeça a 45° da colher e (b) quando o participante
bloqueava ou derrubava a colher do pesquisador com a mão ou o braço a aproximadamente
10 centímetros de sua boca. As vocalizações negativas foram consideradas quando a
criança chorava por pelo menos 3 s.

Os dados relacionados aos comportamentos-alvo foram convertidos em porcentagem após


a coleta de dados. Os autores relataram as seguintes operações para conversão desses
dados: o número de aceitações foi dividido pelo número de apresentações dos alimentos, a
ocorrência de comportamentos-problema foi dividida pelo tempo em que a colher
permaneceu a 10 centímetros da boca da criança e o tempo de vocalizações negativas foi
dividido pela duração da sessão.  

Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi comparar e veri car a e cácia de intervenções que utilizam o
reforço diferencial com extinção de fuga ou esquiva e o reforço não contingente com
extinção de fuga, buscando avaliar qual dos dois métodos é mais e caz.

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Silva & Moreira (2021)

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi aumentar a aceitação de novos alimentos e diminuir a
frequência de comportamentos-problema em crianças com TEA que apresentam
seletividade alimentar.

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Reforço diferencial do comportamento alternativo (DRA); Reforço não contingente (NCR);

Resultados da análise funcional


As análises funcionais dos comportamentos do participante foram realizadas em duas
condições, a de controle e a de fuga, visando avaliar qual das duas mantinha os
comportamentos-problema. Os resultados indicaram que nas etapas iniciais da análise
funcional, o participante apresentou uma variabilidade de comportamentos aversivos de 10%
a 45%, já nas condições de controle os comportamentos-problema diminuíram de 5% a 0%
durante as sessões.  

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


Na linha de base os procedimentos adotados foram idênticos aos das outras condições, ou
seja, a porção do alimento era apresentada pelo pesquisador e oferecida para a criança,
porém não existiam consequências diferenciais para a recusa ou aceitação. Ao longo da
linha de base, Carlos recusou todas as porções de alimento que foram oferecidas, não
emitiu vocalizações negativas, porém os comportamentos-problema apresentaram uma
variabilidade de 10% a 45% ao longo das sessões.

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Silva & Moreira (2021)

Descrição da intervenção
Ao longo do estudo, os pesquisadores utilizaram camisetas de cores distintas e tapetes com
as mesmas cores da blusa, visando contribuir para que o participante identi casse as
diferentes etapas da pesquisa. A primeira etapa foi composta por uma avaliação de
preferência por estímulo pareado, na qual vários brinquedos foram apresentados à criança
com o objetivo de selecionar 5 itens de maior preferência para serem usados ao longo das
análises funcionais e da avaliação da intervenção. Os alimentos usados na pesquisa foram
selecionados de forma aleatória, assim como sua apresentação. As comidas utilizadas foram
purê de batatas, cenoura, molho de maçã e macarrão com queijo, que já haviam sido
rejeitados anteriormente pelo participante.

A segunda etapa da pesquisa foi composta por uma análise funcional contendo duas
condições, a de fuga e a de controle. Na condição de fuga, o psicólogo disponibilizava uma
pequena porção de comida. Caso a criança apresentasse comportamento de fuga, o alimento
era retirado e apresentado novamente após o término do comportamento problema. Durante
a condição de controle, nenhuma consequência foi apresentada caso a criança respondesse
com comportamento problema, além de ter acesso aos brinquedos preferidos, selecionados
anteriormente, e receber a atenção do terapeuta.

Foram realizadas de cinco a dez sessões por dia, variando em duas ou três vezes na
semana. A comida era apresentada em uma colher pequena com uma porção do alimento de
30 em 30 segundos em um prazo de cinco minutos. Após 30 segundos que o participante
havia colocado a comida na boca, o psicólogo veri cava se a comida havia sido engolida.
Em caso a rmativo, ele dizia “bom”, e em caso negativo, dizia “engolir”. Nos casos em que
o participante permanecia com o alimento na boca após cinco minutos do início da sessão,
o pesquisador não oferecia outra porção até que a criança engolisse a comida ou até o
tempo máximo de vinte minutos. Não houve consequências para o vômito.

Resultados
a. Número de sessões;

Foram realizadas aproximadamente 42 sessões.

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Silva & Moreira (2021)

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

Os dados indicaram que na linha de base o participante recusava todos os pedaços de


comida oferecidos. Ao inserir o reforço diferencial combinado à extinção de fuga, o
participante aceitou 100% dos alimentos oferecidos. O mesmo resultado foi encontrado com
a utilização do reforço não contingente combinado com a extinção de fuga. Os
comportamentos-problema diminuíram a frequência de 20 a 5 na escala por minuto, ao
longo das sessões. As vocalizações negativas também diminuíram de frequência, de 40% a
10% nas sessões.

Segundo os autores, as duas formas de intervir na seletividade alimentar funcionaram e


atingiram o objetivo, portanto cabe aos cuidadores escolherem qual a intervenção a ser
utilizada. No caso da pesquisa, a mãe do participante optou por usar o reforço não
contingente com a extinção de fuga, pois segundo os pesquisadores, esse modelo é mais
fácil de ser replicado pelos cuidadores, em casa. Segundo o relato dos pais da criança, a
opção de reforço não contingente, apresentando os brinquedos preferidos da criança,
parece ser mais “agradável” para a situação.   Um fator limitante indicado pelos
pesquisadores é não testar a extinção de fuga separada do reforço não contingente, portanto
não foram capazes de  diferenciar qual dos dois fatores exercem maior influência sobre a
seletividade alimentar.

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Silva & Moreira (2021)

Uso parental de extinção de fuga e reforço diferencial para


tratar a seletividade alimentar

Referência bibliográfica
Anderson, C. M., & McMillan, K. (2001). Parental use of fuga extinction and di erential
reinforcement to treat food selectivity. Journal of Applied Behavior Analysis, 34, 511–515.
doi:10.1901/jaba.2001.34-511.

Dados do participante
Nome ( ctício): Ricardo (Rick, no artigo)

Idade: 5 anos

Diagnóstico:  Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID) e retardo mental grave.

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Silva & Moreira (2021)

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Os comportamentos analisados ao longo desse estudo englobaram  aceitação, expulsão,
autolesão e interrupções. A autora caracteriza o comportamento de aceitação quando o
participante permite que uma porção da comida seja colocada em sua boca; expulsão
quando uma porção maior que uma ervilha apareça fora dos lábios; autolesão como bater a
cabeça, morder o braço e bater o braço na mesa; e interrupções como virar a cabeça, no
sentido oposto ao da colher, ou empurrá-la com as mãos, por um tempo de 3 s. Essas
de nições contribuíram para o cálculo da porcentagem de mordidas aceitas, expulsas
interrompidas e associadas à autolesão.

Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi veri car se as intervenções comportamentais para seletividade
alimentar, utilizando a extinção de fuga combinada ao reforço diferencial de aceitação
podem ser aplicadas pelos pais de uma criança com autismo em sua casa. Tendo em vista
que várias pesquisas a rmam que após o treinamento oferecido por pro ssionais
quali cados, os pais podem implementar essa técnica, porém sem estudos empíricos que
comprovem essa e cácia.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi capacitar pais e cuidadores para aplicar a intervenção em
crianças autistas, com seletividade alimentar, aumentando o consumo de novos alimentos e
diminuindo comportamentos-problema.

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Reforço diferencial do comportamento alternativo (DRA); Extinção de fuga (EE);

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).

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Silva & Moreira (2021)

Na linha de base, os pais de Ricardo foram orientados a alimentá-lo como sempre zeram,
não receberam nenhuma instrução especí ca. O pai do participante segurava uma porção
do alimento próximo à sua boca até que ele aceitasse a comida (mordesse). Porém, se ele
não aceitasse a porção, chorasse ou se virasse, o alimento era removido. Como os pais
ofereceram frutas em apenas uma das três sessões da linha de base, foram orientados a
oferecer mais frutas nas sessões seguintes, ainda na mesma condição.  

Descrição da intervenção
Na fase seguinte à linha de base, os pais foram ensinados a usar o reforço diferencial de
comportamento alternativo (DRA) combinado a extinção de fuga (EF). Cada refeição era
composta por uma fruta e um alimento preferido (iogurte, purê de batata ou purê de maçã).
Os pais receberam o treinamento por meio de instruções escritas e verbais, modelagens,
vídeos e feedbacks fornecidos pelos pesquisadores durante visitas semanais. Antes de
aplicar as intervenções, os pais revisaram as instruções, participaram de discussões com
os autores e encenaram um com o outro.

Quando os pais deram início à intervenção, receberam feedback das três primeiras sessões.
Após isso, os pesquisadores forneceram feedback apenas uma vez na semana e revisaram
os vídeos de sessões anteriores. Como os pais tiveram di culdades na primeira sessão, foi
indicado que eles utilizassem o DRA e o EF durante cinco sessões consecutivas, apenas
com alimentos preferidos. Os pais foram treinados para segurar a colher com o alimento
próximo à boca de Ricardo até que ele aceitasse a porção, mesmo nas situações em que o
participante tentasse interromper o processo. Após a expulsão a porção não foi
reapresentada, ao invés disso, os pais ofereceram um alimento preferido.

Os pais passaram a intercalar uma porção de comida favorita e uma de fruta, nalizando a
sessão quando o participante consumisse a quantidade de fruta necessária. Os pais
a rmaram que sentiam-se desconfortáveis ao oferecer uma porção de fruta logo após uma
expulsão, por isso houve esse processo de intercalar os alimentos. O critério estabelecido
para aumentar a quantidade de fruta a ser consumida era a redução em 60% nas
interrupções por duas sessões consecutivas, porém os pais aumentaram a quantidade de
frutas sem alcançar o critério.

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Silva & Moreira (2021)

A última etapa, denominada de reversão para a linha de base, consistiu em replicar o que
foi feito na primeira etapa da pesquisa, portanto o pai posicionou a colher com o alimento a
aproximadamente 15 centímetros e caso o participante se recusasse a comer o alimento era
retirado.

Resultados
a. Número de sessões;

O estudo foi composto por aproximadamente 37 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

No início da pesquisa, Ricardo interrompeu 55% das porções de frutas oferecidas, assim
como seus pais permitiram que ele fugisse (recusasse) de 83% das apresentações das
mesmas. Durante a primeira sessão de DRA combinada à EE, o participante interrompeu
77% das mordidas de frutas e 60% das mordidas de comidas preferidas. Com relação à
autolesão, a criança apresentou esse comportamento em metade das ofertas de consumir
frutas e alimentos preferidos.

A partir de sexta sessão, os comportamentos de expulsão, autolesão e interrupções foram


diminuindo conforme a intervenção ia sendo aplicada e as porções de frutas eram
oferecidas. Já durante a última etapa, denominada reversão a linha de base, Ricardo voltou a
aceitar 97% das porções de alimentos preferidos e apenas 2% das frutas. Comportamentos
de expulsar, autolesionar e interromper permaneceram com uma baixa frequência, no
entanto a última refeição demonstrou um aumento na frequência de interrupções das
mordidas de frutas.

Os pais apresentaram algumas di culdades relacionadas à implementação da intervenção,


pois em alguns casos deixaram de reforçar nos momentos indicados ou até mesmo
reforçaram comportamentos-problema. Os autores destacam que mesmo com as
intercorrências os responsáveis foram capazes de atuar como agentes de mudança,
aplicando a intervenção de modo a atingir o objetivo.

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Silva & Moreira (2021)

Avaliação da sequência de instrução de alta probabilidade para


aumentar a aceitação de alimentos com um adolescente com
autismo

Referência bibliográfica
Ewry, D. M., & Fryling, M. J. (2015). Evaluating the high-probability instructional sequence
to increase the acceptance of foods with an adolescent with autism. Behavior Analysis in
Practice, Advance online publication: doi:10.1007/s40617-015-0098-4.

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Silva & Moreira (2021)

Dados do participante
Nome ( ctício): Cleiton (Kenny, no artigo)

Idade: 15 anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Os comportamentos-alvo analisados ao longo do estudo foram a aceitação de mordidas,
de nida quando Cleiton colocava o alimento na boca no prazo de 5 s após a instrução, sem
colocar o alimento para fora posteriormente. O outro comportamento foi o resultado, em
porcentagem, das etapas implementadas corretamente pelos pais do participante ao nal da
intervenção.

A porcentagem de aceitação das mordidas com alta probabilidade (p-alto) e com baixa
probabilidade (p-baixo) foram calculadas dividindo o número de aceitações pelo número
total de apresentações dos alimentos. Para a porcentagem das etapas implementadas,
dividiu-se o valor total de etapas pelas que haviam sido implementadas de forma correta.

Objetivo da pesquisa
O estudo teve os objetivos de analisar uma variação da sequência de alta probabilidade sem
a combinação com a extinção de fuga (EF), com um participante adolescente que apresenta
seletividade alimentar e não possui comportamentos-problema durante as refeições em seu
ambiente domiciliar e avaliar os resultados da intervenção implementada por pais e/ou
responsáveis.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi capacitar pais e responsáveis para aplicar uma intervenção
que aumente o consumo de novos alimentos. Além de veri car os resultados da aplicação
em um ambiente diferente dos laboratórios e clínicas.

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Silva & Moreira (2021)

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Sequências de alta probabilidade, ou como denominado no artigo, p-alto e p-baixo.

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


Na etapa de linha de base foram realizadas cinco apresentações em ordem aleatória de cada
alimento com baixa probabilidade (p-baixo), ou seja, dos alimentos que não costumavam ser
aceitos pelo participante, somando um total de dez tentativas por sessão. Os alimentos eram
apresentados em sua textura habitual, tendo em vista que o participante se alimentava
sozinho e não possuía outras comorbidades que atrapalhasse o processo de deglutição. A
porção oferecida tinha tamanho aproximado de 2,5 centímetros.

O pesquisador iniciou o teste apresentando o alimento em um prato com uma colher, na


mesa à frente do participante e dando a instrução “dê uma mordida”. Caso Cleiton não
seguisse a instrução no prazo de 5 segundos, a porção era removida e esperava-se 5
segundos para outra tentativa. Já nas situações em que a porção foi aceita, o terapeuta
elogiou e aguardou o tempo estabelecido para nova apresentação.

Descrição da intervenção
A etapa seguinte foi denominada de p-alto, a qual seguia os mesmo processos da etapa de
linha de base, porém eram apresentadas três porções de um alimento com p-alto, um de
cada vez, e posteriormente uma porção de alimento p-baixo, portanto cada tentativa
consistia em 4 mordidas totalizando a apresentação de 40 porções por sessão. Outra
diferença foram nas condições em que Cleiton recusou a comida, o terapeuta nesta etapa
esperou 15 segundos para iniciar a próxima tentativa, com o objetivo de evitar reforçar
comportamentos indesejados.

Os pesquisadores estabeleceram como critério para nalizar a etapa de testes quando o


participante atingiu aceitação de 80% dos alimentos de baixa probabilidade de ser
consumido, ou seja, aqueles que não eram da preferência de Cleiton. Ao atingir o critério, o
terapeuta realizava uma reversão para a linha de base e logo em seguida implementava a
etapa de p-alto novamente. Só quando o participante atingiu o critério de aceitação, nesta
segunda etapa de p-alto, a mãe pode iniciar a implementação da intervenção sem a
participação dos pesquisadores durante as sessões.

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Silva & Moreira (2021)

A mãe do participante foi treinada por meio de modelagem, instruções verbais e


dramatizações com os pesquisadores. Como critério para determinar se a responsável
estava apta a aplicar a intervenção diretamente com Cleiton, foram estabelecidos o mínimo
de 80% de acerto ao longo de três dramatizações consecutivas. Após a implementação com
a mãe foram realizadas sessões ao longo de sete meses, denominadas de sonda, buscando
compreender se a intervenção contribuiu para uma generalização, na qual Cleiton seguisse
uma dieta com maior variedade de alimentos.

Resultados
a. Número de sessões;

O estudo foi realizado em aproximadamente 20 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

Ao longo da etapa da linha de base o participante recusou todas as porções de comida


oferecidas. Já na implantação da sequência de p-alto a aceitação de porções de p-baixo
aumentaram, alcançando uma variação de 90% a 100%. Com a reversão para a linha de base
a aceitação diminuiu de 50% a 0%. Na reintrodução de p-alto, a aceitação de porções e p-
baixo obteve a mesma variação citada anteriormente, na mesma etapa.

Na intervenção aplicada pela mãe de Cleiton, os critérios foram atingidos após quatro
sessões. O adolescente aceitou de 50% a 100% das porções oferecidas pela mãe. Durante as
sessões de sonda, nos próximos sete meses após a intervenção, Cleiton aceitou 50% das
porções oferecidas tanto pelo terapeuta quanto pela mãe.

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Silva & Moreira (2021)

Uma avaliação de apresentação simultânea e reforço


diferencial com custo de resposta para redução de
empacotamento

Referência bibliográfica
Buckley, S. D., & Newchok, D. K. (2005). An evaluation of simultaneous presentation and
di erential reinforcement with response cost to reduce packing. Journal of Applied Behavior
Analysis, 38, 405–409. doi:10.1901/jaba.2005.71-04.

Dados do participante
Nome: Maria (nome do artigo)

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Silva & Moreira (2021)

Idade: 9  anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo.

Comportamentos: Empacotamento (manter porções de comida na boca, por um período


longo, sem expulsar ou deglutir o alimento).

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Os comportamentos observados ao longo do estudo foram boca limpa e empacotamento.
Boca limpa foi de nido como quando a participante aceitou as mordidas, as engolindo, e
não havia nenhum alimento maior que um grão de arroz em sua boca. Empacotamento foi
considerado qualquer alimento visível em sua boca que fosse maior ou igual a um grão de
arroz. Intervalos de empacotamento por sessão foram registrados pelo número de vezes em
que chegaram à boca da participante por um período de 30 segundos. A mensuração foi
realizada contabilizando os intervalos de empacotamento por sessão.

Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi investigar e comparar a e ciência de uma intervenção com
reforço diferencial e consequências, outra com apresentação simultânea de comidas
preferidas e não preferidas e também uma intervenção composta pela associação das duas
técnicas.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi aumentar a aceitação de novos alimentos e diminuir o
comportamento de empacotamento.

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Silva & Moreira (2021)

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


 Reforço diferencial do comportamento alternativo (DRA); Apresentação simultânea;

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


Na etapa de linha de base a terapeuta oferecia porções de 2,5 cm por 2,5 cm com uma
colher a 5 cm de distância da boca da participante. Em seguida, dizia “dê uma mordida”.
Nas condições em que Maria aceitava o alimento, a cada 30 segundos a pesquisadora
veri cava se havia alguma porção de comida em sua boca. Caso houvesse, a instrução
inicial era repetida e as veri cações também, até que não restasse nenhuma porção.

Nas situações em que a pesquisadora percebesse o empacotamento da porção, eram


fornecidas breves instruções verbais com o objetivo de contribuir para que a participante
engolisse o alimento. Ao atender a instrução, Maria recebia um breve elogio. Cabe ressaltar
que as instruções verbais e os elogios não apresentam exemplos no artigo.

Descrição da intervenção
A etapa seguinte a linha de base, denominada de “reforço diferencial mais custo de
respostas”, seguiu os mesmo procedimentos da etapa anterior, exceto que antes de cada
mordida a participante tinha acesso a um vídeo preferido, indicado por seus pais e
professores. Porém, nas situações em que Maria fazia o empacotamento da porção
oferecida, o vídeo era removido até que ela engolisse. Ao veri car que a boca da criança
estava limpa, a terapeuta devolvia o vídeo e fazia elogios verbalmente.

A terceira etapa, denominada pelos autores de “apresentação simultânea e reforço


diferencial mais custo de resposta”, era idêntica à anterior. Porém, um biscoito de chocolate
moído foi colocado junto à porção do alimento alvo. O biscoito foi indicado como alimento
preferido da participante e identi cado por meio de relatórios oferecidos pela escola e
também pelos cuidadores de Maria.

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Silva & Moreira (2021)

A quarta etapa denominada de “apresentação simultânea”, seguia os procedimentos da linha


de base, porém o biscoito moído de chocolate foi acrescentado a porção de alimento alvo,
visando a apresentação simultânea de um alimento preferido e outro não.   As sessões,
englobando as quatro etapas, foram realizadas uma vez por dia e tinham duração média de
22 minutos, com variabilidade de 5 a 73 minutos,  conforme a criança atingisse o critério
estabelecido pelos pesquisadores.

Resultados
a. Número de sessões;

O estudo foi composto por aproximadamente 61 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

Durante as etapas de linha de base e reforço diferencial mais custo de resposta o


empacotamento diminuiu, apresentando uma variação de 70% a 40% ao longo das sessões e
esse número foi ainda menor na implementação do reforço diferencial mais custo de
resposta com apresentação simultânea (20% a 0). O empacotamento aumentou nas
condições em que a apresentação simultânea foi removida do reforço diferencial associado
ao custo de resposta apresentando variação de 50% a 40% e diminui quando foi
reintroduzida (40% a 10%). Na etapa em que a apresentação simultânea foi utilizada sozinha,
os empacotamentos continuaram diminuindo durante as sessões (30% a 5%); aumentou no
retorno a linha de base (30% a 70%) e diminuiu novamente na reintrodução da apresentação
simultânea (10% a 20%).

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Silva & Moreira (2021)

Os efeitos da contingências de modelação no tratamento da


seletividade alimentar em crianças com autismo

Referência bibliográfica
Fu, S. B., Penrod, B., Fernand, J. K., Whelan, C. M., Gri ith, K., & Medved, S. (2015). The
e ects of modeling contingencies in the treatment of food selectivity in children with
autism. Behavior Modi cation, 39, 771–784. doi:10.1177/0145445515592639.

Dados do participante
Nome ( ctício): Lucas (Larry, no artigo)

Idade: 10  anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo.

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74
Silva & Moreira (2021)

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Os comportamentos avaliados foram aceitação independente e comportamentos
inadequados durante as refeições no intervalo de 10 segundos. Como aceitação
independente os pesquisadores de niram: quando o participante colocou a comida na boca,
após a apresentação e 5 s depois que o modelo consumiu o último dos quatro pedaços
apresentados no prato a sua frente. Os comportamentos inadequados foram identi cados
por meio de verbalizações negativas, empurrar o prato, o alimento ou a mão do terapeuta e
quando se comportava de maneira agressiva, jogando objetos ou até com autolesões.

As mordidas independentes foram pontuadas sempre que a criança colocava um alimento


na boca e, após 30 segundos, não houvesse nenhuma porção em sua boca. A pontuação foi
considerada conforme a quantidade de pedaços ingeridos, portanto se Lucas colocasse dois
pedaços do alimento na boca, os observadores marcavam dois pontos para aceitação. A
porcentagem foi calculada através da divisão entre porções oferecidas e consumidas. As
sessões foram gravadas para posterior veri cação.

Objetivo da pesquisa
A pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos do tratamento utilizando contingências de
modelação para aumentar o consumo de novos alimentos e diminuir a frequência de
comportamentos inadequados, nos momentos das refeições.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi aumentar o consumo de alimentos variados e diminuir os
comportamentos-problema.

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Modelação; Não remoção da colher (NRS); Reforço diferencial (DR).

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Silva & Moreira (2021)

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


Na etapa de linha de base, denominada pelos autores de modelação, dois terapeutas
alternavam entre o nível operante e a intervenção, buscando utilizar uma linha de base
múltipla com o objetivo de avaliar os efeitos da intervenção de modo mais generalizado.

Foram realizados levantamento de alimentos preferidos e não preferidos através de


questionários com os pais. Os alimentos não preferidos foram divididos em grupo A e B, o
primeiro composto por massas, cogumelos e queijo, e o segundo grupo continham batata
doce, pimentão e iogurte grego. O grupo de alimentos B foi utilizado nas etapas de linha de
base múltipla. Os alimentos preferidos ( chips Cheetos®, Crunch®, Lays® e Kit Kat®)
foram utilizados como reforçadores ao longo da intervenção.

Nessa primeira etapa, uma pessoa cujo comportamento funcionaria como modelo para a
participante, sentava de frente para a criança, enquanto o terapeuta estava ao lado da mesa.
O pesquisador apresentava um prato para o modelo e outro para o participante, os dois
continham quatro porções de um alimento, com aproximadamente 1,5 centímetros X 1,5
centímetros. Em seguida, o terapeuta dizia: “Vamos experimentar um pouco de [comida]” ou
“Que tal um [outro alimento]”. Caso o participante apresentasse aceitação independente no
prazo de 5 s após a apresentação, o modelo consumia uma porção idêntica a da criança, de
modo que os dois tivessem a mesma quantidade de porções no prato. Já nas situações
contrárias a essa citada anteriormente, o modelo consumia a primeira porção e aguardava 5
s para que Lucas consumisse também. Nas situações de recusa do participante, o prato era
retirado e porções de outro alimento eram apresentadas.

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76
Silva & Moreira (2021)

Descrição da intervenção
A segunda etapa denominada de modelagem com reforço diferencial (DR) foi semelhante à
linha de base. Porém, apenas os alimentos do grupo A foram utilizados nessa condição. O
terapeuta apresentava cada prato de comida e dizia que ao terminar de consumir todas as
porções daquele prato, o modelo e o participante poderiam consumir uma porção de
guloseima favorita e brincar com um brinquedo preferido. Conforme Lucas consumia as
porções, o terapeuta elogiava e informava quantos pedaços ainda faltavam para receber os
reforçadores (alimentos preferidos). A porção da guloseima tinha proporção de
aproximadamente 3 centímetros e o tempo em que o participante teve acesso ao brinquedo
foi estimado em 3 minutos.

A terceira etapa, denominada de modelação de reforço diferencial e não remoção da colher,


foi semelhante às anteriores, exceto que antes de apresentar o prato com as porções, o
terapeuta dizia: “Mas se você não comer sua [comida], terei que te ajudar”. Ao apresentar o
prato, e o participante não se envolver com a comida no prazo de 5 s, o modelo
comportava-se de maneira inadequada por 30 s a 60 s, mesmo que Lucas não se
comportasse dessa maneira. Comportamentos de jogar objetos, fuga e rebatidas foram
evitados pelo modelo. Após esses comportamentos, o terapeuta levou uma porção do
alimento até a boca do modelo e o mesmo aceitou a mordida, sem se esquivar. Se o
participante manipulava o alimento até 5 s depois dessa condição, o modelo não se
comportava de maneira inadequada, porém, caso não aceitasse o alimento de maneira
independente, o modo repetia os comportamentos-problema.

Após o modelo consumir as quatro porções, foi liberado o contato com os alimentos
preferidos. Se o participante não apresentasse aceitação independente e terminasse de
consumir todas as porções restantes, o procedimento de levar o alimento até a boca do
participante era repetido. Os autores destacam que não precisaram aplicar o método de
NRS com o participante. A última etapa foi idêntica à anterior, porém os alimentos do
grupo B também foram adicionados nesta condição da intervenção.

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77
Silva & Moreira (2021)

Ao término da pesquisa, os autores ensinaram os pais a aplicar o método, sendo um o


terapeuta e o outro ocupando papel de modelo. O acompanhamento ocorreu entre a 4ª e 8ª
semanas, após a intervenção dos autores. Os pais receberam instruções escritas e tiveram
seus comportamentos modelados pelos pesquisadores. Foram realizados ensaios com um
aluno da pós-graduação e os pesquisadores forneceram feedbacks de correção, conforme
fosse necessário.

Resultados
a. Número de sessões;

Foram realizadas aproximadamente 37 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

Na linha de base, denominada de modelação pelos pesquisadores, Lucas recusou todas as


mordidas oferecidas. Na etapa seguinte, na qual comparam a modelação com reforço
diferencial do grupo de alimentos A versus  a modelação com alimentos do grupo B, o
participante aceitou cerca de 70% das porções oferecidas dos alimentos do grupo A e 0%
das porções do grupo B. Na terceira etapa, modelação com reforço diferencial e não
remoção da colher do grupo de alimentos A versus a modelação com alimentos do grupo B,
Lucas recusou todas as porções dos alimentos do grupo B e aceitou 100% das porções do
outro grupo. Na quarta etapa, composta por modelação com reforço diferencial e não
remoção da colher dos grupos de alimentos A e B, o participante aceitou 100% das porções
oferecidas.

Após a nalização da pesquisa, foram realizados acompanhamentos, durante a quarta e


oitava semanas respectivas, após o término do estudo. Essa etapa foi aplicada pelos pais e
ou responsáveis e obteve resultados com aceitação de 100% das porções oferecidas, de
ambos os grupos de alimentos.

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Silva & Moreira (2021)

Uma comparação de tratamentos com reforços simultâneos e


com atraso para seletividade alimentar

Referência bibliográfica
Kern, L., & Marder, T. J. (1996). A comparison of simultaneous and delayed reinforcement as
treatments for food selectivity. Journal of Applied Behavior Analysis, 29, 243–46.
doi:10.1901/jaba.1996.29-243.

Dados do participante
Nome: Carlos (no artigo)

Idade: 7  anos

Diagnóstico:  Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID)

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Silva & Moreira (2021)

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


A aceitação foi considerada quando o participante permitiu que o alimento fosse colocado
em sua boca até 30 segundos após a apresentação e quando não expulsou a porção que
estava em sua boca, durante os 30 s seguintes a aceitação. Os dados foram coletados por
alunos e pelos próprios pesquisadores, veri cando a porcentagem de mordidas aceitas
versus a de mordidas oferecidas.

Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi avaliar e comparar o efeito de reforço simultâneo e tardio, para
tratamento de seletividade alimentar crônica.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi diminuir a frequência de comportamentos-problema durante
as refeições, aumentando a aceitação de novos alimentos.

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Extinção de fuga; Reforço simultâneo e com atraso;

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


A linha de base foi composta pela apresentação da porção de um alimento em uma colher,
colocada à frente do participante. Caso ele não aceitasse a porção no prazo de 30 s, outro
alimento era apresentado. Os alimentos mais rejeitados durante essa etapa da pesquisa
foram frutas e vegetais. Esses foram selecionados aleatoriamente para as seguintes
intervenções: fuga-extinção com reforço simultâneo ou fuga-extinção com reforço tardio.

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80
Silva & Moreira (2021)

Descrição da intervenção
A intervenção seguiu o mesmo procedimento da linha de base. As frutas foram  utilizadas
para extinção de fuga com reforço simultâneo, ou seja, na colher era apresentado um
pedaço de fruta em cima de um salgadinho de milho (o salgadinho foi identi cado como
alimento preferido). Já os vegetais foram utilizados para a extinção de fuga com reforço
atrasado, ou seja, após a aceitação do pedaço de vegetal foi oferecido um pedaço de
salgadinho de milho. A extinção de fuga foi aplicada quando o pesquisador permaneceu com
a colher em frente ao participante, independente da presença de comportamentos-problema
ou ausência desses.

Resultados
a. Número de sessões;

Foram realizadas aproximadamente 60 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

Na linha de base, as apresentações de frutas foram aceitas apenas em 2% das tentativas e os


vegetais em 11%. Ao longo da intervenção, o nível de aceitação de frutas passou a ser de
85% das tentativas, já os vegetais obtiveram aceitação em 76% das tentativas. Os dados de
comportamento autolesivo foram coletados apenas durante a intervenção, destaca-se que a
ocorrência foi menor durante o reforço simultâneo, quando comparado ao reforço atrasado.
Os autores a rmam que esses dados do comportamento autolesivo devem ser avaliados
com cautela, tendo em vista que não foram comparados aos comportamentos da linha de
base. Os resultados indicam que as intervenções contribuíram para maior aceitação de
novos alimentos, destacando o procedimento de reforço simultâneo.

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Silva & Moreira (2021)

Intervenção para a seletividade alimentar em um ambiente


escolar especializado: estímulo, reforço e esvanecimento da
demanda, implementados pelo professor com um aluno
adolescente com autismo

Referência bibliográfica
Knox,M., Rue, H. C.,Wildenger, L., Lamb, K.,& Luiselli, J. K. (2012). Intervention for food
selectivity in a specialized school setting: teacher implemented prompting, reinforcement,
and demand fading for an adolescent student with autism. Education & Treatment of
Children, 35, 407–417. doi:10.1353/etc.2012.0016.

Dados do participante
Nome ( ctício): Ana (Anna, no artigo)

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82
Silva & Moreira (2021)

Idade: 16 anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


O professor ou seu assistente pesava o prato  com a refeição da participante antes do
mesmo ser entregue a Ana. Ao nalizar o almoço, com prazo aproximado de 30 minutos, a
pesagem era realizada novamente, visando veri car a porcentagem de alimento consumido.
O cálculo para veri car a porcentagem consumida, foi o peso do prato após a refeição,
dividido pelo peso total pré-refeição e multiplicado por 100. Alguns observadores anotaram
os valores, com o objetivo de comparar os resultados obtidos pelo professor e por eles.

Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi veri car se a intervenção aplicada por professores, em ambiente
escolar, utilizando reforço positivo, dica compassada e esvanecimento da demanda para
tratar a seletividade alimentar.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi avaliar o efeito de uma intervenção aplicada no ambiente
escolar e por um professor, para aumentar o consumo de uma variedade maior de
alimentos.

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Reforço positivo;

Dica compassada (o comando verbal “Ana, coma seu almoço”, era emitido com o objetivo de
que a participante não parasse por um longo período entre as mordidas);

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83
Silva & Moreira (2021)

Desvanecimento da demanda (aumento gradual da quantidade de comida a ser consumida


pela participante, para receber o reforço).

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


Nesta etapa, o professor deveria colocar porções de três alimentos em um prato e dizer:
“Ana, coma o seu almoço”. Ao longo da refeição, o professor e a assistente não
conversaram com a participante, portanto não implementaram consequências diante de seus
comportamentos. A refeição era nalizada quando a criança consumia todos os alimentos
ou após o prazo de 30 minutos. Nas situações em que a participante não consumia
nenhuma porção, no prazo de 2,5 minutos, ou quando consumia apenas um alimento e não
demonstrava interesse em continuar a atividade, nesse mesmo período, a sessão era
encerrada. Após o término das refeições, o professor/assistente aguardava 10 minutos para
liberar que Ana comesse os alimentos preferidos.

Descrição da intervenção
O comportamento de Ana foi observado ao longo de seu almoço algumas vezes na sala de
aula e, em outras ocasiões, no próprio refeitório. Sua refeição era composta por um
alimento principal (nuggets de frango, macarrão com queijo ou sanduíche de peru e queijo)
e dois acompanhamentos (cubos de queijo, chips de vegetais, cenoura, tangerina e maçã).
Esses últimos acrescentados nas refeições a pedido da mãe, por seu valor nutricional. A
cenoura foi removida após 4 refeições e consulta com terapeuta ocupacional, pois a
participante encolhia a porções sem mastigá-las.

Os professores e assistentes foram treinados pelos pesquisadores em uma etapa


denominada de pré-intervenção. Nesta, foi entregue um plano escrito, houve demonstração
dos procedimentos e os professores/auxiliares foram observados enquanto praticavam a
implementação. A primeira autora forneceu feedbacks verbais (elogios e indicações para
ajustes) e respondeu perguntas.

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84
Silva & Moreira (2021)

Os alimentos foram apresentados em tigelas coloridas e pratos de papel. Cada tigela


continha uma porção do alimento e no prato de papel estava uma porção do mesmo
alimento exposto na tigela. A discente ou assistente apresentava a tigela e dizia: “Se você
comer o que está na tigela (colorida), você receberá (reforço)”. Ana tinha acesso livre aos
alimentos e não recebeu nenhuma ajuda para manipulação desses.

A pesquisa utilizou o reforço positivo ao longo das refeições quando a participante tocou os
alimentos da tigela, colocou na boca, mastigou e engoliu. O reforço positivo foi
representado por um adesivo dado à participante a cada alimento consumido, que foram
colados em um grá co. Ana também teve acesso aos objetos que gostava (pulseira, colar,
bicho de pelúcia). Os reforçadores foram identi cados ao solicitar ao professor e às
assistentes "as coisas que você acha que Ana mais gosta". Caso Ana não manipulasse os
alimentos no prazo de 30 segundos após engolir a mordida anterior, a solicitação “Ana,
coma o seu almoço” era emitida apenas uma vez, com o objetivo de que a participante não
casse um período longo sem consumir os alimentos.

Outro método utilizado ao longo da pesquisa, visando aumentar as porções consumidas


pela participante, foi o esvanecimento da demanda. Ou seja, durante três refeições iniciais,
20% do alimento eram apresentados na tigela colorida e indicado que Ana consumisse
aquela porção, os 80% restantes cavam expostos nos pratos de papéis. Quando a
participante consumia a quantidade que estava nas tigelas durante três sessões
consecutivas, a quantidade de alimentos na tigela era aumentada: em 40%, 60%, 80% e 100%
conforme as sessões iam prosseguindo e a participante consumia as porções oferecidas.
Portanto, a quantidade de comida na tigela ia aumentando de maneira inversamente
proporcional a quantidade apresentada nos pratos de papéis. As refeições com a
implementação da intervenção duravam 30 minutos, semelhante às sessões da linha de
base, mantendo os 10 minutos para que Ana tivesse acesso aos reforçadores.

O acompanhamento foi realizado em 2 semanas, 6 semanas e 7 meses após a intervenção.


No acompanhamento de 2 semanas, uma das tigelas foi removida e nos acompanhamentos
seguintes, todas as tigelas foram retiradas, com o objetivo de veri car a generalização do
comportamento da participante. Outras alterações foram necessárias no acompanhamento,
como: Ana passou a receber um adesivo ao nal da refeição. O professor/assistente adiou o
elogio para o nal da refeição e os reforços com objetos foram remanejados para o nal de
cada semana e não após cada refeição.

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85
Silva & Moreira (2021)

Resultados
a. Número de sessões

Foram realizadas aproximadamente 27 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

Nas seções de linha de base, a participante consumiu de 10% a zero das porções oferecidas.
Após a implementação da intervenção, Ana variou seu consumo de 20% a 100% das porções
oferecidas, mantendo o consumo de 100% dos alimentos oferecidos durante as refeições no
período em que foi realizado o acompanhamento após a intervenção.

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86
Silva & Moreira (2021)

Uso de reforços individualizados e exposição hierárquica para


aumentar a flexibilidade alimentar em crianças com
transtornos do espectro do autismo

Referência bibliográfica
Koegel, R. L., Bharoocha, A. A., Ribnick, C. B., Ribnick, R. C., Bucio, M. O., Fredeen, R. M.,
& Koegel, L. K. (2012). Using individualized reinforcers and hierarchical exposure to
increase food flexibility in children with autism spectrum disorders. Journal of Autism and
Developmental Disorders, 42, 1574–1581. doi:10.1007/s10803-011-1392-9.

Dados do participante
Nome: Daniel (no artigo)

Idade: 6 anos

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Silva & Moreira (2021)

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo.

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Os pesquisadores pontuaram a quantidade de alimentos aceitos, nas situações em que o
participante consumiu o alimento sem a presença de comportamentos-problema. Pontuaram
também as solicitações de novos alimentos de maneira espontânea por parte do
participante, além disso anotavam os tipos de comentários e quantas vezes o participante
comentava algo a respeito do consumo do alimento, por exemplo: “não quero comer isso”.

A pontuação era marcada conforme a “ Escala de Níveis Hierárquicos de Aceitação”


indicada na Tabela 1 do artigo (indicada abaixo). Um nível de aceitação zero indica que a
criança recusa-se a comer o alimento oferecido; o nível um era quando a criança aceitava
tocar o alimento; o nível dois era tocar a comida na boca; o três era morder a comida; o
quatro era morder o alimento e manter na boca; o cinco era mastigar, porém sem engolir; o
seis era engolir a comida mesmo em desagrado (chorar ou reclamar); e o último aceitar o
consumo sem a presença de comportamento problema. Para cada sonda, o alimento foi
oferecido três vezes e a pontuação do maior nível anotada, por exemplo: se a criança obteve
6, 6 e nível 7, o sete foi anotado para posterior comparação.

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88
Silva & Moreira (2021)

Tabela 1. Níveis hierárquicos da escala de aceitação (Tradução da tabela original,


apresentada no artigo)

Nível Descrição
hierárquico
de
aceitação

0 Recusa-se a experimentar comida (com ou sem


comportamento perturbador)

1 a comida e faz um movimento em direção à boca (não


inclui tocar a comida como um ato de comportamento
perturbador, como jogar a comida)

2 Coloca a comida nos lábios

3 Mordidas na comida

4 Morde e coloca na boca, se recusa a engolir

5 Mastiga a comida, mas se recusa a engolir

6 Engole a comida com relutância

7 Aceita a comida sem qualquer sinal de desagrado ou


comportamento perturbador

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Silva & Moreira (2021)

Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi ampliar a linha de pesquisa envolvendo uma combinação de
procedimentos e de reforço com o objetivo de veri car se a intervenção em seletividade
alimentar com vários participantes, utilizando um programa individual de reforço e
esvanecimento de estímulos pode contribuir para diminuir a restrição alimentar em
crianças com autismo.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi aumentar o consumo de alimentos de crianças com autismo,
visando uma dieta balanceada.

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Escala de Níveis Hierárquicos de Aceitação. Reforço.

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


Antes de iniciar a etapa de linha de base, os pais e ou responsáveis compartilharam uma
lista de alimentos que desejavam que o participante consumisse. Durante a linha de base os
pais apresentaram os alimentos para as crianças de forma aleatória. As apresentações
nessa etapa seguiam o que geralmente era feito durante as refeições diárias em casa, sem
instruções ou informações adicionais, porém deveriam oferecer um determinado alimento
três vezes.

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90
Silva & Moreira (2021)

Descrição da intervenção
Durante a intervenção, os alimentos foram oferecidos de maneira semelhante aos da linha
de base, porém seguiram uma sequência sistemática e foram usados reforçadores se a
criança consumisse novos alimentos. Ao início de cada sonda de flexibilidade alimentar, ou
seja, antes de oferecer novos alimentos, o adulto perguntava qual reforçador ela gostaria de
receber ( atividade, item e objeto). Ao fazer a escolha do reforçador, era informado à
criança qual o comportamento ela deveria ter para ter acesso ao reforçador. Logo após o
consumo do alimento, ela recebia o reforçador.

“Experimentar” foi um comportamento de nido para que o participante consumisse o


alimento em vários dias consecutivos até alcançar o nível de aceitação espontânea sem a
presença de comportamentos-problema. Esse procedimento foi mantido até que o
participante consumisse 15 novos alimentos ou atingisse o prazo máximo de 22 semanas.
Conforme o participante fosse evoluindo, ou seja, zesse aproximações de consumir o
alimento no decorrer da intervenção, recebia reforçadores de maneiras diferenciadas. Por
exemplo: se ao longo de três dias o participante pegasse o alimento e levasse próximo a
boca, no quarto dia deveria avançar e colocar a porção na boca, para receber o reforçador e
assim sucessivamente até consumi-lo.

Resultados
a. Número de sessões;

Foram realizadas aproximadamente 21 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

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Silva & Moreira (2021)

Na linha de base, o participante não aceitou nenhuma comida oferecida. Durante a


implementação da intervenção, Daniel passou da aceitação, nas fases iniciais de 2 alimentos,
para um total de 14 alimentos. Na etapa de generalização, ou seja, quando os autores
veri caram se o participante continuou a aceitar novos alimentos em refeições do
cotidiano, obtiveram um resultado de aceitação de 16 alimentos novos. Pedidos espontâneos
foram realizados pelo participante de maneira moderada na etapa de generalização, situação
que indica um avanço, considerando que em consultas iniciais não houve esse tipo de
solicitação.

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92
Silva & Moreira (2021)

Seletividade alimentar e comportamento problemático em


crianças com deficiências de desenvolvimento

Referência bibliográfica
Levin, L., & Carr, E. G. (2001). Food selectivity and problem behavior in children with
developmental disabilities: analysis and intervention. Behavior Modi cation, 25, 443–470.
doi:10.1177/0145445501253004.

Dados do participante
Nome ( ctício): João (Jack, no artigo)

Idade: 6 anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

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Silva & Moreira (2021)

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Ao longo do estudo os pesquisadores pontuaram o consumo, sempre que o participante
colocasse o alimento na boca e o engolisse, sem cuspi-lo. Uma forma de mensuração foi
utilizada nas fases de análise funcional e intervenção, pesando o prato no qual estava
exposto o alimento no início e ao nal da sessão, subtraindo o valor do começo pelo peso
nal, visando veri car a porcentagem em gramas consumidas.

Durante a pesquisa foram veri cadas a frequência dos comportamentos-problema. Para


João, esses comportamentos surgiram como agressão (chutar outra pessoa), morder (tentar
morder a outra pessoa), arranhar o outro, bater ou tentar bater em alguém, puxar o cabelo e
arremessar comida (jogar comida a uma distância de um metro ou mais).

Objetivo da pesquisa
A pesquisa teve dois objetivos. Realizar uma análise funcional, buscando determinar as
variáveis que controlam o comportamento problema, tendo em vista que o mesmo
frequentemente  está ligado a seletividade alimentar. Examinar a influência do contexto na
melhora dos problemas relacionados à seletividade alimentar. De maneira mais especí ca,
observar os efeitos e a e cácia da intervenção quando o indivíduo tem ou não acesso aos
alimentos favoritos, antes da implementação de um estudo envolvendo presença ou
ausência do reforço positivo direcionado ao consumo de alimentos alvo.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi aumentar o consumo de alimentos, anteriormente recusados,
por meio da presença ou ausência do reforço positivo (ter contato com alimentos
preferidos).

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Reforço.

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Silva & Moreira (2021)

Resultados da análise funcional


O objetivo dessa análise foi identi car se há relação entre os comportamentos-problema e a
presença de itens alimentares favoritos. Em uma avaliação de preferência foram
selecionados dois alimentos preferidos (granola e pipoca) e dois que nunca eram
consumidos (cenoura e banana). Um item preferido e um não preferido foram apresentados
durante cada sessão.

O participante apresentou maior frequência de comportamentos-problema nas condições


que envolviam a comida não favorita. Consumia os alimentos preferidos e raramente
consumia os não preferidos. Durante as sessões de comida preferida, João apresentou uma
média de 1 comportamento problema por sessão, já nas condições de comida não favorita, a
média de comportamentos-problema por sessão foi de 21,1.

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


A etapa de linha de base consistiu em solicitar uma lista de alimentos que eram da
preferência do participante, para os pais, professores e assistentes da escola.
Posteriormente, foi realizada a “Avaliação de preferência I” que consistiu em apresentar 20
itens para a criança, sendo metade já conhecida, pois fazia parte da dieta seguida no dia a
dia, e a outra metade eram de alimentos novos. Cada sessão era composta por quatro
alimentos, que foram apresentados cinco vezes cada, de maneira randomizada. Os itens
foram avaliados duas vezes cada, ou seja, cada alimento foi utilizado em um total de 10
tentativas.

Durante a sessão dessa etapa, a criança sentou-se em uma mesa e brincou com alguns
brinquedos (carros, blocos, livros, entre outros.). O experimentador sentava-se ao seu lado
e apresentava os alimentos em quatro tigelas separadas, mas mantendo-as fora do alcance
do participante. A tentativa consistia em oferecer uma garfada do alimento, enquanto falava:
"Experimente um pouco de ____.". Se a porção fosse consumida no prazo de 5 segundos, a
sessão era encerrada, caso contrário o experimentador servia de modelo para o participante
e consumia a porção, dizendo: "Mmmmm. Isso é bom". Em seguida, o mesmo alimento era
fornecido com o mesmo prazo para consumo. Após 20 segundos, o pesquisador deu início
à próxima tentativa.

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Silva & Moreira (2021)

A próxima etapa, denominada de “Avaliação de preferência II”, teve o objetivo de identi car
“reforçadores especiais” (aspas utilizadas pelos autores) para a fase de intervenção. Foram
selecionados três lanches de maior preferência do participante. Para essa seleção foram
realizadas três sessões de avaliação.

Descrição da intervenção
Os autores aplicaram mais de uma intervenção e, portanto, separaram cada etapa para
melhor identi cação. A “Intervenção I” foi executada da seguinte maneira: o participante
teria acesso às comidas preferido e na condição oposta não teria esse acesso, assim como
teria acesso acesso às contingências de reforço versus  a ausência destas. Essas
características desdobraram a intervenção em quatro condições distintas. As sessões foram
conduzidas na sala de aula do participante durante o período do almoço, conduzidas pelos
pesquisadores, assistentes da pesquisa e professores do participante.

Na condição A, os participantes tiveram acesso aos alimentos preferidos.   Poderiam


consumi-los de maneira livre durante a manhã ou como um lanche programado, duas horas
antes do almoço. A porção liberada para esse consumo foi aproximadamente um terço da
quantidade total reservada para o almoço. Além disso, tiveram acesso aos lanches
preferidos, 5 minutos antes da refeição. Durante o almoço, o participante não recebeu
reforço positivo, ele recebia uma porção de aproximadamente 3 gramas, de um alimento
não preferido e deveria consumi-lo em até 5 minutos. Caso contrário, o pesquisador
aguardava 30 minutos e fazia a tentativa novamente, tendo essa e mais uma oportunidade
para consumir o alimento.

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96
Silva & Moreira (2021)

Na condição B, o participante não teve acesso aos alimentos preferidos antes da refeição e
também não foi reforçado posteriormente ao consumo do alimento não preferido. Já na
condição C, a etapa antes da refeição foi idêntica a da condição A. Durante a refeição o
comportamento da criança foi reforçado se consumisse o alimento alvo (não preferido). No
início da refeição, o pesquisador dizia: “Se você comer o (alimento não preferido), você
pode comer um (alimento preferido).” Caso a criança consumisse o alimento alvo, tinha
acesso aos alimentos de alta preferência, já na situação contrária, a refeição era encerrada 5
minutos após a apresentação do alimento, sem que a criança tivesse contato com os
reforçadores. As tentativas posteriores seguiram a mesma ideia da condição anterior. Na
condição D, o participante não teve acesso aos alimentos preferidos antes da refeição e foi
reforçado o comportamento de consumir o alimento alvo.

Em todas as condições, caso a criança consumisse os alimentos alvo, durante três dias
seguidos, o tamanho das porções eram aumentadas de forma gradual, aproximadamente 3
gramas por vez, durante as primeiras 12 a 15 sessões. Já nas sessões posteriores, o aumento
foi de 6 a 12 gramas. Caso a criança se recusasse a comer a porção maior nos próximos 2
dias, uma porção menor seria reintroduzida.  

A intervenção II foi composta apenas pelas condições A e D, com o objetivo de veri car se
as condições que foram removidas poderiam ter alguma influência nos resultados
encontrados. Além disso, os comportamentos-problema também foram avaliados nessa
segunda intervenção, tendo em vista que surgiram ao longo da primeira etapa da pesquisa e
não foram avaliados, nas condições anteriores.

Resultados
a. Número de sessões;

Foram realizadas aproximadamente 45 sessões para a intervenção I e 35 para a intervenção


II.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

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Silva & Moreira (2021)

Durante a intervenção I, o participante obteve uma variação de respostas entre zero e 10%
do consumo, nas condições A, B e C. Já na condição D, consumiu de 10%   a 40% das
porções oferecidas. Já na intervenção II, não consumiu  nenhum alimento alvo durante a
etapa de linha de base e apresentou alta frequência de comportamentos-problema (10 a 20
durante as sessões), na etapa de intervenção variou de 5 a 30% de aceitação das porções e
os comportamentos-problema diminuíram de frequência (20 a zero durante as sessões).

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Silva & Moreira (2021)

Esvanecimento de líquido para estabelecer o consumo de leite,


por um criança com autismo

Referência bibliográfica
Luiselli, J. K., Ricciardi, J. N., & Gilligan, K. (2005). Liquid fading to establish milk
consumption by a child with autism. Behavioral Interventions, 20, 155–163.
doi:10.1002/bin.187.

Dados do participante
Nome ( ctício): Angela (Angie, no artigo)

Idade: 4 anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo

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Silva & Moreira (2021)

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


O comportamento-alvo veri cado nesta pesquisa foi a quantidade de líquido consumido
pela participante durante as refeições. O instrutor nalizava a sessão quando a criança
bebia todo o líquido ou após 30 minutos se passarem. Após a sessão, o que sobrava na
xícara era derramado em um recipiente com o objetivo de veri car a quantidade consumida
em cada sessão, comparando o valor inicial ao nal.

As sessões foram realizadas com Angela durante o almoço em sala de aula. O professor ou
assistente sentava-se ao lado da participante. O instrutor utilizava  um instrumento para
medir a quantidade de líquido colocado em uma xícara que era entregue ao participante.

Objetivo da pesquisa
O objetivo do estudo foi, por meio de uma intervenção com progressão gradual, diminuir a
seletividade por alimentos líquidos, visando o aumento na frequência do consumo de leite.
A pesquisa demonstrou uma estratégia pouco abordada em outras intervenções, além de ter
sido aplicada por professores no ambiente escolar de referência para a participante.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi diminuir a recusa por líquidos e veri car a e cácia da
aplicação por professores, em um ambiente escolar.

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Esvanecimento de líquidos (apresentação gradual de um líquido em porções menores, que
vão aumentando conforme a intervenção vai prosseguindo, de modo a alcançar o consumo
total designado pelos pesquisadores).

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100
Silva & Moreira (2021)

Reforço positivo.

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


Nessa etapa, a participante recebeu o copo com 120 ml de um suplemento nutricional
(Pediasure 1) e 120 ml de leite integral. Em seguida recebeu a instrução indicando que
bebesse o que estava no copo. Angela podia manipular o copo de maneira independente e
sempre que bebia o líquido, recebia elogios do instrutor. A instrução “beber” era repetida
pelo professor quando a participante não interagia com o copo de maneira espontânea no
prazo de até 60 segundos após a apresentação do mesmo.

Descrição da intervenção
Os procedimentos da etapa anterior continuaram sendo aplicados nas fases seguintes.
Porém, o instrutor passou a aumentar a proporção de leite misturado ao suplemento
nutricional, aproximadamente uma colher de sopa, em sessões consecutivas. O aumento da
proporção foi seguindo o critério de que a participante deveria consumir 90% ou mais da
mistura total, apresentada no copo, durante três sessões seguidas.

Ao longo da intervenção foram realizadas sessões denominadas de “avaliações de sonda”,


nas quais a participante recebeu o copo com 100% de leite. Três sessões foram realizadas
durante o nível operante, intercalando entre as sessões em que a mistura estava 50% para
cada item. Já durante a intervenção, as sessões foram agendadas sempre que a criança
completou duas etapas de esvanecimento, ou seja, consumiu 56,2% e 62,5% e assim
sucessivamente. Ao longo dessas sessões o instrutor também reforçava os mesmos
comportamentos das etapas anteriores.

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101
Silva & Moreira (2021)

Resultados
a. Número de sessões;

Foram realizadas aproximadamente 40 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

Na linha de base, a participante consumiu 100% da bebida, composta por 50% de


suplemento nutricional e 50% leite, porém durante as sessões de sonda não consumiu
nenhuma porção de leite. Conforme a intervenção ia prosseguindo e a quantidade de leite
aumentava gradativamente, as sondas indicaram que a criança passou a consumir o leite
oferecido sem a adição do suplemento. Esses resultados indicam que o esvanecimento de
líquido apresentado nas etapas anteriores contribuiu para a aceitação de uma porcentagem
maior de leite.

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Silva & Moreira (2021)

Aumentando a aceitação de alimentos e reduzindo


comportamentos desafiadores em uma menina de quatro anos
com autismo

Referência bibliográfica
McDowell, C., Du y, K., & Kerr, K. P. (2007). Increasing food acceptance and reducing
challenging behavior in a four-year-old girl with autism. European Journal of Behavior
Analysis, 8, 267–276. doi:10.1080/15021149.2007.11434288.

Dados do participante
Nome ( ctício): Rosa (Rachel, no artigo)

Idade: 4  anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

Comportamentos: seletividade alimentar.

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103
Silva & Moreira (2021)

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Os comportamentos-alvo veri cados ao longo da pesquisa, foram: aceitação, expulsão,
engasgo, vômitos, virar a cabeça, rebatidas, jogar, estar fora do assento, vocalizações
negativas, autolesão, agressão, pedido independente e pedido solicitado.   A aceitação foi
considerada consumir o alimento em até 15 segundos, após lhe ser oferecido, jogar foi
de nido como arremessar comida ou outros objetos para longe, vocalizações negativas
foram consideradas quando o participante gritou, chorou e falou “não”. Os pedidos
independentes foram considerados quando o participante retirou o alimento de seu prato e
entregou ao tutor, sem instruções físicas, verbais ou gestuais. Os pedidos solicitados foram
de nidos como: remover um alimento não preferido e o entregar para o pesquisador
seguindo um pedido físico, verbal ou gestual de seu tutor.

Os resultados contabilizando o número de aceitações, comportamentos desa adores,


solicitações independentes e as solicitadas, foram veri cadas ao longo das refeições
agendadas. Já os resultados de pedidos independentes de alimentos não preferidos, fora do
horário das refeições, foram registrados durante todo o período em que a participante
estava na escola.

Objetivo da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi veri car o comportamento alimentar atípico da criança, tendo em
vista que a mesma passou por uma intervenção que utilizou exposição repetida a alimentos
não preferidos e extinção de fuga, porém não obteve resultado satisfatório. Através de uma
análise funcional dos comportamentos que poderiam reforçar a seletividade alimentar,
buscou-se criar uma intervenção que obtivesse resultados satisfatórios. Com base na
análise funcional, utilizando suportes visuais e comunicativos (incluindo uma placa, escrito
“Primeiro / Então”, um menu de escolha de alimentos e símbolos Sim / Não), foi
implementado buscando diminuir os comportamentos desa adores e aumentar o consumo
de novos alimentos.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi aumentar o consumo de novos alimentos e diminuir a
frequência de comportamentos-problema, durante as refeições.

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Silva & Moreira (2021)

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Exposição repetida a alimentos não preferidos.

Resultados da análise funcional


A rejeição de alimentos não preferidos por meio de comportamentos-problema pode ser
mantida pelo reforço negativo mediado pelo comportamento de fuga ou esquiva dos
alimentos e/ou horários da refeição. O que indica que a criança tem se comportado dessa
maneira, pois ao apresentar comportamentos-problema, como por exemplo sair da mesa de
refeições ou chorar, faz com que as pessoas ao seu redor não insistam para que ela coma,
portanto ela evita entrar em contato com os alimentos, que podem ser considerados
extremamente aversivos.

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


Nessa etapa vários alimentos não preferidos foram apresentados para a participante, um
por vez, em porções pequenas. Essa condição foi mantida até que todos os alimentos
tenham sido apresentados pelo menos uma vez. Os dados analisados foram a quantidade de
aceitações e também de comportamentos-problema, que surgiram durante as apresentações
dos alimentos. Foi realizada apenas uma sessão de linha de base, tendo em vista a
frequência e intensidade de comportamentos-problema, associados aos alimentos não
preferidos.

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Silva & Moreira (2021)

Descrição da intervenção
A intervenção inicial consistiu em acrescentar novos horários de refeição ao longo da
programação diária da participante. Uma placa escrito “Primeiro/Então” na parte superior
com um espaço logo abaixo para acrescentar ilustrações nas etapas seguintes,  foi incluída
para demonstrar que as refeições seguiram uma sequência. Essas sessões de refeições
repetiam-se de 6 a 10 vezes durante o tempo em que Rosa estava na escola e eram
compostas apenas por alimentos não preferidos, com o objetivo de garantir que os
alimentos fossem apresentados de maneira repetida. Ressalta-se que essas sessões
ocorriam em horários diferentes das refeições habituais, levando em consideração que as
mesmas eram compostas pelos alimentos preferidos.

A participante recebeu a instrução para veri car seu quadro de atividades diárias, no qual
deveria remover o ícone que indicava a refeição e colocá-lo no quadro “Primeiro/Então”.
Em seguida selecionou um item preferido (poderia ser uma atividade, brinquedo ou outros).
Esse item foi acrescentado à seção “Então” da placa citada anteriormente, um exemplo da
frase formada na placa, que indicava a instrução que deveria ser seguida durante a refeição,
foi “primeiro a comida e depois a cama elástica”. Em seguida, um prato com porções do
tamanho de uma mordida, foi colocado a aproximadamente 45 centímetros de Rosa e o
menu de alimentos foi apresentado. Foi solicitado que  ela escolhesse um ícone do menu,
caso a participante zesse a opção de maneira independente e entregasse-o para seu tutor,
uma porção desse alimento era disponibilizado, sem nenhuma instrução. Caso ela não
escolhesse, era solicitada sicamente a selecionar um item e fazer a troca com o tutor. Se
Rosa consumisse o alimento, recebia elogios, como “muito bem, boa comida”.

Já na situação contrária, todos os alimentos preparados foram deixados na mesa à frente da


participante e solicitado que ela aguardasse. Caso no período de 1,5 minutos a participante
se comportasse de maneira indesejada, era informada que foi solicitada a aguardar e o
cronômetro foi reiniciado. Na condição em que Rosa esperou o período indicado ou aceitou
consumir algum alimento, foi realizada uma breve pausa e em seguida questionado se ela
gostaria de comer outro alimento. Caso indicasse “Sim”, o menu foi entregue e o
procedimento seguiu o citado anteriormente, já na situação contrária, seu comportamento
adequado em responder “Não”, sem a presença de comportamentos inadequados, foi
elogiado:  “É muito bom me dizer‘ Não ’, muito bem!”

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106
Silva & Moreira (2021)

As sessões foram diminuindo ao longo da intervenção até alcançar 4 refeições programadas


por dia. Tendo em vista que a participante começou a consumir mais conforme as sessões
iam prosseguindo.  

Resultados
a. Número de sessões;

Foram realizadas aproximadamente 150 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

Durante a linha de base, todas as apresentações de alimentos não preferidos foram


rejeitadas e 148 comportamentos-problema surgiram ao longo da sessão. No início da
intervenção a frequência de comportamentos-problema aumentou para 186 no dia 2 e 176 no
dia 3, condição que pode ter sido influenciada pelo aumento de demandas. A Partir do dia 4,
a frequência de comportamentos indesejados reduziu para 72 ocorrências, até alcançar 0
ocorrências no dia 10. A aceitação de alimentos aumentou de 0 na etapa de linha de base,
para uma média de 3 nos primeiros 5 dias de intervenção, nos dias seguintes a média
atingiu 8 mordidas, nos próximos 5 dias, até alcançar 28 mordidas nos últimos 5 dias de
intervenção. No acompanhamento realizado um mês após o término da intervenção,
veri cou-se uma média diária de 34 mordidas aceitas e no acompanhamento realizado um
ano e três meses após o estudo obteve uma média de 76 mordidas aceitas, de alimentos não
preferidos.

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107
Silva & Moreira (2021)

Usando alimentos de alta probabilidade para aumentar a


aceitação de alimentos de baixa probabilidade

Referência bibliográfica
Meier, A. E., Fryling, M. J., & Wallace, M. D. (2012). Using high probability foods to increase
the acceptance of low-probability foods. Journal of Applied Behavior Analysis, 45, 149–153.
doi:10.1901/jaba.2012.45-149.

Dados do participante
Nome ( ctício): Rosana (Ronee, no artigo)

Idade: 3 anos

Diagnóstico: TEA

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108
Silva & Moreira (2021)

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


O comportamento-alvo de aceitação foi de nido quando a participante pegou o garfo ou a
colher e colocou a comida na boca no período de 6 segundos, após receber a instrução e
sem expulsão posterior (ou seja, cuspir a comida). Durante as sessões, a porcentagem de
aceitação para alimentos de p-alto e p-baixo foi calculada, dividindo o número de aceitações
pelo total de alimentos apresentados.

Objetivo da pesquisa
Os objetivos da pesquisa foram: (a) analisar o efeito da sequência de p-alto na ausência de
extinção de fuga, (b) usar uma tarefa com p-alto semelhante a apresentação envolvendo um
alimento preferido, (c) visando atenuar os efeitos negativos que a intervenção poderia
causar, (d) analisar a intervenção em um ambiente domiciliar e (e) aplicar o procedimento a
uma criança que recusava-se a comer alimentos especí cos.

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi aumentar o consumo de alimentos variados, em um ambiente
domiciliar, por meio de uma intervenção com alimentos de p-alto e p-baixo.

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Sequências de alta probabilidade, ou como denominado no artigo p-alto e p-baixo.

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).

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109
Silva & Moreira (2021)

O estudo contou com múltiplas etapas de linha de base. Nela, os pais da participante
identi caram ameixas, framboesas e berinjelas, como alimentos que a família consumia,
porém Rosana recusava-se. Portanto, esses alimentos foram selecionados como de baixa
probabilidade de consumo ou p-baixo.  Os alimentos mais consumidos pela participante,
bananas e feijões cozidos, foram utilizados em uma avaliação com o objetivo de veri car se
esses alimentos poderiam ser utilizados nas sequências de p-alto.

A avaliação foi composta por duas sessões de 10 mordidas para cada alimento, um alimento
para cada sessão, tendo em vista que apenas dois alimentos foram identi cados pelos
responsáveis como de alta probabilidade. As porções eram apresentadas em um prato à
frente da participante e o aviso verbal “dar uma mordida” era fornecido pela terapeuta. Um
elogio verbal também foi fornecido quando a participante aceitou as porções oferecidas,
após 3 a 5 segundos outra mordida era oferecida. A participante aceitou 100% das porções
oferecidas e aceitou as bananas e feijão em 100% das apresentações; portanto, usamos esses
alimentos no tratamento.

Descrição da intervenção
A intervenção teve início com sessões de 10 mordidas ou experimentações, com
apresentação apenas de alimentos com p-baixo, todas as porções foram apresentadas em
sua textura regular (aproximadamente 1 a 1,5 cm ao cubo). A sessão seguiu o mesmo
procedimento da citada na linha de base, porém após a aceitação da porção de alimento p-
baixo a terapeuta esperou 15 s para apresentar um nova porção. Caso Rosana não
consumisse o alimento no período de 6 s, a terapeuta removia a comida e aguardava 15 s
para iniciar uma nova tentativa. Após a aceitação a terapeuta fazia um elogio (por exemplo,
“boa comida”) e mordidas expelidas eram ignoradas.

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110
Silva & Moreira (2021)

Durante a intervenção de alimentos de p-alto, o pesquisador apresentava três porções de


cada alimento, um de cada vez, seguidas por uma porção de um alimento p-baixo. Cada
tentativa era composta por quatro porções, visando que em uma sessão obtivessem um
total de 40 mordidas por sessão. Essas sessões seguiram os procedimentos da linha de
base, exceto que o terapeuta esperava de 3 a 5s entre as apresentações de alimentos com
alta probabilidade, baseado nas condições físicas da participante.

Se a aceitação de alimentos de baixa probabilidade atingiu 80% ou mais em três sessões


consecutivas, as apresentações de porções de alimentos com alta probabilidade foram
reduzidas sistematicamente, o que signi ca que inicialmente eram duas apresentações de
alimentos com p-alto, para uma de p-baixo. As apresentações de p-alto foram reduzidas até
a intervenção usar apenas alimentos de p-baixo. Quando a aceitação passou a 80% ou mais
durante três sessões consecutivas, na ausência de alimentos com p-baixo, a intervenção foi
descontinuada e sessões de acompanhamento foram realizadas 12 e 15 dias após nalizar a
intervenção, com ameixas e framboesas, respectivamente.

Resultados
a. Número de sessões;

Foram realizadas aproximadamente 28 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

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111
Silva & Moreira (2021)

Inicialmente, a participante aceitou apenas 10% das apresentações de ameixas, durante a


linha de base, porém após a implementação da sequência de p-alto a aceitação variou de
80% a 100%, ao longo das sessões. Na reversão para a linha de base, a aceitação obteve
uma média de 53%, já com a reintrodução da sequência de p-alto a média atingiu 98%. Ao
longo do acompanhamento Rosana aceitou 100% das apresentações de ameixas.

Com as framboesas, a média de aceitação na linha de base foi de 51%, na etapa seguinte
alcançou uma média de 97% e ao nalizar a intervenção a participante aceitava todas as
porções de framboesas oferecidas, resultados que foram mantidos durante o
acompanhamento.

Com a berinjela, a aceitação na linha de base variou de 10% a 20% e aumentou na etapa
seguinte, com a introdução da sequência de p-alto, (variação de 10% a 100%). Porém, com
esse alimento, não foi possível realizar a diminuição na apresentação de alimentos com p-
alto, pois a aceitação das berinjelas diminuíram conforme os alimentos de p-alto iam sendo
retirados.

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112
Silva & Moreira (2021)

Utilizando manipulações antecedentes e reforço no tratamento


da seletividade alimentar por textura

Referência bibliográfica
Najdowski, A. C., Tarbox, J., & Wilke, A. E. (2012). Utilizing antecedent manipulations and
reinforcement in the treatment food selectivity by texture. Education & Treatment of
Children, 35, 101–110. doi:10.1353/etc.2012.0004.

Dados do participante
Nome ( ctício): Caio (Kaleb, no artigo)

Idade: 3  anos

Diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

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Silva & Moreira (2021)

Comportamentos: seletividade alimentar.

Definição dos comportamentos-alvo e forma de mensuração


Os comportamentos registrados ao longo do estudo, foram aceitação, limpeza da boca e
comportamento inadequado na hora das refeições. A aceitação foi caracterizada quando o
participante colocou o alimento dentro da boca, no período de 5 s após a apresentação do
alimento em uma colher. A limpeza da boca, foi o comportamento de aceitar e consumir o
alimento no prazo de 25 s após colocar a comida na boca. O comportamento inadequado foi
indicado por vocalizações negativas

 O comportamento inadequado na hora das refeições incluía protestos vocais (dizer não,
choramingar, chorar ou qualquer outra vocalização negativa relacionada à comida),
expulsões (comida do tamanho de uma ervilha ou maior visível além da borda dos lábios
após a aceitação e antes da próxima mordida apresentação), engasgo (sons de náusea ou
engasgo, ou na ausência de som, hiperestender o pescoço ou tensionando os músculos do
pescoço) e empurrando/jogando utensílios ou comida para longe (incluindo empurrar a mão
do comedouro quando o alimento estava em um utensílio pelo alimentador).

Objetivo da pesquisa
O objetivo do estudo foi aplicar uma intervenção que visasse tratar a seletividade alimentar
por textura, através da manipulação de antecedentes e reforço na ausência de extinção de
fuga. O estudo utilizou o procedimento de esvanecimento de textura, ou seja, iniciou com
texturas mais líquidas até alcançar as texturas mais próximas de sólido, além disso a
apresentação simultânea também foi usada, visando avaliar quais as combinações de
texturas seriam mais adequadas para aplicar na intervenção.

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Silva & Moreira (2021)

Objetivo da intervenção
O objetivo da intervenção foi diminuir a seletividade alimentar direcionada para a textura
dos alimentos, de uma criança de três anos.

Nomes dos procedimentos de ensino utilizados


Apresentação simultânea; Reforço.

Nível operante do comportamento-alvo (dados de linha de base).


A etapa de linha de base/reversão utilizou quatro texturas diferentes (purê, úmido, moído e
picado no) que foram analisadas com o objetivo de veri car quais delas são as preferidas
e as não preferidas, pelo participante. Os procedimentos seguidos em toda a intervenção
seguiram o padrão detalhado a seguir. Quatro alimentos foram apresentados, sendo sua
ordem decidida pelo lançamento de um dado e com nenhum deles sendo apresentado mais
de duas vezes consecutivas, com um total de 20 apresentações por sessão.

As porções foram apresentadas a cada 45 segundos, pelo pesquisador ou um dos pais do


participante. Caio recebeu um comando verbal (“Aberto”) enquanto uma colher cheia de
comida era colocada próximo ao seu lábio inferior. Quando o participante aceitou a porção
até 5 s após a apresentação, foram feitos elogios. Vinte e cinco segundos após a aceitação, a
boca da criança foi veri cada, visando averiguar se o comportamento de limpar a boca
havia sido concluído, para isso recebia a instrução verbal, “mostre que tudo se foi” ou “diga
‘ahh”. Caso o participante tivesse consumido o alimento, recebeu elogios verbais e teve
acesso a um vídeo preferido, durante 15 s. Caso contrário, a comida era removida por 25 s
e a porção seguinte apresentada para a criança.

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Silva & Moreira (2021)

Descrição da intervenção
A primeira etapa da pesquisa, denominada de “Esvanecimento da textura 1”, utilizou a
textura de maior preferência da criança, selecionada durante a linha de base, misturada a
outra textura, que foi a segunda preferida na etapa anterior. Ou seja, a porção oferecida era
composta 75% pela primeira textura e 25% pela segunda textura. Essa mistura foi
apresentada até alcançar o consumo de 80% a 100% das apresentações e diminuir a
frequência de comportamentos inadequados para 20%, em três sessões consecutivas.

A etapa seguinte, denominada de “Desvanecimento de textura 2”, seguiu os procedimentos


da linha de base, buscando inserir uma nova combinação de textura. Caso uma nova
combinação não atenda ao critério de consumo, a combinação anterior é retomada,
misturando 75% dela a 25% da próxima textura, até alcançar a aceitação de 100% da nova
combinação de textura.

A etapa seguinte denominada de “Esvanecimento de textura + Apresentação simultânea”,


combinou os procedimentos das etapas anteriores com a apresentação simultânea de
alimentos-alvo. Para isso, além da porção de combinação de texturas, dois alimentos foram
apresentados simultaneamente na colher, oferecida ao participante. Ou seja, 75% de um
alimento consumido em todos os ensaios, foi combinado com 25% de um alimento que não
foi consumido nas etapas anteriores, mesmo com textura alterada.

Resultados
a. Número de sessões;

Foram realizadas aproximadamente 52 sessões.

b. Comparação entre os resultados obtidos na condição de linha de base e os resultados


obtidos na condição de intervenção;

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Silva & Moreira (2021)

Durante a linha de base, o participante consumiu 100% das apresentações em textura de


purê, em seguida passou para a primeira etapa de combinação de texturas. Retornou a linha
de base, dessa vez aceitando 80% da porções oferecidas com textura úmida, ou seja,
atingindo o critério de sucesso de nido pelos pesquisadores, na implementação de uma
nova textura. Posterior a essa etapa uma sessão de sonda foi realizada e os resultados
apresentaram 90% de aceitação para alimentos com textura sólida.

Uma nova combinação de textura composta 75% por alimento moído e 25% picado no foi
introduzida, porém o critério de sucesso não foi atendido, pois o frango não foi consumido
nenhuma vez durante as 5 sessões de apresentação. Os dados indicam que a apresentação
simultânea associada ao esvanecimento de textura, atingiu uma aceitação maior quando
comparada ao esvanecimento de textura sozinho. Os pesquisadores veri caram que o
frango estava causando uma diminuição no consumo de outros alimentos, portanto,
optaram por retirá-lo. Após os critérios atendidos, os pais da criança passaram a aplicar o
método em casa, obtendo resultados satisfatórios, segundo os pesquisadores.

Na etapa com o segundo conjunto de alimentos, na linha de base e nas etapas seguintes, o
participante consumiu todas as porções apresentadas com a combinação da textura ´moído
úmido com o moído. Já na combinação de texturas picado no e moído, iniciou com
aceitação de 75% das mordidas e atingiu os 100% ao nal das sessões. Nessa condição os
pais tentaram replicar a intervenção em casa, porém não obtiveram sucesso na primeira
tentativa, portanto retornaram à clínica e após algumas sessões, replicaram com sucesso a
intervenção domiciliar.

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Silva & Moreira (2021)

Discussão
No presente livro foram relatados artigos que apresentam intervenções para a seletividade
alimentar em ambientes variados e com metodologias diferenciadas. As descrições das
pesquisas citadas buscaram detalhar de maneira didática os procedimentos utilizados, para
intervenções com crianças com TEA.

Com relação às pesquisas descritas nesse estudo, destaca-se o período de duração das
intervenções, no mínimo 20 sessões e no máximo 150 (e.g. Ewry et al., 2015 & McDowell et
al., 2007), contabilizando desde as etapas de linha de base até o acompanhamento posterior,
  variando conforme a estrutura de cada intervenção. Este fator que pode indicar uma
necessidade de envolvimento maior por parte dos pro ssionais, do participante e sua
família, tendo em vista que a intervenção pode ter uma duração maior até alcançar seus
objetivos. Detalhes de quantas sessões realizadas por dia, tempo de duração em cada
sessão e a presença de reforçadores, indicam evidências das particularidades que envolvem
a intervenção com o público-alvo. A maioria dos autores ressalta a importância de
compreender a individualidade dos participantes e quando necessário fazer alterações nos
procedimentos, com o objetivo de tornar a intervenção menos aversiva.

A estrutura das estratégias de intervenções indicam semelhanças na maioria das pesquisas


citadas neste estudo. Essas pesquisas geralmente iniciam com a etapa de linha de base, que
pode ser múltipla (e.g. Ahearn, 2003 & Fu et al., 2015 ), buscando extrair mais informações
sobre os participantes, por exemplo: alimentos preferidos, alimentos não preferidos,
estímulos discriminativos que trazem como consequência a presença de comportamentos-
problema, reforçadores (acesso a vídeos, alimentos preferidos, brinquedos e objetos) e
ambientes frequentados pelas crianças no momento das refeições (e.g. Levin et al., 2001 &
Anderson et al., 2001 ). A linha de base também pode ser considerada uma forma de
treinamento para os envolvidos na pesquisa e veri ca os dados iniciais, com o objetivo de
comparar as respostas da criança no início e ao nal da intervenção.

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Posteriormente passam para a etapa de intervenção, em si, na qual aplicam procedimentos


que contribuem para diminuir a frequência de comportamentos-problema e aumentar o
consumo de uma variabilidade maior de alimentos, sejam eles de texturas, cores e sabores
diferentes. A etapa de intervenção geralmente consta com critérios a serem atendidos (e.g.
Ewry et al., 2015), sinalizando que o objetivo foi alcançado. Após atingir os critérios, os
participantes geralmente passam por uma etapa de acompanhamento, na qual os resultados
obtidos em etapas iniciais, são comparados aos resultados nais e também veri cam a
generalização para outros alimentos que não zeram parte da pesquisa.

Considerando os dados relatados neste livro, percebe-se que as intervenções buscam


envolver os familiares e professores dos participantes na aplicação dos métodos, com o
objetivo de contribuir para uma generalização dos resultados. Destaca-se que alguns artigos
relatam a inserção de pais e cuidadores das crianças com seletividade alimentar na
aplicação das intervenções, tendo em vista que a alimentação faz parte da vida cotidiana,
portanto as intervenções devem buscar a generalização do consumo de alimentos variados
foram de ambientes controlados, nos quais geralmente são aplicadas as pesquisas (e.g.
Knox et al., 2012 & Anderson et al., 2001).

O presente estudo proporciona o aumento de pesquisas com esse tema, além do


aprimoramento das estratégias e ampliação de novas ferramentas para intervenções nessa
área. Por outro lado, destacam-se as melhorias que essas intervenções podem trazer para
as pessoas que possuem a seletividade alimentar e seus familiares, que convivem
diariamente com as consequências desse comportamento. As intervenções aqui relatadas
contribuem para o aumento na ingestão de uma dieta balanceada, diminuindo
comportamentos indesejados ao longo das refeições e proporcionando o consumo de
nutrientes necessários para um desenvolvimento saudável.

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